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OS EFEITOS DO SÓCIO-INTERACIONISMO
NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

RESUMO

A aprendizagem deflagra vários processos internos de desenvolvimento mental, que


tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos e sujeitos em cooperação.
Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do
desenvolvimento. A possibilidade de criação de propostas sócio-interacionistas de
aprendizagem em geral, e da própria formação docente continuada à distância com a
utilização da informática, via rede, abre um horizonte de perspectivas para as iniciativas
públicas e privadas com o oferecimento de uma formação de qualidade, alinhada aos
desafios atuais da educação. Então, é importante saber como a Educação a Distância
propõe atingir a formação de cidadãos científica e tecnologicamente alfabetizados, capazes
de tomar decisões fundamentadas e ações responsáveis, atingindo o pensamento crítico e
independência intelectual, buscamos apoio bibliográfico em Lévy (1999), Paloff (2002),
Nova (2003), e outros autores. Hoje não se justifica uma educação como "simples
transmissão de informações" que podem ser procuradas no computador e que variam em
poucos anos. Precisamos dentro de uma proposta de ensino renovadora e atualizada às
reais exigências da sociedade, entender a metacognição no sistema educativo. Assim,
precisamos compreender o conceito de metacognição e o que diz respeito aos professores
que têm a informação e a autodireção para se aproximar ao reconhecimento, a avaliação e a
decisão de reconstruir ou não suas idéias. Neste sentido se faz necessário que se perceba
que existem várias formas do aluno interagir com os conhecimentos, e isso pode se dar
através da Educação à Distância (EAD), da informática, da tecnologia. Cabe, portanto, ao
educador, se inteirar e refletir sobre o assunto. É com esse intuito, que desenvolvemos esta
pesquisa monográfica, em que temos por objetivo a reflexão sobre os efeitos do sócio-
interacionismo na educação a distância.
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1. INTRODUÇÃO

Ao fazer este estudo monográfico dispusemos-nos a realizar uma pesquisa de


literatura baseada em Lévy (1999), Paloff (2002), Nova (2003), de forma que apresentasse
uma reflexão sobre os efeitos do sócio-interacionismo na Educação a Distância. Tem o
enfoque de proceder ao exame da criação de uma abordagem sócio-interacionista para a
internacionalização da aprendizagem, em um processo intrapessoal como elemento chave
na construção do conhecimento.
Sabe-se que existem na atualidade, diversas formas do aluno ou do indivíduo
interagir com os conhecimentos e isso em função das mudanças e avanços científicos e
tecnológicos. Desta forma, é por demais conveniente e necessário que haja uma reflexão
sobre o assunto.
Ao realizarmos esta pesquisa, no entanto, optamos por uma pesquisa de
metodologia bibliográfica, acentuando citações de em Lévy (1999), Paloff (2002), Nova
(2003) e outros, sabendo-se que hoje atinge importância o aprender a pensar, a refletir, a
ser criativo; "aprender a aprender". E tudo isto, no marco amplo de uma educação
democrática, exige uma crescente conscientização das mudanças sociais e atualização dos
conhecimentos e informações.
É com base nas idéias expostas que fizemos esta pesquisa que nos propusemos
colaborar na abertura de um caminho que se centra na formação continuada do
professorado. Incide na melhoria educativa no âmbito da didática, possibilitando ao aluno
a apropriação dos conhecimentos à distância, interagindo e reagindo a estes
conhecimentos em suas diversas formas, dado os atuais avanços tecnológicos que
permitem ao aluno interagir de forma rápida com o mundo dos conhecimentos e das
informações.
Conhecedores desta realidade, vivemos uma problemática que emerge no
quotidiano da escola: o sistema de Educação a Distância por meio dos recursos
tecnológicos satisfaz a necessidade dos professores? Como ocorre a Educação a
Distância? Precisamos saber se realmente as novas tecnologias da informação bem como a
comunicação com seu poder multiplicado vêm ampliando de forma significativa os
avanços do pensamento hegemônico acerca das questões tecnológicas.
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No primeiro capítulo abordamos a interação como pressuposto do ensino a


