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FACVLDADE MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE PSICOLOGIA

REGINA DE FÁTIMA MARCOS DA SILVA

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL NA


IDADE ESCOLAR

Fortaleza
2014
REGINA DE FÁTIMA MARCOS DA SILVA

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL NA


IDADE ESCOLAR

Artigo apresentado como requisito parcial para


obtenção da nota da disciplina Métodos e técnicas da
pesquisa psicológica pela Faculdade Maurício de
Nassau de Fortaleza.

Orientadora: Prof.ª Maria Regina Ponte da Silva.

Fortaleza
2014
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5
2 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM............................................... 6
3 A APRENDIZAGEM: CONCEITO E SUAS CARACTERISTICAS...... 7
4 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: VYGOTSKY............... 10
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 15
REFERÊNCIAS........................................................................................... 16
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL NA IDADE
ESCOLAR

Regina de Fátima Marcos da Silva1

RESUMO

Aprendizagem e Desenvolvimento intelectual na idade escolar é o tema do presente artigo. É


importante compreender de modo aprofundado a relevância da aprendizagem da criança na
vida escolar e o seu desenvolvimento, sobre os conceitos e suas características de
aprendizagem e desenvolvimento. Enfatizando a importância da aprendizagem, relacionando
o processo de aprendizagem com o processo de desenvolvimento e o que Vygotsky ressalta
sobre o desenvolvimento.

Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento. Vygotsky

ABSTRACT

Learning and intellectual development at school age is the subject of this article. It is
important to understand in depth the relevance of the child's learning in school life and its
development, the concepts and characteristics of learning and development. Emphasizing the
importance of learning, relating the learning process to the process of development and
Vygotsky emphasizes on the development.

Keywords: Learning. Development. Vygotsky.

1
Graduanda em Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau em Fortaleza - CE, 3° semestre, 2014.
regina_marcos90@hotmail.com
5

1 INTRODUÇÃO

Lev Semenovitch Vygotsky2 nasceu em 1896, na Bielo-Rússia, um país que fez parte
da União Soviética, e morreu aos 37 anos em 1934 de tuberculose. Era membro de uma
família com uma situação econômica bastante confortável e morava num dos lugares mais
culto das cidades.
Formou se em Direito e trabalhou como professor e pesquisador nas áreas de
Pedagogia, Psicologia, Filosofia, Literatura, Deficiência Física e Mental. Escreveu cerca de
duzentos trabalhos científicos que foram pontos de partida para inúmeros projetos de
pesquisas posteriores. Os temas dessas publicações vão desde a neuropsicologia até a crítica
literária, passando por deficiência, linguagem, psicologia e educação.
Na presente pesquisa, pretende-se compreender as influências da ‘aprendizagem’ na
construção do desenvolvimento humano. Daí a importância de conceitua-la e relatar suas
características. O homem em constante mudança é provocado e desafiado a aprender e se
desenvolver continuamente.
Segundo Wood et al. (1976 apud BEE, 2003, p. 48), Vygotsky acredita que “a
aprendizagem da criança sobre novas habilidades cognitivas é orientada por um adulto (ou por
uma criança mais experiente, como um irmão mais velho), o qual modela e estrutura a
experiência de aprendizagem da criança”.
Quais as influências da aprendizagem sobre o desenvolvimento? O desenvolvimento
depende da aprendizagem? Ou a aprendizagem depende do desenvolvimento? A criança
mesmo antes de entrar numa escola e ao aprender coisas novas, ela já tem uma desenvoltura
inata ou ela só desenvolve se realmente estiver aprendendo coisas novas? Quais as
contribuições de Vygotsky em relação à aprendizagem e desenvolvimento? Como se dá o
processo de desenvolvimento de uma criança que está no período escolar, diante de sua
singularidade e dos novos desafios postos pela escola? São questionamentos como esses que
justifica a realização da pesquisa presente, não pretendendo chegar a uma generalização ou
uma conclusão, mas contribuir para possíveis reflexões para os profissionais da área de
humanas.

