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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

GOVERNO PROVINCIAL DO BENGO


ESCOLA DE MAGISTÉRIO “KIMAMUENHO”

F.P.S.D

EDUCAÇÃO DA PESSOA HUMANA

BENGO, OUTUBRO-2022/2023

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ESCOLA DE MAGISTÉRIO “KIMAMUENHO”

F.P.S.D

EDUCAÇÃO DA PESSOA HUMANA

Grupo nº: 01
Turma: G
Sala nº: 1.10
Classe: 12ª
Especialidade: Língua Portuguesa e E.M.C

Pesquisa acadêmica apresentada pelo Escola de


Magistério “Kimamuenho” para obtenção de
notas na disciplina de F.P.S.D, sob orientação
do Prof.: Lurdes Pedro

BENGO, OUTUBRO-2022/2023

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Lista dos Integrantes
Nº Nome Completo Classificação
1 Eugénia Luís da Costa
2 Eva Manuela Mutenda Seme
3 Felisberto Manuel Ilídio
4 Fernando António Francisco
5 Filipe Cristiano Francisco
6 Filipe Feliciano Gomes
7 Isaías José Falo
8 Izilda Manuel João Raimundo
9 João Capingala Neto
10 João Domingos Chiquito Henriques

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SUMÁRIO
introdução..........................................................................................................................1
I. Fundamentação Teórica.............................................................................................2
2. O Processo Educativo Do Ser Humano.........................................................................3
3. Formação De Valores No Processo Educativo Do Ser Humano...................................6
4. Trabalho, Ciência, Tecnologia E Cultura Como Categorias Indissociáveis Da
Formação Humana.............................................................................................................9
Conclusão........................................................................................................................11
Referências......................................................................................................................12

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INTRODUÇÃO

A presente produção tem por finalidade fomentar a reflexão sobre a educação e


sua efetivação na sociedade humana, sendo esta inerente ao ser humano. Fez-se
necessário discorrer sobre as bases que estruturam o comportamento do homem e seu
processo educativo, pois, o indivíduo tende se comportar de acordo com as orientações
que recebe das instituições pelas quais faz parte.

O ser humano é complexo, bem como o mundo é também complexo, dada a


diversidade que o compõe. Por isso mesmo, foi feita uma abordagem simplória, não
aprofundada sobre a complexidade humana, para que a compreensão sobre a educação
fosse consolidada ao conhecimento do homem. A educação tem grande relevância nas
sociedades humanas e ao pensar educação se faz também necessário uma análise sobre
o homem.

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I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
I.1 EDUCAÇÃO COMO FENÔMENO HUMANO

A educação é entendida como fenômeno próprio do ser humano. É parte intrínseca


da vida humana. Essa perspectiva de compreensão da educação como mola propulsora
de transformações para a vida humana apoia-se em Maturana e Varela (2001), que
assegura que a vida é um processo de conhecimento, no qual os seres vivos constroem
esse conhecimento, não a partir de uma atitude passiva, e sim pela interação com outras
espécies e com o entorno ambiente. “Aprendem vivendo e vivem aprendendo.” (p. 12).
Diante desta posição e, na condição de seres biológicos e instintivos, busca-se
compreender o processo vivido capaz de transformar um ser biológico num ser humano.

Ao nascer, somos inseridos em um determinado grupo social, no qual existem


aspectos culturais, entre outros tantos contextos de envolvimento. Para entender e
compreender esses contextos de convivência do ser humano e suas manifestações,
buscamos, nas reflexões de Bauman (2007), a compreensão de contextos atuais. A
cultura líquido-moderna não se percebe mais como uma cultura do aprendizado e do
acúmulo, como outrora registrada nos relatos de historiadores. Parece estarmos vivendo
um momento de culturas do desengajamento, da descontinuidade e do esquecimento.
Diante das reflexões do autor, pode perceber-se que essas manifestações vêm a
contribuir no processo do conhecimento pelo aprender na convivência.