distância. Como forma de expressar esforço de reconstrução para gerar propostas
inovadoras e reforçar a função crítica de produção e difusão dos conhecimentos.
No segundo capítulo tratamos dos ambientes virtuais de aprendizagem como um
universo a ser explorado, como forma de envolver a comprometer o aluno no processo de
apropriação do conhecimento e apreensão da realidade.
No terceiro capítulo abordamos o processo de avaliação na Educação a Distância,
concebida como consciência contínua de todo o processo ensino-aprendizagem.
No quarto capítulo fazemos referência ao processo ensino-aprendizagem
salientando caminhos para a melhoria do processo da Educação a Distância, com ênfase
na tecnologia, incluindo a prática do professor.
Por último as considerações finais que fecham o trabalho, admitindo que o estudo
à distância facilita muito a vida e vai se tornando na prática um direito de todos, já que
não estamos mais dispostos a aceitar que, para estudar, é mister mudar de vida, dedicar-se
somente a isso. Estudar então, passa a ser neste caso uma condição normal da vida.
Porém necessário se faz um aperfeiçoamento nas emissões e metodologias aplicadas no
dia-a-dia.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A Interação como pressuposto do ensino à distância

A interação na construção do conhecimento deve ser valorizada como processo e


como produto. Como produto do processo é a socialização do homem como forma de
contribuir no desenvolvimento de suas capacidades e habilidades, e, essa preocupação
deixa de existir, porque a construção do conhecimento e a interação é tomada como um
instrumento de vida, e por esta razão, a preocupação fundamental é o homem. E, para tal,
é necessário o desenvolvimento de certas habilidades cognitivas e de capital cultural,
ligadas a um material polifônico, a ambientes virtuais e à tutoria, para uma possível e
promissora avaliação no espaço relacional e dialógico.
A abordagem sócio-interacionista concebe a aprendizagem como um fenômeno
que se realiza na interação com o outro. A aprendizagem acontece por meio da
intemalização, a partir de um processo anterior, de troca, que possui uma dimensão
coletiva.
A aprendizagem deflagra vários processos internos de desenvolvimento
mental, que tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos
e sujeitos em cooperação. Uma vez internalizados, esses processos
tomam-se parte das aquisições do desenvolvimento.
(VYGOTSKY, 1998, p. 77)

Assim, um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. Daí, a


escolha pela linha sócio-interacionista, já que vem responder a muitas das questões que,
prática e teoricamente, educadores, pesquisadores, pedagogos, psicólogos e interessados
pela área da educação e da saúde vêm formulando nos últimos anos. Numa perspectiva
mais ampla, a teoria piagetiana dá conta da forma como o homem aprende no mundo,
como se apropria dos conhecimentos e como interage com eles no meio social e como
reage mediante os diferentes objetos e indivíduos com que convive.

Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes


no ciclo do desenvolvimento humano: primeiro, no nível social, e,
depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e,
depois, no interior da criança (intrapsicológica).
(VYGOTSKY, 1998, p. 66)
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Isso se aplica igualmente para a atenção voluntária, para a memória lógica e para a
formação de conceitos. Todas as funções superiores originam-se, segundo Vygotsky
(1998, p. 75), das relações reais entre indivíduos humanos. Para ele existem dois níveis
de conhecimento: o real e o potencial. No primeiro o indivíduo é capaz de realizar tarefas
com independência, e caracteriza-se pelo desenvolvimento já consolidado. No segundo, o
indivíduo só é capaz de realizar tarefas com a ajuda do outro, o que denota
desenvolvimento, porque não é em qualquer etapa da vida que um indivíduo pode
resolver problemas com a ajuda de outras pessoas.
Partindo desses dois níveis, Vygotsky (1988) define a zona de desenvolvimento
proximal como a distância entre o conhecimento real e o potencial; nela estão as funções
psicológicas ainda não consolidadas.

Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma


determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros
mais capazes. (VYGOTSKY, 1998, p. 112).

O processo de desenvolvimento cognitivo estaria centrado justamente na


possibilidade de o sujeito ser, constantemente, colocado em situações problema que
provoquem a construção de conhecimentos e conceitos, a partir da zona de
desenvolvimento proximal. Ou seja, o sujeito necessita usar os conhecimentos já
consolidados, desestabilizados por novas informações, que serão processadas, colocadas
em relação com outros conhecimentos, de outros sujeitos, num processo de interação,
para só então, serem consolidadas como um conhecimento novo.

O conceito de interação com o qual trabalha o sócio-interacionismo não é


um conceito amplo e apenas opinativo, mas significa, no âmbito do
processo de aprendizagem, especificamente, afetação mútua, uma
dinâmica onde a ação ou o discurso do outro causam modificações na
forma de pensar e agir, interferindo no modo como a elaboração e a
apropriação do conhecimento se consolidarão.
(VILLARDI, 2001, p. 23)

As proposições do sócio-interacionismo podem ser consideradas absolutamente


compatíveis com as exigências das novas formas de relação com o conhecimento, em
função do caráter relacional dessa proposta. O conhecimento deixa de ser consumido,
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assimilado passivamente e passa a ser produto de processos de elaboração e construção.

