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Neuroeducação

e Tecnologias
Educacionais
Neuroeducação na Escola e na
Aprendizagem
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Milena Barbosa de Melo
Olá! Sou doutora em Direito Internacional pela Universidade de
Coimbra e mestre e especialista em Direito Comunitário pela Universidade
de Coimbra. Atualmente, sou professora universitária e conteudista. Como
jurista, atuo principalmente nas seguintes áreas: direito à educação,
saúde, direito internacional público e privado, jurisdição internacional,
direito empresarial, direito do desenvolvimento, direito da propriedade
intelectual e direito digital. Desse modo, fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Surgimento da Neuroeducação............................................................. 10
Desenvolvimento Histórico da Neuroeducação ......................................................10

A Neuroeducação: Conceito e Implicações................................................................. 13

A Neurociência em Benefício da Neuroeducação – Janela de


Oportunidades.................................................................................................................................... 15

A Neuroeducação Aplicada na Escola ............................................... 18


Neuroeducação e a Docência Estudando o Cérebro........................................... 18

Neuroeducação e as Estratégias Educacionais........................................................ 21

Melhor Forma de usar a Neuroeducação na Escola..........................26

Estilos de Aprendizagem..........................................................................30
Os Diversos Estilos de Aprendizagem ........................................................................... 30

Jogos Digitais na Facilitação da Aprendizagem........................................................35

Proposta de Aprendizagem Diferenciada..........................................38


Como Surgiu a ideia de Aprendizagem Diferenciada? ..................................... 38

A Importância dos Jogos de Tabuleiro.............................................................................42


Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 7

03
UNIDADE
8 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

INTRODUÇÃO
O mundo está em constante evolução, pessoas inventam coisas
novas todos os dias, a ciência evolui junto com a tecnologia. Assim,
nasce a concepção de algo que já existe, mas era pouco estudada: a
Neuroeducação.
A Neuroeducação consiste na junção da educação, psicologia e
Neurociência. Estudando como o cérebro funciona, para que assim, possa
compreender a melhor forma de aprendizagem para as pessoas.
Quando se descobre a melhor maneira de cada indivíduo adquirir
conhecimento, é mais fácil para os professores planejarem suas aulas e
assim prepararem os alunos para a vida, fugindo do método convencional
e se adequando na melhor forma de ensino, podendo utilizar inclusive, os
jogos.
Diante do exposto, é essencial aprofundarmos nosso conhecimento
a respeito da Neuroeducação.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Explicar a Neuroeducação.

2. Interpretar como a Neurociência age em benefício da


Neuroeducação.

3. Identificar como a Neuroeducação é aplicada nas escolas.

4. Apontar os estilos de aprendizagem.

Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto


fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
10 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Surgimento da Neuroeducação

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o


impacto que a Neurociência e a psicologia trouxeram para a
aprendizagem humana ao desenvolverem a Neuroeducação.
Trataremos sobre como a Neurociência conseguiu entender
a maneira que o cérebro funciona para absorver informações
e as implicações da Neuroeducação na vida das pessoas.
Vocês estão empolgados? Vamos lá. Avante!

Desenvolvimento Histórico da
Neuroeducação
Muitos acham que a Neuroeducação é uma nova área de
conhecimento, todavia ela nada mais é do que a junção dos fundamentos
da educação, psicologia e Neurociência.

Antes de analisarmos a Neuroeducação, muitos sabem que a


educação existe, mas desde quando ela existe?

Quando se fala em educação, remete-se primeiro à Grécia antiga


onde existe os primeiros relatos de educação por meio das paideias.
“Paideias”, em significado literal, quer dizer “educação dos meninos”.
Ela continha temas como Geografia, Matemática, Ginástica, Gramática,
Música, História, Filosofia, e tinha como principal objetivo formar pessoas
perfeitas e completas, com capacidade de ser líder, mas também de ser
liderado, desempenhando assim um papel positivo para sociedade. Dessa
forma, era construída a importância de cada indivíduo para sociedade,
pois viram que cada indivíduo faz parte de uma cadeia social.

Com o passar do tempo, esse conceito foi se alterando, deixando


de lado a ideia da importância de cada indivíduo para sociedade e
trazendo à tona que cada pessoa tinha mais importância de acordo com
o que produzia, dessa forma, aquele que adquirisse mais conhecimento
era considerado o melhor aluno, todavia só quem estudava eram os
indivíduos privilegiados.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 11

Tudo que se sabia sobre educação, sobre o comportamento


humano e a aprendizagem advinha de pesquisas simplórias, pois ainda
não existia o escaneamento cerebral. Assim, todas as maiores mudanças
começaram a ocorrer após o surgimento da Neurociência, em que
começou a se estudar sobre o sistema nervoso.

Durante décadas, os especialistas na área de Neurociência


estudaram para conseguir entender como as moléculas e as células
nervosas trabalham. Grande parte de suas pesquisas não foram feitas em
cérebros humanos, mas sim nos nervos de peixe-zebra, lesmas. Dessa
forma, chegaram à conclusão do quanto a Neurociência pode contribuir
com a educação. Desse modo, tem como foco principal a compreensão
da influência do sistema neural na conduta humana.

Todavia, a Neurociência não sugere uma nova pedagogia,


muito menos promete uma solução no que se refere as dificuldades
de aprendizagem, ela ajuda a apoiar práticas pedagógicas e ainda
encaminham ideias para intervenções, tendo como base que, para traçar
as estratégias de ensino, deve-se respeitar a forma como o cérebro
funciona, sendo assim, essa estratégia será mais eficaz.

NOTA:

O cérebro é perseguido pelos desafios, pelas recompensas


e pela vontade de superação, isso porque esses
componentes são os que causam a ativação neuronal.

Os neurocientistas concluíram que ocorre a ação de aprender devido


uma reação bioquímica, sendo realizada pela formação da memória e dos
conceitos pelos indivíduos.

Os educadores foram comparados aos neurocientistas, pois eles


procuram a melhor forma de passar informações, estimular e poder
moldar a mente dos estudantes, tornando mais eficaz o funcionamento
da mente por meio da transformação do cérebro com a ampliação da sua
base de conhecimento.
12 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

A Neurociência não estabelece um modelo novo de pedagogia,


muito menos promete que as dificuldades de aprendizado serão
solucionadas, seu papel é ajudar a fundamentar a prática pedagógica,
orientando ideias para intervenções, atestando que as estratégias de
ensino que respeitam o funcionamento do cérebro serão mais eficientes.

Em conjunto com os conhecimentos obtidos com a Neurociência, a


psicologia que sempre andou de mãos dadas com a educação, começou
a introduzir questionamentos diferenciados para o contexto educacional,
sendo uma das ciências que primeiro auxiliou no processo educacional
da aprendizagem, colaborando com todos os seus conhecimentos acerca
do comportamento humano, envolvendo as emoções, motivações, afetos
e a formação de vínculos, enfim todos os processos que envolvem a
aprendizagem.

