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Paradigma cartesiano

Fomos educados dentro dele e estamos acostumados ao paradigma cartesiano, que


divide o conhecimento em partes menores – especialidades e subespecialidades – sem
muita preocupação com a integração, interação e continuidade. Esse paradigma está
centrado no professor e na transmissão dos conteúdos, valoriza as relações hierárquicas
em nome da transmissão do conhecimento e vê o estudante como tabula rasa. Por isso,
utiliza dados quantitativos para descrever o aluno e seu desenvolvimento escolar.

O paradigma cartesiano utiliza bastante a avaliação quantitativa porque percebe o


aluno como um receptor de informações. A relação unilateral não permite que aluno
participe da construção do processo avaliativo. Ele apenas realiza as atividades e o
professor as julga mediante notas. No entanto, a atualidade nos conduz à
multidimensionalidade, à interdisciplinaridade e a uma visão holística para
entendermos o ambiente que nos cerca e construirmos nosso conhecimento junto com
outras pessoas. Isso implica em um pensamento bem mais amplo e abrangente em busca
da totalidade.

Paradigma educacional emergente

Percebe o mundo como complexo a partir de uma perspectiva ampla, abrangente e


interdependente em vários fenômenos:

 Físicos;
 Biológicos;
 Psicológicos;
 Sociais;
 Educacionais;
 Culturais.

A visão de totalidade contida no paradigma emergente requer que substituamos a


fragmentação característica do paradigma cartesiano por integração, articulação e
continuidade. De acordo com esse paradigma, sensações, emoções, razão e intuição
fazem parte do processo educativo e, consequentemente, da avaliação. Por fim, ele
leva em conta o sujeito coletivo, ou seja, vivemos em contextos sociais e somos
constantemente influenciados por eles e pelas outras pessoas que dele fazem parte.

Por isso, o paradigma educacional emergente supõe a aprendizagem colaborativa como


instrumento didático para levar o estudante a refletir, analisar e tomar consciência do
que sabe, se dispor a mudar conceitos, atitudes, comportamentos, a buscar novas
informações, substituir verdades enraizadas por teorias provisórias, adquirir novos
conhecimentos requeridos pelas alterações resultantes da rápida evolução das
tecnologias da informação.

A avaliação de acordo com o paradigma emergente perpassa ao simples acúmulo de


notas, pois é feita de maneira cumulativa e sistemática, com o objetivo de diagnosticar

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a situação de aprendizagem em relação ao currículo. Por isso, ela é parte do processo
aprendizagem uma vez que corresponde a uma prática de investigação para identificar
quais conhecimentos foram construídos, como foram e quais dificuldades foram
encontradas pelos estudantes.

O erro não é visto como defeito passível de punição, mas, ao contrário, passa a ser visto
como uma pista dada pelo aluno para aperfeiçoamento do processo de construção e
reconstrução da aprendizagem. Não podemos esquecer das tecnologias da informação
e da comunicação (TIC), que mudaram a forma como nós aprendemos e nos
comunicamos atualmente.

Aprender agora é uma atividade que perpassa o ambiente escolar, pois as TIC rompem
as barreiras do tempo e do espaço. Hoje, o estudante pode aprender a todo momento
e não precisa estar inserido em uma sala de aula presencial para ter o conteúdo do
curso ou visitar uma biblioteca para pesquisar determinado assunto. Tudo pode ser feito
remotamente com um tablet ou celular.

Essa nova relação com a informação e com o conhecimento mudou a maneira como se
processa o aprendizado, isto é, a maneira como aprendemos e ensinamos. Assim, as
inúmeras alternativas do mundo cibernético precisam ser integradas ao processo
didático-avaliativo para incentivar o aluno a estudar, pesquisar, manipular o conteúdo,
produzir textos e aprender com o grupo de acordo com uma perspectiva interacionista.

Mas por que interacionista? Porque essa visão reconhece que sujeito e objeto são
organismos vivos, ativos, abertos, em constante interlocução com o meio ambiente,
que interagem por meio de processos interativos indissociáveis. Nesses processos, as
relações entre os sujeitos e entre sujeitos e objetos se modificam mutuamente. Por
isso, essa perspectiva entende que o conhecimento é produzido na interação com o
mundo físico e social, mediante o convívio do sujeito com a realidade e com outras
pessoas.

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