2.2. A aprendizagem através da Educação a Distância

O conhecimento, para Piaget (1978), é um processo que resulta da interação entre o


organismo e o meio. Essa interação é ativa e dinâmica, pois o ser não só age e reage sobre
o meio, como também o meio sofre e exerce pressão sobre o sujeito. Convém destacar o
círculo, ou espiral, genético que relaciona aprendizagem e conhecimento.
A tangência visível da proposta do sócio-interacionismo de Vygotsky surge na
abordagem do indivíduo como sujeito do processo de aprendizagem, que não pode ser
fragmentado, que deve ser compreendido em sua totalidade, organismo biológico e
social, integrante de um contexto sócio-histórico que é parcialmente local, parcialmente
planetário.
O mundo encontra-se em plena transformação com queda de barreiras físicas entre
países, a troca de informações e a construção de conhecimento é mais ágil e rápida. A
educação, hoje, está diretamente ligada ao avanço tecnológico, existe grande evolução na
utilização dos diversos meios de comunicação.
Com a globalização, o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. É visível
que os melhores cargos, nas mais conceituadas empresas, são destinados aos melhores
profissionais, o que exige um processo contínuo de qualificação e atenção especial do
sistema educacional, em face das inovações tecnológicas emergentes no mercado atual.
Diante do contexto exposto, os programas de EAD (Educação à Distância)
aparecem com alternativa para aqueles que não dispõem de tempo livre e estão distantes
dos centros universitários. Assim, esta modalidade educativa vem crescendo
expressivamente em todo o mundo, proporcionando educação de qualidade àqueles que,
por motivos diversos, estavam fora do espaço das salas de aulas tradicionais.
A EAD (Educação à Distância) está alicerçada sobre os pressupostos de equidade
de acesso, democratização do saber, planejamento criterioso de todo o processo e gestão
compartilhada de todas as ações.

A possibilidade de criação de propostas sócio-interacionistas de


aprendizagem em geral, e da própria formação docente continuada à
distância com a utilização da informática (EAD), via rede, abre um
horizonte de perspectivas para as iniciativas públicas e privadas de
oferecimento de uma formação de qualidade, alinhada com os desafios
atuais da educação. (VILLARDI, 2001, p.55)
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As diversas concepções de EAD (Educação à Distância) e de modelos exigem


diferentes esquemas ou estruturas organizacionais, sendo que estas devem atender às
necessidades e características específicas de cada região. Para a concretização dessas
possibilidades, a EAD se estrutura sobre três elementos essenciais: o material didático, os
ambientes virtuais de aprendizagem e a tutoria.

A escolha dessas três dimensões se justifica a partir da concepção de


educação a distância como um processo educacional que se caracteriza
pela especificidade de uma relação tempo e espaço que não se dá,
necessariamente, em tempo real. (VILLARDI, 2001, p.55-6)

A aprendizagem ocorre a partir de um processo que se estrutura sobre esses três


pilares que definem, previamente, o que oferecer como oferecer e de que forma será feita a
mediação pedagógica. A produção de um material didático que viabilize a construção
coletiva, a escolha de um ambiente virtual de aprendizagem que possibilite a interação e
uma mediação tutorial na direção da construção da autonomia será sempre uma opção
política.
Neste texto, que inicia uma discussão sobre a "ensinagem" e a avaliação da
aprendizagem, vai nos debruçar, inicialmente, sobre os ambientes virtuais de
aprendizagem. Se para aprender devemos dispor de certas possibilidades (esquemas
assimiladores, como aspectos funcionais das estruturas mentais do sujeito) é da ação do
sujeito sobre os objetos, de sua interação ativa com o mundo que resultam as construções
que obtém.
De um lado, constrói o mundo, progredindo no conhecimento físico do objeto. De
outro lado, constrói-se a si mesmo, aperfeiçoando suas estruturas mentais. Apropriando-se
dos dados exteriores e transformando-os, segundo sua organização mental, esta também se
altera e se aperfeiçoa. Para Piaget, a regra pressupõe a interação de dois indivíduos e sua
função é regular e interagir o grupo social. Ela distingue dois tipos de regras: as que vêm
de fora e as que são construídas espontaneamente.
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3. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