Foi a partir desse desenvolvimento da aprendizagem em conjunto


com a psicologia que a Neurociência estabeleceu uma ligação com
a psicologia, a pedagogia se viu na obrigação de olhar a educação de
uma forma diferente, pautando-se na educação e na aprendizagem,
decidiu voltar para a origem na Grécia com as pandeias, encarando o ser
humano com a cadeia social. Dessa forma, modificou as áreas que eram
especializadas em algo as tornando interdisciplinares, sendo nomeadas
de Neuroeducação.

Mesmo sabendo que a Neuroeducação é integrada pela


Neurociência e a educação, ainda existe uma grande ponte entre essas
áreas impedindo a sua comunicação, devido à linguagem utilizada por
elas, pois a educação trata da esfera comportamental e a Neurociência
possui diferentes características instruída pelo sistema nervoso.

O profissional da Neuroeducação é o neuroeducador, ele resgata


a prática da Pandeias, observando as pessoas nas questões que devem
ser melhoradas e suas potencialidades, utilizando disso para construir
um planejamento individual, mas não são só os alunos que aprendem,
o neuroeducador, ao construir o planejamento, também adquiri mais
conhecimento.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 13

A Neuroeducação: Conceito e Implicações


Tendo em vista o que foi estudado no tópico anterior, o que
podemos concluir acerca da Neuroeducação?

De acordo com o estudado, sabemos que a Neuroeducação é


uma área interdisciplinar que resulta da combinação entre a psicologia, a
educação e a Neurociência, com a finalidade de compreender os processos
cognitivos e emocionais desenvolvendo melhores métodos de ensino e
de currículos. Dessa forma, temos como preocupação a compreensão
dos mecanismos cerebrais que não se manifesta claramente com relação
à aprendizagem e como esse mecanismo pode otimizar as práticas de
ensino.

NOTA:

A Neuroeducação mostra que a arte de aprender significa


modificar comportamentos.

A Neuroeducação também se preocupa em compreender


quais são os distúrbios e as doenças nervosas e como eles afetam a
aprendizagem do aluno e a importância do professor, podendo colaborar
com outros profissionais para identificar esses problemas em sala de aula,
assim, possam enfrentar esses problemas com os métodos da educação
especial colaborando para inclusão social dos alunos afetados.

Espinosa (2008) propõe 14 princípios da Neuroeducação.


Princípios esses que favorecem as diretrizes das áreas que estruturam a
Neuroeducação (Psicologia, Neurociências e Educação). Vejamos:

•• Para o estudante aprender melhor eles precisam ser motivados.

•• O stress influência na aprendizagem.

•• A ansiedade bloqueia a aprendizagem.

•• Depressão pode impedir a aprendizagem.


14 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

•• O tom de voz que uma pessoa fala com outra é julgado pelo
cérebro como ameaçador ou não ameaçador.

•• As intenções das pessoas são julgadas quase que instantaneamente.

•• A comunicação é importante para o aprendizado.

•• As emoções têm um papel chave no aprendizado.

•• Movimento pode potencializar o aprendizado.

•• O humor pode intensificar as oportunidades de aprendizado.

•• A alimentação traz impacto para o aprendizado.

•• Noite mal dormida ocasiona impacto na consolidação da memória.

•• Cada indivíduo possui um estilo de aprendizado.

•• Diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas


diferentes inteligências dos alunos.

Assim, a Neuroeducação deve se preocupar com os seguintes


fatos: o cérebro possuir um sistema emocional que afeta de modo direto
todos os processos de ensino-aprendizagem; as aprendizagens são de
forma direta relacionadas a uma rede de estímulos neuronais, que são
determinadas pela ação dos neurotransmissores; quando o aluno em
meio ao contexto educacional ficar com tédio ou desânimo, sem que sua
curiosidade tenha sido despertada, o cérebro dele não vai ser estimulado;
para que o aluno sinta interesse em aprender, os três sistemas do
mecanismo cerebral (sistema cognitivo, sistema emocional e sistema
instintivo) devem ser incentivados pelo professor de forma adequada.

A Neuroeducação é a ajuda para que o indivíduo multiplique sua


inteligência, aperfeiçoando e evoluindo o seu talento natural advindo de
sua genética.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 15

A Neurociência em Benefício da
Neuroeducação – Janela de Oportunidades
Para entender melhor o quanto influenciam os impactos do mundo
exterior e do que temos ao nosso redor no modo em que vivemos, vamos
fazer uma apologia simples: todos os celulares saem das lojas da mesma
forma, só que para donos diferentes. Cada dono, ao receber seu aparelho,
instala os aplicativos que deseja, pois os celulares possuem um leque de
opções, coloca seus contatos, tira suas fotos, exclui o que não utilizam
mais, assim, mesmo os celulares de início serem iguais uns aos outros, a
partir do momento que entram em contato com pessoas diferentes sua
funcionalidade se torna diferente.

É dessa forma que nosso sistema nervoso funciona, possuímos


bilhões de neurônios que nos permitem estabelecer inúmeras conexões
que podem ser intensificadas de acordo com a individualidade. Assim
como na analogia dos celulares ao ser recebidos pelos seus donos, vão
além da configuração de fábrica incluindo coisas de acordo com seu dono,
os indivíduos ao nascer são iguais, todavia, precisam de modificações
para se adaptar ao meio em que vivem, uma longa aprendizagem.

Um bom exemplo de como o meio influencia no desenvolvimento


do indivíduo é a linguagem, crianças que nascem nos Estados Unidos,
nascem iguais no Brasil, como o meio social tem idioma em inglês, ela
desenvolverá a língua inglesa, já a outra, por estar inserida em um meio
que tem como língua o português, ela falará português.

Existem períodos denominados de janela de oportunidades, que


são mais recorrentes nos primeiros anos de vida, nessa janela o cérebro
está mais propenso para aprendizagem, há um favorecimento entre as
conexões que envolvem as diferentes áreas cerebrais, ou seja, nesse
período quando o indivíduo fica exposto a estímulos, tem mais facilidade
de desenvolvê-los. Os conhecimentos obtidos nesses períodos podem
ter resultados surpreendentes.
16 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Sabe-se que o cérebro da criança tem maior capacidade que o


cérebro do adulto, todavia, isso não significa que o cérebro adulto não
possua mais capacidade de aprendizagem, pois esta se mantém com o
indivíduo a vida inteira, entretanto, quanto mais velho mais necessitará de
empenho e ajuda para que sua capacidade possa ser desenvolvida.

Bartoszeck (2007) embasado nos estudos de Doherty (1997),


elaborou um quadro apresentando as faixas etárias em que as funções
são melhor estimuladas (Quadro 1).
Quadro 1 – Janelas de oportunidades

Fonte: Doherty (1997 apud BARTOSZECK, 2007).

Essas janelas de oportunidades devem ser entendidas de tal


maneira que possam apresentar aos indivíduos os estímulos adequados,
pois estimular demais pode causar problemas iguais a não estimular.
Considera-se estimular demais quando alguém obriga outro indivíduo
a fazer algo que ele ainda não saiba, causando dessa forma frustações,
deve-se se atentar para qualidade do estímulo.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 17

Durante as janelas de oportunidade, Peruzzolo e Costa (2015)


destacam as principais atividades que devem ser exercidas:
A representação de entretenimentos e jogos que
promovam a motivação e interesse da criança a participar
de forma ativa; conter elementos de diferenciação que
possam prender a atenção da criança durante o processo;
possibilitar a estimulação das áreas mais comprometidas
da criança, utilizando-se das mais desenvolvidas a fim de
tornar a intervenção mais completa possível; eliminação
de fatores inibitórios que possam bloquear a estimulação
programada (PERUZZOLO; COSTA, 2015, p. 7).

É um estímulo a longo prazo para que os indivíduos possam


absorver de forma que não os comprometam, devendo otimizar as
ações que favoreçam a janela de oportunidades, com ações que variam
da qualidade do sono a qualidade da alimentação, sendo todo dia
considerado importante para essa formação.
As inteligências em um ser humano são mais ou menos
como as janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos,
sem pressa e pra cada etapa dessa abertura existem
múltiplos estímulos. É um erro supor que o estímulo
possa fazer a janela abrir-se mais depressa. Por isso, essa
abertura precisa ser aproveitada por pais e professores
com equilíbrio, serenidade e paciência. O estímulo
não atua diretamente sobre a janela, mas se aplicado
adequadamente, desenvolve habilidades, e estas sim,
conduzem a aprendizagens significativas (ANTUNES,
2000, p. 19 apud OLIVEIRA, 2015, p. 18-19).

RESUMINDO:

Neste capítulo, tratamos do conceito da Neuroeducação,


mostrando sua interdisciplinaridade, seus princípios e o
quanto a Neurociência contribuiu para formação da melhor
forma de aprendizagem do indivíduo. Sendo tratado sobre
a construção da Neuroeducação e suas implicações.
18 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

A Neuroeducação Aplicada na Escola

OBJETIVO:

Neste capítulo, será desenvolvido um estudo sobre o


cérebro humano, levando em consideração como ele atua
na aprendizagem. Em seguida, será abordado como a
Neuroeducação influencia na vida dos estudantes e como
os professores podem agir para que os alunos possam
desenvolver aprendizagem eficiente. Preparados? Vamos
lá.

Neuroeducação e a Docência Estudando o


Cérebro
A Neuroeducação, como já vimos, tem como característica um novo
tratamento com relação ao pensamento e a ação, tendo como principal
objetivo disponibilizar aos educadores e aos professores fundamentos
que associam o cérebro à aprendizagem.

Os professores, que são interessados no desenvolvimento da


pedagogia, deverão estudar os elementos cerebrais de caráter anatômico
e funcional.

Na atual conjuntura do país, os fatores que mais influenciam no


desempenho dos estudantes são os sociais e os econômicos, assim,
é de suma importância que os professores se apropriem do padrão de
ter conhecimento que é a aprendizagem na qual atua como produto
do funcionamento do cérebro, isso se justifica pelo fato de que para o
cérebro aprender algo novo, ou absorva informação a mais do que
já sabe, depende do grau em que se encontra o aluno no contexto de
aprendizagem.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 19

É de suma importância que o conhecimento neurofuncional para


a pedagogia, ao compreender como funciona o cérebro haverá um
fortalecimento dos fundamentos sólidos na formulação das metodologias
de ensino. Assim, estudaremos sobre as funções cerebrais:

•• Processo humano das informações

Os sinais sensórios (as informações) chegam ao cérebro e são


processados por intermédio de uma execução do sistema de redes
neurais, transformando-se assim em condutas e comportamentos.
Segundo Puebla e Talma (2011):
As redes criam determinado padrão conectivo, as quais
cumulam a capacidade de retroalimentação devido à
conecção com a memória, significando aprendizagem.
Em outras palavras, após ocorrido determinado
processamento de informação, ao apresentar a mesma
configuração de conexões no sistema de redes neuronais
no cérebro, diz-se que ocorreu uma aprendizagem. Após
o período de aprendizado, quando você apresentar o
mesmo padrão novamente para o sistema de rede, ele
irá reconhecer e repetir a operação que já foi testada
anteriormente (PUEBLA; TALMA, 2011, p. 382).

As redes cerebrais possuem autoajuste e auto-organização.

•• A atenção

A atenção é de suma importância na efetivação de uma tarefa,


pois mantendo a atenção ocorrerá o processamento de informações. Ela
tem função permanente, atuando de forma multifuncional nas ações e
funções cerebrais.

Atua de maneira seletiva, pois possui a habilidade de focar uma ideia


ou tarefa ignorando o mundo exterior, ajudando para que não haja a perda
de concentração na tarefa. Também atua nas funções alternadas, fazendo
com que haja a mudança de foco, isto é, ela proporciona a oportunidade
de alternar diferentes tarefas que possuem níveis de exigência diferentes.
E atua na função sustentada, possibilitando a habilidade de manter uma
resposta constante no decorrer de uma atividade intensa e repetitiva,
proporcionando que haja concentração em uma tarefa por um tempo
contínuo sem distração.
20 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

•• A memória

A memória é formada quando os neurônios respondem ao serem


ativados. A aprendizagem de maneira mais básica pode ser vista como o
procedimento para adquirir memória, ocorrendo por meio de processos
neurológicos complexos que se constituem em memória de consolidação
ou de longa duração.
Memória é a aquisição, a formação, a conservação e
a evocação de informações. A aquisição é também
chamada de aprendizado ou aprendizagem: só se
grava aquilo que foi aprendido. A evocação é também
chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só
lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido
(IZQUIERDO, 2002, p. 9).

Para o desenvolvimento da memória, existem várias estratégias


de ensino com base na Neurociência, por exemplo: escrever resumos,
realizar perguntas, entre outras.

