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INSTITUTO FEDERAL DO AMAZONAS

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


CURSO LIVRE DE TUTORIA ONLINE

TRANSCRIÇÃO DA FALA DO PROFESSOR – UNIDADE I

Olá. Seja bem-vindo à Unidade I do curso de Tutoria Online.

(slide 2)

A proposta desta unidade é :


− Compreender a importância da interação para o processo educativo.
− Compreender que tutoria e docência possuem objetivos em comum. e
− Entender que processo de ensino e aprendizagem exige o envolvimento e a constante formação dos
educadores.

Vamos lá?!

(slide 3)

Que a educação a distância não é uma novidade, você já sabe, visto que há cerca de um século esta
modalidade vem se difundindo e se aperfeiçoando como metodologia de ensino. No entanto, o advento das
tecnologias da informação potencializou a demanda e as ferramentas disponíveis, ampliando sua
abrangência e, inclusive, transformando a educação como um todo, produzindo efeitos na educação
presencial e também nas concepções pedagógicas sobre os papéis dos sujeitos envolvidos no processo
educativo. Assim, nesse espectro, temos a figura de duas pessoas fundamentais para o processo de ensino
e aprendizagem: o professor e o tutor, além do aluno, é claro! Antes de falarmos especificamente sobre
esses dois papéis pedagógicos, é preciso pontuar um elemento essencial no processo de educação a
distância: a interação. Interagir é algo quase natural na educação presencial, afinal alunos e docentes estão
em contato direto, e a comunicação se faz automaticamente. Mas, na educação a distância, a interação é
indireta, realizada por recursos tecnológicos, intermediada, e, portanto, singular, que exige do estudante
maior autonomia e dos educadores a garantia da interatividade. A interatividade é a chave para um ensino
à distância eficiente, no entanto, não podemos compreender a interação de maneira simplista como
pergunta e resposta, ou como mera reação dos educadores às demandas dos alunos. Interatividade
pressupõe a relação dialógica entre os sujeitos envolvidos no processo educativo.

(slide 4)

A linguagem neste fragmento de Bakhtin (2006), portanto, é a expressão de um em relação ao outro num
determinado momento sócio-historicamente situado e, assim, marcado na temporalidade como um evento
único e irrepetível. A linguagem seja ela em qualquer tipo de manifestação, é portanto uma atividade que,
justamente por só existir em relação ao outro, objetiva-se na realidade concreta compartilhada entre o eu
e o outro.

(slide 5)

O conceito de dialogia que resgatamos aqui é o do linguista russo Mikhail Bakhtin, o autor nos fornece uma
compreensão da dialogia como um processo de interação entre sujeitos reais que enunciam um discurso
construído em forma de texto (escrito, falado, sinalizado etc.), sendo assim, a aprendizagem é
intrinsecamente dialógica, pois pressupõe esta relação de constante busca de respostas, seja pela relação
com o texto escrito do material didático, com a videoaula ou com as questões do fórum. Por isso, na
educação a distância, o simples acesso aos conteúdos não garante a interação, é necessário que esses
conteúdos sejam pensados e produzidos a fim de dialogar com os alunos. Não é o bastante fornecer um
texto ou um conteúdo supondo que você fará uma leitura compreensiva, estes textos devem trazer a leitura
crítica do professor-autor, a fim de provocar a reflexão. Esta provocação inicial deve levantar questões e
dúvidas que serão aprofundadas nas videoaulas do professor formador e discutidas nos fóruns e mensagens
junto aos colegas e tutores.