2
Lev Semenovitch Vygotsky - O psicólogo russo Lev Vygotsky (1896 – 1934), em geral, é considerado como
pertencente ao cognitivo - desenvolvimental.
2 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM

Percebe se que ao longo de todos os tempos, a aprendizagem sempre fez parte do


cotidiano das pessoas e até mesmo dos animais. Desde o nascimento do ser vivo, existe uma
luta por sobrevivência, um exemplo é quando a criança aprende a andar. Assim como o
animal, também passa por esse processo, mas no limite de sua natureza, com uma proporção
menor do que a dos seres humanos.
Considerando todas as habilidades, o conhecimento, os comportamentos, dentro da
escola ou fora desta, a aprendizagem é algo que acompanha o indivíduo por toda a vida, se
não fosse assim, o ser humano não saberia como se expressar, como falar, como lidar com as
pessoas, ou seja, todas as atividades exercidas por este, são resultados da aprendizagem.

A aprendizagem é lenta, de pequena extensão e sem grande importância na


vida animal. Diferentemente do ser humano, conforme o crescimento e as
demandas fisiológicas, sociais, culturais, cognitivas, a importância da
aprendizagem nas atividades é de extrema relevância (CAMPOS, 2008, p.
13).

Freinet (1974), assinala da importância dos utensílios, instrumentos e técnicas para


que a criança possa aprender. Por que são indissociáveis a teoria e a prática.

Para Freinet, a criança tinha que estudar, claro, mas ela tem que ter o tempo
para brincar, o tempo para ser criança. Essa foi uma luta grande dele, para
que se desse menos lições para casa, tem que aprender na escola o mais que
puder e, em casa, é para ler, para fazer coisas, mas não ocupar a criança
completamente só para aprender e ficar sem tempo livre para ser criança.
(FREINET, 1974 apud VYGOTSKY, 20--).

Diante da atualidade, as crianças hoje têm uma facilidade maior de aprendizagem,


através de jogos, de materiais exclusivos, facilitando sua aprendizagem, sendo assim, a
criança consegue assimilar de forma mais ampla a realidade. Conforme Leontiev (2006, p.
59), a criança “assimila o mundo objetivo como um mundo de objetos humanos reproduzindo
ações humanas com eles”.
Explicar o mecanismo da aprendizagem é esclarecer a maneira pela
qual o ser humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo em
que vive, organiza sua conduta e se ajusta ao meio físico e social. E,
pois, pela aprendizagem que o homem se firma como ser racional,
forma sua personalidade e se prepara para o papel que lhe cabe no seio
da sociedade (CAMPOS, 2008, p. 16).
No processo de aprendizagem se torna importante compreender quais métodos
facilitam e contribuem para o desenvolvimento intelectual da criança no período escolar. O
diálogo e a interação são recursos primordiais e imprescindíveis para o processo de
aprendizagem e desenvolvimento da criança. O processo de aprendizagem é eminente para o
ser humano, junto a sua racionalidade, o difere de todos os seres vivos. Através da
aprendizagem o homem se torna capaz de exercer qualquer atividade, como o de construir um
avião, de pilotar um avião etc.

3 A APRENDIZAGEM: CONCEITO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Conceituar aprendizagem e apontar suas características é um exercício bem mais


amplo do que apenas pesquisar a palavra “aprendizagem” no dicionário e buscar suas
características no Google. Segundo Campos (2008),

O estudo aprendizagem, sua natureza, suas características e fatores


que nela influenciam constitui, portanto, um dos problemas mais
importantes para a psicologia e para o educador, seja ele pai,
professor, orientador ou administrador de instituições educativas
(CAMPOS, 2008, p. 16).

Diante da complexidade do estudo, segundo algumas considerações de aprendizagem


que diferem entre alguns teóricos, para ser ter uma ideia inicial, serão referidas algumas
contribuições de psicólogos referenciais sobre os conceitos de aprendizagem:

Um processo de associação entre uma situação estimuladora e a resposta,


como se verifica na teoria conexionista da aprendizagem; O ajustamento ou
adaptação do indivíduo ao ambiente, conforme a teoria funcionalista; Um
processo de reforço do comportamento, segundo a teoria baseada em um
sistema dedutivo-hipotético, formulado por Hull; Um condicionamento de
reações, realizado por diversas formas, tal como se verifica, por exemplo, no
condicionamento contíguo de Guthrie ou no condicionamento operante de
Skinner; Um processo perceptivo, em que se dá uma mudança na estrutura
cognitiva, de acordo com as proposições das teorias gestaltistas (CAMPOS,
2008, p. 28).
Percebe se então, as divergências e a dificuldade de uma resposta satisfatória para
definir aprendizagem, no entanto, várias abordagens sobre aprendizagem estão relacionadas
com a prática ou a repetição e com as mudanças de comportamentos.
Hilgard (19--), apresenta a seguinte definição, que considera como satisfatória para
despertar a atenção sobre os processos de aprendizagem.

Aprendizagem é o processo pelo qual uma atividade tem origem ou é


modificada pela reação a uma situação encontrada, desde que as
características da mudança de atividade não possam ser explicadas por
tendências inatas de respostas, maturação ou estados temporários do
organismo (por exemplo, fadiga, drogas etc.) (HILGARD, 19-- apud
CAMPOS, 2008, p. 30).

Para maioria das contribuições referidas anteriormente, parece que aprendizagem está
relacionada com uma modificação sistemática do comportamento ou da conduta, pela prática
ou repetição, em função dos estímulos ambientais e orgânicos.

O conceito de aprendizagem emergiu das investigações empiristas em


Psicologia, ou seja, de investigações levadas a termo com base no
pressuposto de que todo conhecimento provém da experiência. Isso significa
afirmar o primado absoluto do objeto e considerar o sujeito como uma tábula
rasa, uma cera mole, cujas impressões do mundo, formadas pelos órgãos dos
sentidos, são associadas umas às outras, dando lugar ao conhecimento. O
conhecimento é, portanto, uma cadeia de idéias atomisticamente formada a
partir do registro dos fatos e se reduz a uma simples cópia do real.
(GIUSTA, 1985, p. 26 apud NEVES E DAMIANI, 2006).

Talvez as pessoas tenham uma ideia de que aprendizagem só esteja relacionada à


memória, ao intelectual ou mental. Mas como já foi mencionada, a aprendizagem está
relacionada com o ato de sobrevivência, de ajustamento, do equilíbrio e principalmente das
experiências. Sendo assim, o Behaviorismo foi uma das primeiras abordagens a se preocupar
em definir a aprendizagem:

A meta do behaviorismo sempre foi a construção de uma psicologia


"científica", livre da introspecção e fundada numa metodologia
"materialista" que lhe garantisse a objetividade das ciências da natureza. A
objetividade perseguida pelo behaviorismo é a mesma do positivismo em
geral e, por isso, termos como consciência, inconsciente e similares banidos
da linguagem psicológica. A Psicologia vem definida como a "ciência do
comportamento" (observável) e o comportamento é entendido como produto
das pressões do ambiente, significando o conjunto de reações a estímulos,
reações essas que podem ser medidas, previstas e controladas. Nessa via de
interpretação, ganha sentido a definição de aprendizagem como "mudança de
comportamento resultante do treino ou da experiência". Aqui, tem-se uma
definição em que a dissolução do sujeito do conhecimento é evidente. Ele é
realmente aquela cera mole de que se falou anteriormente e, por isso, a
aprendizagem é identificada com o condicionamento (GIUSTA, 2013, p.
22).

Caracterizando os processos de aprendizagem foram destacados seis processos,


segundo Campos (2008, p. 34) tais elas são: Processo dinâmico; Processo contínuo; Processo
global; Processo pessoal; Processo gradativo; Processo cumulativo.
O Processo dinâmico da aprendizagem se dá através da atividade externa física, da
atividade interna, mental e emocional. Ou seja, envolve uma ação global do indivíduo, assim
como a escola tem esse poder dinâmico da aprendizagem diante do aluno.
O processo contínuo é o processo natural da vida, onde desde cedo, a criança aprende
a sugar o leite do peito da mãe. No decorrer da vida, assim como na família, na escola, na
profissão irão exigir esforços do aprendizado contínuo.
O processo global envolve os aspectos motores, emocionais e ideativos ou mentais.
As mudanças de comportamento exigem uma participação global do indivíduo e são as
características da personalidade que entram em ação no ato de aprender diante das situações
vulneráveis.
O processo pessoal vai da singularidade de cada pessoa, ou seja, essa forma de
aprender, não depende de outrem, pois cada indivíduo tem seu ritmo de aprendizagem.
O processo gradativo da aprendizagem é conforme os níveis e obstáculos a superar,
assim como nas escolas, cada aluno tem sua série.
O processo cumulativo constitui se a partir das experiências anteriores, através de
situações desagradáveis é que se dá o ajustamento de comportamento, resultando então em
uma aprendizagem cumulativa.