•• Sistemas cognitivos sociais

Os sistemas cognitivos sociais são de interesse para a evolução


da Neuroeducação, sendo investigados pela Neurociência. Apresentam
relevantes funções cerebrais relativas ao planejamento e ao controle das
emoções e, além disso, participam do processo da linguagem formal
e da música, por esse motivo, é de suma importância que devem ser
conhecidas e estimuladas corretamente.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 21

Neuroeducação e as Estratégias
Educacionais
É nítido o avanço dos estudos no campo da Neurociência e dos
jornais que mostram cada dia uma novidade que emergem para as
diversas áreas do conhecimento, por que então a educação também
não seria beneficiada, sendo ela importante até para a formação dos
neurocientistas?

O avanço dos estudos pela Neurociência sobre o cérebro


humano desencadeiam uma série de mudanças que precisam elevar-
se para o campo educacional, levando em consideração que quanto
mais se conhece o cérebro humano, mais métodos novos de ensino e
aprendizagem podem ser criados.

A Neuroeducação traz que os métodos utilizados pelos educadores


devem ir além dos livros, quadros, vídeos, devendo conter tecnologia e
experimentos. Faz-se necessário a utilização de vários métodos diferentes
para o ensino, pois, como já visto, cada pessoa tem seu próprio modo de
aprender.

REFLITA:

Como você aprende mais rápido? Qual seu método de


aprendizagem?

É necessário que os educadores compreendam o sistema nervoso,


devendo adquirir conhecimento sobre a aprendizagem do cérebro,
assim como suas particularidades e especificidades com relação à
aprendizagem, objetivando melhorar sua técnica educativa, minimizando,
dessa forma, possíveis dificuldades de ensino e aprendizagem, por meio
de uma reorganização na forma de ensino.
22 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Deve-se analisar que a formação do docente não se dá


exclusivamente por cursos de aperfeiçoamento, porém pela técnica de
refletir sobre sua prática, que mesmo presa ao programa de formação,
não se deve deixar firmar uma identidade, pois corre o risco do professor
se tornar clichê.

SAIBA MAIS:

Em Teresópolis, o professor de Biologia, Leandro Costa, não


sabendo como controlar o uso dos celulares, decidiu usar
isso ao seu favor, criando uma oficina de vídeo na qual os
estudantes foram estimulados a filmar com seus celulares
uma animação que explica o funcionamento das células.
Acesse clicando aqui.

Em um contexto histórico, os docentes foram formados para


repassar os conceitos teóricos, sem a necessidade de se preocupar em
articular a teoria e a prática.
Para muitos docentes, a abordagem por competências
não “diz nada”, pois nem sua formação profissional, nem
sua maneira de dar aula predispõem-nos para isso (...)
Enquanto não souberem realmente organizar e avaliar
processos de projeto e situações-problema, os ministérios
irão propor-lhes textos inteligentes que permanecerão
sem eco, porque seus destinatários não seguiram o
mesmo caminho pedagógico e teórico e não partilham
da concepção de aprendizado e de ensino que subjaz aos
novos programas. (PERRENOUD, 2000, p. 82).

Para que haja uma mudança, é necessário entender a transformação,


pois há necessidade da aceitação do novo, devendo-se estudar o
processo de mudança. O professor deve saber o que norteia o modelo de
ensino para articular sua prática, pois caso ele não saiba o que sustenta
esse modelo, haverá apenas uma inclusão, sem existir o entendimento e
a prática adequada aquilo que a Neuroeducação propõe, pois não tem
como trabalhar de forma adequada e satisfatória algo que não se conhece.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 23

NOTA:

A aprendizagem é considerada o processo em que o cérebro


reage aos estímulos do ambiente ativando as sinapses que
formam as conexões sinápticas, deixando-as mais intensas.
Desta forma, a cada novo estímulo que recebemos ou
repetições de comportamentos que queremos que sejam
estabelecidos, possuímos circuitos para processar as
informações, posteriormente serão consolidados.

Sendo assim, para que uma aprendizagem seja considerada


significativa deve-se estabelecer uma junção da nova informação e todos
os conhecimentos importantes que já existem na estrutura cognitiva do
estudante, assim, estabelecendo uma construção e ampliando as redes
neurais que armazenam as memórias e as informações. É de extrema
importância para a Neuroeducação, considerar o conhecimento prévio e
apresentar atividades que embalem na aquisição de novos sentidos nos
estudantes.
A Teoria da Aprendizagem significativa é uma teoria
construtivista porque defende que o conhecimento é
um processo construtivo e valoriza, portanto, muito o
papel da estrutura cognitiva prévia de quem aprende. A
aprendizagem é considerada em última instância um
processo pessoal e idiossincrásico, ainda que muito
influenciado por fatores sociais e pelo ensino na sala de
aula que é um processo eminentemente social. Trata-se
de uma teoria cognitivo-humanista em que o ser humano
atua recorrendo a pensamentos, sentimentos e ações
para dar significado às experiências que vai vivendo
(VALADARES, 2011 apud OLIVEIRA; LACERDA, 2012).

Elaborar atividades motivadoras que provoquem no aluno o pensar,


podendo assim, chegar as suas próprias conclusões exige empenho e
esforço. O professor deve pensar, propondo desafios que incentivem
no aluno um pensamento mais criterioso, pois quando o assunto é de
interesse do aluno, ele sente prazer em aprender.
24 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

NOTA:
Aprender é mudar o cérebro conforme as experiências.
O processamento de informações, as conexões entre
neurônios, são as sinapses, que remodelam o que acontece
no seu cérebro em função do aprendizado, ou seja, o
caminho certo depende do aprendizado (PERNAMBUCO,
2012, p. 13 apud OLIVEIRA; LACERDA, 2012).

Além das aulas, outro ponto bastante discutido são as avaliações.


As avaliações, muitas vezes, são vistas como classificatórias, mas elas vão
além desse dilema de notas altas, elas se tornam uma observação do
professor em relação ao aluno em todo o ano letivo.

A avaliação foi considerada critério para aprendizagem somente no


século XIX, sendo uma forma de expor resultados adequados em relação
a maneira de ensinar e aprender. No processo de aprendizagem, esse
valor está relacionado com dados numéricos, acontecendo da seguinte
forma: o professor elabora uma prova e considera a quantidade de
acertos obtidos nela para dar a nota. Mas essa avaliação vai muito além
do seu processo quantitativo, devendo ao professor analisar, além disso,
o processo qualitativo. Todavia, como vestibular, concursos, exames
avaliam de acordo com as notas, os alunos se cobram cada vez mais, o
que muitas vezes dificulta no processo de aprendizagem.

