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OS EFEITOS DO SÓCIO-INTERACIONISMO
NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Isso se aplica igualmente para a atenção voluntária, para a memória lógica e para a
formação de conceitos. Todas as funções superiores originam-se, segundo Vygotsky
(1998, p. 75), das relações reais entre indivíduos humanos. Para ele existem dois níveis
de conhecimento: o real e o potencial. No primeiro o indivíduo é capaz de realizar tarefas
com independência, e caracteriza-se pelo desenvolvimento já consolidado. No segundo, o
indivíduo só é capaz de realizar tarefas com a ajuda do outro, o que denota
desenvolvimento, porque não é em qualquer etapa da vida que um indivíduo pode
resolver problemas com a ajuda de outras pessoas.
Partindo desses dois níveis, Vygotsky (1988) define a zona de desenvolvimento
proximal como a distância entre o conhecimento real e o potencial; nela estão as funções
psicológicas ainda não consolidadas.
Piaget (1978) observa que o ensino, em todos os níveis da educação, precisa ser
fundamentado na atividade do aluno, mesmo porque o desenvolvimento cognitivo não
ocorre só como conseqüência do falar, do ouvir os outros falando, de ler, de ver televisão
(quando possível) ou de ver os outros fazendo alguma coisa. A aprendizagem surge da
atividade, da interação, da troca, do fazer, do pensar, do agir e reagir em situações que são
apresentadas ao educando.
Os ambientes virtuais de aprendizagem, segundo elemento constituinte de uma
proposta sócio-interacionista de educação à distância com uso da informática ou EAD
(Educação a Distância), permitem incentivar a reflexão crítica e a possibilidade de escolhas
e constituem universo a ser explorado didaticamente; a Internet abre um novo horizonte e
cria novos paradigmas para a discussão, na medida em que permite a comunicação, por
intermédio de ferramentas síncronas ou assíncronas.
A mediação pedagógica deve utilizar-se, obrigatoriamente, dessas ferramentas. A
construção de ambientes virtuais de aprendizagem passa por etapas que definem e
desenham sua aplicabilidade, suas possibilidades de sucesso ou de fracasso. A primeira
etapa, segundo Paloff, e a mais importante, é a opção por uma matriz epistemológica
educacional. Para Paloff, (2002, p. 34):
De acordo com o estudo feito concebe-se que alguns conteúdos são melhor
aprendidos ou são melhor construídos na interação com os colegas da mesma idade ou
mais velhos, pela utilização de diferentes estratégias de ensino que promovam, também, a
divisão das tarefas e o entendimento de que uns podem auxiliar os outros a aprenderem. O
conhecimento é construído de forma contínua e progressiva, através da interação do
indivíduo com o meio, o que lhe permite adaptar-se às mais diversas situações, e pode ser
examinado sob dois aspectos: específico ou limitado e geral.
No sentido geral, o conhecimento é uma estrutura organizada, um produto, uma
capacidade que oportuniza ao indivíduo adquirir mais saber, compreender, aplicar saberes
específicos ou limitados. No sentido limitado, refere-se a informações, regras particulares
relacionadas a um campo de estudo especializado (literatura, geografia, matemática...). Isso
nos auxilia a entender por que a aprendizagem se faz em sentido geral ou em sentido
limitado e nos mostra o caminho para estabelecer estratégias. Não há mais espaço para a
excessiva fragmentação de conhecimentos, também para nós.
Não temos tempo a perder discutindo quem sabe mais sobre o quê, nem
menosprezando os saberes dos colegas. Os resultados positivos
alcançados com a construção de um ambiente que proporcione a
aprendizagem, em interação, passa a ser fruto de um processo que é de
aprendizagem em interação, também para os idealizadores da proposta.
Passa a ser um processo em ação. (PALOFF, 2002, p.35)
momento e a necessidade de cada um, através do e-mail do chat do fórum e das listas de
discussão, num movimento contínuo e múltiplo que atinge a todos os elementos envolvidos
na aprendizagem. Diga-se ainda parecer claro que o futuro da educação será dominado por
forças de teleducação, visto que, o estudo à distância se apresenta como alternativa ao
acesso de ensino para todos porque não chega a interferir na luta diária, inclusive no
trabalho e na estrutura familiar, pois como podemos ver,
Embora isto não desfaça a necessidade de dedicação individual (estudar por si),
esta dedicação individual é um fenômeno tipicamente social e é hoje organizado
formalmente na escola e ambientes similares.