(slide 6)

É importante ressaltar que um aluno que não participa ativamente dos fóruns não está, necessariamente,
fora do processo dialógico, pois a dialogia não se restringe à comunicação efetiva entre sujeitos físicos, o
diálogo ocorre entre os textos, ou seja, se um aluno, ao ler um texto ou assistir a uma videoaula, sentir-se
impulsionado a buscar outras informações, a aprofundar seus conhecimentos com outras leituras ou
pesquisas, a interação existe e produz o aprendizado. A interatividade, elemento que motiva a
aprendizagem, é indispensável na educação a distância, sendo assim, os papéis de docência e tutoria não
podem ser pensados fora dessa perspectiva. Mas você já parou para se perguntar qual a diferença entre o
professor e o tutor na educação a distância? Porque são utilizadas denominações distintas? Qual a relação
destes dois papéis no processo de ensino e aprendizagem?

(slide 7)

Você verá nesta disciplina um intenso debate sobre o papel do tutor, suas especificidades e atribuições,
principalmente no que diz respeito a diferença entre sua atuação e a atuação docente. Para que possamos
avaliar melhor essas diferenças, vamos falar um pouco sobre a aprendizagem, visto que este é o fio condutor
de um processo que inclui esses sujeitos dedicados à educação, seja na modalidade à distância, seja na
presencial. Educar é assumir uma responsabilidade social, visto que o processo educativo possui a finalidade
de formar cidadãos, dessa forma, os educadores devem ter em mente os efeitos de sua prática: como
garantir o aprendizado? Como motivar os educandos sob minha responsabilidade? Como permitir o pleno
desenvolvimento das habilidades e competências planejadas? São questionamentos que se impõem quando
falamos da aprendizagem formal.

(slide 8)

Se pensarmos no homem como um ser capaz de aprender e a instituição escolar – seja ela de educação
básica ou ensino superior, presencial ou à distância – como um espaço de aprendizagem, perguntamos: o
que aprendemos neste espaço? Ao contrário de outros seres vivos, o homem não carrega geneticamente a
história de seu passado, ele não se comporta como as abelhas que ao nascer “já sabem o que fazer” para
sobreviver; o homem aprende. Aprende a falar, a se comunicar, aprende a trabalhar, a utilizar técnicas,
aprende a escrever etc. O aprendizado permite ao homem perpetuar símbolos e linguagens que para ele são
significativos e transmiti-los às futuras gerações. Dessa forma, a instituição escolar é um espaço destinado
ao aprendizado, para o homem desenvolver habilidades específicas, julgadas necessárias para as sociedades
humanas que delas fazem uso. Sim, pois nem todas as sociedades criaram espaços como a escola para
ensinar, a escola é uma instituição histórica e cultural. Vale destacar que vamos utilizar a expressão Escola
para nos referirmos aos espaços formais de aprendizagem, então, estão abarcados nesta terminologia
também as universidades e seus cursos de graduação e pós-graduação, visto que compõem a rede
institucional de educação formal e, no caso do Brasil, são regulados de maneira centralizada pelo Ministério
da Educação. Neste sentido, sempre que nos referirmos à Escola, teremos em mente um lugar de
aprendizagem permanente, e, neste cenário, o educando é o principal responsável por esse processo, que
envolve procurar informações, experimentar e rever suas experiências, adaptar-se a mudanças, desenvolver
e descobrir sentidos e significados para as coisas e fatos, apreender comportamentos e condutas sociais.
Você percebeu que a Escola é toda planejada para o educando? O educando – ou aluno – é o protagonista
do processo de aprendizagem, é para este sujeito que educadores planejam as práticas pedagógicas e
metodologias de ensino, no entanto, aprender e ensinar são processos dialógicos (lembra-se?!), por isso,
fazem parte de um mesmo conjunto de ações, contínuas e indissociáveis.