Para uma melhor compreensão do que Bauman aponta em suas ideias, tendo como
viés a reflexão educativa, trazemos suas contribuições, em uma entrevista concedida a
professora Alba Porcheddu (2009), quando afirma: no mundo líquido-moderno, a
solidez das coisas, tanto quanto a solidez das relações humanas, vêm sendo interpretada
como uma ameaça: qualquer juramento de fidelidade, compromissos a longo prazo,
prenuncia um futuro sobrecarregado de vínculos que limitam a liberdade de movimento
e reduzem a capacidade de agarrar no vôo as novas e ainda desconhecidas
oportunidades. A perspectiva de assumir uma coisa pelo resto da vida é absolutamente
repugnante e assustadora. As coisas mais desejadas envelhecem rapidamente, logo
perdem o brilho e se transformam, em pouco tempo, de distintivo de honra em marca de
vergonha.

A educação pode ser um processo que possibilita a compreensão das relações e das
ações humanas. É entendida de um modo geral, como um conjunto de atividades

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incumbidas de transmitir e promover valores éticos e morais, tornando-se, de certa
forma, um processo não-material, que implica em idéias, conceitos, hábitos, habilidades,
bem como de compreender e empreender princípios que sejam consagrados à vida de
cada ser humano no decorrer de toda a sua existência, auxiliando no processo de
transformação desse ser humano.

Esse conjunto de interações e ações do ser humano, citado anteriormente, compõe


os contextos culturais. Para compreender esse conjunto de entrelaçamentos culturais,
imbricados na vida do ser humano, com suas redes de conversações que transmitem
emoção, Maturana e Verden-Zöller (2006, p. 33) sustentam que:

na vida cotidiana, quando falamos de cultura ou de assuntos culturais, é uma rede


fechada de conversações que constitui e define uma maneira de convivência humana
como uma rede de coordenações de emoções e ações. Esta se realiza como uma
configuração especial de entrelaçamento do atuar com o emocionar da gente que vive
essa cultura. Desse modo, uma cultura é, constitutivamente, um sistema conservador
fechado que gera seus membros à medida que eles a realizam por meio de sua
participação nas conversações que a constituem e definem.

Ao reconhecer e conviver na participação do contexto de elementos culturais, o


ser humano pode configurar-se como mais humano. Pode entender-se, então, que,
mudando as conversações, mudamos a cultura, e que, se ela se constituir em diálogos de
amor e respeito, teremos uma sociedade que respeita o outro como legítimo outro na
convivência.

Read (2001) apresenta dois objetivos vitais para a educação: O ser humano deveria
ser educado para se tornar o que é, e deveria ser educado para tornar-se o que não é. O
ser humano deve ser quem ele é. Cada ser humano tem suas características próprias que
devem ser mantidas.

2. O PROCESSO EDUCATIVO DO SER HUMANO

O ser humano é dotado de características singulares, que o transforma em único,


particular em função de sentimentos, raciocínio, emoções, habilidades e concepções que
formam seu caráter e repercute em seu comportamento. Na formação desta
singularidade existem atividades, ações que sedimentam uma personalidade, dentre
estas atividades está a educação, ferramenta inerente ao próprio ser humano e que o

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acompanha desde o seu nascimento. Para Freire (1999, p. 43), “Não há educação fora
das sociedades humanas, e não há homem no vazio”, por isso mesmo podemos afirmar
que sua ocorrência se dá em várias esferas do convívio humano.

A espécie humana vive a educação permanentemente, em todas as suas relações


e situações do cotidiano. Desde a família, primeiro núcleo social no qual nos
relacionamos com o outro, passando por diversas instituições, tais quais, a escola
(instituição formal de ensino), as religiões, associações, clubes esportivos, comunidades
em que vivemos, entre outros, é que acontecem processos educativos em nossas vidas.
O compartilhamento de saberes, experiências, informações, concepções, crenças, fazem
parte desse processo recíproco de ensino-aprendizagem que validam a educação
reafirmando as palavras de Freire, de fato “não há homem no vazio”, e nenhum sujeito
se educa sem a participação do outro.

