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Combate e

Prevenção de
Incêndios e
Pânicos
Unidade 1
Fundamentos do Fogo e do Incêndio
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO
GISELLY SANTOS MENDES
AUTORIA
Elaine Christine Pessoa Delgado
Eu, Elaine, sou graduada em Administração de Empresas pela
Universidade Federal de Campina Grande (2007), com uma experiência
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.

Giselly Santos Mendes


Eu, Giselly, sou Mestra em Qualidade Ambiental, Tecnóloga em
Polímeros, Administradora e Educadora, com uma experiência técnico-
profissional na área de Processos Gerenciais e Educacionais há mais de
12 anos.

Somos apaixonadas pelo que fazemos e gostamos de transmitir


nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando suas profissões.
Por isso, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco
de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessária as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido
sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Normas regulamentadoras da prevenção de incêndio ............. 10
Conceito de combate e prevenção de incêndio e pânico................................10

Histórico.................................................................................................................................................. 14

NRs de prevenção de incêndio e pânico....................................................................... 16

Teoria do fogo ............................................................................................... 21


Conceito da teoria do fogo e elementos do fogo.................................................... 21

Formas de propagação do fogo...........................................................................................26

Pontos de temperaturas, classes e causas de incêndio ............30


Pontos de temperaturas importantes.............................................................................. 30

Classes de incêndio .....................................................................................................................32

Classe A................................................................................................................................32

Classe B...............................................................................................................................33

Classe C...............................................................................................................................33

Classe D...............................................................................................................................35

Classe K................................................................................................................................35

Causas de incêndio....................................................................................................................... 36

Métodos de extinção, resistência dos materiais e explosividade .. 40


Métodos de extinção.................................................................................................................... 40

Agentes extintores.......................................................................................................42

Resistência dos materiais ao fogo.......................................................................................45

A explosividade................................................................................................................................ 48
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 7

01
UNIDADE
8 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

INTRODUÇÃO
Você sabia que é fundamental o conhecimento do combate e
prevenção de incêndios e pânicos, para que se evitem consequências
mais graves ao retirar-se de uma edificação durante esse acontecimento?
E que os primeiros estudos sobre segurança contra incêndio no Brasil
tiveram início após grandes tragédias? O fogo, muitas vezes, pode fugir do
controle do homem causando incêndios, acarretando prejuízos materiais e,
até mesmo, mortes. Por isso, existem regulamentações sobre a segurança
contra incêndios e pânicos que são obrigatórias nas edificações. Nesta
unidade, iremos compreender o que vem a ser o combate e prevenção
de incêndios e pânicos e conhecer as principais normas relacionadas com
o tema, bem como surgiram as preocupações com a segurança contra
incêndio no Brasil. Veremos, ainda, como o fogo é formado e o que vem a
ser a Teoria do Fogo e o Tetraedro do Fogo e como ele pode propagar-se,
os pontos de temperaturas importantes, as classes e causas de incêndios
e, principalmente sua forma de extinção. Compreenderemos a resistência
dos materiais ao fogo e a explosividade como causa de incêndios.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste


universo!
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Compreender o conceito, histórico e normas regulamentadoras


de prevenção de incêndio e pânicos.

2. Aplicar a teoria do fogo e suas especificidades.

3. Diagnosticar os pontos de temperaturas importantes, identificando


as classes e causas de incêndio e pânico.

4. Analisar os métodos de extinção do fogo, resistência dos materiais


ao fogo e a explosividade.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Normas regulamentadoras da prevenção


de incêndio
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de


compreender o conceito de incêndio, pânico e prevenção
e combate de incêndio e pânico, seu histórico e as normas
regulamentadoras pertinentes. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então, vamos lá! Avante!

Conceito de combate e prevenção de


incêndio e pânico
Brentano (2007) explica que, há muitos anos, o homem convive com
o fogo, utilizando-o como um importante item auxiliar no seu cotidiano. O
homem conseguiu criar, dominar e utilizar o fogo para seu aquecimento,
iluminação, cozimento, entre outras tantas coisas que se pode fazer com
ele. Contudo, muitas vezes, o fogo foge do seu controle, transformando-
se em um incêndio no qual pode causar ferimentos, prejuízos materiais e
até mortes.

Retirar-se de uma edificação de forma segura, enquanto acontece


um incêndio ou outra circunstância que cause pânico, é de extrema
importância, pois pode evitar consequências graves. Sendo assim, este
apresenta-se como o tema decisivo dos modelos de saída de emergência.
Por causa dessas situações faz-se indispensável entender como funciona
o combate e a prevenção de incêndio de pânico.

Mas, você sabe definir o que é um incêndio?

De acordo com a ABNT NBR 13860 (1997, p. 7), o incêndio é definido


como “o fogo fora de controle”.

Para o Dicionário On-line de Português, incêndio é o “fogo que se


propaga de maneira descontrolada e causa estragos”.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 11

DEFINIÇÃO:

Dessa forma, podemos entender que o incêndio é o fogo


que se espalha de forma sem controle causando danos.

E o pânico? Você sabe o que é?

Provavelmente, já deve ter sentido isso em algum momento da sua


vida.

O pânico é o medo desesperado que causa uma razão descontrolada,


define o Dicionário On-line de Português.

Segundo Teixeira (2013), quando acontece um incêndio, as pessoas


que estão dentro da edificação procuram escapar do local o mais rápido
possível. Dessa forma, a simples decisão de optar entre duas ou mais rotas
de fuga pode vir a acarretar uma influência emocional e provocar situação
de pânico. Em determinadas ocasiões nas quais uma saída pode estar
interrompida por chamas ou consumida pela fumaça, pessoas podem vir
a se atirar dos edifícios em momento de desespero.

VOCÊ SABIA?

Muitas pessoas se jogam de prédios em incêndios para


acabar com o seu estado de angústia. Acesse o link
clicando aqui.

Consoante Seito (2008), as dificuldades extremas causadas pela falta


de percepção da visão e pelas dificuldades respiratórias causadas pelo
incêndio acabam aumentando a tensão nervosa, podendo, assim, atingir
o estado de pânico. A fumaça contém vários gases, entre eles o monóxido
de carbono (CO2), que afeta o sistema nervoso central provocando
sintomas como mal--estar, distúrbios de funções motoras, perturbações
do comportamento (Figura 1), tais como: fobia, agressividade, pânico,
coma, entre outros.
12 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Figura 1: Perturbações do comportamento

Fonte: Freepik

Agora que já compreendemos o que vem a ser incêndio e pânico,


vamos entender o que é prevenção e combate a incêndio e pânico?

A ABNT NBR 13860 (1997, p. 8) define a prevenção de incêndio como


medidas para prevenir a eclosão de um incêndio e/ou para limitar os seus
efeitos; e o combate a incêndio como um conjunto de ações destinadas a
extinguir incêndio, com uso de equipamentos manuais ou automáticos (p. 4).

EXPLICANDO MELHOR:

Dessa forma, a prevenção ocorre para que não aconteça o


incêndio, realizando ações preventivas e para diminuir os
efeitos, caso ele venha a ocorrer. Já o combate age quando
o incêndio já existe, com ações para eliminá-lo com a
utilização de equipamentos adequados.

