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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
COMPONENTE CURRICULAR: LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
TRABALHO FINAL

ADNA LEMOS DE ASSIS


BIANCA MENDES DO NASCIMENTO
JOICY SARAIVA DE LIMA
LETÍCIA CÉSAR POMPEU SALES
MARIA ROSEANE ALVES MARREIRO
MARIANA SANTOS DA COSTA ARAÚJO
TEREZA VICTÓRIA NASCIMENTO RODRIGUES

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

FORTALEZA-CE
2021
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como enfoque a temática do processo de Alfabetização e


Letramento, direcionando e destacando o conceito de Consciência Fonológica e suas
dimensões. Dessa forma, para além de explicitar o que seria a consciência fonológica, também
estaremos falando sobre sua inserção, mesmo que de forma sutil e discreta, na caminhada rumo
à alfabetização e ao letramento.

Através de pesquisas bibliográficas e das discussões apresentadas em sala de aula, foi


possível observar, analisar, estudar e compreender mais a fundo sobre tal conceito, adentrando
tanto em sua importância no processo de alfabetização e letramento das crianças quanto em
como esse fator pode ser abordado, explorado e utilizado por professores, de forma que venha
a beneficiar e enriquecer o processo.

Logo, abaixo serão expostas nossas observações frente às habilidades de consciência


fonológica, suas especificidades e relações com o aprendizado da leitura e da escrita. Isso se
faz necessário uma vez que os fatores supracitados estão interligados, de tal forma que um
complementa o outro, a fim de que um facilite e otimize o papel do outro. Sabemos que, quando
falamos do processo educativo, não estamos falando de uma série de fatores isolados que
trabalham individualmente, e sim de um conjunto, de um todo.

Em vista disso, também apresentaremos um recurso pedagógico de nossa criação, que


pode ser utilizado em sala de aula para auxiliar na aprendizagem das crianças e no
desenvolvimento da consciência fonológica. A importância do desenvolvimento e da reflexão
sobre tal dinâmica, faz-se necessária quando falamos dos benefícios que poderiam advir do
investimento e da exploração da consciência fonológica.
2. REFERENCIAL TEÓRICO

Ao abordarmos o tema de Alfabetização e Letramento, as primeiras palavras que nos


vem à cabeça são: leitura e escrita. No entanto, ao expandirmos nossos horizontes e
considerarmos que esse processo não é composto apenas por esses dois elementos, nos é
possível enxergar o papel e a função da consciência fonológica, que poderíamos postular como
sendo um (YAVAS, 1989) “facilitador” da aprendizagem da leitura e da escrita, de modo que
os alunos que a tivessem mais desenvolvida avançariam mais rapidamente na alfabetização.
Em complemento ao exposto, nos convém pontuar que as crianças já possuem uma
curiosidade natural para conhecer as palavras, tornando, assim, mais fácil a atuação dos
educadores nessa área. Entretanto, também cabe à escola buscar mais formas de despertar esse
interesse e curiosidade de forma espontânea para conhecerem mais sobre a língua, através de
brincadeiras, jogos, ao invés de um ensino sistemático de alfabetização ou a treinos de
pronúncia de fonemas isolados.
Dessa forma podemos observar que desde cedo as crianças podem possuir esse
conhecimento oral das palavras;, por meio do convívio familiar, vivências e experiências com
outras crianças, mas tem uma dificuldade maior para a escrita delas, já que elas ainda não
possuem o entendimento de como as letras podem substituir a parte oral das palavras.
Partindo desse pressuposto, desde o momento em que a criança começa a perceber que
tudo que é falado pode ser escrito, utilizando as 26 letras do alfabeto, ela começa a criar a
consciência dos sons. No entanto, podemos pontuar como um entrave o fato de que:

(...) algumas crianças, após vários meses de ensino em leitura e escrita, ainda se
encontravam “presas” aos significados das palavras ou às propriedades físicas dos
objetos a que se referem, de modo que julgavam que trem era uma palavra maior que
moranguinho, “porque o trem é grande”, ou que bola e laranja seriam palavras
parecidas, “porque são redondas”. (MORAIS, 2007, p. 190/191).

