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Concurso
Assunto: Tendências Pedagógicas
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
As tendências pedagógicas brasileiras foram muito influenciadas pelo momento cultural
e político da sociedade, pois foram levadas à luz graças aos movimentos sociais e
filosóficos. Essas formaram a prática pedagógica do País.
E para que a prática pedagógica em sala de aula alcance seus objetivos, o professor
deve ter as respostas para essas questões, pois, como defende Luckesi (1994), “a
Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola sem que se tenha alguma
clareza do seu significado. Isso nada mais é do que buscar o sentido da prática docente”.
As tendências pedagógicas usadas na educação brasileira se dividem em duas grandes
linhas de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências Liberais e Tendências
Progressistas.
Nome Professor
Tendências Papel da
Conteúdos Métodos X Aprendizagem Manifestações
Pedagógicas Escola
Aluno
São conhe-
cimentos e Aprendizagem
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Preparação Autori- Nas escolas
sociais de- receptiva e
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pesquisas e desen- tivação e
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transmissão seada no
Tecnicista. através de sequência o aluno vai 5.692/71.
e recepção de desempenho.
técnicas lógica e fixá-las.
infomações.
específicas psicológica.
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Tendência professor é Aprendizagem
libertário e são colo- grupal Miguel
Progressista orientador infomal, via
autogestionário. cadas mas na forma de Gonzales
Libertária. e os alunos grupo.
não exigidas. auto-gestão Arroyo.
livres.
QUESTÕES
1. Assinale a opção correspondente às tendências identificadas com a corrente pedagógica liberal.
a) Renovada progressivista, tradicional, libertária e renovada não diretiva.
b) histórico-crítica, tecnicista, renovada não diretiva e libertária.
c) tradicional, renovada progressivista, renovada não diretiva e tecnicista.
d) tradicional, tecnicista, libertadora e renovada não diretiva.
2. O Manifesto dos Pioneiros da Educação teve grande importância para o desenvolvimento da educação no país. Assinado por
Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, dentre outros, o pensamento pedagógico brasileiro passa a ter influências:
a) da Pedagogia Libertária.
b) do Movimento por uma Educação Popular.
c) das Teorias da Escola Nova.
d) dos movimentos políticos e sindicais.
Gabarito
1.C
2.C
3.A
4.B
RESUMO
Sabendo que a avaliação nunca antes foi tão discutida e questionada e sendo um
mecanismo que orienta e acompanha o processo educativo tornando-se inevitável a
reflexão sobre a ação que o educador deve ter frente o ato avaliativo. A partir desta
compreensão, escolheu-se o tema: Avaliação como processo de construção de
conhecimento. A opção deve-se por sabermos da importância e da necessidade de
avaliar corretamente os alunos nas séries iniciais nos dias de hoje e para questionarmos
o verdadeiro significado da avaliação, mostrando que a mesma deve ser um processo
para auxiliar no desenvolvimento cognitivo do aluno e não apenas o classifica. Assim,
tem por objetivo geral, analisar se as avaliações estão sendo desenvolvidas pelos
professores, como um processo de construção de conhecimento. Optou-se pela pesquisa
do tipo descritiva com abordagem qualitativa, tendo como publico alvo professores, da
Escola Municipal. Escolheu-se uma amostra simples e intencional, onde se selecionou
um total de 09 (nove) professores, da escola citada. Usou-se como instrumentos para
análise questionários com perguntas abertas. Para elaboração do referencial teórico,
buscou-se subsídio de Luckesi, Demo, Nunes entre outros. Finalmente pode-se concluir
que os educadores devem tentar conhecer o aluno como um todo, levando em conta suas
dificuldades e necessidades, lembrando sempre que cada aluno é único e tem suas
individualidades para assim poder tentar aplicar o melhor método avaliativo desta forma
o sistema educacional com certeza se transformará.
Palavras chave: Avaliação, aprendizagem, disciplina, ensino.
1. INTRODUÇÃO
dar bem na vida", "o que fazer para se passar com o mínimo esforço", "como agradar o
professor", etc.
Neste sentido Freitas (2001, p.1) afirma que:
Marx já dizia de valor de uso e valor de troca, analogamente se tem o
conhecimento adquirido e o trabalho pela nota. O valor de uso é a
utilidade do produto: a faca serve para cortar. O valor de troca é a
marca que esta faca traz para ser negociada. O valor de troca acontece
na escola quando a utilidade do conhecimento é superada pela
intenção de receber uma nota. Quando a nota se torna mais importante
que o conhecimento temos a banalização do ensino. Agora temos um
aprendizado de relações de mercado, de negociação. Ao menos se
aprende alguma coisa na escola.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maneira como a escola avalia é o reflexo da educação que ela valoriza. Essa
prática deve ser capaz de julgar o valor do aluno e possibilitar que ele cresça como
indivíduo e como integrante de uma comunidade. Além disso, a avaliação é uma janela
por onde se vislumbra toda a educação. Quando se indaga a quem ela beneficia, a quem
FACESI EM REVISTA
Ano 1 – Volume 1, N. 2 – 2009 - - ISSN 2177-6636
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ABRAMOWICZ, Meri. Entrevista. Revista Nova escola. São Paulo, p. 14-25, nov.
2001.
GIMENO, José. Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes
médicas, 1998.
PELLEGRINI, Denise. Avaliar para ensinar melhor. Revista Nova Escola. São Paulo,
p. 26- 33, fev. 2003.
THURLER, Monica Gather. A eficácia das escolas não se mede: ela se constrói,
negocia-se, pratica-se e se vive. Universidade de Genebra e de Fribourg. 1998.
Tradução de Luciano Lopreto. Disponível em:
http://www.mec.es/cide/rieme/documentos/varios/gather1998.pdf. Acesso em:
6/9/2004.
FACESI EM REVISTA
Ano 1 – Volume 1, N. 2 – 2009 - - ISSN 2177-6636
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Resumo
Introdução
está oculto por que ele não aparece no planejamento do professor (MOREIRA; SILVA,
1997).
Assim, o currículo não é um elemento neutro de transmissão do
conhecimento social. Ele está imbricado em relações de poder e é expressão do equilíbrio
de interesses e forças que atuam no sistema educativo em um dado momento, tendo em seu
conteúdo e formas, a opção historicamente configurada de um determinado meio cultural,
social, político e econômico.
Para compreendermos melhor o currículo no processo educacional, faz-se
necessário contextualizá-lo, tendo como parâmetro o pensamento pedagógico brasileiro.
Desenvolvimento
Com o intuito de melhor elucidar a presente pesquisa, buscou-se
primeiramente o referencial teórico que pudesse subsidiar este estudo. Para tanto, fez-se
um levantamento bibliográfico de alguns teóricos curriculistas, tais como: APPLE (1998),
MOREIRA (1990), MCLAREN (2000), MCNEIL (2001), SILVA (1995) entre outros.
Através do estudo em questão constatou-se que as influências das correntes de pensamento
que orientaram a configuração do ensino e precisamente do currículo teve origem no
começo dos tempos modernos, na Europa. Ou seja, a escola elementar surgiu para atender,
sobretudo, as necessidades da nascente burguesia urbana que se constituía neste momento.
Currículo Acadêmico
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sociais e habilidades que propiciem o controle social. Sendo assim, o currículo tecnológico
tem sua base sólida na tendência tecnicista.
O comportamento e o aprendizado são moldados pelo externo, ou seja, ao
professor, detentor do conhecimento, cabe planejar, programar e controlar o processo
educativo; ao aluno, agente passivo, compete absorver a eficiência técnica, atingindo os
objetivos propostos.
O currículo tecnológico, concebido fundamentalmente no método, tem,
como função, identificar meios eficientes, programas e materiais com a finalidade de
alcançar resultados pré-determinados. É expresso de variadas formas: levantamento de
necessidades, plano escolar sob o enfoque sistêmico, instrução programada, seqüências
instrucionais, ensino prescritivo individualmente e avaliação por desempenho.
O desenvolvimento do sistema ensino-aprendizagem segundo hierarquia
de tarefas constitui o eixo central do planejamento do ensino, proposto em termos de uma
linguagem objetiva, esquematizadora e concisa.
Currículo Reconstrucionista Social
O currículo reconstrucionista tem como concepção teórica e
metodológica a tendência histórico crítica e tem como objetivo principal a transformação
social e a formação crítica do sujeito.
De acordo com McNeil (2001a) o reconstrucionismo social concebe
homem e mundo de forma interativa. A sociedade injusta e alienada pode ser transformada
à medida que o homem inserido em um contexto, social, econômico, cultural, político e
histórico adquire, por meio da reflexão, consciência crítica para assumir-se sujeito de seu
próprio destino.
Nesse prisma, a educação, é um agente social que promove a mudança. A
visão social da educação e currículo consiste em provocar no indivíduo atitudes de reflexão
sobre si e sobre o contexto social em que está inserido. É um processo de promoção que
objetiva a intervenção consciente e libertadora sobre si e a realidade, de modo a alterar a
ordem social.
Na perspectiva de reconstrução social agrupam-se as posições que
consideram o ensino uma atividade crítica, cujo processo de ensino-aprendizagem deva se
constituir em uma prática social com posturas e opções de caráter ético que levem à
emancipação do cidadão e à transformação da realidade.
2644
grupos culturais e sociais (mulheres, negros, índios etc.). Sendo assim, o debate sobre
pluralidade cultural e a relevância de se garantir representação das identidades culturais
nos diversos campos sociais, incluindo o educacional, tem se intensificado.
Bhabha (1998) e McLaren (2000), contribuem ainda, afirmando que a
formação de identidades culturalmente híbridas constitui-se em um caminho fértil para a
educação multicultural crítica. Isto porque, na medida em que o reconhecimento da
pluralidade de camadas que perfazem a construção da identidade é atingido, uma
sensibilização à articulação identidade-alteridade se estabelece, questionando-se, a partir
daí, quaisquer estratégias discursivas que congelem ou silenciem identidades plurais.
Portanto, a formação do professor e a construção do currículo
reconstrucionista, fora da ótica da alteridade e do multiculturalismo, isolados dos avanços
filosóficos científicos e culturais, e descomprometidos com o tecnocentrismo, tornam-sem,
anacrônicos. E este anacronismo não se esgota na palavra, mas antes, na ausência da
compreensão de que o mundo simbólico e tecnologicamente mudou e trouxe para o centro
social, o conhecimento, como fator fundamental das relações sociais entre as sociedades.
Trata-se de um conhecimento novo, amplo, complexo e livre das discriminações da
modernidade, comprometido com a verdadeira emancipação.
Considerações Finais
Ao analisar o contexto histórico do currículo e do pensamento pedagógico
brasileiro pode-se evidenciar que ambos estão permeados de ideologias, valores e
concepções diferenciadas em relação ao processo educacional.
Isto posto, é imprescindível que a escola como um todo perceba as
nuances presentes nas concepções do currículo e do pensamento pedagógico, podendo
desta maneira, ter claro na sua práxis pedagógica qual a tendência e qual o currículo que
almeja no processo de ensino e aprendizagem.
Faz-se necessário ressaltar que o currículo necessita ser percebido como
um território a ser contestado diariamente, pois é através dele que podemos pensar e
legitimar o conhecimento que pretendemos? Para quem? Para quê e como? Tendo como
parâmetro a visão de mundo, de sociedade e de educação que acreditamos.
Para tanto, os curriculistas apontam que o termo currículo é um termo
polissémico, querendo com esse rótulo significar que currículo veicula uma noção sujeita à
ambiguidade e diversidade de sentidos. Como lembra Llavador, (1994, p. 370), “a palavra
2648
currículo engana-nos porque nos faz pensar numa só coisa, quando se trata de muitas
simultaneamente e todas elas inter-relacionadas”. Freqüentemente tal característica híbrida
é expressa pela associação de princípios das teorias críticas, com base neo-marxista e/ou
fenomenológica e interacionista, a princípios de teorias pós-críticas, vinculadas aos
discursos pós-moderno, pós-estrutural e pós-colonial. Autores como Giroux (1999)
rejeitam lançar o pensamento moderno e pós-moderno um contra o outro, tentando
produzir uma convergência desses discursos em direção a um projeto político vinculado à
reconstrução da vida pública democrática.
Em diferentes textos Giroux (1993; 1999), defende as construções
históricas da razão, da autoridade, da verdade, da ética e da identidade, de forma a
questionar perspectivas modernas centradas na compreensão de bases universais para o
pensamento. Sustenta, ainda, que a política cultural é uma política da diferença, na qual a
diferença não é um signo fixo como propõe o estruturalismo – ou alguns estruturalismos –,
mas envolve significados que são produtos de relações de diferença mutáveis e
modificadas no jogo referencial da linguagem. Ainda assim, suas análises permanecem
tributárias a Paulo Freire e à Escola de Frankfurt, especialmente no que concerne à
permanência do foco na emancipação e à perspectiva de tornar possível uma ação política
coletiva.
McLaren (2000), co-autor em muitos textos de Giroux (1993),
igualmente assume filiações pós-estruturalistas, particularmente na análise da diferença e
da linguagem, mas segue procurando pensar sobre a validade de categorias marxistas,
como a totalidade e as relações materiais entre capital e trabalho. Em entrevista a Biesta e
Miedema, McLaren (2000) chega a desenvolver uma diferença entre os pós-modernistas
lúdicos e os pós-modernistas críticos ou de resistência. Os primeiros, segundo o autor,
ocultam as condições materiais associadas às relações entre capital e trabalho e focalizam o
sofrimento humano, sobretudo, como um discurso ou texto a serem desenvolvidos e
desconstruídos. Os segundos, por sua vez, tentam analisar o sujeito como significações
tornadas relativamente fixas em determinações históricas específicas, marcadas por
conflitos de raça, classe e gênero.