Em uma abordagem mais voltada para a Neuroeducação, tendo em


vista todas as mudanças que o professor deve fazer de acordo com cada
estudante, ele deve, além de mudar sua metodologia em sala de aula,
mudar também sua maneira avaliativa, Carvalho (2011 apud OLIVEIRA;
LACERDA, 2012) apresenta várias perguntas:
Quantos professores sabem que um simples trabalho
de memorização de diferentes tipos de textos exige
diferentes níveis de oxigenação do cérebro? Que quanto
mais complexa a atividade proposta e à medida que se
eleva o grau de raciocínio, o fluxo sanguíneo no cérebro
é mais intenso? O professor tem noção de que sua ação
pedagógica desencadeia no organismo do aluno reações
neurológicas e hormonais que podem ter influência na
motivação para aprender? (CARVALHO, 2011, p. 56 apud
OLIVEIRA; LACERDA, 2012, s. p.).
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 25

Observando essas perguntas, podemos observar o quanto o


conhecimento do sistema neural pode contribuir para as avaliações.

NOTA:

Há pesquisadores futuristas que acreditam que futuramente


nas salas de aula existirá aplicativos que possuíram
neuroimagens capazes de qualificar instantaneamente o
grau de aprendizagem de cada aluno em relação ao que
está sendo estudado na sala de aula.

Sabe-se que essa atitude é controvérsia, tendo em vista que uma


hora os estudantes terão que se submeter a exames, nem que seja
fora do ambiente escolar, mas o que questionamos nessa Unidade é a
aprendizagem com a Neuroeducação. Assim, tendo em vista que com os
métodos diferenciados os estudantes aprenderão mais e de uma maneira
mais eficaz, quando forem se submeter a testes, provas para ingressar na
universidade, estarão já com uma carga de aprendizado alta, podendo
facilitar na hora da avaliação.

REFLITA:

O que você considera mais importante, aulas interativas


com a utilização do que manda a Neurociência ou uma
formação baseada em avaliações que observam mais o
quantitativo dos alunos do que o qualitativo?

É por meio da avaliação que o professor analisa sua metodologia


em sala de aula, sabendo se está sendo eficaz para aprendizagem ou
não. Além disso, é por meio dela que são medidos os níveis educacionais
e, quando esses níveis se encontram baixos, começa uma busca pela
melhor estratégia para melhorar a educação.
26 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Melhor Forma de usar a Neuroeducação na Escola


Antes de falar da forma de utilizar a Neuroeducação na escola,
vamos analisar como segundo as matérias de revistas e jornais serão as
escolas do futuro.

Sabemos que as escolas vêm em constante mudança, se


perguntarmos aos nossos pais, tios, avós, bisavós, o modelo escolar de
cada um vai ser diferente, eram utilizadas outras metodologias. Hoje, as
mudanças vêm acontecendo ainda mais rápidas graças as informações
que circulam de maneira mais veloz e ao acesso à internet que proporciona
às pessoas possuírem mais conhecimentos.

REFLITA:

Quantas vezes você, aluno, devido a sua curiosidade,


procurou sobre assuntos que os professores ainda não
haviam falado em sala de aula? Mais que isso, quantos, em
plena aula não procurou a resposta de uma pergunta do
professor para mostrar que já sabia?

A tecnologia foi o marco do século XXI para o maior avanço das


escolas e do modelo de aprendizagem.

Grande parte das instituições de ensino ainda não conseguiram


compreender que os professores não são mais os únicos detentores
de ensino, os alunos encontram-se cada vez mais independentes,
procurando sempre coisas novas.

Iremos estudar agora sobre os novos métodos desenvolvidos para


acompanhar o avanço dos alunos:
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 27

•• Metodologia ativa

Os estudantes querem participar no processo de aprendizagem,


dessa forma, os professores precisam compreender que a melhor forma
de fazer com que eles se interessem é dividir o “ensinar” com eles. Todavia,
foi aí que inserimos a metodologia ativa, os professores passam a orientar
os alunos ao invés de dar-lhes somente as respostas, incentivando, assim,
que os estudantes participem de forma ativa ao lado do professor na
construção de conhecimento.

A metodologia ativa incentiva os estudantes a cada vez mais,


segundo o site Supera Neuroeducação (2019), a:

•• Vencerem desafios – ajudando o aluno a se inserir melhor na


sociedade.

•• Desenvolverem argumentação – insere conteúdos para que os


alunos possam debater.

•• Serem os autores principais no seu processo de construção de


aprendizagem.

•• Estenderem a sala de aula para outros lugares, como sua casa,


para fazerem pesquisas, ler.

Sendo assim, qual você, aluno, acha que seja o principal objetivo da
metodologia ativa?

A metodologia ativa se preocupa com a realização de projetos


diferentes, que haja interação professor/aluno e aluno/aluno, trabalhando
também a reflexão e a criatividade do aluno, assim como fazendo os
alunos pensarem mais, para que desenvolvam seu pensamento crítico.

•• Salas de aula multiuso

As salas de aula multiuso tiram da sala aquela ideia de cadeiras


enfileiradas e aulas exclusivamente em lousas, deixando os alunos à
vontade na hora de se organizarem em sala de aula.
28 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

•• Fim das provas

Como já mencionado anteriormente, as provas medem o


quantitativo dos alunos, e não o qualitativo. Assim, os alunos serão
analisados diariamente pelos professores.

Como deve ser essa análise por parte do professor?

Ele deve ficar observando em sala de aula se o aluno está


conseguindo atingir determinado resultado e a forma que ele está
utilizando para isso. A partir disso, será analisado todo o processo de
construção do conhecimento.

Dessa maneira, é de suma importância a aplicação da metodologia


ativa, pois por mais que a tecnologia venha fazendo os alunos se
interessarem em saber mais, desenvolvendo uma cultura de participação,
construção e busca por sua autonomia e conhecimento, eles devem ser
instruídos para que possam aprimorar essas funções.

Existem algumas ferramentas pedagógicas que são focadas na


ampliação da capacidade de agir e pensar dos alunos.

Assim, ao analisar as mudanças nas escolas, em que os professores


devem ser orientadores devido ao fato de os alunos serem mais
independentes e possuírem mais aptidão para participarem da construção
de conhecimento. Devemos trabalhar a melhor forma de utilização da
Neuroeducação nas escolas.

Primeiro, devemos levar em conta a palavra-chave que desencadeia


toda a unidade: atualização. Consideramos essa a palavra-chave
devido a Neuroeducação ser uma forma de atualização no que tange o
conhecimento, e, para que os educadores apliquem a Neuroeducação eles
devem se atualizar. Então, qual a melhor forma de atualização para eles?

Assim como para os alunos, a tecnologia vem ajudando e por isso


esse cenário na educação se altera bastante, os professores devem
estar mais atentos às pesquisas, levando em consideração as novas
descobertas, as novas técnicas e as ferramentas, devendo ainda estar
aberto a ouvir sugestões e orientações dos profissionais que já estão
nesse campo de atuação, construindo assim currículos que possuam
consistência e efetividade no contexto educacional.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 29

SAIBA MAIS:

O Supera Educação tem como base exercício lúdicos,


instigantes e desafiadores. Esse programa pode ser feito
de modo presencial e digital. Existem cinco passos para
implantar o projeto no colégio. Para saber mais, acesse
clicando aqui.

