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Função social do jornalismo

A importância que o jornalismo exerce em nossa sociedade é crescente. Boa


parte da realidade construída na mente de cada cidadão provém do que é
notícia. Ribeiro e Fossá (2009) descrevem este poder expresso por meio da
linguagem jornalística: “a linguagem jornalística é a normalizadora da
sociedade, é ela que ameniza o caos social, e é uma forma de instaurar uma
ideologia de um grupo que se verbaliza por meio da mídia e torna‐se a
ideologia dominante, que tem o poder sobre a informação” (RIBEIRO e
FOSSÁ, 2009, p. 6).

Meneghetti (2011), ao analisar a situação do jornalismo contemporâneo e


ressaltar a importância social da figura do jornalista, afirma que o jornalismo
nunca teve, em toda a sua história, um protagonismo, uma repercussão social
tão alta.

Hoje qualquer coisa é filtrada pelo juízo jornalístico. Substancialmente, o novo


pontificado, não tanto o quinto poder, mas o pontificado, a constituição
cotidiana que faz a posição de um país, são os jornalistas. Porque aquilo que o
jornalista diz, em certo nível, faz ética, faz ideologia, faz mutação, faz
sociedade. (MENEGHETTI, 2011, informação verbal).

Se aquilo que "vira notícia" pode se tornar também a realidade construída no


imaginário social acerca de diferentes aspectos do mundo, é possível dizer que
os valores divulgados por estas notícias trarão vasto impacto no modo de vida
da população, tanto para o bem, quanto para o mal. É possível, portanto, fazer
questionamentos sobre qual realidade social vem sendo construída sob
influência do discurso jornalístico. Na medida em que a informação jornalística
é constituída por profissionais que têm preparação específica para tal função –
os jornalistas –, está neles e no contexto em que trabalham o critério de como
se dá a construção midiática da realidade (MIRANDA; SCHAEFER,
MEDEIROS, 2017).
Herscovitz (2000), em um trabalho de investigação sobre os valores
profissionais e a satisfação no trabalho, entrevistou 402 jornalistas que atuam
para as principais empresas de comunicação de São Paulo. Em relação à
função da mídia na atualidade, constatou os seguintes resultados:
77.6% dos participantes do estudo privilegiam a função disseminadora (levar
informação rápida ao público e concentrar-se nas notícias de interesse da
maioria do público); 66.2% defendem a função interpretativa/investigativa
(investigar demandas do governo, oferecer análises e interpretações,
desenvolver o interesse intelectual e cultural do público e oferecer
entretenimento); e 47.2% são a favor de uma postura adversária (fazer o papel
de adversário do poder público e desconsiderar histórias cujo conteúdo factual
não possa ser provado). (HERSCOVITZ, 2000, p. 81).
MIRANDA, Clarissa; SCHAEFER, Ricardo; MEDEIROS, Vicente. A função do
jornalismo ao longo da história e as contribuições da visão humanista
segundo a abordagem ontopsicológica para atividade jornalística
contemporânea. 2017. Disponível em:
http://www.ontopsicologia.org.br/arquivos/gthistoriadojornalismo
clarissamiranda_ricardoschaefer_vicentemedeiros.pdf. Acesso em 10 jul. 2020.

O jornalismo e a construção social da realidade.

Túlio Vasconcelos

Muita gente acredita que a produção do fato jornalístico é uma transcrição da


realidade. Existe uma linha de pensamento que se esforça em reforçar que o
jornalismo é um espelho do real. Essa ideia cai por terra se levar em conta que
existe contato do jornalista com os fatos, além da utilização de técnicas para se
conseguir apurar as informações. De um lado, temos esses que defendem a
notícia como um espelho da realidade e do outro temos os que pensam a
notícia como uma construção da realidade.

As teorias que encaram as notícias como um relato observado e registrado


pelo jornalista “neutro, desligado dos acontecimentos e cauteloso em não emitir
opiniões pessoais” (TRAQUINA, 1993:167) propõem, dessa maneira, a
metáfora do jornalismo como “espelho” da realidade. Estaríamos diante, nos
jornais como ocorre na vida cotidiana. Pierre Bourdieu (1993: p.04), explica
que, em torno de uma palavra, emerge um discurso fundamentado em
pressupostos cognitivos e definições normativas, de forma que ela adquire uma
existência objetiva.