(slide 9)

O ensino é uma tarefa muito importante: “Ensinar é um ato intencional”; “Ensinar significa interagir e
compartilhar”; “Ensinar exprime afetividade”; “Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor
metodológico”; “Ensinar exige planejamento didático” (VEIGA, 2008, p. 13-33). Cada uma dessas expressões
está carregada de significado e compõe um campo de características e aspectos importantes para
compreensão do processo educativo. Ao dizermos que “Ensinar é um ato intencional” estamos afirmando
que o ato de ensinar não é algo aleatório, ele exige um direcionamento, objetivos bem traçados por uma
estrutura organizada, como a Escola. A intencionalidade de ensinar está subordinada à instituição escolar e
ao contexto social no qual ela está inserida, por isso é fundamental que esteja associada à reflexão sobre
quem é o educando e o que se pretende desenvolver como habilidade. Justamente por ser intencional, o
ato de ensinar deve ser consciente. Quando entendemos o ensinar como “interagir e compartilhar”,
pretendemos destacar a dimensão humana desta ação transformadora, pois ensinar é estar entre seres
humanos, o professor obrigatoriamente interage com os alunos e estes, entre eles, compartilham
experiências, informações e juntos buscam respostas, de forma consciente e inconsciente. Não há ensino
sem experiência conjunta. Quantas vezes você sentiu dificuldade em aprender uma matéria por sentir
antipatia pelo professor? Ou então, o contrário, quantas matérias ficaram “mais fáceis” justamente porque
você gostava do seu professor? A afetividade é inerente ao processo de ensino, a empatia é fundamental
para garantir as trocas entre educador e aluno, por isso o enunciado “Ensinar exprime afetividade”. A
identificação é algo preponderante para despertar no aluno a confiança necessária ao ensino, emoções,
conflitos, alegrias e fruição são aspectos do processo didático e não devem ser ignorados. O educador deve
ter em mente que a afetividade está presente e que ela é uma dimensão importante, isso auxilia bastante o
planejamento do ensino. Para ensinar, o educador precisa, antes de tudo, aprender, sendo o principal
mediador entre o aluno e o conhecimento, ele não pode ignorar sua condição de aprendiz e, por isso, de
estudioso da educação: “conhecimento e rigor metodológico”. Assim como não é possível construir um
prédio sem alicerce e planejamento, não é provável construir conhecimento sem métodos de ensino e
elaboração, nos dois casos, a falta de estruturação resulta em desabamentos, inconclusões e fracassos. O
conhecimento tem como função formar um aluno cidadão, crítico e criativo, e o educador possui o papel
fundamental de mediar esse contato entre o aluno, o conhecimento e a realidade.

(slide 10)

Você percebeu que falamos sempre em educador, e não em professor ou docente especificamente? Como
aluno ou aluna você já parou para pensar que não aprende exclusivamente com o professor? Sim, o docente
é essencial no processo de ensinar, no entanto, o ensino e a aprendizagem possuem dimensões muito
amplas que não se restringem ao ato de apresentar um conteúdo curricular. Você pode aprender em uma
conversa informal com uma senhora no ponto de ônibus, ou em uma aula de pós-graduação!

(slide 11)

O que queremos dizer é que o aprendizado, mesmo o formal, envolve inúmeros profissionais qualificados:
professores, pedagogos, coordenadores, orientadores, tutores, designers instrucionais, editores, autores
etc. Assim, o ensino não é uma exclusividade dos professores e, por isso, docentes e tutores são,
equanimemente, educadores. Ensinar é tarefa de todos os educadores e sua prática se coloca além da sala
de aula (presencial ou virtual), diante desta realidade, tutores e docentes possuem o mesmo objetivo no
processo de ensino e aprendizagem: formar sujeitos éticos e capazes de exercer sua cidadania com respeito
à diversidade social. Você acabou de compreender que docentes e tutores possuem o mesmo objetivo
(ensinar), por isso, os colocamos na mesma categoria: educadores.
(slide 12)