RESUMINDO:

Nesse capítulo, tratamos do quanto a Neuroeducação é


importante para o conceito de aprendizagem, pois, com
ela, chegamos à conclusão de que cada pessoa aprende
de uma forma diferente, devendo aos professores se
adequarem aos modos que cada aluno aprende e, assim,
estimular cada um a sua maneira.
30 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Estilos de Aprendizagem

OBJETIVO:

Existem diversas formas de aprendizagem que variam


de pessoa para pessoa. Estudaremos alguns desses
tipos e como os jogos podem ajudar para uma melhor
aprendizagem. Estão prontos? Vamos juntos!.

Os Diversos Estilos de Aprendizagem


O processo de aprendizagem se dá com a interação com o
mundo e consigo mesmo, isso porque ninguém aprende da mesma
forma e ninguém pode aprender por ninguém. A função da escola e dos
professores é mediar o ensino, facilitando a aprendizagem.

Existe uma diferença entre estilos de aprendizagem e inteligência


múltipla, a primeira é a maneira com que cada indivíduo consegue
aprender melhor, já inteligência múltipla diz respeito as habilidades que
são empregadas para aprender e assim alcançar um objetivo, quem
possui esse tipo de inteligência, ao receber as informações, internaliza-as
de forma diferentes.

Sobre as múltiplas inteligências, traremos um exemplo retirado


do artigo intitulado “Jogos no ensino das ciências e a Neuroeducação
na educação básica” publicado em 2015 por Cristina Schch de Oliveira,
as características e possíveis aptidões profissionais, trazendo o tipo de
trabalho com seu estilo de aprendizagem.

•• Inteligência musical:

Um dos primeiros dons que surge no indivíduo é o talento musical.


Para entendermos melhor como se dá esse processo, é necessário que
façamos um breve estudo sobre a inteligência musical. Quando bebês, os
indivíduos já trazem essa competência musical, pois desde pequena, a
criança possui essa habilidade. Logo cedo, ela percebe diferentes sons no
ambiente, balbuciam, emitem sons e cantam para si mesmas (GUEDES;
SANTOS, 2015).
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 31

No que se refere à inteligência musical, destaca-se alguns


elementos formadores, que são evidenciados na sua formação, quais
sejam:
Características – vivem cantando, ouvido musical,
interagem com os sons, interpretam e escrevem músicas.

Aptidão profissional – desenvolvimento de projetos de


multimídia, cantores, músicos, maestros, engenheiros de
sons, sonoplastas, produtores musicais.

Tarefas atrativas – atividades que envolvam teatro musical,


ouvir e tocar músicas, interpretar sons, cantar, escrever
letras de músicas e trabalhos em multimídia.

Estilo de aprendizagem – sonoro.

Compreende-se, portanto, que, para ser possível o trabalho com


a competência musical, é necessário o envolvimento de aspectos
específicos, como a voz, o corpo, a mente e o espírito, conforme destacam
Guedes e Santos (2015):
Trabalhar a competência musical é, não somente trabalhar
a voz, mas o corpo, a mente e o espírito. É através
dessa inteligência que percebemos a sensibilidade para
ritmos, sons e a habilidade para se tocar determinados
instrumentos musicais. A inteligência musical tem sua
própria trajetória de desenvolvimento e está ligada a outras
competências como à matemática e à linguística dentre
outras. Habilidades que também devem ser estimuladas
na sala de aula, uma vez que essas capacidades estão
diretamente ligadas ao processo de ensino aprendizagem
(GUEDES; SANTOS, 2015).
32 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

IMPORTANTE:

Trabalhar a competência musical não é somente trabalhar


a voz, mas o corpo, a mente e o espírito. É por meio
dessa inteligência que percebemos a sensibilidade para
ritmos, sons e a habilidade para se tocar determinados
instrumentos. A inteligência musical tem sua própria
trajetória de desenvolvimento e está ligada a outras
competências como à matemática e à linguística dentre
outras. Habilidades que também devem ser estimuladas
na sala de aula, uma vez que essas capacidades estão
diretamente ligadas ao processo de ensino aprendizagem
(GUEDES; SANTOS, 2015).

SAIBA MAIS:

No intuito de compreender um pouco mais sobre


a inteligência musical, indica-se a leitura do artigo
Inteligência musical, o que é, características a atividades,
de Irene Alabau. Acesse aqui. Com a leitura do artigo, será
possível compreender as especificidades que envolvem a
inteligência emocional e seus aspectos mais importantes,
como é o caso da explicitação das características que
podem ser observadas nas pessoas que possuem
inteligência musical.

•• Linguística:
Características – Gostam de leitura, contação de histórias.
Têm excelente memória, fluência verbal e facilidade
para se expressar. Relacionam-se melhor por meio da
linguagem.

Aptidão profissional – Indivíduos com estas características


desenvolvem carreiras relacionadas à autoria de peças de
teatro ou novelas, ao jornalismo, podem ser conferencistas,
redatores de publicidade e revisores de texto.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 33

Tarefas atrativas – projetos literários, concurso de redação


e textos publicitários. Trabalhos com debates de temas
polêmicos e criação de peças de teatro.

Estilo de aprendizagem – verbal.

•• Interpessoal:
Características – são ajudantes de plantão, trabalham
melhor quando ajudam os outros e defendem suas ideias.
Relacionam-se por meio de interações com o mundo e
com pessoas.

Aptidão profissional – advogados, professores, políticos,


treinadores, executivos e artistas, e os organizadores
de eventos possuem a característica interpessoal. Os
profissionais com esse perfil são intimistas como os
psicólogos, escritores, filósofos, programadores de
computador e analistas de sistemas de informação.

Tarefas atrativas – trabalhos independentes, pesquisas


individuais, preferem caminhar sozinhos, atividades em
grupo só em último caso.

Estilo de aprendizagem – interpessoal.

Citamos só três exemplos para que entender tudo que foi falado
na unidade, se a escola e os professores conhecerem as inteligências
múltiplas de cada pessoa, poderá, assim, elaborar o seu projeto de acordo
com as diversas atividades e habilidades que cada aluno possui.

Cada estilo de aprendizagem se concentra, processa a informação


e a internaliza de maneira diferente, isso consiste na habilidade de adquirir
conhecimento utilizados para aprender durante sua vida.

VOCÊ SABIA?