Dessa forma, a atividade jornalística pode ser entendida como tendo um “papel
socialmente legitimado para produzir construções da realidade que são
publicamente relevantes” (ALSINA, 1996:18), ou seja, ao jornalista é delegada
a competência para recolher os acontecimentos e temas importantes e atribuir-
lhes sentido (TRAQUINA, 1993:168). Embora esse processo de construção
social dependa dos conteúdos e da prática discursiva do jornalismo, deve-se
ficar atento para não incorrer no erro de imaginar essa construção sem a
participação ativa do público, nas diversas interações em que os indivíduos
tomam parte no dia-a-dia.

Aperfeiçoamento de técnicas de investigação


O exercício do jornalismo tem a função de informar os indivíduos sobre os
acontecimentos do mundo. Em sociedades tão complexas como as sociedades
modernas, o jornalismo tem um papel central na mediação das pessoas com a
realidade. O jornalismo muitas vezes é confundido com a realidade; ele é, na
verdade, uma construção do real, um recorte. A prática jornalística precisa
seguir o rigor do método jornalístico para tentar se aproximar da verdade dos
fatos.

O jornalismo deve, antes de tudo, primar pela objetividade, e, assim, tentar se


aproximar ao máximo da “verdade” dos fatos. Quando o jornalista molda a
informação a partir dos seus interesses, ele está obstruindo a informação. Este
tipo de atitude pode prejudicar terceiros envolvidos na apuração dos produtos
jornalísticos.

Do mesmo modo, nas últimas duas décadas, o jornalismo passa por um


importante processo de evolução, não apenas do ponto de vista tecnológico e
operacional, mas também pelo seu papel social. O jornalismo tem contribuído
para o amadurecimento dos seus profissionais, das empresas de comunicação
e também dos consumidores de informação. Desse processo evolutivo,
resultou um aperfeiçoamento de técnicas de investigação, no sentido de
atender às necessidades do jornalismo de serviços e na segmentação do seu
mercado, além da especialização de coberturas.

Acontecimentos e textos

Dessa forma, o conhecimento da realidade seria apreendido objetivamente,


sem interferência da experiência individual do observador. Suplantando esse
modelo, as teorias atuais apontam para a realidade como sendo o resultado de
ações sociais intersubjetivas ou, dito de outra maneira, a objetividade seria um
produto social intersubjetivo. Ainda nessa linha de pensamento, é preciso
ressaltar a importância da linguagem, no que diz respeito a sua influência sobre
o pensamento e o conhecimento humanos.

Existe uma linha que encara o jornalismo como uma forma de conhecimento
(MEDITSCH). O jornalista não só comunica os fatos para os outros, mas é
alguém que também produz e reproduz conhecimento. Traquina acrescenta
que “os jornalistas não são simplesmente observadores passivos, mas
participantes ativos no processo de construção de realidade. E as notícias não
podem ser vistas como emergindo naturalmente dos acontecimentos do mundo
real; as notícias acontecem na conjunção de acontecimentos e textos.
Enquanto o acontecimento cria a notícia, a notícia também cria o
acontecimento” (TRAQUINA, 1993:168).

Contexto imediato
A realidade trabalhada pelo jornalismo será sempre a preparada para o
consumo e corre o risco de erros ocorridos por desatenção. Cada leitura do
real dará um conteúdo diferente, cada fato trará a contradição que é própria na
prática jornalística. Desse modo, da enormidade de eventos simultâneos que
irrompem na esfera da vida cotidiana, teríamos conhecimento, principalmente,
daqueles que se tornassem acontecimentos jornalísticos, ou seja, aqueles
eventos que, por força de sua noticiabilidade, “explodem na superfície da mídia
sobre a qual se inscrevem como sobre uma membrana sensível” (TRAQUINA,
1993:50).

Mais uma vez, será preciso um corte na argumentação, a fim de apontarmos o


estado atual do entendimento do que é notícia, de modo a entendermos a
construção de realidade a que nos referimos.