Podemos considerar na educação que sua influência resulta na formação e


transformação do caráter do indivíduo, em seu comportamento e em seu
comprometimento com o mundo em que vive. É nas trocas de experiências e relações
mutuas que o homem vivencia a educação, independente da instituição em que isso
acontece. Sua relevância começa desde o início de vida, pois, é em tenra idade que se
faz necessário transmitir conhecimentos morais, intelectuais, e culturais ao ser humano.
Compreende-se então que o ato de educar vai além de uma mera transmissão de um
saber intelectual, é a prática de instruir, ensinar e desenvolver as capacidades humanas,
visando à integração social.

A educação tem sua ação na cognição, no desenvolvimento motor, sensorial,


psíquico e social do indivíduo, sendo também seu próprio processo de humanização.
Por este motivo, surge a necessidade em ofertá-la da melhor forma possível, garantindo
qualidade, e de maneira que possibilite e/ou oportunize um convívio cortês e respeitoso
entre as pessoas, bem como o favorecimento de seu intelecto. Assim sendo, esperasse
que o ser humano tenha capacidade de discernir e viver em comunhão com seu
próximo, baseado nas lições e nos valores que estruturam sua vida.

Indiscutivelmente, o processo de educação nos seres humanos é um aspecto


relevante na construção da sociedade, especialmente no que se espera desenvolver uma
sociedade justa e ética, por isso mesmo, gera preocupação em todo o mundo. É

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recorrente a discussão a respeito de teorias e práticas que lhe garantam melhorias, bem
como ações que contribuam com sua efetivação. Sua relevância diz respeito também ao
caráter humanístico desse processo, envolvendo os valores morais que são transmitidos.
Contudo é prudente lembrar que a educação não se dá apenas na escola, tendo seu
surgimento anterior à instituição escolar, como nos garante o sociólogo e educador
Brandão (2007).

Para Piaget (1998, p. 33), “A educação é, por conseguinte, não apenas uma
formação, mas uma condição formadora necessária ao próprio desenvolvimento
natural”, com isso, entende-se que o ser humano para desenvolver-se precisa ser
colocado em ambiente que favoreça o seu processo educativo. Então, em toda parte e a
todo instante a educação acontece, nas relações com o outro, com o meio, nas ações
cotidianas, nas trocas de informações, nas transmissões e recepções mutuas de
conhecimentos. Tais acontecimentos independem da escola, embora esta seja de grande
relevância na sociedade humana. Conceber a educação fora dos espaços formais de
ensino não significa minimizar a importância que estas instituições têm. Sendo o
próprio desenvolvimento natural do humano, seja qual for a forma com que se dará a
educação, e seja qual for o espaço em que irá ocorrer, é certo que acontecerá e isso
implica também formar valores humanos.

Tendo em vista que o ser humano é complexo e que não é apenas um ser
biológico, mas também é emoção, sentimento e recebe influências do outro com quem
convive e do meio, logo podemos afirmar que o homem é também um ser cultural. É no
cotidiano, nas relações que o ser humano vivencia a educação e a cultura faz parte desse
processo. Aspectos culturais da sua comunidade, de seu povo, de seus ancestrais
também conduzem sua vida e são validados a partir do momento que são praticados.
Ninguém escapa da educação como não escapa da cultura que está inserido, esses
aspectos fazem parte da realidade humana e não há como desintegrá-los. Morin (2000,
p. 52) nos diz que o homem se realiza plenamente na cultura.

O homem somente se realiza plenamente como ser humano pela cultura e na


cultura. Não há cultura sem cérebro humano (aparelho biológico dotado de competência
para agir, perceber, saber, aprender), mas não há mente (mind), isto é, capacidade de
consciência e pensamento, sem cultura. A mente humana é uma criação que emerge e se
afirma na relação cérebro-cultura. Com o surgimento da mente, ela intervém no

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funcionamento cerebral e retroage sobre ele. Há, portanto, uma tríade em circuito entre
cérebro/mente/cultura, em que cada um dos termos é necessário ao outro. A mente é o
surgimento do cérebro que suscita a cultura, que não existiria sem o cérebro.

