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Foto A foto mostra o corpo no asfalto, com traços de A foto mostra dois corpos no chão, coberto por um pano branco
sangue visíveis e um carro da policia civil no fundo ensanguentado.
Foto A foto mostra a moto destruída em cima do corpo A foto mostra a moto destruída em cima do corpo com traços
coberto por um pano, com três policias no fundo de sangue na pista
O discurso construído pelos jornais im- contrário, uma função do próprio dessa periferia. A formação do discurso
pressos sobre a violência é na maioria das enunciado. (FAIRCLOUGH, 2001, nesses periódicos é claramente negativa e
vezes sensacionalista ou apelativo. O uso p. 68). preconceituosa. Nas notícias apresentadas
de manchetes agressivas, irônicas, pre- Continua afirmando que Foucault atribui pelo caderno polícia do Diário do Pará há
conceituosas, e de fotos com sangue ou um papel fundamental para o discurso na uma alteração de sentidos na construção
com um cadáver exposto ressalta a cita- constituição dos sujeitos sociais. Por im- discursiva, pois o acontecimento ganha
ção no livro da autora, Susan Sontang “Se plicação, “as questões de subjetividade, um destaque em que, ora o jornal brinca
tem sangue, vira manchete”. A linguagem identidade social e domínio do eu devem com a desgraça, ora o jornal discrimina
conotativa usada nas páginas do Caderno ser do maior interesse nas teorias de dis- os sujeitos envolvidos, ora o jornal apela
Policia frequentemente revela os critérios curso e linguagem, e na análise discursiva para seduzir o público leitor, sem, contu-
de relevância obvio na escolha das maté- e linguística” (FAIRCLOUGH, 2001, p. do, apontar aspectos importantes do pro-
rias publicadas. Porém, o discurso cons- 69). blema social.
truído pelos diferentes jornais impressos
no mercado paraense, mostra os critérios A partir do momento que o discurso é A violência passa a ser um fenômeno ori-
de relevância usados na escolha das maté- enunciado, podemos deduzir o posiciona- ginado da e pela periferia, e tem „conta-
rias publicadas. mento do sujeito social por meio de aná- minado‟ as áreas mais abastadas da socie-
lise das particularidades nas modalidades dade. Percebemos um discurso produzido
As atividades discursivas são produzidas enunciativas formado por si. Por exemplo, em que ficam latentes a divisão social e
por um sujeito social, que é responsável o discurso construído pelos jornais im- não a desigualdade social.
pela enunciação, organização e comparti- pressos sobre a violência é na maioria das
lhamento desses discursos. Assim, esses vezes sensacionalista ou apelativo, infe- O jornal impresso o Diário do Pará na
sujeitos sociais, não são isolados e nem rindo que a linguagem utilizada busca fa- cobertura e na publicação de um aconte-
independente desse discurso, por fim po- lar, na avaliação do veículo, com o público cimento violento explora o uso da lingua-
sicionando esse sujeito social. que gosta daquele tipo de notícia. Ou seja, gem irônica, preconceituosa e agressiva.
A principal tese de Foucault com as expressões ou os sentidos construídos Na seleção das fotos publicadas o jornal
respeito à formação de modalida- seriam próprios dos sujeitos a quem os expõe, quase sempre nas suas páginas, os
des enunciativas é a de que o sujei- cadernos se destinam. A violência é mais corpos dos envolvidos, preferencialmente
to social que produz um enunciado um item a ser noticiado com a finalida- sem vida e com marcas de violência, ou
não é uma entidade que existe fora de de venda ou de persuadir um público seja, com a presença de sangue, espaços
e independentemente do discur- com “uma realidade que seria sua” (grifo destruídos pelo ato violento ou cenas que
so, como a origem do enunciado nosso). Os jornais estariam apenas repro- remetem a essas marcas. Quando não é
(seu autor /sua autora), mas é, ao duzindo fatos que acontecem no dia a dia possível ter imagens das pessoas, o jornal