Dessa forma, na elaboração da notícia, além da experiência do jornalista que


observa, seleciona e relata o acontecimento, existem os problemas
organizacionais que os jornalistas lidam em sua rotina. “As decisões tomadas
pelos jornalistas no processo de produção das notícias só podem ser
entendidas inserindo o jornalista no seu contexto mais imediato – o da
organização para o qual ele ou ela trabalham” (TRAQUINA). A notícia, assim,
passa a ser entendida como uma representação social da realidade cotidiana
produzida institucionalmente, que se manifesta na construção de um mundo
possível (ALSINA).

Considerações finais

Podemos concluir, portanto, que os discursos de legitimação do jornalismo, os


mitos profissionais, as visões funcionalistas e essencialistas sobre a atividade
participam, de certa maneira, da forma como as pessoas participam do
jornalismo na sua vida cotidiana. Nesse sentido, embora a ideia de uma
essência do jornalismo constitua-se num equívoco, ela deve ser levada em
consideração enquanto construção social, pois participa do processo de
negociação das identidades e práticas de jornalistas, fontes e público.

Bibliografia

ALSINA, Miguel Rodrigo. La construcción de la noticia. Barcelona, Buenos


Aires, México: Paidós, 1996.

BOURDIEU, P. Questions de sociologie. Paris: Les Editions de Minuit, 1984.

____________. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.


CORNU, Daniel. Jornalismo e verdade. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.

GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: por uma teoria marxista do


jornalismo. Porto Alegre: Tchê, 1987.

HOHFELDT, Antônio. Hipóteses contemporâneas de pesquisa em


comunicação. In: HOHFELDT, Antônio; FRANÇA, Vera (orgs.). Teorias da
comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, 2001.

KARAM, José Francisco. A Ética Jornalística e o interesse público. São Paulo:


Summus, 2004.

MEDITSCH, Eduardo. O jornalismo como forma de conhecimento.


Florianópolis: 1992.

PEREIRA JÚNIOR, Alfredo. Decidindo o que é notícia. Porto Alegre:


EDIPUCRS, 2003.

TRAQUINA, N. O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Unisinos,


2001.

VASCONCELOS, Túlio. O jornalismo e a construção social da realidade.


2011. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-
academico/ed674-o-jornalismo-e-a-construcao-social-da-realidade/

A função do jornalismo é informar para formar opiniões. Sejam elas


positivas ou negativas, o importante é que essas opiniões façam a
diferença no dia-a-dia da sociedade. A partir da informação de
qualidade, surgirão opiniões divergentes, ou mesmo iguais, mas que se
complementam e que influenciam nas atividades das pessoas,
podendo então resolver problemas que pareciam ter efeitos
irreversíveis ou até as mais simples dificuldades sociais.
O Código de Ética dos jornalistas brasileiros, aprovado em congresso
da categoria, tem 27 artigos. O sexto artigo diz o seguinte: ‘O exercício
da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social e de
finalidade pública, subordinado ao presente Código de Ética.’
O público tem o direito de ser bem informado e isso é regra para os
jornalistas – é também a base de qualquer ética aceitável por eles. No
entanto, nem sempre o que se informa ao público é de seu total
interesse, nem o de sua curiosidade. E isso envolve conflitos entre o
que é divulgado e o que o público almeja que seja dito, pois muitas
empresas jornalísticas utilizam ‘estratégias de marketing’ para
conquistar o público.

Jornalismo de qualidade e responsabilidade social


Rackel Cardoso Santos
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/jornalismo-de-qualidade-e-
responsabilidade-social/