A prevenção de incêndio manifesta tanto a educação pública quanto


as medidas de proteção contra incêndios em edificações. As atividades
que possuem relação com a educação versam sobre o preparo da
população, através da comunicação de ideias que transmitem as medidas
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 13

de segurança, para prevenir o surgimento de incêndio nas ocupações,


assim como procuram ensinar os procedimentos a serem seguidos pelas
pessoas perante um incêndio, os cuidados a serem observados com o
manuseio de produtos perigosos e, também, os perigos das práticas que
provocam riscos de incêndio (São Paulo, Instrução Técnica 02/2018).

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura


do artigo, fonte de consulta e aprofundamento: “Segurança
contra incêndios: o ensino de ciências e matemática para o
exercício das atividades”. (PEREIRA). Disponível clicando aqui.

Conforme Carvalho Junior (2019), a instalação predial de segurança


contra incêndio é um tema muito complicado, pois está sujeito a uma
exigente classificação relacionada aos riscos de incêndio. De acordo com
o projeto de revisão da ABNT NBR 15575-1 – Edificações Habitacionais –
Desempenho – Parte 1, de 19 de fevereiro de 2013, as exigências referentes
à segurança contra incêndio são reguladas em:

•• proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco em


caso de incêndio;

•• dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio


ambiente e ao patrimônio;

•• proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;

•• dar condições de acesso para as operações do Corpo de


Bombeiros.

A prevenção de incêndio envolve uma série de medidas, como


a distribuição precisa dos equipamentos de percepção e combate a
incêndio, o treinamento de pessoal, a vigilância constante, a ocupação das
edificações levando em consideração o risco de incêndio, a organização
geral e a limpeza, buscando evitar o surgimento de um princípio de
incêndio, atrapalhar o seu alastramento, constatá-lo o mais rapidamente
possível, e possibilitar o seu combate ainda na fase inicial, esclarece
Fernandes (2010).
14 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Histórico
Para Silva (2004), existem vários exemplos na história mundial de
uma série de incêndios que ocasionaram desmesuradas destruições
e mortes, considerados originários da segurança contra incêndio nas
edificações, como em: Roma, no ano de 64 d.C., durante o império de
Nero; Londres, em 1966; Lisboa, no terremoto seguido de incêndio, no
ano de 1755; e, Chicago, em 1871.

No Brasil, a preocupação com os possíveis danos motivados pela


ação descontrolada do fogo já provocava ações preventivas desde
a época imperial, contudo, o corpo legal e normativo, como hoje é
oferecido, foi descrito sempre baseado em experiências relacionadas
de cada Estado, havendo registros espalhados pelas diversas regiões do
país, relata Rodrigues (2016).

A década de 70 é considerada como o marco da prevenção dos


acidentes no Brasil, pois várias manifestações a nível nacional foram
realizadas após grandes tragédias (Figura 2) terem ocorrido.
Figura 2: Grandes tragédias

Fonte: Pixabay
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 15

Uma dessas tragédias foi no Edifício Andraus, em São Paulo, no ano


de 1972. O edifício possuía escritórios e lojas e o incêndio atingiu todos
os andares, causando um total de 16 mortes e 330 pessoas feridas. Outro
incêndio ocorreu no ano de 1974, também em São Paulo, no Edifício
Joelma; já em Porto Alegre, no ano de 1976, aconteceu nas lojas Renner.
Todos esses episódios trágicos fizeram muitas vítimas, fazendo com que
fosse exigido uma regulamentação para a prevenção dos incêndios e
pânicos.

SAIBA MAIS:

Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo “Os 12 maiores


incêndios o Brasil: existe algo em comum?” (VELLAMO).
Disponível clicando aqui.

Brentano (2007) relata que nesses incêndios centenas de pessoas


perderam a vida, ocorreram perdas materiais incalculáveis, documentos
importantes foram perdidos e geraram fobia coletiva do fogo nas grandes
edificações, assim como foram geradas preocupações dos governos
federal, estaduais e municipais e várias outras entidades relacionadas.

Conforme Fernandes (2010), na década de 70, tiveram início no Brasil


os primeiros estudos com relação à segurança contra incêndio, sendo
implementado o laboratório de segurança contra incêndios no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, patrocinado pela
JICA (Japan Internacional Cooperation Agency), que teve como resultado
as instalações de ensaios de fumaça e testes materiais frente ao fogo,
tornando--se uma referência nacional. Em Brasília, também foi implantado
um Laboratório de Investigação Científica e Incêndio contando com a
ajuda da JICA.
16 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

IMPORTANTE:

No Estado de São Paulo, desde 1909, existe a atuação do


Corpo de Bombeiros na área de prevenção e incêndios,
no qual foi editado o “Regulamento para os locais de
divertimentos públicos”. Entretanto, foi apenas em 1983 que
surgiu a primeira especificação do Corpo de Bombeiros
anexa a um decreto em que exigia uma série de regras
que foram sendo aperfeiçoadas no decorrer dos anos. (São
Paulo, Instrução Técnica 02/2018).

No Brasil, diversos Estados possuem legislações próprias que


determinam a exigência e o enquadramento dos sistemas de segurança
que cada tipo de edificação deve dispor. A legislação abrange os Códigos
de Obras e Edificações dos Municípios, Normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), Normas Regulamentadoras do Ministério
do Trabalho, Normas das Companhias Seguradoras, dentre outras
(CBPMESP, 2006).

Contudo, Brentano (2007) lembra que muitas das normas brasileiras


sobre proteção contra incêndios não apresentam unicidade nas suas
recomendações, outras são incompletas e algumas encontram-se
desatualizadas.

NRs de prevenção de incêndio e pânico


A prevenção e combate a incêndio é competência do Corpo de
Bombeiros (Figura 3) e este adota o Código de Prevenção e Normas
Brasileiras para a execução da prevenção contra incêndios e Normas
Brasileiras para a execução de prevenção contra incêndios, por meio de
vistorias técnicas, afirma Fernandes (2010).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 17

Figura 3: Corpo de Bombeiros

Fonte: Pixabay

As normas regulamentadoras de segurança contra incêndio,


até o ano de 1976, mostravam apenas a obrigação de instalação de
equipamentos de prevenção, como os extintores, mas a fiscalização não era
obrigatória e o projeto da construção da edificação não responsabilizava o
engenheiro ou arquiteto da obra, pois a legislação não era fundamentada
no pensamento para a prevenção de incêndio, informa Seito (2008).

De acordo com Seito (2008), as normas técnicas são desenvolvidas


pelos Comitês Brasileiros da Associação Brasileira de Normas Técnicas
e não possuem força de lei, contudo, torna-se lei quando for abrangida
na legislação. Além disso, as Normas Regulamentadoras do Ministério
do Trabalho colaboram para que as regras de proteção que exigem um
local de trabalho seguro estabeleçam parâmetros para a segurança do
trabalhador.
18 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

NOTA:

Na esfera federal quase não temos legislação específica


sobre segurança contra incêndio. Existe a Lei nº
13.425/2017, que estabelece as diretrizes gerais sobre
medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres
em estabelecimentos, edificações a áreas de reunião de
público.

A Associação de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum


Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo
conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros
(CB) dos Organismos de Normalização Setorial (ONS) e
das Comissões de Estudos Especiais Temporárias (CEET),
são elaboradas por Comissões de Estudos (CE), formadas
por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo
parte: produtores, consumidores e neutros (universidades,
laboratórios e outros). (FERNANDES, 2010 p. 13).