McLaren (1997; 2000) igualmente assume filiações pós-estruturalistas,
particularmente na análise da diferença e da linguagem, mas segue procurando pensar
sobre a validade de categorias marxistas, como a totalidade e as relações materiais entre
capital e trabalho. McLaren (2000) chega a desenvolver uma diferença entre os pós-
2649
REFERÊNCIAS
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
DEWEY, John. Reconstrução em filosofia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
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Cortez, 1983.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 27. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 9. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2001.
2650
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. 3. ed. Tradução de Berilo Vargas. Rio de
Janeiro: Record, 2001.
MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu. (Org.). Currículo, cultura e
sociedade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
MCLAREN, Peter. A Vida nas Escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos
fundamentos da educação. Porto Alegre: Artmed, 1997.
______. O currículo humanístico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas:
editora, 2001b.
______. O currículo acadêmico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas:
editora, 2001c.
______. O currículo tecnológico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas:
editora, 2001d.
A DISCIPLINA DA DIDÁTICA
O processo do ensino-aprendizagem avançará a partir da
fundamentação da didática na dialética, sendo que é uma área em
constante mudança e isenta de objetivos que a deixe pronta e
acabada. Considerada a “arte de ensinar”, é imprescindível no
processo pedagógico com tendências distintas na visão do homem e
do mundo, flexibilizando, sempre, o papel do professor, do aluno, as
metodologias, as avaliações e a forma de ensinar. Ela converte
objetivos sócio-políticos e pedagógicos em outros de ensino, métodos
e conteúdos vinculados ao ensino-aprendizagem através das
capacidades mentais dos educandos.
Autoestima
Sem dúvidas, a implementação de um projeto educacional favorece o
aumento da autoestima, o senso de pertencimento e o protagonismo
dos estudantes. Ao se sentirem bem no ambiente de ensino, as
chances de apresentarem mais motivação e engajamento são bem
altas.
conhecimento;
pensamento científico, crítico e criativo;
repertório cultural;
comunicação;
cultura digital;
trabalho e projeto de vida;
argumentação;
autoconhecimento e autocuidado;
empatia e cooperação;
responsabilidade e cidadania.
Porém, este é um assunto que precisa ser levado em conta pois está
diretamente ligado a direitos fundamentais, a começar pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Em seu artigo primeiro, o texto diz o seguinte:
O artigo 26 garante que todo ser humano tem direito à educação. No seu
segundo parágrafo, o texto determina que a educação precisa ser inclusiva e
universal. Veja:
Por muito tempo, o debate sobre inclusão social nas escolas se concentrou
principalmente na educação para crianças, adolescentes e adultos com
deficiência.
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Isso traz consequências diretas para a forma como o aluno perceberá o mundo
a sua volta, e impactará a sua relação com os demais não apenas no ambiente
escolar.
Quanto mais cedo for o contato com a diversidade, mais cedo se iniciará a
formação de cidadãos mais tolerantes em ambientes como o mercado de
trabalho. Por isso, o papel da escola na sociedade é primordial nesse
processo.
Capacitação
É necessário formar, capacitar e atualizar professores para trabalhar com
alunos que possuem necessidades especiais, como professores habilitados em
libras e braille, por exemplo.
Recursos
Promover a inclusão também exige recursos financeiros, sobretudo quando
falamos da educação pública. A inclusão vai além das práticas pedagógicas,
incluindo também a necessidade de adaptar a estrutura da escola para
pessoas com dificuldades de mobilidade.
Barreiras sociais
O processo de ensino-aprendizagem dos alunos envolve a atuação de vários
outros agentes, além de professores, diretores e coordenadores. A educação é
uma construção conjunta que conta com a participação das famílias e da
comunidade em geral. Adotar uma gestão escolar participativa pode ser uma
boa opção para a escola nesse processo.
políticas públicas
gestão escolar
estratégias pedagógicas
famílias
parceiros
A escola pode oferecer treinamento em libras, por exemplo, fazendo com que
as equipes estejam capacitadas a atender e educar pessoas com deficiência
auditiva.
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EDUCAÇÃO EM VALORES: A ESCOLA COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO PARA A
CIDADANIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
1 INTRODUÇÃO
1
2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA
2
conhecimentos, atitudes e valores que o tornem um “homem” solidário,
crítico, ético e participativo. (PPP Colégio Estadual Dom Bosco, 2010, p.62)
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princ ípios
de liberdade e nos ideais de s olidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerc ício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...]
Art. 9º A União incumbir-s e-á de: [...]
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; [...]
Art. 27º. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda,
as seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
Mais uma vez, percebe-se a ênfase na instrução das futuras gerações – ou seja, o
trabalho com a apropriação de saberes das diferentes áreas do conhecimento – e também
no desenvolvimento de atividades que favoreçam o exercício da cidadania.
3
Diante do exposto, constatamos que os objetivos centrais da educação citados por
Araújo (2003) estão presentes em vários documentos relacionados à educação. Contudo, o
que frequentemente ocorre no cotidiano escolar é uma preocupação maior com a instrução.
A formação para o desenvolvimento da cidadania acaba relegada a segundo plano.
Partimos do pressuposto de que os dois objetivos centrais da educação – a instrução
e a formação para a cidadania – são indissociáveis. A partir disso, consideramos que o
papel da escola não implica somente no aprendizado dos conteúdos curriculares, mas
também no desenvolvimento das condições físicas, psíquicas, cognitivas e culturais
imprescindíveis para que crianças e jovens tenham uma vida digna e saudável.
Enfim, consideramos que a discussão acerca dos objetivos da educação é
importante para os profissionais da educação que têm interesse em transformar a escola e a
sociedade de maneira geral. Entendemos que a escola precisa desenvolver práticas que
levem alunos(as) a analisar e atuar criticamente diante da realidade. Por conseguinte, trazer
o trabalho com a formação ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de
incorporar nas práticas pedagógicas cotidianas alguns princípios e valores muito
conhecidos, mas pouco praticados de maneira geral. Contudo, antes de abordarmos quais
medidas concretas poderíamos adotar na escola para incorporar nas práticas pedagógicas
tais princípios e valores, consideramos importante compreender brevemente o que são
valores e suas relações com a educação, como veremos a seguir.
4
Ao abordarmos o tema da educação em valores, no entanto, não fazemos referência
a um possível retorno aos antigos modelos de educação e de valores tradicionais,
“idealizados como eficientes tanto como em relação aos conteúdos enfocados quanto em
relação à transmissão de determinados valores alicerçados nos postulados religiosos.”
(ARAÚJO, 2001, p.9). Essa educação em valores que aqui destacamos – e
consequentemente o processo de formação de cidadãos e cidadãs – solicitam da escola a
formação de sujeitos críticos, conscientes de seus direitos e deveres. Diante disso,
passamos a considerar que à escola cabe uma nova postura, diferente da idealizada nos
modelos tradicionais de educação. Acreditamos que a função da instituição escolar, hoje,
deve contemplar os dois objetivos básicos discutidos anteriormente: a instrução e também a
formação ética. Isso deve ocorrer a partir não somente do trabalho sistematizado com o
conhecimento historicamente construído pela humanidade como também mediante a
formação ética do cidadão e da cidadã. Essa formação ética, por sua vez, visa o
desenvolvimento de condições necessárias para uma vida digna que possibilite a
participação em sociedade de forma crítica e autônoma, como destaca Araújo (2003).
Com base nesses ideais, acreditamos que a escola possa formar sujeitos capazes
de construir relações sociais mais justas e solidárias, contemplando o que chamamos de
educação em valores. Para que isso ocorra, vários autores (ARAÚJO, 2001, 2003;
ARANTES, ARAÚJO e PUIG, 2007; CANDAU, 1995; DALLARI, 1998; FESTER, 1989;
MOSCA e AGUIRRE, 1985; PÁTARO, 2008) apontam o caminho indicado pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que traz consigo uma série de princípios e valores
relacionados à justiça, igualdade, equidade e solidariedade. Tais princípios podem se
revelar como um caminho frutífero para a elaboração de programas educacionais que
objetivem a educação em valores no mundo contemporâneo, já que os artigos da DUDH
estão baseados em contextos e problemáticas reais vividas pela sociedade contemporânea.
Partindo de tais considerações e de nossas vivências frequentes com a indisciplina,
violência e apatia dentro de sala de aula, consideramos que o trabalho com a DUDH pode
subsidiar a prática docente daqueles que lutam contra as desigualdades da sociedade.
Apoiados na ideia de que os objetivos da escola giram em torno da instrução e
também da formação para o exercício da cidadania, entendemos que a escola precisa
desenvolver práticas pedagógicas que levem alunos e alunas a analisar e atuar criticamente
diante da realidade. Por conseguinte, trazer o trabalho com a formação ética para o espaço
escolar significa enfrentar o desafio de incorporar nas práticas pedagógicas cotidianas
5
alguns princípios e valores muito conhecidos, mas pouco praticados de maneira geral. É
nesse ponto que recorremos à Declaração Universal dos Direitos Humanos, como
documento que busca reconhecer a dignidade de direto a todos os seres humanos.
Acreditamos que o trabalho com a DUDH na escola é necessário tanto para difundir tal
documento quanto para implementar, por meio da educação, algumas medidas concretas
que assegurem o reconhecimento dos princípios e valores nele contidos.
Mas, afinal, o que vem a ser educação em valores? O que a escola pode fazer para
intervir na formação dos futuros cidadãos e cidadãs? Como participar desse processo,
normalmente tido como responsabilidade dos pais? Essas e outras preocupações, como
afirma Arantes, devem estar presentes entre os educadores:
6
dentro, mas são o resultado das ações do sujeito no mundo em que vive, e por isso podem
ser exercitadas na escola. Dessa forma, como afirma Araújo:
(...) uma ideia ou uma pessoa t ornar-se-ão um valor para o sujeito se ele
projetar sobre ela sentimentos positivos. Na direção contrária, as pessoas
também projetam sentimentos negativos sobre objetos e/ou pessoas e/ou
relações e/ou sobre si mesmas. (ARA ÚJO, 2007, p. 21)
Puig (ARANTES, 2007, p.110) também pode nos ajudar a entender o que são
valores e sua importância para os processos de formação crítica do sujeito:
Puig segue refletindo sobre como são adquiridos tais hábitos de reflexão e cita um
exemplo que nos é particularmente importante, as práticas socioculturais, categoria em que
estão inseridas as práticas escolares. Diante disso e de tudo o que vimos discutindo no
presente texto acreditamos que a escola é um espaço adequado para a prática de formação
para a cidadania e para a formação em valores das crianças e jovens. Por outro lado,
também nos preocupamos com questões mais práticas relacionadas a como trabalhar com
a educação em valores na escola? Como fazê-lo sem deixar de lado o trabalho com os
conteúdos historicamente construídos pela humanidade? Essas inquietações nos levam a
questionamentos e propostas importantes para nosso trabalho, já que a educação em
valores, comumente associada a práticas exclusivamente familiares, não pode ficar
relacionada a antigos modelos de educação ou de valores tradicionais que enfocam a
transmissão de postulados relacionados exclusivamente a questões religiosas. Para além
dessa maneira de pensar, a educação em valores a qual destacamos no presente texto
relaciona-se ao processo de formação de cidadãos e cidadãs e solicitam da escola a
formação de sujeitos críticos, conscientes de seus direitos e deveres.
7
Para isso, a educação em valores precisa ser encarada como um processo, ou seja,
os valores não nascem com as pessoas – não são predeterminados geneticamente – e nem
são internalizados de fora para dentro do sujeito; não são apenas fruto das pressões do
meio. Assim, caso a escola deseje formar eticamente crianças e jovens, é preciso entender
que uma ideia torna-se um valor para alguém quando se projeta sentimentos positivos sobre
essa ideia. Consequentemente, os sentimentos positivos projetados despertam a disposição
de repetir os comportamentos desejáveis, não como um hábito mecânico, mas como algo
que aprendemos e que, além disso, refletimos e avaliamos segundo as motivações que nos
são apresentadas pelas emoções e razões (ARANTES, 2007).
Acreditamos que é sobre esse processo que a escola pode intervir intencionalmente,
com o objetivo de formar pessoas capazes de almejarem uma vida mais digna para todos os
seres humanos. A partir disso, nosso próximo passo é buscar investigar como formar
sujeitos capazes de se indignarem com as injustiças e atuarem rumo à transformação do
modelo de sociedade em que vivemos? Isso é o que abordaremos a seguir.
8
direitos promulgados pela DUDH. Acreditando na importância desses artigos desejamos
uma educação voltada para a dignidade. Para isso, almejamos a transformação das práticas
escolares, para que permitam o trabalho com os direitos humanos contidos na DUDH.
Contudo, antes de abordarmos a utilização da DUDH em sala de aula, é importante delimitar
mais um princípio que embasa nossa proposta. Tal princípio nos ajudará a entender como
se trabalhar com os conteúdos curriculares e formar eticamente as futuras gerações. É o
conceito de transversalidade, como veremos a seguir.
4 OS PRINCÍPIOS DA TRANSVERSALIDADE
O pressuposto por nós adotado de que à escola cabe o trabalho com a instrução e
formação em valores das futuras gerações nos leva, consequentemente, à proposta de
transversalidade de Montserrat Moreno (1998). Para a autora, os conteúdos curriculares –
representantes da instrução escolar – devem ser meio para atingir a formação em valores
de crianças e jovens e alcançar a melhoria da sociedade e da humanidade. Ao se perguntar
sobre como podemos trabalhar com os conteúdos escolares sem ignorar as problemáticas
mais atuais que visam à formação para a cidadania, a autora propõe:
Uma soluç ão viável para esse conflit o é a integração dos saberes. É preciso
retirar as disciplinas científicas de suas torres de marfim e deixá -las
impregnar-s e de vida cotidiana, sem que isto pressuponha, de forma
alguma, renunciar às elaborações teóricas imprescindíveis para o avanço
da ciência. Se considerarmos que estas duas coisas se contrapõem,
estaremos participando de uma visão limitada, que nos impede contemplar
a realidade de múltiplos pontos de vista. (MORE NO, 1998, p.35)
Assim, vemos que a integração de saberes proposta por Moreno indica uma possível
articulação entre as dimensões do científico e do cotidiano, no sentido de aproximar as
matérias disciplinares aos temas da realidade social vivida por alunos (as). Uma das ideias
centrais dessa integração é a de que, para aprender, é preciso que exista compreensão do
significado do objeto estudado. A articulação entre os temas do cotidiano e os conteúdos
científicos é feita, portanto, para atribuir significado às aprendizagens escolares.
Com a proposta de inserção de temáticas transversais na escola, as duas dimensões
do conhecimento escolar (disciplinar/científico e temas transversais/cotidiano) são
consideradas complementares, pois são trabalhadas de forma entrecruzada e levam em
consideração os dois objetivos da educação: a instrução e a formação. A partir disso, as
9
aprendizagens escolares assumem como ponto de partida tais temas, chamados de
transversais e baseados em contextos reais vividos pela sociedade. É nesse ponto que
acreditamos ser possível lançar mão dos artigos presentes na DUDH, por serem baseados
em contextos reais vividos pela sociedade atualmente.
Em resumo, a proposta de um ensino transversal traz para a sala de aula o trabalho
com temáticas contextualizadas nos interesses e necessidades da maioria das pessoas e
expressas nos artigos da DUDH. São preocupações sociais – que podemos chamar de
saberes não-disciplinares – e que estão intimamente ligadas a questões éticas de melhoria
da sociedade e não a conteúdos de interesse de pequenas parcelas da população.
Quando se propõe o estudo de um tema transversal que está relacionado à realidade
dos estudantes, disciplinas como matemática, língua, história, artes – que continuam
presentes no contexto escolar e são fundamentais ao ensino – podem adquirir maior
significado. Assim, as aprendizagens escolares deixam de acontecer em um contexto
distante e passam a ter relações com o que acontece cotidianamente na vida de alunos e
alunas fora da instituição escolar. Em outras palavras, as disciplinas curriculares passam a
ajudar no estudo de temáticas relacionadas à educação em valores, com ajuda da DUDH.
As disciplinas adquirem sentido quando são estudadas para ajudar a entender as temáticas
transversais retiradas do mundo em que vivem crianças e jovens em idade escolar.
Portanto, o que propomos é uma contextualização dos conhecimentos escolares.
Acreditamos que tal contextualização deve existir como princípio fundamental para o
desenvolvimento integral de alunos e alunas. Nesse sentido, os princípios da
transversalidade abrem as portas para pensarmos nossos alunos e a alunas como pessoas
que interagem com o seu meio social a partir de suas vivências e do conhecimento
adquirido na escola, contribuindo para a construção e desenvolvimento da sociedade.
Acreditamos que essa é uma das maneiras de contemplar o que consideramos os
dois objetivos da educação: a instrução e a formação ética. A seguir, apresentaremos uma
proposta possível de trabalho a partir dos princípios de transversalidade que destacamos, é
o trabalho com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em sala de aula.
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trabalho com tais princípios no cotidiano escolar pode ajudar a pensar na importância de
garantir a dignidade da pessoa humana frente a situações do cotidiano que ferem tais
princípios. Essa seria uma maneira de formar sujeitos éticos capazes de se indignarem com
as desigualdades e injustiças que presenciamos cotidianamente em nossa sociedade.
Em nossa forma de ver, abordar na escola as questões referentes aos diretos
humanos é uma alternativa possível para o trabalho com a formação em valores na medida
em que a prática educativa do pedagogo volta-se para a necessidade de respeito à
dignidade humana. Essa é uma possibilidade de concretizar a preocupação com a função
da escola na sociedade contemporânea, diante do potencial da DUDH para a discussão
acerca de questões polêmicas e dilemáticas relativas a direitos e deveres do ser humano.
Como colocado anteriormente, se o papel da escola não é só propiciar o
conhecimento intelectual que faz parte de sua grade curricular e se a intenção é construir
uma sociedade mais justa, deve-se preparar o(a) estudante para tal tarefa. Assim,
acreditamos que se queremos que alunos(as) passem a agir como verdadeiros
cidadãos(ãs), é necessário fazer com que a cidadania e os direitos humanos sejam
vivenciados no cotidiano escolar.
Diante de tal proposta, o trabalho com os artigos da DUDH em sala de aula é
essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da
promoção e vivência dos valores da liberdade, da cooperação, da tolerância e da paz. A
vivência de tais valores acontece mediante o uso de metodologias diversificadas, que
ajudem a levar alunos e alunas a se depararem com as problemáticas vividas por eles
mesmos no cotidiano. É neste aspecto que consideramos importante buscar apoio nos
princípios da DUDH, que trazem questões e preocupações atuais e que podem ser
estudadas de forma transversal, ou seja, junto aos conteúdos curriculares.
O que sugerimos é, portanto, um novo olhar sobre o papel da escola. A formação
ética é considerada um dos grandes desafios da escola contemporânea. Educar não é
apenas instruir, mas oferecer experiências significativas que preparem crianças e jovens
para a vida em sociedade. Diante disso, o espaço escolar não pode apenas preocupar-se
com a formação intelectual do educando, mas também com a sua formação enquanto ser
humano autônomo e participante da vida pública da sociedade.
Dessa forma, configura-se uma proposta possível de concretização da formação
ética que pode ajudar a proporcionar às futuras gerações as condições para o
desenvolvimento da autonomia – entendida aqui como capacidade de posicionar-se diante
11
da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios e participação de ações coletivas.
Assim, o desenvolvimento da autonomia e formação do cidadão e da cidadã tornam-se
objetivos comuns a todas as áreas do conhecimento trabalhadas na escola e, para alcançar
tais objetivos, é preciso que elas se articulem transversalmente.
A seguir, apresentamos um exemplo de trabalho com a DUDH em sala de aula.
O Office-boy Gilberto Aparecido Ribeiro, 22, sorriu quando ouviu a pergunta se já havia sido
vítima de preconceito racial alguma vez na vida. "Na vida? Esse negócio acont ece todo dia,
várias vezes por dia, cara." Sem ter que parar para pensar; Ribeiro listou rapidamente as
diversas situações de discriminação que vieram à memória. "No banco, na m inha rua, em
qualquer loja que eu ent re, na fila do ônibus, a caminho do trabalho. Tá bom, já?"
Nunc a pensou em ir à polícia para prestar queixa. "Para quê? Muitas vezes são os homens
(policiais militares) que te tratam mal só porque você é preto."
Uma das vezes foi em um ponto de ônibus, A fila, diz Ribeiro, era grande. Mas o policial que
parou o carro de polícia do outro lado da rua veio em sua direção.
"Ele me tirou da fila e passou a maior revista, na frente de todo mundo. E u não tinha feito
nada de errado, mas ele me humilhou grandão, mesmo assim", disse. [...]
Nem em seu local mais frequente de trabalho, o banco, Ribeiro está livre do preconceito, diz.
A armadilha, agora, está nas portas giratórias instaladas na entrada das agências. "Já
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aconteceu um montão de vezes. Todo mundo vai entrando, vai entrando, chega na sua vez,
trava. Aí é aquele negócio de tirar tudo do bolso. 'Não tem mais uma moeda? Uma chave? E
todo mundo at rás, achando que você vai tirar é um trabucão do bolso. Só falta pedir para
você tirar a roupa."
Com o texto selecionado em mãos, ou a partir dos relatos feitos, convidar os alunos e as
alunas para que pensem e reflitam livremente sobre a temática abordada, Para motivar a
reflexão, pode-se apresentar algumas perguntas, tais como: O que acham da situação?
Alguém já ex perienciou situações semelhantes? Como avaliam situações como essas?
Após, aproximadamente, 15 minutos de discussão, solicitar que cada aluno/a redija uma
dissertação curta, de cerc a de 10 linhas, expondo sua opinião sobre a discriminação relatada
no texto e/ou relatos, tendo como objetivo a clarificação de seus próprios pensamentos.
Em seguida, formar um c írculo na sala de aula para a realiz ação de uma plenária pelo grupo-
classe. Apresentar na lousa o artigo I da DUDH e pedir ao grupo que estabeleça relações
entre o artigo e a discussão anterior. Durante o debate, levar os/as estudantes a relacionarem
o tema da discussão com o seu cotidiano, para que compreendam o significado que a
igualdade de direitos deve ter para a vida deles e das demais pessoas.
Antes de concluir esta primeira aula, pode-s e dividir a turma em pequenos grupos, que se
encarregarão de traz er para a aula seguinte mat eriais jornalísticos que retratem, por exemplo,
situações de discriminação de que det erminad as pessoas e/ou grupos minoritários foram
vítimas, no Brasil ou no mundo. Uma possibilidade é solicitar que alguns dos grupos tragam
materiais jornalísticos em que o direito de igualdade entre os seres humanos é defendido na
mídia, ou que caracterizem o espírito de fraternidade que deve guiar as condutas humanas.
Na segunda aula, além da apres entação do material t razido pelos grupos, é importante
garantir uma discussão centrada nos três princípios presentes no artigo I da DUDH: liberdade,
igualdade e fraternidade. Uma ideia interessante para enriquecer o debate é convidar uma
pessoa pertencente a grupos minoritários que sofrem constantes discriminações para relatar
a realidade que impera no cotidiano da sociedade.
A proposta configura-se como o início de uma atividade que deve continuar a ser
desenvolvida. Percebemos que possibilita tanto o trabalho com questões éticas relacionadas
ao preconceito racial no Brasil, quanto um trabalho com os conteúdos curriculares
relacionados à Língua Portuguesa, na medida em que possibilita a escrita e correção de
pequenos textos, além do trabalho com textos jornalísticos Assim são contemplados, de
forma transversal, os dois objetivos da educação. Se continuarmos a analisar as
potencialidades da proposta, veremos que é possível trabalhar ainda com o conteúdo de
matemática a partir de dados estatísticos oriundos de pesquisas realizadas por alunos(as)
ou também história, ao abordar questões relacionadas à formação do povo brasileiro.
Enfim, assim como a proposta apresentada anteriormente, inúmeras outras aulas
podem ser elaboradas a partir dos artigos presentes na DUDH, dada a riqueza de temas de
relevância social contidos nesse documento. Vale à pena destacar, mais uma vez, que a
proposta visa à formação de sujeitos aptos a perceberem as injustiças sociais e utilizarem
os conhecimentos tradicionalmente trabalhados na escola para buscarem um entendimento
de questões mais amplas, formando-se assim cidadãos e cidadãs capazes de transformar a
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realidade e lutar pela construção de um modelo de sociedade baseado em princípios de
justiça, igualdade, equidade e solidariedade.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação ética de crianças e jovens pode ser promovida pela escola através da
vivência de valores como a liberdade, a cooperação, a tolerância, o que pode acontecer
mediante o uso dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em sala de aula.
Além do uso de metodologias diversificadas – que levem estudantes a se depararem
com as problemáticas vividas por eles mesmos em seu cotidiano – o que sugerimos é um
novo olhar sobre o papel da escola. A formação ética para a cidadania é um dos desafios da
escola contemporânea, visto que educar não é apenas instruir, mas também oferecer
experiências significativas que preparem crianças e jovens para a vida em sociedade.
Diante disso, a escola precisa se preocupar com a instrução intelectual do educando
e também com a sua formação enquanto ser humano autônomo e participante da vida
pública da sociedade. Acreditamos que, ao mesmo tempo em que instrui, é papel da escola
desenvolver uma formação ética que proporcione às futuras gerações as condições para o
desenvolvimento da autonomia, entendida aqui como capacidade de posicionar-se diante da
realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios e participação de ações coletivas.
Para que esse ideal de escola seja possível, lançamos mão dos princípios da
transversalidade, que nos permitem encarar os dois objetivos da escola ao mesmo tempo.
Se à escola cabe o trabalho com os conhecimentos historicamente construídos pela
humanidade (a instrução) e também o trabalho com a formação ética das futuras gerações,
não podemos deixar de lado nenhum desses dois objetivos. Assim, trabalhando
transversalmente com assuntos escolhidos por sua relevância social (momento em que a
DUDH tem participação essencial), podemos realizar esses dois objetivos: instruir e formar
crianças e jovens, que tornam-se conhecedores da herança cultural presente nos
conhecimentos científicos e também cidadãos e cidadãs aptos a exercerem sua cidadania e
desejosos de uma sociedade mais justa e igualitária.
Assim, a partir do que apresentamos, o desenvolvimento da autonomia e formação
do(a) cidadão(ã) torna-se o objetivo comum a todas as áreas do conhecimento trabalhadas
na escola, e para alcançar tal objetivo é preciso que essas diferentes áreas se articulem
transversalmente, em prol da formação para a cidadania.
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Enfim, esperamos que tais ideias frutifiquem em práticas pedagógicas que busquem
a formação de cidadãos(ãs) que valorizem o diálogo, a justiça, o respeito mútuo, a
solidariedade, a tolerância, e lutem por uma vida digna para todos os seres humanos.
REFERÊNCIAS
ARANTES, Valéria A. (org); ARAÚJO, Ulisses Ferreira; PUIG, Josep Maria. Educação e
valores: Pontos e Contrapontos. São Paulo: Summus, 2007.
ARAÚJO, Ulisses Ferreira & AQUINO, Julio Groppa. Os Direitos Humanos na sala de
Aula: a ética como Tema Transversal. São Paulo: Ed. Moderna, 2001.
PIAGET, Jean. Os procedimentos da educação moral. In MACEDO, Lino de. Cinco estudos
de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
PUIG, Josep Maria. Ética e valores: métodos para um ensino transversal. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1998.
15
ISBN 978-65-86901-58-0
OS OBJETIVOS, CONTEÚDOS E
MÉTODOS DE ENSINO BRASILEIRO
RESUMO
A Didática, como principal área de estudo da Pedagogia caracteriza-se como a
ciência do ensino que faz parte de um conjunto de saberes pedagógicos que é
responsável pela investigação dos fundamentos e das formas de realizar o ensino.
Sabendo da importância da Didática para a educação, justifica-se a escrita cole-
tiva deste artigo pela necessidade de se compreender os elementos essenciais
que compõem o processo didático. Portanto, o presente trabalho é resultado de
uma pesquisa de campo realizada na disciplina de Didática Geral, ofertada pelo
curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM)
UECE, localizada no município de Limoeiro do Norte-CE no qual objetiva apre-
sentar os principais componentes do processo didáticos, sendo eles: conteúdos,
objetivos e métodos no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, realizamos
INTRODUÇÃO
S
endo a formação docente a norteadora de todas as outras profissões
compostas nas diversas sociedades, é preciso analisar a tríade que
fundamenta a figura do professor, sendo ela objetivos, conteúdos
e métodos, tais conceitos são dependentes uns dos outros, ou seja, são
complementares.
Para falar sobre os objetivos, conteúdos e métodos educacionais é
preciso conhecer alguns filósofos que influenciaram nossa educação, a
exemplo de Comenios e Rousseau.
João Amos Comenius, grande educador do século XVII apresenta seus
ideais de uma educação destacando a construção do conhecimento por
meio da experiência vivenciada, com diálogo e respeito pelo processo
de aprendizagem do indivíduo sem condensação. Evidenciando a descen-
tralização do professor como detentor do conhecimento, tornando-o um
facilitador no processo de aquisição do conhecimento. Já o filósofo Jean
Jacques Rousseau, exprime uma proposta de educação baseada na autono-
mia do ser pensante, de maneira respeitosa, acreditando que a educação
não é e não deveria ser guiada pelo divino e sim pela razão.
Diante do exposto, esse artigo objetiva compreender os elementos
que compõem o processo didático, sendo eles: conteúdos, objetivos e
métodos no processo ensino- aprendizagem. Para tanto, realizamos uma
pesquisa de campo no Colégio Clássico Reinações, metodologicamente
recorremos a pesquisa bibliografia consubstanciada em Farias (2014),
Haydt (2011), Libâneo (2013), Piletti (2007), dentre outros. Partimos das
seguintes questões norteadoras: De que forma a escolha dos conteúdos
influencia no processo de construção do conhecimento da criança? Como
são definidos os objetivos de aprendizagem? Qual a importância da relação
entre os conteúdos, objetivos e métodos? Quais os critérios necessários
à aprendizagem conforme a escolha dos conteúdos, objetivos e métodos
de ensino?
METODOLOGIA
REFERENCIAL TEÓRICO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 A teoria piagetiana nos apresenta as fases do desenvolvimento humano voltadas a maturação bioló-
gica do indivíduo. A escola em questão se atenta para esses estágios do desenvolvimento infantil,
que são: o sensório motor, o pré-operatório, o operatório concreto e o operatório formal e assim
determinam os conteúdos que podem sem aplicados segundo a capacidade que aquele aluno tem
de realizar tais atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. São Paulo: Ática,
2011.
METODOLOGIA-DO-ENSINO-diferentes-concep%C3%A7%C3%B5es.pdf
Acesso em: 11 ago. 2021.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23. Ed. São Paulo: Ática, 2007.
1º Nível - PCNs
* Estabelecer meta educacional;
* Ser abertos e flexíveis
* Abordar os conteúdos: Introdução, Língua Portuguesa,
Matemática, Ciências Naturais, História e Geografia, Arte e
Educação Física. Temas Transversais: Ética, Meio
Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual.
* Caracterizar as áreas, objetivos, conteúdos, avaliação e a
orientação didática.
2º Nível – Estados e Municípios
* Poderão ser utilizados como recurso para adaptações ou
elaborações curriculares, de acordo com cada local.
3º Nível – Instituição Escolar
* Contextualizar o Projeto Educativo de acordo com a
identidade da escola.
4º Nível – Sala de Aula
* Realização da programação das atividades de ensino e
aprendizagem, segundo as metas da Instituição.
FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DO PCNs:
Inúmeros são as tendências pedagógicas que são seguidas
nas nossas escolas brasileiras, tanto na pública como na
privada. Na maioria das vezes elas não aparecem pura,
mas mescladas. Podemos identificar a presença de 5
tendências: tradicional, a renovada, a tecnicista, a
libertadora e a crítico-social.
* Pedagogia Tradicional é uma proposta de educação
centrada no professor, cuja função se define como a de
vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria;
* Pedagogia Renovada, o centro da atividade escolar não
é o professor nem os conteúdos disciplinares, mas sim o
aluno como ser ativo e curioso. O mais importante não é o
ensino, mas o processo de aprendizagem.
* Pedagogia Tecnicista valoriza a tecnologia. O professor
passa a ser um mero especialista na aplicação de manuais
e sua criatividade fica limitada. A função do aluno é
responder aos estímulos.
* Pedagogia Libertadora a proposta é pautada em
discussões de temas sociais e políticos. O professor passa a
ser um coordenador de atividades.
* Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos mostra que
o aluno não basta ter conhecimento do conteúdo escolar,
mas também de questões que o faça interpretar suas
experiências de vida e defender seus interesses enquanto
classe social.
A orientação da proposta nos PCNs se situa nos princípios
construtivista, onde o aluno é o autor do próprio
conhecimento com a intervenção do professor.
Fonte: VM Simulados
Nota:
________________
1. Primeiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av.
Bento Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970. E-mail: autor@instituição.br
2. Segundo Autor é Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av.
Bento Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970.
3. Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av. Bento
Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970.