Informação em jornalismo é compreendida como bem social e não como uma comodidade, o
que significa que os jornalistas não estão isentos de responsabilidade em relação à informação
transmitida e isso vale não só para aqueles que estão controlando a mídia, mas em última
instância para o grande público, incluindo vários interesses sociais. A responsabilidade social
do jornalista requer que ele ou ela agirão debaixo de todas as circunstâncias em conformidade
com uma consciência ética pessoal. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA – ABI).
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, reexaminado nos últimos anos e aprovado em
assembleia da Federação Nacional dos Jornalistas, em agosto de 2007, também atribui
especial atenção ao tema. O Artigo 2º explicita:
Art. 2º - Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental,
os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão
por que: III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica
compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão. (CÓDIGO DE ÉTICA DOS
JORNALISTAS BRASILEIROS, 2007).
O jornalista é, ao mesmo tempo, funcionário de uma empresa capitalista, responsável pela
produção de uma mercadoria (a notícia) submetida às leis de mercado; e uma espécie de
contra-poder, cuja autoridade, delegada pela sociedade, lhe permite fiscalizar as instituições
em nome do interesse público. (PEREIRA, 2004).
No exercício desse papel social, ao sair para a sociedade “[...] para rastrear o maior número
possível de versões, na busca incessante de uma verdade inatingível, na solidariedade aberta a
todos que tenham alguma coisa a falar” (MEDINA, 1982, p. 23), o jornalista constrói a
realidade. E constrói a realidade, conforme ensinam as teorias construcionistas, no sentido de
“[...] não permitir que os acontecimentos permaneçam no limbo do aleatório, mas sejam
trazidos aos horizontes do significativo” (HALL apud TRAQUINA, 2005, p. 171). Se é assim, o
jornalista não executa simples técnicas de investigação e redação, mas desenvolve apurada e
cuidadosa habilidade de ver o mundo [sentir-se com o mundo]. Da mesma forma, ao concluir
sua reportagem, o profissional não apresenta apenas um relato sobre fatos, pois o que viu,
ouviu, sentiu e vivenciou foi processado pela sua inteligência e pelos seus sentimentos – um
processo de atribuição de significados. Ele apresenta uma narrativa viva, uma construção da
realidade, mediada pelo social.
Como entende Manuel Carlos Chaparro, o Jornalismo é um processo social de ações
conscientes, controladas ou controláveis. Se é assim, “[...] cada jornalista é responsável moral
pelos seus fazeres” (CHAPARRO, 1994, p. 22). Bertrand Russell, em seus estudos sobre a ética e
a moralidade, enfatiza que as escolhas do ser humano para suas aspirações de liberdade e
bem-estar decorrem de um quadro de referência determinado pelas condições histórico
sociais.
O certo ou o errado, o bem ou o mal são definidos por uma comunidade com a atribuição de
valores, segundo uma ideologia, de conceitos de louvor ou censura, estabelecendo uma
consciência que orienta as ações do indivíduo. Uma ação objetivamente certa, para Russell, é a
que melhor serve aos interesses do grupo eticamente dominante – desejadas pelo grupo. O
quadro de referência, portanto, pode ser ampliado e/ou reformulado de acordo com a
vivência, do exercício do debate, da reflexão do indivíduo e do grupo. Esse exercício ético, ou
seja, o debate e a reflexão contínua sobre o desejável para si e para os outros podem refletir
na elevação do nível de consciência – a visão de mundo que orienta as ações dos indivíduos,
seus propósitos e intenções (RUSSELL, 1977).
Com a ampliação contínua do seu quadro de referência – seu nível de consciência – seus
fazeres poderão constituir, mais que “notícias”, os relatos humanizados e humanizadores que
promovam o debate, que contribuam com a inter-relação de pessoas com quadros de
referências diferentes. Esta postura colabora com a reflexão de outros seres humanos – da
audiência –, com o alargamento da visão de mundo e a elevação do nível de compreensão, de
cumplicidade e solidariedade entre seres humanos. Se este compromisso constituir um
propósito e um dever e querer-fazer do jornalista, ele estará contribuindo para estender ao
seu público o exercício ético do qual pratica/participa diuturnamente. Em outros termos,
podemos ratificar a argumentação já proposta: o ser que, pela ação e reflexão, contribui com a
transformação da sociedade, como a sociedade contribui com a sua transformação (IJUIM,
2009).
Como sublinha a autora, como um agente cultural, ao jornalista cabe “[...] produzir narrativas
atravessadas por contradições, embates de visões de mundo, incertezas e interrogações[...] ” –
não as “certezas” que o impele a acusar e julgar. Se sua legítima especialização é a de produzir
sentidos, o uso de uma “[...] linguagem dialógica enfrenta não apenas a polifonia, mas a
complexidade conflitiva dos diferentes.” (MEDINA, 2006, p. 81-82). Por essas razões, o
enfrentamento ao risco da especialização profissional requer o constante aperfeiçoamento
técnico, intelectual, ético – a capacidade de refletir para agir.
A Responsabilidade social do jornalista e o pensamento de Paulo Freire
Jorge Kanehide Ijuim