IMPORTANTE:

Os textos técnicos são feitos por essas comissões e


oferecidos para consulta popular em nível nacional antes
de se transformar em uma NBR (SEITO, 2008).

Fernandes (2010) informa, ainda, que os comitês brasileiros que


mais importam ao Corpo de Bombeiros é o CB-02 (Comitê Brasileiro
de Construção Civil), CB-09 (Comitê Brasileiro de Combustíveis) e o
CB-24 (Comitê Brasileiro de Proteção Contra Incêndio), pois as normas
desenvolvidas por estes comitês acrescentam o Código de Prevenção
de Incêndios e oferecem uma definição mais completa e específica das
normas de prevenção contra incêndios.

Veja abaixo a lista com as Normas mais utilizadas pelos Corpos de


Bombeiros, segundo Fernandes (2010):

•• NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas;

•• NBR 8660 – Revestimento de piso – Determinação da intensidade


crítica do fluxo de energia térmica;
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 19

•• NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios;

•• NBR 9441 – Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio;

•• NBR 9442 – Materiais de construção – Determinação do índice de


propagação superficial de chama pelo método do painel radiante;

•• NBR 10897 – Proteção contra incêndio por chuveiro automático;

•• NBR 10898 – Sistema de iluminação de emergência;

•• NBR 11742 – Porta corta-fogo para saídas de emergência;

•• NBR 13523 – Central predial de gás liquefeito de petróleo;

•• NBR 14024 – Centrais prediais e industriais de gás liquefeito de


petróleo com sistema de abastecimento a granel;

•• NBR 14432 – Exigências de resistência ao fogo de elementos


construtivos de edificações;

•• NBR 14880 – Saídas de emergência em edifícios – Escadas de


segurança – Controle de fumaça por pressurização;

•• NBR 15514 – Área de armazenamento de recipientes transportáveis


de gás liquefeito de petróleo (GLP), destinados ou não à
comercialização – Critérios de segurança.

Além dessas, temos também:

•• NBR 5410 – Sistema Elétrico;

•• NBR 12615 – Sistema de Combate a Incêndio por Espuma;

•• NBR 12692 – Inspeção, Manutenção e Recarga em Extintores de


Incêndio;

•• NBR 12693 – Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio;

•• NBR 13434 – Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico –


Formas, Dimensões e cores;

•• NBR 13435 – Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico;

•• NBR 13437 – Símbolos Gráficos para Sinalização contra Incêndio


e Pânico;
20 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

•• NBR 13523 – Instalações Prediais de Gás Liquefeito de Petróleo;

•• NBR 13714 – Instalação Hidráulica Contra Incêndio, sob comando;

•• NBR 13714 – Instalações Hidráulicas contra Incêndio, sob comando,


por Hidrantes e Mangotinhos;

•• NBR 13932 – Instalações Internas de Gás Liquefeito de Petróleo


(GLP) – Projeto e Execução;

•• NBR 14039 – Instalações Elétricas de Alta Tensão;

•• NBR 14276 – Programa de brigada de incêndio;

•• NBR 14349 – União para mangueira de incêndio – Requisitos e


métodos de ensaio.

A Norma Regulamentadora nº 23 (NR 23) do Ministério do Trabalho


trata da proteção contra incêndio para locais de trabalho e serve como
colaboração para que os ambientes de trabalho sejam seguros.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Você deve ter


aprendido que: o incêndio é o fogo que se espalha de
forma descontrolada causando danos; o pânico é o medo
desesperado que causa uma razão descontrolada; a
prevenção de incêndios são as medidas para prevenir a
eclosão de um incêndio e para limitar os seus efeitos; e,
o combate a incêndio é o conjunto de ações destinadas
a extinguir o incêndio utilizando equipamentos manuais
ou automáticos. Além disso, viu que existia a preocupação
com as ações preventivas desde a época imperial,
contudo, só após as grandes tragédias na década de 70
é que os poderes públicos e as entidades relacionadas
se preocuparam de verdade. Por fim, você compreendeu
as Normas Regulamentadoras de prevenção de incêndio
e pânico, conhecendo as Normas da ABNT relacionadas
com o tema e a Norma Regulamentadora do Ministério do
Trabalho.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 21

Teoria do fogo
OBJETIVO:

Neste capítulo, você irá aplicar a teoria do fogo,


compreendendo o seu conceito, quais os seus elementos
e as formas de propagação. Vamos juntos?

Conceito da teoria do fogo e elementos do


fogo
Sob a perspectiva da segurança de uma edificação, o fogo se
apresenta como uma calamidade inesperada com capacidade de
originar danos materiais e perdas de vidas humanas, assim, para se
realizar a prevenção ou o combate a incêndio de uma maneira eficiente,
primeiramente, deve-se ter conhecimento sobre a mecânica do fogo
em todos os seus aspectos: causas, formação e seus efeitos, informa
Brentano (2007).

Conforme Brentano (2007), o fogo é uma combustão viva que se


desponta por meio da formação de chamas que causam luz e desprendem
calor, além da emissão de fumaça, gases e outros resíduos.

Já a ABNT NBR 13860 define o fogo como sendo o processo de


combustão caracterizado pela emissão de calor e luz.

“O fogo pode ser definido como um fenômeno físico-químico em


que ocorre uma reação de oxidação, emitindo luz e calor” (São Paulo,
Instrução Técnica 02/2018, p. 3).

DEFINIÇÃO:

Podemos entender que o fogo é uma combustão que


emite calor e luz.

O Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do


Paraná (2013) complementa afirmando que essa reação química decorre
22 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

de uma mistura de gases a altas temperaturas, que emite radiação


geralmente visível.

Para que exista a ocorrência do fogo deve haver a concorrência


simultânea de três elementos essenciais (Figura 4), que são: o material
combustível, o comburente (oxigênio) e uma fonte de calor, formando o
Triângulo do Fogo, explica Brentano (2007). De acordo com Seito (2008), a
representação gráfica do fogo foi criada inicialmente pela teoria chamada
de Triângulo do Fogo, que explicava os meios de extinção do fogo pela
retirada de um desses componentes, devendo estes coexistirem para que
o fogo se mantenha.
Figura 4: Elementos essenciais do fogo

Elaborado pela autora com informações de Brentano (2007).

Contudo, depois foi descoberto que não bastava apenas a existência


desses três elementos para que essencialmente o fogo existisse.
Percebeu-se a necessidade de existência de um terceiro elemento
chamado de reação química em cadeia, para que a existência do fogo
realmente fosse materializada.

Deste entendimento, o Triângulo do Fogo foi substituído pelo


Tetraedro do Fogo, no qual em cada face do tetraedro, além do
comburente, do calor e do combustível, é necessária a reação química.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 23

Para que exista a propagação do fogo (Figura 5) após o seu


acontecimento, deve existir a transferência de calor de molécula para
molécula do material combustível, ainda intactas, que entram em
combustão de forma sucessiva, provocando, então, a reação química em
cadeia, descreve Brentano (2007).
Figura 5: Propagação do fogo

Fonte: Elaborado pela autora com informações de Brentano (2007).]]

Dessa forma, na combustão, o material combustível se combina com


o comburente (oxigênio) quando ativado por uma fonte de calor, dando
início a uma transformação química que origina mais calor, propiciando
a continuação da reação e acarretando uma reação química em cadeia,
explicita Brentano (2007).

NOTA:

Os meios de extinção fazem uso desse princípio, pois


atuam por meio do bloqueio de um dos componentes para
apagar um incêndio. (São Paulo, Instrução Técnica 02/2018).

Vamos conhecer algumas características desses elementos?

Para Brentano (2007), o combustível é toda a matéria suscetível de


queimar, podendo se apresentar de forma sólida, líquida ou gasosa (como
madeira, papel, carvão, gasolina, álcool, metano):
24 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

•• A maior parte dos combustíveis sólidos possui um mecanismo


sequencial para a sua combustão, desse modo, para que a
combustão aconteça precisam ser, primeiramente, aquecidos,
liberando vapores combustíveis que se misturam com o oxigênio
do ar causando uma mistura inflamável; uma pequena faísca ou
um contato com uma área bem aquecida faz a mistura entrar em
combustão, ilustra Brentano (2007).

IMPORTANTE:

Quanto maior a superfície submetida, mais acelerado será


o aquecimento do material e, por conseguinte, o processo
de combustão, explana o Manual de prevenção e combate
a princípios de incêndio do Paraná (2013).

•• Os líquidos inflamáveis possuem propriedades físicas que podem


atrapalhar a extinção do fogo, aumentando, assim, o perigo a
ser combatido. Uma das propriedades é a solubilidade, isto é, a
capacidade de se misturar com outros líquidos. Outra propriedade
é a volatilidade que é a facilidade com que os líquidos liberam
vapores, desse modo, quanto mais volátil for o líquido, maior será
a possibilidade de existir fogo, ou até mesmo explosão, elucida
o Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do
Paraná (2013).

NOTA:

Os líquidos combustíveis se evaporam ao serem aquecidos,


misturando-se com o oxigênio do ar, formando uma mistura
inflamável, lembra Brentano (2007).

•• Para Brentano (2007), os gases, para entrarem em combustão,


precisam produzir uma mistura inflamável com o oxigênio do ar,
cuja concentração deve estar incluída em uma faixa ideal. O Manual
de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do Paraná
(2013) explica que os gases não possuem volume determinado,
inclinando, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que estão
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 25

compreendidos, assim, se o peso do gás é menor que o peso do


ar, o gás tende a subir e desaparecer; contudo, se o peso do gás
é maior que o peso do ar, o gás conservar-se-á próximo ao solo
e caminhará na direção do vento, obedecendo aos arredores do
terreno.

Um segundo elemento é o comburente que, consoante o Manual


de prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do Paraná (2013, p. 9),
“é o elemento que ativa e dá vida à combustão, se combinado com os
vapores inflamáveis dos combustíveis”, sendo o oxigênio o mais comum
na maioria dos combustíveis, entretanto, existem outros gases que podem
se comportar como comburentes para determinados combustíveis, como
no caso do hidrogênio, que queima no meio do cloro, e o cobre, que
queima no meio de vapor de enxofre, entre outros.

NOTA:

Em espaços mais abertos onde existe boa circulação de ar


ou vento, portanto, mais ricos em oxigênio, as chamas são
acentuadas por causa de um incêndio, informa Brentano
(2007)

Brentano (2007) esclarece que o calor é o elemento que inicia,


conserva e estimula o alastramento do fogo, isto é, o calor é o que
provoca a reação química da mistura inflamável, derivado da combinação
dos gases ou vapores do combustível e do comburente. A fonte de calor
(Figura 6) pode ser uma faísca elétrica, uma chama, o superaquecimento
de um condutor ou aparelho elétrico, atrito, explosão, entre outros.
26 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Figura 6: Fonte de calor

Fonte: Freepik

O último elemento é a reação química em cadeia que é a


transferência de calor de uma molécula do material em combustão
para a molécula vizinha, ainda pura, que se aquece e entra também em
combustão, de forma sucessiva, até que todo o material se encontre em
combustão, descreve Brentano (2007).

Formas de propagação do fogo


A possibilidade de um foco de incêndio ser eliminado ou progredir
para um grande incêndio depende basicamente de alguns fatores,
segundo a Instrução Técnica 02/2018 do Corpo de Bombeiros de São
Paulo:

•• quantidade, volume e espaçamento dos materiais combustíveis


no local;

•• tamanho e situação das fontes de combustão;

•• área e locação das janelas;

•• velocidade e direção do vento;

•• forma e dimensão do local.


Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 27

De acordo com Camilo Junior (2019), o fogo se propaga por contato


direto da chama com os materiais combustíveis, pelo deslocamento
de partículas incandescentes que se soltam de outros materiais já em
combustão, e pela ação do calor.

IMPORTANTE:

O calor é uma forma de energia gerada pela combustão


ou ocasionada do atrito dos corpos, lembra Camilo Junior
(2019).

Uma vez começado o fogo deve-se levar em consideração o


mecanismo de condução de energia, isto é, disseminação do calor,
convecção do calor e radiação da energia, lembra Seito (2008).

Dessa forma, o fogo se propaga através de três processos de


transmissão:

•• Condução ou contato – Camilo Junior (2019) explica que ocorre


quando o calor é transmitido de molécula a molécula ou de corpo
a corpo. Brentano (2007) complementa afirmando que acontece
através das próprias labaredas que passam de um pavimento
para o outro através das janelas, inflamando as cortinas e outros
materiais combustíveis, ou até atingindo prédios vizinhos, bem
como através do contato de um material aquecido pelo fogo que
conduz o calor até outro.

Exemplo: Se colocarmos a ponta de uma barra de ferro sobre o


fogo, após algum tempo podemos verificar que a outra ponta, não exposta
ao fogo, estará aquecida, demonstrando, assim, que o calor se transmitiu
de molécula a molécula até atingir a outra extremidade da barra de ferro,
exemplifica Camilo Junior (2019).

•• Convecção – acontece quando o calor é conduzido através de


uma massa de ar aquecida, que se afasta do local em chamas,
levando para outros locais quantidade de calor suficiente para que
os materiais combustíveis que aí existem alcancem seu ponto de
combustão, dando origem a outro foco de fogo (Figura 7), esclarece
28 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Camilo Junior (2019). O autor explica, ainda, que essa maneira de


transmissão do calor é característica dos líquidos e gases e advém
pela formação de correntes ascendentes e descendentes no meio
da massa de ar, em virtude da dilatação e da consequente perda
de densidade da porção de ar mais próxima da fonte de calor.
Figura 7: Foco de fogo:

Fonte: Freepik

NOTA:

Quando acontece um incêndio nos andares de baixo


ou no porão de um prédio, os gases aquecidos sobem
pelas aberturas verticais e, fazendo com que chegue
combustíveis nos locais superiores do prédio, provoca
outros focos de incêndio, demonstra Camilo Junior (2019).

•• Irradiação – ocorre através de ondas ou raios caloríficos constituídos


por um corpo aquecido, que irradia calor em todas as direções
através do espaço, idêntico à luz; dessa forma, um material pode
ser aquecido por estar próximo de um fogo ou recebendo calor
enviado por radiação dos forros e paredes, aquecendo-se até
entrar em combustão, explana Brentano (2007).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 29

EXEMPLO: O calor solar irradiado para o nosso planeta, a transmissão


do calor através de raios ou ondas, assim como o calor que sentimos no
rosto quando chegamos próximo ao fogo. Num grande incêndio de um
prédio, por exemplo, vários outros prédios ao seu redor ficam queimados
devido à irradiação do calor, exemplifica Camilo Junior (2019).

Em um incêndio, na maioria das vezes, as três formas ocorrem


simultaneamente, apesar de em determinado momento uma delas acaba
predominando sobre as demais, afirma Brentano (2007).

Brentano (2007) ainda lembra que a propagação do fogo deve


sempre ser pensada ao se fazer um plano de proteção contra incêndios,
pois deve fazer parte do projeto da edificação a observação das várias
possibilidades que o fogo tem para se propagar, seja de forma horizontal
ou vertical.

RESUMINDO:

Neste capítulo, você deve ter entendido que o fogo é


uma combustão que emite calor e luz e, para que exista
a ocorrência do fogo, deve existir a ocorrência simultânea
de alguns elementos, que são o material combustível, o
comburente e uma fonte de calor, assim como a reação
química em cadeia completando o Tetraedro do Fogo. Você
também deve ter visto que: o combustível é toda matéria
suscetível de queimar e pode se apresentar na forma sólida,
líquida ou gasosa; o comburente é o elemento que ativa e
dá vida à combustão quando combinado com os vapores
inflamáveis dos combustíveis; e, o calor é o elemento que
inicia, conserva e estimula o alastramento do fogo. Por fim,
você compreendeu os três processos de transmissão ao
qual o fogo se propaga que são: por condução ou contato,
que ocorre quando o calor é transmitido de molécula a
molécula ou de corpo a corpo; por convecção, que acontece
quando o calor é conduzido através de uma massa de ar
aquecida, que se afasta do local em chamas alastrando o
fogo; e, por irradiação ou radiação da energia, que ocorre
através de ondas ou raios caloríficos constituídos por um
corpo aquecido, que irradia calor em todas as direções
através do espaço, idêntico à luz.
30 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Pontos de temperaturas, classes e causas


de incêndio
OBJETIVO:

Neste capítulo, iremos diagnosticar os pontos e


temperaturas importantes, identificando as classes e
causas de incêndio e pânico, descrevendo suas principais
características.

Pontos de temperaturas importantes


O Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do
Paraná (2013) afirma que o calor transforma os combustíveis e, por
meio dessa transformação, eles se ajustam com o oxigênio, tendo
como resultado a combustão. Essa transformação se desenvolve em
temperaturas diferentes à proporção que vai acontecendo o aquecimento
do material.

Vamos entender melhor.

Com o aquecimento de um combustível, alcança-se uma


temperatura em que o material dá início à liberação de vapores, que
se incendeiam se existir uma fonte externa de calor. Esse momento é
chamado de “Ponto de fulgor” e o que ocorre é que as chamas não se
conservam, por causa da pequena quantidade de vapores, descreve
o Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do Paraná
(2013).

Mas quando se avança com o aquecimento, se alcança uma


temperatura em que os gases desprendidos do material, ao entrarem
em contato com uma fonte externa de calor, iniciam uma combustão
continuando a queimar sem a ajuda daquela fonte, esse momento chama-
se “Ponto de Combustão”, informa o Manual de Prevenção e Combate a
Princípios de Incêndio do Paraná (2013).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 31

Prosseguindo com o aquecimento alcança-se o chamado “Ponto de


Ignição”, que ocorre quando se chega a um ponto em que o combustível,
exposto ao ar, entra em combustão sem que exista fonte externa de calor,
relata o Manual de Prevenção e Combate a Princípios de Incêndio do
Paraná (2013).

Vamos observar na tabela (Tabela 1) a seguir os principais pontos


e temperaturas de alguns combustíveis ou inflamáveis (fulgor e ignição):
Tabela 1: Principais pontos e temperaturas de combustíveis ou inflamáveis

Fonte: Elaborado pela autora com informações do Manual de Prevenção e Combate a


Princípios de Incêndio do Paraná (2013) e de Camilo Junior (2019).]]

Camilo Junior lembra que, tomando como base esses pontos e


essas temperaturas, os líquidos são classificados em: combustíveis (ponto
de fulgor entre 70°C e 93,3°C) e inflamáveis (ponto de fulgor inferior a 70°C).
32 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Classes de incêndio
No combate a incêndios, os materiais combustíveis são identificados
de acordo com uma ou mais classes de incêndios. Cada classe designa
o combustível envolvido no incêndio, e essa classificação vai permitir, de
forma eficaz, a escolha do agente extintor mais adequado, explica Camilo
Junior (2019).

IMPORTANTE:

A classificação dos incêndios se dá por causa das variedades


dos combustíveis, os quais reagem de maneiras diferentes
e com características próprias, menciona Carvalho Filho
(2019).

A classificação clássica que mais aparece na literatura é a divisão em


cinco classes, que são A, B, C, D e K. Vejamos as principais características
de cada uma delas.

Classe A
São os fogos em materiais combustíveis (Figura 8) corriqueiros,
ordinários, como madeiras, papéis, tecidos, entre outros; que queimam
em superfície e em profundidade e, em razão do seu volume, deixam
resíduos depois da combustão, como brasas e cinzas, descreve Brentano
(2007).
Figura 8: Fogos em materiais combustíveis

Fonte: Freepik
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 33

EXEMPLO: O incêndio em um forro de aglomerado de madeira é um


tipo de incêndio classe A, pois queima em superfície e em profundidade,
deixando resíduos quando queimado, exemplifica Camilo Junior (2019).

Camilo Junior (2019) esclarece que este tipo de incêndio é extinto


pelo método do resfriamento e, para atender às propriedades de queima
em profundidade, deve ser empregado um agente extintor com poder
de penetração e umidificação. Deve ser aplicada, deste modo, a ação
resfriadora e umedecedora da água ou de outro agente que a contenha
em quantidade, como a espuma.

Classe B
São os fogos que acontecem na mistura do ar com os vapores que
se desenvolvem na superfície dos líquidos combustíveis e inflamáveis,
como óleos, gasolina etc., que queimam apenas em superfície, não
deixando resíduos, e nos gases inflamáveis, como o gás liquefeito do
petróleo (GLP), gás natural, acetileno, hidrogênio e outros, explicita
Brentano (2007).

EXEMPLO: Aparecendo fogo em um tubo que transporta gás


do botijão até o fogão, podemos apagá-lo cortando o abastecimento
de combustível, ou seja, fechando o registro do botijão. Senão, é mais
aconselhado deixá-lo queimar, sempre sob controle, para evitar que,
apagando-se o fogo, o vazamento do gás resulte em explosão, exemplifica
Camilo Junior (2019).

Conforme Brentano (2007), a extinção ocorre por abafamento,


através da quebra da cadeia da reação química ou pela remoção do
material. Os agentes extintores podem ser produtos químicos secos,
líquidos, vaporizantes, CO2, água nebulizada e a espuma mecânica, que é
o melhor agente extintor para essa classe de incêndio.

Classe C
São os fogos em equipamentos elétricos energizados, como
máquinas elétricas, quadros de força, transformadores, computadores,
34 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

ou qualquer que seja o material de uso em aplicações de energia elétrica,


informa Carvalho Junior (2019).

NOTA:

Quando o aparelho elétrico não estiver energizado, ele será


enquadrado como Classe A (Carvalho Junior, 2019).

Os incêndios dessa classe apresentam risco de morte ao operador


do equipamento de extinção devido à presença da corrente elétrica,
assim, para o combate a incêndios nessa classe, é indispensável o
emprego de um agente extintor não condutor de corrente elétrica (Figura
9), como é o caso do pó químico seco e do gás carbônico, explana Camilo
Junior (2019).
Figura 9: Extintor não condutor de corrente elétrica

Fonte: Freepik

Camilo Junior (2019) explica que o primeiro passo a ser tomado


na situação de uma ocorrência de um incêndio na Classe C é desligar o
quadro de força, pois, assim, ele se transformará em um incêndio Classe
A ou B, não apresentando risco ao operador do equipamento de extinção
no que diz respeito à descarga elétrica. O autor ainda lembra que não se
deve cortar a energia de todo o prédio, mas apenas do andar ou da sala
onde estiver ocorrendo o incêndio, visto que esse desligamento total faz
parar os elevadores (frequentemente com pessoas dentro), assim como
deixa tudo no escuro, dificultando o abandono da área pelas pessoas,
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 35

caso seja necessário. O corte da energia elétrica deverá ser feito caso haja
necessidade, devendo o corte geral ser realizado depois do cumprimento
das exigências cabíveis, como quando os elevadores estiverem vazios no
térreo.

Classe D
De acordo com Brentano (2007), fazem parte dessa classe os fogos
em metais combustíveis chamados de pirofóricos, como magnésio, titânio,
zircônio, lítio, alumínio etc. Esses metais queimam de forma mais rápida
e reagem com o oxigênio atmosférico, atingindo temperaturas mais altas
do que outros materiais combustíveis.

Camilo Junior (2019) afirma que os metais pirofóricos são


caracterizados por possuírem oxigênio em sua formação molecular e
reagirem a baixas temperaturas.

Exemplo: Os exemplos mais comuns são o antimônio e o


magnésio, encontrados em motores e rodas de liga leve de veículos, e a
pedra de isqueiro (a liga de ferro-cério), que solta faísca quando atritadas,
exemplifica Camilo Junior (2019).

Os fogos da classe D demonstram comportamentos diferentes


das demais classes, visto que se transformam rapidamente em
autossustentáveis e atrapalham a operação de extinção, expõe Carvalho
Junior (2019).

O combate exige equipamentos, técnicas e agentes extintores


especiais, que formam uma capa protetora isolando o metal combustível
do ar atmosférico, esclarece Brentano (2007).

Classe K
São produtos destinados a formas de cocção em cozinhas (Figura 10)
industriais e comerciais e possuem a característica de serem resistentes
aos meios normais de combate a incêndio, informa Carvalho Junior (2019).
36 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Figura 10: Cocção em cozinhas:

Fonte: Freepik

A extinção jamais deverá ser feita com água, pois essa classe reage
de forma perigosa com a água, causando explosões e ferindo quem
estiver por perto. O método mais indicado de combater o incêndio nessa
classe é por meio do abafamento (Manual de Prevenção e Combate a
Princípios de Incêndio do Paraná de 2013).

EXEMPLO: São os fogos em óleos e gorduras em cozinhas,


exemplifica Brentano (2007).

Esta é uma classe considerada de muita periculosidade, pois o trato


com banha, óleos e gordura é muito comum nas cozinhas residenciais
e industriais, cita o Manual de Prevenção e Combate a Princípios de
Incêndio do Paraná (2013).

Causas de incêndio
Para se fazer um projeto de prevenção e combate ao fogo é
fundamental que se conheça as causas originárias de um incêndio.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 37

Segundo Brentano (2007), para que se inicie um incêndio em uma


edificação, deve-se ter a concorrência essencial de uma fonte de calor, de
um combustível e um componente humano, este por meio de falhas no
projeto e/ou execução da instalação ou negligência comportamental na
ocupação da edificação. Além desses, os outros dois elementos, oxigênio
e reação química em cadeia, são imprescindíveis, sobretudo para a
manutenção do fogo, e pontos importantes que devem ser atacados para
a sua extinção.

Rosa (2015) considera as seguintes causas de incêndios:

•• Naturais – ocorre quando o incêndio se origina por causa


de fenômenos da natureza, que atuam por si só, de forma
independente da vontade humana;

•• Artificiais (acidentais e propositais) – acontece quando o incêndio


aparece pela atuação direta do homem, ou poderia ser por ele
evitado ao tomar as medidas necessárias de precaução;

•• Acidental – quando o incêndio é derivado da falta de cuidado do


homem, ainda que ele não tenha o propósito de causar o acidente,
sendo este o motivo da maioria dos incêndios;

•• Proposital – quando o incêndio é gerado de forma criminosa, isto


é, existiu o propósito alguém em causar o incêndio (Figura 11).

Figura 11: Causar o incêndio

Fonte: Pixabay
38 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Para Brentano (2007), o incêndio pode se originar de várias formas,


merecendo destaque as seguintes:

•• Cigarros e assemelhados – ocorrem mais por imprudência,


principalmente com cigarros e fósforos;

•• Forno e fogão – o mau uso desses equipamentos e o manuseio


sem ser adequado de produtos inflamáveis, como o GLP;

•• Eletricidade – o uso inadequado de equipamentos elétricos, isto


é, instalações elétricas com dimensão inferior ao que deveria,
gambiarras, falta de proteção nos circuitos, tomadas elétricas
sobrecarregadas, equipamentos elétricos funcionando de forma
irregular, apresentando faíscas, superaquecimento etc.;

•• Atrito – acontece em máquinas e equipamentos com defeitos de


arrefecimento;

•• Líquidos inflamáveis – acontecem principalmente em indústrias


por meio de vazamentos acidentais;

•• Raios – além da onda de choque, causam incêndios, principalmente


em lugares de armazenamento de líquidos inflamáveis;

•• Criminal – são os incêndios criminosos causados para esconder


homicídios ou outros crimes, como receber dinheiro de seguros.

Para que se tenha um ambiente seguro, sem riscos de incêndios,


faz-se necessário observar todas essas causas de incêndios, fazendo
vistorias frequentes e orientações adequadas com o propósito de
evitá-las.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 39

RESUMINDO:

Neste capítulo, você deve ter compreendido que existem


temperaturas diferentes de acordo com o avanço do
aquecimento do calor, sendo: primeiro, o Ponto do Fulgor;
segundo, o Ponto de Combustão; e, terceiro, o Ponto
de Ignição. Conheceu também os principais pontos de
temperaturas de alguns combustíveis. Além disso, viu que
as classes de incêndios que se dividem em: Classe A, que
são os fogos que queimam em profundidade e deixam
resíduos após a combustão; Classe B, que queimam apenas
em superfície e não deixam resíduos; Classe C, que são
os fogos em equipamentos elétricos energizados; Classe
D, os fogos em metais chamados de pirofóricos; e, Classe
K, que são produtos destinados a formas de cocção em
cozinhas industriais e comerciais. Por fim, você conheceu as
causas de incêndios que poderão ser naturais ou artificiais
(acidentais ou propositais), podendo se originar através de
cigarros e assemelhados, forno e fogão, eletricidade, atrito,
líquidos inflamáveis, raios ou criminal.
40 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Métodos de extinção, resistência dos


materiais e explosividade
OBJETIVO:

Neste capítulo, iremos analisar os métodos de extinção


do fogo, conhecendo os agentes extintores, bem como
compreender a resistência dos materiais ao fogo e a
explosividade como causa de incêndios.

Métodos de extinção
Consoante Barsano e Barbosa (2018), para que o fogo não alcance
o nível de um incêndio difundido por todo o ambiente, no decurso da
sua propagação sem controle, devem ser empregados procedimentos e
equipamentos apropriados para a extinção das chamas. Deste modo, é
essencial que um ou mais elementos que constituem o Tetraedro de Fogo
sejam anulados, rompendo o seu ciclo de alimentação.

O Tetraedro do Fogo é aquele que, em cada face dele, além do


comburente, do calor e do combustível, é necessária a reação química.

O procedimento adequado para a interrupção desse ciclo contínuo


é o emprego dos métodos de extinção de incêndio, com a utilização de
agentes extintores apropriados, cumprindo as características de cada
classe de incêndio e, dessa maneira, proporcionando um combate
com maior eficiência e sem riscos adicionais ao combatente na hora do
acontecimento, explica Barsano e Barbosa (2018).

Brentano (2007) destaca que os métodos de extinção do fogo


(Figura 12) acontecem segundo o elemento componente que se pretende
neutralizar, podendo ocorrer por isolamento (retirada do material), por
abafamento (retirada do comburente), por resfriamento (retirada do calor)
e pela extinção química (quebra da cadeia de reação química).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 41

Figura 12: Métodos de extinção do fogo

Fonte: Elaborado pela autora com informações de Brentano (2007).

Vejamos as características de cada um desses métodos de extinção:

•• Isolamento – existem situações em que se pode remover o


material, como no caso de tanques de combustível, pois o fogo
é retirado pelo fundo e transferido para outro lugar por meio
de drenos, explana Brentano (2007). Uanderley (2019) lembra,
ainda, que esse procedimento age na base do fogo, pois um dos
elementos é removido, de modo que a chama se elimina, assim,
pode ser retirado o combustível (que queima) ou os combustíveis
próximos ao fogo (e que ainda não queimaram).

NOTA:

Retira-se o material combustível que ainda não foi atingido,


impedindo, assim, a ampliação do espaço incendiado, cita
Barsano e Barbosa (2018).

•• Abafamento – procura-se impedir que o material em combustão


seja sustentado por mais oxigênio do ar, diminuindo a sua
concentração na mistura inflamável, descreve Brentano (2007).
Barsano e Barbosa (2018) complementam lembrando que a
remoção do comburente (oxigênio) extingue o elemento que
acentua a propagação do fogo, fazendo uso de agentes extintores
42 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

naturais (areia ou terra) ou químicas (bicarbonato de sódio, sulfato


de alumínio, grafite em pó etc.).

NOTA:

Sem o comburente não existe chama, dessa forma, no


abafamento, o contato do oxigênio com o combustível é
diminuído ao mínimo ou impedido totalmente, informa
Uanderley (2019).

•• Resfriamento – baseia-se na eliminação do calor do material


combustível, reduzindo a sua temperatura com o emprego de
água, demonstra Barsano e Barbosa (2018). Brentano (2007) explica
que, quando o material em combustão não tem mais capacidade
de produzir gases e vapores em quantidade considerável para se
misturar com o oxigênio do ar e sustentar a mistura combustível
indispensável para conservar a reação química em cadeia, porque
a perda de calor para o agente extintor é maior que o auferido do
fogo, este começa a ser controlado até a sua completa extinção.

NOTA:

É a maneira mais usual de acabar com o fogo em imóveis.

•• Extinção química – esse procedimento de extinção utiliza produtos


externos à combustão que, ao serem jogados no fogo, tem suas
moléculas desassociadas pela ação do calor, explicita Uanderley
(2019). Barsano e Barbosa (2018) esclarecem que esse método se
baseia na interrupção da reação em cadeia, dificultando seu ciclo
constante diretamente na área das chamas, com agentes extintores
que reajam ao contato com o fogo e extingam o comburente.

Agentes extintores
Cada material combustível possui características de combustão
próprias, demandando, com isso, maneiras particulares para que o fogo
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 43

seja extinto. O agente extintor a ser empregado deve ser adequado para
que a sua ação seja rápida e eficiente, ocasionando o mínimo de danos à
vida das pessoas, ao conteúdo e à edificação (BRENTANO, 2007).

Os principais agentes extintores utilizados são a água (Figura 13), a


espuma aquosa ou mecânica, os gases inertes e os pós químicos secos.
Figura 13: A água

Fonte: Freepik

Vejamos cada um deles:

A água, para Brentano (2007), é a substância mais utilizada como


agente extintor por diversos motivos, tais como: por ser a mais divulgada
e, logo, a que possui maior disponibilidade, abundância e a mais barata;
por ser a mais efetiva no combate ao fogo, porque tem grande poder de
absorção do calor e por ser um agente extintor seguro, não-tóxico, não-
corrosivo e estável. Ela atua, quando em estado líquido, sobre o fogo por
resfriamento, absorvendo calor e se aquecendo até modificar-se em vapor
que, então, opera por abafamento, diminuindo o percentual de oxigênio e,
por conseguinte, sua inflamabilidade, menciona Brentano (2007).

NOTA:

O vapor é empregado como agente extintor de indústrias


onde ele já é usado continuamente nos processos
produtivos, relata Brentano (2007).
44 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

A espuma aquosa ou mecânica é formada por bolhas de gás,


geralmente o ar, constituída a partir de uma solução aquosa de um
agente concentrado líquido especial gerador de espuma (extrato) e é feita
com a agitação de uma mistura de água com o extrato em determinadas
proporções com a aspiração concomitante de ar atmosférico, esclarece
Brentano (2007), que informa, ainda, que as edificações que processam,
condicionam ou manuseiam combustíveis ou líquidos inflamáveis,
devem ser protegidos por sistemas de chuveiros automáticos abertos ou
projetores que espalham espuma.

NOTA:

Ela é utilizada na extinção do fogo em líquidos derramados


ou contidos em tanques combustíveis (BRENTANO, 2007).

Os gases inertes mais usados nas composições são o dióxido de


carbono, nitrogênio, argônio e outros, porém, o mais utilizado, mais barato
e um dos mais efetivos é o dióxido de carbono. Eles são utilizados em
equipamentos energizados eletricamente, arquivos, bibliotecas, cozinhas
e em quase todos os materiais combustíveis, descreve Brentano (2007).

Para Brentano (2007), os pós químicos possuem como bases


químicas principais o bicarbonato de sódio, o bicarbonato de potássio
e o monofosfato de amônia, misturados com aditivos que oferecem
estabilidade ao pó frente à umidade.

IMPORTANTE:

Deve-se evitar sua utilização em equipamentos eletrônicos,


pois o pó químico em contato com a umidade do ar
desgasta as placas dos circuitos alcançados (BRENTANO,
2007).

Os pós químicos são eficientes em acabar com o fogo em líquidos


inflamáveis, podendo ser usados no combate a fogos em alguns
equipamentos elétricos energizados, assim como são uma opção ao
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 45

dióxido de carbono na extinção dos fogos sem uso da água, elucida


Brentano (2007).

Resistência dos materiais ao fogo


De acordo com Bertolini (2016), no decurso de um incêndio, os
danos aos materiais (Figura 14) podem ocasionar uma alteração estrutural
ou permitir a propagação do fogo. Desse modo, a estabilidade de um
elemento construtivo ou estrutural específico, em razão do tempo de
exposição ao fogo, é uma propriedade importante tanto para os materiais
estruturais quanto para os materiais que separam os ambientes.
Figura 14: Danos aos materiais

Fonte:Pixabay

Silva (2018) destaca que a temperatura dos gases quentes em um


incêndio sofre variação com o tempo e precisa de algumas variáveis,
como a carga de incêndio e o grau de ventilação. O autor define a carga
de incêndio como a reunião dos possíveis caloríficos de todos os materiais
internos ao compartimento, compreendendo mobiliário, revestimentos e
outros materiais combustíveis e, possivelmente, até a estrutura (madeira);
já o grau de ventilação do compartimento é verificado em função da área
46 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

de aberturas para o exterior do compartimento, podendo ser a área total


de janelas direcionadas para o exterior do compartimento.

Para Silva (2018, p. 89), “a resistência ao fogo é a propriedade de um


elemento construtivo de resistir à ação do fogo, mantendo sua segurança
estrutural, seu isolamento e sua estanqueidade”.

Já Bertolini (2016) define a resistência do fogo como a conduta de


um componente de construção que preserva, por um tempo determinado
durante um incêndio, a estabilidade, a capacidade resistente ou a vedação
e o isolamento térmico.

SAIBA MAIS:

Aprofunde-se mais nesse tema lendo o artigo “Materiais de


construção resistentes ao fogo”. Disponível clicando aqui.

Para garantir a estabilidade, é indispensável que as variações das


propriedades do material e a alteração das divisões conservadas sejam
capazes de manter a resistência mecânica e prevenir o colapso. A vedação
é garantida se as chamas, vapores ou gases quentes não alcançarem o
lado não exposto ao fogo, seja porque não podem transpassar o elemento
construtivo, seja porque são emitidas pelos materiais que o compõem. O
isolamento térmico é importante para assegurar que o calor gerado na
zona de incêndio não seja difundido aos ambientes presentes, esclarece
Bertolini (2016).

IMPORTANTE:

As estruturas devem ser calculadas para que se tenha uma


resistência mínima ao fogo, denominada tempo requerido
de resistência ao fogo, e são fornecidos pelas Instruções
Técnicas dos Corpos de Bombeiros de cada Estado ou,
na ausência delas, pela ABNT 14432:2001 – Exigências
de resistência ao fogo dos elementos construtivos das
edificações, cita Silva (2018).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 47

Bertolini (2016) explica que determinados materiais de construção,


além de suportar as consequências de incêndio, podem acabar
promovendo-o, pois, com a alta temperatura, podem transformar-se em
combustíveis, o que ocorre geralmente com a madeira (Figura 15) e as
matérias plásticas, as quais, por degradação térmica, emitem substâncias
voláteis combustíveis.
Figura 15: Madeira

Fonte: Pixabay

Vejamos dois exemplos de como os materiais se comportam


durante um incêndio:

•• Os materiais metálicos não manifestam nenhuma reação ao fogo,


não colaborando, assim, para o aumento de calor e de chamas,
contudo, os elementos construtivos produzidos em materiais
metálicos, quando entram em contato com o fogo, conseguem
espalhar o calor rapidamente, explicita Bertolini (2016).

•• O gesso e uma grande quantidade de produtos comerciais que


resultam dele possuem um bom comportamento ao fogo e são
muitas vezes empregados para realizar elementos de suporte
(paredes, forros etc.). Os elementos em gesso não queimam e
48 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

não são deteriorados de forma substancial pelo fogo, assim como


a microestrutura e a composição química do gesso permitem
impedir a propagação do calor, descreve Bertolini (2016).

VOCÊ SABIA?

Em um incêndio ocorrido em uma casa de shows em Santa


Maria – RS, no ano de 2013, considerada a segunda maior
tragédia no Brasil em número de óbitos ocasionados por
um incêndio, o parecer técnico emitido pelo Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul
– CREA/RS (2013) determinou que as prováveis causas para
que o incêndio tenha ocorrido foram a combinação do uso
de material de revestimento acústico inflamável, exposto
na zona do palco, associado à realização de um show com
componentes pirotécnicos, descreve Mohamad (2015).

Dessa forma, a situação ideal para planejar um edifício que possua


resistência ao fogo é retratada pelo uso de materiais não combustíveis,
que tenham capacidade de aquecer-se de forma lenta e de manter,
mesmo em altas temperaturas, uma alíquota sólida de sua resistência,
explana Bertolini (2016).

A explosividade
Outro tema de grande relevância para o nosso estudo trata da
explosividade.

De acordo com Barsano e Barbosa (2013), os incêndios motivados


por explosões originadas de armazenamento impróprio de produtos
perigosos causam preocupação, dessa forma, faz-se fundamental
conhecer as características e os perigos dos produtos usados nos
ambientes físicos de cada área de atuação, para servir como critério na
adoção de medidas de prevenção.

Um dos casos em que se deve ter muito cuidado é com o gás GLP
(o gás de cozinha), pois ele é um líquido inflamável derivado do petróleo,
confinado em um botijão (Figura 16), composto por propano e butano,
que são materiais mais pesados que o ar e inodoro, assim, nesses casos,
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 49

algumas medidas de segurança devem ser tomadas, como a instalação de


detectores desses gases em cozinhas industriais e em estabelecimentos
que se façam necessários, assim como armazenar esses produtos em
locais externos, demonstra Barsano e Barbosa (2013).
Figura 16: Botijão

Fonte: Freepik

Qualquer método de prevenção deve ter como centro medidas


técnicas, organizadas por profissionais com conhecimento em segurança
do trabalho, prevenção em combate a incêndios, profissionais da área
ambiental, assim como as normas regulamentadoras de Segurança
e Medicina do Trabalho; as normas brasileiras da ABNT; as instruções
técnicas dos Corpos de Bombeiros; as legislações ambientais; e, outras
leis e normas regulamentadas, explicitam Barsano e Barbosa (2013).
50 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

RESUMINDO:

Neste capítulo, você deve ter compreendido que deve


existir o emprego de procedimentos e equipamentos
apropriados para se fazer a extinção das chamas, que
os métodos de extinção do fogo podem ocorrer: por
isolamento, com a retirada do material; por abafamento, com
a retirada do comburente; por resfriamento, com a retirada
do calor; e, pela reação química, com a quebra da cadeia
da reação química. Além disso, conheceu os principais
agentes extintores, que são a água, a espuma aquosa,
os gases inertes e os pós químicos secos. Viu também: a
resistência dos materiais ao fogo, que se trata da conduta
de um componente de construção que preserva por um
tempo determinado durante o incêndio; a estabilidade;
a capacidade resistente ou a vedação; e, o isolamento
térmico. Por fim, você conheceu a explosividade que
pode ocorrer por armazenamento impróprio de produtos
perigosos e que devem ser observadas as medidas de
prevenção corretas para essas situações.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 51

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