O desafio reconstrutivo ocorre de modo mais pleno, quando o aluno tem perto de si
um mestre da reconstrução. Isto já basta para redefinir o professor, cuja função básica não
é dar aula (isto a televisão, o computador, faz melhor), mas a de orientar o processo
reconstrutivo no aluno, através da avaliação permanente, do suporte em termos de
materiais a serem trabalhados, da motivação constante, da organização sistemática do
processo além da importância da interação direta.
Em sua pesquisa sobre o assunto, Paloff (2002), percebeu que deve existir a
realização de um fórum, e que neste fórum, uma questão deve ser proposta e todo o grupo
se coloca diante dela e, a partir daí, diante da fala de um e do outro, cria-se uma
perspectiva de comunicação provocativa, múltipla, com participação livre entre sujeitos em
ambientes distintos, eliminando questões traçadas dentro dos objetivos, alcançando a
clareza das decisões didáticas, a interação docente e discente, o clima social e a
comunicação mediada, pois,
A sala trabalha em grupo, com o mesmo propósito, mas sem uma questão
provocativa, é um espaço mais aberto a novas questões, onde os alunos
têm liberdade de estudar, junto, à revelia até mesmo da presença do
professor, como as turmas da educação presencial.
(PALOFF, 2002, p. 40)
Ainda segundo Paloff (2002), o e-mail, por meio do qual o aluno pode se
comunicar com outro aluno, ou com o professor deve preservar uma instância
comunicativa mais íntima, individual, um a um, enquanto a lista de discussão é utilizada
para a comunicação simultânea com todo o grupo. No portfólio, o aluno escreve seu
"diário de bordo", registrando e acompanhando sua aprendizagem, para uma posterior
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reflexão sobre seu percurso. Enfim, o aporte tecnológico permitirá o atendimento das
necessidades de cada aluno nas mais diferentes situações comunicativas, em ambientes
análogos aos viáveis na educação presencial.
conhecimento que se incorpore a todos os envolvidos. Assim, ao mesmo tempo que nos
preocupamos em inserir as novas tecnologias nos espaços educacionais, deparamo-nos
com carências básicas, com o considerável percentual da população brasileira cujas
crianças freqüentam escolas públicas - quando podem freqüentar - e que não possuem
condições mínimas favoráveis ao desenvolvimento da aprendizagem.
6. CONCLUSÃO
O estudo nos mostra que conceito de interação com o qual trabalha o sócio-
interacionismo na Educação à Distância (EAD) não é um conceito amplo e apenas
opinativo, mas significa, no âmbito do processo de aprendizagem, especificamente,
afetação mútua, uma dinâmica onde a ação ou o discurso do outro causam modificações na
forma de pensar e agir, interferindo no modo como a elaboração e a apropriação do
conhecimento se consolidarão.
É indiscutível a importância do planejamento e a avaliação da EAD. Não se pode
esquecer que a segurança e a seriedade do processo são elementos decisivos para a
credibilidade desses cursos da EAD.
O interesse, a motivação e a capacidade crescem quando existe comunicação para
descrever as experiências de classe, compartilhar o conhecimento pessoal das situações
educativas, planejar tarefas em equipe, intercambiar os êxitos atingidos. Por meio de
fóruns, de listas de discussões, de salas de aula virtuais, de espaços para realização de
trabalhos em grupo e de espaços de pesquisa compartilhada, incentiva-se a troca de
informações entre os alunos, provocando a socialização do conhecimento, ocorrendo o
sócio-interacionismo.
O sócio-interacionismo na Educação a Distância contribui para a construção do
marco da emancipação coletiva, oferecendo possibilidades inovadoras, permanentes de
cultura sobre os setores da vida do cidadão, facilitando a integração de todos na sociedade.
Podemos afirmar que a atual conjuntura político-econômica e social está a exigir um novo
paradigma de Educação a Distância que contemple nova relação entre desenvolvimento e
democracia, cujo eixo norteador seja a nova concepção de sujeito.
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7. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS