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Importante este ponto para salientar que a família dele não era uma família rica que
bancou totalmente os seus estudos, ele vem de uma família de classe média que custeou
o quanto pode, e ter sido soldado na época da graduação. Esse fato faz do começo de sua
trajetória uma luta para a imersão no campo intelectual, criando novas redes de contatos
e de influência, coisa que nosso personagem fez bem.
A partir de 1927, ocorre uma clara mudança de rumos na sua produção intelectual,
se afastando da poesia e indo em direção aos ensaios históricos privilegiando a questão
do regionalismo rio-grandense, com a ainda obra de poesia, porem regionalista A Alma
Viva do Rio Grande (1927), e no mesmo ano publicou o que seria o seu principal livro,
que é o tema deste fichamento: A Formação do Rio Grande do Sul, que farei uma síntese
posteriormente. O influente intelectual faleceu em Pelotas, em setembro de 1934.
As fontes utilizadas pelo autor são basicamente as utilizadas na época para analisar a
formação e as características dos povos que viveram e vivem no território do Rio Grande
do Sul, que é relatos de viajantes, principalmente de Saint-Hilarie, alguns discursos de
pessoas importantes do Rio Grande do Sul, como o coronel Pedro Osório, e alguns
inventários para explicar que mesmo nas pessoas de melhor condição de vida a
simplicidade ainda prevalecia, algumas teorias de pensadores europeus, como Spencer
fazendo o contraponto com o militarismo rio-grandense, o antropólogo Lepouge
contrariando a sua teoria eugenista ariana, estabelecendo outra eugenia mais “a brasileira”
e colocando o povo gaúcho como um exemplo de civilização.
Palavras-chave:
democracia nas estancias; raça; nacionalismo; civilização rio-grandense
Síntese do texto
A Formação do Rio Grande do Sul é dividido em dez capítulos, e podemos dizer que tem
dois blocos; o primeiro, totalizando sete capítulos, está mais preocupado em analisar a
formação do Rio Grande do Sul, e as influencias étnicas que formou o tipo social do
gaúcho/rio-grandense; e o outro ele arrisca fazer uma “previsão” sobre o futuro do estado
e também colocando a “civilização rio-grandense” como o povo que pode levar o
progresso para a nação. Foi separado a mim a analise de dois capítulos, estando um no
chamado “primeiro bloco” e o outro no “segundo bloco”, são respectivamente A
Democracia e O Problema das Raças.
Não havia também rivalidades entre os estanceiros, não tendo aquele aspecto de
clã, que cria um ambiente de conflito entre os senhores do território. O espirito provincial
operou uma união geral nas fazendas em benefício da grandeza do Rio Grande (principais
promotores da revolução dos farrapos eram estanceiros como: Bento Gonçalves, Antônio
Neto, Canabarro, Jardim e muitos outros). Mesmo com a influencia militar, não havia a
disciplina hierárquica, pois pela cooperação voluntaria, influenciada pela vida pastoril,
tendo este sistema evidenciado ainda mais as características do gaúcho, de confiança,
sinceridade, generosidade, simpatia, franqueza. Eles deixam suas casas e famílias para o
combate, mas acabado o combate, não fica sujeitos aos quarteis, querem voltar para a sua
estancia, não desertam por covardia, mas sim por ficarem inativos (GOULART, 1985).
O povo pobre não apresenta atitudes de submissão, não une a um estanceiro por
temor, ele é mais independente e individualista (aspecto favorecido pelo trabalho "livre
das estancias") sendo mais um amigo de seu patrão do que um subordinado. Assim não
havia uma diferença de classes existindo assim somente uma o "gaúcho", seja rico ou
pobre, compartilhavam dos mesmos costumes e dos mesmos ideais. Patrões e empregados
alimentavam-se com o mesmo churrasco e o mesmo chimarrão cavalgavam juntos com
os mesmos animais. E os empregados tinham os mesmos interesses de seus patrões, se
identificando com ele, eram amigos e iguais. A abundância de comida se tem a
subsistência garantida a qualquer um, e o trabalhador do campo não fica como precisa ser
escravo de seu patrão, servindo-o espontaneamente, quase "por amizade", e com uma
independência inigualável.
E finalizando o capitulo, ele ressalta que essa democracia teve a influência pelo
fato do pouco contingente de escravos, mas não determinante, pois afirma que havia
(insignificante, mas havia), mas não era rigorosa, entrava no sistema democrático da
estancia, o que foi determinante para este sistema foi que os dominantes não tinham a
necessidade de tiranizar, pois sua superioridade era natural e harmoniosa e espontânea
em tudo, tendo a escravidão como desnecessário pois não havia castas. "todas as forças,
pois, contribuíram para que a fraternidade gaúcha fosse uma das mais nobres expressões
da nossa alma coletiva"(GOULART, 1985, p. 49).
Já no capítulo “O problema das Raças” ele começa salientando que como todo o Brasil,
o RS é uma "Babel de raças". A influência indígena não foi tão pequena quanto muitos
entendem, o regime social das estancia, a liberdade dos pastoreiros, e a alegria espontânea
das volteadas, a semi-ociosidade dos galpões e os alaridos da guerra, deveriam contribuir
muito para a inclusão do indígena, pois recorda a sua antiga e liberta existência. Por isso
ele não fugiu ou isolou como no resto do país. Saint-Hilaire observa que não havia uma
estancia que não houvesse um peão indígena, sendo eles muito próximos ao trabalho da
estancia. E observa que todo miliciano tinha uma índia como amante. “A união do grande
Rafael Pinto Bandeira com uma índia autêntica é um exemplo de que o preconceito social
não impedia essas ligações, como acontecia em relação aos negros” (GOULART, 1985,
p. 178). Porem houve grande mortalidade pela vida irregular que vivia.
Os negros tiveram uma influência insignificante, estando eles cada vez mais
desaparecendo, com isso, ele usa um censo escolar como parâmetro de que havia muito
mais crianças brancas em relação a negra, uma interpretação que deixa muitos furos, só
de pensar que a maiorias das crianças negras não tinham acesso as escolas, mas se
baseando nisto ele argumenta “que o número de indivíduos de cor pronunciada é
insignificante e que o processo de clarificação vai sempre em progresso” (GOULART,
1985, p. 180).
Assim ele mostra como o povo rio-grandense era uma grande civilização, deve
guiar, na “alta posição” o progresso nacional. Outro fator que faz do povo gaúcho uma
civilização evoluída é, e sendo um clima ideal para o desenvolvimento da cultura, a
agricultura, o trabalho e a energia mental, estimulando as manifestações da vida.
Referência Bibliográficas:
GOULART, Jorge Salis. A formação do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins
Livreiros; Caxias do Sul: EDUCS, 1985. p. 27-49; 177-195