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ENTRE A PROMESSA DE MODERNIDADE E A DESMEMÓRIA: A HISTÓRIA DO

FIM DO JORNAL IMPRESSO O ESTADO DO MARANHÃO

Otávio Temóteo de Oliveira Neto

Imperatriz
2022
INTRODUÇÃO

É no contexto das mudanças sociais, culturais, históricas e tecnológicas que ocorrem os


adventos e os finais de grandes empreendimentos, queira-se ou não. Neste sentido, da ascensão
a queda do telégrafo como principal meio de comunicação do início do século XVIII até o
surgimento do Napster e o fim da era dos álbuns físicos, muita coisa pode ser explicada a partir
destes imbricamentos.
Na comunicação, e mais especificamente, no jornalismo tradicional impresso mudanças
estruturais também podem ser percebidas e evidenciadas, ainda que o eufemismo da transição
da imprensa escrita para o digital supere em parte a realidade do fim dos grandes jornais
impressos e ainda que o fenômeno não seja recente.
O cenário em que apresentamos esta pesquisa de dissertação é temporalmente e
geograficamente localizado no Maranhão, no entanto, a gradativa e irreversível transição do
modelo impresso para o digital e o fim dos grandes periódicos pode ser acompanhado no Brasil
todo.
Alguns exemplos merecem destaque: O Diário do Nordeste1, do grupo Edson Queiroz,
finalizou sua edição impressa em 2021 e seguiu com as atividades apenas online. Na última
década soma-se na região Nordeste, o fim do Diário de Natal2, o jornal mais antigo em
circulação na capital potiguar e a Gazeta de Alagoas3, pertencente ao ex-senador Fernando
Collor e que originalmente circulava há 84 anos. É neste quadro que se apresenta o nosso objeto
de pesquisa: O fim do jornal O Estado do Maranhão e nossa questão fundamental sobre como
chegou ao fim a versão impressa de O Estado.
A partir da Comunicação e da História podemos entender os aspectos que determinam
o fim da cultura do impresso na atualidade e em especial no contexto do Maranhão. Alguns
objetivos específicos somam-se ao questionamento principal, como a possibilidade de entender
a relação do jornal com seus leitores, seus editores e seu final; além da compreensão geral sobre
os processos sociais presentes nos últimos momentos da redação do jornal. Dentre as hipóteses
que foram investigadas, destacam-se o processo de migração das assinaturas e dos leitores dos

https://portalimprensa.com.br/noticias/ultimas_noticias/84245/fim+da+edicao+impressa+do+diario+do+nordeste+amplia+de
serto+de+noticias+na+regiao
2 http://www.abi.org.br/diario-de-natal-fim-da-versao-impressa/
3 https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/11/gazeta-de-alagoas-acaba-com-edicao-diaria-e-vira-semanal.shtml
jornais impressos para o digital e o fluxo de demanda mercadológico do jornal enquanto um
produto econômico.
Ao tomarmos a história do fim do jornal mais tradicional do Maranhão como objeto é
importante ressaltar que os fenômenos não estão totalmente esclarecidos. É neste momento que
se faz necessário ultrapassar o deslumbramento da escrita sobre o passado, não para enterrá-lo,
nem para resgatá-lo, mas para explicar os fenômenos envolvidos; o passado não precisa de
resgate, pois quem sempre precisa é o presente (MUNARO, 2009).
Utilizamos a perspectiva epistemológica e metodológica barberiana, ancorada nas obras
de Jesús Martín-Barbero que introduziu deslocamentos conceituais inovadores dentro dos
estudos de comunicação que possibilitaram novos objetos de estudo e diálogos
interdisciplinares, como o que fizemos com a História. A abordagem empírica se deu em
consonância com a natureza do objeto e com a metodologia proposta por meio da criação de
mapas das mediações.
Embora utilizemos autores canônicos europeus no cruzamento da Historiografia com
campo da Comunicação é importante ressaltar a opção de utilização do modelo barberiano ,pois
além de atender aos principais pontos da pesquisa enquanto material de investigação , é
resultado da possibilidade de em um primeiro momento antecipar, mediar e construir um
panorama do Jornal O Estado enquanto relação de produção e poder, e em outro momento,
mediar as lógicas de ritualidade, tecnicidade e institucionalidade e temporalidade no jornal.
O nosso trabalho de dissertação está dividido em quatro capítulos que percorrem desde
a trajetória e a história do jornal O Estado até o encerramento da sua produção impressa,
abordamos também os aportes teóricos e metodológicos da pesquisa, o contexto sociocultural
e político e a interpretação dos mapas das mediações das relações estabelecidas, e por último
as considerações finais.
O COMEÇO DO FIM

