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O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 07

CAPITULO I
1. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 09

1.1. Sistema de numeração decimal ....................................................................................... 09

1.2. Operações com números naturais ................................................................................... 10

1.3. O mundo e a matemática ................................................................................................. 12


1.4. A construção do conhecimento ....................................................................................... 14

1.5. Construindo conceitos matemáticos ................................................................................. 15


1.6. Para que serve a matemática? .......................................................................................... 17

1.7. O professor de matemática .............................................................................................. 19


1.8. Como estudar matemática ............................................................................................... 25
1.9. A matemática e a formação da criança ............................................................................ 27

CAPITULO II
2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 31

CAPITULO III
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 33

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................43

ANEXOS ................................................................................................................................ 45
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RESUMO

Neste trabalho, discorremos sobre o ensino aprendizagem da matemática e propomos levantar


questões sobre o ensino nas primeiras séries do ensino fundamental, ou seja, de 1ª a 4ª séries.
Tratamos de elaborar um estudo sobre a presença da preocupação dos alunos com os
resultados negativos que o ensino da matemática vem apresentando nos dias atuais. Ao longo
do processo ensino-aprendizagem, percebemos a decadência da aprendizagem da disciplina
por parte dos alunos. Cresce também o medo e a antipatia do aluno com relação à disciplina.
Na realidade, em sua origem, a matemática constitui-se a partir de uma coleção de regras
isoladas decorrentes das experiências diretamente conectadas com a vida diária. A matemática
é a ciência da quantidade e do espaço, uma vez que se originam da necessidade de contar,
calcular, medir, organizar o espaço e as formas. Perante a importância desta matéria, é
necessário ensinar matemática à criança de forma que ela possa desenvolver o raciocínio,
além de outras capacidades, como análise e síntese, comparação, coordenação, abstração, etc.,
e outras capacidades que favorecem ao homem, o acesso ao conhecimento. Com este fim,
ressalta-se que os primeiros contatos da criança com a matemática são decisivos. Daí, a
necessidade de um estudo abrangente sem frustrar as expectativas da criança iniciante do
ensino fundamental.
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INTRODUÇÃO

Este estudo desempenha um trabalho de investimento teórico e prático, no decorrer


dos meses de abril de 2005. Justificamos esta abordagem, por saber que o ensino da
matemática costuma provocar sensações de medo nas crianças. De um lado, a construção de
que se trata de uma área de conhecimento importante, de outro, a insatisfação diante dos
resultados negativos obtidos com muita freqüência em relação à sua aprendizagem.
Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizamos dois procedimentos basilares: uma
pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada no
Colégio Municipal D. Pedro I em Guaraciaba do Norte-CE. Esta possibilitou conhecer sobre
conceitos matemáticos de professores e alunos das 4ª séries A, B e C.
Os números, surgidos na antiguidade, por necessidades da vida cotidiana, converteu-se
em um imenso sistema de variedades e extensas disciplinas. Como as demais ciências,
refletem as leis sociais e serve de poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e
domínio da natureza. O assunto discorre sobre matemática como componente importante na
construção da cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza cada vez mais de
conhecimentos científicos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar.
Por isso, nada deve atrapalhar as primeiras experiências da criança: nem o abuso da
linguagem matemática, que ainda não domina, nem formalizações desnecessárias. Percebe-se
que ao longo das séries iniciais, do ensino fundamental, a criança vai criando dentro de si, o
medo da matemática, passando a detestá-la. Isso acontece desde o momento que ela deixa de
entender a linguagem matemática, as formas e as resoluções dos problemas que ela existe.
No contexto desta pesquisa, ressalta-se o conhecimento matemático que deve ser
apresentado aos alunos como historicamente construído e em permanente evolução. O
contexto histórico, possibilita ver a matemática em sua prática filosófica, cientifica e social e
contribui para compreensão do lugar que ela tem no mundo. O ensino de matemática deve ser
pensado numa perspectiva mais ampla. Na situação de ensino-aprendizagem, é preciso que se
leve em conta e se valorize os conhecimentos prévios das crianças sobre determinado
conteúdo a ser trabalhado. Por essa razão interrogamos: como ensinar com prazer para que as
crianças aprendam matemática com facilidade? Sabemos, entretanto, que é importante que a
matemática seja repassada a criança, com segurança e desempenhe, equilibrada e
indissociavelmente, seu papel na formação de capacidade intelectual, na estruturação do
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pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas,


situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de
conhecimentos em outras áreas curriculares.
Portanto, os objetivos direcionam-se para conhecer a matemática e encontrar fórmulas
e métodos de ensino para que o aluno goste e aprenda a lidar com os números com segurança
e compreensão. Aborda-se a matemática como parte da vida humana, quando ela tem sido
desenvolvida para dar respostas às necessidades e preocupações do homem das diferentes
culturas, considerando-se a sua importância ao incorporar nos recursos das tecnologias e da
informática.
A convivência diária com números, operações, formas e medidas fazem com que as
crianças cheguem à escola com conhecimentos construídos em outros ambientes que não o da
sala de aula. É fundamental, portanto, que o professor "fique de olho" naquilo que seus alunos
sabem e se apóie nesses conhecimentos, pois será mais fácil para eles estabelecerem relações
entre o que já sabem e os conteúdos que serão construídos. Dividido em itens a monografia
mostra que a matemática torna-se um indispensável instrumento para o desenvolvimento do
raciocínio lógico. Daí ser necessário, uma reflexão sobre os objetivos e as finalidades do
ensino dessa disciplina. Traçamos as conclusões, evidenciando que é certo que a matemática
escolar deve tornar-se competente, tanto para oferecer aos alunos aquisições capazes de fazê-
los aptos ao exercício pleno das atividades mais simples do cotidiano, quanto para o
desvendar do mundo do trabalho.

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CAPITULO I

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. Sistema de numeração decimal

A matemática vista como uma maneira de pensar, como um processo em permanente


evolução (não sendo algo pronto e acabado) permite, dinamicamente, por parte do aluno, a
construção e a apropriação do conhecimento. Permite também vê-la no contexto histórico e
sociocultural em que ela foi desenvolvida e continua se desenvolvendo.
As maneiras e códigos que já foram usados pelo homem para contar e realizar
operações, desde o homem bem primitivo até hoje, constituem um grande capítulo da história
da matemática. Os dedos foram referências por muito tempo, pedras agrupadas ou
empilhadas, ábacos menos e mais sofisticados e já chegamos às calculadoras.
Os códigos, até chegaram a ser os algarismos com que lidamos hoje, tiveram muitas
outras aparências. É claro, que tudo isto, ocorre, respeitando a progressão da aprendizagem,
assim, o ensino deve ser aplicado na ordem dada a cada assunto particular de matemática, da
mais simples para a mais complexa, pois, a não existência desta hierarquia acarretará os mais
sérios erros de ensino.

Ex.

V 5

Isso não significa que as crianças não passem, em algum momento, a adotar os sinais
convencionais, "Os algarismos", para representar quantidades. Mas, devem antes usar e
abusar de sua criatividade quando forem fazer seus registros, até para poderem entender as
razões de adotarmos os sinais e regras universais. BRASIL (1979, p.15,18), ressalva:
5

A matemática é, acima de tudo, um dispositivo que se fixa na


intuição e no espírito inventivo, para em seguida, empregar as
estruturas axiomáticas, onde é requerida uma evolução
estruturada da mente, adequada e correspondente ao nível de
reflexão de cada aluno. Desta forma, não haverá domínio da
mesma, sem que haja este desenvolvimento.

Antes de usarem os algarismos para comporem numerais e representarem suas


quantidades, as crianças devem criar formas próprias e variadas de registrar o que contam ou
quantificam. É importante lembrarmos que um símbolo e o que está sendo significado por ele
são diferentes um do outro. O símbolo é de natureza convencional. Nada impede que, no seu
lugar, esteja qualquer outro, inclusive os que forem criação de nossos alunos. É possível
representar as quantidades por diversos símbolos.
Trabalhando bem o potencial de nossos alunos, com certeza dará a eles a oportunidade
de construir seus conhecimentos e assim aprender a lidar com a matemática com mais
segurança. Passa a acreditar em si próprio. Desta maneira, o professor compromissado
aplicará uma boa forma de ensino-aprendizagem que ocorre sob determinadas condições e
que podem ser alteradas e controladas, havendo, assim, uma enorme responsabilidade por
parte do educador porque em suas mãos está não só o aprendiz no presente mas o seu destino.

1.2 As Operações com números naturais

Para o desenvolvimento do ensino da matemática é elaborado um programa de ensino.


Este não pode ser um conjunto aleatório de tópicos, precisa ser estruturado, não só quanto à
ordenação de tópicos, ou seja, uma seqüência de acordo com as características próprias de
cada idade, mas também que haja uma integração entre eles, pois só assim haverá
continuidade e unidade entre as séries.
No período das quatro séries iniciais do ensino fundamental, deve ser bem trabalhado
as quatro operações. Elas são fundamentais na vida cotidiana. Os alunos sabendo
operacionalizar todas elas, certamente terão facilidade de lidar com os demais conteúdos que
serão expostos a eles.
Diz Duarte (1986), que o cálculo no ábaco, como uma das etapas mais importantes no
processo histórico que gerou o cálculo escrito, pode ser uma etapa igualmente importante no
processo ensino-aprendizagem.
Além dessa importância para o cálculo, existe a importância para o raciocínio.
Vejamos como Piaget (1975, p.247), descreve a ausência desse tipo de raciocínio:
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Pensar de maneira irreversível, é não saber passar de uma


destas operações para a outra, é, portanto, em poucas palavras,
não saber manejar as operações como tais: é substituir um
mecanismo operatório móvel e de direção dupla pelas
percepções estáticas e sucessivas de estados que é possível
sincronizar e, consequentemente, conciliar.

Normalmente, a adição, a multiplicação e a potência são chamadas operações diretas,


enquanto que a subtração, e a divisão e a radiciação são chamadas operações inversas. Neste,
utiliza-se o termo operações inversas para designar a relação entre adição e subtração, na
medida em que uma é inversa a outra, isto é, a subtração é inversa à adição e esta é inversa
àquela. A relação entre a adição e a subtração, enquanto operações inversas entre si, são de
fundamental importância para o processo ensino-aprendizagem dessas operações.
A adição está às ações de juntar ou reunir e acrescentar, que já estão na própria noção
de número e construção do sistema de numeração. E a subtração? Como operação inversa da
adição ela está associada à ação de perder ou retirar ou diminuir. Mas não é só isso. Existem
outras duas ações que também devem ser associadas à subtração. São elas: comparar e
completar.
Explica os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais – 1997, p.104), que:

A justificativa para o trabalho conjunto dos problemas


aditivos a subtrativos baseia-se no fato de que eles compõem
uma mesma família, ou seja, há conexões entre situações
aditivas e subtrativas.

A adição e subtração são operações que fazem parte da vida dos alunos desde muito
cedo. Há muitas situações importantes para o desenvolvimento intelectual, bem como
experiências envolvendo materiais concretos em que o aluno tenha condições de vivenciar as
idéias de juntar, acrescentar, retirar, completar e comparar.
É preciso que o professor saiba aproveitar todos os momentos do cotidiano em que as
operações estão presentes, tais como: contagem de folhas, materiais, classes, cadeiras, alunos.
Sobraram? Faltaram? Quantos? A solução de pequenos problemas diários devem fazer parte
do planejamento do professor.
Há varias formas de se trabalhar em sala de aula com uso de material didático.
Exemplos: fichas de cartolina, dado, dominó, etc.
Quando trabalhamos a adição dizemos referências à mesma como uma operação
fundamental do qual as demais iriam derivar-se. Pois bem, teremos agora a oportunidade de
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experimentar, como a multiplicação e a divisão, descobertas que guardam forte semelhança


com a adição. Mas, sobretudo, iremos ver ainda, as diferenças ou falsas semelhanças com
aquela operação.
Antes de multiplicar ou dividir formalmente um número por outro, é necessário que a
criança tenha explorado várias situações nas quais ela tenha tido que multiplicar e dividir
brinquedos, material escolar e o próprio lanche de forma empírica.
Quanto a adição e a subtração diz os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais –
op.cit. 109), explicita:

Assim como no caso da adição e da subtração, destaca-se a


importância de um trabalho conjunto de problemas que
explorem a multiplicação e a divisão, uma vez que há estreitas
conexões entre as situações que os envolvem e a necessidade
de trabalhar essas operações com base em um campo mais
amplo de significados do que tem sido usualmente realizado.

Recomendamos, desta forma que a organização do estudo do cálculo privilegie um


trabalho que explore concomitantemente procedimentos de cálculo mental e cálculo escrito,
exato e aproximado, de tal forma, que o aluno possa perceber gradativamente as relações
existentes entre eles e com isso aperfeiçoar seus procedimentos pessoais, para torná-los cada
vez mais práticos, aproximando-os das técnicas usuais.

1.3. O Mundo e a matemática

Os matemáticos pitagóricos afirmavam que todas as coisas têm um número e, sem ele,
nada se pode compreender. Este pensamento foi profético, o número está presente em quase
todas as ciências, e mesmo nas artes, os meios de comunicações, etc. Não se pode conceber o
mundo sem matemática.
É o que costuma dizer aos seus alunos o professor Paulo Rubens Ferreira, (Revista
Nova Escola – 1990), do Colégio Dimensão, em São Paulo, que promoveu a II Exposição
Matemática em 1990, afirma que “A matemática pode nos ajudar a organizar o pensamento,
contribuindo para desenvolver em cada um de nós a capacidade de pensar de modo abstrato e
elaborar argumentos lógicos.”
O professor Ferreira (op.cit.), parte do ponto de vista de que o aluno constrói os
conceitos através de experiência e diz:
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Desta forma, é necessário a dedicação de boa parte do tempo


para observações, manipulações de materiais e discussões que
antecedam a realização de atividades propriamente
matemáticas.

Desde que já dominam a tabuada, os alunos de 4ª série podem utilizar protetores de pé


de cadeira ou tampinhas de garrafa, por exemplo, para construir um jogo que facilita a
memorização das quatro operações básicas.
“Aprender Matemática é fácil, mas o melhor é que as crianças aprendam a gostar de
matemática”. Comenta Ferreira (op. cit.).
Confissões de ódio como essa: “eu detesto matemática” são muito comuns em
qualquer escola brasileira. Para milhões e milhões de crianças e jovens, estudar tem
significado um verdadeiro pesadelo. Em vários pontos de vista dos pais, porém, surgem
experiências demonstrando que é possível ensinar a disciplina de uma maneira mais
agradável, sem provocar traumas nos alunos.
A escola deve estimular todas as inteligência. “Se todo o aspecto é estimulado, a
criança se desenvolve mais harmonicamente”, explicar um texto da Revista Nova Escola –
(Março – 1997, p.12): “Isso previne as chamadas ‘obstruções da rota’ de certas inteligências”.
(Ibid). Embora ninguém vá se tornar especialista em tudo, podem-se evitar bloqueios de
capacidades.
No texto (ibid.) a idéia vigente na maioria das escolas, ainda é a de que a inteligência é
uma só e apenas varia em quantidade de uma pessoa para outra. Por isso, o ensino visa ao
aluno de “inteligência média” e supervaloriza o “muito inteligente”, segundo a capacidade
lógica – matemática e lingüística. Assim, as demais competências são ignoradas ou
estimuladas secundariamente.
Curiosamente, embora a competência lógico matemático seja tão valorizada, o ensino
da matemática costuma ser problemático.

Acredita-se que o aprendizado matemático decorra


basicamente de explicações claras do professor. Mas a clareza
não é imediata para o aluno sem o exercício sistemático do
pensar. (Revista Nova Escola – Ibid.)

A proposta, então, é oferecer aos estudantes condições de usarem suas habilidades


específicas para chegar ao pensamento matemático. “A matemática envolve muitas relações.
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Diversificando as atividades para integrar as inteligências, você dá chance ao aluno de olhar


várias vezes a mesma idéia”. (Revista Nova escola – Ibid)
Um dos grandes objetivos do professor nas séries inicias do Ensino Fundamental é que
seus alunos sejam capazes de efetuar as quatro operações antes de passar o aluno para o
professor da próxima série.
Talvez por esse motivo, acabam introduzindo técnicas operatórias, sem explorar as
idéias associadas a cada umas das operações, fornecendo listas dos fatos fundamentais
(tabuadas) para as crianças memorizarem, sem que tenham trabalhado. É claro, que nada pode
ser feito se não houver uma preparação, ou seja, um plano para fazê-lo. Daí, a necessidade do
professor se preparar para ensinar, o que é de grande relevância, como também se conta com
o desejo do aluno aprender.

1.4. A construção do conhecimento

É importante oportunizar aos alunos, condições para se engajarem ao raciocínio que


envolve o número. Para que isto aconteça é preciso que o professor crie um clima onde os
alunos manifestem interesse em resolver os desafios propostos.
Sugerimos colocar à disposição dos alunos, materiais concretos (estruturados ou não)
para interagirem e resolverem juntos os problemas apresentados. Construir é o termo
adequado para o trabalho com a idéia de quantidade. Portanto, necessitamos construir o
conceito de número. O conceito de número baseia-se na formação e sistematização das
operações mentais de classificação, seriação e inclusão.
Lembramos que classificar é agrupar elementos de acordo com um critério
previamente escolhido, formando classes, enquanto que seriar é dispor os componentes em
uma sucessão lógica, obedecendo a uma regra. Para quantificar os objetos como grupo, a
criança tem que colocá-los em uma inclusão hierárquica. Esta relação significa que o aluno
inclui mentalmente um em dois, dois em três, três em quatro, etc., conforme a representação:
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É importante nesta etapa do trabalho, a exploração de jogos que permitirão a


organização de agrupamentos e de seriações. Através desta tarefa é possível se vivenciar a
observação, a comparação e classificação, tendo neste último nível de pensamento onde os
conceitos começam a ser construídos.
O agrupamento dos alunos leva-os ao questionamento, à troca de idéias e à construção
de novos conhecimentos. Cria assim, um senso de cooperativismo, de respeito ao próximo e a
boa socialização de conhecimentos vividos no dia-a-dia. Assim procedendo, o aluno deverá
obter aquisição de conhecimentos que assegurem o desenvolvimento de sua capacidade para
oferecer soluções a problemas, confirmando sua capacidade propositiva na direção da
transformação da realidade.

1.5. Construindo conceitos matemáticos

O trabalho de matemática desenvolvido na 4a série, deve ser relacionado, o mais


possível com o todo, visando um ensino não fragmentado. Faz-se necessário integrar a
matemática com as leituras, proporcionado aos alunos momentos de maior riqueza e que
realmente encantem aos alunos. Cabe ao professor selecionar histórias adequadas que
proporcionem aos alunos a possibilidade de construírem os conceitos que precisam ser
trabalhados, a partir da vivência das cenas lidas. Podemos utilizar livros com diferentes tipos
de texto, como, por exemplo, narração, poesia e descrição, ou até mesmo criar alguma
história, induzindo o aluno a pensar, porque para aprender matemática o aluno precisa
desenvolver o raciocínio. Neste sentido diz Piaget (1975, p.247):
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Pensar de maneira irreversível, é não saber passar de uma


destas operações para a outra é, portanto, em poucas palavras,
não saber manejar as operações como tais: é substituir
mecanismo operatório móvel de direção dupla pelas
percepções estáticas e sucessivas de estados que é impossível
sincronizar e, consequentemente, conciliar.

Para este trabalho, deve ser utilizadas histórias, onde são destacadas algumas figuras
geométricas planas: quadrado, círculo, triângulo e retângulo, que são apresentados através de
quatro personagens.
O primeiro personagem resolve construir uma casa com apenas três destas figuras. No
decorrer da história, cada um dos outros personagens procura no cotidiano formas
semelhantes às das figuras. Neste trabalho, tem-se como objetivo oferecer condições para os
alunos trabalharem com formas e cores, oportunizando o resgate do uso dos blocos lógicos e
salientando a importância dos jogos em sala de aula.
É preciso que o professor realmente conheça seus alunos e se prepare para atendê-los
em suas individualidades. As crianças gostam de contar, ler e escrever os números. Devido ao
intenso trabalho realizado com significação, eles conseguem entender que 26 é menor que 62,
mesmo antes de construírem o SND (Sistema de Numeração Decimal), que é orientado pelo
valor posicional.
É preciso lembrar que o valor posicional não é uma técnica. Envolve um conceito que
precisa ser construído, utilizado um raciocínio lógico matemático. Compreender o valor
posicional é, sem dúvida, muito importante, pois a criança que não o fizer terá sérias
dificuldades em operações básicas envolvendo grandes números. Para que os alunos
realmente compreendam, o sistema de numeração decimal, é preciso que tenham tempo
suficiente para construir o primeiro sistema, isto é, o das unidades. Caso contrário, este não se
constituirá em base sólida para a construção do segundo sistema.

Ex: unidade

Dezena

Centena, milhar...
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Na construção do SND. (Sistema de Numeração Decimal), há uma seqüência de


atividades que têm por objetivo o estudo com uso do material que é encontrado no comércio
de jogos pedagógicos, mas pode ser perfeitamente confeccionado com sucata. Podendo ser
citados: calculadora, ábaco, material dourado ou multi-base (base 10), dado, dominó, etc.
Porém, orienta o fascículo da capacitação em Formação Continuada dos Professores
da Rede Pública (1999, p.255), que:

Para trabalhar a matemática de acordo com as novas propostas


é necessário acreditar que a aprendizagem de matemática se
baseia na ação do próprio aluno em resolver problemas,
investigando e explorando situações que lhe favoreçam a
compreensão dos conceitos matemáticos.

Os alunos só aprendem a pensar por si próprio se tiverem oportunidade de explicar os


seus raciocínios em sala de aula ao professor e aos seus colegas.
Os professores que afirmam não ter tempo para isso, devem repensar a sua atitude,
pois só negociando soluções é que se aprende a respeitar sentimentos e idéias de outras
pessoas. Esse respeito não é importante no que diz respeito a conflitos morais, mas,
sobretudo, a situações de aprendizagem cognitiva, onde as crianças devem, como salienta
Kamii (l994), mobilizar a sua inteligência e a totalidade dos seus conhecimentos quando tem
que tomar uma posição e confrontá-la com outras opiniões.

1.6. Para que serve a matemática?

Em todas as atividades humanas em sociedade é utilizado o raciocínio matemático.


Para desenvolver o ensino desta disciplina, é preciso buscar a realidade dos alunos. Em suas
vidas fora da escola, a matemática é vista e aplicada de uma forma, dentro dela é vista e
trabalhada de maneira diferente. Essa contradição gera a confusão na consciência da criança.
Também, a importância de se levar em conta o "conhecimento prévio" dos alunos na
construção dos significados, geralmente é desconsiderada na maioria das vezes, subestimam-
se os conceitos desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança, de suas interações
sociais imediatas, e parte-se para o tratamento escolar, de forma esquemática privando os
alunos de riqueza de conteúdos proveniente da experiência pessoal.
Enquanto no cotidiano, o ser humano faz seus cálculos, seus projetos, seus problemas,
mentalmente sem se preocupar com símbolos, com números escritos, na escola está o conforto
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com aqueles símbolos, números, leitura matemática, que exige muita concentração e esforço
do seu raciocínio lógico.
É inquestionável que a matemática ocupa significativos espaços de nosso cotidiano.
Talvez nunca tenhamos parado para pensar como alguns conceitos matemáticos incorporam-
se em nossas vidas de tal modo, que mal nos damos conta do feito. Ela faz parte da vida de
todos nós, sendo utilizada em diversas situações do dia-a-dia (contagens, cálculos,
pagamentos e consumo, organização de atividades como agricultura e pesca). É um
instrumental importante para as ciências da natureza, as ciências sociais, a composição
musical, a coreografia, o esporte etc., e pode ser mais bem compreendida quando analisada
dessa perspectiva de interação com outras áreas.
No ensino da matemática destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em
relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); outro
consiste em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos.
Mas será que isto é suficiente? É claro que não. A matemática escolar deve, sobretudo,
capacitar os alunos ao exercício plena da vida cidadã. Por esta razão faz-se necessário
relacionar o ensino da matemática ao cotidiano da criança. Ao chegar à escola ela traz seus
conhecimentos, traz suas experiências vividas no dia-a-dia. E em todas as suas ações está
presente a disciplina.
A matemática precisa estar ao alcance de todos e a democratização do seu ensino deve
ser meta prioritária do trabalho docente. Não existem dados que comprovem, mas
possivelmente, a matemática seja a disciplina mais odiada pelos alunos e que mais provoca
repetência e evasão nas escolas brasileiras. Se forem estimulantes, maior será a possibilidade
de que a criança venha a gostar de aprendê-la.
A matemática pode ser reconstruída por cada um de nós e nos ajuda a desenvolver
diferentes capacidades. É fruto de um processo do qual fazem parte erros e acertos,
imaginação e raciocínio lógico, contra exemplos, conjecturas e críticas. Pode ser aprendida
por todas as pessoas e não somente pelas talentosas. O importante é perceber, desde cedo, que
a matemática pode ajudar a potencializar capacidades como as de observar, projetar, fazer
generalizações, abstrair, capacidades essas que favorecem o desenvolvimento do raciocínio
lógico e da criatividade.
Outra distorção perceptível refere-se a uma interpretação equivocada da idéia de
"cotidiano", ou seja, trabalha-se apenas com o que se supõe fazer parte do dia-a-dia do aluno.
Desse modo, muitos conteúdos importantes são descartados ou porque se julga, sem uma
análise adequada, que não são de interesse para os alunos, ou porque não fazem parte de sua
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"realidade", ou seja, não há uma aplicação prática imediata. Essa postura leva ao
empobrecimento do trabalho, produzindo efeito contrário ao de enriquecer o processo ensino-
aprendizagem.
Em sua origem, a matemática constitui-se a partir de uma coleção de regras isoladas,
decorrentes da experiência e diretamente conectadas com a vida diária. Não se tratava,
portanto, de um sistema logicamente unificado.