Na comunicação, especialmente no jornalismo, o profissional tem um papel formador e de


conscientização da população. É responsabilidade do jornalista, ir a fundo na verdade e
transmitir as informações de maneira clara e objetiva para que todos tomem conhecimento.
Utilizando os veículos de comunicação, o jornalista manifesta seu pensamento e seu
posicionamento em relação aos fatos, por isso, este profissional deve ser coerente com aquilo
que acredita, e acima de tudo, deve ser atento a conduta ética que cercam os profissionais da
comunicação (ASSIS, 2019).
http://www.magrelacomunicacao.com.br/artigos/responsabilidade-social-jornalismo/
 No livro `Elementos do Jornalismo', Bill Kovach e Tom Rosenstiel (2003:
22-23) elaboraram uma lista com nove itens fundamentais para o exercício da
profissão e que ilustram bem esse espírito de missão:

A primeira obrigação do jornalismo é a verdade. 2. Sua primeira lealdade é


com os cidadãos. 3. Sua essência é a disciplina da verificação. 4. Seus
profissionais devem ser independentes dos acontecimentos e das pessoas
sobre as que informam. 5. Deve servir como um vigilante independente do
poder. 6. Deve outorgar um lugar de respeito às críticas públicas e ao
compromisso. 7. Tem de se esforçar para transformar o importante em algo
interessante e oportuno. 8. Deve acompanhar as notícias tanto de forma
exaustiva como proporcionada. 9. Seus profissionais devem ter direito de
exercer o que lhes diz a consciência.

Jornalismo Digital
A exigência por informações instantâneas estimulada pela rápida expansão das redes sociais, o
assédio à privacidade resultante do mau uso de novas tecnologias de comunicação, os
vazamentos anônimos de informações, os limites cada vez mais indefinidos entre publicidade e
jornalismo, e a identidade líquida do jornalista contra o robusto número de usuários digitais,
são apenas alguns dos dilemas éticos colocados pela Internet como uma ferramenta para o
desenvolvimento e disseminação de conteúdo de notícias.
Ética no jornalismo digital
Em primeiro lugar, a veracidade como uma qualidade essencial da informação versus outras
expressões comunicativas. A velocidade com que são transmitidos os acontecimentos de hoje
não livra o jornalista de verificar os fatos, não o exime do respeito pelos direitos das pessoas
nem do rigor na busca da informação. Por outro lado, vale também a pena examinar as
virtudes da participação dos leitores nos meios digitais, o que pode tornar o jornalismo mais
aberto e sensível ao público.
Tal participação corre o risco de se tornar um apêndice da informação que contamina seu
significado social com as expressões mais infelizes, incentivando atitudes inadequadas entre os
leitores. A esse respeito, a responsabilidade dos meios de comunicação deve não só satisfazer
aos critérios de verdade, mas também ao controle de uma participação que deve ser plural e
construtiva para os cidadãos com espírito crítico e dialógico.
O jornalista conta os fatos e oferece um diagnóstico de sua importância em relação aos
interesses públicos. O jornalista não precisa apenas conhecer os eventos além da
superficialidade dos episódios que impactam hoje. Estes são a ponta do iceberg de problemas
com interesses e conflitos, nos quais se deve aprofundar para dar uma interpretação correta
dos fatos.
O profissional da informação é um notário da realidade e deve levar consigo uma base
importante de conhecimento das questões com as quais lida. Caso contrário, não poderá ter
independência para analisar e criticar o que as fontes oficiais podem dizer.
O jornalista tem com finalidade a cidadania. Mas a ética jornalística não pode ser condicionada
a um simples voluntarismo ético, mas também deve se estender à ética dos meios de
comunicação e de suas organizações profissionais.
Nesses casos, a ética do jornalismo deve ser entendida como um mosaico de instâncias que
supervisionam o cumprimento dos princípios e deveres éticos, algumas surgidas da própria
categoria profissional (auto rregulação), de órgãos públicos que regulam o setor com a
participação de agentes envolvidos no jornalismo (corregulação) ou por organismos externos,
vindos da sociedade civil para levantar suas vozes para exigir uma maior responsabilidade dos
meios de comunicação. Esse conjunto de documentos e mecanismos destinados a cuidar e
assegurar as responsabilidades da mídia também são chamados de instrumentos de prestação
de contas (accountability) (VILLEGAS, 2019).
Como avaliar a responsabilidade do jornalismo frente à cidadania
Juan Carlos Suárez Villegas

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