Por meio do Questionário Vark, o professor pode descobrir


o estilo de aprendizagem de cada aluno. Acesse aqui.
34 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Existem diversos tipos de estilos de aprendizagem, os principais


estilos segundo Oliveira, 2015, são:

Visual – o estilo que faz com que essas pessoas aprendam melhor
é utilizando as imagens, os vídeos, DVDs, livros com figuras e diagramas,
gráficos, tabelas, histórias em quadrinhos e destacando palavras, os
melhores resultados serão obtidos por meio de atividades que usem
desenhos, cartazes e diagramas. Geralmente, esses alunos se interessam
pelo design, pelas cores e layout dos materiais que utiliza.

Aural – são os que preferem ouvir, assistir às aulas, discutir os


assuntos, histórias contadas e contar também histórias, conversando e
perguntando, descrevendo figuras e imagens para outras pessoas de
forma oral, pois seus melhores resultados são obtidos quando descrevem
verbalmente o assunto. O perfil desses alunos é o gosto de participar de
discussões e debates.

Ler/Escrever – a característica principal desse aluno é que ele


aprende por meio de lista, definições, livros, notas, manuais e informações
escritas, os melhores resultados serão obtidos escrevendo e lendo
as próprias conclusões, também organizando mapas conceituais e
diagramas com palavras. Gostam de ler artigos, revistas e textos de forma
geral.

Cinestésico – característica desse aluno é que ele processa as


informações de todas as formas, mas necessitam se envolver no aprender,
saídas a campo, aulas em laboratórios e atividades práticas, seus melhores
resultados serão obtidos quando trabalham com jogos, atividades que
envolvam movimento. Gostam de experimentar os fenômenos.

Não só o professor, como também o próprio aluno, pode identificar


qual é o seu estilo de aprendizagem, pois se conhecendo melhor, ele
mesmo poderá ditar seu método de estudos e, assim, poder obter
melhores resultados.

Qual seria o seu estilo de aprendizagem, caro aluno? Eu acredito


que o meu seja uma mistura entre ler/escrever e cinestésico, isso porque,
para aprender, eu necessito escrever e fazer resumos, ler, anotando
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 35

tudo e, além disso, eu compreendo melhor quando vou para aulas em


laboratórios e práticas.

SAIBA MAIS:

Existe um tema bastante discutido nos dias de hoje e que


todos nós devíamos debater: O que achamos da educação
do nosso país?

Em 2019, o site terra realizou uma pesquisa e publicou, intitulada


de: “O que pensam alunos da rede pública e privada sobre a educação no
Brasil?” Para saber mais, acesse clicando aqui.

Jogos Digitais na Facilitação da


Aprendizagem
Com o avanço da tecnologia, surgiram os jogos digitais disponíveis
para computadores, sejam eles em sites ou em aplicativos, esses
jogos variam de acordo com o gosto da pessoa, indo de jogos para
entretenimento até jogos de aprendizagem. Trabalhando com jogos
digitais voltados para aprendizagem, os alunos poderão desenvolver um
melhor desenvolvimento intelectual e social, pois com os jogos é possível
que o educador trabalhe quesitos como: regras, desenvolvimento do
senso crítico e reflexivo, além de outras características importantes para
melhor convivência em sociedade, além de estimular o raciocínio lógico,
a concentração, construção de conceitos, atenção.

Jogos didáticos incentivam as crianças a se divertir enquanto


apreendem e, assim, como já foi estudado, se a pessoa aprende com
prazer, ela irá desenvolver de forma mais rápida e fácil, obtendo
crescimento, mudança.

Também vimos que, para melhor aprendizagem devemos


estimular as sinapses, a Neurociência diz que trabalhar com práticas
que proporcionem prazer e que tragam a ideia de desafio facilitarão as
sinapses e também fortalecerão as redes neurais dos alunos.
36 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Logo, se for desenvolver as estratégias com base nas pesquisas


trazidas pela Neurociência, as aulas devem ser mais dinâmicas, devendo
conter conteúdos digitais que sejam visual, auditivo, tátil e concreto,
devem ser divertidas, os alunos devem se sentir à vontade para questionar.

Na busca por opções no que tange a pedagogia que possam


estimular o raciocínio e o desenvolvimento do aluno. Para defender o
ingresso dos jogos digitais em sala de aula são levantados três aspectos:

Caráter lúdico – acarreta um desenvolvimento da criatividade e do


conhecimento. Tem como objetivo educar e ensinar de modo divertido e
com interação com as outras pessoas, despertando a sensação de prazer.

Desenvolvimento de técnicas intelectuais – possibilitando uma


maior aprendizagem, absorvendo mais rápido o conteúdo.

Formação de relações sociais – pois o aluno começa a aprender e


conhecer sobre o mundo social que está em volta dele.

Quando falamos em jogos, não queremos falar em jogos recreativos,


como muitos de vocês alunos já devem ter jogado, pois grande parte
de vocês deve ter se deparado com um Nintendo, um Playstation, um
Xbox, mas aqui, estamos tratando de jogos educativos, que devem ser
utilizados como facilitadores de aprendizagem, servindo de colaborador
nas dificuldades dos alunos em relação aos conteúdos. Eles requerem
um plano de ação que haja aprendizagem no conteúdo do jogo. Assim, o
professor deve ter conhecimento sobre quais jogos aplicar em sala de aula,
analisando seu papel, que pode ser de introduzir conteúdos, desenvolvê-
lo e assim preparar o aluno no aprofundamento dos conteúdos que já
foram ensinados.

A Neurociência, de acordo com o que estudamos, propõe que


nosso cérebro, para aprender de forma mais rápida, gosta de desafios,
de superação, emoção e recompensas, e é isso que encontramos nos
jogos, a vontade de vencer os desafios, de se superar e assim poder ser o
vencedor, trazendo emoções e satisfação.

O professor deve estar ciente que seu papel não é ensinar o aluno a
jogar, mas sim, acompanhar de que forma eles jogam, devendo observar
atentamente e só interferir quando necessário, fazendo indagações
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 37

quando for conveniente para que, assim, possa auxiliar na construção de


regras e na aprendizagem.

O ideal é que cada jogo seja testado antes da sua aplicação, não
devendo nem ser muito fácil nem muito difícil, proporcionando várias
maneiras de APRENDIZAGEM, com a finalidade de enriquecimento de
experiências.

RESUMINDO:

Neste capítulo, trouxemos inúmeros conhecimentos sobre


a Neuroeducação, neste capítulo em especial, falamos a
respeito dos estilos de aprendizagem, sua aplicabilidade
bem como a prática no dia a dia e também, trouxemos
estudos dos jogos digitais como sendo um fator importante
na facilitação da aprendizagem, ou seja, corroborando que
este possa ainda ser um estilo de aprendizagem.
38 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

Proposta de Aprendizagem Diferenciada

OBJETIVO:

Agora, traremos exemplos de jogos que podem ser


utilizados para facilitar a aprendizagem dos alunos de uma
maneira mais dinâmica..