“É com o coração sangrando que eu falo que nós vamos ter que sair da edição impressa
do Estado do Maranhão”. A voz é rouca e reticente, mas encontra gravidade e força ao falar do
jornal que fundou há 62 anos. O sotaque é o mesmo que os brasileiros ouvem desde os
primórdios da redemocratização do país. Sob o crédito concedido ao entrevistado na última
edição impressa do jornal e também na matéria para o site Imirante, letras garrafais remontam
à velha tradição de jornalistas creditarem seus entrevistados com os últimos cargos exercidos
na vida pública; costumeiramente este ritual é mais forte quando se fala do mundo político.
Ex-diretor e fundador do jornal, escritor, governador, senador, de todas as alcunhas,
algumas mais recentes e outras mais antigas, a última edição impressa do jornal O Estado do
Maranhão insere o entrevistado apenas como José Sarney, ex-presidente do Brasil, nome
reconhecido por todos. No Maranhão costuma-se brincar que família ou é Ribamar ou Batista,
disse João do Vale, no icônico show Opinião4, e não por acaso José Ribamar Costa, decidiu
por sugestão de Bandeira Tribuzi, primeiro editor de O Estado do Maranhão, a adotar o
pseudônimo de José Sarney.
O trabalho consistiu em ligar José Ribamar ao espólio popular e político do pai, que
era uma figura de destaque na sociedade maranhense da época. Ao ligar, por meio do seu novo
nome, o filho à imagem do seu pai, José Sarney elegeu-se o segundo deputado mais votado do
Maranhão (D’ELOUX, p.04).

A trajetória política de Sarney se confunde com a própria visão comunicacional do


grupo de mídia que encabeça, em sentido correspondente ao que acontece em várias outras
partes do país no cruzamento dos políticos com os meios de comunicação; o que diferencia o
caso maranhense é a persona intelectual do ex-presidente, posto assumido, antes mesmo de
entrar na vida política. Sobre isso, José Sarney concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São
Paulo em 25 de março de 1998, onde comenta a dicotomia entre a persona intelectual e a
persona política:

4 https://www.youtube.com/watch?v=A7QDuYVlSYk.
Minha vida tem duas vertentes, a da política e a da literatura. A política foi o
destino, a literatura é a vocação. Escrever é uma compulsão. Tem uma certa
relação com a arte de Deus por causa da arte da Criação. Deus, quando criou
o mundo, o criou com leis físicas. E o escritor viola todas essas leis para criar
um mundo imaginário, que é eterno e não se modifica. É muito difícil ser
político e ser escritor. O político lida com realidades, o escritor lida com
abstrações. Como intelectual e político, vivi a angústia entre o ideal e os
meios. O intelectual é o homem da justiça absoluta; já o político é aquele que
busca a arte do possível, com os instrumentos da contingência. Mas quem
governa vive suas circunstâncias. Não decide sobre abstrações, mas sobre
fatos. Minha opção foi esta: governo de liberdade (FOLHA DE SÃO
PAULO, 1998)

Ao ser questionado se é melhor compreendido como político ou escritor, ele responde:

O criador foi muito generoso comigo. Ele me trouxe lá do Maranhão, de uma


casinha de 50 metros quadrados onde eu nasci, no interior, me fez presidente,
me colocou para escrever livros (FOLHA DE SÃO PAULO, 1998).

O jornal O Estado do Maranhão (1973-2022) também se notabilizou pelo espaço


destinado à cultura maranhense em especial a Literatura, ademais o periódico foi um
documento das transformações que os jornais impressos passaram desde o início do século XX.
Esse jornal concorreu para uma série de mudanças que foram consideradas pioneiras em todo
o país, como a modernização da redação na capital São Luís, a formulação de uma série de
pressupostos que seriam absorvidos a partir da atuação de Bandeira Tribuzi, membro da
intelligentsia do Maranhão e primeiro diretor do Estado do Maranhão, além do o uso do
maquinário industrial de gráfica na confecção do diário e a primeira utilização de cor em
páginas de jornais em todo o Norte e Nordeste.
No dia 23/10/2022, o jornal O Estado do Maranhão encerrou sua edição impressa. O
jornal virou mais uma página é o que diz a manchete do último dia:

Após 62 anos, O Estado encerra suas atividades no formato impresso,


consagrado como o principal periódico do Maranhão. Nesta última edição,
histórias deste matutino na visão de quem, de alguma forma, em algum tempo,
relaciona-se intensamente com ele. Fecha- se um ciclo, abrem-se, todavia,
novas possibilidades de bem informar. Com seu conteúdo jornalístico agora
incorporado ao Imirante.com, e assim como as grandes histórias, o Estado
vira mais uma página (OESTADO, 2021).

O lead inferior do jornal impresso, mais uma vez recorre a figura de José Sarney em
uma última crônica, chamada “O Tempo e O Vento”, alusão ao romance histórico de Érico
Veríssimo, mas como personagens na versão de Sarney: o jornal e as mudanças tecnológicas,
que nas palavras do autor lograram ao Estado do Maranhão caber apenas na versão online do
site de notícias Imirante:
Fizemos um jornal moderno, colorido, com um texto cuidado e dinâmico.
Assumimos a liderança da imprensa no Maranhão até hoje, sendo uma tribuna
dos problemas do Estado e um seminário permanente do debate de ideias. Por
aqui passaram grandes nomes da literatura do Maranhão. O jornal foi dirigido
por nomes importantes. Para dividir as minhas lágrimas, quero resumir todos
no de Tribuzi, que na eternidade chora conosco neste momento em que
deixamos a edição impressa para ficar somente na digital. Seguimos a
tendência mundial, forçados pela era do virtual, pela transferência da
publicidade para a internet — e, é preciso reconhecer, dos leitores. Não
encontramos vacina para nos salvar. Foi a tecnologia que criou o jornal, desde
seus primeiros ensaios no século XVI ao vigor político do XVII, até ser motor
das revoluções industriais e políticas dos séculos seguintes e tornar-se o
Quarto Poder.”.

Por óbvio, o Estado do Maranhão trata-se de um jornalismo vinculado às esferas do


poder político local, em que configuram- se as práticas discursivas e sociais presentes na
sociedade brasileira desde a chegada da Imprensa, e assim; ainda mais suscetível à História da
Leitura de um tempo (CHARTIER; 2009) enquanto objeto de comunicação. De acordo com
Chartier (2009) a história da leitura de um tempo assume uma posição fragmentada a partir dos
documentos e arquivos que remontam a Braudel ao assimilar a historiografia como meio capaz
de articular diversas temporalidades que se acham superpostas no tempo histórico. Exemplo
deste fenômeno são as questões levantadas no último editorial do jornal O Estado que elencam
o fim do impresso como reflexo da chegada do futuro.
Outra consideração importante é o contexto de mudanças tecnológicas, sociais,
culturais e históricas que o Jornal O Estado do Maranhão utiliza para descrever o fim do
impresso. Nesta questão chama a atenção o fato da redação em sua última edição optar por
enfatizar o processo de encerramento do impresso como apenas uma mudança fruto do
progresso, assim como a chegada do maquinário industrial foi importante em 1973 para iniciar
a então nova fase do periódico.
A crise no jornalismo é citada superficialmente ,e transforma-se em crise de leitores
,conceito que enquanto autores concordamos ,visto que ; Latour (2019) afirma que no contexto
da crise não estamos falando das organizações e dos interesses do poder, mas sim de seu
envolvimento nos coletivos e nos objetos; nas palavras do autor, a situação representa também
a própria crise da crítica, que desenvolveu repertório limitado para os desafios impostos pela
suposta modernidade , inclusive no Jornalismo .
Outra característica predominante da última edição é a ligação dos textos com conceitos
relativos à modernidade, revolução tecnológica e inovação. Para Hanna Arendt (1988) os
conceitos de revolução originalmente determinavam ciclos e repetições, e ganhou destaque a
partir de uma publicação de Copérnico, o uso da palavra original indicava atores que não
buscavam uma mudança e muito lentamente o termo ganhou um novo significado histórico.
É no conceito de revolução tecnológica que o jornal disserta sobre o fim do impresso,
mesmo conceito emprestado a sua primeira edição de 1973 que vangloriava a modernidade e
os avanços tecnológicos como motores da mudança do Jornal O Dia para o Estado do
Maranhão. O editorial escrito por Sarney em 1973, descreve o objetivo do jornal, a Biblioteca
Benedito Leite resgata na primeira edição:
Modernizar a imprensa maranhense. Inovar em termos de artes gráficas e
renovar em termos de elevá-la, dar-lhe dimensão cultural, estimular vocações
novas, semear ideias, discutir problemas. Um simpósio permanente sobre o
destino de nossa vida, da vida de nosso Estado, da vida de nossa cidade,
reflexo e alma do nosso grande povo. (SECMA, 2007, p.185)

Logo; na questão de inovação e modernidade, um outro aspecto também chama


atenção, ante a promessa de modernidade, a desmemória prevalece enquanto um signo da
modernidade (ARENDT;1988). É justamente na reflexão da ideia braudeliana (1965) a partir
do ensaio de Chartier (2009) que tomamos a leitura do tempo do jornal impresso como a
coexistência de três durações que funcionaram nos últimos 62 anos de circulação deste
impresso: a estrutura, a conjuntura e o acontecimento.
Para escavar mais profundamente este fenômeno da extinção de um jornal impresso
propõe-se um trânsito entre a historiografia e a comunicação como fonte de entendimento sobre
a história de um jornal, mas sobretudo sob o signo de um questionamento, como um jornal
impresso termina? Mariani (1993) retoma que o Brasil “enquanto acontecimento vagueia pelas
páginas do jornal e da história.”.

