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Humanidade e Sociedade
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Introdução ao pensamento antropológico, filosófico e sociológico. Cultura e sociedade. Instituições, socialização e estrutura
social. Temas e tendências contemporâneos.
Competências e Habilidades
Ao final do estudo desta disciplina, você será capaz de mobilizar saberes para:
Contextualização
Esta disciplina introduzirá você, estudante, no estudo de alguns conceitos das disciplinas de Filosofia, Sociologia e Antropologia.
Estas ciências constituem um evento considerável na história do pensamento do homem sobre o homem. Iniciando no final do
séc. XVII, este marco científico rompe com as formas de pensamento até então vigentes como mitológico, artístico e teológico,
como estudou na disciplina Iniciação à Pesquisa Científica, inaugurando um novo estatuto para o homem, de sujeito do
conhecimento para objeto da ciência.
A compreensão das ações, pensamentos, sentimentos humanos originam-se tanto nas personalidades individuais, quanto podem
ser fruto e resultado de influências e de condicionamentos sociais. Nunca se saberá com precisão onde se encerram as
motivações individuais e onde começam as influências sociais, mesmo porque, ao se falar de seres humanos, não faz sentido
reduzi-los às certezas e ao reducionismo naturalista/positivista. A relação e a tensão indivíduo/sociedade é um dos mais
importantes temas de estudo dos cientistas sociais.
A disciplina "Humanidade e Sociedade" aborda justamente as influências e os condicionamentos sociais e políticos que atuam
sobre as ações e o pensamento das pessoas. Ou seja, a partir do estudo, você poderá entender em que medida os indivíduos estão
inseridos em contextos culturais, sociais e políticos mais amplos, os quais conferem sentido e significado a seus
comportamentos.
Tentar compreender as ações humanas desconsiderando o ambiente formativo no qual as pessoas cresceram e aprenderam as
regras sociais constituiria um verdadeiro absurdo sociológico, além de uma tarefa destinada ao fracasso.
Ninguém está realmente só no mundo. Esta afirmação não se restringe a questões de ordem física ou espacial. Sociedade não se
reduz a uma coletividade de indivíduos. Sociedade é, sobretudo, um conceito moral, isto é, as pessoas são influenciadas por
valores e hábitos desde os primeiros anos de suas vidas e estes valores estão "guardados" no mais íntimo dos seres durante toda
a existência, sendo constantemente reproduzidos e transmitidos para as gerações seguintes.
Nem mesmo um ermitão isolado em uma floresta ou em uma ilha deserta está realmente só. Algum aprendizado, em algum
momento de sua vida, ele recebeu e, exatamente a partir desse background cultural, ele orienta suas condutas e interpreta o
mundo a sua volta. São esses valores inculcados e assimilados no mais íntimo de seu inconsciente que dá sentido a seus
comportamentos.
Com efeito, desde a infância, os indivíduos recebem as maneiras consideradas socialmente aceitas e válidas pelas sociedades as
quais pertence. A este processo, os cientistas sociais denominam "socialização", ou seja, a maneira como as pessoas se tornam
"membros de uma sociedade".
Um dos mais importantes cientistas sociais – o americano C. Wright Mills – escreveu uma obra clássica sobre o tema, intitulada
"A Imaginação Sociológica", na qual ele investigou as diferentes maneiras pelas quais a sociedade exerce influência sobre seus
membros. Em uma passagem afirmou: "O indivíduo só pode compreender sua própria existência e avaliar seu próprio destino
localizando-se a si mesmo em sua própria época" (MILLS, 1965, p. 25).
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"Socialização" é um dos temas mais caros aos estudiosos da sociedade. Será justamente sua análise que revelará os múltiplos
mecanismos que agem sobre as condutas das pessoas ao longo de suas vidas, buscando entender como se formaram as
personalidades, como se formaram os hábitos que orientam nossas vidas, como se formaram as tendências e expectativas de
nosso ser.
Outro aspecto importante abordado são os avanços tecnológicos das últimas décadas, que têm proporcionado a todos uma maior
conexão com o mundo. Entretanto, percebe-se que, cada vez mais, estamos nos afastando das relações pessoais. Este é um dos
maiores desafios. No decorrer da disciplina, espera-se que você possa compreender esse universo de mudanças e se posicionar
diante das situações exigidas no cotidiano.
A disciplina está dividida em duas unidades de aprendizagem. Na Unidade I você estudará sobre o homem na perspectiva
filosófica, sociológica, antropológica e cultural e na Unidade II, ampliará o conhecimento sobre o homem como ser social, que
cria diversas instituições para viver em comunhão, estabelecendo relações sociais, comunicativas, econômicas e políticas, na
mesma sociedade e interagindo de forma global com outras realidades sociais distantes e distintas.
Ao se aprofundar nos estudos sobre Humanidade e Sociedade, certamente desenvolverá uma visão mais ampla, mais crítica e
menos acomodada acerca destas múltiplas relações envolvidas e suas interdependências.
Problematização
Um dos mais importantes ativistas dos direitos políticos foi o americano Malcolm X que, nos anos 60, liderou importantes
movimentos sociais de emancipação política, em particular da população negra.
Há uma frase dita por ele que bem sintetiza a importância de uma formação social, política e histórica para aqueles que não se
conformam com a lógica massificadora e alienante das sociedades contemporâneas:
Fonte:< http://www.mariapreta.org/2014/03/as-unicas-pessoas-que-realmente-mudaram.html>
Tentar compreender a lógica das sociedades e da política é justamente desvendar os processos que dificultam a realização dos
sonhos, desejos, expectativas de natureza mais autêntica dos seres humanos. Trata-se, pois, de enxergar o mundo de uma
maneira mais crítica, emancipatória e menos banal; despertando nas pessoas percepções menos superficiais e autômatas, para
que exerçam o papel de maior protagonismo em suas ações e comportamentos.
Esta preocupação emancipatória, tão bem sintetizada por Malcolm X, ganha contornos particularmente importantes quando se
trata de educação de nível superior, na qual se espera justamente o não conformismo, o espírito crítico, a capacidade de ver o
mundo de uma maneira menos paternalista, limitada e reducionista.
Leia as frases seguintes e reflita sobre os seus significados filosóficos, antropológicos, econômicos, sociais e políticos e sobre suas
relações com o seu cotidiano nos diferentes papéis sociais que exerce.
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"Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo." (Karl
Marx)
"Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar." (Nelson Rodrigues)
"Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e
perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir." (Michel Foucault)
"O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz." (Aristóteles)
"Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; outros discernem o que os primeiros
entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são
excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis." (Maquiavel)
"A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem
que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir."
(Hannah Arendt)
"Não importa o que faremos de nós. O que importa é o que faremos daquilo que fizeram de nós." (Jean Paul
Sartre)
A partir das reflexões sobre as frases, você deve ter percebido que a proposta da Disciplina Humanidade e Sociedade é contribuir
para o desenvolvimento de uma visão mais ampla, mais crítica e menos acomodada da realidade sociopolítica que vivemos, à luz
das ideias e pensamentos de muitos outros autores.
Bons estudos!
Unidade I
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Manoel de Barros
Fonte: http://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-de-manoel-de-barros/.
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Perguntar-se sobre a natureza humana sempre ocupou o interesse dos filósofos no decorrer dos tempos.
Dentre inúmeras escolas e perspectivas, o homem como tema de reflexão foi uma constante, variando sua
posição, privilegiada ou não, no pensamento dos filósofos. Compreender esta natureza, identificar suas
dimensões e implicações serão os objetivos desta aula.
Iniciamos a nossa reflexão com o dito sofista atribuído a Protágoras: "O homem é a medida de todas as
coisas". Expressa não somente a importância do homem frente ao universo que habita, mas também faz
par com a percepção de Blaise Pascal, de que o homem é o único ser no universo que volta sua atenção à
sua própria – e frágil – existência. Esta capacidade que o ser humano possui de colocar-se fora de si e
perceber-se como parte do conjunto de coisas que compõem a realidade está no cerne dos
questionamentos filosóficos.
Se você entender qualquer questão acerca da natureza das coisas como questões relativas à existência, pode-se dizer que a
questão antropológica é uma questão metafísica. Metafísica entendida como a parte da filosofia que lida com a justificação de
afirmações de existência. Mas a referência da antropologia filosófica em relação às suas raízes ontológicas não revela o
emaranhado que são as relações com outras áreas da filosofia.
Para Refletir
Assista ao vídeo Você sabe com quem está falando? O que é o ser humano?, de Mário Sérgio Cortella, e reflita sobre as
seguintes indagações: O que é o homem? Como este ser se insere dentro da realidade múltipla que habita? É detentor de
autonomia frente às leis do universo ou está sujeito às mesmas condições?
Existem inúmeras percepções acerca do homem apresentadas pela filosofia através da história, com diferenças e algumas até
irreconciliáveis. Note que essas perspectivas estão ligadas à questão acerca da estrutura e ordem do universo e, com inúmeras
variações, afirmam que o homem é parte e reflexo desta estrutura mais básica, ou afirmam alguma diferença primordial
entre o homem e o universo que o cerca. Vejamos algumas:
Antiguidade – O mundo grego se deslumbrou com o universo, mais especificamente com sua ordem (cosmos). Ao olhar o
céu, na eternidade de suas formas e perenidade de seus movimentos e corpos, o homem grego vislumbrava o divino. Tanto o
mundo supralunar (perfeito e eterno) como o sublunar (imperfeito e perecível) eram percebidos como portadores de uma
ordenação. A filosofia, em seu início, se preocupava expressamente em desvendar esta ordem, procurando conhecer os
princípios primeiros da natureza (physis). A atividade contemplativa levada a cabo pelos filósofos da natureza (pré-
socráticos) almejou a compreensão deste cosmos, do qual o homem fazia parte. O mundo grego não compreendia a natureza,
o cosmos, como algo em separado da existência humana. O homem é parte integrante deste cosmos e, quando este é pensado,
também se pensa o homem. Vide, por exemplo, a noção atomista de natureza como composta de partículas que se agregam e
desagregam por meio de um turbilhão constante de átomos formando e dando fim aos objetos deste mundo. Esta noção se
aplica ao homem, submetido aos mesmos princípios.
Novamente como em relação aos deuses, o homem se percebe como construtor de uma realidade derivada da ordem dos cosmos.
A cidade (polis) deve se reger por leis similares às do universo. A lei da cidade propicia a ordem do conjunto social. A esta ordem
o grego chamava de justiça. As leis políticas são a expressão da ordem que se almeja na existência humana tendo como modelo a
ordem do universo. Assim como no mundo tudo tem seu lugar, sua função e suas relações, também a cidade precisa ordenar sua
existência determinando seus membros, o que lhes cabe e como se relacionam.
Portanto, para os filósofos da Antiguidade grega, o homem é uma unidade que engloba o corpo – sede do conhecimento
sensorial – e a alma – sede da razão. O homem se encontra no limite entre situações diversas: entre razão e paixões, entre o
individual (pessoa) e o coletivo (sociedade), entre a natureza e Deus. Este pertencer a dois mundos permitiria ao homem, por
meio da contemplação, a compreensão do Uno do qual faz parte e a superação de suas limitações ao conhecer a si mesmo, como
ilustra a figura a seguir.
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Fonte: http://kdimagens.com/imagem/conhece-te-a-ti-proprio-1306.
Para Refletir
O lema "Conhece a ti mesmo" é o fio condutor do pensamento socrático. O ser humano é a fonte do conhecimento de si
mesmo e do mundo. A reflexão filosófica possui em Sócrates uma função vital. No diálogo platônico Apologia de Sócrates,
você poderá ler sobre o momento em que Sócrates – confrontado pela assembleia que desejava seu silêncio – afirma que a
vida sem reflexão não vale a pena ser vivida. O indivíduo que dispensa sua natureza definidora não pode se chamar homem.
A afirmação da subjetividade irredutível de cada ser humano se confirma quando Sócrates relata ter procurado em si mesmo
razões para temer a morte, mas não as ter encontrado. Procurar em si mesmo a verdade que os sofistas negam existir em
algum lugar é o que diferencia Sócrates de seu relativismo. Não só o ser humano definiria sua vida pela procura do
conhecimento, mas também se prepara para a morte ao encontrar-se com a virtude resultante da reflexão.
Cristianismo – As concepções de natureza humana empreendidas pelo pensamento e sob a influência do Cristianismo foram o
resultado do trabalho de fusão realizado por inúmeros pensadores da perspectiva religiosa cristã com a perspectiva filosófica
grega.
A filosofia cristã, em seu início, tinha como preocupação a defesa da fé que lhe era própria frente às críticas apresentadas por
filósofos de formação grega. A apologética cristã ocorreu por meio da utilização das mesmas armas de argumentação utilizadas
pelos filósofos detratores do Cristianismo. A fonte de verdades reveladas – a Bíblia e a tradição – apresentadas sob a forma de
pensar advinda dos gregos – a filosofia – constituiu-se em uma rica composição acerca do homem que influenciou e influencia o
pensamento filosófico desde o final da Antiguidade.
Como religião revelada, o Cristianismo admite que parte da verdade acerca de Deus, do homem e da natureza não serão
atingidos pela razão humana. A Revelação é justamente o conjunto de verdades apreendidas pela oferta divina. Estas
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verdades poderiam ser apreendidas e compreendidas, mas não por meio da ação intelectiva exclusiva do homem. Elas se
impõem como um limite às capacidades cognitivas humanas.
Ao mesmo tempo em que as verdades se mostram como o sinal da limitação humana, também afirmam o dom divino. A
disposição divina em oferecer ao homem o acesso às verdades que lhe são próprias possui por trás a intenção salvífica de Deus. A
este dom o homem pode responder de maneira positiva ou negativa. Aceitar a verdade revelada ou rejeitá-la são as
possibilidades que cabem à pessoa tomar. A resposta humana positiva ou de aceitação propiciará não só a salvação, mas a real
compreensão da realidade em que está inserido, inclusive a da natureza humana. A negação da verdade revelada será um
impeditivo à autocompreensão que somente ocorrerá de forma plena ao fim dos tempos, segundo a escatologia cristã.
A humanidade cristã está centrada no percurso que vai da criação do homem por Deus, o pecado de renegar Deus, a aliança
entre Deus e homens e o perdão pelo sacrifício na pessoa de Cristo. Da queda ao perdão, o Cristianismo afirma a natureza
humana por meio de um conflito derivado da semelhança do homem com Deus e de sua situação de distância absoluta do ser
divino. Esta separação radical é reconstruída pela ponte que Deus estabelece entre Ele e os homens: a graça. Dom gratuito, a
graça é dada a todo indivíduo cuja responsabilidade de aceitar os laços se encontra na natureza livre do ser humano.
A noção de livre arbítrio é central para a concepção antropológica cristã. A experiência do pecado é fruto da liberdade com que
Deus constitui sua criatura. Esta liberdade é tanto a fonte do pecado, como também é a fonte da salvação. Perder-se de Deus e
encontrar-se em Deus são opções derivadas da mais central das características da concepção humana do Cristianismo, a
liberdade própria ao sujeito.
A história da humanidade é para o Cristianismo a história do percurso dos homens em suas escolhas acerca da aliança com
Deus. O sujeito está assistido pela graça divina, mas sua escolha é livre ao aceitá-la ou não.
A passagem do tempo se constitui na história da redenção e salvação da humanidade, tendo seu momento central na encarnação
divina de Cristo. O sacrifício divino na cruz é o sinal da condição ínfima do homem em sua capacidade de ultrapassar sua
natureza, pois não pode garantir sozinho sua salvação, mas também é a garantia ao homem da ajuda divina no sentido de atingir
a redenção de sua natureza, contanto que seja de aceitação livre.
Renascimento – Do ponto de vista político temos a passagem de uma descentralização característica do Medievo para uma
centralização crescente. O sistema feudal dá lugar ao aparecimento dos Estados Nacionais, que centralizam poder, definem
territórios, cobram impostos e mantém estruturas administrativas e burocráticas. A afirmação deste novo poder coloca nas mãos
dos reis o destino de comunidades antes desconectadas no período do feudalismo.
Guerras de conquista e afirmação de território foram largamente financiadas por capitalistas interessados no comércio advindo
do ajuntamento de pessoas dentro destas novas unidades políticas (Estados) e entre as unidades.
Maior circulação de pessoas e mercadorias vem com maior circulação de ideias e costumes. A percepção da variedade de formas
pelas quais os homens se organizam ajuda na percepção da variedade cultural. Novas ideias são levadas em frente também pelos
progressos técnicos que facilitam o acesso à informação, dentre eles, o mais importante para o período foi a disseminação de
uma invenção medieval: a prensa móvel, ou tipografia. A facilitação da fabricação de livros foi extremamente benéfica ao
pensamento e à distribuição de conhecimento. Esta maior liberalidade de circulação de ideias em conjunção com o aumento do
poder dos reis e a diminuição do poder ddente.
O Renascimento foi o momento de confluência de diversos discursos advindo destas novas perspectivas políticas, culturais,
econômicas e religiosas. Caracterizado por uma enorme preocupação com o ser humano, o Renascimento gera um humanismo
de inspiração grega e latina que procurava não se aprisionar somente à percepção cristã. Na verdade, como movimento de
pensamento, o Renascimento recusava o conhecimento cristalizado e estéril da filosofia feita nas universidades.
A literatura e a filosofia da Antiguidade se tornaram os modelos para os pensadores renascentistas. Um espírito de retomada do
pensamento livre – na medida das possibilidades de cada situação específica, pois a tolerância de pensamento não era valor já
reconhecido – o Renascimento traz a necessidade da procura de conhecimento sobre o homem e o mundo do qual faz parte.
Surge durante este período a figura do polímata – detentor de conhecimento em inúmeras áreas – que é representativa
da aliança entre filosofia, ciência (nascente) e técnica. Figuras como Leonardo da Vinci (1452-1519) são um exemplo de
como o pensamento não está mais confinado aos gabinetes, gerando uma reflexão antropológica mais rica por levar em
consideração aspectos variados da realidade na qual o indivíduo está inserido.
No entanto, ao mesmo tempo em que a reflexão antropológica recebe a contribuição de novos conhecimentos acerca do homem
– como exemplo o progresso rápido da fisiologia com a diminuição progressiva da interdição de dissecações – ela também se
ressente da dificuldade em estabelecer um espaço que lhe seja próprio, frente aos discursos variados que parecem tomar o lugar
da reflexão filosófica sobre o homem.
A característica marcante deste período renascentista é o conhecimento teorizado na razão e na experiência: Montaigne (1533-
1592), René Descartes (1596-1650), Pascal (1623-1662), Malebranche (1638-1715), Leibniz (1646-1716), Hobbes (1588-1679),
Locke (1632-1704).
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Pela defesa da educação universal e a disseminação do conhecimento reflexivo e técnico (Diderot, 1713-
1784 e D'Alembert, 1717-1783).
Pelo subjetivismo sensorial, pois o ser humano possui mecanismos de associação de impressões e ideias, daí geramos
representações para ordenar o mundo (Hume, 1711-1776).
Por considerar que a humanidade se constitui de racionalidade, consciência e liberdade, permitindo ao homem ser ético
e estabelecer a conexão entre o saber e o agir (Kant, 1724-1804).
Por considerar que a natureza humana é essencialmente cooperativa e boa, mas ela está encoberta por uma camada de
injustiça derivada da desigualdade de propriedade e de poder (Rousseau, 1712-1778).
Por considerar que o homem é aquilo que a estrutura econômica faz dele, por mais que o sistema econômico seja
alienante, retirando e tirando o homem de suas condições naturais, a inevitabilidade das leis materialistas e históricas da
realidade levará à desalienação por meio da revolução (Marx, 1818-1883 e Engels, 1820-1895).
Por considerar que o homo sapiens é resultado de um processo contínuo de adaptação de organismos ao meio ambiente,
assim a razão de ser se encontra no mundo natural, vivo e orgânico, coloca o homem como produto derivado de
mecanismo universal de transformação (Darwin, 1809-1882).
Existencialismo - A existência é tudo o que existe e tudo com o que a consciência do homem se defronta. O homem é a
consciência que se funda na liberdade, sua existência deverá ser o resultado das escolhas que a autonomia lhe permite fazer,
apresentando, assim, o ser humano como um projeto em constante reformulação e implementação pelas consciências
específicas, não mais definidas e limitadas a uma perspectiva única.
Para Refletir
Observe a charge a seguir e leia o texto de Sartre – O existencialismo é um humanismo, para compreender a definição de
homem a partir da liberdade.
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Fonte: https://projetoaletheia.wordpress.com/2015/04/09/.
A natureza humana pode ser modificada ou deveríamos impor limites à manipulação humana?
Há a necessidade de tentarmos definir a natureza humana ou ela é dispensável em termos práticos?
O primeiro dilema é Habermas (2004) que responde. A possibilidade de o homem manipular a espécie coloca a questão do que o
ser humano é e do que deveria ser. O avanço das técnicas de manipulação genética, o progresso e o aperfeiçoamento destas
técnicas trazem sérias consequências à noção de ser humano e à própria concepção do que é natureza humana. Ao responder
sobre a natureza da espécie, o homem delimita ou não o grau de manipulação a que um ser humano pode ser submetido. Não é
uma condenação da técnica de manipulação o que pretende, mas uma crítica aos critérios liberais de sua utilização. Pois a
identidade pessoal e a integridade física são atingidas dentro da rede de relações intersubjetivas – entre sujeitos – que
constituem a comunidade. Inserido nesta comunidade é que se pode falar de uma pessoa em sentido pleno. O indivíduo inserido
em uma comunidade que se autocompreende como composta de pessoas autônomas decide em função de suas possibilidades de
sucesso ou fracasso.
O segundo dilema pode ser respondido por John Rawls (1997). Todos os seres humanos são diferentes naquilo que possuem de
específico, seja bom ou mal, eficaz ou prejudicial. A questão da justiça se encontra na questão das desigualdades derivadas das
condições desiguais de distribuição de bens na sociedade. Segundo o mesmo autor, do dilema apresentado pode-se derivar
racionalmente dois princípios: das igualdades e liberdades básicas para todos e o da diferença que a isonomia deve prevalecer
para minimizar as desigualdades econômicas e sociais. Aplicados estes princípios derivados de uma capacidade racional e não
em relação a uma suposta natureza humana, têm-se o indicativo e a prescrição de uma sociedade justa. Esta sociedade deve
combater as desigualdades aleatórias que aumentam os benefícios advindos de habilidades pessoais ou que diminuem ou cessam
esses benefícios.
Holismo – constitui um novo paradigma que pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo como
um todo integrado; reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, indivíduos e sociedades. Estamos todos
encaixados nos processos cíclicos da natureza. Segundo Capra, a visão antropocêntrica está centrada no ser humano:
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Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e
atribui apenas um valor instrumental, ou de "uso", à natureza. A ecologia profunda não separa seres
humanos — ou qualquer outra coisa — do meio ambiente natural. Mundo não como uma coleção de
objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são
interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os
seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. (CAPRA, 1996, p. 17)
Segundo o autor, o debate sobre a ênfase na parte ou no todo a partir da visão sistêmica levou à compreensão de que o todo não
é mera soma de suas partes, uma vez que sua natureza é diferente da natureza daquelas. Mas hoje se compreende que o todo
possui uma organização de organismos vivos hierarquizada, são sistemas dentro de sistemas, cada um deles forma um todo com
relação às suas partes, enquanto também é parte de um todo maior.
Dessa forma, a visão holística nos leva a questionar profundamente: os fundamentos da nossa visão de mundo; nosso modo de
vida moderno, científico, industrial, orientado para o crescimento materialista; nossos relacionamentos uns com os outros, com
as gerações futuras e com a teia da vida da qual somos parte. Portanto, Capra (1996) demonstra que os problemas ambientais e
humanos gerados até o final do século passado ocasionou uma crise de percepção ante a possibilidade de tais danos serem
irreversíveis, o que fez gestar o paradigma sistêmico como uma alternativa ao modelo embasado no paradigma antropocêntrico e
mecanicista, que tanto tem causado destruição à biosfera e à vida humana.
Podemos concluir que as respostas à questão – O que é o homem – serão múltiplas, implicarão em diagnósticos também
variados sobre o que está em dissonância com a natureza humana. Desde teorias reformistas, em que a estrutura da realidade
deve ser transformada para restituir a natureza humana à sua integralidade, até teorias conformistas, que afirmaram que o
estado das coisas mostra a natureza humana.
É importante notar que, ao se tentar identificar o que está errado com o homem ou com a sociedade em que ele se encontra,
sempre é feita referência à natureza humana. Então, ao se definir esta natureza de formas variadas, também se encontrará erros
de diferentes cepas e se proporá soluções também variadas. Em suma, diferentes noções de natureza humana gerarão
interpretações das falhas, assim como terapêuticas diferentes para estas falhas.
Outro exemplo está relacionado com a resposta acerca da fixidez ou maleabilidade da natureza humana. Se esta natureza é
totalmente dada e fixada por fatores determinados e deterministas, então a implicação disto para a economia, a política e a
cultura será de uma intervenção social manipulativa, e não transformativa. Isto seria derivado do fato de que, uma vez fixa, a
natureza humana só pode ser manipulada. Ao contrário, quando esta natureza é moldável, as ações humanas não são apenas
derivadas dos conhecimentos que as ciências naturais e humanas nos fornecem, mas são, principalmente, o resultado de
escolhas éticas, políticas, culturais, religiosas etc.
Desta forma, apesar de suas raízes metafísicas, a dimensão existencial/filosófica manterá vínculos estreitos com as questões
éticas, a filosofia política, a teoria do conhecimento (questões epistemológicas) e a estética, como você estudará na Disciplina de
Ética.
Compreender que certas características não são do homem em si mesmo, mas apenas derivadas da cultura de que certos
indivíduos fazem parte. Considerar a história da espécie humana como parte de um mecanismo de adaptação existente
para todo ser vivo.
Compreender como certas estruturas econômicas produzem condições diferentes para as relações humanas.
Reconhecer como os valores culturais são inculcados pelo processo de socialização.
Atentar como fatores inconscientes forjam nossos comportamentos normais e desviantes.
Todas essas informações, advindas de diversas áreas do conhecimento, que não são filosóficas, não podem ser desprezadas ao se
tentar falar sobre o homem e sua natureza. Por outro lado, seria interessante que as demais áreas do conhecimento tivessem a
clareza de que suas teorias são formadas desde o início por certas noções da realidade, que acabam por explicar o
desenvolvimento subsequente de suas análises. Ao contrário do que poderíamos imaginar, boa parte das doutrinas rivais em
diversas disciplinas não filosóficas são produzidas a partir de concepções metafísicas e epistemológicas diferentes.
A falta de percepção da fundamentação filosófica do conhecimento faz com que as ciências tomem como a pura expressão da
realidade aquilo que afirmam em suas teorias, sem se atentar para a parcela de perspectiva histórica, cultural e ideológica que
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muitas vezes contém. Partir de alguma perspectiva é inevitável, mas deve-se tê-la de forma consciente, para que seja possível
perceber suas limitações.
A compreensão do ser humano existencial pressupõe intrínsecas relações entre a Antropologia e a Filosofia com as diversas
áreas do conhecimento humano, evidenciando a riqueza de dimensões que o ser humano possui. Ao intentar a compreensão da
natureza humana, a filosofia deverá produzir uma interpretação que englobe as inúmeras visões que podem ser postas sobre o
homem. Esta situação apresenta uma grande variedade de perspectivas, ao se abordar a questão antropológica, que deveriam
ser seriamente levadas em consideração para a produção de uma análise filosófica consistente. Analise algumas das dimensões
humanas:
Biológica – ao se aproximar do homem como objeto de nossa reflexão, deve-se atentar para o fato de que é um ser
biológico, dotado de vida. Sua existência o aproxima dos seres vivos em geral e especialmente da animalidade. Como
todo ser vivo, o homem se define em termos biológicos como pertencente a uma espécie, detentor de características
fisiológicas facilmente detectáveis. A espécie humana é o resultado de um processo longo e lento de adaptação de
organismos anteriores que sobreviveram às condições impostas pelas inúmeras modificações a que o meio ambiente foi
submetido. Isto faz de nossa história biológica uma história de sucesso adaptativo. Muito do que o ser humano possui
está relacionado à estrutura fisiológica de nossa espécie, que nos impõe possibilidades e limites. Até que ponto esta
herança nos define e determina é uma questão antropológica de suma importância, que coloca em conflitos reducionistas
e não reducionistas biológicos.
Histórica – o homem é ser que se insere no tempo. A passagem do tempo não é para o homem apenas uma questão de
contagem e padronização mensurável. O tempo não pode ser entendido na objetividade de contar sua passagem, pois o
padrão mesmo – milênios, séculos, anos, meses, dias, horas etc. – é criado pelo homem em sua tentativa de organizar
sua existência. Não sem motivo, Kant coloca o tempo como uma das formas a priori da experiência. Ao relatar este
processo de transformação individual e coletivo a que chamamos tempo, produzimos significado aos acontecimentos por
meio de um amálgama a que chamamos história. O homem é ser histórico porque explica a si mesmo colocando-se no
fluxo de acontecimentos dentro de uma linha explicativa, que vai de sua situação atual até fatos anteriores valorados
positivamente por ele mesmo. Se este fluxo de acontecimentos possui uma ordem implícita, ou é livre e aleatório, é uma
questão que importa à antropologia filosófica, pois implica inserir o homem em um processo no qual é paciente e agente
ao mesmo tempo, gerando a narrativa das mudanças a que está submetido.
Social – na acepção aristotélica, o homem é animal político, isto é, não se entende, sequer sobrevive, sem a comunidade.
Da família à comunidade de nações, o homem está sempre com outros. Por mais que se afirme a liberdade individual e
pessoal do homem como uma espécie de autonomia, quando ele é percebido como ser vivente, não é possível desvinculá-
lo do grupo. Do ponto de vista social, o ser humano cria realidades que dependem de suas representações para existir. As
duas mais importantes são a política e a economia. A forma como os homens se organizam em termos de distribuição de
poder e propriedade é dependente da vontade dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo, submete aqueles que a criaram.
Inúmeras situações de dominação e exploração política e econômica são resultado do poder representacional humano
que de tão forte pode passar a informar as consciências. Além de demonstrar tais esquemas de aprisionamento político,
econômico e até cognitivo, cabe à antropologia filosófica desmontá-los pela reflexão.
Cultural – qualquer indivíduo se encontra como parte de um todo social definido em função de seus traços distintivos,
sejam materiais ou não. Este conjunto de traços distintivos de um grupo frente ao outro é o que chamamos cultura. A
diversidade de culturas, no tempo e no espaço, que a história e a antropologia nos mostram, propicia a percepção de que
o homem possui uma flexibilidade e plasticidade de modos de ser incomparável com outros seres vivos. As culturas
formam os indivíduos dentro de um conjunto de valores estabelecidos em uma hierarquia do que é importante, do que
vale a atenção, do que se fazer etc. Aparentemente contraditório, percebe-se que, ao mesmo tempo em que a cultura
molda a pessoa não impede a individuação de um ser humano, uma vez que ocorre também um processo de
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humanização. Identificar o que é puramente cultural e o que é invariável deste ponto de vista é importante para
entendermos o homem.
Ética – a ação humana se volta ao outro e se supõe livre. A noção de livre arbítrio é central para a autocompreensão do
homem. Como argumenta Thomas Nagel (2004), a crença básica na autonomia se explica pela perspectiva de um espaço
independente de escolha, que seria a essência de nossas ações livres. Ligada a esta ideia de autonomia, encontra-se a
noção de responsabilidade derivada das escolhas livres que o ser humano faz. Se, de alguma maneira, o ser humano
demolir a noção de autonomia, então por consequência derrubará a de responsabilidade e instituirá uma fenda na
percepção do ser humano como pessoa. A liberdade moral é um dos aspectos mais importantes de qualquer perspectiva
antropológica, pois determinará, conforme sua afirmação ou negação, o modo de ser do homem: estaria ele submetido às
condições físicas e culturais ou é detentor de independência frente às contingências do mundo?
Psicológica – a razão e o sentimento sempre foram uma dupla de conceitos presentes nas discussões filosóficas sobre
as condições subjetivas e inerentes do ser humano. A definição clássica do homem como animal racional é referência à
capacidade cognitiva essencial à compreensão da natureza humana. As capacidades de manipular símbolos dotados de
significado ou de pensar com conceitos sempre foram listadas como as características humanas básicas, desde Aristóteles
até os tempos atuais. A ciência contemporânea tem contestado essa diferença frente aos demais animais (já que alguns
animais a possuiriam em conjunto com o homem), embora não desfaça estas características como importantes para
compreender o que é ser humano. Assim como razão e linguagem, o homem é dotado de sentimentos, vontades, crenças
etc. A parte passional do homem revela a faceta de um ser que age pelo mundo no qual está incluso e pelas pessoas com
quem se relaciona. Razão e sentimento – muitas vezes separados, muitas vezes juntos – também mostram a diferença
entre aquilo que se encontra na consciência e o que remete ao inconsciente. Perceber os influxos conscientes e
inconscientes que movem o ser humano é compreender sua alma, compreender as relações entre ela e o corpo. Estas
questões falam diretamente sobre a natureza humana em seus aspectos visíveis e recônditos.
Estética – dentre todas as transformações que o homem produz no meio em que está inserido, a arte difere em função
de que suas justificativas não são pragmáticas. A arte não responde a esquemas de adaptação ao meio e sobrevivência. A
produção artística seria justificada em si mesma, ou em relação à necessidade de expressão humana. Em suas diversas
configurações históricas, o que o homem produziu ou pensou como arte é o resultado de expressão humana em relação a
todas as perspectivas que o formam. A religião tem sido uma das fontes da produção artística mais recorrente – tanto
que a maior parte da história da arte pode ser vista em conjunção com a história das religiosidades – mas outras fontes
se apresentam, tais como a ciência e a política. Percebida em sua faceta social e individual, a arte é reflexo de uma
natureza nitidamente expressiva do homem.
Religiosa – o homem possui uma abertura ao absoluto que se expressa em sua religiosidade. A pretensão de traçar
pontes de ligação com uma realidade divina expressa a condição humana frente às suas potencialidades e limitações. A
filosofia cristã sempre teve presente a necessidade de afirmar esta condição ambivalente de contínua distância e
proximidade de Deus. A dimensão religiosa é resultado do anseio humano por significado, em função do homem não
perceber a si mesmo como gerador deste sentido. A religiosidade como anseio de completude interior e a religião como
um conjunto de verdades – expressas ou não dentro de uma organização institucional – revelam-se fatos incontornáveis
à reflexão antropológica, mesmo com a negação de que façam referência a uma existência real. Pensar Deus como uma
representação criada também implica a interpretação do homem como um ser sedento de transcendência, mesmo que
ilusória.
Holística – No paradigma sistêmico, os valores éticos, o respeito e a defesa de toda a vida existente no planeta
compõem seu arcabouço, exige essa nova maneira de pensar, de sentir o mundo e de atuar ativamente na ação que
transforma o caos em condições da prosperidade da vida. Para Capra (1996), os valores éticos baseados no princípio
ecocêntrico são essenciais para uma ecologia profunda, onde o valor de toda a vida existente no planeta esteja no mesmo
nível de valoração da vida humana, a qual compõe um subsistema dentro de outros bem maiores. O que exige uma
relação de interação e cooperação para a continuidade de toda a vida no planeta, inclusive a humana.
Todas estas dimensões poderiam ser acrescidas de muitas de suas facetas, além de poder chamar a atenção para diversas outras
dimensões não citadas ou supostas dentro das anteriores, como por exemplo: a dimensão lúdica, a dimensão linguística, a
dimensão do trabalho, a dimensão simbólica etc., portanto, somos seres unidimensionais em nossa existência.
a. A liberdade de transcender qualquer situação dada de imaginar e realizar algo novo. O ser humano não está limitado à
realidade e às necessidades de uma determinada situação como um animal qualquer está. Ele pode transcender qualquer
situação dada infinitamente. Sua liberdade é uma liberdade técnica pressupõe a construção meios para assegurar este
direito, sempre buscará instrumentos para esboçar o mundo de amanhã. Diferentemente, de uma planta que não
transcende a sua natureza biológica, a sua liberdade é restrita e determinada.
b. A liberdade de transcender a si mesmo na direção da unidade completa da universalidade e individualidade. O ser
humano é capaz de se tornar individualidade e comunidade. Esta é a liberdade moral, a qual existe apenas na chamada
relação "Eu-Tu". A liberdade humana se manifesta no outro "eu" e representa a demanda inevitável vinda do nosso
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mundo e nós mesmos. Liberdade é a liberdade de receber demandas incondicionais. Ou seja, me liberto do meu ego
egoísta e individual para ir ao encontro do Eu–Tu, pois sou livre se respeitar a liberdade de todos, assim para existir
enquanto sujeito preciso conviver com as regras coletivas, como as prescritas pelo grupo social.
c. A liberdade de criação é a liberdade cultural. Ela tem elementos dos dois níveis anteriores. Ela transcende o mundo dado
e transcende o "eu" dado. Pressupõe a construção sociocultural dos símbolos que dão significados para o nosso mundo e
nos representam como na linguagem e na música, na poesia e na arte, na ciência e na filosofia, o ser humano expressa
sua liberdade ao elevar e buscar o sentido do seu ser. O ser humano é livre para escolher os valores e sentidos que vão
orientar todas as etapas da sua vida.
O nosso aparelho biopsicossociológico é munido de criatividade, inventividade, inteligência ou espírito, o qual não nos
permite viver na mediocridade de nenhuma forma de manipulação ou determinismo natural ou cultural, como por
exemplo o ditado popular "o sofrimento sempre existiu no mundo, temos que sofrer, uns mais outros menos, mas todos
têm que sofrer ".
d. A liberdade-de-sua-própria-liberdade ou a liberdade de jogar com seu mundo e consigo mesmo. Essa liberdade pertence
ao mundo da criação humana, impede que sermos escravizados pela nossa própria liberdade. Como a liberdade de
escolher os conteúdos, os valores e as normas que irão dar sentido a minha existência, isto pode significar liberdade ou
escravidão, por exemplo se escolho o caminho do consumo exacerbado.
Tillich (2010) nos alerta que a liberdade é um risco que pode ser usada para nos libertar ou nos escravizar, portanto, o elemento
fundamental na existência humana é a criatividade e a participação do ser humano neste processo é imprescindível, da qual ele e
seu mundo dependem. Usar a nossa capacidade e habilidade para criar é incondicional e depende de nós:
Criar é alcançar algo novo. Mas o novo que é criado pelo ser humano é dependente daquilo que lhe é dado
– em si mesmo assim como em seu mundo. Nem o ser humano nem o seu mundo existem por si mesmos.
Ambos são dependentes da criação original em relação aos quais ele e seu mundo são "criaturas". Por
outro lado, ele, a criatura, está criando; através de sua liberdade criativa ele participa do processo
criativo. O ser humano é uma criatura criativa. Ele tem o infinito finito. Ele tem o Logos eterno nas
limitações temporais e individuais. Na medida em que o ser humano é essencialmente livre, sua finitude,
sua temporalidade e sua condição de criatura estão unidos com sua infinitude, sua eternidade e sua
criatividade. (TILLICH, 2010, p. 232)
As liberdades de criar e de participar são elementos que nos caracterizam como seres individuais e comunitários inseridos em
uma realidade, em que precisamos mutuamente de todos os seres vivos para manter a vida sustentável nesta "casa comum" e
sermos capazes de perceber todas as formas de servidão, tanto as cruéis quanto as encantadoras e sutis.
Para Refletir
Assista a um dos documentários indicados a seguir e reflita sobre as diversas formas de servidão na sociedade
contemporânea:
A servidão moderna
O objetivo principal deste filme é mostrar como o sistema econômico atual nos leva a uma a condição de escravo,
deixando-nos apenas a escolha de liberdade técnica, como apresentou Paul Tillich.
Este documentário entrevista dois humanistas contemporâneos sobre o mundo atual: Eduardo Galeano e Jean
Ziegler. Relata a concentração de poder da economia de mercado e os seus organismos como FMI, OMC, Banco
Mundial e as multinacionais que controlam mais de 50% do PIB Mundial.
A corporação
Documentário baseado no livro A corporação: a busca patológica por lucro e poder, de Joel Bakan. Descrição do
livro: O eminente professor e estudioso canadense de Direito defende que a corporação dos dias de hoje é uma
instituição patológica, perigosa, detentora de grande poder que emana sobre pessoas e sociedades. Ao longo dos
últimos 150 anos, a corporação deixou sua relativa obscuridade e tornou-se a instituição econômica dominante do
mundo.
Sinopse: "O documentário explora as raízes da crise financeira global de 2008, no período de transição entre a saída
de George Bush e a posse de Barack Obama no governo dos EUA, as falcatruas políticas e econômicas que
culminaram no que o diretor descreve como "o maior roubo da história dos EUA": a transferência de dinheiro dos
contribuintes para instituições financeiras privadas. O arrocho da política fiscal, aplicado a toque de caixa a partir da
administração Reagan (1981-89), a falta de regulação do Estado, um terreno fértil para que as operações do sistema
financeiro se tornassem ainda mais complexas e a carta branca para as grandes corporações, especialmente os
bancos, aumentarem a fortuna. Michael Moore apresenta uma análise de como o capitalismo corrompeu os ideais de
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liberdade previstos na Constituição dos Estados Unidos, visando gerar lucros cada vez maiores para um grupo seleto
da sociedade, enquanto que a maioria perde cada vez mais direitos". ( Biblioteconomia, filmes e poesia)
Thrive
Thrive é um documentário não convencional que levanta o véu sobre o que realmente está acontecendo em nosso
mundo, seguindo o dinheiro descobrimos a consolidação global do poder em quase todos os aspectos de nossas
vidas. ( Evoluindo sempre)
As abordagens apresentadas a você nesta aula são alguns dos poucos exemplos de respostas à questão o
que é o homem. Como as demais questões filosóficas, pergunta-se se o homem possui a perenidade
derivada da própria reflexão, pois esta se define pela volta a si mesma. Como capacidade humana,
refletir é pensar o homem e a realidade em que está inserido, assim como aquela que cria. E temos ao
final o que nos iniciou neste percurso: "O homem é a medida de todas as coisas".
Para finalizar, a compreensão do homem não pode ser desvinculada de outras áreas de saber, pois
estaríamos eliminando ou reduzindo a experiência humana a uma única concepção, portanto, nas
próximas aulas você estudará algumas abordagens que buscam analisar a humanidade inserida em um
contexto sócio-histórico. Você estudará algumas dimensões acerca do homem em suas interações
culturais e sociais, que serão percebidas e analisadas por várias disciplinas. Fique atento para o fato de
que a resposta à questão sobre o que é o ser humano e a sua existência deve ser refletida à luz das
contribuições: sociológicas, antropológicas, econômicas, políticas, históricas, psicológicas, linguísticas,
culturais e muitas outras – como as derivadas das perspectivas individuais e sociais.
Convidamos você a usar a " imaginação sociológica" para utilizar as perspectivas das Ciências Sociais e
imaginar sociologicamente a realidade que o envolve, pois a imaginação o levará a percebê-la e a refleti-
la fora de sua rotina familiar e aprenderá a olhá-la de forma diferente, questionando sociologicamente
todos os aspectos da vida social. Esta forma de pensar significa cultivar a imaginação (GIDDENS, 2009).
Observe que a etimologia da palavra é insuficiente para entendermos a complexidade de elementos sociais analisados pela
Sociologia e nos instiga a indagar: o que é Sociologia? O que ela estuda? E nos remete a outro questionamento: o que é a
"sociedade" estudada pela Sociologia? Preliminarmente, vamos adotar a constatação de que a sociedade é composta de seres
humanos em interdependência (GALLIANO, 1981). Para este autor, a interdependência diz respeito ao fato de que os seres
humanos não vivem isolados, mas juntos; estabelecendo agrupamentos, relações de cooperação, luta e domínio no interior dos
agrupamentos, desenvolvendo ou destruindo culturas decorrentes de tais relações.
É importante saber que a Sociologia não é a única disciplina que se ocupa em analisar e observar, empiricamente, os fenômenos
sociais. Existem outras disciplinas afins que analisam a interdependência dos indivíduos de maneira interdisciplinar, tais como:
Filosofia Social, História, Psicologia Social, Antropologia Social e Economia, contribuindo para a explicação e interpretação dos
fatos sociais, que são abordados pela investigação sociológica. A Figura 2.1 representa a importância destas disciplinas no estudo
da sociedade.=
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Observe que a Sociologia investiga os fatos sociais produzidos pelos indivíduos, considerando as noções de tempo e espaço em
um determinado período, estabelecendo conexões de causas e efeitos entre os fenômenos sociais, para entender melhor as
necessidades dos indivíduos em seus processos de sociabilidade, tanto públicos quanto privados. Com este esclarecimento,
podemos definir a Sociologia como o "estudo sistematizado das relações humanas", objetivando compreender, sistematizar e
investigar "o que é particular quanto o que é coletivo no estudo da sociedade e do homem" (DIAS, 2012, p. 4).
A Sociologia, como o estudo sistematizado, organizado e com objetivos científicos das sociedades, surgiu na segunda metade do
século XIX, quando a Revolução Industrial na Europa já estava se consolidando. Os problemas sociais se avolumavam:
migrações maciças do campo para as cidades, desemprego, não regulamentação do trabalho, situação precária da saúde e
educação, ausência de urbanização, desorganização político-econômica etc. As ciências da sociedade buscavam compreender e
interferir neste processo tão caótico. Começava a surgir e a se afirmar as Ciências Sociais e Políticas. Uma importante e clássica
obra introdutória a este tema é o livro de Leo Huberman, denominado A história da riqueza do homem.
Entender as sociedades, suas dinâmicas, seus conflitos, seus sistemas de controle, seus movimentos, suas desigualdades, seu
desenvolvimento, passou a ser o interesse dos primeiros estudiosos sistemáticos do mundo social.
Uma das primeiras preocupações para quem se dedica ao estudo da sociedade e dos processos que a regem é tentar desvendar
seu próprio conceito. Muitas são as questões que se apresentam: O que é "sociedade"? Do que ela é constituída? Como ela se
organiza? Quais são os princípios que regem seu funcionamento? "Sociedade" sempre foi um conceito complexo, carregado de
sutilezas, nuances e ambiguidades. A sociedade é um aglomerado de indivíduos? Corresponde à soma entre eles? Ou
corresponde à "síntese" dos indivíduos? Ela é "exterior" às consciências individuais, como propunha Émile Durkheim, o
ocupante da primeira cadeira de Sociologia criada no âmbito universitário, na França?
Ou ela é mais adequada à ideia de "ação social dotada de sentido", como propunha o alemão Max Weber? A sociedade significa
um processo integrativo e harmônico ou é permeada de conflitos e disputas?
Comecemos pela tensão básica do estudo das sociedades: a tensão entre o indivíduo e a sociedade. Pense a respeito! Levando em
consideração suas ações, seus pensamentos e sentimentos, quais dentre eles foram forjados exclusivamente na psique individual
e não estiveram sujeitos a influências sociais, culturais e históricas? Você é fruto da sociedade, ou é fruto de sua personalidade
individual? A fronteira entre a dimensão social e a dimensão psíquica é bastante sutil. São estas as questões que as Ciências
Sociais procuram responder.
Mills, sociólogo estadunidense, afirmava que esta pergunta é fundamental, pois nos auxilia a formar nossa "imaginação
sociológica", ou seja, procurar enxergar, para além do imediatamente apreensível, os condicionamentos sociais, culturais e
políticos que se fazem presentes em nossos atos, pensamentos e sentimentos, inclusive naqueles que julgamos os mais pessoais,
íntimos e inconscientes. Outro autor clássico da Sociologia, Auguste Comte, afirmava que as sociedades são "governadas muito
mais pelos mortos do que pelos vivos", ou seja, uma longa herança cultural pesa sobre nossos ombros. Nunca estamos sós no
mundo, fazemos parte de um longo processo de acumulação e transmissão de crenças, hábitos e saberes.
A busca da compreensão dos condicionamentos que regem as ações e pensamentos humanos torna-se mais clara quando nos
esforçamos por desvendar as estruturas sociais básicas que regem o universo humano – falamos das sociedades tradicionais e
das sociedades modernas, que será aprofundada na Unidade II, na aula sobre a sociedade e as suas estruturas: instituição social,
socialização e estrutura social.
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Os estudos sistematizados pelos sociólogos contribuem para que as organizações públicas ou privadas possam planejar as suas
ações; as pessoas e grupos sociais possam lutar por seus direitos; a humanidade possa alcançar uma qualidade de vida cada vez
melhor. Estes são apenas alguns exemplos das possíveis contribuições dos estudos sociológicos para a nossa sociedade (DIAS,
2012). É importante que você conheça bem o conceito de "fato social", abordado a seguir, que os sociólogos utilizam para estudar
cientificamente as relações sociais e a sociedade.
É importante você compreender que a perspectiva sociológica de analisar a sociedade implica em posicionar o sujeito diante de
seu objeto, pois a lógica do "pensar e do fazer sociológico" é entender a relação entre o indivíduo e a sociedade, é necessário ficar
atento a certos pressupostos. Considerando que a análise do homem em sociedade deve começar por compreendê-lo inserido em
um contexto mais amplo, mostrando como ele está sujeito a inúmeras influências, condicionamentos e orientações. As ações e os
pensamentos dos indivíduos, bem como as diversas formas de controle existentes, desde aqueles institucionalizados até aqueles
mais sutis, são objeto de atenção do estudioso das sociedades.
Para os indivíduos se orientarem e se localizarem no universo social, faz-se necessário, preliminarmente, a construção do que
Peter Berger denominava um "mapa social". Trata-se este de um passo fundamental, pois é justamente a localização do
indivíduo neste "mapa social" que possibilitará e informará a ele "aquilo que se pode fazer e o que pode esperar da vida"
(BERGER; LUCKMAN, 2004, p. 79).
Esta é uma ideia e um pressuposto fundamental para a compreensão do raciocínio sociológico: entender que, mais ou menos
sutilmente, os indivíduos são condicionados pela sociedade, por seus valores, por suas normas e, aquilo que podem e são capazes
de fazer ou o que podem esperar da vida, na verdade, guarda estreita e íntima relação com as possibilidades que estão
socialmente postas à sua disposição.
Note-se que as formas de controle social variam enormemente. Talvez, a forma mais óbvia, perceptível e direta seja a violência
física, mas o sociólogo sempre mostrará que esta é apenas uma dentre as múltiplas formas de controle.
É importante que se esteja sempre atento ao fato que ignorar essas forças significa agir com risco. A sociedade, já bem
demonstrou Émile Durkheim em As regras do método sociológico, é também coercitiva com seus membros recalcitrantes. Os
indivíduos não são regidos e orientados por escolhas exclusivamente individuais, seria uma absurda onipotência e uma enorme
ingenuidade este tipo de pensamento. Equivale a desconsiderar os sujeitos como seres históricos inseridos na trama social.
As pessoas agem nas sociedades "dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio" (Berger). Este é um ponto
decisivo para se compreender a variedade de hierarquias que se fazem presentes no universo das pessoas e que tendem a facilitar
ou a dificultar seus comportamentos, ações e pensamentos.
Existe um "princípio de inércia das instituições" (Berger), que nos chama a atenção para um ponto essencial do "imaginar
sociológico" - para lembrarmo-nos de C. Wright Mills. Este importante ponto, inclusive, já havia sido pensado com igual
relevância, décadas atrás, por Émile Durkheim – as sociedades possuem certa autonomia e independência em relação a seus
membros constituintes. Segundo Durkheim, as sociedades são uma realidade sui generis. Os indivíduos passam, entretanto, a
sociedade e suas instituições permanecem. Daí a importância do que Auguste Comte dizia, de que somos governados muito mais
pelos mortos do que pelos vivos.
Para melhor explicar este aspecto essencial das sociedades, o autor estabeleceu três características essenciais que as define e
sobre as quais o estudioso deve ficar sempre atento: a exterioridade, a coercitividade e a generalidade.
Durkheim critica a ideia ingênua de que agimos "por livre e espontânea vontade". Ele pergunta até que ponto isto é verdadeiro,
uma vez que somos constantemente influenciados pela história, pelos controles, pelos sistemas de estratificação, pelos papéis
sociais, pela sociedade, enfim.
Este conceito é fundamental, tanto em termos teóricos como metodológicos, para a compreensão da Sociologia. Ele estabelece a
prioridade do todo sobre as partes, mostrando que o social é irredutível ao indivíduo e deve ser pensado neste caminho, ou seja,
o indivíduo recebe pressões e condicionamentos, na maioria das vezes, inconscientes, que influenciam suas condutas. Portanto,
ele nunca está isolado das tendências e dinâmicas da sociedade. A melhor forma de se compreender as ações e os pensamentos
dos indivíduos é sempre inseri-los no contexto social e cultural, do qual fazem parte.
O pensamento de Comte reflete os acontecimentos turbulentos que provocaram mudanças significativas nas estruturais sociais,
na sociedade tradicional em que vivia, como a Revolução Francesa e o crescimento da industrialização. Em um contexto de crise
social, apontava a Sociologia como uma ciência positiva com método capaz de analisar o passado e propor saídas para o futuro.
Cria uma ciência da sociedade que investiga as leis do mundo social, aplicando o método científico das ciências naturais, as quais
produzem leis universais para explicar, controlar e prever os fenômenos. Utiliza este método, pois acreditava que a sociedade
possui leis invariáveis, como as mesmas características que sucede no mundo físico, o qual poderia ajudar a desvendar e prever
as leis que governam a sociedade humana, com intuito de melhorar, progredir e promover o bem-estar da humanidade
(GIDDENS, 2009).
Método Positivista
O seu método utiliza os mesmos métodos da Física ou da Química para estudar a sociedade: "a produção do conhecimento
acerca da sociedade devem basear-se em provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da experimentação"
(GIDDENS, 2009, p. 8).
Portanto, para Comte o "verdadeiro espírito positivo consiste, sobretudo, em ver para prever, em estudar o que é a fim de
concluir o que será, segundo o dogma geral da invariabilidade das leis naturais" (COMTE, 1989, p. 77).
Importante que você saiba que, para Durkheim, a Sociologia é uma "ciência distinta e autônoma, e o sentimento do que tem de
especial a realidade social e de tal maneira necessário ao sociólogo, que apenas uma cultura especialmente sociológica pode
prepará-lo para a compreensão dos fatos sociais" (DURKHEIM, 1978, p. 27).
O pensamento de Durkheim defendia que a Sociologia enquanto ciência deveria estudar os fatos sociais com o mesmo rigor e
precisão dos fenômenos naturais, ou seja, como "coisas". Assim como Comte investigou os fatos marcantes de sua época,
abordando temas como: a importância da Sociologia enquanto ciência empírica; a emergência do indivíduo e a formação de uma
ordem social; e as origens e caráter da autoridade moral na sociedade (religião, desvios de conduta, crime, trabalho, vida
econômica, etc.); Durkheim investigou a função que os papeis sociais exercem na vida dos indivíduos, que não os criou e sim os
recebeu por meio da educação, como os deveres de filho, estudante, irmão, irmã, namorado, namorada, devoto, ateu, capitalista,
socialista, comunista, etc. Os comportamentos, pensamentos, valores que escolho seguir existem independente do uso que faço
deles, pois já existem e são tomados, por cada membro da sociedade, assim estes representam as formas de agir, pensar ou sentir
que são externas às consciências individuais. Portanto, os tipos de comportamentos e pensamentos são exteriores ao indivíduo e
dotados de uma força coercitiva que impõem sobre todos que queira, quer não, cuja função é manter a coesão e a harmonia
social (DURKHEIM, 1978).
Método Funcionalista
É uma tarefa difícil classificar o método científico de Durkheim em uma única corrente de pensamento, pois usa procedimentos
do positivismo e do funcionalismo.
O que devemos considerar é que teve um papel notável no desenvolvimento do método científico da Sociologia, em sua a obra
Les règles de la méthode sociologique (1895), propôs procedimentos metodológicos inovadores para investigar as realidades
sociais. Construiu conceitos novos que refletissem a verdadeira natureza das coisas sociais, assim, criou o método da observação
para pesquisar, descrever classificar, mensurar, caracterizar, sistematizar, comparar e depois explicar como a sociedade exerce
influência sobre o indivíduo e os seus atos (GIDDENS, 2009).
Dedicou a sua vida a estudar os problemas provocados pelas mudanças sociais radicais de seu tempo como: a divisão social do
trabalho, o suicídio, as patologias sociais, a religião.
O pensamento de Karl Marx contrapõe radicalmente às ideias de Comte e Durkheim, pois criticava a Sociologia destes teóricos,
que a viam como um meio para restabelecer a harmonia social. Marx não desenvolveu um pensamento sociológico propriamente
dito, mas acreditava que a Sociologia seria o instrumento capaz de realizar transformações radicais na sociedade. Partindo desta
concepção, o seu objetivo era analisar os conflitos produzidos pela sociedade industrial de seu tempo, ou seja, a luta travada
entre os donos dos meios de produção (capitalista) e os detentores da força de trabalho (operários explorados). Constitui objeto
de sua análise o modo de produção da vida material que condiciona o homem a agir, pensar e organizar a vida social, econômica,
política e intelectual (IANNI, 1988).
Para Refletir
Assista ao filme A classe operária vai ao paraíso, de Elio Petri (Itália, 1971). Este filme relata a história de um operário
consumido pelo capital e cujo trabalho estranhado consome sua vida. Reflita sobre as ideias de Marx fazendo um paralelo
com filme que discute dois eixos: a mobilização operária, a produção de mais-valia relativa (inovação técnico-organizacional
do capital), desvalorização da força de trabalho como mercadoria, degradação do trabalho vivo (saúde do trabalhador) e
resistência contingente e necessária do proletariado; e o capital que consome trabalho vivo e trabalho estranhado consome
vida. Os dois eixos explicativos da estrutura narrativa do filme constituem os traços essenciais do que seria a precarização (e
precariedade) do trabalho no capitalismo global. ( Canal 6 Editora)
Para Marx, os fatores econômicos e políticos são os elementos que geram a mudança social, sendo importante estudar o modo de
produção para compreender a sociedade, como os conflitos que permeiam no seio das classes sociais, os quais fornecem as
motivações para o desenvolvimento histórico, portanto, eles são o motor da História (GIDDENS, 2009).
O método dialético desenvolvido por Marx e Engels é caracterizado por buscar cientificamente a verdade fundamentada em
quatro princípios, conforme Galliano (1981, p. 94-98):
1. Tudo se relaciona (lei da ação recíproca e da conexão universal) -considera que os objetos e fenômenos estão
organicamente ligados entre si, dependentes uns dos outros, os quais devem ser compreendidos e explicados pelas
condicionantes que os cercam;
2. Tudo se transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante) - a realidade é processo, é
movimento que se manifesta na natureza e na sociedade, suscetíveis ás transformações.
3. A mudança qualitativa – estabelece que a relação entre a mudança quantitativa e qualitativa é uma lei universal da
natureza e da sociedade.
4. A luta dos contrários, ou contradição é universal. Todo processo natural ou social se explica pela contradição, o princípio
deste movimento é a luta dos contrários, sendo o motor de toda mudança.
O pensamento sociológico de Max Weber dedica-se também em compreender a natureza e as causas das mudanças sociais
ocorridas pelo capitalismo moderno e à forma como a sociedade moderna era distinta de outros tipos anteriores de organização
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social. Diferentemente de Karl Marx, não enfatizava os fatores econômicos e os conflitos de classes como únicos motores da
mudança, mas outros impactos como a ação social. Defendia que a Sociologia devia estudar as ações sociais e não as estruturas.
Considerava que as estruturas sociais são formadas por complexas redes de ações sociais recíprocas, com ideias, valores,
crenças, culturas e motivações humanas tinham o poder de moldar a sociedade e de gerar transformações sociais, pois os
indivíduos são livres para agir e configurar o seu futuro. Portanto, o papel da Sociologia era investigar as motivações que existem
por detrás das ações sociais (GIDDENS, 2009).
Para Refletir
Assista ao filme A corrente do bem, direção de Mimi Leder, que relata a história de um garoto que tinha o ideal de mudar o
mundo em que vivia. A partir desta simples história, reflita sobre a teoria de Max Weber sobre teias e redes sociais que
envolvem a sociedade e as suas transformações.
É um modelo abstrato que, quando usado como padrão de comparação, permite-nos observar aspectos do
mundo real de uma forma mais clara e mais sistemática. O objetivo é fornecer pontos de comparação a
partir dos quais podemos fazer nossas observações. É importante notar que os tipos ideais são ideias
apenas no sentido em que são puros e abstratos, não no sentido mais comum de serem desejáveis ou bons.
Comparando o tipo ideal de socialismo com as sociedades socialistas concretas, por exemplo, podemos
pôr em destaque suas características, ao notar como elas se ajustam ou se afastam do tipo ideal.
(JOHNSON, 1997, p. 240)
O objetivo do método weberiano é estudar, perceber e comparar a construção dos tipos ideais (abstrações) em um determinado
grupo social ou em sociedades diferentes, com a realidade vivida. Verificando se há convergência ou divergência entre o
abstraído e o vivido, não fazendo nenhum juízo de valor se bom ou ruim, apenas destaca o que ajusta ou afasta o tipo ideal
elaborado.
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Você estudou nesta aula que a Sociologia é uma disciplina que, ao longo de seu desenvolvimento, afastou-
se das formas religiosas e filosóficas para explicar a vida social. Pressupõe que por trás dos fatos sociais
que investiga existem fatores que podem ser descritos e compreendidos à luz de uma perspectiva
científica. Na próxima aula, estudará a Antropologia como uma ciência que busca o compreender as
dimensões biológicas e socioculturais do desenvolvimento humano.
Bons estudos!
É importante saber que a Antropologia, como afirma Marconi e Presotto (2010), é a ciência da humanidade que objetiva
compreender o ser humano em sua totalidade, apoiando-se em várias ciências, como apresenta a Figura 3.1:
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A Antropologia dialoga com as ciências biológicas e culturais, para conhecer o homem em sua totalidade. Assim, na dimensão
biológica e/ou física, estuda o ser físico, enquanto na dimensão sociocultural e filosófica analisa a existência humana em vários
aspectos no tempo e no espaço, como a cultura, o comportamento e a vida social, na tentativa de responder à indagação: o que é
o homem? ( MARCONI; PRESOTTO, 2010).
Nesta aula, você estudará o homem, suas produções e seu comportamento, que são os objetos de investigação da ciência
Antropologia, a partir das contribuições da Antropologia Biológica e Cultural. Deixando os outros elementos que envolvem a
compreensão de humanidade e sociedade para a filosofia e a sociologia para as próximas aulas.
Fonte: <imasters.com.br>
Houve um tempo em que se chegou a pensar que as origens da Antropologia remontariam à Grécia antiga. Os gregos teriam sido
os primeiros a reunir informações sobre diversos povos e culturas, embora não se possa desconsiderar as contribuições dos
chineses, dos egípcios e dos romanos. Heródoto, filósofo grego do século V a.C., chegou a ser considerado o "pai da
Antropologia" (MARCONI; PRESOTTO, 2010, p. 10-11). Hoje essa suposição foi praticamente abandonada (DAMATTA, 1987, p.
86-87), partindo-se do pressuposto de que não se pode situar o nascimento da Antropologia num simples relato de viagem de
Heródoto, no qual ele reúne informações sobre povos que os gregos consideravam "bárbaros".
Atualmente, já há certo consenso entre os antropólogos no sentido de situar o surgimento da Antropologia nos meados do século
XVIII. Pela primeira vez, o saber científico pensa em "aplicar no próprio homem os métodos até então utilizados na área da
Física ou da Biologia" (LAPLANTINE, 1987, p. 12).
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Fonte:
< http://pladelafont.blogspot.com.br/2013/01/pioneros-de-
la-prehistoria.html>
No século XX, a Antropologia conheceu um grande progresso, fruto das descobertas sobre o ser humano e das constantes
pesquisas de campo realizadas com bastante rigor científico, graças ao avanço da tecnologia e, de modo particular, à ciência da
computação (MARCONI; PRESOTTO, 2010, p. 10-11).
Partindo da reflexão sobre a humanidade, busca-se nesta disciplina compreender como o ser humano foi e continua sendo visto
por ele mesmo no processo de construção de significados para a sua existência pessoal, cultural e social. Trata-se de fazer uma
análise antropológica do ser humano.
Para Refletir
Leia o artigo O ofício do antropólogo, ou como desvendar evidências simbólicas, de Luís R. Cardoso de Oliveira. O texto
discute o ofício do antropólogo dentro e fora do mundo acadêmico, caracterizando-o como uma atividade em que a prática
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de desvendar evidências simbólicas ocuparia posição de destaque. Descubra a importância do ofício do antropólogo no
mundo de hoje. Boa leitura!
Nós sabemos que o ser humano "sempre teve curiosidade a respeito de si mesmo, independentemente do seu nível de
desenvolvimento cultural" (MARCONI; PRESOTTO, 2010, p. 10). Assim, o surgimento da Antropologia está ligado a este desejo
da humanidade de conhecer-se a si mesma, buscando perceber e registrar as semelhanças e as diferenças entre os diversos
grupos sociais e culturais. Esse dado histórico nos leva à definição do objeto de estudo e do objetivo da Antropologia, como
mostra a Figura 3.3.
Pode-se então dizer que, no seu objetivo, a Antropologia se preocupa com a pessoa humana na sua condição de ser biológico, ser
pensante, ser que produz culturas e ser capaz de organizar-se em sociedades estruturadas (MARCONI; PRESOTTO, 2006, p. 2-
3).
Para a Antropologia Cultural, o objeto de estudo pode ser descrito como o ser humano e seus comportamentos. Há então o
homem e a mulher como sujeitos integrantes de grupos sociais que produzem cultura. O objetivo é procurar uma compreensão
do ser humano enquanto tal e da sua existência ativa, capaz de interferir no destino do planeta que habitamos.
O papel da Antropologia Cultural é interpretar as diferenças culturais, na medida em que elas formam sistemas culturais
integrados. Sua função é captar o essencial das culturas e buscar uma verdadeira compreensão de tais sistemas. O essencial do
trabalho do antropólogo cultural é o estudo da vida das pessoas organizadas em grupos culturais, vendo o seu conjunto formado
por tantos elementos como os valores, as reflexões, os costumes, as normas, etc. (DAMATTA, 1987, p. 143-150).
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Paleontologia – estuda a origem e a evolução da espécie humana.
Fonte:< http://homemconnectus.blogspot.com.br/2014/09/homem-conectus-inauguracao-da-ideia.html>
Somatologia – estuda o corpo humano: variedades existentes, diferenças físicas e capacidade de adaptação.
Fonte:< https://netnature.wordpress.com/2011/07/06/evolucao-humana-um-olhar-a-sua-biomecanica/>
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Fonte:< http://www.tsf.pt/multimedia/galeria/vida/interior/os-direitos-das-criancas-em-imagens-2542978.html>
Antropometria – trabalha com técnicas de medição do corpo humano, especialmente de esqueletos (crânio, ossos, etc.).
Utiliza instrumentos especiais de precisão, fornecendo informações detalhadas acerca de pessoas ou de achados arqueológicos.
É muito utilizada no âmbito forense para tentar identificar corpos e esqueletos.
Antropometria do crescimento – voltada para o conhecimento e o estudo dos índices de crescimento dos indivíduos,
relacionando-os com alimentação, atividades físicas e qualidade de vida, entre outros aspectos.
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Para Refletir
Assista ao documentário Pré-história brasileira: um tempo a ser descoberto, que relata a pré-história, os primeiros
habitantes e animais que viviam nas terras brasileiras.
O campo da Antropologia Cultural é de fundamental importância, pois estuda a relação que existe entre cultura, sociedade e
indivíduo, uma vez que esse último não é um mero receptor e portador de cultura, mas também agente de mudança cultural. Por
outro lado, sabemos que a cultura tem uma influência determinante sobre a vida do indivíduo. Pelo processo de endoculturação
o grupo social confere um tipo de personalidade às pessoas que dele fazem parte. Conhecer estas inter-relações é sumamente
importante para analisar o comportamento humano e a capacidade de adaptação dos indivíduos aos valores propostos pelos
grupos aos quais pertencem (Fonte: A antropologia como ciência).
Marconi e Presotto (2010) consideram a Antropologia uma ciência autônoma que se relaciona com teorias, métodos e técnicas
de pesquisas, trocando conhecimentos e experiências de forma interdisciplinar com as diversas ciências para compreender,
analisar e explicar a complexa existência humana. Por isso, é importante que você compreenda o objeto da ciência antropológica
em sua totalidade em cooperação com as várias áreas do conhecimento científico, como as citadas a seguir:
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a. Método histórico – utilizado na investigação de culturas passadas. "Por meio dele o antropólogo, com a ajuda do
historiador, tenta reconstruir as culturas, explicar fatos e observar fenômenos, como por exemplo, as mudanças
ocorridas e as adaptações" (OLIVEIRA, 2016).
b. Método estatístico – é empregado para análise das variações culturais tanto das populações, como das sociedades. Os
dados são apresentados sob a forma de gráficos, tabelas, quadros, entre outros.
c. Método etnográfico – é utilizado na descrição dos estudos sobre as sociedades humanas, mais particularmente as
consideradas primitivas ou ágrafas. "O método consiste essencialmente em levantar todos os dados possíveis sobre uma
determinada cultura ou etnia e, a partir desses levantamentos, tentar descrever o estilo de vida ou cultura desses grupos"
(OLIVEIRA, 2016).
d. Método comparativo ou etnológico – usados de modo particular para a pesquisa sobre populações extintas. Por
meio da comparação de materiais coletados, especialmente fósseis, se estudam os padrões, os costumes, os estilos de vida
das culturas, vendo de modo particular as diferenças e semelhanças existentes entre elas. O objetivo é melhor
compreender as culturas passadas e extintas. Hoje, boa parte dos antropólogos alerta para o risco de não se estar atento
para as particularidades de cada cultura.
e. Método monográfico ou estudo de caso – utilizado para estudar com profundidade certos grupos humanos e
fenômenos grupais, levando em consideração todos os seus aspectos. Exemplo: as instituições, os processos culturais e a
religião. Esse tipo de método é importante também para o estudo de culturas ameaçadas de extinção, pois possibilita a
análise e a descrição de forma bem detalhada.
f. Método genealógico – empregado no estudo do parentesco e dos outros aspectos sociais relacionados e decorrentes
dele. Tem por objetivo a análise da estrutura familiar, por meio de um informante, alguém que possa descrever a árvore
genealógica da família.
g. Método funcionalista – estuda e analisa a cultura a partir da função ou das funções. Investiga a funcionalidade de
determinada unidade cultural num contexto cultural geral ou global. Este método tem sido bastante criticado por vários
antropólogos.
a. Observação – como o próprio nome diz, essa técnica consiste na obtenção de dados por meio da observação que pode
ser sistemática ou participante. Na primeira, o pesquisador, diretamente (de forma pessoal) ou indiretamente (por
intermédio de outras pessoas), observa, por determinado tempo, o objeto a ser investigado. Já na observação
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participante, o pesquisador participa – por um longo período de tempo – do campo de pesquisa, cujo objeto está sendo
investigado. Esta técnica é muito utilizada na pesquisa cultural, em que o cientista participa ativamente da cultura que
está investigando. Além da capacidade de observação, exige-se: a superação de preconceitos, o trabalho diário de
anotação, o registro de fatos e de dados.
Fonte: <jornalggn.com.br>.
b. Entrevista – as informações são obtidas por meio do contato direto – frente a frente – entre o pesquisador e o
entrevistado. A entrevista pode ser classificada como estruturada (quando o entrevistador segue um roteiro previamente
estabelecido) ou semiestruturada (o entrevistador colhe as ideias do entrevistado e realiza perguntas, se necessário, a
partir do relato do participante).
c. Formulário – muito similar a um questionário, esta técnica é utilizada para obter informações por meio de perguntas
escritas. Pode-se dizer que é uma pesquisa dirigida, pois as perguntas são elaboradas pelo entrevistador e apresentadas
ao entrevistado, que é convidado a respondê-las.
Agora que você já estudou sobre a Antropologia, seus campos de estudos, métodos e técnicas, irá, na
próxima aula, aprofundar seu conhecimento sobre a cultura e a diversidade cultural. Bons estudos e até
lá!
O ambiente agrário - o costume de trabalhar a terra para que ela possa produzir e dar frutos.
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Fonte:< http://adorandokrishna.blogspot.com.br/2011/07/rio-ganges-versus-rio-
yamuna_02.html>
Há várias acepções para cultura, por isso, é um termo vasto e complexo que abrange em "seus significados" vários aspectos da
vida dos grupos humanos. De acordo com Marconi e Presotto (2006), não há consenso entre antropólogos acerca do significado
de cultura. Existem mais de 160 definições de cultura.
Contudo, nesta aula interessa tratar do termo cultura no sentido mais amplo relacionado a uma sociedade, a um povo, a um
grupo étnico. Neste sentido, a relação entre cultura e sociedade é tão intrínseca que uma não pode existir sem a outra. É a
semelhança entre as culturas que oferece identidade comum aos seres humanos e são as diferenças culturais que se lhes
conferem especificidade, distinguindo-as umas das outras. Laraia (2006, p. 18) oferece vários exemplos desse contraste cultural:
Outros exemplos colhidos da cultura brasileira contemporânea é o desafio que algumas práticas culturais representam para, por
exemplo, a universalização dos direitos da criança e do adolescente: enquanto a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) asseguram a todas as crianças e adolescentes o direito à vida, alguns grupos indígenas ainda possuem a
prática de sacrificar crianças não desejadas, prática conhecida como infanticídio. É costume em grupos ciganos e indígenas as
crianças de 12 e 14 anos se casarem e procriarem, quando as leis brasileiras atestam que práticas sexuais com
crianças/adolescentes abaixo de 14 anos são consideradas violência sexual tipificada como estupro de vulnerável.
Esse tipo de pensamento, baseado no tipo de conhecimento dos grupos e sociedades, principalmente econômico e religioso,
levou os antropólogos Lewis Morgan (1818-1881) a produzir uma escala de evolução dos vários momentos culturais de uma
sociedade em "bárbaro", "selvagem" e "civilizado" e James Frazer (1854-1941) a classificar as formas de evolução do
conhecimento de "mítico" a "religioso" e deste ao "científico". Junto a essas escalas, produziu-se um juízo de valor que atribuiu
ao estágio "civilização" e a forma de conhecer "científica" como formas superiores, condição societal e forma de conhecimento.
Por outro lado, gerou-se o chamado determinismo biológico, que, em última instância, se constituiu na base de muitas formas de
racismo até hoje perpetuadas na nossa sociedade, com afirma Laraia:
São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a 'raças' ou a outros
grupos humanos. Muita gente ainda acredita que os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; que
os alemães têm mais habilidade para a mecânica; que os judeus são avarentos e negociantes; que os
norte-americanos são empreendedores e interesseiros; que os portugueses são muito trabalhadores e
pouco inteligentes; que os japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que os ciganos são nômades
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por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios
e a luxúria dos portugueses. (LARAIA, 2006, p. 17)
Na virada do século XIX, início do século XX, Kroeber (1876-1960) fez duas distinções, para fazer avançar a concepção de
cultura como um "todo complexo" de Edward Burnett Tylor (1832-1917). Encapsulado na sua teoria do Superorgânico, ele fez a
distinção entre "orgânico" e "cultural" e entre "sociedade" e "cultura". Contrapondo o chamado evolucionismo, outro movimento
nos estudos da cultura foi o chamado " difusionismo", de acordo com o qual as culturas não evoluem organicamente como o
corpo humano e plantas, mas elas se transformam no contato de umas com as outras num permanente processo de "emprestar"
e "tomar emprestado" traços culturais, como afirmou a antropóloga Ruth Benedict (1887-1948). Franz Boas (1858-1942),
juntamente com Ruth Benedict e Margaret Mead (1901-1978), criaram, nas décadas 1930, 1940 e 1950 as bases para a
contraposição dos determinismos biológico e geográfico que haviam se transformado em "verdades científicas" em um processo
de construção iniciado na segunda metade do século XIX.
Desde então, os antropólogos e outros estudiosos da cultura estão completamente convencidos de que as diferenças genéticas
"não são determinantes das diferenças culturais" (LARAIA, 2006, p. 17). Como afirma Kessing (1961, p. 184-5), "qualquer
criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de
aprendizado". Por sua vez, embora as culturas estabeleçam padrões de comportamento que variam de uma para outra e,
historicamente, dentro de uma mesma cultura, que não são nem "certos" nem "errados", mas apenas "diferentes" ( BENEDICT,
1934).
O antropólogo francês que viveu no Brasil na década de 1930, Claude Levi-Strauss, deu importante contribuição ao pensar a
cultura como sistemas estruturais. Na sua concepção, embora arte, religião, mito, parentesco fossem produtos da mente
humana, estas formações possuem existência antes do nascimento dos indivíduos e continuarão existindo após a sua morte.
A influência mais contemporânea na forma de se conceber a noção de cultura foi do antropólogo americano Clifford Geertz
(1978), que considera cultura como um sistema simbólico. Geertz (1978) representa sua ideia de cultura como uma "teia de
significados" à imagem de uma teia de aranha. Assim, para ele, cultura é "um conjunto de mecanismos" que "governam o
comportamento humano".
A observação dessa breve trajetória da noção de cultura oferece pistas para pensar que tanto as culturas são mutantes e mutáveis
como as maneiras pelas quais os estudiosos e pesquisadores as concebem.
Outro exemplo, inspirado no estudo Noção técnica corporal, de Marcel Mauss (1872-1950), no qual o autor analisa as formas
como as pessoas de diferentes culturas utilizam seus corpos. Assim, dentro de uma mesma cultura, a utilização do corpo pode
variar segundo o gênero da pessoa: as mulheres em geral sentam, caminham e gesticulam de maneiras diferentes das do homem.
Para Refletir
Assista ao vídeo Desenvolvimento do Conceito de Cultura e reflita sobre as múltiplas faces deste importante conceito.
As culturas engendram comportamentos nos indivíduos que delas compartilham. Esses comportamentos são, por sua vez,
socialmente construídos. Berger e Luckman (2004) desconstroem a ideia de que a realidade seja o fato real, o que ocorre "de
fato". Para esses autores, a sociedade é concebida como um "produto humano" e o homem como um "produto social". A
realidade tem dimensões objetivas e subjetivas. O mundo social é "interpretado" pelas lentes que cada um dos indivíduos possui.
Portanto, um mesmo fenômeno social, um acontecimento da chamada vida real, pode ser interpretado de maneiras muito
diferentes, segundo o ângulo de observação dos indivíduos (BERGER; LUCKMANN, 2004).
Como na perspectiva de Berger e Luckmann (2004) da construção social da realidade, a cultura funciona como um sistema que
leva o indivíduo a se comportar de certa maneira. Contudo, embora forte e constringente, esse sistema pode ser transformado
pela ação e prática dos indivíduos (BOURDIEU, 2004).
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Pode-se então concluir que: "a cultura consiste em uma série de coisas reais que podem ser observáveis e examinadas num
contexto extra-somático" (MARCONI; PRESOTTO, 2010, p. 26).
Traço cultural – é o menor elemento da cultura, mesmo assim permite a sua descrição. Exemplos: a culinária (arroz
de carreteiro), o sotaque (o uai mineiro), etc. Podem ser materiais (objetos materiais) ou não materiais (crenças, hábitos,
valores).
Complexos culturais – conjunto de diversos traços ou características de uma cultura, formando o seu todo funcional,
ou seja, algo que a partir da ligação de seus elementos ganhe sentido. Exemplo: as diversas características de uma região
brasileira.
Padrões culturais – comportamentos e conduta que devem ser seguidos por todos os membros de um grupo social.
Exemplo: A hora do chá para os ingleses; o banho diário para o brasileiro.
Subcultura – algo que gera uma variação da cultura da principal (um grupo cultural menor dentro da cultura maior).
Exemplo: as diversas culturas regionais brasileiras apresentam características distintas, mas mantém ligações
fundamentais com a cultura que prevalece no Brasil. O termo "subcultura" não tem nem pode apresentar uma conotação
pejorativa ou negativa.
A compreensão e a solidariedade são características dos seres humanos, mas nem sempre isso acontece de forma natural. Por
essa razão, as diferenças e diversidades costumam ser tomadas como pretexto para a geração de conflitos. Nesses conflitos, o
diferente é tratado como adversário, bárbaro e selvagem. Assim, costuma-se aplicar ao diferente o que é proibido fazer com os
que são do mesmo grupo cultural, desde o linchamento até a tortura, a morte, a escravização e o genocídio. Muitas vezes o
etnocentrismo costuma ser disfarçado por atitudes que são até louvadas, como é o caso, por exemplo,
do patriotismo (LABURTHE-TOLRA; WARNIER, 2003, p. 30-31):
O etnocentrismo não se confunde com o racismo. São coisas diferentes. O racismo é a afirmação de que existem raças distintas e
que determinadas raças são inferiores, sejam do ponto de vista moral, intelectual e técnico. No racismo, a inferioridade não é
considerada a partir da perspectiva social ou cultural, mas do ponto de vista biológico. A inferioridade seria inata. Nasce-se
inferior por se pertencer a tal raça. O etnocentrismo, por sua vez, é a afirmação de que a própria cultura ou civilização é superior
às demais.
Segundo os antropólogos, o etnocentrismo – como configuração cultural e social – se manifestou especialmente em três
momentos específicos na história da humanidade. Na Renascença, as grandes viagens realizadas pelos europeus a outros
continentes possibilitaram a descoberta de outros continentes, povos e culturas. Esses povos eram homens ou animais?
Possuíam alma? Eram descendentes de Adão e Eva? Essas perguntas eram realizadas de acordo com a visão religiosa que se
tinha à época. Depois, no Iluminismo, sob a crença dos filósofos de que a razão superava tudo, povos e culturas que não
possuíam um grau de racionalidade considerado idêntico ao dos europeus eram denominados bárbaros e selvagens. No final do
século XIX e início do século XX, havia uma confusão, feita pelos estudiosos, entre raça (aspecto biológico) e etnia (aspecto
social) e era a partir dessa ideia confusa que se estabeleciam comparações entre as várias sociedades:
Nessa comparação, eles se voltavam para o diferente com um olhar distanciado e de estranheza. Chegou-
se a criar o mito do "bom selvagem", mas a ideologia dominante não permitiu reconhecer o valor da sua
cultura. Por isso, se continuava a falar de "povos primitivos" e "povos civilizados". Exaltava-se a
liberdade do bom selvagem, a beleza do seu estado natural, mas para depois afirmar a superioridade da
civilização europeia. Essa, dizia-se na época, evoluiu e superou o estado de barbárie e de selvajaria ainda
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presentes nas culturas então consideradas primitivas. Fatos como a Segunda Guerra Mundial desmentem
essa afirmação (LABURTHE-TOLRA; WARNIER, 2003, p. 32-42 apud OLIVEIRA, s.d., p. 19).
O etnocentrismo é muito antigo e foi praticado no passado por gente famosa. Heródoto (484-424 a. C.), ao analisar as culturas
por ele visitadas e estudadas, agiu de maneira etnocêntrica. Tácito (55-120 d. C.), escritor latino, fez o mesmo com as tribos
germânicas. Marco Polo, entre 1271 e 1296, viu os costumes dos tártaros de modo etnocêntrico. José de Anchieta (1534-1597) se
espantava com os costumes dos Tupinambás, habitantes primeiros do litoral brasileiro, e os avaliava a partir da cultura europeia
e cristã. Montaigne (1533-1572) ficava escandalizado com o costume dos indígenas de não usarem roupas (LARAIA, 2009, p. 10-
16).
O etnocentrismo é universal e seu ponto de referência não é a humanidade, mas o grupo. Normalmente, acredita-se que o
próprio grupo seja o centro da humanidade e até mesmo a única forma perfeita de sua expressão. Dessa forma, as pessoas de
uma determinada cultura reagem com estranheza diante do diferente, que é visto nesse caso como verdadeiro inimigo. Isso
depois é usado como pretexto para a prática da intolerância, da discriminação e para justificar o uso da violência contra quem é
diferente:
O fato de que o homem vê o mundo por meio de sua cultura tem como consequência a propensão em
considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada
etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais (...).
O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado
mesmo dentro de uma sociedade (...). Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações
negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas
como absurdas, deprimentes e imorais (...). Todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de
um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a
tendência mais comum é de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto
grau de irracionalismo (LARAIA, 2009, pp. 72-74, 87).
Em pleno século XXI, o etnocentrismo não foi superado, principalmente, quando se opina sobre determinadas questões
(identidade cultural, família, relações sociais, sexo, crenças religiosas, estado, democracia etc.), ele continua presente com toda a
sua carga ideológica. Por isso, o trabalho de descolonizar certas práticas e opiniões ainda precisa continuar. Hoje se tenta
disfarçar a crise do sistema neoliberal, predominante em todo o mundo, com o etnocentrismo. É o que acontece, por exemplo,
com a civilização árabe apresentada pelos Estados Unidos e seus aliados como sendo expressão do atraso e da violência.
Enquanto isso, os massacres e as destruições provocadas por esses países em várias partes do mundo, como no caso do Iraque e
do Afeganistão, são tidas como ações de países civilizados e democratas. As mortes de tantas pessoas e a miséria deixada após as
investidas sangrentas por eles praticadas são vistas apenas como "efeitos colaterais", um "mal necessário" para manter a
democracia no mundo.
Para que haja superação do etnocentrismo é indispensável ter sempre presente o que diz DaMatta (1987, p. 86-142). Lembrando
que nas ciências sociais sempre há o risco de "buscar a generalidade para realizar generalizações de cunho formalista", o autor
critica o hábito de certos cientistas de separar os fatos de seus contextos. Por essa razão, ele levanta certa suspeita em relação aos
que trabalham com ideias gerais. Entre essas ideias, ele destaca quatro: a comparação dos costumes das sociedades humanas; a
afirmação de que os costumes têm uma origem e um fim; o princípio de que as sociedades se desenvolvem irreversivelmente de
modo linear; e a definição das diferenças entre os seres humanos a partir das características anteriores.
A perspectiva de Darcy Ribeiro (1995) acerca da cultura brasileira, como sendo plural e diversa – "um renovo mutante", oferece
base conceitual para refutar a ideia de sincretismo cultural e religioso que vem caracterizando a formação cultural brasileira. A
crítica principal que se faz da perspectiva de se pensar a composição cultural brasileira como sincrética é que esta transmite uma
ideia de mistura harmônica. Os grupos étnicos afrodescendentes demonstram, contudo, as tensões existentes entre as tradições
africanas e as europeias, a exemplo do candomblé, que é, de certa maneira, proscrito por alguns segmentos católicos e
protestantes.
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O documentário está organizado em 10 capítulos que apresentam uma síntese da formação cultural brasileira, enfocando o
processo da miscigenação, as diferenças e conflitos regionais, as dificuldades de integração, os processos de dominação, as
origens de muitos de nossos hábitos e costumes. É muito importante que se organize para assistir aos vídeos e debater com
colegas e professores.
Estudiosos são unânimes em afirmar que, em países como o Brasil, a interferência da religião pode ser percebida nos mais
diversos âmbitos. Mesmo quando esses países procuram conservar a dimensão laica, isto é, de neutralidade no que diz respeito à
ingerência religiosa, a pressão dos grupos religiosos mais fortes termina por afetar tudo: a concepção de vida humana, de saúde,
de morte, de sexualidade, de família, de vida socioeconômica e de comunicação (RAMPAZZO, 2004, p. 155-206).
As culturas religiosas são marcadas por todas as características comuns às outras culturas. Também elas possuem traços,
padrões, configurações e assim por diante, bem como passam constantemente pelo processo de aculturação e de fricção
interétnica. Muitas culturas religiosas são profundamente etnocêntricas, discriminando as demais. Isso aconteceu, por exemplo,
no Brasil. A cultura católica, que chegou com os portugueses em 1500, comportou-se de maneira etnocêntrica com relação às
religiosidades indígenas e às religiosidades africanas que acompanhavam os escravos trazidos da África para o Brasil. Essa
pressão foi e ainda é tão violenta que chegou a praticamente eliminar as demais culturas religiosas.
Depois de cinco séculos, no Censo de 2010, de uma população de 821.501 brasileiros que se autodeclararam indígenas, apenas
43.144 afirmaram praticar religiosidades de tradições indígenas (PISSOLATO, 2013, p. 239-243). Num país onde mais da
metade da população é afrodescendente, somente 588.787 se dizem adeptos de religiões afro-brasileiras, sendo que apenas
181.466 (0,10% da população brasileira) se declaram pertencer ao Candomblé, ou seja, das tradições religiosas que mais
conservam as raízes africanas (PRANDI, 2013, p. 207-209).
Ao longo da história da humanidade, as culturas religiosas foram responsáveis pela construção da concepção de mundo. Elas
exerceram um papel de exteriorização e de interiorização. No processo de exteriorização ou objetivação as culturas religiosas
contribuíram para um entendimento do mundo como lugar da atividade humana. Tal objetivação foi tão profunda que hoje não
é possível compreender a situação mundial sem ter presente o papel das religiões. Inclusive, pode-se mesmo afirmar que as
constantes ameaças para a continuidade da espécie humana em nosso planeta estão diretamente relacionadas com a religião,
especialmente a judaica e as cristãs. Ao afirmarem o senhorio do homem sobre o mundo, essas religiões terminaram por
contribuir para a devastação da Terra, levando as diferentes culturas a uma relação de exploração do nosso planeta.
Quanto ao processo de interiorização, significa dizer que as religiões se reapropriam das realidades objetivadas com a finalidade
de reconstruir novos significados e novas estruturas que vão impactar na consciência singular e coletiva dos humanos. Tal ação
das religiões parte geralmente da concepção de que o ser humano é inacabado, estando sempre num processo permanente de
acabamento e de desenvolvimento. Por essa razão, é preciso sempre achar novas formas de estar no mundo. Aqui, talvez,
encontre-se a salvação para a humanidade, caso esse processo consiga, em tempo, revelar aos humanos os estragos provocados
pela exteriorização e encontrar o justo equilíbrio que permita a sobrevivência da humanidade (BERGER, 2004, pp. 15-41).
O desafio que se coloca para os estudiosos do fenômeno religioso é encontrar um procedimento científico que, respeitando a
pluralidade das culturas religiosas, proponha um método capaz de resgatar os valores vitais presentes em cada uma delas e os
apresente como categorias que podem proteger a humanidade de grandes catástrofes sociais.
Sabemos que, na história da humanidade, as religiões já estiveram na raiz de grandes genocídios e de grandes massacres,
inclusive recentemente. Analisando criteriosamente os elementos das culturas religiosas que conferem sentido humano às
diferentes realidades, os antropólogos podem contribuir para que essas culturas devolvam à humanidade a capacidade de
convivência pacífica e harmoniosa (MASSENZIO, 2005, p. 178-184).
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As culturas indígenas brasileiras são marcadas por uma diversidade biológica e cultural. No momento da chegada dos
portugueses, em 1500, existiam pelo menos 1.400 tribos e cerca de 40 famílias linguísticas. Essas tribos estavam espalhadas em
áreas culturais que iam do Norte (Amazônia) até a divisa com o Paraguai e o Uruguai ao Sul. Na ocasião, somavam no mínimo
dois milhões de pessoas. Porém, o genocídio praticado pelos europeus as reduziu de forma drástica. Isso mostra que o contato
interétnico favoreceu o dominador em detrimento dos grupos tribais, que sofreram os efeitos da destribalização, despopulação e
desorganização, quando não foram destruídos totalmente:
Nas fases da conquista e colonização, foi inevitável o contato entre europeus e os grupos indígenas
litorâneos, dando origem ao processo aculturativo, que resultou na subordinação ou dizimação de muitos
deles, enquanto outros foram empurrados para áreas distantes (...). Dos grupos tribais atingidos, poucos
sobreviveram, muitos se destribalizaram com tendências ao desaparecimento, em decorrência da perda
parcial ou total da própria cultura e da redução do seu efetivo populacional (MARCONI; PRESOTTO,
2010, p. 213).
Os povos indígenas do Brasil formavam uma heterogeneidade fantástica, com padrões, valores e costumes bem diferenciados.
Do ponto de vista cultural formam uma riqueza extraordinária para o nosso país. Porém, poucas etnias e grupos conseguiram
sobreviver ao impacto altamente destruidor das culturas europeias invasoras. Isso porque o processo de aculturação aqui
realizado foi antes de tudo uma fricção interétnica, ou seja, um embate entre os povos indígenas e a ordem estabelecida pelas
coroas portuguesa e espanhola e, em seguida, entre indígenas e os poderes estabelecidos posteriormente. O que de fato sempre
ocorreu e ainda ocorre no Brasil é que a aculturação sempre favoreceu a cultura dominante (MARCONI; PRESOTTO, 2006, pp.
217-221).
Os povos indígenas foram e continuam sendo subjugados ou até destruídos totalmente pelas elites dominantes, particularmente
aquelas ligadas ao latifúndio e, atualmente, ao agronegócio.
Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt.
Para Refletir
Você já conhece de modo suficiente a beleza e a variedade dos povos indígenas brasileiros? Aprofunde seu conhecimento
sobre esses povos assistindo ao documentário O povo brasileiro – Matriz Tupi, baseado nas pesquisas antropológicas de
Darcy Ribeiro.
Leia também o artigo " Povos indígenas e a recusa da mercadoria", da antropóloga Alcida Rita Ramos.
Os africanos chegaram ao Brasil como escravos. Foram cerca de quatro milhões deles, trazidos da Guiné (século XVI), de Angola
e do Congo (século XVII) e da Costa da Mina (século XVIII). Portanto, de lugares e de culturas diferentes. Tivemos entre os
africanos: escravos criadores, agricultores, habitantes das florestas e das savanas, artesões, mineiros, pertencentes a grandes
reinos e a pequenas tribos, politeístas, monoteístas, culturas simples e mais avançadas tecnicamente.
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Infelizmente, o colonizador branco considerou o africano apenas como um "estoque" de mão de obra para os trabalhos brutais,
especialmente no cultivo da cana-de-açúcar (RIBEIRO, 2007, p. 145-149). A vinda dos negros tinha como único objetivo repor os
"estoques" daqueles que eram desgastados e mortos pelo trabalho escravo realizado em condições completamente desumanas.
Sabemos que a caçada de negros na África, o transporte e a venda deles para o Brasil se constituíram em um dos maiores
negócios dos europeus no período da escravidão.
A maioria absoluta dos escravos trazidos era composta de homens. As poucas mulheres trazidas (cerca de uma para cada quatro
homens) não estavam relacionadas com a constituição da família, uma vez que isso não era respeitado. Vinham acima de tudo
para os trabalhos domésticos nas casas dos senhores brancos e para serem "reprodutoras" de escravos aqui no Brasil. Inclusive
eram frequentemente usadas pelos brancos e da relação nasciam os "mulatos" que, por serem filhos de escravas, eram também
tratados como escravos.
A racionalidade do escravismo se opõe à dignidade humana fundada na vigilância contínua e na violência punitiva como
prevenção (RIBEIRO, 1995), este sistema tão cruel deixou marcas permanentes em nós brasileiros.
Todos nós, brasileiros, somos carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por
igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram
para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos.
Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e
instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo
exercido da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa
fúria. (RIBEIRO, 1995, p. 120)
O sofrimento e a punição são os elementos impostos pelas práxis escravistas deixados na identidade brasileira e carregamos em
nós as cicatrizes do torturador, violento, racista e classista, que a qualquer momento podemos colocá-la para fora, conforme
profere Ribeiro, na seguinte afirmação:
A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na
alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta
autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos. Ela,
porém, provocando crescente indignação nos dará forças, amanhã, para conter os possessos e criar aqui
uma sociedade solidária. (RIBEIRO, 1995, p. 120)
Apesar do brutal sofrimento, herdamos outras características dos negros como: a indignação, a criatividade, a resistência, a
capacidade de compadecer com o sofrimento do outro e a vontade de construir uma sociedade justa e fraterna para todos os
povos que vivem no Brasil.
Além desse legado identitário, temos ainda as contribuições culturais dos africanos para a formação do Brasil, presente em
vários setores: arte, técnica, literatura, arquitetura e escultura vestuário, música, dança e instrumentos musicais. Na culinária,
temos como herança das culturas africanas o azeite de dendê, o vatapá, o acaçá, o bobó, o acarajé, o abará, o efó, o axoxó, o uso
da pimenta, da moqueca de peixe, etc.
Assista também ao vídeo Brasil Crioulo, embasado nas pesquisas antropológicas de Darcy Ribeiro, sobre a etnia dos
brasileiros atuais descendentes dos africanos. Você conhece este processo de miscigenação?
Nesta Unidade você estudou sobre o homem na perspectiva filosófica, sociológica, antropológica e
cultural. Na segunda Unidade, que compõe a Disciplina Humanidade e Sociedade, você aprofundará o
seu conhecimento sobre o homem como ser social que cria diversas instituições para viver em comunhão,
estabelecendo relações sociais, comunicativas, econômicas e políticas na mesma sociedade e interagindo
de forma global com outras realidades sociais distantes e distintas.
Unidade I - Atividades
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Prezado estudante,
A seguir serão apresentadas até três atividades para cada aula da Unidade I. Elas objetivam consolidar a sua aprendizagem
quanto aos conteúdos estudados e discutidos.
Caso alguma dessas atividades seja avaliativa, seu (sua) professor (a), indicará no Plano de Ensino e lhe
orientará quanto aos critérios e formas de apresentação e de envio.
Bom Trabalho!
Responda às questões:
1. Nós, seres humanos, temos a tendência de naturalizar as nossas condutas, comportamentos e relações. Descreva
outras situações do seu cotidiano que são naturalizadas por você.
2. Agora, reflita: estas naturalizações são utilizadas para manter quais limitações, preconceitos e estereótipos em sua
realidade social?
3. O ser humano é um ser eminentemente natural ou existem outros fatores que condicionam natureza humana?
Atividade 2
Escolha um dos documentários a seguir e reflita sobre as diversas formas de servidão na sociedade contemporânea:
A servidão moderna
A ordem criminosa do mundo
A corporação
Capitalismo - uma história de amor
Thrive
Liberdade
Encantamento
Consumo
Servidão
Individualismo
Sustentabilidade
A especialista lembra que, até então, o episódio mais chocante havia sido o das quatro meninas do Piauí.
No caso carioca, disse Samira, além da quantidade de agressores, choca o fato de nenhum dos envolvidos
ter tentado impedir a violência e "ainda terem postado o vídeo nas redes, se orgulhando do que fizeram".
"O que chama a atenção é a brutalidade em pensar que mais de 30 homens estupraram a adolescente e
nenhum deles, em momento algum, tentou impedir", disse ela, que ressalta ainda o aspecto cultural da
violência. "O estupro está vinculado à cultura machista e misógina, que entende que os homens têm direito
de ferir a mulher".
As estatísticas das Secretarias de Segurança Pública de todo País, reunidas pelo FBSP, mostram que
mulheres de diferentes classes e raças são violentadas, "embora as negras sejam as principais vítimas
letais", segundo a cientista social. A vítima do estupro coletivo não é negra.
Uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos, segundo estatística recolhida pela FBSP. Como
apenas de 30% a 35% dos casos são registrados, é possível que a relação seja "de um estupro a cada
minuto", de acordo com Samira. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres foram estupradas em 2014, última
estatística divulgada. No Estado do Rio, foram 5,7 mil casos.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à Secretaria de Segurança do Estado,
revelam 507 queixas de estupro na cidade do Rio, neste ano. O número é 24% inferior ao de igual período
(janeiro a maio) de 2015, quando houve 670 registros. Na região da 28ª Delegacia de Polícia, que inclui a
Praça Seca, onde aconteceu o estupro coletivo, foram registrados 20 casos em 2016.
Fonte:< http://www.ihu.unisinos.br/noticias/555611-uma-mulher-e-violentada-a-cada-11-minutos-no-
pais>. Acesso em: 24 jun.2016.
Diante deste fato social, tão presente na sociedade brasileira, segue um roteiro simples de questões, para você entrevistar
três pessoas de seu ciclo social:
1. O que é o estupro? Quem são as vítimas? Onde ocorre com mais frequência?
2. A cultura do estrupo está associada a quais problemas sociais?
3. Quais outros tipos de violência as mulheres sofrem no Brasil?
4. A sociedade brasileira é machista?
5. Os homens podem impor o seu poder sobre as vítimas? Por que as vítimas de estupro são consideradas culpadas pela
violência sofrida?
Atividade 2
A sociedade brasileira é marcada pela diversidade econômica, política, religiosa, social e cultural. Considerando esta
realidade, escolha um fato social (rompimento da Barragem Samaco em Mariana; Operação Lava-Jato; Impeachment da
presidente Dilma Rousseff etc.) que marcou a nossa sociedade nos últimos anos e realize um Estudo de Caso, analisando-
o à luz de um dos referenciais teórico-metodológicos apresentados na aula 2 para interpretá-lo.
Visão Geral/Análise - Onde/quando/por quê? Forneça detalhes sobre atores envolvidos e organizações;
identifique questões profissionais, técnicas ou teóricas etc.; o caso deve ser rico em nuances contextual:
cenários, personalidades, culturas, urgência das questões etc.
Relato da Situação - Descreva as ações, podendo incluir declarações dos atores e suas relações; deve
deixar claro o período temporal ou a cronologia do caso; é importante saber onde os eventos importantes
ocorrem, com a identificação clara de locais e das instituições.
Problemas do caso – Geralmente, um ou dois problemas que requerem análise para resolver uma
questão específica; devem ser apresentados de forma clara:
Fonte: http://casoteca.enap.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=5
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Atividade 2
Na aula 3 (Antropologia Divisões, Métodos e Técnicas), você estudou a ciência Antropológica e os seus campos de atuação.
Elabore um mapa mental ou um mapa conceitual, considerando os seguintes pontos: o conceito, o objeto, os objetivos, os
campos de atuação, as divisões, os métodos e técnicas da Antropologia. Para a criação do mapa, você poderá utilizar um dos
softwares/aplicativos indicados a seguir:
CMap Tools
Coogle
Mindmeister
Se tiver dúvidas sobre a elaboração do mapa, pesquise no Youtube, pois há bons tutoriais disponíveis.
Atividade 2
Assista ao vídeo " Brasil no Olhar dos Viajantes" e observe a diversidade cultural brasileira, os processos de aculturação, a
predominância da cultura dominante sobre as culturas menores, desrespeitadas em suas especificidades e identidades:
Analisar os processos de aculturação que podem ocorrer por meio de quatro formas: por assimilação; por
sincretismo; pela transculturação; e por dominação.
Comentar sobre como o europeu enxergava o índio à luz dos conceitos: etnocentrismo e relativismo cultural.
Os aplicativos a seguir disponibilizam várias formas para a apresentação de textos, escolha um deles para vocês representar
os seus conhecimentos a partir da análise que realizou.
GoConqr
Padlet
Unidade II
Bons estudos!
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Assim, digo que uma cidade nasce quando um de nós já não se basta a si próprio e sente
a necessidade de muitos outros (...). Por isso, quando um homem se aproxima de outro
por uma necessidade, e outro por outra, e havendo muitas necessidades, reúnem-se num
só lugar muitos companheiros e auxiliares; e a esta convivência damos o nome de
cidade. (apud HORLKHEIMER; ADORNO, 2010, p.223)
Entretanto, este conceito de Platão não considerou o caráter dinâmico da sociedade, como acrescenta
Talcott Parsons:
A sociedade nada mais é do que uma parte da totalidade da vida social do homem, sobre
a qual os fatores de hereditariedade e inatos influem tanto quanto os elementos
culturais – conhecimentos e técnicas científicas, religiões, sistemas éticos e metafísicos, e
as formas de expressão artística, proporcionados pelo meio. Sem estas coisas, não existe
sociedade; elas aluam em todas as manifestações concretas da sociedade sem que, por
esse fato, elas próprias sejam a sociedade. Esta abrange apenas o complexo de relações
sociais como tais. (apud HORLKHEIMER; ADORNO, 2010, p. 229)
A sociedade estabelece as relações societárias que condiciona os atores sociais, como a divisão social do
trabalho, a instituição social, o processo de socialização e a estrutura social, que serão conceituadas e
estudadas por você nesta aula. Use a "imaginação sociológica" para aplicá-los em sua realidade social.
Para Refletir
Leia o artigo Comunidade, sociedade e sociabilidade: revisitando Ferdinand Tönnies. Observe que o autor distingue os
sentimentos, as formas de convivência e as características marcantes de cada uma das formas de organização societária.
Nesse tipo de relação, a tradição é a base na qual se assenta o intercâmbio. Honra e orgulho unem os indivíduos na defesa e
manutenção de formas particulares de representação e fazem da comunidade uma fé coletiva a ser preservada. Segundo o
sociólogo Robert Nisbet, a tradição comunitária está baseada em uma motivação mais profunda que a volição ou o interesse.
Os laços comunitários envolvem um sentimento subjetivo de integração e as pessoas que dela fazem parte sentem a
aproximação espiritual e compartilham esperanças e ideais. Ocorre uma espécie de unidade orgânica, na qual o acontecer
essencial afeta o "nós", a coletividade, e não o indivíduo.
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Como, então, unir, duradoura e permanentemente, as pessoas em uma sociedade atual em que as pessoas não interagem, as
relações face a face são fugazes e passageiras, ou seja, são relações "líquidas" (BAUMAN, 2006)?
Para Refletir
Segundo Bauman, "vivemos tempos líquidos. Nada é para durar". Assista ao vídeo da entrevista com ele para aprofundar
suas reflexões.
A modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido.
Zygmunt Bauman, no livro Amor líquido, investiga de que forma as relações tornam-se cada vez mais 'flexíveis', gerando
níveis de insegurança sempre maiores. Os relacionamentos em 'redes', os quais podem ser tecidos ou desmanchados com igual
facilidade, e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual, fazem com que não saibamos mais manter
laços a longo prazo. Mais que uma mera e triste constatação, esse livro é um alerta: não apenas as relações amorosas e os
vínculos familiares são afetados, mas também a capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada.
A enorme especialização, a fragmentação, a individualização das sociedades modernas torna a questão da integração social um
difícil objeto de análise por parte dos sociólogos. Segundo Durkheim, o processo de integração nas sociedades modernas se dá
pela Divisão Social do Trabalho, cuja função é, acima de tudo, moral, pois por intermédio dela é possível falar na existência de
uma "sociedade" moderna.
Nas sociedades modernas surge a imagem do indivíduo despersonalizado, com vida passageira, transitória, aparente, em que os
liames sociais são fracos, dando origem ao anonimato e à frieza. Segundo Tonnies, as sociedades se configuram como o espaço
"público", o "mundo", a "terra estranha", fundamentado em laços de solidariedade essencialmente ambíguos e artificiais.
Embora as pessoas estejam próximas fisicamente, elas são socialmente bastante diferentes, pois têm origens, educação, laços
familiares, ocupações, relações sociais múltiplas e diversificadas, o que torna extremamente complexa a questão da integração
social neste tipo de sociedade. É uma sociedade que se pode dizer: "ninguém conhece ninguém". Como, portanto, é possível
construir uma sociedade em que as pessoas são social e culturalmente tão diferentes?
Esta forma de vida tem seu locus privilegiado na cultura urbana, com a prevalência das relações comerciais e industriais e com o
desenvolvimento das forças tecnológicas desestruturando as antigas relíquias do comunitário. São novas bases de integração
social, dotadas de forte mobilidade social, elevado conteúdo impessoal e atividades crescentemente racionalizadas. É o espaço
dos contatos ocasionais e superficiais.
Na "sociedade", os indivíduos estão fundamentalmente separados, como que justapostos na estrutura social. Interesses opostos
e complementares estabelecem pequena margem de reciprocidade e forte limitação nas concessões mútuas. Praticamente
inexiste o bem comum e as relações sociais orientam-se pela mera conveniência.
Max Weber afirma que este tipo de relação se baseia no compromisso de interesses motivado racionalmente. Virtualmente isola-
dos, a aproximação social deve-se a uma unidade fabricada, decidida, advinda de uma convenção ou de um pacto. Apesar de
toda ligação, os indivíduos não estão organicamente unidos. O sujeito comum deriva de uma vontade imaginada.
Esta concepção dá sustentação à ideia geral de contrato, ou seja, "relações que se estabelecem sobre vontades divergentes que
num determinado ponto se entrecruzam". A associação se dá em razão de um fim determinado e o domínio comum dura apenas
o tempo da transação. Inexiste, ao contrário do ocorrido nas relações comunitárias, uma ação interior recíproca. Prevalece a
independência mútua e a vontade momentânea e limitada. A união contratual resulta mais da vontade ou do interesse que do
conjunto de estados afetivos, hábitos e tradições que implica a noção de comunidade.
A sociedade é estabelecida sobre o princípio da concorrência geral. Cada pessoa luta pela própria vontade e apenas aprova os ou-
tros na medida em que ocasionalmente venha a ter vontade semelhante. A tensão permanente é o princípio básico da reciproci-
dade, a hostilidade em potência e a guerra latente são características que estabelecem distinções. Os indivíduos repelem-se mu-
tuamente e constantemente perseguem fins egoístas. É um tipo de relação que só pode ser mantido quando baseado em relações
de dominação. As oposições e as tensões colocam determinado grupo sob o jugo de outro qualquer, seja ela uma dominação de
caráter político, econômico, social ou cultural.
Essas sociedades modernas são denominadas por muitos autores como fundamento e base do que se chama multiculturalismo,
ou seja, diferentes mundos sociais, políticos e culturais interagem cotidianamente nos diferentes espaços da vida social.
Este simples exemplo ilustra como toda a vida social é estruturada para normatizar, regularizar e estabilizar as ações e os
comportamentos dos indivíduos, objetivando que sejam idênticos em situações semelhantes, havendo uma correspondência
entre a conduta (esperada) e a norma (previsão). Assim, o papel da estrutura social é criar mecanismos para estruturar,
estabilizar, reiterar, distribuir e prever as ações e as relações sociais garantindo a totalidade destas na manutenção da vida social
(GALLIANO, 1981).
Segundo Johnson (1997), a estrutura de um sistema social deve ser analisada a partir de duas características:
a. As relações sociais que ligam entre si várias partes de uma rede ao todo que formam uma totalidade, as partes
definem diferentes posições para os atores sociais ao ocupar os sistemas como grupos, classes, organizações,
comunidades e sociedades. São as relações que determina o papel que cada ator social irá desempenhar, delimitando
fronteiras e a comunicação de cada função como frequência, duração, afeição e antipatia da interação entre as pessoas
em um sistema, um exemplo já estudado é a Divisão Social do Trabalho, cada indivíduo executa o seu papel o operário, o
gerente e o proprietário, de acordo com a determinação da relação social.
b. A distribuição se caracteriza pela repartição e hierarquização das estruturas de poder no seio das relações sociais. Esta
distribuição pode ocorrer de forma igual ou desigual do poder, como em uma democracia em que o poder é distribuído
de maneira igual ou de forma desigual como em uma ditadura ou em uma família patriarcal tradicional, ou ainda na
divisão social do trabalho. Existem outros tipos de distribuição estrutural análoga de produtos e recursos da vida social
como de renda, status, riqueza, propriedade, prestígio, educação, saúde, segurança, número de esposas ou maridos em
um casamento.
A estrutura social é um conjunto organizado de regras e comportamentos, com metas específicas para os grupos sociais,
prevendo uma rede de interações sociais que forma a base da organização social, conforme a Figura 1.1:
Portanto, a estrutura social afeta a vida de todos, uma vez que prescreve comportamentos esperados para os indivíduos e o
grupo social, cujas ações já foram preestabelecidas em regras e com a imposição de limites para cada ator social desempenhar,
sendo atribuição das intuições sociais educar as pessoas para a execução deste papeis.
A criação das instituições depende da necessidade e vontade humana, caracterizam-se pela repetição, rotina, previsão, duração e
estabilidade, mas isto não quer dizer que estas estruturas são estáticas, pois todas podem ser alteradas pelo contexto sócio-
histórico.
Cada instituição oficializa os diferentes status e papeis estabelecidos para os seus membros exercerem no processo de interação
social, determinando funções, responsabilidades, regras, procedimentos e formalidades para realizar alguma atividade na vida
social. O processo de institucionalização visa à aceitação das normas e a forma como elas são internalizadas ou inculcadas na
personalidade de cada participante do grupo social. A Figura 1.2 ilustra o processo de institucionalização de um papel que é
comum a todas as instituições, conforme Dias (2012).
As instituições atuam por meio de uma composição permanente, que se opera por meio da cultura e da estrutura social (DIAS,
2012). Observe que nossa liberdade está restrita em escolher os papéis que queremos representar, uma vez que tudo está
tipificado em nossa realidade cotidiana.
A dinâmica social prevê a mudança das instituições sociais. Se um grupo social interage e vê a necessidade de um novo
ordenamento, pode se organizar para criar uma nova instituição, a qual, para se institucionalizar, passará por um processo de
institucionalização obedecendo aos mesmos requisitos: padronização, aprovação, internalização e comportamento esperado.
Algumas mudanças podem ocorrer lentamente, principalmente em relação a aspectos morais, como por exemplo, o casamento
de pessoas do mesmo sexo, que, mesmo havendo uma liberação no Brasil, ainda encontra resistência.
As principais características de uma instituição social, segundo Dias (2012, p. 111-112), são:
Satisfazer necessidades sociais específicas – a educação visa preparar as pessoas para executar funções ocupacionais e
motivar os indivíduos para desempenharem os papeis esperados na transmissão da herança cultural.
Incorporam os valores fundamentais adotados pela maior parte da sociedade, como o casamento monogâmico no Brasil,
por exemplo.
Os ideais de uma instituição são aceitos, em geral, pela maioria dos participantes de uma sociedade, como a democracia,
por exemplo. As pessoas aceitam, mesmo não concordando, que determinado partido político assuma o governo.
Portanto, este é o comportamento esperado nos países em que o estado democrático de direito é respeitado.
Mesmo havendo interdependência entre as diversas instituições dentro de uma sociedade, cada uma delas está
estruturada e organizada segundo o seu conjunto de normas, valores e padrões comportamentais. Exemplo: as
instituições governamentais, que são altamente estruturadas e burocráticas, seus cargos são preenchidos por concurso
público e o há um respeito pela hierarquia.
Exercem tamanha influência que suas atividades ocupam um lugar central dentro da sociedade. Dessa forma, uma
mudança drástica em uma instituição afetará outras, como as mudanças econômicas que afetam a estabilidade de outras
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instituições, como a família, e o governo em manter os serviços essenciais como educação, saúde e segurança.
São relativamente duradoras, e os padrões de comportamento estabelecidos dentro delas se tornam parte da tradição de
uma determinada sociedade, como a família nuclear, por ser fruto do casamento monogâmico no Brasil.
As instituições, como estudamos, são sistemas organizativos que elaboram normas sociais com a previsão de comportamentos,
mas o seu papel fundamental ocorre no processo de socialização, como estudaremos a seguir.
1.2.3 Socialização
O processo de socialização pressupõe o convívio social fundado nas relações e interações sociais, ou seja, vida em grupo que já
está estruturada quando nascemos, como ilustra a Figura 1.3, adaptada de Dias (2012).
O homem, para ser social, necessita passar por um processo de socialização, que implica num sistema complexo de interações,
hábitos, costumes, comportamentos estruturados pela sociedade para formar a personalidade de seus membros. Neste processo,
as instituições familiares, religiosas, educacionais e os pequenos grupos são os responsáveis pelo processo de socialização dos
atores sociais. Como representa a charge da Mafalda, que nos alerta para a necessidade de sermos e não apenas repetir padrões.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/521221356848322886/.
As sociedades são estruturadas com uma multiplicidade de interações: social, cultural, política, econômica, familiar, etc. Na
Sociologia, estas interações são denominadas relações sociais. Estas relações são importantes para a formação da identidade
social.
Um elemento crucial na formação do processo de socialização é a cultura, pois ela é aprendida, partilhada, comunicada e
transmitida socialmente. Assim, a socialização pode ser definida como "o processo de aquisição de conhecimentos, padrões,
valores, símbolos. É, ainda, a aquisição das maneiras de agir, pensar e sentir próprias dos grupos, da sociedade ou da civilização
em que o indivíduo vive" (GALLIANO, 1981, p. 303-304).
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O processo de socialização se inicia com o nascimento, permanece ao longo da vida e só se encerra quando o ator social morre.
Portanto, somos dinâmicos e a nossa aprendizagem é contínua e permanente, a nossa existência depende das interações sociais
que escolhemos para viver.
Os movimentos sociais são movimentos que influenciam as decisões sobre formulação de políticas para o país e funcionam como
mecanismos de controles das organizações democráticas brasileiras. Uma das novidades recentes na sociedade brasileira foram
as mobilizações sociais realizadas em junho de 2013, articuladas por estudantes nas redes sociais (este tema será aprofundando
na aula 4 – As tecnologias na sociedade contemporânea).
Os movimentos sociais são mecanismos democráticos que garantem a participação cidadã. Conforme Gohn (2000), a
participação cidadã é "lastreada" num conceito amplo de cidadania, que não se restringe apenas ao direito ao voto, mas que se
relaciona ao direito à vida do ser humano como um todo.
(...) A Participação Cidadã funda-se também numa concepção democrática radical que objetiva fortalecer
a sociedade civil no sentido de construir ou apontar caminhos para uma nova realidade social – sem
desigualdades, exclusões de qualquer natureza. Busca-se a igualdade, mas reconhece-se a diversidade
cultural. Há um novo projeto emancipatório e civilizatório por detrás dessa concepção que tem como
horizonte a construção de uma sociedade democrática e sem injustiças sociais. (GOHN, 2000, p. 18)
O conceito de participação cidadã oferece base às ações para as novas formas de associativismo, que são mais propositivas,
operativas e menos centradas nas estratégias reivindicativas. A associação entre as pessoas pode dar origem a organizações e
movimentos sociais que dão vitalidade e dinâmica a uma democracia.
Gohn concebe movimentos sociais como sendo "distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas",
particularmente desenvolvendo "ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural" (2000, p. 13).
Os movimentos sociais, por suas características, podem esposar diversas ideologias. Movimentos sociais conservadores,
construídos com base em ideologias não democráticas, podem levar segmentos da população a realizar atos de terrorismo, de
discriminação com a diversidade social e cultural, que negam a ordem social vigente e ferem os direitos humanos.
Os movimentos sociais de cunho progressistas articulam uma agenda emancipatória, constroem propostas alternativas para as
soluções dos problemas, para inclusão social, atuam em redes, atuam no empowerment (empoderamento) de atores da
sociedade civil organizada.
Melucci (2001) oferece como contribuição importante para se conceber os movimentos sociais a propositura de que estes
movimentos sociais não operam apenas no plano macro político, mas também na experiência pessoal dos indivíduos, na sua
subjetividade e na ordem simbólica da sociedade.
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – teve origem em 1960/70, tem como bandeira a redistribuição
das terras improdutivas e a luta por condições de permanência e produção dos trabalhadores nessas terras.
MTST – Movimento dos Trabalhadores sem Teto – teve origem em 1990, surgindo da necessidade de organização da
reforma urbana com garantia de moradia para a população sem teto.
FSM – Fórum Social Mundial – teve início em 2001, tendo o primeiro sido organizado em Porto Alegre (RS), para se
contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos, que reunia potências econômicas. O FSM passou a ter abrangência
mundial e tem por objetivo debater alternativas no enfrentamento da exclusão social.
Movimento Feminista – teve origem na transição dos séculos XIX/XX, na luta por equidade entre os gêneros. As
ativistas feministas lutam em favor dos direitos da mulher, dentre estes a autonomia e integridade do seu corpo, proteção
contra a violência doméstica e social, assédio sexual e estupro, igualdade trabalhista e de remuneração.
Movimento Estudantil – tem na UNE (União Nacional dos Estudantes) uma das suas principais organizações. Promoveu
em 1968 uma grande mobilização popular contra a Ditadura Militar. Hoje, tem como pauta a melhoria da qualidade do
ensino e de condições de vida para a população de um modo geral.
Movimento Gay – tem por objetivo lutar contra a discriminação e a violência contra homossexuais (gays, lésbicas,
travestis e transexuais) e em favor de uma sociedade sexualmente democrática. Organizações vinculadas ao movimento
vêm promovendo em São Paulo e em outros estados a manifestação do orgulho gay.
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Movimento Negro – composto por várias organizações presentes na maioria dos estados brasileiros. Luta contra a
discriminação dos negros e pela igualdade racial em todos os campos.
Movimento Indígena – tem como objetivo assegurar aos povos indígenas os direitos e garantias fundamentais previstas
na Constituição Brasileira de 1988, além de discutir questões socioambientais e humanitárias no intuito de criar políticas
públicas para as populações indígenas.
Movimento de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – é um termo amplo para designar um conjunto de
organizações que lutam pela promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente e contra todas as
formas de violações aos seus direitos.
Por meio desses conselhos, os movimentos sociais e os representantes da sociedade civil participam do processo de formulação e
monitoramento de políticas sociais. Para Tatagiba (2002, p. 98), os conselhos contribuem para institucionalizar a participação
cidadã no controle social do estado, embora, no geral, os "conselhos apresentam baixa capacidade propositiva, exercendo um
reduzido poder de influência sobre o processo de definição de políticas públicas". Contudo, dentre as estratégias de
fortalecimento desses órgãos colegiados, encontram-se o estabelecimento de um processo de formação permanente e continuada
dos seus conselheiros.
Nesta aula, você teve a oportunidade de refletir sobre a sociedade, as relações societárias (sociedades
tradicionais e sociedades modernas), as estruturas sociais (instituição social, socialização e estrutura
social), a formação dos movimentos sociais, os principais movimentos sociais brasileiros e a participação
da sociedade civil nos mecanismos de cogestão do estado. Viu ainda a conceituação e caracterização
desses movimentos, a formação dos movimentos sociais brasileiros. Estes movimentos são uma espécie
de caixa de repercussão das vozes e interesses de grupos sociais, particularmente daqueles que são
excluídos ou discriminados. Na aula seguinte, você estudará a democracia, os mecanismos para o
exercício da cidadania plena, os direitos humanos e ambientais.
A Constituição da República Federativa do Brasil vigente estabelece no inciso III, do art. 1º, que a dignidade da pessoa humana e
a cidadania, são os fundamentos da República, significa afirmar que todos os outros princípios e valores estruturantes do Estado
brasileiro são derivados destes.
Note que o objetivo é a garantia de um Estado Democrático de Direitos, fundado na dignidade da pessoa humana e cidadania,
com o imperativo para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, assegurando o desenvolvimento nacional e não
apenas em algumas regiões do país, com a erradicação da pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e
regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outra.
Este fundamento do Estado brasileiro pressupõe consciência e garantias da diversidade enquanto direitos, como as diferenças
de: natureza ambiental ecológica, étnico-racial, gênero, faixa geracional, classe social, religião, necessidade especial, opção
sexual, entre outras, que compõem os valores da dignidade humana e lançam as bases de uma sociedade inclusiva e
participativa, uma vez que cada pessoa, cada grupo, cada etnia são chamados a enriquecer o conjunto social e o Estado com suas
singularidades e riquezas peculiares.
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Repare que a criminalização da prática do racismo, a garantia do respeito à integridade física e moral dos presos, como o direito
das presidiárias amamentarem seus filhos são exemplos de promoção da dignidade da pessoa humana. Assim, como os direitos
sociais: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à
maternidade e à infância, assistência aos desamparados.
Considerando que em nossa sociedade existe uma grande parcela da população sem as condições necessárias para se ter uma
vida digna, é de fundamental importância que o Estado crie políticas públicas capazes de promover a inclusão desta maioria
carente à educação, à saúde, à alimentação, à moradia, ao trabalho, etc.
O Estado brasileiro, segundo a Constituição Federal, está embasado nos princípios da equidade e justiça, assim todas as
garantias fundamentais devem abranger todos os extratos sociais, principalmente aos empobrecidos e aqueles historicamente
marginalizados e espoliados de suas condições mínimas para uma vida digna. São exemplos de bens protegidos: a pequena
propriedade rural, a casa de morada, as ferramentas de trabalho; o acesso gratuito ao sistema judiciário, assegurando aos
despossuídos a defensa seus interesses mesmo em desfavor de pessoas abastadas; e, aos cartórios o registro civil de nascimento e
de óbito, sem custas.
A Constituição Federal ainda assegura aos trabalhadores e trabalhadoras, os direitos para melhorar a sua condição social,
equilibrando as relações desiguais de trabalho entre empregador e empregado. O trabalho e o salário precisam ser compatíveis,
para que não ocorra à chamada superexploração, daquele que tem o capital e os meios de produção que enriquece cada vez mais
com o suor do trabalhador que, por causa deste fato, perde suas condições mínimas de uma vida digna.
2.1.1 Democracia
O Estado Democrático de Direito objetiva desenvolver a cidadania, cujo significado está intrinsicamente vinculado à democracia,
por isso, busca-se a sua compreensão a partir da ideia originária de democracia, a qual, para os gregos antigos, significava uma
praça na qual os cidadãos eram chamados a tomar as decisões que lhes diziam respeito. Era o poder o "demos" (povo) exercido
diretamente pelo próprio povo, ou melhor, pelos cidadãos, decidindo sobre todas as atividades próprias do Estado: fazer guerra
ou selar a paz, finanças, tratados, legislação, construir ou não obras públicas, etc.
Atualmente, democracia significa o poder dos representantes do povo, que é bem diferente do povo, dos cidadãos, decidir
diretamente sobre os assuntos pertinentes ao Estado. Nesse sentido, democracia geralmente se limita ao direito de voto, escolher
àqueles que vão comandar e deliberar, os rumos de uma nação (BOBBIO, 2000).
O Movimento Constitucionalista Latino-americano presentes em países como Bolívia e Equador buscam implantar um modelo
de democracia com maiores possibilidades de participação direta do povo nas decisões do Estado, procurando aproximar-se
experiência originária de democracia, com a intensificação de mecanismos como: plebiscito, referendo, criação de novas
instâncias de participação popular direta, fiscalização, controle, elaboração de orçamento e políticas públicas. A ampliação da
participação dos cidadãos objetiva o acompanhamento da atuação estatal na implementação de direitos (BELLO, 2015).
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabelece uma democracia representativa, o povo elege quem irá decidir, mas
também se preocupou em prescrever outros mecanismos de participação direta dos cidadãos, como: o plebiscito, o referendo, as
audiências públicas e a instituição dos chamados conselhos paritários, que abrem espaços para os setores organizados da
sociedade atuar na fiscalização e, em alguns casos, na elaboração de políticas públicas.
Fonte: https://jeducatch.blogspot.com.br/2015/10/constituicao-de-1988-constituicao-cidada.html.
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Ressalta-se que os instrumentos de decisão popular: plebiscitos e referendos garantidos foram poucos utilizados em nosso
ordenamento. Os conselhos paritários nem sempre possuem competência deliberativa e a participação direta dos cidadãos está
distante da perspectiva originária de democracia. Mas, considerando os 20 (vinte) anos de ditadura militar, que não permitia a
participação direta do povo, a Constituição Federal significou um grande avanço ao instituir um Estado Democrático de Direito,
com liberdade e possibilidade de participação.
2.1.2 Cidadania
A cidadania originou-se na Grécia antiga, o cidadão, portador de direitos, tinha a liberdade de participação direta e ativa nos
negócios e nas decisões políticas. Constituindo assim, em uma forma de pertença à sociedade.
A cidadania é derivada da soberania do povo na constituição e funcionamento do Estado. Silva (2006) compreende que:
A cidadania assim considerada consiste na consciência de pertinência à sociedade estatal como titular dos
direitos fundamentais, da dignidade da pessoa humana, da integração participativa no processo do
poder, com a igual consciência de que essa situação subjetiva envolve também deveres de respeito à
dignidade do outro, de contribuir para o aperfeiçoamento de todos.
Essa cidadania é que requer providências estatais no sentido da satisfação de todos os direitos
fundamentais em igualdade de condições. (SILVA, 2006, p. 36)
Note que exercitar a cidadania vai muito além de ir ao shopping consumir ou ir às urnas votar, mas significa exercitar o direito
de participar na construção de um mundo de paz e a garantia plena do direito à vida digna (SIQUEIRA, 1998).
A Carta Maior (Constituição Federal) expressa taxativamente este direito ao defender a igualdade de todos perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, assegurando a todos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à
inviolabilidade do domicílio e à propriedade que realiza a sua função social, equiparando os homens e as mulheres em direitos e
obrigações, assegurando o direito de ir e vir em todo território nacional, a livre manifestação de pensamento, a liberdade de
consciência e de crença, bem como a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação.
A liberdade de reunião e de associação independente de autorização é um grande marco para a prática da cidadania, o Estado
não pode impedir as pessoas de reunir-se e organizar-se, por meios pacíficos, na realização de suas ações, reivindicarem e darem
sua contribuição para a mudança social.
E, como regras essenciais de garantias dos cidadãos contra possíveis abusos do Estado, a Constituição estabeleceu a proibição de
práticas humilhantes como: tortura, tratamento desumano ou degradante, pena de morte, prisão perpétua, seguindo as
orientações dos princípios contidos na Declaração de Direitos Humanos.
A Constituição Federal brasileira prescreve importantíssimos instrumentos para protegerem os cidadãos dos excessos do Estado
brasileiro, como:
O habeas corpus - finalidade coibir o abuso de autoridade, garantindo o livre direito de ir e vir.
O habeas data - permite a qualquer cidadão saber o que os órgãos públicos ou a estes equiparados possuem de
informações a seu respeito, bem como retificá-las em caso de inadequações a seu respeito.
Os mandados de segurança coletivo e individual - protegem direito líquido e certo do cidadão contra abuso
de autoridade pública.
A ação popular – função anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participa, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, sem quaisquer ônus da
sucumbência.
A Constituição prescreve a obrigatoriedade da observância do princípio do contraditório e da ampla defesa nas esferas
administrativas e judiciais, como garantias fundamentais para o cidadão se defender e evitar a sua condenação sem que tenha
feito uso destas prerrogativas constitucionais.
O art. 205 da Constituição determina ao Estado e à família, em colaboração com a sociedade, o dever de assegurar uma educação
que promova o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Como se constata pela determinação constitucional, a educação não pode ser neutra ou acrítica, mas deve formar cidadãos, com
condições de participar ativamente das atividades próprias do Estado em vista da construção do bem comum.
Para Refletir
O que você sabe sobre direitos humanos? Observe a charge a seguir. O seu conhecimento em direitos humanos é igual ou
diferente dos personagens da charge?
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Fonte: http://www.dauroveras.com.br/direitos/charge-da-vez-direitos-humanos.
Conforme você estudou anteriormente, o Estado Democrático de Direito, fundamenta-se na defesa da dignidade humana, na
democracia e no exercício da cidadania, os direitos humanos são as garantias estabelecidas a todos nós sem distinção para uma
vida digna e com possibilidades reais do exercício da cidadania. O Estado que se estrutura sem o fundamento da dignidade da
pessoa humana e sem as garantias fundamentais não promove os direitos humanos.
Os direitos humanos são inerentes ao ser humano, mas devem estar previstos na Constituição e em um conjunto de leis e
normas a fim resguardar os direitos fundamentais de todos os cidadãos, criando instrumentos de garantias destes e deveres do
Estado e de todos em sua promoção.
A perspectiva de defesa dos Direitos Humanos e de resguardá-los em lei foi resultado de um processo histórico de grandes
sofrimentos da humanidade, como os milhões de mortos nas duas grandes Guerras Mundiais, o genocídio praticado pelo
Nazismo, as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagazaki.
Após os horrores da Segunda Guerra Mundial, as nações compreenderam que nenhuma pessoa merecia tanto sofrimento,
quando unificaram a compreensão por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta declaração não impediu
outros conflitos bélicos, como a Guerra do Vietnam e conflitos étnicos no território da hoje extinta União Soviética. Por outro
lado, surgiram muitos movimentos sociais com dimensões universais, como o Movimento Hippie nos EUA, o Maio de 68, na
França, em busca de justiça e paz. Surgiram também guerrilhas contra ditaduras norte-americanas na América Latina,
movimentos culturais como a MPB (Música Popular Brasileira) do Brasil.
No Brasil, os direitos humanos também foram golpeados com os assassinatos seletivos de lideranças durante o Golpe Militar de
64, conforme revelaram organizações que lutaram e lutam por seus direitos: o estudante Edson Luís de Lima Souto, o Padre
Henrique Pereira Neto, o jornalista Vladimir Herzog, o metalúrgico Santo Dias da Silva, o índio Guarani Marçal de Souza
Guarani, a sindicalista rural Margarida Maria Alves. Ainda depois do Golpe Militar, foram assassinados: o Padre Josimo Morais
Tavares (1986), Chico Mendes (líder dos povos das matas do Acre), a religiosa Dorothy Stang, no Pará e outros.
Faz-se necessário lembrar o Padre Francisco Cavazzuti, que sofreu um atentado a tiros, ficando cego dos dois olhos, por causa de
seu trabalho pelos direitos humanos no Estado de Goiás ( CPT NACIONAL, 2012).
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Por essa realidade tão brutal, Lafer (2009, p.123-126) diz que, na verdade, não nascemos iguais e livres por natureza, como
proclama a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Bobbio (2004, p. 28) destaca o perfil universalista dos direitos
humanos, mas também mostra que esta universalidade tende a perder força, na medida em que estes direitos se inserem em
realidades locais. Mas diz, na linha do pensamento de Locke, que o ser humano natural precede o ser cidadão civil, criando nossa
base comum. O ser cidadão é uma construção artificial que tenta garantir os valores anteriormente conquistados de igualdade e
liberdade: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. "Mas Rousseau assim se expressava: "O homem
nasceu livre e por toda a parte encontra-se a ferros?"
Fonte: http://ttfbrasil.org/noticias/index.php?id=155.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 vem gradativamente incorporando as garantias dispostas na Declaração Universal de
Direitos Humanos em seu ordenamento jurídico.
1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou
de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2 - Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do
país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem
governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. (DUDH, 2009, p. 5)
Assim, todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, com capacidade para usufruir destes direitos e
liberdades, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, política ou jurídica. Isto significa afirmar que ninguém será mantido
em escravidão ou em situação análoga de escravo, proibindo: o tráfico de escravos, de pessoas, tortura, tratamento cruel e
degradante e a prisão arbitrária (DUDH, 2016).
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Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/dez-violacoes-aos-direitos-humanos-em-2014-15180691.
Os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais,
na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla.
(DUDH, 2009, p. 3)
Nesta aula vamos considerar a definição para pessoa humana da Dudh (2016): "os direitos humanos são direitos inerentes a
cada pessoa simplesmente por ela ser um humano"- pois estudará na Disciplina de Ética outros conceitos como os filosóficos e
os da bioética.
Observe na Figura 2.4 os direitos fundamentais que são garantidos à pessoa em um Estado Democrático de Direito, conforme a
Declaração Universal de Direitos Humanos:
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Note que estes direitos devem ser respeitados e efetivados no exercício pleno da cidadania e o Brasil ratificou estes direitos em
sua Constituição, ou seja, todos nós podemos exercitá-los em nosso cotidiano.
Este pacto pressupõe que o ser humano livre, liberto do temor e da miséria, só acontecerá se houver condições que permitam a
cada um gozar de seus direitos econômicos, sociais e culturais. Ainda reitera os direitos civis e políticos previstos na Declaração
Universal de Direitos Humanos e no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.
Os Estados-partes são os membros participantes que ratificam estes tratados internacionais de direitos humanos e se
comprometem em adotar as medidas assecuratórias e por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos
reconhecidos no presente pacto. Comprometendo-se a assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo dos direitos
econômicos, sociais, culturais civis e políticos.
Os direitos prescritos neste pacto reconhecem que a dignidade humana na práxis se efetiva na proteção do cidadão na luta pela
sobrevivência, portanto, na relação de trabalho, como garantias fundamentais as elencadas a seguir:
O direito de toda pessoa de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente escolhido.
O desenvolvimento econômico baseado no pleno emprego, incluindo a orientação e a formação técnica e profissional, a
elaboração de programas e normas técnicas.
O direito de greve.
O direito de toda pessoa à previdência social.
O direito de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem, especialmente:
remuneração igual por um trabalho de igual valor; existência decente para os trabalhadores e famílias; condições de
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trabalho seguras e higiênicas; igualdade de oportunidades para promoções; descanso, lazer, limitação razoável de horas
de trabalho, férias periódicas remuneradas e feriados.
Os Estados-membros devem ainda respeitar e reconhecer as diversas instituições familiares aos seus cidadãos conforme
ilustrado na Figura 2.5:
Além dos direitos que são assegurados à instituição familiar, os Estados-membros devem reconhecer os direitos inerentes à
pessoa, confirme Figura 2.6.
Estes direitos têm como finalidade o desenvolvimento pleno do ser humano enquanto pessoa, com garantias de se beneficiar de
todas as fontes de conhecimento produzido pela humanidade em todas as áreas: saúde, educação, cultura, lazer, profissão e
ciência, com liberdade de escolher qual é a mais adequada à sua formação.
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O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, na data de 16 de
dezembro de 1966.
Este Pacto dispõe sobre o direito à autodeterminação de todos os povos, ou seja, o direito de livremente instituir seu estatuto
político. Assegurando a liberdade do desenvolvimento econômico, social e cultural dos povos. Podendo cada país dispor de suas
riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional.
Observe que os Estados-partes se comprometem em garantir a todos os indivíduos que residem em seus respectivos territórios,
homens e mulheres, os direitos civis e políticos enunciados nesse Pacto. O direito à vida é reconhecido como sendo inerente à
pessoa humana, ninguém poderá, arbitrariamente, ser privado de sua vida.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
A institucionalização do tema ambiental no Brasil ocorreu contemporaneamente à sua inserção na economia global e a criação
do Ministério do Meio Ambiente, em 1992. A partir desse momento que o Brasil começa a definir e construir sua imagem
internacional, e, no que diz a respeito do meio ambiente, elaborar uma estratégia de defesa dos próprios recursos naturais nas
reuniões sobre o assunto dentro da ONU e de outras instituições mundiais, formais ou informais.
Neste contexto que o Brasil recebe a Organização das Nações Unidas no Rio de Janeiro, em 1992 para debater as questões
ambientais e direitos humanos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida
como Rio 92, discutindo as duas temáticas: os direitos humanos e os direitos ambientais, com participação massiva de muitos
movimentos sociais e populares.
O compromisso com direitos humanos exige uma política educacional que inclua todos os cidadãos de uma nação, é um processo
contínuo e permanente. Segundo o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos do Brasil, é preciso: "apreensão de
conhecimentos historicamente construídos"; "afirmação de valores, atitudes e práticas sociais"; "uma consciência cidadã capaz
de se fazer presente em níveis cognitivo, social, ético e político; "desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de
construção coletiva"; "fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da
proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação de violações". (MIRANDA; AIEXE, 2008, p. 530-531).
Historicamente, os direitos humanos são considerados de três gerações, a primeira geração de direitos civis e políticos, a
segunda geração se refere ao conteúdo dos direitos sociais e econômicos, e, os de terceira geração são de direitos coletivos e
difusos, que garantem a proteção ao meio ambiente como forma de assegurar o bem-estar ambiental, a casa comum da
humanidade.
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Enquanto as duas primeiras gerações de direitos humanos colocam o cidadão numa atitude de reivindicação das próprias
liberdades fundamentais em face do Estado, a terceira destaca o caráter solidário e democrático de sua implementação. Em
outras palavras, o bem-estar ambiental deveria ser o resultado de um processo de transformação e de melhoramento das
relações entre a máquina estatal e a participação dos cidadãos, feitos mais críticos e mais responsáveis da sua condição social e
política.
Em nível mundial, este deslocamento também acontece por razões muito variadas. Neste contexto, surge a situação crítica dos
refugiados. A Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, adotada em 1951, e que entrou em vigor a partir
de 1954, define em seu art. 1º, como refugiado, qualquer pessoa que:
Temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas,
encontra-se fora do país de sua nacionalidade, e que não pode ou, por virtude de temor, não quer valer-se
da proteção deste país; ou que, caso não tenha nacionalidade, encontrando-se fora do país no qual tinha
sua residência habitual, não pode ou não quer a ele retornar. (ACNUR, 2016, p. 1)
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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ( ACNUR) - trabalha com um número aproximado de 50 milhões de
pessoas, embora devam ser muito mais. Muitos não são certamente assistidos por esta entidade da ONU, por razões até
políticas.
Os conflitos bélicos são grandes causadores de muitos mortos. Estima-se que, nos conflitos armados e despotismos no período
de 1900 a 1989, tenham sido mortos 86 milhões de seres humanos, dos quais 58 milhões nas duas guerras mundiais. Só na
guerra da Coreia, foram mortas 03 milhões de pessoas; na guerra do Vietnã, 02 milhões; e um milhão no conflito Irã-Iraque (de
1980-1988). Em Ruanda, em 1994, os hutus mataram 800.000 tutsis. Hiroshima já teve mais de 200.000 mortos pela explosão
e irradiação da bomba atômica de 1945; a bomba atômica lançada sobre Nagasaki gerou 70 mil mortes no final no ano fatídico,
com o dobro de mortos cinco anos depois, e numerosas outras vítimas até a atualidade. (TRINDADE, 2016, p. 431).
Leia o texto de Antônio Augusto Cançado Trindade, o qual analisa os desafios e conquistas do direito internacional dos
direitos humanos no início do século XXI, para compreender o contexto dos direitos humanos na contemporaneidade.
Trindade, citando palavras de Gómez del Prado, um dos coordenadores da Conferência Mundial contra o Racismo (Durban,
África do Sul, 2001) afirma:
Outra consequência destes conflitos armados que têm raízes não só políticas, mas também culturais, é o crescente número de
migrantes e refugiados. Muitos destes perdem seus direitos de cidadania, sendo tratados como coisa descartável.
Segundo a BBC (2015), a Europa recebeu de janeiro a meados daquele ano a solicitação de refúgio de 438 mil pessoas, sendo
120.000 somente da Síria, 90.000 do Afeganistão. Foram detectados mais de 150.000 imigrantes tentando entrar clandestinos
na Europa. Por outro lado, já se confirmou a morte de 3.279 refugiados afogados quando faziam a travessia do Mediterrâneo
Central e Oriental em 2014 e nos primeiros 07 meses de 2015 foram 2.373 mortos.
Para Refletir
Leia o texto Refugiados na Europa: a crise em mapas e gráficos, procurando constatar: a que países foram pedidos refúgios
e a origem dos imigrantes; quais estão sendo as posições dos países europeus em relação a receber os refugiados.
Hannah Arendt (1906-1975), judia nascida na Alemanha, perdeu ali seus direitos políticos. Refugiou-se nos EUA, sendo aceita
como cidadã. Uma das maiores pensadoras recentes, assim definia sua experiência:
Perdemos nossos lares, o que significa a familiaridade da vida quotidiana. Perdemos nossas ocupações, o
que significa a confiança de que temos alguma utilidade no mundo. Perdemos nossa língua, o que
significa a naturalidade das reações, a simplicidade dos gestos (...). (ARENDT apud LAFER, 2009, p. 148).
E continua dizendo ela (apud LAFER, 2009, p. 150) não ser verdade que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e
direitos, como afirma o primeiro parágrafo da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Para o ser humano que perdeu o seu lugar na comunidade, a condição política na luta do seu tempo e a
personalidade legal que transforma num todo consistente as suas ações e uma parte de seu destino,
restam apenas aquelas qualidades que geralmente só se podem expressar no âmbito da vida privada, e
que necessariamente permanecerão ineptas, simples existência, em qualquer assunto de interesse público.
(ARENDT apud LAFER, 2009, p. 153)
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"A única maneira de um apátrida integrar-se politicamente numa nação é cometer crimes", segundo Arendt (2009, p. 147), pois
neste caso é preso e condenado como qualquer outro. O autor comenta as palavras de Arendt:
É por esta razão que, para ela, o primeiro direito humano, do qual derivam todos os demais, é o direito a
ter direitos, direito que a experiência totalitária mostrou que só podem ser exigidos através do acesso à
ordem jurídica que apenas a cidadania oferece. (LAFER, 2009, p. 153-154)
Mas, hoje, há outras razões de deslocamentos de populações. É o caso, por exemplo, dos já chamados refugiados ambientais, em
denúncia feita em Genebra pelo relatório da OIM (Organização Internacional de Migrações), em conjunto com o Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e de Relações Internacionais (IDDRI).
Em 2009, os deslocamentos humanos por desequilíbrio ambiental passaram a 15 milhões, e em 2010, a 38 milhões. Um destes
deslocamentos aconteceu no Nepal, devido ao derretimento de camadas do Himalaya. Tsumamis, terremotos, inundações,
vazamento de usinas nucleares, tempestades, tornam-se sempre mais frequentes. Isto também acontece com populações em
áreas já devastadas e improdutíveis da Amazônia. Muitas vezes, estas pessoas são puramente vítimas de problemas causados por
outras populações.
Os países ricos se comprometeram na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Cancún, no México, em 2010, a criar o
Fundo Verde para atender as vítimas dessas catástrofes, com 100 bilhões de dólares ao ano, mas só a partir de 2020. Enquanto
isso, essa população vitimada cresce em média de 40 milhões de pessoas por ano.
A Convenção de Genebra de 1952 para os Refugiados não contempla estes casos, pois, em sua maioria, são populações que
normalmente se deslocam dentro do próprio país. Com o Furacão Katrina, em Nova Orleans (EUA, 2005), 1. 200,000 pessoas
tiveram que se deslocar e 1/3 da população ainda não voltou a seus lares de antes (FEBBRO, 2012).
Em julho de 2013, poucos dias após eleito, o Papa Francisco visitou Lampedusa, ilha da Itália, entre a Europa e a África, porta de
entrada de muitos migrantes africanos na Europa. Nesta travessia do Mar Mediterrâneo, milhares continuam morrendo, vítimas
também de tráfico humano. E Francisco (2013) disse que a globalização da indiferença nos tira a capacidade de chorar diante de
milhares de africanos que buscam países europeus para sobreviverem, poucas décadas depois de muitas colonizações europeias
na África.
Tal pressuposto contesta a afirmação kantiana de que o homem, e apenas ele, não pode ser empregado como um meio para a
realização de um fim, pois é fim de si mesmo, uma vez que apesar do caráter profano de cada indivíduo, ele é sagrado, já que na
sua pessoa pulsa a humanidade. (LAFER, 2009, p. 117-118).
Cenas de refugiados foram também temáticas registradas pela coleção fotográfica Êxodos, do brasileiro Sebastião Salgado,
considerado um dos grandes nomes da arte fotográfica crítica. Terminando a nossa reflexão veja a série de fotografias que este
artista lança sobre as pessoas deslocadas de suas terras (SALGADO, 2016).
Os dados estatísticos mais recentes sobre o deslocamento forçado de pessoas ao redor do mundo, foram registrados pela Agência
da ONU para Refugiados - ACNUR, que 01 (um) em cada 113 (centro treze) pessoas no planeta solicita a sua retirada do local
onde vive, como ilustra a Figura 2.8:
Fonte: http://www.acnur.org/portugues/recursos/estatisticas/.
A ACNUR, em seu em seu relatório anual " Tendências Globais", mostra que existem hoje cerca de 65,3 milhões, do total: "8,6
milhões de pessoas forçadas a abandonar seus lares e a mudar-se para outros lugares de seu país e 1,8 milhões que tiveram de
cruzar as fronteiras (...) 21,3 milhões de refugiados ao redor do mundo, 3,2 milhões de solicitantes de refúgio e 40,8 milhões
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deslocados que continuam dentro de seus países". Este relatório afirma que existe um recorde de deslocamentos internos nos
países, estes números alarmantes de apátridas nunca haviam sido registrados na história da humanidade.
Fonte: http://pt.slideshare.net/sumare/direitoshumanos-charge.
O processo da colonização portuguesa no território que hoje chamamos de Brasil exterminou milhões de negros, indígenas e
suas culturas. Segundo dados do Censo Brasileiro de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), o
Brasil tem 896.000 indígenas. Perto de 35% vivem em áreas urbanas. Existem 505 terras indígenas que correspondem a cerca
de 12% do território brasileiro. Estes indígenas falam 274 línguas indígenas e pertencem a 305 etnias diferentes. O maior grupo é
o dos Tikunas, com mais de 34 mil componentes. Conforme, o Conselho Indigenista Missionário – CIMI (2016), dentre terras
registradas e outras em busca de regularização, estas somam mais de 1000.
Por outro lado, o Canadá reservou 2 milhões de Km2, ou seja, 20% de seu território, aos esquimós, em regime semiautônomo, o
equivalente aos estados de Amazonas, Amapá Acre e Roraima juntos. As áreas indígenas no Brasil somam 10,52% do território
nacional, com 895.577,85 km2. Apenas metade está demarcada e homologada, o que deveria ter sido feito até 1993 (CUNHA,
2007, p. 5-6).
Inicialmente, no processo colonialista, não havia tanta ambição pelas terras indígenas. O interesse maior era usá-los como
escravos. Na medida em que o território foi sendo ocupado, surgiu um país onde o latifúndio tem grande poder político, e a
Reforma Agrária nunca chega. A Manasa Madeireira Nacional, por exemplo, tinha, em levantamento do Incra de 1986, 4
milhões e 140 mil hectares no Amazonas, maior que Bélgica, Holanda, além de ter mais de meio milhão de hectares em outras
regiões brasileiras. A Jari Florestal Agropecuária Ltda tem quase três milhões de hectares no Pará.
Um dos grandes debates atuais é a necessidade de novos projetos energéticos brasileiros para sustentar o ritmo do atual tipo de
desenvolvimento, muito pouco sustentável. Muitos destes projetos atingem territórios e comunidade indígenas, como informou
representante do CIMI (em 20/01/2014). Isto acontece com 118 nações indígenas dentro de nosso país, em 19 estados
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brasileiros. Destacam-se, em número de projetos, Rio Grande do Sul (115) e Santa Catarina (80). O Amazonas, com maior
número de comunidades indígenas, tem 45 grandes projetos. Mato Grosso, com 59; Pará, com 54; Rondônia, com 60, dentre
outros. Um dos casos mais debatidos recentemente é a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Pará e os muitos
problemas que traz este projeto às comunidades indígenas na bacia do Rio Xingu.
Embora a história dos direitos humanos indígenas perpasse séculos, somente após a II Grande Guerra, o Estado brasileiro
começou a se interessar pela questão. Em 1948, o mesmo ano da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a ONU
(Organização das Nações Unidas) aprovou a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Esta convenção
foi utilizada também para a defesa dos indígenas.
Em 1965, a ONU aprovou a Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial. Nesta
época, discutiu-se sobre os conceitos de raça e etnia, assim como os conceitos índios e indígenas. Em 1966, a ONU promulgou
como você estudou o Pacto de Direitos Civis e Políticos e o Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Estes documentos
já tratavam da diversidade étnica, linguística e religiosa, o que ajudou no debate sobre os direitos humanos indígenas.
Todavia, o documento que mais impactou esta realidade foi a Convenção 107 da OIT - Organização Internacional do Trabalho,
de 1957, que tratava diretamente das populações indígenas e tribais, assumida pelo Brasil a partir de 1966. Esta convenção
combateu a exploração da mão de obra indígena, assim como a exploração de suas terras, riquezas minerais, vegetais e animais.
A OIT ampliou estes direitos com a Convenção 189, de 1989, que foi inicialmente rejeitada pelo Senado brasileiro, revelando a
presença de interesses empresariais e de latifundiários neste meio político (DALLARI, 1999, p. 255-263).
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio 1992), não esqueceu as questões
indígenas, elaborando a chamada Agenda 21, com o Capítulo 26 assegurando especialmente aos indígenas e suas comunidades,
que diz no art. 1º:
Durante muitas gerações, eles desenvolveram um conhecimento científico tradicional holístico de suas
terras, recursos naturais e meio ambiente. As populações indígenas e suas comunidades devem desfrutar
a plenitude dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, sem impedimentos ou discriminações.
Sua capacidade de participar plenamente das práticas de desenvolvimento sustentável em suas terras
tendeu a ser limitada, em consequência de fatores de natureza econômica, social e histórica. Tendo em
vista a inter-relação entre o meio natural e seu desenvolvimento sustentável e o bem-estar cultural, social,
econômico e físico das populações indígenas, os esforços nacionais e internacionais de implementação de
um desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável devem reconhecer, acomodar, promover e
fortalecer o papel das populações indígenas e suas comunidades. (ONU, 2016)
A Agenda 21 está em consonância com o art. 231, da Constituição Brasileira prescrevendo e garantindo aos povos indígenas:
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens. (BRASIL, 1988).
O debate sobre os direitos humanos indígenas coloca em questão o conceito que temos de desenvolvimento, riqueza e pobreza.
Até a Constituinte de 1988, as próprias legislações consideravam os indígenas como povos inferiores, subdesenvolvidos, entraves
ao crescimento do país diante dos modelos de mundo vigentes.
A política assimilacionista iniciada pelo Marquês de Pombal no século XVIII, já incentivava o casamento de portugueses com
indígenas, pelo Diretório dos Índios da Corte Portuguesa, para que eles 'evoluíssem', assimilando a cultura europeia. O Estatuto
do Índio - Lei nº 6001, de 1973 – (LOUREIRO, 2010, p. 504-505), segundo a mesma autora, tem os mesmos objetivos, quando
diz em seu artigo primeiro que ele "regula a situação jurídica dos índios e silvícolas e das comunidades indígenas, com o
propósito de preservar sua cultura e integrá-los (sic), progressiva e harmoniosamente, à comunidade nacional". Mas ainda hoje,
muita gente pensa assim. Amartya Sen considera desenvolvimento como um processo de expansão das liberdades reais que as
pessoas desfrutam.
Juliana Santilli (2005) usa o conceito de socioambientalismo como a inclusão e envolvimento das comunidades locais com seus
conhecimentos, suas práticas tradicionais, sua diversidade cultural, equilibrando não somente o meio ambiente, mas também
socialmente, superando as desigualdades econômicas. E Antônio Augusto Cançado Trindade, citado por Santos Filho (2006),
reforça estas ideias com teses do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento:
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O conceito de desenvolvimento humano avançado pelo PNUD tem implicações diretas para a questão
ambiental. Como adverte o PNUD, a pobreza é uma das maiores ameaças ao meio ambiente e à própria
sustentabilidade da vida humana. Não é por causalidade que "quase todos os pobres vivem nas áreas
mais vulneráveis do ponto de vista ecológico". (SANTOS FILHO, 2006, p. 17).
Aos poucos, vamos aprendendo que a diversidade cultural indígena no Brasil, e em outros países, envolve riquezas de culturas,
experiências e saberes, que inovam nossa maneira de pensar o futuro das gerações, seus direitos e seus ambientes de vida. Ao
mesmo tempo nos mostra as ilusões produzidas por falsos conceitos de liberdade e desenvolvimento que destroem a
sustentabilidade do planeta e milhões de vidas. A Modernidade está em profunda crise. Não podemos pensar no lucro, na
vantagem imediata e pessoal, mas no conjunto da vida do planeta e no futuro das gerações. Os povos indígenas, que também
foram nossos antepassados, resistiram nestas terras por tantos séculos de nosso Brasil, e agora sua população cresce, apesar de
tanto genocídio, conforme dados apontados pelo IBGE. Seu modo de vida nestas terras confronta-se, em vários aspectos, com
nosso modo de vida e nos dá lições que podem nos trazer um mundo melhor.
Entre 1987 e 1992, em Roraima, 15% da população indígena yanomami, mais de 1000 pessoas, foram mortos pela sede de ouro
de uns 40 000 garimpeiros em suas terras. Indígenas foram abatidos a tiros, e até crianças. Outros, por doenças de não índios.
Yanomamis, que significa seres humanos, são indígenas com grande sabedoria de vida e visão de mundo, e casos como os deles
continuam acontecendo sem grandes intervenções políticas de proteção de seus direitos.
A Amazônia, que envolve Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, tem
grandes riquezas de minérios, madeiras, águas, rica fauna, dentre outras. Mas também tem muitos conhecimentos acumulados
em sua população. Tem cerca de 250 mil espécies de vegetais. Sua população usa cerca de 150 para alimentação. Por outro lado,
95% da população mundial usa, em média, 30 espécies de vegetais que estão muito vulneráveis à degradação. No México,
descobriu-se nos anos 70 a única espécie de milho resistente a doenças. A Amazônia pode ter muitas outras plantas nestas
condições em suas áreas mais preservadas. Na Índia, usavam antigamente perto de 30 mil espécies de arroz, quase toda perdida
em sua história. As culturas amazônicas constituem um patrimônio rico para a humanidade; são comunidades indígenas, dentre
outras, com variados tipos de organização social e integração em seu meio ambiente, usufruindo milenarmente de suas riquezas,
sem destruí-las, e acumulando saberes dos quais as próprias ciências estão distantes. Tanto é importante a biodiversidade como
a sociodiversidade (LOUREIRO, 2010, p. 509-512).
Nesta aula, você estudou sobre cidadania, democracia, direitos humanos e ambientais. A partir da
Constituição Federal Brasileira e dos Pactos Internacionais introduzimos alguns dos fundamentos do
Estado de Direito contemporâneo em que vivemos, mas pode estudar mais, pois conhecer nossos direitos
é a primeira condição para o exercício pleno da cidadania. Você se considera cidadã e cidadão? Todas as
pessoas em sua volta exercem sua cidadania? A democracia somente será viva e efetiva se você exercer
sua cidadania. Na próxima aula você estudará os processos de globalização econômica, política e social,
que se intensificou com a modernidade e defendia pelos Estados democráticos.
É importante que você aprenda a analisar os fatos econômicos sob uma visão sistêmica, mais
abrangente. A expectativa é que esta aula seja uma ferramenta de reflexão sobre o seu papel na
sociedade. Será que é possível construirmos uma sociedade mais justa?
Vivemos naquilo que os cientistas sociais denominam como sociedades industriais modernas. É
fundamental que você entenda sua lógica, para se posicionar no mundo contemporâneo, entendendo seus
conflitos, dinâmicas, desenvolvimentos, inter-relações. Todo esse processo pode ser sintetizado no
conceito "Globalização", que será discutido a seguir.
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Os conceitos sobre a globalização são tão vastos e complexos quanto a sua própria essência. O processo da globalização já era
sentido no período mercantilista, na última década do século XV. Esse período foi marcado pelo descobrimento da América e a
chegada dos portugueses ao Oriente por via marítima. O aumento da complexidade das relações comerciais, as novas tecnologias
e a busca incessante por riquezas metálicas motivaram a expansão marítima e as relações internacionais. As principais
tecnologias da época foram a bússola (Figura 3.1), o astrolábio (Figura 3.2), o sextante (Figura 3.3) e as caravelas.
Fonte: http://png-free.blogspot.com.br/2015/09/pirata-nautico-maritimo-corda-leme.html.
Fonte: http://www.museutec.org.br/previewmuseologico/o_astrolabio.htm.
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Fonte: http://www.ancruzeiros.pt/ancdrp/sextante.
Entre os séculos XVI e XVII, o Brasil foi o maior produtor de açúcar. Utilizando-se de mão de obra escrava, na maior parte
trazida da África. O açúcar da cana caiu no gosto dos consumidores europeus e tornou-se um negócio muito lucrativo para
Portugal.
No século XVI, os comerciantes procuravam se situar nos centros, onde se acumulavam as riquezas. Os maiores centros
comerciais deste período eram Lisboa, Holanda, Londres (XVII).
Entre os séculos XVII e XVIII, ocorreu a crise do fechamento das rotas comerciais e a crise do açúcar brasileiro, devido à
concorrência holandesa.
No século XVIII e início do século XIX, ocorreu a chamada 1ª Revolução Industrial. As principais tecnologias foram: máquina a
vapor (Figura 3.5), ferrovias (Figura 3.6) e telégrafos (Figura 3.7).
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Fonte: http://www.osetoreletrico.com.br/web/a-revista/343-xxxx.html.
Fonte: http://cfvv.blogspot.com.br/2009/12/fotos-antigas-de-nossa-querida-ferrovia.html.
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Fonte: http://www.estudopratico.com.br/primeira-demonstracao-publica-do-telegrafo/.
A Segunda Revolução Industrial ocorreu no final do séc. XIX. As novas tecnologias que impulsionaram esta fase foram:
produção de aço, novas matérias químicas, eletricidade, invenção do automóvel, telefones. Neste período, há um grande avanço
na forma de produção e comercialização dos produtos. Surge a valorização da produção em massa. Grandes marcas globais como
a Coca-Cola (americana) e a Singer (alemã) destacam-se. Em 1929, ocorre a "Quebra da Bolsa de Nova York" e a estagnação do
comércio internacional são sentidos até meados de 1948.
Entre os anos 1980 e 1990, é período de nova onda de internacionalização dos mercados. Daí surge o nome "globalização", que
passa a ser utilizado por todos os países, representando os avanços e a difusão tecnológica. Há a adesão de praticamente todos os
países ao sistema capitalista, fato que favorece a globalização moderna. Em 1989, ocorre a queda do muro de Berlim,
simbolizando a derrocada do regime socialista. Floresce a nova ideologia política, o neoliberalismo. As novas tecnologias são
marcadas por avanços na microeletrônica, informática e biotecnologia.
O processo de globalização tem sido objeto das mais diferentes análises. Por alguns cientistas sociais e políticos é interpretado
como o movimento onde se amplia a hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ou ainda como
uma "reinvenção do processo expansionista", com a imposição dos modelos políticos (democracia), ideológicos (liberalismo e
individualismo) e econômicos (abertura de mercados e livre competição). Ou mesmo como uma enorme "aldeia global". São
inúmeras as interpretações.
Com efeito, globalização refere-se a um processo de mundialização das relações sociais, políticas, econômicas, sociais,
simbólicas, tendo adquirido maior proeminência e impacto no decorrer dos séculos XX e XXI. Diferentes culturas, diferentes
nações, diferentes modos de vida entram em um processo de interconexão planetária. O desenvolvimento das comunicações, dos
meios de transporte, dos mercados de bens e serviços, da divisão social do trabalho tem colocado em contato sociedades que há
algumas décadas mantinham um relativo afastamento e separação entre elas.
Do ponto de vista econômico, refere-se a relações comerciais em que praticamente todo o globo terrestre está em contato, onde
há uma movimentação de capitais e comércio internacionais e transnacionais, com transações financeiras que ultrapassam
fronteiras nacionais, onde as migrações se dão entre regiões, países e continentes, disseminando o conhecimento, as forças
produtivas, os valores, as culturas. Os mais diferentes mundos sociais entram em contato.
A necessidade de expandir os mercados levou as nações capitalistas a abrirem e expandirem sua produção para mercadorias de
outros países, o que tem sido acompanhado pela difusão e fortalecimento da ideologia econômica do liberalismo.
A globalização se apresenta e se revela em diferentes campos. Nas comunicações tem uma de suas faces mais visíveis na rede
mundial de computadores e na tecnologia de base microeletrônica, particularmente graças a acordos entre diferentes entidades
da área de telecomunicações e diferentes governos em todo o mundo. Um fluxo de troca de ideias e de informações nunca antes
experimentada na história da humanidade concede novo caráter às múltiplas interações no mundo atual. Se antes uma pessoa
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estava limitada às informações em um ambiente mais fechado, agora ela é capaz de interagir com as mais diversas tendências do
mundo inteiro.
As redes de televisão e a imprensa multimídia sofrem forte impacto da globalização. De qualquer parte do planeta, as pessoas
podem ter acesso às emissoras e informações do mundo inteiro. Hoje, uma inovação técnica, descoberta nas mais diferentes
partes do globo, em pouco tempo é difundida por vários lugares.
Este incremento no acesso à comunicação planetária fez crescer a "sociedade de massas", aumentando as relações de natureza
virtual e enfraquecendo a "sociedade de público", como tão bem analisou o sociólogo americano Charles Wright Mills.
No mercado de trabalho os efeitos são evidentes. Crescem inúmeras modalidades de novos empregos, amplia-se a terceirização,
o subemprego, o trabalho precário, o trabalho por tempo de serviço, a estabilidade torna-se quase uma ilusão. Emprego de longo
prazo é cada vez mais inalcançável. Países com mão de obra barata executam serviços nos quais é desnecessária a alta
qualificação, e a produção é distribuída entre vários países, seja para criação de um único produto, em que cada empresa cria
uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países para redução de custos e ganho em vantagens competitivas.
Neste mundo globalizado, vive-se o que se pode chamar a "era cognitiva" ou "era da informação", em que a capacidade de
processamento de informações ficou mais importante que a capacidade em trabalhar como operário em uma empresa,
especialmente graças à automação. Trata-se de uma transição cada vez maior da era industrial para a era pós-industrial.
A globalização aumenta o ritmo das mudanças, provocando rupturas nos meios de produção, aumentando e difundindo
tecnologias, elaborando inúmeros reajustes e mudanças nos planos de empresas e de governos, os quais constantemente
elaboram reajustes na educação, na qualificação profissional, nas novas demandas. Vultosos investimentos em ciência e
tecnologia são realizados continuamente.
Para Refletir
Assista ao documentário Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá e faça uma reflexão sobre os
pontos negativos e positivos da globalização.
A lógica da globalização insere-se em uma complexa estrutura de poder, que se constitui por redes assimétricas, e as relações de
dominação se dão mais por via cultural, social, econômica e simbólica do que pelo uso coercitivo e explícito da força.
Estruturam-se entidades organizadas em redes transnacionais (corporações transnacionais, organizações não governamentais)
as quais, por vezes, detém maior poder que instituições mais antigas e tradicionais, como o Estado e os partidos políticos. Com
efeito, com a globalização tornou-se possível o surgimento de uma pluralização de centros de exercício do poder.
Em uma bela obra - A Identidade cultural na Pós-Modernidade - Stuart Hall (2006) analisa o processo de deslocamento das
estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e pós-modernas, assim como o deslocamento dos quadros de
referências que se estabelecem entre o indivíduo e o mundo social e cultural. Lembra como a globalização alterou as noções de
tempo e de espaço, conferindo-lhe enorme velocidade e fluidez, e rearranjando o sistema e as estruturas sociais.
No mundo globalizado, as funções sociais tornam-se cada vez mais diferentes e especiais. Cada um se especializa na sua área de
atuação e em seu campo de esferas próprio. Não há lugar para o pensamento generalista.
l b li i d d id d
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Efetivamente, o homem das sociedades modernas e globalizadas está fragmentado, disperso e múltiplo, não sendo composto de
uma única e permanente identidade, mas de várias, a depender do espaço social que esteja circulando.
Em cada novo espaço, o indivíduo assume nova "persona": pai em casa, empregado no trabalho, estudante no curso de línguas,
liberal na roda de amigos, conservador na política, devoto na religião etc. Em cada um dos papéis as relações sociais são
estabelecidas com diferentes pessoas, com diferentes origens, diferentes culturas, diferentes ideias, diferentes identidades.
Os diferentes mundos culturais nos quais transita o homem moderno são provisórios e instáveis. "O sujeito assume identidades
diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um 'eu' coerente, fixo e permanente" (HALL,
2006, p.13). As identidades sofrem contínuo processo de deslocamento. Como já dizia Marx e Engels, "tudo o que é sólido
desmancha no ar". O genial Marshall Berman retomou essa belíssima imagem em livro homônimo e escreveu uma das obras
mais representativas da pós-modernidade.
As velhas e tradicionais identidades – tradicional, familiar, religiosa - que por tanto tempo regeram o mundo social estão em
processo de rápidas mudanças. Novas relações sociais imperam no mundo contemporâneo. Papéis sociais se alteram, regras de
comportamentos tornam-se cada vez mais fluidas, novas posturas, atitudes e crenças aparecem em cena. Conquistam-se e
perdem-se novos status e posições sociais com velocidades surpreendentes.
A família tradicional passa por diversas e profundas mudanças neste mundo moderno: são cada vez menores, decresce o número
de filhos, cresce o número de casais homossexuais, registram-se cada vez mais crianças com o nome de apenas um cônjuge,
aumenta o número de divórcios, cresce a união estável e maior é o número de pessoas morando sós.
Outra importante característica desse mundo globalizado é a intensa mobilidade social, tanto horizontal como vertical. Ao
contrário do mundo tradicional, as pessoas se deslocam continuamente no espaço social, praticamente inexistem papéis e locais
fixos e permanentes.
É uma sociedade de relações fugazes, de encontros e desencontros rápidos e fugidios, de "amores líquidos", na precisa expressão
de Zigmunt Baumann.
Para Refletir
Assista ao vídeo Zygmunt Bauman: sobre os laços humanos, redes sociais, liberdade e segurança para aprofundar suas
reflexões sobre a condição do indivíduo no mundo pós-moderno.
A interconexão é planetária, culturas distintas misturam-se. Não há um único sistema de valor, uma e somente uma narrativa
histórica, uma e somente uma comunidade. Nas artes esta fragmentação é claríssima. Não há mundos lineares, não há narrativas
coerentes. Há fluxos, descontínuos e instáveis. Basta assistir aos filmes, por assim dizer, "pós-modernos", como Pulp Fiction, de
Quentin Tarantino, ou ler Ulysses, de James Joyce, para se observar o quanto se esvaem as linearidades tradicionais.
Impera uma diversidade de modos de vida, produtos de inúmeros e globalizados fatores como aumento da imigração, ruptura
dos processos coloniais, diversidades religiosas, padrões diferenciados de consumo, explosão de novas potencialidades a cada
dia.
Anthony Giddens falará em sociedade da "descontinuidade", David Harvey (apud HALL, 2006, p. 15-18) falará de um "processo
sem fim de rupturas e fragmentações internas no seu próprio interior". A globalização assume, possivelmente, sua forma mais
visível e nítida ao impor "sua trajetória letal de destruição global, removendo todas as seguranças e barreiras tradicionais em seu
caminho".
Há certo consenso a respeito das características da globalização quanto ao aumento dos riscos globais das transações
financeiras, da perda de parte da soberania dos Estados, do crescimento de organizações supragovernamentais, do aumento do
volume e velocidade com que diferentes recursos são transacionados por todo o mundo. Há uma enorme velocidade com que
tudo circula, dificultando regulações e controles.
A globalização produz grande instabilidade econômica, pois qualquer abalo ou fenômeno anômico acontecido em determinado
país atinge rapidamente outros, criando-se uma rede que se alastra a vários pontos do globo. Com efeito, os países estão, cada
vez mais, dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ou se remeterem a seus limites, pois, no sistema
social global, ninguém fica alheio a forças sociais tão avassaladoras.
A facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens, a
multiplicidade, a multiculturalidade, a multipolaridade são ideias-chave que bem definem e melhor circulam a força da
globalização no mundo moderno.
Você compreendeu nesta aula o quanto a globalização constrói um novo mundo com interações múltiplas
e fragmentadas, dando forma a relações extremamente fugazes e passageiras. Esta é a lógica
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hegemônica do mundo moderno e contemporâneo. Ser moderno é ser global? Na aula a seguir a
expectativa é discutir como a tecnologia e a tecnologia da informação impulsiona e modifica as nossas
vidas.
A tecnologia permitiu que os homens reconstruíssem a imaginação e construíssem comunidades virtuais. Estes espaços
possibilitam que "as pessoas se comuniquem no plano educacional, cultural ou profissional, de forma assíncrona, sem estar de
modo simultâneo no mesmo tempo e espaço" (ALTOÉ; SILVA, 2005). Podemos estar conectados em vários lugares, sem sair
do conforto de nossas casas.
O avanço tecnológico não aconteceu de uma hora para outra, pois foi graças ao pontapé inicial dos homens da pré-história
que estamos vivendo um milênio de grande inovação tecnológica, nunca visto na história da humanidade. Nesta aula não
iremos nos deter neste longo processo, mas sim apresentar alguns equipamentos que mudaram o mundo.
Para Refletir
A charge a seguir descreve como os equipamentos tecnológicos estão tomando conta da nossa vida, especialmente o lugar
da nossa memória, das nossas lembranças, dos nossos comportamentos. Você considera isto positivo ou negativo?
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Fonte: http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/pensando-as-novas-tecnologias.htm.
Ábaco
Inventado pelos chineses há 3.000 anos a.C. É uma calculadora manual, composta por
um conjunto de varetas que permitem o deslizar de peças no formato de argolas para
efetuar cálculos.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Pedra Âmbar
Por volta de 500 anos a.C., Tales de Mileto observou que, ao esfregar um mineral
conhecido como âmbar, ele atraia pequenos pedaços de papel e madeira. Resultou na
descoberta do processo magnético e, como consequência, surgiu a criação da bússola.
Fonte: http://www.passeidireto.com.
Bússola
Popularizou-se na Europa em 1.400 d.C. Com o auxílio da bússola, o homem pode
atravessar oceanos, usando uma forma de direcionamento preciso.
Fonte: http://www.isthmus.com.br/lojaflex/engenhocas-para-
orientacao/geolocalizadores/bussola-de-agulha-/1-231/centro_detalhes.aspx.
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Eletricidade
Os ingleses William Gilbert (1570) e Walter Charleton (1650), usando o método da
experimentação, aprofundaram os seus estudos com o mineral âmbar para chegar aos
elétrons.
Fonte: http://cerroazulme.com.br/blog/eletricidade/.
Bastões de Napier
Em 1590, o escocês John Napier criou esta ferramenta, que é um conjunto de nove
bastões, um para cada dígito, que transforma a multiplicação de dois números numa
soma das tabuadas de cada dígito. Com a função de processar dados matemáticos.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Pascaline
Em 1642, o francês Blaise Pascal criou esta grande inovação considerada a primeira
calculadora mecânica do mundo, capaz de somar e multiplicar por meio de
engrenagens e armazenar o resultado dos cálculos realizados.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Calculadora Universal
Em 1666, o Inglês Samuel Morland criou uma máquina mecânica que realizava
operações de soma e subtração.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Máquina programável
Em 1801, Joseph Marie Jacquard, mecânico francês, criou um dispositivo capaz de
seguir instruções por meio de cartões perfurados; era programado para confeccionar
padrões de tecidos complexos. Em 1833, o matemático Charles Babbage criou a
máquina analítica. Esta máquina conseguia trocar os cartões, modificando, dessa
forma, o curso dos cálculos. Esta invenção é considerada atualmente um dos pais da
informática.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
A i é i bi á i
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Aritmética binária
Em 1839, o primeiro componente eletrônico surgiu e permitiu o surgimento da
eletrônica e o desenvolvimento dos equipamentos eletrônicos. Em 1842, Augusta Ada
Byron apresenta certos conceitos sobre aritmética binária é considerada a primeira
programadora da história por seus trabalhos na programação da máquina analítica de
Babbage.
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Telefone
Em 1876, Alexander Graham Bell, com o desenvolvimento da energia elétrica e dos
geradores elétricos, criou o telégrafo, o qual ganhou inovações e popularizou-se na
sociedade. No ano de 1889, foi implantado o sistema de código Morse para os
telégrafos. Era uma comunicação baseada em código binário.
Fonte: http://www.fotosefotos.com/page_img/24146/o_primeiro_telefone.
Rádio e Televisão
Em 1883, Thomas Edson patenteou a invenção da válvula para rádio e, no ano de 1897,
o estudioso J.J. Thomson consolidou a explicação sobre a eletricidade com a
descoberta do elétron. Estes eventos proporcionaram, anos depois, a invenção da
televisão, em 1923, pelo americano C. Francis Jenkins, que foi o primeiro a conseguir
uma transmissão de imagem por rádio frequência por meio do processo denominado,
na época, de radiovisão.
Fonte: http://wwwblogtche-auri.blogspot.com.br/2012/08/historia-do-radio.html.
Computador
A primeira tentativa para construir um computador ocorreu em 1951, resultando em
uma máquina denominada UNIVAC 1. Em 1946, o exército americano patrocinou o
desenvolvimento do ENIAC (Calculadora e Integrador Numérico Eletrônico), o qual
pesava 30 toneladas, possuía 70.000 resistores, 18.000 válvulas a vácuo e foi
construído sobre estruturas metálicas com 2,75 metros de altura. Quando acionado, o
consumo de energia fez com que as luzes da Cidade de Filadélfia piscassem. A
introdução do que conhecemos por computador foi concretizada pela IBM em 1981,
com o Computador Pessoal (PC). (ALTOÉ; SILVA, 2005).
Fonte: http://informaticahorizontes.blogspot.com.br/2013/02/historia-del-
computador.html?view=flipcard.
Satélite
Em 1957, Sputinik foi o primeiro satélite russo lançado no espaço. Criado para a
pesquisa espacial, seu uso foi ampliado para estudos meteorológicos a partir dos anos
60. O Telstar, primeiro satélite de comunicação, foi lançado em 1962, pelos Estados
Unidos. Graças aos satélites podemos acessar a Internet por meio de computadores
sem fio (ALTOÉ; SILVA, 2005).
Fonte: http://acdemocracy.org/tag/dr-gene-h-mccall/.
Internet
Em 1969, criada para fins militares, a pedido do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos da América a uma equipe de pesquisa de universidades americanas, para que
projetasse um sistema de comunicação invulnerável a um eventual ataque nuclear.
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Esse sistema de comunicação foi comercializado na segunda metade da década de
1990. A internet foi privatizada e se tornou tecnologia comercial. No Brasil, em maio de
1995, a Embratel lançou o serviço definitivo de acesso comercial à Internet.
Atualmente, estão disponíveis comunidades de pesquisa e uma infinidade de serviços e
produtos oferecidos via rede (ALTOÉ; SILVA, 2005).
Fonte: http://misteriosdomundo.org/25-fatos-incriveis-sobre-a-internet/.
A partir desta linha do tempo, você pôde perceber que os seres humanos buscaram criar equipamentos para facilitar os
processos de interações sociais. Mas os impactos da era tecnológica foram sentidos a partir do século XIX e acentuados com a
revolução digital, nas últimas três décadas, com o processo de globalização nos diferentes campos: nas relações sociais, na
economia, na política, na educação, na vida cotidiana, nas formas de entretenimento, na produção do conhecimento e na
maneira como lidamos com o nosso corpo. A rapidez com que as inovações transformam a nossa realidade torna difícil tecer
uma crítica categórica, mas permite uma análise para assegurar uma transição menos conturbada dos padrões os quais a
sociedade se estrutura (COSTA, 2010).
No contexto atual, as tecnologias estão interligadas em três grandes linhagens que começaram a mudar o mundo a partir da
década de 1970: as chamadas tecnologias da informação, que lidam com a informação digital comunicacional, incluindo aí o
computador e tudo o que está relacionado à comunicação digital; a tecnologia genética, que lida com a informação genética e
envolve as tecnologias da vida; e uma terceira, que é a nanotecnologia, que lida com as transformações da matéria em escala
nano. Todas estas tecnologias se convergem e o seu efeito é de aceleração, pelo fato de elas estarem confluindo e influindo no
desenvolvimento das outras. Todas elas inserem-se na revolução cibernética, que veio com a Terceira Revolução Industrial
(SANTOS, 2008).
A revolução cibernética atinge e modifica a vida das pessoas, principalmente as novas gerações com o uso de computadores,
celulares, máquinas fotográficas, que antes não eram digitais e agora são. Entretanto, muitas pessoas sentem dificuldades de se
incluir neste novo contexto, diferente dos mais jovens, que nasceram nesta geração completamente cibernética que estão
acostumados com a velocidade e facilidade. Estes precisam se inserir no mundo digital, caso contrário, correm o risco de não
interagirem e não fazerem parte desta nova realidade.
Participar das novas mídias digitais e das novas tecnologias é estar conectado às estruturas e instituições sociais: econômicas,
políticas, governamentais, empregatícias, educacionais, religiosas, entre outras redes sociais. Portanto, é fazer parte da
sociedade, ou seja, estar incluído localmente, regionalmente e mundialmente, podendo usufruir do fantástico mundo virtual.
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Fonte: http://mundoemequilibrio.blogspot.com.br/2016/01/ciencia-e-verdade.html
Entretanto, o impacto digital-tecnológico mais latente no Brasil são as desigualdades sociais entre os inseridos no mundo digital
e os não inseridos, como afirma Santos:
Um problema social para aqueles que não estão dentro do trem-bala. Quem está dentro dele é quem está
acompanhando ou está podendo acompanhar a evolução tecnológica. A nossa sociedade, como é muito
desigual, tem muitas pessoas que não podem acompanhar. E como existe uma aceleração crescente, os
que estão fora do trem ficarão cada vez mais fora mesmo. Um dos problemas da Terceira Revolução
Industrial é que ela é, pela primeira vez, excludente, não inclusiva. E o capitalismo torna-se cada vez mais
excludente: não tem lugar para todos. (SANTOS, 2008, p. 13)
O grande desafio para a sociedade brasileira é levar os benefícios da era digital para a vida das pessoas, estruturar instituições
sociais que integrem tecnologia e cultura, socializando a produção do conhecimento e da informação, para favorecer os setores
mais excluídos da nossa realidade, pois:
A revolução cibernética lida com o plano da informação e isto é muito mais do que uma questão só de
aparelhos e de como aprender a lidar com eles. Existe uma lógica diferente, uma flexibilidade operatória
diferente, uma maneira de viver e de pensar diferente. (SANTOS, 2008, p. 14)
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Portanto, temos de motivar as pessoas a interagir e viver nesta nova realidade. O seu papel, enquanto estudante participante de
uma academia universitária, é articular os três eixos da educação superior (ensino, pesquisa e extensão), criando e discutindo
mecanismos para a inserção social dos excluídos por meio da ciência e do uso das tecnologias de informação e comunicação.
Para Refletir
Assista ao vídeo Ciberativismo e demandas sociais na era digital, no qual André Luis Bordignon apresenta a crise das
instituições políticas e como o avanço da Internet trouxe uma oportunidade de participação social mais efetiva nas decisões
da cidade, do estado e do país. Uma democracia de fato está ao nosso alcance. E a sociedade está exigindo isso. Como o
ciberespaço pode ajudar nessa transformação?
Pesquisa do Instituto Brasileiro (IBASE) conclui que o acesso cada vez maior de jovens da periferia a essas novas tecnologias
tem sido fator preponderante para as atuais formas de mobilização social, ocorridas em várias partes do mundo. De acordo com
a Pesquisa do IBASE por meio de redes sociais, sites e blogs, jovens de camadas populares ampliam suas vozes para toda a
sociedade.
O objetivo da pesquisa foi mostrar de que forma as novas tecnologias, como vídeos, gravações de clipes, sessões de cineclube e
blogs ajudam na mobilização da sociedade e na reivindicação de direitos. Foi realizada a partir de três estudos de caso: (a) sobre
o uso das novas tecnologias entre jovens que participam dos pontos de cultura em municípios da Baixada Fluminense; (b) uso
das novas tecnologias por mulheres jovens para mobilização da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro; e (c) o uso de tecnologias
dos jovens moradores de favelas do Rio para denunciar problemas sociais e reivindicar melhores condições de vida (IBASE,
2013).
Um dos pontos importantes da pesquisa, na opinião dos seus coordenadores, foi mostrar que, "mesmo considerando
desigualdades no acesso, estes jovens têm usado novas tecnologias para mobilizar e tornar visíveis seus pontos de vista como
militantes e ativistas" (IBASE, 2013).
4.4.1 Os Significados dos Protestos por Ocasião da Copa das Confederações e Copa do
Mundo no Brasil
Em junho de 2013, durante a realização dos jogos Copa das Confederações, o Brasil se surpreendeu com uma série de
manifestações populares que levou às ruas milhares de pessoas para protestar, inicialmente contra o aumento nas tarifas do
transporte público.
Contudo, a eclosão de protestos foi endereçada aos mais diversos problemas sociais que vêm causando insatisfação na população
nessas últimas décadas, como as péssimas condições do sistema público de saúde, a falta de qualidade na educação, a corrupção,
entre outros. O foco dos protestos também foram os gastos públicos, com a realização da Copa Mundial de Futebol FIFA 2014,
enquanto as melhorias na economia do país estão ainda muito distantes de tornar o país mais equânime.
Políticos, pesquisadores, ativistas ainda buscam entender os significados e consequências dessas manifestações, que, embora
minimizadas após a Copa das Confederações em 2013, continuam eclodindo em várias partes do país. Dentre os esforços
significativos de compreensão desse "movimento de movimentos", destaca-se a série de debates O que está acontecendo?,
realizado pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IES/USP).
Chamou atenção nas manifestações realizadas, em comparação com as formas mais tradicionais de mobilização, o uso das novas
tecnologias de informação e comunicação para mobilizar em oposição ao panfleto, carro de som ou mesmo anúncios em jornais,
canais de televisão e rádio; a não identificação de lideranças reconhecidas, em oposição aos tradicionais líderes de movimentos
sociais, sindicatos, ONGs; a mescla de orientações políticas ao invés da tradicional influência das orientações de esquerda.
Essas manifestações revelam a insatisfação da população com as políticas, programas e serviços públicos que, por sua vez,
confrontam diretamente o modelo econômico "desenvolvimentista" priorizado pelos governantes brasileiros democráticos das
últimas décadas pós-ditadura militar. Revelam uma crise do sistema de representação política e de representatividade dos
políticos eleitos pela população para elaborar as leis e implementar políticas sociais e, ao mesmo tempo, representam uma
"reivindicação-em-ato" de incremento da democracia direta, por meio de uma maior participação da população na gestão do
estado, inclusive por meio das novas tecnologias de informação e comunicação.
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Caro estudante, nesta aula, foram abordadas as tecnologias na sociedade contemporânea, sendo apenas
uma dentre as várias abordagens sobre o uso das tecnologias da informação, ferramentas que visam
aprimorar, facilitar e melhorar a nossa vida. A expectativa é que os estudos tenham contribuído para o
seu aprendizado e o instigado a conhecer com maior profundidade estas tecnologias e a utilizá-las, cada
vez mais, em seu contexto sociocultural, para a construção de uma sociedade digna, justa e solidária.
Unidade II - Atividades
Prezado estudante,
A seguir serão apresentadas até três atividades para cada aula da Unidade II. Elas objetivam consolidar a sua aprendizagem
quanto aos conteúdos estudados e discutidos.
Caso alguma dessas atividades seja avaliativa, seu (sua) professor (a), indicará no Plano de Ensino e lhe
orientará quanto aos critérios e formas de apresentação e de envio.
Bom Trabalho!
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Tópicos Conteúdo:
Objetivos
Ideias Principais
Contribuições
Perspectivas
Referência
Atividade 2
Na Aula 1, você estudou os seguintes conteúdos: movimentos sociais: definições e características, principais movimentos
sociais brasileiros, participação da sociedade civil nos mecanismos de cogestão do Estado.
Atualmente, os movimentos sociais mais atuantes na sociedade brasileira são: Movimento dos Trabalhadores Sem Terra –
MST; Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST; Movimento feminista; Fórum Social Mundial – FSM; Movimento
sindical; Movimento estudantil (universitário e secundarista); Movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais). Escolha um destes movimentos ou outro de seu interesse e elabore uma apresentação criativa, destacando os
seguintes pontos:
Origem - surgimento
Objetivos
Participantes
Bandeiras defendidas
Campos de atuação
Conquistas
Ideologias
Discriminação
Você deve considerar os seguintes critérios: objetividade, clareza e precisão para destacar as ideias mais relevantes para você
elaborar o seu fichamento.
Fichamento
Referência Completa:
Tema:
Palavras-chave:
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Atividade 2
A atividade supervisionada proposta é um texto dissertativo sobre os conteúdos: Direitos Humanos e Meio Ambiente, os
Direitos Humanos e Ambientais dos Refugiados e os Direitos Humanos e Ambientais dos Indígenas e das Populações
Autóctones.
Você deve utilizar as seguintes habilidades: objetividade, clareza e precisão para destacar as ideias mais relevantes para você
elaborar o seu texto dissertativo.
Escolher 4 tópicos (extraídos da aula 2) e elaborar um para parágrafo para cada tópico.
Organização do texto:
Título:
Introdução:
Os parágrafos elaborados:
Conclusão:
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Atividade 2
Como você aprendeu a elaborar resenha crítica na disciplina "Introdução à Educação Superior", esta atividade exercitará a
sua habilidade de resenhista ao resenhar o texto " Ser ou não ser", de Joel Birman, observando o roteiro a seguir:
Apresentação do autor e da obra: breve biografia do autor, evidenciando sua formação e outras obras publicadas.
Apresenta-se também de forma breve o conteúdo da obra.
Síntese da obra: apresentam-se as ideias principais do texto, divididas em parágrafos, os quais podem se relacionar às
diferentes partes ou capítulos do texto ou relacionar-se apenas às questões centrais tratadas pelo autor. Indique sempre a
autoria das ideias.
Apreciação crítica: observação e consequente posicionamento a respeito dos mais diversos aspectos que compõem o
texto, tais como qualidades textuais, validade das ideias, limitações ou contribuições do texto, profundidade e pertinência
das ideias apresentadas, entre outros elementos que lhe chamaram a atenção.
Indicações do resenhista: a quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a que disciplina? A discussão pode ser
utilizada em que área?
Referências: na resenha, é opcional. Ela deve constar, obrigatoriamente, se na apreciação crítica houver referências a
outras fontes.
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Você o produzirá em duas etapas. O primeiro passo é escolher um tema motivador discutido na aula 4, para começar o seu
trabalho, podendo utilizar todo o material que você realizou nas atividades supervisionadas anteriores.
Uma vez escolhido o tema, elabore o ensaio, de acordo com a seguinte estrutura:
1. Introdução
Definição do tema: por que escolheu este tema; o que vai argumentar, a descrição da estrutura do ensaio.
2. Corpo do Ensaio
Análise e desenvolvimento do tema escolhido: dê exemplos do texto que está a estudar; mencione bibliografia para justificar
as suas ideias e conclusões, faça citações e comentários.
3. Conclusão
Apresente os resultados da sua análise: quais as conclusões do seu trabalho? Poderá aqui introduzir um comentário pessoal
ao tema. Poderá indicar outras áreas relacionadas com o seu tema que seria interessante estudar e pesquisar.
4. Bibliografia
Indique por ordem alfabética os documentos que usou no seu ensaio, de acordo com as normas de citação bibliográfica.
Consulte os sites indicados a seguir para pesquisar sobre como elaborar um ensaio acadêmico:
Toda matéria
Repositório UFSC
UmComo
Glossário
A
Amalgama
Arcabouço
Lineamento, esboço.
Axioma
Premissa imediatamente evidente que se admite como universalmente verdadeira sem exigência de demonstração.
B
Bom selvagem
O mito do "bom selvagem" é um lugar comum na literatura e no pensamento europeu da Idade Moderna, nascido a partir do
contato com as populações indígenas da América. Segundo esse mito discriminador e preconceituoso, o indígena era "bom",
apesar de ser "selvagem". Na literatura brasileira exemplos desse mito são alguns personagens dos romances de José de
Alencar.
C
Caos
Estado ou situação caracterizado pela ausência de ordem; diz-se do estado desorganizado da matéria antes da criação.
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Capitalismo
Sistema socioeconômico baseado no lucro e na exploração da propriedade privada dos bens de produção.
Coesão
É o grau em que indivíduos que participam de um sistema social se identificam com ele e se sentem obrigados a apoiá-lo,
especialmente ao que diz respeito a normas, valores, crenças e estrutura.
Coerção
Coercitivo
Completude
Contingência
Cosmovisão
Cosmológica
(Metafísica, física) parte da metafísica que lida com a estrutura da realidade e da física que trata da origem e da estrutura do
universo.
D
Descolonizar
Adquirir independência, autonomia política, social e econômica; no campo cultural significar deixar de ver a realidade e as
pessoas com o olhar do colonizador e do dominador.
Determinismo
Teoria segundo a qual tudo que ocorre no universo é decorrente de uma relação entre causa e efeito.
Dialética
Termo filosófico para falar da oposição ou conflito originado pela contradição entre princípios teóricos ou entre fenômenos
empíricos.
E
Empirismo
Doutrina segundo a qual todo conhecimento se origina da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo
externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo geralmente descartadas as verdades reveladas e
transcendentes da religiosidade, ou apriorísticas e inatas do racionalismo.
Estratificação
Estrutura
Exótico
Extensão
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De acordo com a Constituição Federal do Brasil uma instituição de ensino superior, para ser reconhecida como
universidade, precisa ter três áreas de ação: ensino, pesquisa e extensão. A Extensão é o espaço da universidade na qual se
pensa e se realiza a sua interação, o seu intercâmbio, com a comunidade e a sociedade local, nacional e internacional.
F
Finitude
G
Globalização
O que se refere ao todo, ao planeta; na economia é o processo de internacionalização dos mercados produtores e
consumidores.
H
Hegemonia
Híbrido
Diz-se daquilo que surge do cruzamento ou da mistura de vários elementos. Vocábulo composto de elementos de línguas
diversas.
I
Ideário
Cenário proveniente da imaginação e da representação mental das coisas e que norteia o conhecimento e a informação.
Ideologia
Visão ou compreensão da realidade, do mundo e do ser humano a partir de um conjunto de ideias, crenças, tradições e
mitos.
Ideológico
Iluminismo
Movimento intelectual surgido no século XVIII e que se caracterizava pela centralidade da ciência e da razão.
Institucionalização
Ato ou ação que transforma algo numa instituição, ou seja, num estabelecimento, numa entidade com estruturas e regras
bem definidas.
Interativo
Que se refere ao interagir, ou seja, ao agir afetando e sendo afetado pelo outro.
Interdito
Interdisciplinar
M
Método
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Por método entende-se um conjunto de regras bem definidas que são utilizadas na investigação. Normalmente o método
segue um procedimento anteriormente elaborado e que deve ser cuidadosa e escrupulosamente observado. O método tem
como finalidade descobrir quais são as lógicas e as leis da natureza e da sociedade, visando respostas satisfatórias (Fonte:
OLIVEIRA, José Lisboa. Introdução ao pensamento antropológico. Universidade Católica de Brasília).
Método funcionalista
Iniciado por Durkheim, este método parte do pressuposto de que a sociedade é formada por partes componentes
diferenciadas e interdependentes; procura estudar a função de cada parte na sociedade, cuja estrutura complexa é formada
por um lado pela trama de ações e reações sociais dos grupos e indivíduos e por outro lado pelas ações e reações das
instituições correlacionadas.
Materialismo
É o método para compreender a vida social que se fundamenta na ideia de que todos os aspectos da vida humana biológicos,
psicológicos, sociais, históricos, etc. possuem uma base material originária da reprodução humana e da produção de bens e
serviços.
Miscigenação
Mistura ou cruzamento de diferentes raças, especialmente através do casamento ou da coabitação; o mesmo que
mestiçagem.
Monoteísta
N
Narrativa
Exposição oral ou escrita de um fato ou de uma série de fatos; o mesmo que narração.
Neoliberalismo
Doutrina ou ideologia que prega e defende a liberdade do mercado e a restrição da intervenção do Estado na economia.
Neolítico
O período mais recente da pré-história, caracterizado pela utilização de artefatos de pedra polida.
O
Ontológico
Aquilo que se refere às propriedades do ser humano independentemente das determinações externas.
Ordenação
P
Paleolítico
O período mais antigo da pré-história, caracterizado pela utilização de artefatos de pedra polida.
Patriotismo
Pessoa
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14. Pessoa natural: o mesmo que pessoa física. 15. Pessoa singular: o mesmo que pessoa física. 16. Por interposta pessoa:
por intermédio de alguém, não diretamente. 17. Primeira pessoa: emissor, locutor ou falante. 18. Segunda pessoa: aquele
para quem se fala ou escreve ou que é interlocutor. 19. Terceira pessoa: aquele que não é nem locutor nem interlocutor.
Politeísta
Positivismo
Sistema filosófico fundado por Augusto Comte que só admite o método experimental.
Pressuposição
Pressuposto
Psicossomático
R
Racionalidade
Reducionismo
Renascença
Movimento intelectual, artístico e científico do século XV e que era inspirado na Antiguidade Clássica.
S
Sistema
Conjunto de elementos, concretos ou abstratos, que se relacionam entre si; a constituição política, econômica ou social de
um determinado estado, nação, comunidade, cultura ou grupo humano.
Sistematizar
Sofista
Filósofos contemporâneos de Sócrates que chamava para si a profissão de ensinar a sabedoria e a habilidade, como
Protágoras e Górgias.
Status
A situação, o estado ou a qualidade de uma pessoa ou de uma coisa num determinado momento.
Substrato
Sustentabilidade
Habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições exigidas por algo ou por alguém; em nível ambiental consiste na
manutenção das funções e dos componentes do ecossistema; desenvolvimento sustentável, gestão sustentável, ações
sustentáveis que preservam o meio ambiente.
T
Tártaros
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O natural ou habitante da Tartária, atualmente na República da Federação Russa.
Técnica
Habilidade do cientista ou pesquisador no uso dos métodos, ou seja, daquele conjunto de regras bem definidas que são
utilizadas na investigação e que lhe permite obter os dados desejados (Fonte: OLIVEIRA, José Lisboa. Introdução ao
pensamento antropológico. Universidade Católica de Brasília – UCB).
Transcendência
Transcendente
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