Sendo um ser cultural e capaz de absorver e reproduzir ensinamentos da cultura


em que vive, o homem constrói e reconstrói a educação, seja nas escolas e instituições
formais de ensino como também nos espaços não-formais. Os conhecimentos que
recebe, as crenças com que conduzem sua vida, são retransmitidas ao longo da sua
existência, deixando um legado que terá continuidade entre as gerações vindouras.
Desse modo a cultura e a educação têm seguimento continuo, não se limitam a um
espaço nem a um indivíduo, mas são compartilhados e vivenciados por todos que fazem
parte da sociedade humana. Todavia, isso não quer dizer que a educação é única em
toda parte do mundo, tão pouco que a cultura é a mesma entre todos os povos, mas que
são vividas por todos os homens, onde há vida humana.

3. FORMAÇÃO DE VALORES NO PROCESSO EDUCATIVO DO SER


HUMANO

Entrelaçada ao processo educativo do indivíduo e à cultura temos a formação de


valores, pois toda forma de se educar seja formal ou não formal contem valores que não
só instrui como também passam a fazer parte da vida humana. A experiência de um
processo de aprendizagem seja ele de caráter formal ou não, pressupõe a formação de
algum valor, seja este nas relações entre a formação, construção e difusão do
conhecimento, ou mesmo nas relações entre os indivíduos. Podemos afirmar que os
valores morais são inseridos na vida do homem desde a infância quando começam
receber as orientações da família e quando interage com seu próximo. “... a criança no
seu processo de desenvolvimento, influência o ambiente e a si mesma, ao mesmo tempo
em que é influenciado por ele”. (VIGOTSKI apud PALMEIRA, 2008, p. 133). Tais
influências também geram valores que repercutem por toda existência humana.

A formação de valores no indivíduo se faz inexorável e tendo relação direta com


a educação enquanto processo, torna-se relevante discorrer sobre o assunto conferindo
seu acontecimento que extrapola os núcleos sociais, estando nas instituições diversas,
ou seja, no seio familiar, na escola, nas instituições religiosas, no esporte, associações,
locais de trabalho, enfim, onde há vida humana. Tendo os núcleos sociais importantes
contribuições nos ensinamentos e estabelecimento dos valores humanos, pretende-se

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compreender o que são estes valores e como têm se formado na sociedade, para então
perceber que a educação acontece a partir da relação entre os seres humanos, no
convívio com o outro e que essa relação é regada pelas concepções de valores que cada
um tem.

O conceito de valor se entende dependendo do tipo em questão e encontramos


várias abordagens ao termo, tais quais os morais e éticos, que se resumem em valores
humanos; e os monetários, financeiros, que fazem parte da economia, empregados à
quantificação e qualificação de determinado atributo tangível ou intangível. Mas o
significado de valor que se emprega na formação do ser humano diz respeito à
qualidade, préstimo, aquilo que se toma como ideal moral de vida concebido, como um
conjunto das virtudes humanas. O ser humano é um ser histórico, dotado de inteligência,
emoções, raciocínio, sentimentos, fé, crenças que de certa forma predispõe a
necessidade de um ensinamento moral. É também na construção dos valores que o
homem faz a educação acontecer, pois faz parte dessa espécie a aquisição de uma
moralidade e de uma ética que o conduza viver em sociedade. O próprio homem faz sua
moral, constrói suas leis baseado na ética e segue o padrão que lhe é conveniente ou que
lhe tenha significado pessoal. Vasquez (2001, p. 23) diz que “a ética é a teoria ou
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Então, é fato que a ética
está ligada à moral e faz valer sua formação nos indivíduos.

Falar de moral é também falar de ética e perceber que a educação está ligada aos
valores que norteiam os homens, fazendo parte tão somente da vida humana. Se é o
próprio quem produz suas leis baseadas na moral e na ética, isso não acontece do nada,
há uma necessidade em se relacionar com o outro e com o meio, para tanto, surge a
necessidade de essa relação ser plausível e harmoniosa, garantido direitos e deveres para
todos. Neste sentido vemos que os padrões morais vividos pelo indivíduo são
influenciados direta ou indiretamente pela sociedade, pela sua comunidade, seja família,
escola, religião, nos grupos em que este convive. Há nessa vivência uma continua
transmissão/recepção/retransmissão de valores e saberes.