Isso mostra a importância da criança já ter consciência fonológica antes de começar


qualquer método de alfabetização, e para que isso ocorra, é necessário desde cedo, na educação
infantil, os educadores buscarem serem intencionais em trabalharem nisso, pois a falta dessa
consciência pode prejudicar muito no desenvolvimento da alfabetização da criança.
Dentro desse viés, nos convém estabelecer que a consciência fonológica é definida como
a consciência de que todos nós temos sobre os sons da nossa fala, é o entendimento da
habilidade de que a língua falada pode ser dividida em várias unidades distintas, que a frase
pode ser segmentada em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas. É a reflexão
sobre a estrutura sonora da palavra.
Podemos respaldar também nossa definição anteriormente estabelecida nas palavras de
José Morais (1996), que nos afirma que:

A consciência fonológica é uma habilidade metalingüística que se refere à


representação consciente das propriedades fonológicas e das unidades constituintes
da fala, incluindo a capacidade de refletir sobre os sons da fala e sua organização na
formação das palavras.

Além dele, temos também Cardoso-Martins (1991, p. 103), que a pontua como:

A consciência dos sons que compõem as palavras que ouvimos e permite a


identificação de rimas, de palavras que começam e terminam com os mesmos sons e
de fonemas que podem ser manipulados para a criação de novas palavras.

Portanto, torna-se necessário ampliar algumas habilidades fonológicas para que as


crianças possam desenvolver seu aprendizado da escrita alfabética. O professor deve, então,
sempre buscar métodos para que as crianças criem a consciência fonológica de forma prazerosa,
estimulando através de jogos, brincadeiras e tarefas, para que as crianças possam aprender
brincando, e assim passe a ter compreensão do que é uma palavra, quantas sílabas possui e quais
são os fonemas que representam essas palavras, fazendo a relação entre os fonemas e as letras
que representam determinado som.
3. JOGO PARA TRABALHAR A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

Partindo do supra discorrido, elaboramos um recurso lúdico e pedagógico que pode ser
utilizado na alfabetização, com um foco central no desenvolvimento da consciência fonológica.
No entanto, é imprescindível que saibamos, de antemão, o papel dos jogos no processo de
apropriação do Sistema de Escrita Alfabética (SEA):

Na alfabetização, eles podem ser poderosos aliados para que os alunos possam
refletir sobre o sistema de escrita, sem, necessariamente, serem obrigados a
realizar treinos enfadonhos e sem sentido. Nos momentos de jogo, as crianças
mobilizam saberes acerca da lógica de funcionamento da escrita,
consolidando aprendizagens já realizadas ou se apropriando de novos
conhecimentos nessa área. Brincando, elas podem compreender os princípios
de funcionamento do sistema alfabético e podem socializar seus saberes com
os colegas. (MEC, 2008, p. 13/14).

Ante o exposto, utilizar-se de tais instrumentos nos processos de ensino e


aprendizagem da escrita, significa atribuir sentido, prazer, leveza, troca e profundidade aos
cenários orquestrados pelo professor mediador. Tal fato é complementado pela ideia trazida por
Kishimoto (2003, p. 33/38) de que os fundamentos da ludicidade expressos por detrás dos jogos,
por si, estimulam o aprendente, mas o trabalho pedagógico abrange estímulos externos
essenciais para a consolidação de aprendizagens significativas. Ou seja, aquilo que o aprendiz
conquista na manipulação do recurso e a atuação mediadora do educador se complementam, ao
passo que os sujeitos, professor e crianças, interagem e constroem.
Portanto, é conclusivo que a utilização de jogos na alfabetização tem como função
encerrar concepções tecnicistas bastante difundidas no pensamento popular quando tratamos da
apropriação do SEA, de modo a apontar para ensino e aprendizagens que considerem palavras
enquanto objetivos de livre manuseio, brincadeiras e reflexões, propondo que uma transmissão
ritualística ainda evidente nessa fase seja substituída por contextos bem estruturados que
cooperem com o aprender de cada criança em seu processo de letramento e alfabetização.
A seguir, expomos, de maneira esmiuçada, um jogo pensado e confeccionado pela
equipe, como possibilidade de trabalho pedagógico.
Nome do jogo:
Detetive de Palavras.

Público-alvo:
Turmas do 2º ano do Ensino Fundamental.

Objetivo didático geral:


Desenvolver a consciência fonológica.

Objetivos didáticos específicos:


1. Identificar rimas;
2. Reconhecer aliterações;
3. Descobrir palavras dentro da estrutura de outras palavras;
4. Realizar segmentação dos pedaços sonoros das palavras;
5. Relacionar palavras a músicas conhecidas.

Componentes:
● Cinco trios (possibilidade de adaptação);
● 15 cartões, cada um contendo uma imagem e sua palavra respectiva na frente, e um desafio
para a palavra no verso.

Finalidade do jogo:
O grupo que conseguir mais pontos ganha o jogo.