4 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: VYGOTSKY

Ao estudar as relações da aprendizagem e o desenvolvimento, muitos autores de livros


importantes se destacam nessa área. Quando tratamos da aprendizagem, logo ligamos ao
desenvolvimento de comportamentos humanos e associamos a Pavlov com o
condicionamento clássico e o condicionamento operante de Skinner.
Desenvolvimento também é um dos assuntos que muito interessa a área da Psicologia,
e Vygotsky foi um dos protagonistas importante ao trazer as relações entre desenvolvimento e
aprendizagem, por ser um autor que trabalha muito nessa área da Psicologia ligada à
educação.
Se tratando de desenvolvimento, Vygotsky descreve os “Planos Genéticos de
Desenvolvimento”, por ser um interacionista, levando em conta as coisas que já vêm de
dentro do sujeito e as coisas que vêm do ambiente. Vygotsky pontua quatro entradas de
desenvolvimento que caracterizam o funcionamento psicológico do ser humano: a Filogênese
que se trata da história da espécie humana; a Ontogênese que é a história do indivíduo da
espécie; a Sociogênese a história cultural no qual o sujeito está inserido e Microgênese que é
o aspecto mais microscópico do desenvolvimento.
No decorrer do tempo, a criança vai crescendo e se desenvolvendo, em cada ano da
sua vida, há sempre uma nova superação e um novo conhecimento, suas capacidades tornam
se maiores e aquilo que era divertido, como brincar de massinha de modelar, vai perdendo
sentido e progressivamente a criança desenvolve se, seja na sua identidade, seja na escola etc.
O período escolar, por ser um tempo considerável na parte das nossas vidas, tem sido um
ambiente de total influência para a criança que está em constante aprendizagem e
desenvolvimento.
Ao se tratar de desenvolvimento, os estudiosos questionam e buscam aprofundar na
relação da criança e o comportamento, como se dá o processo de desenvolvimento? Segundo
Bee, (2003, p. 44) “Será que a criança vai melhorando nas suas escolhas? Melhora nas coisas
que faz, tal como escrever, ler e etc”.
A criança além de ter suas características peculiares e singular, tem também a sua
construção social, histórica, cultural. Na escola, a cada momento são postos novos desafios,
novos amigos, novos conhecimentos, estas ainda passam pelos estágios no curso do
desenvolvimento.

Se o desenvolvimento consiste apenas em adições (mudança quantitativa), o


conceito de estágios não é necessário. Porém, se o desenvolvimento envolve
a reorganização ou a emergência de estratégias, qualidades ou habilidades
inteiramente novas (mudança qualitativa), então o conceito de estágios passa
a ser atraente (BEE, 2003, p. 44).

Muitas vezes, é falado no cotidiano: “há, é só um estágio em que ela está passando”, e
quando a criança está num novo estágio, executa as tarefas de um modo diferente, ela vê um
mundo de forma diferente.
A questão é. É possível desenvolver sem passar pelo processo de aprendizagem? Para
iniciar um postulado básico de sua teoria, Vygotsky acredita que o desenvolvimento humano
se daria de fora para dentro,

Por causa da importância da cultura, por causa da importância da imersão do


sujeito no mundo humano em volta dele. A ideia de que o desenvolvimento
se dá de fora para dentro, portanto a aprendizagem aparece como uma coisa
extremamente importante para ele na definição dos rumos do
desenvolvimento. Para Vygotsky a aprendizagem é que promove o
desenvolvimento (VYGOTSKY, 20--, p. 32).