Pertencemos a diversas instituições, nossa educação acontece a todo o momento,


em diversos espaços e a moral humana tem diversas características. Vemos que esta se
relaciona com a ética, construindo as sociedades e está ligada à educação. É possível
dizer que também tem ligação com crenças e com a religião. Entendendo por religião a

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fé, “a crença na existência de forças sobrenaturais ou num ser transcendente e sobre-
humano, todo-poderoso (ou Deus), com o qual o homem está em relação ou está
religado” (VASQUEZ, 2001, p. 89). As instituições religiosas têm parte relevante na
construção/inserção dos valores morais no homem, além da família, escola, e grupos
sociais diversos em que fazemos parte ao longo de nossas vidas e que influenciam, no
desenvolvimento do nosso caráter. A crença religiosa nos conduz moralmente de acordo
com seus dogmas, suas doutrinas e acaba por influenciar na nossa educação, na nossa
visão de mundo e conduta moral.

Mas, evidentemente, existe uma moral de inspiração


religiosa que desempenha também a função de regulamentar as
relações entre os homens em consonância com a função da
própria religião. Assim, os princípios básicos desta moral- amor
ao próximo, respeito à pessoa humana, igualdade espiritual de
todos os homens, reconhecimento do como pessoa (como fim) e
não como coisa (meio ou instrumento) – constituíram, numa
determinada fase histórica (particularmente na época da
escravidão e servidão feudal), um alívio e uma esperança para
todos os oprimidos e explorados, aos quais se negava na terra o
amor, respeito, igualdade e reconhecimento. (VASQUEZ, 2001,
p. 91).

Não há como negar que a religião também forma valores e faz parte da
educação. Certamente que a moral inspirada pela igreja e templos religiosos revela a
crença em um ser superior e se baseia no bem, conduzindo os fieis a seguirem os
padrões de virtudes. É também inspirado pela fé e sentimento de religiosidade que o
homem se comporta, pois age de acordo com o que acredita. Mesmo havendo uma
diversidade religiosa, o seguimento no bem é ponto essencial, ainda que a concepção de
bem e mal também possa divergir. De certa forma, toda religião se preocupa em orientar
seus adeptos influenciando seu caráter.

Uma vez educado e inserido num contexto de virtudes, numa educação moral e
ética, o ser humano não mais escapa das consequências que lhe cabem ao transgredir
esses valores. Essa educação começa no seio familiar, permeia toda a esfera social e
instituições diversas, não permitindo escapatória. Influencia o indivíduo desde a

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infância e o acompanha ao longo se sua existência. Faltar com a moral imputa
consequências que podem causar devastações diversas, não apenas a quem lhe
transgride como os que estão a sua volta, já que é na interação social, na relação com o
meio e com o outro que o homem se educa e se forma moralmente. É num conjunto de
normas que a moral e a ética habitam, e tais normas são invenções humanas, de
responsabilidade humana.

Proceder na moral e ética revela que os indivíduos têm educação, que foram
instruídos e formados nos valores que sustentam as sociedades e depende de todos
manterem os padrões, não importando a qual classe social pertence. Quando Bauman
nos diz sobre a relação entre os seres humanos, de uma dependência que faz uns
influenciarem os outros, logo faz lembrar Paulo Freire ao afirmar que não há homem no
vazio. É assim que a educação acontece, também nos processos de formação de valores,
não há como dissociá-la da moral e da ética.

4. TRABALHO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA COMO


CATEGORIAS INDISSOCIÁVEIS DA FORMAÇÃO HUMANA

Partimos do conceito de trabalho pelo fato de o compreendermos como uma


mediação de primeira ordem no processo de produção da existência e objetivação da
vida humana. A dimensão ontológica do trabalho é, assim, o ponto de partida para a
produção de conhecimentos e de cultura pelos grupos sociais.