Preparação para o jogo:


- Formar cinco trios de jogadores (possibilidade de adequar ao número de participantes);
- Explicar o andamento do jogo e apontar que cada desafio apresenta uma quantidade de
pontos específica;
- Informar às crianças que elas devem discutir sobre cada palavra, para só então tomarem as
decisões em conjunto.

Sugestões de encaminhamento:
- A professora deve escolher aleatoriamente uma das quinze cartas;
- Apresenta a imagem e sua palavra;
- Explica o desafio presente no verso da carta escolhida;
- As crianças debatem em grupo e pensam em uma solução;
- Os grupos apresentam oralmente suas respostas à turma;
- A professora registra o falado por meio da escrita, de modo que todos possam visualizar;
- A professora analisa as respostas e trabalha os erros e acertos com a turma;
- Esse prosseguimento se repete a cada carta apresentada;
- Os pontos são atualizados a cada partida.

Observações:
- Propor que conversem antes de darem uma resposta pode gerar melhores aprendizagens por
conta da interação e troca de conhecimentos;
- É primordial a utilização de um material significativo, com palavras selecionadas de contextos
conhecidos e estimados pelo grupo;
- A mediação da professora será vital para a potencialização das aprendizagens, devendo
aproveitar-se de cenários que venham a surgir no momento da atividade, para aprofundar os
saberes apresentados.

Habilidades envolvidas:
● Identificação partes sonoras semelhantes e diferentes das palavras;
● Desenvolvimento da consciência fonológica através da aliteração (sílabas iniciais iguais);
● Observação que as palavras são compostas por unidades sonoras;
● Identificação de semelhanças sonoras entre os nomes;
● Reflexão sobre as sílabas sonoras (iniciais e finais) dos nomes;
● Segmentação de partes sonoras das palavras;
● Observação de que palavras diferentes possuem partes sonoras iguais;
● Reflexão sobre a relação entre o som e a parte gráfica das palavras;
● Análise das palavras a partir da relação entre oral e escrito;
● Compreensão de que a escrita representa a fala (parte sonora).
RECURSO PROPOSTO
4. CONCLUSÃO

Através do exposto no presente trabalho, pudemos concluir que a consciência


fonológica se refere aos sons das palavras e a percepção de que há a possibilidade de
segmentação dos componentes da língua falada. Assim, vê-se necessário a ampliação da
consciência fonológica para que haja o desenvolvimento da criança frente a alfabetização,
através de intervenções, feitas pelos professores, com intencionalidades pedagógicas, desde a
educação infantil.

Os jogos e recursos lúdicos possuem um papel fundamental na construção de tais


habilidades, visto que ao processo de apropriação do SEA, ganha intencionalidade e ludicidade
através das ações mediadas pelo professor, o que acaba estimulando a curiosidade das crianças
pelas palavras e seus sons. Ou seja, a utilização de recursos lúdicos mesclada à intervenção dos
professores é essencial durante o processo de letramento e alfabetização das crianças.

Por fim, apresentamos o recurso “Detetive de Palavras” para ser utilizado no


desenvolvimento da consciência fonológica de alunos de turmas do 2º ano do ensino
fundamental. Além de fortalecer o trabalho e as tomadas de decisões em grupo, este jogo
também contribui para o progresso de habilidades como a identificação de partes sonoras
semelhantes e diferentes das palavras, reflexão sobre as sílabas sonoras dos nomes, observação
da composição das palavras por unidades sonoras, etc. Por tanto, tais habilidades são
primordiais no desenvolvimento da consciência fonológica, e poderiam ser trabalhadas através
de um recurso lúdico, como o descrito neste trabalho, tornando este processo atrativo para as
crianças, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento dos indivíduos.
REFERÊNCIAS

KISHIMOTO, T. O jogo e a educação infantil. KISHIMOTO, T. (Org.) Jogo, brinquedo,


brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2003.

MEC. Jogos de Alfabetização: manual didático e 10 jogos para você levar para a sala de
aula!. CEEL/UFPE. Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal
de Pernambuco. Disponível em: https://www.portalceel.com.br/materiaapoio/. Acesso em: 25
jul. 2021.

MORAIS, Artur G. de. ALBUQUERQUE, Eliana BC de; LEAL, Telma F. Alfabetização:


apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. Práxis
Educativa (Brasil), v. 2, n. 2, p. 190-191, 2007.

MORAIS, Artur Gomes; LEITE, Tânia S. Como promover o desenvolvimento das


habilidades de reflexão fonológica dos alfabetizandos. Morais A, Albuquerque E., Ferraz
T. Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, p.
71-88, 2005.

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