A criança no período escolar recebe estímulos externos e vivencia situações adversas.


São essas coisas que fazem as crianças aprenderem e desenvolverem se. O processo de
aprender é que vai determinar o desenvolvimento. Posto isto, Vygotsky (20--, p. 32) acredita
que “a aprendizagem é que promove o desenvolvimento”.
Segundo Vygotsky (20--, p. 34) “o desenvolvimento se daria mais de dentro para fora, o
motor endógeno de desenvolvimento é que impulsionaria o desenvolvimento psicológico. Por
desenvolver-se é que o sujeito pode aprender”. Ou seja, Ele aprende porque está em um
determinado estágio de desenvolvimento.

Um fato surpreendente, e até hoje desprezível, é que as pesquisas sobre o


desenvolvimento do pensamento no estudante costumam partir justamente
do princípio fundamental desta teoria, ou seja, de que este processo de
desenvolvimento é independente daquele que a criança aprende realmente na
escola. A capacidade de raciocínio e a inteligência da criança, suas ideias
sobre o que a rodeia, suas interpretações das causas físicas, seu domínio das
formas lógicas do pensamento e da lógica abstrata são considerados pelos
eruditos como processos autônomos que não são influenciados, de modo
algum, pela aprendizagem escolar (VYGOTSKY et al, 2006, p. 104).

Segundo Vygotsky et al. (2006, p. 104) “o desenvolvimento deve atingir uma


determinada etapa, com a consequente maturação de determinadas funções, antes de a escola
fazer a criança adquirir determinados conhecimentos e hábitos”. Ou seja, o curso de
desenvolvimento precede sempre o da aprendizagem. E a aprendizagem segue sempre o
desenvolvimento. Uma das teorias mais conhecidas de Vygotsky é a Zona de
Desenvolvimento Proximal ou a teoria da área de desenvolvimento potencial,

[...] zona de desenvolvimento proximal – aquela variedade de tarefas que são


difíceis demais para a criança fazer sozinha, mas que ela consegue realizar
com orientação. À medida que a criança se torna mais hábil, a zona de
desenvolvimento proximal se amplia de modo regular, incluindo tarefas
ainda mais difíceis (BEE, 2003, p. 48).
Ou seja, é onde o nível de aprendizagem deve ser coerente com o nível de
desenvolvimento da criança. Vygotsky acredita que a área de desenvolvimento potencial nos
permite, “determinar os futuros passos da criança e a dinâmica do seu desenvolvimento e
examinar não só o que o desenvolvimento já produziu, mas também o que produzirá no
processo de maturação”. Para Koffka,

O desenvolvimento continua referindo se a um âmbito mais amplo do que a


aprendizagem. A relação entre ambos os processos pode representar se
esquematicamente por meio de dois círculos concêntricos; o pequeno
representa o processo de aprendizagem e o maior, o do desenvolvimento,
que se estende para além da aprendizagem. (KOFFKA, 19-- apud
VYGOTSKY et al., 2006, p. 109).

Para Vygotsky a aprendizagem promove o desenvolvimento, porém o autor diz que o


processo de desenvolvimento da criança não depende só do processo de aprendizagem na
escola. Mesmo antes de entrar na escola, a criança tem uma capacidade inata para o seu
desenvolvimento através das interações humanas e condições da vida.

Segundo estas teorias, a aprendizagem é um processo puramente exterior,


paralelo, de certa forma, ao processo de desenvolvimento da criança, mas
que não participa ativamente neste e não o modifica absolutamente: a
aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, em vez de se
adiantar ao seu curso e de mudar a sua direção (VYGOTSKY et al, 2006, p.
103).

Conforme Vygotsky et al. (2006, p. 109) “[...] a aprendizagem da criança começa


muito antes da aprendizagem escolar. A aprendizagem escolar nunca parte do zero. Toda a
aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história”. Ou seja, existem situações diárias
na vida da criança, no qual está já encontrou várias operações, sejam elas complexas, sejam
elas simples, assim como o fato da criança sem nunca ter ido a uma escola, mas já falou as
primeiras palavras.

[...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta


organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento mental,
ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não
poderia produzir-se sem a aprendizagem (VYGOTSKY et al., 2006, p. 115).