MODERNIDADE E TRADIÇÃO DA IMPRENSA NO BRASIL E NO MARANHÃO

Para contextualizar as mudanças estruturais da imprensa é preciso irmos além do ponto


de vista Habermasiano da esfera pública, não obstante, apenas a comunicação não dá conta da
seara de modificações sociológicas, históricas, econômicas e políticas que permeiam os
processos modernos dos meios de comunicação, como também não pode responder sozinha
por todos estes processos implicados. Neste sentido, é preciso revisitar o passado e entender a
imprensa escrita também como um salto na modernidade e ao mesmo tempo aspecto fundador
desta modernidade tanto nas pequenas cidades quanto nas grandes cidades em que o liberalismo
econômico precedeu a imprensa escrita, livre e os clubes de leituras (HABERMAS ,2014).
Ao implicarmos o contexto maranhense da imprensa é preciso remeter ao próprio fato
de a imprensa brasileira ter tardiamente nascido no país, no nordeste do Brasil podemos citar a
Sentinela Constitucional Bahiana, na Bahia e O Conciliador, no Maranhão, surgidos entre
novembro de 1821 e julho de 1823 como exemplos deste pioneirismo .Na região amazônica
podemos citar O Paraense de 1822 como fundador de aspectos modernizadores não só da
imprensa ,mas como veículo de modernidade amazônico , seguido por outros , como o Rio
Acre de 1908 (MUNARO,2014).

É importante aqui também ressaltar que os aspectos fundantes da impressa no Brasil,


especificamente no nosso contexto de norte e nordeste tem mais a ver com a ideia da Ilustração,
da filiação ao sentimento nacional, da discussão política, das pregações liberais e até mesmo
das revoltas políticas, como no caso da cabanagem no Pará, em que o efeito de modernidade
pode ser evidenciado pela canalização das vozes dissonantes ao império luso, como Thiago
Barros afirma:

Os jornais evidenciam a convulsão política e social provocada pela adesão do


Pará ao Império brasileiro. Contraditoriamente, oficiais portugueses
continuaram comandando e administrando a província, enquanto
revolucionários como o cônego Batista Campos e Lavor Papagaio seguiram
na oposição, mantendo a imprensa "incendiária" até a conquista de Belém
pelos cabanos, em 1835 (2009, p. 2).

Além disso cabe destacar que muitas lutas políticas também foram enfrentadas
discursivamente nos periódicos em várias partes do Brasil e do Nordeste. Este espaço de
enfrentamento e discussão surge no âmbito de uma esfera pública burguesa no contexto de
inovação da criação de uma imprensa nacional como ferramenta de difusão liberal e também
conservadora no cenário de enfrentamento ou admissão da política lusobrasileira do Império.

Mais recentemente, outros aspectos de inovação puderam ser percebidos. Não mais a
inovação da chegada das letras aos grandes centros urbanos, mas a inovação tecnológica
sedimentada pela lógica da tecnicidade, da produção e dos formatos industriais e aparatos
técnicos que compreendem em lastro desde das mudanças gráficas também fruto dos
equipamentos modernos e até os aspectos inovadores da escrita jornalística como movimentos
estilísticos modernos surgidos na imprensa norte americana dos anos 60. É neste sentido que
Martin Barbeiro (2009) percebe as técnicas e tecnicidades na Comunicação:

Isso se dá não só no aspecto das redes informáticas como também na conexão dos
meios com o computador reestabelecendo aceleradamente a relação dos discursos
públicos e relatos midiáticos com os formatos industriais e os textos virtuais. As
perguntas geradas pela tecnicidade indicam então o novo estatuto social da técnica
(2009, p.19).

Mas é preciso também contemporizar, Martin Barbeiro (2009) também adverte:

a tecnicidade é menos assunto de aparatos do que de operadores perceptivos e


destrezas discursivas. Confundir a comunicação com as técnicas, os meios, resulta
tão deformador como supor que eles sejam exteriores e acessórios à (verdade da)
comunicação (2009, p.18).

Ao trazermos este trabalho especificamente ao Maranhão, uma realidade se mostra


inerente: o surgimento da imprensa no estado teve características próprias. Dentre estas
características podemos citar :o lento movimento das letras impressas em direção aos interiores,
as sucessivas crises que impediram o gradual aumento dos jornais e as associações políticas
mais recentemente, como Roseane Arcanjo afirma:
Iniciada no norte do território, a implantação da letra impressa percorreu em seguida
o Leste, a região central, chegando ao sul e por fim o Oeste, região que somente
obteve crescimento econômico no final do século XX. No interior, a marcha dos
jornais seguiu lenta, pois as motivações sociais, culturais, políticas e econômicas
sustentadoras da vinda tardia dos impressos continuaram a predominar na maioria
das cidades (2007, p.57).