Sendo assim, sob o ponto de vista do processo educativo, a formação de docentes e tutores passa pelos
mesmos desafios pedagógicos, um deles é justamente sua formação para educar. Vale dizer, que neste
primeiro momento da disciplina estamos destacando as semelhanças entre as práticas de docência e de
tutoria, nos temas posteriores iniciaremos nossa explanação sobre as especificidades de cada papel
educativo no processo de ensino e aprendizagem. Um educador precisa conhecer sua ocupação, sendo seu
labor o ato de ensinar, é fundamental que ele saiba como ensinar. Além dos conhecimentos específicos, o
educador deve manter-se atualizado sobre as formas de ensinar aquilo que aprendeu, as metodologias de
ensino compõem um arranjo necessário às práticas pedagógicas. O educador tem de saber organizar o
processo de ensino de forma consciente e sistemática, e, para isso, é inevitável fazer uso de sua preparação
teórico-científica.

(slide 13)

O profissional da educação bem preparado possui uma sólida formação acadêmica e também uma formação
para a prática de ensino (técnico-prática). No entanto a formação teórica e a formação prática não devem
ficar separadas. Há que haver uma articulação entre os conhecimentos teóricos e os conhecimentos
técnicos. Você já pensou em como pode ensinar aquilo que acabou de aprender nas disciplinas de seu curso?
Gostou da forma como algum professor ou tutor abordou uma temática ou esclareceu uma dúvida? Refletiu
sobre a técnica que ele utilizou? Além do domínio de técnicas e regras para ensinar, o educador que não
possui o domínio teórico daquilo que ensina não conseguirá problematizar o conhecimento e, assim,
nenhuma técnica será suficiente para que ele seja capaz de ensinar. Para Libâneo (1990), o profissional da
educação deve ter sua formação pautada na contínua interpenetração entre a teoria e a prática, a teoria
não tem valor didático se não estiver associada à realidade, assim como a prática não se sustenta sem
orientação teórica. Dessa forma, um dos desafios de tutores e docentes é permitir-se aprender, sempre! A
principal crise do trabalho e da formação de profissionais da educação, segundo Candau (2005), é
justamente a dificuldade de relacionar de forma efetiva, teoria e prática, isso porque a formação atual não
condiz com a complexidade social. Geralmente os sistemas de formação destacam um único aspecto,
centralizando seus esforços em uma única dimensão, abdicando de outras igualmente importantes. Para a
autora, há um conjunto formador centrado na norma, isso quer dizer que as práticas estão voltadas quase
que exclusivamente para a adequação aos instrumentos legais, sendo o educador aquele responsável por
cumprir aspectos formais do ensino, em observância às normas vigentes. É um tipo de formação
conservadora e pouco criativa.

(slide 14)

Por isso, é importante que o educador conheça novas técnicas e metodologias de ensino, que reflita sobre
suas ações pedagógicas a fim de aperfeiçoá-las e adequá-las à realidade que se apresenta. Um tutor, por
exemplo, não pode reproduzir infinitamente a mesma resposta para seus alunos no fórum, ou limitar-se a
uma única ferramenta de comunicação para dialogar com seus alunos quando o ambiente virtual apresenta
uma diversidade de possibilidades de ações.

(slide 15)

Esta atuação é técnica, como educador, o tutor é o responsável pela organização das condições de ensino e
de aprendizagem, definindo estratégias, selecionando conteúdos e definindo objetivos. Assim como o
professor, o tutor é responsável pela comunicação entre os envolvidos no processo educativo, condutor do
processo que deve culminar no desenvolvimento emocional e intelectual do aluno.

(slide 16)
Nesta unidade você viu que:

− A interação é importante para o processo educativo.


− O dialogismo é essencial para a educação a distância.
− Tutoria e docência possuem objetivos em comum.
− Docentes e tutores pertencem à mesma categoria, a de educadores. e
− O processo de ensino e aprendizagem exige o envolvimento e a constante formação dos educadores.

(slide 17)

Aqui no slide 17 você pode verificar as bibliografias básicas acerca desta unidade.

(slide 18)

Espero que você tenha gostado desta nossa primeira aula… te espero na próxima, até lá!

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