O caráter teleológico da intervenção humana sobre o meio material, isto é, a


capacidade de ter consciência de suas necessidades e de projetar meios para satisfazê-
las, diferencia o homem do animal, uma vez que este último não distingue a sua
atividade vital de si mesmo, enquanto o homem faz da sua atividade vital um objeto de
sua vontade e consciência. Os animais podem reproduzir, mas o fazem somente para si
mesmos; o homem reproduz toda a natureza, o que lhe confere liberdade e
universalidade. Dessa forma, produz conhecimentos que, sistematizados sob o crivo
social e por um processo histórico, constitui a ciência.

A ciência, portanto, é a parte do conhecimento melhor sistematizado e


deliberadamente expresso na forma de conceitos representativos das relações
determinadas e apreendidas da realidade considerada. O conhecimento de uma seção da
realidade concreta ou a realidade concreta tematizada constitui os campos da ciência, as

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disciplinas científicas. Conhecimentos assim produzidos e legitimados socialmente ao
longo da história são resultados de um processo empreendido pela humanidade na busca
da compreensão e transformação dos fenômenos naturais e sociais. Nesse sentido, a
ciência conforma conceitos e métodos cuja objetividade permite a transmissão para
diferentes gerações, ao mesmo tempo em que podem ser questionados e superados
historicamente, no movimento permanente de construção de novos conhecimentos.

A revolução industrial, seguida do taylorismo, do fordismo, e da automação,


expressam a história da tecnologia nos marcos da transformação da ciência em força
produtiva. Definem, assim, duas características da relação entre ciência e tecnologia. A
primeira é que tal relação se desenvolve com a produção industrial. A segunda é que
esse desenvolvimento visa à satisfação de necessidades que a humanidade se coloca, o
que nos leva a perceber que a tecnologia é uma extensão das capacidades humanas.
Podemos definir a tecnologia, então, como mediação entre ciência (apreensão e
desvelamento do real) e produção (intervenção no real).

Entendemos a cultura, finalmente, como norma de comportamento dos


indivíduos numa sociedade e como expressão da organização políticoeconômica dessa
sociedade, no que se refere às ideologias que cimentam o bloco social (Gramsci, 1991).
Por essa perspectiva, a cultura deve ser compreendida no seu sentido mais ampliado
possível, ou seja, como a articulação entre o conjunto de representações e
comportamentos e o processo dinâmico de socialização, constituindo o modo de vida de
uma população determinada. Portanto, cultura é o processo de produção de símbolos, de
representações, de significados e, ao mesmo tempo, prática constituinte e constituída do
e pelo tecido social. Uma formação integrada, portanto, não somente possibilita o
acesso a conhecimentos científicos, mas também promove a reflexão crítica sobre os
padrões culturais que se constituem normas de conduta de um grupo social, assim como
a apropriação de referências e tendências estéticas que se manifestam em tempos e
espaços históricos, os quais expressam concepções, problemas, crises e potenciais de
uma sociedade, que se vê traduzida ou questionada nas manifestações e obras artísticas.

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CONCLUSÃO

Pensar a educação é pensar o homem em sua totalidade. Embora a reflexão a


cerca disso seja complexa, dada a complexidade humana, se faz necessário conhecer as
bases que norteiam a vida dos indivíduos fazendo valer a educação. Conhecer o
processo educativo que orienta os cidadãos nos revela essas bases que lhes sustentam. É
fato a relevância da educação, pois onde há vida humana, há educação e está se
relaciona com a moral e a ética. Portanto, a análise sobre a educação requer também
uma análise sobre a formação de valores humanos. O que também leva uma reflexão
sobre as instituições sociais que se ocupam em educar os indivíduos, na diversidade que
compõe o mundo.

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REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna; Trad. Rezende Costa; São Paulo; Paulus;
1997.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues; O que é educação?; São Paulo-SP; Editora Brasiliense;


1981. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, paz e Terra,
1999.

GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/ não-formal. L'éducation contre


l'éducation: l'oubli de l'éducation au travers deL'Education Permanente. Lausanne: Ed.
L'Age d'Homme. 2005.

GOHN, Maria da Glória. Educação não formal, participação da sociedade civil e


estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14,
n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

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