3.1. Uma proposta sócio-interacionista da Educação a Distância

Piaget (1978) observa que o ensino, em todos os níveis da educação, precisa ser
fundamentado na atividade do aluno, mesmo porque o desenvolvimento cognitivo não
ocorre só como conseqüência do falar, do ouvir os outros falando, de ler, de ver televisão
(quando possível) ou de ver os outros fazendo alguma coisa. A aprendizagem surge da
atividade, da interação, da troca, do fazer, do pensar, do agir e reagir em situações que são
apresentadas ao educando.
Os ambientes virtuais de aprendizagem, segundo elemento constituinte de uma
proposta sócio-interacionista de educação à distância com uso da informática ou EAD
(Educação a Distância), permitem incentivar a reflexão crítica e a possibilidade de escolhas
e constituem universo a ser explorado didaticamente; a Internet abre um novo horizonte e
cria novos paradigmas para a discussão, na medida em que permite a comunicação, por
intermédio de ferramentas síncronas ou assíncronas.
A mediação pedagógica deve utilizar-se, obrigatoriamente, dessas ferramentas. A
construção de ambientes virtuais de aprendizagem passa por etapas que definem e
desenham sua aplicabilidade, suas possibilidades de sucesso ou de fracasso. A primeira
etapa, segundo Paloff, e a mais importante, é a opção por uma matriz epistemológica
educacional. Para Paloff, (2002, p. 34):

A definição da concepção de educação a ser oferecida é determinante do


processo. A escolha das ferramentas de interação, a arquitetura da
plataforma e do administrador de sistemas depende dessa escolha. Existe
uma variedade muito grande de tecnologia disponível, mas, por mais
avançada que seja, não funcionará se não estiver claro a serviço de que ela
será aplicada.

A EAD (Educação a Distância), a depender do objetivo político, da ciência e dos


recursos metodológicos que lhe dê forma, procura ampliar a capacidade de utilização das
novas tecnologias que, em uso adequado, contribui simultaneamente com a oferta de
cursos de alta qualidade para os indivíduos e oportuniza a formação básica e capacitação
de profissionais.
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Compreende-se, portanto, que as ferramentas de interação multidirecionais serão


prioridades em uma proposta de curso sócio-interacionista, por exemplo. Em uma
proposta de ilustração programada, fundamentada na mera transmissão de conteúdos,
bastariam ferramentas como os e-mails, listas e perguntas freqüentes, onde apenas os
alunos perguntam e os tutores respondem.
A segunda etapa assenta-se na escolha da tecnologia adequada à realidade dos
atores envolvidos no processo. A coerência deve residir na oferta de um recurso que
esteja disponível e ao alcance de alunos e professores, tanto do ponto de vista técnico,
quanto do financeiro. A realidade de cada grupo envolvido vai demandar um tipo de
aparato tecnológico que esteja adequado às necessidades do curso e que garanta o acesso
de todos.

Caso contrário o objetivo de inclusão social que representa um dos pilares


da EAD, será preterido, em função da impossibilidade de acesso de
grupos sociais menos favorecidos a tecnologias avançadas. No caso do
Brasil, o uso de recursos tecnológicos que permitam o acesso de todos é
fator determinante na construção de ambientes virtuais de aprendizagem,
para o atendimento do público ao qual ela se destina.
(PALOFF, 2002, p. 40)

A terceira etapa caracteriza-se pelo trabalho de equipes multidisciplinares que


discutam e definam a arquitetura do ambiente. O diálogo entre tecnólogos e educadores vai
permitir a criação de ambientes que atendam às necessidades dos usuários e aos objetivos
educacionais da proposta.
Se sabemos que o conhecimento não deriva diretamente das percepções e
entendemos que o saber se constrói na proporção direta das ações e interações do
indivíduo, quais os efeitos do sócio-interacionismo que poderá acontecer na educação à
distância. Deverá haver habilidade suficiente para criar um ambiente e uma atmosfera de
trabalho, nos quais todos sejam ativos, iniciem e completem suas atividades, num clima de
interação e ajuda mútua, com tempo para realizar as tarefas e com materiais que estejam ao
seu alcance.
O conhecimento progride gradativamente e é a partir da ação e da experimentação
que chega ao acerto. É preciso considerar sempre o erro construtivo como etapa a ser
vencida, oferecendo situações em que o aluno estabeleça as relações necessárias à
identificação do erro e do acerto, promovendo o desenvolvimento das habilidades de
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observar, analisar e concluir. Já sabemos que não há possibilidade de construção de uma


proposta de qualidade sem que exista uma comunhão de objetivos e esforços.