Neste sentido, faz-se claro que a técnica, a inovação e a modernidade também foram
tardiamente empreendidas por jornais maranhenses no território como um todo. Franciscato
(2010) ao qualificar sua compreensão analítica da inovação no jornalismo na década de 20 dos
anos 2000 defende que a inovação não deve ser pensada apenas a nível técnico, mas em três
categorias: tecnológica, social e organizacional.
Outro aspecto interessante é a questão da tradição enquanto conceito operacionalizado
em dissonância daquilo que é moderno e inovador. É neste contexto que Barbero (2009)
enfatiza as práticas entre tradição e modernidade, sua oposição e às vezes sua mistura. Para o
autor a visão romântica da tradição vem da coexistência entre dois pontos: o rural, muitas vezes
associado a oralidade, as crenças e as arte ingênua e o urbano configurado pela escritura, a
secularização, o refinamento.

DE JORNAL DO DIA AO ESTADO DO MARANHÃO

A tradição enquanto duração de um tempo histórico é associada a valores como:


credibilidade, continuidade; adesão prolongada em dissonância com os efeitos disruptivos das
inovações, das revoluções; mas que coexistem em diversas temporalidades. É justamente neste
sentido que a primeira controvérsia em relação a fundação do jornal O Estado do Maranhão se
apresenta.
Criado por Alberto Aboud em 1951 sob o nome de Jornal do Dia, o impresso foi
adquirido por José Sarney e Bandeira Tribuzzi somente em 1973, sendo transformado em O
Estado do Maranhão posteriormente (COSTA,2008). O site Imirante utiliza uma informação
equivocada para realçar a tradição de O Estado do Maranhão como um jornal historicamente
duradouro desde a sua criação, como afirma Ramon Costa:

No portal Imirante, uma das mídias do Sistema Mirante, na seção Quem


Somos, o dia 01 de maio de 1959 é apresentado como a data de fundação do
jornal O Estado do Maranhão. Mas durante a pesquisa não foi encontrado
nenhum registro do Jornal do Dia para essa data, até porque ela está no
período em que o jornal não circulou. Prova disso é que a empresa que
relançou o Jornal do Dia só é formada em 01 de outubro de 1959 e o jornal
volta a circular em 17 de janeiro de 1960. Com isso, é improvável que a
fundação do jornal remeta a 01 de maio de 1959. Inclusive, o aniversário do
Jornal Dia, após a compra por Alberto Aboud, era comemorado na data em
que este voltou a circular, a edição de 17 de janeiro de 1961, trazia no
editorial, intitulado “Cumprimos nosso dever”, palavras de comemoração ao
primeiro ano do jornal. A resposta que podemos esboçar para esse impasse e
que será considerada na pesquisa é a seguinte: entre a venda do Jornal do Dia
por Alexandre Costa à Alberto Aboud, o jornal ficou sem circular entre
outubro de 1958 até janeiro de 1960. Por isso, quando retoma suas atividades,
em 17 de janeiro de 1960, inicia-se uma nova fase, que tem na criação da
Empresa Jaguar seu marco de fundação, ainda que o jornal só comece a
circular três meses depois. Enquanto se chamava Jornal do Dia o aniversário
do periódico era comemorado no dia 17 de janeiro, mas com a troca do nome,
em 01 de maio de 1973, primeira edição com o novo título (O Estado do
Maranhão) passou-se a comemorar os aniversários do jornal no dia do
trabalhador, mas mantendo-se o ano de 1959 como marco de fundação do
jornal. Pois é o momento em que é inaugurada a nova fase do Jornal do Dia
da qual José Sarney irá participar, como veremos à frente. A informação
equivocada no portal Imirante é motivada pelo interesse do Sistema Mirante
em criar uma tradição do jornal, a partir da demonstração de sua longa história
(2008, p.4)

A busca pela data exata de criação do jornal revelou a tentativa de criação de “uma
tradição” desde a sua gênese, neste sentido ao levarmos em consideração o catálogo de jornais
maranhenses da Biblioteca Pública Benedito Leite é possível dar margem a leitura da criação
de um jornal tradicional e da manutenção desta tradição por meio da alteração de datas a fim
de fundamentar a historicização do tempo como fator de credibilidade do impresso.
Para o acervo da biblioteca, o jornal do dia foi criado em 1953 em São Luís com o
seguinte slogan: “um órgão a serviço da verdade.” Já o site Imirante que hospedou o Jornal O
Estado do Maranhão na internet, apresenta uma leitura diferente:
Nas últimas cinco décadas, a história do Maranhão foi registrada pelo jornal
O Estado do Maranhão, veículo de comunicação que se tornou divisor de
águas na história da imprensa local. Desde o início, a proposta do jornal foi a
de ser "um órgão a serviço da verdade", como afirma texto publicado em sua
primeira edição. Fundado em 1º de maio de 1959, pelo empresário e político
Alberto Aboud, O Estado é herdeiro do Jornal do Dia. (O Estado do
Maranhão, 2009, p.01)