1.7. O Professor de matemática

Todo ser humano é um aprendiz. E como todo ser humano, os alunos trazem à escola
seus conhecimentos adquiridos no seu meio social. Nesta situação, cabe ao professor dar
oportunidade de articulação do conteúdo trabalhado em sala de aula, de modo que eles
possam se expressar e desenvolver seu raciocínio e assim construir novos conhecimentos no
ensino da matemática.
O CETEB - (1997, p.03), opina sobre o assunto e diz que:

O professor precisa ser capaz de ajudar seus alunos a


construírem suas idéias matemáticas. Antes de qualquer
trabalho, vale aqui repetir, deve sondar as experiências que
trazem e detectar os conceitos numéricos e as habilidades
necessárias a aprendizagem. Trabalhar matemática é mais
fácil a partir do momento em que fica claro, para o professor,
que o concreto não é apenas o que pode ser manipulado, mas
as diversas situações que podem ser criadas para levar ao
entendimento que é base para uma aprendizagem verdadeira,
sólida, duradoura.

Numa abrangência das diversas e mais variadas habilidades, a escola deve criar uma
imagem, de que o ensino da matemática deve ser voltado como um mecanismo que possibilite
rendimento ótimo graduado ao desempenho do discente, tornando-o capaz de dominar a
variante, conscientizando-o de que não há cultura inferior. As variedades culturais devem ser
respeitadas, pois as mesmas são diferentes, não são inferiores, quanto ao seu valor.
Orienta Carvalho (1994, p.20), que:

Se considerarmos que o conhecimento deve ser construído,


que a linguagem matemática deve ser adquirida pelo aluno,
levando-o a incorporar os significados que as atividades de
manipulação de material didático ou de vivência diária
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assumem, então, quanto antes iniciarmos esta construção,


mais tempo teremos para enriquecer os temas abordados,
tornando-os mais abrangentes e complexos, possibilitando,
talvez, que o processo de aquisição do conhecimento
matemático não se interrompa tão prematuramente como em
geral acontece.

O conteúdo da matemática nas primeiras séries do ensino fundamental, se for bem


trabalhado, prepara bem os alunos para dar continuidade às séries subseqüentes. É preciso que
se aproveite bem do potencial dos alunos, se é bem explorado, por que mudar para um novo
ensino da matemática?
Todos conhecem o velho medo da matemática. Ele pode até ter diminuído, pois, com o
mundo em mudança, o ensino naturalmente progride. Mas, mesmo hoje, a matemática
ensinada de maneira tradicional é a disciplina que apresenta o mais baixo desempenho dos
alunos e é, ainda a que mais reprova. Isso acontece no Brasil e no mundo inteiro.
Tanta dificuldade exige um remédio. Há tempos, psicólogos, pedagogos, professores e
matemáticos de várias nacionalidades, vêm estudando causas de fracasso do ensino da
matemática e as maneiras de evitá-lo.
O professor que se propõe a trabalhar com a matemática nos cursos de Habilitação ao
Magistério, deve refletir sobre a situação do ensino dessa disciplina, tendo em vista a futura
atuação profissional de seus alunos.
Na situação de ensino-aprendizagem, é preciso que se leve em conta e se valorize os
conhecimentos prévios das crianças sobre determinado assunto.
A convivência diária com números, operações, formas e medidas, fazem com que as
crianças cheguem à escola com conhecimentos construídos em outros ambientes que não o da
sala de aula. É fundamental, portanto, que o professor "fique de olho" naquilo que seus alunos
sabem e apóiem em seus conhecimentos, pois será mais fácil para eles estabelecerem relações
entre o que já sabem e os conteúdos que serão construídos.
No fascículo 1, do Curso de Formação Continuada de Professores da Rede Pública,
(s.d.), encontramos:

Trabalhar com matemática, de acordo com as novas propostas


curriculares, fazendo com que o aluno seja sujeito da
construção de seu próprio conhecimento, requer que o
professor domine não só o conteúdo a ser ensinado como
também a forma e as estratégias utilizadas pelos alunos para
aprender.
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No primeiro ano do ensino fundamental, as crianças estabelecem relações que as


aproximem de alguns conceitos, descobrem procedimentos simples e desenvolvem atitudes
diante da matemática. Essa aproximação se dá por meio de atividades nas quais o professor
procura ajudar as crianças a estabelecerem vínculos entre novas aprendizagens e os
conhecimentos com que chegam à escola.
Os primeiros anos de escolaridade têm como característica principal um trabalho com
atividades que aproximem a criança dos conhecimentos matemáticos, pelo estabelecimento de
vínculos com os conhecimentos que ela chega à escola.
Muitas vezes, não acreditamos que os alunos sejam capazes de resolver um problema
sem ajuda. Assim, ensinamos a eles como se resolver cada tipo de problema e depois
apresentamos problemas idênticos (só que mudamos os números) para que resolvam.
Freqüentemente nos queixamos de que nossos alunos não se dispõem a resolver
problemas sozinhos, que têm preguiça de pensar, de ler o enunciado, etc. Desde as séries
iniciais é importante desafiar as crianças na medida certa. Como o trabalho em matemática
desenvolve-se pela via de resolução de problemas, é importante que o professor estimule as
crianças a desenvolverem atitudes de organização e perseverança.
Além disso, é fundamental que elas adquiram uma postura diante de sua produção que
as levem a justificar e validar suas respostas, a observar que situações de erro são comuns e
que a partir delas também se pode aprender. É nesse contexto que o interesse, a cooperação e
o respeito para com os colegas começam a se construir.
O uso bem orientado e adequado de recursos didáticos facilita a construção de
conhecimentos matemáticos pelas crianças. Recursos simples, como fichas, palitos,
reprodução de cédulas e moedas, ábacos, instrumentos de medidas, calendários, embalagens,
figuras tridimensionais e bidimensionais, ajudam as crianças a interpretarem problemas, a
visualizarem uma situação e até a comunicarem suas estratégias de resolução. Mas é preciso
saber dosar o uso.
Assim, por exemplo, muitas crianças não conseguem desenvolver procedimentos de
cálculo mental porque em toda e qualquer atividade são incentivados, a usar palitos para
contar. Bom senso nunca é demais.
Podemos considerar as séries iniciais, uma base para o ensino fundamental, que
resume todo um conteúdo que se revisa de forma contínua e progressiva no processo de
ensino-aprendizagem. Nela está uma síntese de todo o conteúdo que se é trabalhado no
período de conclusão do ensino fundamental e médio.
17

Em se tratando do ensino de Matemática do ensino fundamental, cabe aos professores


trabalharem da melhor forma possível. No processo ensino-aprendizagem, os conteúdos
matemáticos têm que ser trabalhado de maneira clara e objetiva, onde os alunos possam
interpretar a linguagem e códigos enunciados em sala de aula.
Libâneo (l994, p.93) expõe que:

O processo de ensino é impulsionado por fatores ou condições


específicas já existentes ou que cabe ao professor criar, a fim
de atingir os objetivos escolares, isto é, o domínio pelos
alunos de conhecimento, habilidades e hábitos e o
desenvolvimento de suas capacidades cognitivas.

É um duplo erro: na época das calculadoras e dos computadores, o treino de cálculo


perde importância; gastando tempo demais com mecanismos, os alunos não aprendem a
pensar. Deverá ser o objetivo dos professores de matemática, desenvolver o raciocínio lógico
do aluno.
Desta forma, como cita Lucchesi (op. cit.), ”(...) talvez seja essa a única oportunidade
de adquirir na Escola conhecimentos que os auxiliam na tarefa transformadora da realidade na
qual atuam e atuarão.”
O movimento de educação matemática, além de ditar os problemas, também busca
soluções. Atualmente, é com consenso entre os educadores matemáticos que, no ensino bem-
sucedido, os alunos precisam compreender aquilo que aprendem e que essa compreensão é
garantida quando eles participam da construção das idéias matemáticas. É uma mudança
significativa!
Machado (1987, p.09), em suas pesquisas coloca:

Ensinar matemática tem sido freqüentemente, uma tarefa


difícil. Os obstáculos implícitos às suas características como
disciplina, somam-se os decorrentes de uma visão desvirtuada,
estabelecida, em grande parte, desde os primeiros contatos.
Uma das componentes indispensáveis de tal visão é a
concepção bastante irradiada, entre os leigos e especialistas de
que o conhecimento matemático possui características gerais
de objetividade, de precisão, de rigor, de neutralidade do
ponto de vista ideológico, que o universalizam.

