Você está na página 1de 5

Conhecimentos Pedagógicos

O pensamento pedagógico brasileiro: correntes e tendências


na prática escolar

LIBERAL TRADICIONAL

De acordo com Saviani (1987), a escola surge como um antídoto à ignorância, logo,
um instrumento para equacionar o problema da marginalidade.

Em suas várias correntes, caracteriza as concepções de educação onde prepondera a


ação de agentes externos na formação do aluno, o primado do objeto de
conhecimento, a transmissão do saber constituído na tradição e nas grandes
verdades acumuladas pela humanidade e uma concepção de ensino como impressão
de imagens propiciadas, ora pela palavra do professor, ora pela observação
sensorial. (LIBÂNEO).

Os métodos dessa tendência baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou


demonstração. A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na
memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos. Predomina a autoridade do
professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer
comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite o conteúdo
na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o
meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.

LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA

A Pedagogia Nova agrupa correntes que advogam a renovação escolar, opondo-se


à pedagogia tradicional.

Este movimento foi inspirado nas ideias de Rousseau, e recebeu diversas


denominações, como escola nova, educação nova, pedagogia ativa, escola
trabalho.

Para funcionar de acordo com a concepção acima, a organização escolar, teria que
passar por uma reformulação. O professor deveria agir como um estimulador e
orientador da aprendizagem cuja iniciativa caberia aos próprios alunos. Para
tanto, cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que
a relação inter-pessoal, essência da atividade educativa, ficaria dificultada; e num
ambiente estimulante, portanto, dotado de materiais didático ricos, biblioteca
de classe, entre outros.
Conhecimentos Pedagógicos

LIBERAL RENOVADA NÃO DIRETIVA

Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela


qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os
pedagógicos ou sociais, conforme Libâneo.

A educação é centrada no aluno, o professor é especialista em relações humanas

Todo o esforço deve visar a uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma
adequação pessoal às solicitações do ambiente.

Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver


significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela
relevância do aprendido em relação ao "eu", o que torna a avaliação escolar sem
sentido, privilegiando-se a auto-avaliação.

Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um


facilitador, ou seja, o papel da escola é promover o auto desenvolvimento
pessoal, os alunos buscam por si mesmo os conhecimentos.

LIBERAL TECNICISTA

A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos princípios de


racionalidade, eficiência e produtividade, essa pedagogia advoga a reordenação
do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional.

Na pedagogia tecnicista, o elemento principal passa a ser a organização racional


dos meios, ocupando professor e aluno posição secundária, relegados que são à
condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento,
coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados,
neutros, objetivos, imparciais.

A função primordial da escola, nesse modelo, é transmitir conhecimentos


disciplinares para a formação geral do aluno, formação esta que o levará, ao inserir-
se futuramente na sociedade, a optar por uma profissão valorizada.

Há predominância da exposição oral dos conteúdos, seguindo uma sequência


predeterminada e fixa, independentemente do contexto escolar; enfatiza-se a
necessidade de exercícios repetidos para garantir a memorização dos conteúdos.
Os conteúdos e procedimentos didáticos não estão relacionados ao cotidiano do
aluno e muito menos às realidades sociais. Na relação professor-aluno, prevalece
a autoridade.
Conhecimentos Pedagógicos

PROGRESSISTA LIBERTADORA

Na pedagogia libertadora não se fala em ensino escolar, já que sua marca é a


atuação "não-formal".

Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde
professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual
extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa
mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social.

Os conteúdos de ensino são denominados "temas geradores" e são extraídos da


problematização da prática de vida dos educandos. O importante não é a
transmissão de conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma da relação com
a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é
considerada como "invasão cultural" ou "depósito de informação", porque não
emerge do saber popular.

De acordo com Luckesi (1994), em nenhum momento o inspirador e mentor da


pedagogia libertadora, Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter
essencialmente político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras,
impedem que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas instituições
oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí porque sua atuação se dê mais em
Conhecimentos Pedagógicos

nível da educação extra-escolar.

Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação


real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica
dessa realidade.

PROGRESSISTA LIBERTÁRIA

A escola progressista libertária parte do pressuposto de que somente o vivido pelo


educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber
sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático.

Segundo Libâneo, a ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de


toda forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais
livres. Ex: No ensino da língua, procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além
da negociação de sentidos na leitura.

Esta tendência caracteriza-se pela auto-gestão pedagógica, pelo processo de


aprendizagem grupal, é uma educação popular, não formal

CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS

Essa pedagogia surge no final dos anos 70 e início dos 80 e se põe como uma
reação de alguns educadores que não aceitam a pouca relevância que a
"pedagogia libertadora" dá ao aprendizado do chamado "saber elaborado",
historicamente acumulado, e que constitui parte do acervo cultural da
humanidade.

A pedagogia crítico-social dos conteúdos assegura a função social e política da escola


através do trabalho com conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes
populares em condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. (PCN).

CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS

Entende que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas
que é necessário que se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e
capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas
experiências de vida e defender seus interesses de classe.

Para que esta ruptura se dê, vai-se da ação à compreensão e da compreensão à ação,
até a síntese. O professor é o mediador e o aluno participa na busca da verdade com
Conhecimentos Pedagógicos

sua experiência, relacionando-a ao conteúdo estudado.

A educação na pedagogia “dos conteúdos” visa promover a transformação das


relações de produção, onde o educador deve possuir competência técnica para
ministrar conteúdos de sua matéria, e política, capaz de compreender a relação
de sua práxis com a prática social global.

Entendida nesse sentido, a educação é "uma atividade mediadora no seio da


prática social global", ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela
intervenção do professor é pôr sua própria participação ativa, passa de uma
experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão
sintética, mais organizada e unificada.

Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo


adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da
aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e
ativa na democratização da sociedade.

A questão dos métodos se subordina a dos conteúdos: se o objetivo é privilegiar a


aquisição do saber, e de um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os
métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos
educandos, e que estes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio ao seu esforço de
compreensão da realidade (prática social).

Você também pode gostar