A construção posterior de uma “tradição” no jornal O Estado do Maranhão exclui o fato


de que o Jornal do Dia ficou sem circular de outubro de 1958 até janeiro de 1960. A solução
encontrada foi atribuir uma nova data de aniversário ao periódico. Ao voltar ao funcionamento
em 17 de janeiro de 1960 a primeira versão impressa é produzida e a data de reabertura do
jornal passa a ser considerada a data de aniversário até sua a sua edição com o novo título de
O Estado do Maranhão que chegou às bancas no dia 01 de maio de 1973, então, O Estado passa
a adotar o dia do trabalhador como o dia do seu aniversário, mas resguardando o ano de 1959
e não 1973 como ano de sua fundação.
Desde a fundação o jornal o dia também esteve ligado ao mundo político, Alberto
Aboud 5foi deputado estadual pelo então PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), mudou para o
PSD (Partido Social Democrático) onde foi eleito deputado federal, filiou-se ao Arena (Aliança
Renovadora Nacional) e por fim foi prefeito da cidade de São José do Ribamar, no Maranhão.
Em 1953 Arimathéia Athayde6 assumiu a direção do jornal, ele foi o primeiro secretário
de comunicação do estado do Maranhão, no governo de João Castelo, entre 1979 e 1982. Neste
período o jornal do Dia passou por algumas transformações principalmente no que se refere ao
quadro de direção e até mesmo mudanças como o slogan que passa a ser Jornal do Dia: alma e
pensamento da cidade (CUNHA ,2019).
Em 1967, Clodomir Millet 7assume a direção do jornal, ele foi deputado federal por
quatro vezes e também senador, na carreira política passou pelos principais partidos políticos
da década de 1960 a 1970, entre eles o PDS (Partido Democrático Social), o ARENA (Aliança
Renovadora Nacional) e o PSP (Partido Social Progressista), neste período sob sua direção o
jornal estancou a mudança corriqueira de profissionais da direção até 1969.

5 FGV-CPDOC http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/alberto-wadih-chames-aboud-n)
6 http://melquiadesgomes.blogspot.com/2014/07/morre-o-jornalista-arimathea-athayde.html)
7 http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/clodomir-teixeira-millet
Em 1969, o deputado federal Arthur Carvalho foi o novo diretor do jornal,
coincidentemente é nesta fase que a ascensão do futuro proprietário do jornal se consolida. De
acordo com Manoel Afonso Ferreira:

A estreita proximidade entre jornalismo e política sempre foi uma


particularidade marcante dentro do Jornal do Dia, e a década de 1960 aponta
muito bem isso. Num cenário de popularidade de suas publicações,
principalmente na capital São Luís, marca-se o estágio de ascensão política
de José Sarney. Naquele momento (1969), o diário, sob a direção do então
deputado federal Artur Carvalho, se fortifica como um dos principais meios
de comunicação da época. As páginas dos jornais naquele período são provas
dessa forte relação (2019, p.3).

Alguns exemplos podem ser tomados desta proximidade mesmo antes da aquisição do
periódico por José Sarney, em 1968 o jornal o dia dedicou três matérias de capa completas
sobre José Sarney: “Sarney está construindo de fato um Maranhão Novo”, “Sarney é uma
esperança para nação” e “Sarney inaugura Nova Era”. (BITTENCOURT, 2019).
Ao adquirir o jornal, Sarney deixou claro a vertente política do jornal O Estado, em
entrevista a Paulo César D’Elboux em 18 de dezembro de 2022, o então senador comenta:

Nunca fui um empresário de comunicação. Eu criei o jornal porque eu tinha


que ter um instrumento político, todos os jornais do Maranhão foram
fechados. Fiz um jornal que era o nosso veículo de expor nossas idéias.
Evidentemente teve grande sucesso porque era muito bem feito. Naquela
época uma das pessoas mais inteligentes, o diretor e fundador ao meu lado
era o poeta Bandeira Tribuzzi, considerado o maior poeta do Maranhão no
século passado. Era muito meu amigo e também um homem de formação de
esquerda, e nós começamos a fazer esse jornal, há 40 e poucos anos; um jornal
político. Depois ele não podia sobreviver só com um jornal político e teve que
ter um caminho. O jornal não era de empresário, não era um negócio que nós
estávamos precisando, era uma inspeção do processo político. Tanto que no
Maranhão, a única coisa que nós participamos é realmente das coisas que são
importantes para a nossa ação política, porque esse é um sistema de
comunicação. Depois, eu já estou com 73 anos e ao longo desses anos todos
os meios de comunicação foram modernizados, o jornal que era feito do tipo
a mão passou a linotipo, foi o primeiro no Maranhão que introduziu a
composição a frio. Fomos o primeiro a informatizar a primeira rotativa que
entrou e depois veio o processo de modernização e de liderança que tem hoje.
O que também foi importante é que sempre mantivemos o jornal com um
instrumento só, um jornal plural que dá notícia de todas as coisas e, mesmo
sabendo que é um jornal com posição política pelo fato de ser nosso, tem o
espírito de ser um jornal, para informar e manter também a estrutura, por isso
é bem aceito na sociedade. Primeiro veio a rádio e tivemos que entrar, depois
veio a televisão, tivemos que entrar, com isso o desdobramento da nossa
necessidade política que teve condições de comunicação. Isso de certo modo
ajuda e bastante. (D’ELOUX, p.04).
METODOLOGIA

Por metodologia, utilizaremos a aproximação da historiografia a partir de documentos,


registros e arquivos sobre o Jornal e a entrevista semiestruturada com agentes que estiveram
presentes nos últimos anos da redação do Estado do Maranhão o que permitirá, ao fim, a
construção de um mapa das relações e interações entre o surgimento de um veículo tradicional
e o fim do impresso enquanto um objeto da Comunicação.
O caráter aberto da cartografia de mapas possibilita dentro da Comunicação o
cruzamento de autores e a interdisciplinaridade inerente para investigações mais amplas, a
partir do entrecruzamento de diferentes referências, e não apenas da justaposição de resultados
ou modelos de uma mesma área. Nesta lógica, A história do , nos e por meio dos periódicos
pode ser tomada em conjunto com a comunicação como forma de viabilizar os processos
recentes que passaram o Jornal O Estado do Maranhão .

A TEORIA BARBERIANA

A abordagem empírica se dá em consonância com a natureza do objeto e com a


metodologia proposta por meio dos mapas das mediações. Embora utilizemos autores
canônicos europeus no cruzamento da Historiografia com campo da Comunicação é importante
ressaltar a opção de utilização do modelo barberiano ,pois além de atender aos principais pontos
da pesquisa enquanto material de investigação é fruto da opção de não utilizar aquilo que
Barbero (2009) chama de ideias fora de lugar , ou a transposição acrítica de metodologias
anglo- europeias para responder a questionamentos sociais ,históricos ,comunicacionais latino
-americanos .
Com isso, não apontamos demérito em quem utiliza estes autores, mas sim
evidenciamos a preferência e delimitação com um estudo sobre um jornal de um país da
América Latina, localizado no Nordeste do Brasil com uma teoria pensada também no contexto
latino americano.
A opção pelos mapas barberianos em consonância interdisciplinar com a Historiografia,
permite em um primeiro momento, antecipar, mediar e construir um panorama do Jornal O
Estado enquanto relação de produção e poder, em um outro momento; é possível também
mediar as lógicas de ritualidade, tecnicidade e institucionalidade no jornal e por último, a
temporalidade, enquanto: diacrónica e histórica; os fluxos e as espacialidades.
Desse modo, de acordo com Lopes (2018) para entre (ver) meios e mediações, os mapas
podem operacionalizar qualquer fenômeno que envolva a comunicação, a cultura, a história;
impondo-se como uma articulação entre produção, contexto, recepção, mensagens, mídias.
Ainda para a autora na sua interpretação/ mediação barberiana, esses objetos, vistos por esse
ponto, podem configurar e reconfigurar a lógica de produção, a lógica dos usos, das práticas,
dos dispositivos tecnológicos e de mensagens.
Ainda para Lopes (2018) e como pensado por Foucault e Deleuze (Deleuze, 1988)

“a análise cartográfica configura-se como instrumento para uma história do


presente, possibilitando a crítica do nosso tempo e daquilo que somos. Não é
método como proposição de regras, procedimentos ou protocolos de pesquisa
rígidos, mas sim, como estratégia de análise crítica e ação política, olhar
crítico que acompanha e descreve relações, trajetórias. Tal estratégia
metodológica desenha não exatamente mapas no sentido tradicional do termo
e sim diagramas, que se referem a lugares e movimentos marcados não por
determinismos, mas por densidades, intensidades e expõem as linhas de força
de um determinado espaço, que neste caso, é o campo da comunicação. O
diagrama é o mapa, a cartografia, coextensiva a todos os campos de
conhecimento. (LOPES,2018, p.46).