Por um lado os profissionais de informática poderiam apropriar-se um


pouco mais do conhecimento pedagógico, com a finalidade de
compreender nossas solicitações. Por outro, nós, educadores, também
precisamos nos apropriar de conhecimentos tecnológicos para que o
diálogo se estabeleça. Termos e conceitos básicos dos dois campos
precisam ser compartilhados. (PALOFF, 2002, p. 33)

De acordo com o estudo feito concebe-se que alguns conteúdos são melhor
aprendidos ou são melhor construídos na interação com os colegas da mesma idade ou
mais velhos, pela utilização de diferentes estratégias de ensino que promovam, também, a
divisão das tarefas e o entendimento de que uns podem auxiliar os outros a aprenderem. O
conhecimento é construído de forma contínua e progressiva, através da interação do
indivíduo com o meio, o que lhe permite adaptar-se às mais diversas situações, e pode ser
examinado sob dois aspectos: específico ou limitado e geral.
No sentido geral, o conhecimento é uma estrutura organizada, um produto, uma
capacidade que oportuniza ao indivíduo adquirir mais saber, compreender, aplicar saberes
específicos ou limitados. No sentido limitado, refere-se a informações, regras particulares
relacionadas a um campo de estudo especializado (literatura, geografia, matemática...). Isso
nos auxilia a entender por que a aprendizagem se faz em sentido geral ou em sentido
limitado e nos mostra o caminho para estabelecer estratégias. Não há mais espaço para a
excessiva fragmentação de conhecimentos, também para nós.

Não temos tempo a perder discutindo quem sabe mais sobre o quê, nem
menosprezando os saberes dos colegas. Os resultados positivos
alcançados com a construção de um ambiente que proporcione a
aprendizagem, em interação, passa a ser fruto de um processo que é de
aprendizagem em interação, também para os idealizadores da proposta.
Passa a ser um processo em ação. (PALOFF, 2002, p.35)

Na EAD (Educação a Distância), de ontem, tínhamos apenas o uso de um material


textual a apostila enriquecida, quando muito, da imagem estática, desenho ou fotografia - e
a interface entre professor e aluno se dava através de carta ou telefone, e, muito
modernamente, por fax. Programas dessa natureza geralmente centralizam a tutoria por
rede telefônica ou de informática, ocasionalmente oferecendo encontros presenciais.
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3.2. A Educação à Distância: o futuro da educação?

A Educação a Distância (EAD), enquanto fenômeno educativo imerso nesta trama


sócio-histórica poderá, ou não, contribuir para produzir processos educativos de formação
ou de deformação, de alienação ou de desalienação. É preciso, para isso termos a clareza
filosófico-política do que é Educação (e Educação à Distância), quais as concepções
existentes e que procuram intervir no fenômeno educativo ou explicá-lo. Ressaltamos
ainda, que a Educação à Distância (EAD), depende do objetivo político, da ciência e dos
recursos metodológicos e tecnológicos que lhe dê forma, e do aprofundamento do
compromisso com o Projeto Pedagógico da Educação, ampliando a capacidade de
utilização das novas tecnologias que, em uso adequado, contribui simultaneamente com a
oferta de cursos de alta qualidade para os alunos e oportuniza a interação através da
formação básica e capacitação de professores.

Na mídia clássica, a mensagem está fechada em sua estabilidade


material. Sua desmontagem - remontagem pelo leitor receptor -
espectador exigirá basicamente a expressão imaginal, isto é, o
movimento hipertextual próprio da mente livre e conectiva. Na mídia
digital, o intergente usuário - operador participante experimenta uma
grande evolução: a interatividade. No lugar de receber informação, ele
tem a experiência da participação na elaboração do conteúdo da
comunicação e da criação de conhecimento. (PALOFF, 2002, p. 45)

