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DIREITOS HUMANOS

Conflito armado na Ucrânia, uma análise à luz da


Declaração Universal dos Direitos Humanos

Everton Cley Andrade da Silva


Railla Bernardes dos Santos
Maria Clécia Vasconcelos de Moraes Firmino Costa
11 de abril de 2023

Relatório Acadêmico 1

Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu com forças militares de alta


escala os territórios da Ucrânia, configurando diversas violações aos direitos
humanos.
Um ano após a invasão da Rússia, na abertura da 52º sessão do Conselho
de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, o secretário-geral das Nações
Unidas, António Guterres, declarou que a guerra na Ucrânia causou "a maior
violação dos direitos humanos que conhecemos hoje".
De fato, os ataques indiscriminados, o uso de armas de efeitos de grande
amplitude resultaram em milhares de vítimas civis Ucranianos. Até o momento,
cerca de 632 vítimas identificadas e registradas, 219 mortos e 413 feridos, de
acordo com o Escritório de Direitos Humanos da ONU. Frise-se que, conforme a
Ucrânia vai retomando o controle de determinados territórios, e as investigações
vão avançando, novas evidências surgem em uma crescente assustadora,
evidências de crimes de tortura, violência sexual e outros crimes cometidos pelas
forças russas.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem como base também a
igualdade de direitos entre homens e mulheres. Promover o respeito aos direitos
e liberdades de cada indivíduo, para que se possa viver em harmonia e em paz,
esse é o princípio. Acontece que, no cenário da guerra na Ucrânia, os direitos
das mulheres não consideravelmente cerceados. São diversas os relatos de
crimes de estupro e agressão em áreas ocupadas pelos soldados Russos em
território Ucraniano, violência de gênero. Note que, nem todo homem age de tal
maneira, contudo, sempre é um homem. Os direitos das mulheres, de igualdade,
sendo brutalmente violados, novamente.
O face da guerra é marcada pela dor da perda. A perda da propriedade, a
perda de um ente querido, a perda da própria vida. Segundo Aristóteles; "O
homem é um animal social", de fato, e para que essa convivência em sociedade
ocorra, é imprescindível a criação e delimitação de determinadas normas. A
DUDH, em seu artigo 17, informa que "Todo ser humano tem direito à
propriedade, só ou em sociedade com outros", e que também "Ninguém será
arbitrariamente privado de sua propriedade". Acontece que em um cenário de
guerra, o campo de batalha é caracterizado pela destruição, fazendo com que a

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propriedade privada e coletiva se resumam em escombros, impossibilitando a


convivência e circulação em segurança.
Logo em seguida, no artigo 18, a Declaração fala também sobre a liberdade
de manifestação e prática da crença, culto, observância e ensino. No dia 04 de
fevereiro de 2023, o IRF (Institute for Religious Freedom), registrou cerca de 494
igrejas e templos de concentração e práticas religiosas por toda a Ucrânia. Uma
grave violação aos direitos humanos, e perdas ao patrimônio histórico-cultural
que podem ser irreparáveis.
O conflito armado entre as forças do governo e os grupos armados apoiados
pela Rússia chegou a afetar civis no leste da Ucrânia. Tal conflito, com duração
de quase oito anos, matou mais de 16 mil pessoas, incluindo civis e
combatentes, além de ter desalojado cerca de 1,5 milhões.
Os combates também vieram a causar grandes danos generalizados além
de uma vasta destruição de infraestrutura civil, incluindo hospitais, casas e
escolas em ambos os lados da fronteira de 427 quilômetros, em que separa as
áreas mantidas pelas forças do governo ucraniano daquelas sob o controle dos
grupos armados da “RPD” e “RPL”.
Após a invasão russa da Ucrânia, a ONU teve a sua primeira ação, sendo
ela a convocação de uma reunião emergencial do Conselho de Segurança no dia
25 de fevereiro para que viessem a debater a questão. Sobretudo, o rascunho de
resolução condenando a invasão da Ucrânia foi vetado pela Rússia, contando
com abstenções da Índia, China e Emirados Árabes Unidos. Logo em seguida,
utilizou-se um recurso intitulado “Uniting for Peace” (“Unindo-se pela Paz”, em
tradução livre), o Conselho de Segurança convocou uma reunião extraordinária
da Assembleia Geral das Nações Unidas para debater o conflito, onde, no dia 2
de março, chegou a aprovar uma resolução conjunta condenando a investida
russa com 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.
Os combates entre as forças armadas ucranianas e as forças armadas
russas, constituem um conflito armado internacional em que é definido pelos
tratados internacionais humanitários, tendo como principal as quatro Convenções
de Genebra de 1949 além do seu Protocolo I, primeiro protocolo adicional de
1977, contando também as Convenções de Haia de 1907 onde regulam os meios
e métodos de guerra, assim como as regras do direito internacional humanitário

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consuetudinário. Tanto Rússia como Ucrânia são partes do Protocolo I,


Convenções de Genebra de 1949.
As leis da guerra ou o Direito Internacional Humanitário, também contam
com seus princípios básicos em que oferecem proteção a civis e outros não-
combatentes contra perigos de conflitos armados, abordando a condução dos
combates, meios e métodos de guerra pelas partes envolvidas em um conflito.
Sobretudo, tem-se a regra de que as partes em um conflito devem diferenciar
entre civis e combatentes. O primeiro não deve ser alvo deliberado de ataques,
ou seja, as partes em conflito devem tomar todos os cuidados possíveis para
reduzir os danos aos civis e bens civis, além de não realizar ataques onde vem a
discriminar civis e combatentes, ou que cheguem a causar danos desigual à toda
população civil.

Relatório Acadêmico 4

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