Com as novas idéias, professor bom é aquele que prefere ajudar o aluno a descobrir,
construir, pensar, em vez de dar tudo pronto. Sempre se falou que a matemática deveria
desenvolver o raciocínio, mas isso nunca ocorria para a maioria dos alunos. Agora,
18

finalmente, estamos chegando lá. Muitas inovações já atingiram as salas de aula, graças aos
esforços de dedicados pesquisadores na área de educação matemática.
Os educadores matemáticos têm buscado novos métodos para levar à prática da sala de
aula as idéias chaves de construção e de compreensão. A pesquisadora Beatriz D’Ambrósio
(1996), publicou um artigo no qual destaca os principais métodos desenvolvidos:
 Resolução de problemas
Os alunos defrontam-se com problemas, a partir dos quais vão construindo seu saber
matemático - Veja bem: a teoria vem depois dos problemas!
 Modelagem
Tornam-se situações motivadoras para os alunos, procurando-se os modelos matemáticos
que elas se aplicam.
 Abordagens etnomatemáticas
Numa abordagem etnomatemática, o professor valoriza conhecimentos matemáticos do
grupo cultural ao qual pertencem os alunos e aproveita a experiência temática extra escolar.
 Abordagem histórica
Usam-se motivações de história da matemática como ponto de partida para o aprendizado.
 Uso de computadores
O computador pode ser usado para reforço do velho ensino ou para implementar as novas
idéias.
 Uso de jogos
O objetivo é abordar os conteúdos por meio de jogos, resgatando o lúdico do universo das
crianças e também dos adolescentes.
D'Ambrósio (op. cit.), coloca que a partir dos anos 80, acentuou-se uma preocupação
entre os educadores matemáticos em desenvolver uma educação que permitisse aos alunos do
ensino fundamentar adquirir competências básicas necessárias para o exercício de sua
cidadania. Essas preocupações se concretizaram em diferentes propostas, cujas características
principais são:
 Explorar a matemática a partir dos problemas encontrados no cotidiano e nas demais áreas
de conhecimentos.
 Usar, da melhor forma possível, recursos tecnológicos disponíveis - vídeos, calculadoras,
computadores, etc. - como instrumentos da aprendizagem.
19

 Trabalhar com conteúdos variados, explorando de forma equilibrada e articulada números


e operações, espaços e forma, grandezas e medidas e o tratamento da informação, que
conclui elementos de estatística, probabilidade e combinatória.

Na escola, não precisa nem dizer em que área de estudo, temos professores e alunos,
comumente subordinados a regras e padrões rígidos, porque, afinal, trata-se das "ciências
exatas".
Libâneo (1994, p. 113), acrescenta ainda que:

(...) é necessário auxiliar os alunos nas habilidades e métodos


próprios de resolver tarefas e exercícios. A premissa básica
para o desenvolvimento intelectual e, consequentemente, do
pensamento independente e criativo, é a capacidade de
reflexão própria, é adquirir métodos próprios de assimilação
dos conhecimentos, o que significa que isso faz parte também
do conteúdo da matéria.

Não resta dúvida de que buscamos, ao educar, o conhecimento preciso, a prática


pedagógica perfeita e eficaz. Contudo, ao lidarmos com as crianças, pais, colegas,
professores, descobrimos que a exatidão não se funda, apenas, na objetividade, mas também
na sensação, no indeterminado, na multiplicidade, no fervilhar. Libâneo, (1994, p. 93), expõe
que:

O processo de ensino é impulsionado por fatores ou condições


específicas já existentes ou que cabe ao professor criar, a fim
de atingir os objetivos escolares, isto é, o domínio pelos
alunos de conhecimento, habilidades e hábitos e o
desenvolvimento de suas capacidades cognoscitivas.

Ítalo Calvino, (1993), quando fala na, exatidão em seu livro "Seis Propostas para o
Próximo Milênio", em uma das maneiras como define o tema, diz que exatidão na literatura
pode ser: "Um Projeto de obra bem definida e calculada" .
Calvino, com esta forma de expressar a exatidão, permite colocarmos a discussão
voltada para a educação, do mesmo modo. Podemos, sem dúvida, entender o trabalho escolar
como um projeto. Um grande empreendimento que envolve diversas etapas e diversos
ingredientes na sua realização. Entre eles devem estar os sonhos, fantasia, realidade, projetos
20

individuais e coletivos... Deve ser o resultado de discussões, críticas e contribuições de toda a


comunidade escolar.
As crianças, desde muito cedo, estão, cercadas por números. Antes mesmo de serem
capazes de reconhecer quantidades, identificam alguns numerais, freqüentemente presentes
em situações cotidianas, ou são capazes de dizer o nome de vários deles, de forma
seqüenciada, sem lacunas.
Este processo de construção de números se estende por bastante tempo. O trabalho
escolar e as vivências, informações, formas de interagir com as quantidades que as crianças
trazem de sua vida, os números em diversos contextos, numa relação de duplo sentido, fazem
com que os sinais que usamos para representar as quantidades passem a ficar de fato,
identificados com essas quantidades que representam e reconhecidos em diversos contextos.
Segundo Kamii (1994): “A estrutura lógico-matemática do número não pode ser
ensinada diretamente, uma vez que a criança tem que constituí-la por si mesma.”

1.8. Como estudar matemática

Percebemos que fora da escola, os alunos têm a maior facilidade e segurança, sem o
uso da escrita. Enquanto na escola sente dificuldade em operacionalizar a matemática.
Também, vem a questão das diferenças sociais. Cada uma das crianças vive uma realidade
diferente. Há aqueles que são bem tratados e têm acesso a recursos tecnológicos, outros que
vem de uma origem humilde e sacrificada, tendo contato diretamente com a natureza. Desse
modo a matemática é vista e aplicada de maneira distintas. Fonseca, (1995, p.51), explica
dizendo que:

É verdade que há um mundo especificamente matemático. no


qual estamos imersos, com seus símbolos, normas, linguagens,
e procedimentos. Muito do que temos a dizer do nosso
conhecimento do mundo em que vivemos, dizemo-lo através
da matemática formal. É importante, portanto que a escola nos
dê oportunidade de nos aproximarmos desse conhecimento
que a humanidade acumulou, que se integrou à nossa cultura e
que interfere diretamente ou indiretamente, no nosso dia-a-dia,
buscando compreendê-lo nesta forma como se nos apresenta.

Os primeiros anos escolares tudo é novidade, para as crianças e desperta interesse. A


medida que vai subindo de série, vai encontrando as dificuldades. Para elas, o estudo vai
ficando difícil, principalmente quando se refere a matemática. Ao deixar de entender as
21

operações, os símbolos e os problemas matemáticos, vai gerando na criança a antipatia pela


disciplina.
Aí está o problema da evasão, repetência e o desestímulo pelo estudo. A escola deixa
de ser interessante, pois a vida lá fora é livre, sem nenhuma preocupação. Grande parte dos
alunos só brincam, assistem televisão e jogam vídeo game. Nesse sentido, a escola pode estar
trabalhando errado, de forma que não atende as expectativas dos alunos.
O mundo moderno, de forma cada vez mais acelerada, cria métodos novos de
produção, exigindo consequentemente trabalhadores com mais competência, no trato com a
tecnologia, sempre mais avançada. A cada dia são lançados no mercado calculadoras,
computadores e outras máquinas que além de facilitarem a nossa vida, quer fazendo trabalho
árduo e repetitivo, quer fazendo operações complicadas com maior rapidez e eficiência, ainda
parecem dar respostas a quase todos as indagações humanas.
Quanto ao uso da calculadora na sala de aula, diz os Cadernos da TV Escola, (1998,
p.43):
A calculadora pode e deve ser usada em sala de aula sempre
que o cálculo for um passo do trabalho, e não a atividade
principal. Para que seus alunos usem a calculadora com
inteligência, o professor precisa selecionar atividades
adequadas, que sejam motivadoras e despertem a curiosidade,
ajudando a raciocinar.

Entretanto, não devemos nos esquecer de que as máquinas só oferecem respostas


corretas quando manuseadas de forma competente. Não é com simples apertar de botões que
se irá conseguir os resultados desejados. Numa sociedade como a nossa que busca apropriar-
se do desenvolvimento tecnológico, o raciocínio lógico é exigido, imposto cada vez mais.
A criança é levada a aprender apenas para passar nas provas, na base da mecanização.
A metodologia ainda é aquela criada pelos jesuítas: faz-se uma catequese com o aluno, em
vez de verdadeiramente ensiná-los. É o método do treino seguido de sabatina, onde se sai bem
aquele que memoriza através da repetição.
Esse cotidiano heterogêneo torna-se difícil de trabalhar. Na escola, uma realidade, em
casa, outra... É a primeira barreira encontrada pela criança a chegar a vida escolar.
Assim, um ensino e aprendizagem que se faça de forma contextualizada, lançando
mão de situações concretas e problemáticas dos seus usos, certamente trará consigo questões
relativas a opções de valores. Além disso, a própria constituição da matemática como ciência
ou área do conhecimento traz consigo uma visão de mundo permeada por valores.
22

A criança na escola convive com a diversidade e poderá aprender com ela.