É relativa a interação que a Educação à Distância (EAD), tem mantido mediante o


desafio da aprendizagem, como também sobre as curtas linhas de pensamento, numa visão
mais dinâmica do processo de aprender, como também a redefinição do professor que, ao
contrário do que se imagina desvaloriza a instrumentação eletrônica, e acabou-se por ser
reconhecida como fator intrínseco da aprendizagem, ainda que numa presença à
"distância".
A diferença em relação à atitude imaginal de um sujeito, segundo Silva (2003, p.
55) é que no suporte digital a plural idade significante é dada como dispositivo material: o
sujeito não apenas interpreta mais ou menos livremente como também organiza e estrutura,
ao nível mesmo da produção.
Antes, a escola trabalhava essencialmente, com a comunicação exclusivamente
entre professor e aluno. Hoje, temos o uso de um conjunto enorme de mídias, a imagem
dinâmica, perfeita, em CD ou DVD, a fala em tempo real, a troca, de acordo com o
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momento e a necessidade de cada um, através do e-mail do chat do fórum e das listas de
discussão, num movimento contínuo e múltiplo que atinge a todos os elementos envolvidos
na aprendizagem. Diga-se ainda parecer claro que o futuro da educação será dominado por
forças de teleducação, visto que, o estudo à distância se apresenta como alternativa ao
acesso de ensino para todos porque não chega a interferir na luta diária, inclusive no
trabalho e na estrutura familiar, pois como podemos ver,

A Internet concretiza a possibilidade de apropriação e de personalização da


mensagem recebida, da reciprocidade da comunicação na virtual idade. Por
meio de fóruns, de listas de discussões, de salas de aula virtuais, de
espaços para realização de trabalhos em grupo e de espaços de pesquisa
compartilhada, incentiva-se a troca de informações entre os alunos,
provocando a socialização do conhecimento. (SILVA, 2003, p. 43)

A criação de comunidades virtuais de aprendizagem, em cursos de EAD, uma


necessidade para o estabelecimento das relações e conseqüente consolidação das
possibilidades de interação. Paloff (2002) nos apresenta o conceito de comunidade virtual
como a articulação de um grupo que possui os mesmos interesses, e que se une em busca
de objetivos comuns. São iniciativas sempre voltadas para a formação profissional,
capacitando pessoas as exercício de certas atividades ou ao domicílio de determinadas
habilidades sempre motivadas por questões de mercado.
A preocupação da Educação a Distância (EAD), está em atender as solicitações de
uma sociedade que pensa nas múltiplas possibilidades do mercado de trabalho e, por isso,
desvia o núcleo da preparação pedagógica e cria essas comunidades educacionais para
adequar o homem que vai encontrar no mercado de trabalho.

Em alguns aspectos, essas comunidades educacionais podem ser mais


estimulantes e interessantes para quem trabalha com educação, porque elas
unem pessoas que possuem interesses e objetivos similares, ou seja,
pessoas que não estão conectadas por acaso, como se verifica em outras
áreas do ciberespaço. (PALOFF, 2002, p. 47)

Mas, as experiências brasileiras enfrentam um traço marcante de nossa cultura,


principalmente nessa área, que é a descontinuidade dos projetos, sobretudo os
governamentais. Todas as iniciativas mobilizaram grandes contingentes de técnicas e
somas consideráveis de recursos públicos, porém seus resultados não conseguiram
sensibilizar nem o governo, nem a sociedade para uma plena aceitação da modalidade de
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Educação à Distância no Brasil.


Foi, portanto, com base em reflexões como estas e considerando as proporções
continentais do Brasil que o Ministério da Educação definiu sua política e seu Programa
de Educação a Distância na tentativa de ao lado da educação convencional, romper as
barreiras do espaço e do tempo e de reconstruir as bases educacionais do país, levando-o a
galgar patamares alcançados pelas nações mais desenvolvidas.

O espaço aonde as "personalidades eletrônicas" dos alunos vão se


manifestar e favorecer a aprendizagem. A autora usa essa expressão para
referir-se ao fato de que, na virtualidade da rede, cada indivíduo se mostra
como deseja; não existe a pressão dos prejulgamentos que existem na sala
de aula presencial; os alunos mais introvertidos, por exemplo, costumam
ter mais facilidade de aprender a distância, por não se sentirem
observados. (PALOFF, 2002, p. 46)

O governo vem colaborando com o programa, com a ampliação de oportunidades


educacionais, através de Educação a Distância (EAD), mas não vem acompanhando a
velocidade no desenvolvimento das tecnologias da comunicação ocorrido nesse período
para assegurar a flexibilidade no atendimento às mais variadas necessidades, com ouso
das diversas mídias voltadas para a competência dos alunos e com isso atentar para o
resultado desejado.
A professora Linda Harassim apud Paloff (2002), especialista na área de
comunicação por computadores, lembra que as palavras comunidade e comunicar têm a
mesma raiz, communicare. Naturalmente, gravitamos ao redor dos meios que nos
permitem comunicar e formar comunidades, porque isso, na verdade, toma-nos mais
humanos. (PALOFF, 2002).
Os programas de EAD (Educação a Distância) exigem a inserção de determinados
aspectos na sua implementação, tendo de assegurar a. qualidade inerente a esse processo,
bem como a rapidez de respostas. Entre estes aspectos destaca-se a necessidade de uma
estrutura que enseje espaços para orientar o estudante no processo de descobertas,
interpretação e análise desde o início do processo, como também oferecer suporte na
escolha de ferramentas pedagógicas entre essas, avaliações para que o aluno possa
conhecer-se, aceitar-se, modificar e manter o seu processo de aprendizagem, pois,