PRÓXIMOS PASSOS

O seguimento da pesquisa se dará entre os meses de outubro a dezembro e no primeiro


semestre de 2023. Primeiramente com uma revisão de literatura a partir dos arquivos do Jornal
O Estado do Maranhão ( aqui entende-se por arquivos grosso modo todo o inventário
arqueológico no campo da comunicação sobre o periódico ,desde documentos até matérias de
outros jornais sobre o Estado , catálogo virtual , bibliografias sobre o jornal em diretórios de
pesquisa e biblioteca ) , após esta etapa , serão realizadas entrevistas em profundidade com os
últimos responsáveis pelo jornal até seu encerramento , para melhor comodidade dos
entrevistados será oportuno realizar o trabalho após o período eleitoral que se encerra em
novembro . A construção dos mapas das mediações e perfil historiográficos completos serão
feitos a posteriori, no primeiro semestre de 2023, tendo em vista que organizacionalmente
poderá ser feito o trabalho parcial de escrita ainda no ano de 2022, mas apenas a critério do
exame de qualificação, com uma versão integralmente finalizada apenas em 2023. Ao
desdobrarmos os próximos passos é interessante também relembrar a questão das pistas
epistemológicas nos mapas barberianos, recordando não a totalidade de métodos
predeterminados integralmente de antemão, mas produzindo mediações e mapas e novas pistas
no próprio caminho da pesquisa.
(ALGUMAS) REFERÊNCIAS:

ARENDT, H. Sobre a revolução. São Paulo: Editora Ática; Brasília: Editora UnB, 1988.
BRAUDEL, F. História e Sociologia. Revista de História, [S. l.], v. 30, n. 61, p. 11-31, 1965.
DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1965.123302. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/123302. Acesso em: 17 ago. 2022.
CHARTIER, R. A história ou a leitura do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
DE LUCA, T. História dos, nos e por meio dos periódicos. in PINSKY, Carla Bassanezi.
Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2008.
D'ELBOUX, P. A trajetória comunicacional de José Sarney. Dissertação (Mestrado em
Comunicação Social) -Universidade Metodista de São Paulo,2003.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988.. Mil platôs.
Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. v. 1.
LOPES, M. I. V. de. A teoria barberiana da comunicação. MATRIZes, [S. l.], v. 12, n. 1, p.
39-
63, 2018. DOI: 10.11606/issn.1982-8160.v12i1p39-63. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/145750. Acesso em: 12 ago. 2022.

LATOUR, B. Jamais Fomos Modernos: Ensaio de antropologia simétrica. São Paulo:


Editora 34, 2019.

MARIANI, B. Os Primórdios da Imprensa no Brasil (Ou: de como o Discurso Jornalístico


constrói Memória).In: ORLANDI, Eni Puccinelli (org). Discurso Fundador: a formação do
país e a construção da identidade nacional. Campinas, SP: Pontes, 2001, p. 31-42
MARTÍN-BARBERO, J. Retos a la investigación de comunicación en América Latina.
Comunicación y Cultura, Cidade do México, n. 9, p. 99-113 1982.
MUNARO,L . Aquela terra longínqua e sossegada. O jornalismo de Hipólito da Costa
(Dissertação de Mestrado). Florianópolis:UFSC,2009.
A trajetória política de José Sarney (1950-1970) / Drielle Souza Bittencourt. –. São Luís, 2019.
70 f. Produto da dissertação História política, biografia e e imprensa: uma nova ferramenta para
o ensino de História do Maranhão Contemporâneo por meio da trajetória política de José
Sarney (1950-1970).
CUNHA, M. A. F.. Entre o Jornal do Dia e O Estado do Maranhão: transição jornalística em ?anos de chumbo?.. In:
Monica Piccolo; Fábio Henrique Monteiro.. (Org.). Entre o Jornal do Dia e O Estado do Maranhão: transição jornalística
em ?anos de chumbo?.. 1ed.São Luís - MA: EDUEMA, 2019, v. 1, p. 9-397.

SECMA. Catálogo de jornais maranhenses do acervo da biblioteca pública Benedito Leite:


1821 – 2007. São Luís: edições SECMA, 2007. ISBN 978-85-7275-003-5

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq25039823.htm folha sarney entrevista 1998


Com mais de 50 anos de tradição, o periódico era o único do estado a ter cobertura
completa da capital ao interior e encerrou sua produção diária e impressa no dia 21/10/2021.
Passou ao universo digital, sem ao menos levar o título que carregou nestas últimas décadas,
já que a produção do impresso foi alocada ao site Imirante e a marca O Estado do Maranhão
ficou apenas com o acervo online no antigo domínio do site do jornal na internet.

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