Apoio financeiro: CAPES e CNPq.
pedagógico que são utilizados por eles em sala durante Discussão
a faze de regência, entre eles temos: TV, DVD, som,
Os educadores precisam compreender que o uso do
livros, quadro e piloto. Porém nem sempre é possível
recurso didático só será viável e significativo, em sua
pois a quantidade é limitada para todos da escola. É
interessante destacar que os professores das escolas prática pedagógica quando ele se constituir um elemento
privadas apresentam realidades parecidas com as de apoio na construção do conhecimento. Portanto
escolas publicas, uma vez que são poucos os recursos inovar, criar, experimentar é, pois, desafios importantes
por eles utilizados. Eles argumentam que a estrutura na vida profissional. Portanto, os recursos didáticos criam
física da escola não dá condições para utilizar alguns possibilidades para o professor, evitando que o cotidiano
recursos com freqüência. escolar não seja engolido pela mesmice do dia-a-dia.
Os professores entrevistados são de áreas diversas: Percebe-se, assim, a importância dos recursos didáticos não
língua inglesa, português, matemática, física, ciência, só como inovador, mas como possível de acontecer. Basta
história, geografia e química. No entanto, percebemos que se tenha o olhar sensível do educador, projetando-se
que os professores das ciências humanas utilizavam para um novo jeito de caminhar.
com maior freqüência os recursos que as escolas
disponibilizavam, diferente das ciências exatas que Agradecimentos
utilizam apenas quadro, livro e piloto. Aos professores que colaboraram com a pesquisa, nos
Sendo assim fica claro que os recursos didáticos ajudando a investigar questões que norteiam o campo
ainda não são utilizados com freqüência nas aulas e educacional.
que os professores preferem se deter ao livro didático
apenas. De acordo com esses resultados podemos
Referências
afirmar que as disciplinas, principalmente das ciências
exatas continuam a se apresentar de forma pouco
[1] BIZZO, N. Ciência: Fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002
interessante nas salas de aulas, onde se faz necessário
uma abordagem significativa dos conteúdos repassados [2] CACHAPUZ. A. Ciência, educação em ciências e ensino das ciências.
levando em consideração aquilo que o aluno já sabe, Ministério da educação. Lisboa, 2002.
baseando-se na idéia de que, para que ocorra
aprendizagem, é necessário parti daquilo que o aluno já [3] CRUZ NETO, O. O trabalho de campo como descoberta e criação.In:
MINAYO, M.C.S (Org.). Pesquisa Social: teoria método e criatividade.
sabe. Ele preconiza que os professores devem criar Petrópolis: vozes, 1994.
situações didáticas com a finalidade de descobrir os
conhecimentos já ancorados, chamados de [4] TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade
conhecimentos prévios. e cidadania na sociedade moderna. São Paulo. Ática, 1998.
.
Tipos e Níveis de Planejamento
Professora Sigridi Alves
Projeto Político-Pedagógico
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
em 1996, toda escola precisa ter um Projeto Político-Pedagógico, o PPP. Esse
documento deve explicitar as características que gestores, professores, funcionários,
pais e alunos pretendem construir na unidade e qual a formação querem para quem ali
estuda. Elaborar um plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar
como transformar sua realidade cotidiana em algo melhor. Se for bem planejado, o
documento pode gerar mudanças no modo de agir de todos os atores envolvidos no
processo educacional e na comunidade. Quando todos enxergam de forma clara qual é o
foco de trabalho da instituição e participam do processo de construção do PPP, o
resultado é uma verdadeira parceria que contribuirá, positivamente, em todo o processo
ensino-aprendizagem.
O processo de elaboração e implantação do projeto político-pedagógico é
complexo e alguns aspectos básicos devem estar presentes na elaboração do mesmo.
Antes de mais nada, é preciso que todos conheçam bem a realidade da comunidade em
que se inserem para, em seguida, estabelecer o plano de intenções - um pano de fundo
para o desenvolvimento da proposta. Na prática, a comunidade escolar deve começar
respondendo à seguinte questão: por que e para que existe esse espaço educativo? Uma
vez que isso esteja claro para todos, é preciso olhar para os outros três braços do projeto.
São eles:
A gestão administrativa - Que tem como função principal viabilizar o que for
necessário para que os demais pontos funcionem dentro da construção da "escola
que se quer".
Assim, é importante que o projeto preveja aspectos relativos aos valores que se
deseja instituir na escola, ao currículo e à organização, relacionando o que se propõe na
teoria com a forma de fazê-lo na prática - sem esquecer, é claro, de prever os prazos
para tal. Além disso, um mecanismo de avaliação de processos tem de ser criado,
revendo as estratégias estabelecidas para uma eventual re-elaboração de metas e ideais.
Indo além, o projeto tem como desafio transformar o papel da escola na comunidade.
Em vez de só atender às demandas da população - sejam elas atitudinais ou conteudistas
- e aos preceitos e às metas de aprendizagem colocados pelo governo, ela passa a sugerir
aos alunos uma maneira de "ler" o mundo.
A elaboração do projeto pedagógico deve ser pautada em estratégias que deem voz
a todos os atores da comunidade escolar: funcionários, pais, professores e alunos. Essa
mobilização é tarefa, por excelência, do diretor. Mas não existe uma única forma de
orientar esse processo. Ele pode se dar no âmbito do Conselho Escolar, em que os
diferentes segmentos da comunidade estão representados, e também pode ser conduzido
de outras maneiras - como a participação individual, grupal ou plenária. A finalização
do documento também pode ocorrer de forma democrática - mas é fundamental que um
grupo especialista nas questões pedagógicas se responsabilize pela redação final para
oferecer um padrão de qualidade às propostas. É importante garantir que o projeto tenha
objetivos pontuais e estabeleça metas permanentes para médio e longo prazos.
Importante: O PPP não deve ser confundido com o Planejamento Escolar. Embora
os dois contenham características semelhantes, há diferença na duração: o
Planejamento Escolar é um plano de ações a curto prazo (para o ano letivo),
enquanto que o PPP estabelece metas para um período de 3 a 5 anos.
Avaliação
Observar, anotar, replanejar, envolver todos os alunos nas atividades de classe, fazer
uma avaliação precisa e abrangente. E agora, o que fazer com os resultados? Segundo os
especialistas, a avaliação interessa a quatro públicos:
ao aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de aprendizagem
para se empenhar na superação das necessidades;
aos pais, corresponsáveis pela Educação dos filhos e por parte significativa dos
estímulos que eles recebem;
ao professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática de sala de
aula;
à equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso escolar
de todos os estudantes.
Cipriano Luckesi diz que, "enquanto é avaliado, o educando expõe sua capacidade de
raciocinar". Essa é a razão pela qual todas as atividades avaliadas devem ser devolvidas
aos autores com os respectivos comentários. Cuidado, porém, com o uso da caneta
vermelha. Especialistas argumentam que ela pode constranger a garotada. Da mesma
forma, encher o trabalho de anotações pode significar desrespeito. Tente ser discreto.
Faça as considerações à parte ou use lápis, ok?