Singularidades presentes nas características de culturas, de etnias, de regiões, de famílias, são
de fato percebidas com mais clareza quando colocadas junto a outras.
A percepção de cada um, individualmente, elabora-se com maior precisão graças ao
outro, que se coloca como limite e possibilidade. Limite, de quem efetivamente cada um é.
Possibilidade, de vínculos, realizações de "vir a ser". Para tanto, há necessidade de a escola
instrumentalizar-se para fornecer informações mais precisas a questões que vêm sendo
indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um silencioso
constrangimento. Esta proposta traz a necessidade imperiosa de informação de professores no
tema da pluralidade cultura.
Provocar essa demanda específica na formação docente é exercício da cidadania. Pois,
Kamii (1994, p.50), cita que:

Aritmética não é um tipo de conhecimento que deve ser


ensinado pela transmissão social. Precisa ser construída por
cada criança através de abstração reflexiva. Se a criança não
consegue construir uma relação, nenhuma explicação do
mundo fará com que ela entenda as afirmações da professora.

Um currículo de matemática deve procurar contribuir de um lado, para a valorização


da pluralidade sócio cultural, impedindo o processo de submissão no confronto com outras
culturas; do outro, cria condições para que o aluno transcenda um modo de vida restrito a um
determinado espaço social e se torne ativo na transformação de seu ambiente.

1.9. A matemática e a formação da criança

É importante destacar que a matemática deverá ser vista pelo aluno como um
conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu raciocínio, de sua capacidade
expressiva, se sua sensibilidade estética e de sua imaginação. A matemática é um componente
importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez
mais, de conhecimentos científicos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se
apropriar.
Através do estudo, concebemos que há um consenso no sentido de que o ensino deve
formar para o exercício da cidadania. No caso da matemática, o que significa isso? Quanto a
isso nos PCNs, (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, p.19), temos:
23

A Matemática é componente importante na construção da


cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez
mais, de conhecimentos científicos e recursos tecnológicos,
dos quais os cidadãos devem se apropriar.

O exercício da cidadania pressupõe que as pessoas desenvolvam sua capacidade de


aprender, tendo como meio básico o pleno domínio da leitura, da escrita e do conhecimento
matemático, de tal forma que lhes seja permitido compreender o ambiente natural e social, o
sistema político, a tecnologia, as artes e os valores em que se fundamenta a sociedade, para
nela atuar de forma crítica e participativa.
A formação de indivíduos éticos pode ser estimulada nas aulas de matemática ao
direcionar-se o trabalho ao desenvolvimento de atitudes no aluno, como, por exemplo, a
confiança na própria capacidade e na dos outros para construir conhecimentos matemáticos, o
empenho em participar ativamente das atividades em sala de aula e o respeito à forma de
pensar dos colegas. Sobre isso, Carvalho (1994, p.92), questiona e orienta:

... assim, se desejarmos compreender como estão organizadas


as múltiplas competências que permitem tratar um problema
qualquer, é necessário considerar um grande número de
situações e observar a variedade de procedimentos e de
simbolizações possíveis para cada uma delas, também as quais
tratamentos analógicos ou a quais rupturas elas remetem.

Isso ocorrerá, na medida em que o professor valorizar a troca de experiências entre os


alunos como forma de aprendizagem, promover o intercâmbio de idéias como fonte de
aprendizagem, respeitar ele próprio, o pensamento e a produção dos alunos e desenvolver um
trabalho livre do preconceito de que a matemática é um conhecimento direcionado apenas
para poucos indivíduos talentosos. A construção de uma visão solidária de relações
humanas a partir da sala de aula contribuirá para que os alunos superem o individualismo e
valorizem a interação e a troca, percebendo que as pessoas se complementam e dependem
uma das outras.
O CETEB (Centro de Ensino Tecnológico à distância, 1997, p.03), opina sobre o
assunto e diz que:

O professor precisa ser capaz de ajudar seus alunos a


construírem suas idéias matemáticas. Antes de qualquer
trabalho, vale aqui repetir, deve sondar as experiências que
24

trazem e detectar os conceitos numéricos e as habilidades


necessárias a aprendizagem. Trabalhar matemática é mais
fácil a partir do momento em que fica claro, para o professor,
que o concreto não é apenas o que pode ser manipulado, mas
as diversas situações que podem ser criadas para levar ao
entendimento que é base para uma aprendizagem verdadeira,
sólida, duradoura.

Em matemática, os usos que se fazem do seu conhecimento expressam valores. A


tradução da realidade vivida em relações numéricas não é isenta de opções valorativas. Veja-
se, por exemplo, a realidade econômica, na qual se busca invariavelmente amenizar escolher
de caráter político ou moral pela suposta neutralidade dos números, dos dados. A contestação
desses dados se faz, também, com base no mesmo conhecimento matemático.
No ensino da matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um que consiste o em
relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); o
outro consiste em relacionar essa representações com os princípios e conceitos matemáticos.
Nesse processo, a comunicação tem grande importância e deve ser estimulada, levando-se o
aluno a "falar" e a "escrever" sobre matemática, a trabalhar com representações gráficas,
desenhos, construções, a aprender como organizar e tratar de dados.
Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais – 1997, p.31), diz o seguinte:

Para tanto, o ensino da matemática prestará sua contribuição à


medida que forem exploradas metodologias que priorizem a
criação de estratégias, a comprovação, a justificativa, a
argumentação, o espírito crítico, e favoreçam a criatividade, o
trabalho coletivo, iniciativa pessoal e a autonomia advinda do
desenvolvimento da confiança na própria capacidade de
conhecer e enfrentar desafios.

O importante no processo de ensino e aprendizagem, é estar aberto ao desconhecido,


ao inquietante, à incertezas, à mudanças, a erros e acertos, a correções e afirmações, a recuos
e avanços, a dúvidas, a expectativas. E, sobretudo, encarar o novo, o que emerge, não como
uma ameaça, mas como um reator capaz de provocar em nossas idéias, revoluções. Professor
e aluno deverão comprometer-se em realizar essas descobertas, essa construção.
O estudo da matemática, de forma satisfatória, requer um trabalho voltado para a
construção e seleção de procedimentos adequados à situações-problema, que possa requerer
estudo de cálculo mental, escrito, exato e aproximado, despertando a percepção do aluno para
as relações existentes entre eles.
25

Logicamente, uma criança que tem melhores condições de vida, tem tudo para se sair
melhor no estudo. Já aquelas sofridas, terão mais dificuldades. Essa realidade é encarada pelas
escolas, principalmente, as instituições públicas, onde concentra toda a população carente.
Como também, na sociedade mais evoluída aparecem os problemas sociais, onde o
descontrole familiar é um dos problemas mais afetados nas escolas.
Os professores enfrentam crianças mimadas, cheias de vontade, que se colocam na
escola como donas do mundo, pelo fato dos pais terem recursos. Já a criança carente é mais
humilde e comportada, fácil de se conquistar, muitas vezes mais interessada no estudo. Nela
está o desejo de vencer na vida.
Entendemos que produzir e interpretar escritas numéricas é sempre um desafio para
quem está entrando no campo dos números. Porém, os conhecimentos básicos para a
construção do conhecimento numérico, podem ser atingidos espontaneamente pela criança,
pois ela pode construir idéias de adição e subtração antes de entrar na escola. Este
conhecimento pode, também, ser estimulado a eclodir, para que o aluno esteja preparado para
esse início.
Os professores devem estabelecer saberes, como a compreensão, logo na pré-escola,
pois, dessa compreensão decorre uma maneira muito particular de efetuar os movimentos dos
números. Devem trabalhar idéias que estimulem o desabrochar das capacidades necessárias
para a familiarização das operações aritméticas.
Como todo ensino, o ensino da matemática contribui para as transformações sociais,
não apenas da socialização do conteúdo da matemática, mas também através de uma
dimensão política que é intrínseca a essa socialização.
O professor, como mediador, deve estimular a aprendizagem da matemática, pela
cooperação entre os alunos, interação entre o adulto e a criança, confrontando o que a criança
pensa com o que as outras crianças pensam, proporcionando um ambiente de trabalho que
possibilite a comparação, a pesquisa e a ampliação de idéias.
Os pesquisadores decidiram procurar uma abordagem do ensino do sistema de
numeração que favorecesse a compreensão mais profunda e operacional da notação numérica,
através do material concreto, jogos, trabalho em grupo, pela interação e outras atividades
criativas.
26