A partir da investigação em ambientes virtuais de aprendizagem em


funcionamento (WebCT, AulaNet e TelEduc) foi possível identificar um
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conjunto de cinco ferramentas de comunicação síncrona (sala de aula


virtual; sala de trabalho em grupo; ICQ interno; tutor on line; café
virtual) e dez de comunicação assíncrona (lista de discussão; mural;
fórum de discussões; debate virtual; prova virtual; e-mail; perfil;
portfólio; biblioteca virtual e tira-teima), como as mais utilizadas. A
definição de especificidades e condições de uso adequado de cada uma
das ferramentas, permite a garantia de que, não se reduplicando esforços,
os alunos possam construir, coletivamente, o seu conhecimento.
(PALOFF, 2002, p. 23)

Embora isto não desfaça a necessidade de dedicação individual (estudar por si),
esta dedicação individual é um fenômeno tipicamente social e é hoje organizado
formalmente na escola e ambientes similares.
O desafio reconstrutivo ocorre de modo mais pleno, quando o aluno tem perto de si
um mestre da reconstrução. Isto já basta para redefinir o professor, cuja função básica não
é dar aula (isto a televisão, o computador, faz melhor), mas a de orientar o processo
reconstrutivo no aluno, através da avaliação permanente, do suporte em termos de
materiais a serem trabalhados, da motivação constante, da organização sistemática do
processo além da importância da interação direta.
Em sua pesquisa sobre o assunto, Paloff (2002), percebeu que deve existir a
realização de um fórum, e que neste fórum, uma questão deve ser proposta e todo o grupo
se coloca diante dela e, a partir daí, diante da fala de um e do outro, cria-se uma
perspectiva de comunicação provocativa, múltipla, com participação livre entre sujeitos em
ambientes distintos, eliminando questões traçadas dentro dos objetivos, alcançando a
clareza das decisões didáticas, a interação docente e discente, o clima social e a
comunicação mediada, pois,

A sala trabalha em grupo, com o mesmo propósito, mas sem uma questão
provocativa, é um espaço mais aberto a novas questões, onde os alunos
têm liberdade de estudar, junto, à revelia até mesmo da presença do
professor, como as turmas da educação presencial.
(PALOFF, 2002, p. 40)

Ainda segundo Paloff (2002), o e-mail, por meio do qual o aluno pode se
comunicar com outro aluno, ou com o professor deve preservar uma instância
comunicativa mais íntima, individual, um a um, enquanto a lista de discussão é utilizada
para a comunicação simultânea com todo o grupo. No portfólio, o aluno escreve seu
"diário de bordo", registrando e acompanhando sua aprendizagem, para uma posterior
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reflexão sobre seu percurso. Enfim, o aporte tecnológico permitirá o atendimento das
necessidades de cada aluno nas mais diferentes situações comunicativas, em ambientes
análogos aos viáveis na educação presencial.

Não se trata aqui de utilizar a qualquer custo as tecnologias, mas sim de


acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização
que está questionando profundamente as formas institucionais, as
mentalidades e cultura dos sistemas educativos tradicionais e,
notadamente, os papéis de professor e aluno. (PALOFF, 2002, p. 55)

Levando-se em conta o nível de aprendizagem dos alunos da Educação a Distância


(EAD), percebe-se que a velocidade com que os conteúdos são abordados, não está
proporcional à velocidade de assimilação dos alunos. Porém, o clima de euforia em
relação à utilização de tecnologias em todos os ramos da atividade humana coincide com
um momento de questionamento e de reconhecimento da inconsistência do sistema
educacional. Embora a tecnologia informática não seja autônoma para provocar
transformações, o uso de computadores em educação coloca novas questões ao sistema
explica inúmeras inconsistências.
O que está em jogo na cybercultura:

Tanto no palco da redução dos custos como no do acesso de todos à


educação, não é tanto a passagem do presencial para a modalidade à
distância e, tampouco, da escrita e do oral tradicionais para a multimídia. E
sim a transição entre uma educação e uma formação estritamente
institucionalizada (escola, universidade) e uma situação de intercâmbio
generalizado dos saberes, de ensino da sociedade por ela mesma, de
reconhecimento autogerido, móvel e contextual das competências.
(LÊVY, 1999 p.87)

É evidente que surgem dificuldades para a implantação de um sistema com esses


contornos, e localizamos como uma das maiores a própria figura do professor, o que, em
termos de EAD, envolve igualmente o tutor. É necessário que o docente abdique de sua
antiga posição, a de transmissor do saber para, em conjunto com os alunos, tomar-se o
elemento que, por ser mais experiente, vai coordenar as ações das quais derivarão a
aprendizagem dos alunos, das quais emergirá a construção do conhecimento.
É preciso que ele esteja disposto a não só oferecer, como também a fomentar a
troca de informações e de experiências, para que dessa associação possa surgir um
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conhecimento que se incorpore a todos os envolvidos. Assim, ao mesmo tempo que nos
preocupamos em inserir as novas tecnologias nos espaços educacionais, deparamo-nos
com carências básicas, com o considerável percentual da população brasileira cujas
crianças freqüentam escolas públicas - quando podem freqüentar - e que não possuem
condições mínimas favoráveis ao desenvolvimento da aprendizagem.

Existem, também, dificuldades tecnológicas de vários tipos, desde o fato


de um grande número de alunos ainda não possuir computador, até um
despreparo estrutural para lidar com a tecnologia, passando pela falta de
uma rede estável e economicamente viável para uso em larga escala.
(LÊVY, 1999, p. 65)

Frente a existência paralela das dificuldades, deste atraso e da modernização, é que


temos que trabalhar em dois tempos, fazendo o melhor possível no universo preterido que
constitui a nossa educação, mas criando rapidamente as condições para uma utilização
nossa dos novos potenciais que surgem. Pois, as propostas de modernização.
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6. CONCLUSÃO

O estudo nos mostra que conceito de interação com o qual trabalha o sócio-
interacionismo na Educação à Distância (EAD) não é um conceito amplo e apenas
opinativo, mas significa, no âmbito do processo de aprendizagem, especificamente,
afetação mútua, uma dinâmica onde a ação ou o discurso do outro causam modificações na
forma de pensar e agir, interferindo no modo como a elaboração e a apropriação do
conhecimento se consolidarão.
É indiscutível a importância do planejamento e a avaliação da EAD. Não se pode
esquecer que a segurança e a seriedade do processo são elementos decisivos para a
credibilidade desses cursos da EAD.
O interesse, a motivação e a capacidade crescem quando existe comunicação para
descrever as experiências de classe, compartilhar o conhecimento pessoal das situações
educativas, planejar tarefas em equipe, intercambiar os êxitos atingidos. Por meio de
fóruns, de listas de discussões, de salas de aula virtuais, de espaços para realização de
trabalhos em grupo e de espaços de pesquisa compartilhada, incentiva-se a troca de
informações entre os alunos, provocando a socialização do conhecimento, ocorrendo o
sócio-interacionismo.
O sócio-interacionismo na Educação a Distância contribui para a construção do
marco da emancipação coletiva, oferecendo possibilidades inovadoras, permanentes de
cultura sobre os setores da vida do cidadão, facilitando a integração de todos na sociedade.
Podemos afirmar que a atual conjuntura político-econômica e social está a exigir um novo
paradigma de Educação a Distância que contemple nova relação entre desenvolvimento e
democracia, cujo eixo norteador seja a nova concepção de sujeito.
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7. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

DEMO, Pedro. Questões para a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

PALOFF, Rena M. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

PIAJET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e


representação. Rio de Janeiro: Zaar, 1978.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Porto:


Afrontamento,1995.

SILVA, Marco. Educação à distância: uma nova concepção de aprendizado e


interatividade. EAD on-line, cibercultura e interatividade. Rio de Janeiro: Ed. Futura,
2003.

VALDÉS, Maria Teresa M. Estratégias de aprendizagem: Ponto de encontro entre a


psicologia a educação e a didática. São Paulo: Atlas, 1998.

VILLARDI, R. Desenvolvimento de habilidades de leitura: os benefícios da tecnologia.


In: Anais da III Jornadas Multimídia educativa: Novas aprendizagens virtuais. V. único, p.
458 - 476. Barcelona: 2001.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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