Diante desta afirmação de Vygotsky, percebe se a importância da escola, no qual a


aprendizagem escolar orienta e estimula os processos internos de desenvolvimento da criança
no período escolar. Pressupõe necessariamente que o processo de desenvolvimento não
coincide com o da aprendizagem, o processo de desenvolvimento segue o da aprendizagem,
criando a área de desenvolvimento potencial.

O desenvolvimento da criança não acompanha nunca a aprendizagem


escolar, como uma sombra acompanha o objeto que a projeta. Os testes que
comprovam os progressos escolares não podem, portanto, refletir o curso
real do desenvolvimento da criança. Existe uma dependência recíproca,
extremamente complexa e dinâmica, entre o processo de desenvolvimento e
o da aprendizagem, dependência que não pode ser explicada por uma única
fórmula especulativa apriorística (VYGOTSKY et al., 2006, p. 116).

Para Vygotsky, a chave está na linguagem e na forma de como os adultos usam para
descrever ou enquadrar as tarefas. Somente num momento posterior é que a criança
desenvolverá tal habilidade. Por isso, Vygotsky valora a escola, o papel do professor, a
intervenção pedagógica, o papel do educador na formação do sujeito.
Vygotsky et al. (2006, p. 116) conclui que a relação da aprendizagem com o
desenvolvimento, todos os processos de aprendizagem “estão todos ligados ao
desenvolvimento do sistema nervoso central. A aprendizagem escolar orienta e estimula
processos internos de desenvolvimento”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAS

O objetivo desse trabalho foi o de compreender a importância da aprendizagem, bem


como entender suas características e a relação com o tempo onde nossas crianças no período
escolar estão vivenciando. Verificar como a noção de aprendizagem e desenvolvimento foi
explorada na elaboração e contribuição de alguns teóricos referenciais, enfatizando a teoria de
Vygotsky sobre desenvolvimento em relação com a aprendizagem.
É importante frisar, a diferença de um adulto quando este estiver em aprendizagem e
passar por níveis diferentes na faculdade, a criança também passa pelo mesmo processo,
acredita se que a diferença essencial consiste nas diversas relações destas aprendizagens com
o processo de desenvolvimento.
Ao final do trabalho, percebemos que a escola tem um papel fundamental no
desenvolvimento e na aprendizagem da criança, pois lá é onde valores são diferenciados da
família, diferenciados dos valores da comunidade e etc. A escola tem a finalidade em
descobrir o aparecimento e o desaparecimento dessas linhas internas de desenvolvimento no
momento em que se verificam, durante a aprendizagem escolar.
É sensato considerar que a vastidão do assunto não permite, nos limites deste trabalho,
uma avaliação conclusiva. Foi possível, porém, enumerar algumas referências para futuras
pesquisas a partir da reunião de algumas reflexões sobre o tema.
REFERÊNCIAS

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese.


– 9.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2003.

CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2008.

GIUSTA, Agnela da Silva. Concepções de Aprendizagem e Práticas


Pedagógicas. Educ. rev. , Belo Horizonte, v 29, n. 1, março de 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
46982013000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 abri. 2014.

NEVES, Rita de Araujo; DAMIANI, Magda Floriana. Vygotsky e as teorias da


aprendizagem; UNIrevista - Vol. 1, n° 2 : abril; 2006; RS; Disponível em:
<http://www.repositorio.furg.br:8080/bitstream/handle/1/3453/Vygotsky%20e%20as%20teori
as%20da%20aprendizagem.pdf?sequence=1>. Acesso em: 30 abr. 2014.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Coleção Grandes Educadores Lev Vygotsky. Tradução


Marta Kohl Oliveira. São Paulo: Atta Mídia e Educação, [20--].

VYGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alex N.


linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. In: LEONTIEV, A. N. Uma Contribuição à
Teoria do Desenvolvimento da Psique Infantil. São Paulo: Ícone, 2006.

VYGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alex N.


linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. In: VIGOTSKII, L. S. Aprendizagem e
Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar. tradução Maria da Penha Villalobos. São
Paulo: Ícone, 2006.

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