CAPITULO II

2. METODOLOGIA

Como este trabalho versa sobre o ensino da matemática nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, para visualizá-lo adotamos dois procedimentos basilares: uma pesquisa
bibliográfica que teoricamente pudesse fundamentá-lo e uma pesquisa de campo que nos
possibilitasse os elementos de uma prática necessária à discussão do quadro teórico.
Realizamos a pesquisa de campo no Colégio Municipal D. Pedro I, situado na zona
urbana de Guaraciaba do Norte-CE.
O prédio escolar é de alvenaria, de estilo simples. Possui as seguintes dependências:
 Uma (01) sala de Professores
 Uma (01) sala de Coordenação
 Uma (01) sala para Direção
 Uma (01) biblioteca
 Dezenove (19) salas de aula
 Uma (01) cantina
 Quinze (15) banheiros
 Um (01) pátio com amplo espaço.
 Dois (02) almoxarifados
 Uma (01) sala para o Grêmio
Este colégio atende a uma clientela de Um mil e novecentos (1.900) alunos, da 3ª à 8ª
séries do Ensino Fundamental, distribuídos nos turnos, matutino, vespertino e noturno. Estes
são pertencentes as classes econômicas baixa e média baixa.
Em seu quadro docente constam de setenta e um (71) professores, sendo cinqüenta e
quatro (54) efetivos e dezessete (17) temporários.
A população investigada constou de três (03) professores; dois (02) membros do
núcleo Gestor; três (03) alunos.
Na categoria educador, quatro (04) pertenciam ao sexo feminino; um (01) era do sexo
masculino; na categoria aluno, três (03) era do sexo feminino e um (01) do sexo masculino.
27

Os educadores participantes possuem o nível superior e os educandos cursam a 4ª série


(A,B,C) do Ensino Fundamental.
Os dados foram levantados através de questionários escritos digitados, constando de
questões abertas. Estas direcionadas aos educadores focando pontos como: O que fazer para
os alunos aprenderem matemática com facilidade? Quais as dificuldades que o professor e o
aluno enfrentam no ensino e na aprendizagem da matemática? Quais os recursos pedagógicos
que o professor utiliza para tornar as aulas de matemática mais interessantes? E por fim, como
a escola poderia contribuir para a melhoria da qualidade de ensino da matemática?
As perguntas destinadas aos educandos abordavam as questões: Se o aluno gosta de
matemática e porque; como gostaria que fossem as aulas de matemática? Quais os recursos
pedagógicos que seu professor de matemática utiliza para ministrar as aulas? Por que é
importante aprender matemática?
Ao longo da discussão dos resultados, os sujeitos envolvidos no universo da pesquisa
são referenciados pela inicial maiúscula de sua função no contexto escolar, seguido de um
hífem, numeral cardinal ou ordinal. Exemplo: P-1 (para professor); NG-2 (para membro do
Núcleo Gestor); A-3ª (para aluno da 3ª série) e assim sucessivamente.
Os dados foram organizados e interpretados à luz do referencial teórico numa
perspectiva qualitativa.
28

CAPITULO III

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 Educadores
Quando perguntamos aos educadores, como a escola poderia contribuir para a
melhoria da qualidade do ensino da matemática, estes nos disseram que:

Sabemos que o principal problema em matemática é a forma


de ensinar, e o uso de estratégias idênticas para crianças
diferentes e pouco material didático.
A escola poderia contribuir para a melhoria do ensino da
matemática capacitando os professores e dispondo de
materiais didáticos adequados para os conteúdos.
(NG-2)

Dando condições para os professores trabalharem, capacitando-


os e dispondo de material adequado. (NG-2)

Na visão destes educadores, a capacitação profissional e a disponibilidade de recursos


didáticos são fatores importantes para a melhoria da qualidade do ensino da matemática e que
a escola pode contribuir para que isso aconteça.

(...) o conhecimento matemático é historicamente construído,


portanto, produzido dentro de um contexto dinâmico, mutável.
Daí a necessidade de uma busca contínua não só de novos
conhecimentos capazes de dar respostas aos problemas que
surgem, como de métodos mais adequados e eficazes de
promover o ensino da matemática.
(FORMAÇÃO CONTINUADA, 1998, p. 253)

A partir desde enfoque, reconhecemos a importância da capacitação contínua dos


professores para poderem atuar de forma eficiente, utilizando de métodos e estratégias que
possibilitem a aprendizagem da matemática de forma significativa.
A respeito de como fazer para os alunos aprenderem matemática com facilidade, os
professores afirmaram que:
29

Utilizar material concreto; explicar com clareza; repetir várias


vezes; fazer inúmeras atividades de fixação. (P-1)

Tentar dinamizá-las e trazer de forma mais concreta para sua


realidade. (P-2)

Relacionando e interligando os estudos matemáticos através


de uma linguagem clara e significativa no dia-a-dia do aluno.
(P-3)

Através destas afirmativas, concordamos com os professores quando devemos utilizar


materiais concretos, dinamizando o ensino através de uma linguagem clara e significativa
relacionando-a ao dia-a-dia. Discordamos em parte com o professor 1, quanto as questões de
repetição e atividades de fixação. Vale ressaltar, que estes procedimentos devem ser
utilizados, no entanto, devemos atentar para um ponto crucial: a forma como são
direcionados.

O ensino que ainda predomina é aquele em que professor


expõe e pede que os alunos resolvam inúmeros problemas (...).
Desse modo, o aluno recebe instrução passivamente
predominando o sucesso da memória e repetição. Muito
raramente os alunos são estimulados a elaborar problemas ou
oferecer soluções que lhes exijam criatividade.
(FORMAÇÃO CONTINUADA, 1998, p.254)

Para aprender matemática com facilidade é necessário acreditar que a aprendizagem


desta disciplina se baseia na ação do próprio aluno em resolver problemas, investigando e
explorando situações que lhes favoreçam a compreensão dos conceitos matemáticos e não por
mera repetição e realização enfadonha de exercícios de fixação.
No que concerne as dificuldades enfrentadas pelos educadores no ensino da
matemática, os docentes afirmaram que:

Desinteresse, faltas consecutivas, falta de base, não


aprendizagem das quatro operações. (P-1)
Os alunos compreenderem o que lêem, ter um raciocínio
lógico, e principalmente interesse. (P-2)

Falta de base; pouco raciocínio; o aluno não domina a


tabuada.
(P-3)
30

Constatamos a partir das colocações supracitadas, que muitos fatores influenciaram no


processo ensino-aprendizagem gerando assim dificuldade na condução do trabalho com a
disciplina de matemática.
A falta de interesse dos alunos é o que mais se ouve em encontros educacionais. No
entanto, é necessário que atentemos para as causas deste fator.
Certa vez, vimos numa rua de nossa cidade algumas folhas rasuradas pelo chão.
Curiosos, apanhamos. Eram avaliações de matemática. Podemos indagar: O professor ensinou
a matemática ou odiá-la.
Muitas vezes a nossa postura enquanto professores favorece para que os alunos não
tenham interesse, principalmente quando o conteúdo não tem nenhuma ligação com o
cotidiano do educando.

Neste sentido, um caminho que tem se mostrado eficaz, é


mudar o foco tradicional do ensino aprendizagem. O aluno
deixa de ser um receptor passivo de conteúdos e passa a ser o
agente, o sujeito de sua aprendizagem. É convidado a
transformar, a criar meios de resolver problemas e desafios,
aprendendo a analisar, selecionar os dados importantes,
estabelecer relações entre seu cotidiano (...)
(LIMA, 2001, p.7)

A partir do momento que o educando é visto como um sujeito que age, transforma, e
resolve problemas, este sente-se motivado a aprender.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos alunos, é a falta de compreensão leitora, os
alunos lêem mais não compreendem a situação-problema. É o que mais ouvimos dos
professores, não só de língua portuguesa, mas de todas as outras disciplinas.
Isso ocorre devido resquício de uma alfabetização mecânica, baseada em uma
aprendizagem de um modo memorístico, mecânico.
De acordo com Marbênia (2001, p.143) “alguns aspectos que podem contribuir para o
desenvolvimento da compreensão leitora perpassam pela postura docente.”
Nesta ótica, o aluno necessita de um estimulo significativo para a leitura, onde sejam
capazes de pensar, raciocinar. E o professor precisa desencadear esse processo, através de um
trabalho significativo.
Muitos professores de matemática atribuem o trabalho de leitura e de escrita ao
professor de Língua Portuguesa. Todo trabalho pedagógico deve ser interdisciplinar.
Podemos despertar o raciocínio e a compreensão através do ensino da matemática.
31

A falta de base, e de aprendizagem das quatro operações envolvendo o domínio da


tabuada é uma das dificuldades ressaltadas pelos professores.
Neste aspecto, reconhecemos o quanto é importante trabalhar a matemática nas séries
iniciais de forma que se apropriem dos conceitos significativamente.
Sobre a tabuada, esta deve ser trabalhada, mas de maneira que os alunos
compreendam.

(...) deve-se condenar a mecanização pura e simples da


tabuada. É um absurdo exigir que os alunos recitem: dois
vezes um, dois; dois vezes dois, quatro; ... sem que eles
entendam o significado do que estão dizendo. A multiplicação
(bem como todas as outras operações e a noção de número, e
sistema de numeração decimal) precisa ser construída e
compreendida. Trabalhando com materiais variados (papel
quadriculado, grãos, palito, papelão, tampinhas), explorando
jogos e situações diversas, os alunos poderão, aos poucos,
construir e registrar a tabuada, que passará a fazer parte de
seus conhecimentos acumulados. (SILVA, 2004, p.173)

Neste sentido, é de suma importância a utilização de materiais concretos e de jogos


que despertem os interesses do educando, para o estudo e assimilação da tabuada.
Sobre as dificuldades que os educandos enfrentam na aprendizagem ma matemática,
temos:
Não tem acompanhamentos extra-classe; dificuldade para
interpretar problemas; acham os conteúdos difíceis por falta
de conhecimentos ou não estão preparados para estudar na
série seguinte. (P-1)

A falta de base e boa vontade. (P-2)

Tabuada; problemas extra-escola (sociais); muitas vezes falta


de incentivo dos pais. (P-3)

Um dos aspectos que é importante enfatizar está voltado para a questão da base. Os
professores deixam claro que os alunos chegam a uma determinada série com um “atraso” na
aprendizagem, não conseguem alcançar o nível da respectiva série.
Os problemas extra escolares (sociais), falta de incentivo dos pais e de boa vontade do
educando de aprender, foram aspectos evidenciados pelos professores.
Em nenhum momento a escola e o professores são culpados pelo fracasso do aluno.
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No que diz respeito à falta de interesse e ao fracasso do aluno, no Sistos (et.al., 1999,
p.66) cita que em suas investigações:

A pesquisa mostra o erro e a injustiça que se pode cometer ao


se culpar o aluno, em quaisquer caso de insucesso, e deixar de
analisar cada situação de maneira mais critica e abrangente,
considerando-se a dimensão política e filosófica da educação,
a situação da escola e a responsabilidade dos professores.
(SISTOS, et.al., 1999:66)

A partir deste afirmativo, é necessário analisar e conhecer o que esta por trás da falta
de interesse do aluno antes de lhe atribuir a culpa.
O último aspecto, a respeito dos recursos pedagógicos utilizados pelos professores
para tornar as aulas de matemática mais interessantes obtivemos:

Material concreto; procuro nos problemas ou atividades,


colocar dados reais do cotidiano, para facilitar a
aprendizagem; ter um bom relacionamento professor x aluno.
(P-1)

Vídeos; material concreto (madeira, cartolina, jogos...)


(P-2)

Brincadeiras, jogos, aulas de incentivos, conscientização do


aluno para o mercado de trabalho, participação direta do
aluno, entre outros recursos improvisados.
(P-3)

Todos os recursos materiais citados pelos professores são essenciais para o


desencadear do processo ensino-aprendizagem. Ficamos intrigados quando este último
professor fechou a afirmativa com os recursos improvisados.
Será que a improvisação de recursos não é um dos fatores que implicam na falta de
compreensão dos conteúdos matemáticos, desfavorecendo assim, para que os objetivos não
sejam alcançados.
De acordo com o Fascículo da Formação Continuada dos Professores da Rede Pública
(1999, p.252), “dois fatores de fundamental importância para a consecução desses objetivos
são a seleção e organização dos conteúdos e os recursos didáticos utilizados para sua
transmissão.”
Para tanto, é importante que o professor organize sua didática de sala de aula,
planejando com antecedência suas aulas. Os recursos didáticos como jogos, calculadoras,
33

jornais, revistas, vídeo e outros materiais têm papel importante no processo de ensino-
aprendizagem da matemática e de qualquer disciplina.
O relacionamento professor-aluno também é fundamental para a apropriação do
conteúdo, a forma como o professor transmite o ensino ajuda o aluno a construir
significativamente os conceitos, numa intervenção adequada, favorece para que este tenha
êxito na aprendizagem.
Vale considerar que, se os professores utilizam todos esses materiais, por que estes
alunos ainda têm tantas dificuldades, principalmente na tabuada.
Esta pergunta favorece para que possamos refletir sobre a utilização destes recursos:
como; quando e para que utilizá-los? É importante atentar para os objetivos que se deseja
alcançar.

CONCLUSÃO

A maneira como é ensinada a matemática não tem demonstrado bons resultados, nem
mesmo com alunos de classes mais favorecidas, onde ela é ensinada de forma reproduzida e
repetitiva, como se fosse sistema pronto, imutável, desprovido de qualquer significado e
usando a memória de modo indevido mecanicamente. No entanto a sua reprodução deveria se
processar gradativamente com base em atividade que se use uma metodologia dinamizadora,
capaz de incentivar o aluno a calcular.
A faculdade de pensar e calcular, jamais perderá seu lugar de destaque e de
imprescindibilidade, mesmo que haja concorrência cerrada e desleal dos aparatos da
comunicação eletrônica, o poder de síntese das imagens, o caráter de descontração dos
audiovisuais e o uso do computador contribuírem para que o individuo evite, o máximo
possível o trabalho de raciocinar, calcular, escrever, consequentemente atingido e atrofiando
as habilidades correspondentes.
Nesta contextualidade, o professor tem como principal tarefa, fazer uma interação
entre didática, o ensino aprendizagem, conduzindo este processo numa compreensão das
influências externas e internas, as quais agem sobre o aprendiz, assegurando a transmissão e a
assimilação dos conteúdos repassados.
Tais informações podem dar-lhe os indicadores daquilo que realmente está ao alcance
das crianças. Sabe-se, por exemplo, que apresentar noções às crianças antes que elas tenham o
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amadurecimento necessário para sua compreensão, além de nada adiantar, ainda apresenta o
sério risco de fazer com que elas se sintam incapazes, desinteressando-as para a aprendizagem
em matemática, talvez para o resto de suas vidas.
O educador cônscio de suas atribuições orienta o educando com meios apropriados
para sua formação, tendo em vista suas capacidades e a transformação social a que se aspira,
numa dimensão que venha assegurar a atividade própria que lhes corresponde e ainda se
fundamenta numa conversão de objetivos políticos em objetivos pedagógicos que possam
contribui na seleção dos conteúdos, métodos e técnicas e recursos que forneçam desafios da
prática, como exigências metodológicas.
Este processo de ensinar e aprender se resume numa ação conjunta dos professores e
alunos, organizados, que se propõem a assimilação de conhecimentos e aperfeiçoamento de
habilidades e atitudes, como a construção intelectual e a segurança profissional de cada um
com bases que venham aprimorar a experiência e a ação prática orientada pela teoria.
Quanto aos educadores, estes deixam transparecer a importância da utilização de
materiais concretos, embora a questão da repetição e de inúmeros exercícios de fixação ainda
sejam predominantes. A falta de base e de raciocínio lógico são dificuldades que enfrentam
no ensino da matemática. No que diz respeito as dificuldades dos educandos na aprendizagem
dos conteúdos desta disciplina, as mesmas ressaltadas pelos professores, destacando a
aprendizagem da tabuada e das quatro operações. As questões sociais e a falta de incentivo
dos pais também foram evidenciadas.
No que diz respeito aos recursos didáticos utilizados pelos professores descaram os
materiais concretos como suporte para ministrarem as aulas.
Por fim, concluímos que para que as apropriações dos conceitos matemáticos requer
uma nova postura profissional.
O ensino da matemática não deve ser baseado somente em exposições verbais dos
conceitos, mas, trabalhado através de atividades práticas e com a participação dos alunos.
O ensino da matemática deve tornar o aluno apto para atividades simples do cotidiano,
para desvendar o mundo trabalho e para o exercício pleno da cidadania.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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dificuldades de leitura e de escrita. Fortaleza: Ed. EDUECE, 2003.
35

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SISTO, Fernandes Fermino. Atuação Psicodepagógica e aprendizagem escolar. Rio de


Janeiro: Vozes, 1999.
37

ANEXOS
38

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL

Nome do Pesquisador _______________________________________________________

Data da Pesquisa ________/________/_________

PESQUISA DE CAMPO

PERFIL DO INFORMANTE:

1. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

2. Relação com o Colégio D. Pedro I:


Professor(a) ( )
Diretor (a) ( )
Aluno (a) ( )
Coordenador(a) pedagógico(a) ( )

3. Como a escola poderia contribuir para a melhoria da qualidade da matemática?

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