Como Surgiu a ideia de Aprendizagem


Diferenciada?
Para garantir um avanço na aprendizagem, o sistema educacional
vinha dando mais importância ao que tinha relação com o intelecto e com
a racionalidade, mas, atualmente, foi constatado que o sistema límbico é
importante na hora de estimular a aprendizagem.

O papel da área em estudo vai muito além de analisar o processo


de aprendizagem, ela deve explicar os distintos níveis de complexidade
neural envolvidos no processo.

Grande parte dos mais famosos autores que estudam sobre a


Neuroeducação, por exemplo: Puebla e Talma, baseiam-se no fundamento
análogo a aprendizagem humana com o arquivamento de informações
no computador, destacam como principais processos envolvidos nas
conexões neurais a memória, a percepção, a função executiva do cérebro
e os simbolismos humanos.

Uma das principais maneiras do professor fazer o aprimoramento


das funções dos alunos é desenvolvendo e estimulando o cérebro, as
habilidades cognitivas (para que o cérebro possa assimilar e compreender
melhor as informações).

Para que se possa ter um ensino com base na Neuroeducação,


a proposta de aprendizagem do professor deve conter situações que,
por meio de perspectivas prévias e reflexões realizadas, possuam ideias
e ações para o aprendizado do aluno. No decorrer do processo de
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 39

aprendizagem, o cérebro possui alterações morfológicas e funcionais


das células do sistema neural e de suas conexões sinápticas. Após
compreender o sistema neural das pessoas, muitos professores ainda
não possuem conhecimento para propor aos estudantes métodos
diferenciados de ensino, pois ainda não compreendem que estes
aprendem de forma individualizada no seu próprio tempo. Todavia, já
existem muitos professores que já utilizam práticas de Neuroeducação,
sendo uma dessas práticas os jogos.

Como auxiliador do professor na construção da aprendizagem, os


jogos fornecem diretrizes, de acordo com Maratori (2003):

•• Respeito às regras.

•• Estratégia.

•• Controle de tempo.

Além dessas diretrizes, os jogos ajudam no desenvolvimento do


aluno sob as concepções:

•• Criativa.

•• Afetiva.

•• Histórica.

•• Social.

•• Cultural.

Com o jogo as crianças podem inventar, descobrir e desenvolver


novas habilidades.

Como já vimos na unidade, foi graças a tecnologia que houve o


nascimento dos jogos que veio para facilitar a aprendizagem, então quero
mostrar a vocês, alunos, alguns exemplos de jogos encontrados hoje em
dia:

•• Jogo das Contas:

Esse jogo já foi desenvolvido e encontram-se disponível no site


Só matemática. Acesse clicando aqui. O intuito dele é a resolução de
operações básicas, mas isso em forma de desafio. Como seria isso?
40 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

As operações começam em um nível mais baixo e à medida que o


aluno vai acertando o nível, vai aumentando de norma gradativa. Assim, os
alunos resolvem no seu próprio ritmo e tem como recompensa o avanço
de nível.

SAIBA MAIS:

O site Só Matemática possui uma variedade de jogos,


o citado foi apenas um deles. Caso tenha interesse em
conhecer, acesse aqui.

Quis da Língua Portuguesa:

O site Só Português possui perguntas e respostas sobre a Língua


Portuguesa, fazendo com que os alunos testem seus conhecimentos
de forma divertida e interativa, cada pergunta vale 10 pontos, sendo 7
perguntas para serem respondidas. Acesse aqui.

•• Jogo do orçamento

Além de conhecimento sobre disciplinas tradicionais, também


existem jogos que estimulam outros conhecimentos, como é o caso
do Plenarinho. Ele possui o jogo do orçamento que trata da cidadania.
Nesse jogo, o jogador deve administrar o dinheiro de uma cidade, d com
esse dinheiro deve garantir aos cidadãos os direitos básicos como saúde,
segurança, educação, transporte, entre outros. E o mais legal, diariamente
é publicado no jornal da cidade os resultados dessas ações.

SAIBA MAIS:

Em 2019, a Google Play, plataforma de aplicativos da


empresa Google, convidou meninas do ensino médio de
todo Brasil para participar de um concurso de criação de
aplicativo de jogos com base no tema O que eu quero ver
no futuro. Para saber mais, acesse aqui.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 41

EXPLICANDO MELHOR:

Caso você queira compreender a dinâmica dos jogos


digitais, leia o artigo Jogos digitais e alfabetização: como
dar mais dinamismo ao aprendizado, de Débora Galofalo.
Durante a leitura, será possível compreender quais são os
jogos digitais capazes de favorecer o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno através de técnicas que
despertem a curiosidade. Assim, os jogos indicados neste
link têm como objetivo construir a sensação de prazer na
construção do ensino e aprendizagem.

O emprego de escalas de avaliação de jogos digitais educacionais


permite que professores possam identificar a qualidade de um jogo,
como elemento relevante no processo de ensino e aprendizagem,
antes da sua aplicação em sala de aula. Os Jogos Digitais Educacionais
ainda se apresentam como uma novidade no espaço escolar, seja pela
inexistência de jogos que atendam especificamente aos processos de
ensino e aprendizagem de uma determinada área do conhecimento, seja
pelo desconhecimento das possibilidades de uso neste campo (RIBEIRO
et al., 2015).

A inserção de ferramentas científico tecnológicas nas relações de


aprendizagem, ainda que de forma lenta, trazem uma nova revolução no
ensino contemporâneo. Vale lembrar que quando o giz em bastão chegou
às salas de aula no século XIX, ele representava um avanço tecnológico
importante para o campo da educação e seu uso foi sendo incorporado ao
cotidiano escolar de tal forma que sua ausência chegou a ser inadmissível
para qualquer professor e um objeto de desejo, disputado por alunos.
Hoje, para muitos professores, o giz está superado e foi substituído por
inúmeros outros aparatos e alguns alunos quase que o desconhecem
(RIBEIRO et al., 2015).

A inserção das tecnologias informáticas no ambiente virtual é algo


bastante recente, mas a despeito dessa condição, as instituições de
ensino e seus profissionais têm aderido, aos poucos, na aplicação das
42 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

novas ferramentas e que, portanto, como parte do processo de adequado


do ensino com a aprendizagem, a chegada dos jogos digitais como uma
realidade educacional, não está distante.
A inserção de ferramentas científico tecnológicas nas
relações de aprendizagem, ainda que de forma lenta,
trazem uma nova revolução no ensino contemporâneo.
Vale lembrar que quando o giz em bastão chegou às
salas de aula no século XIX, ele representava um avanço
tecnológico importante para o campo da educação e seu
uso foi sendo incorporado ao cotidiano escolar de tal forma
que sua ausência chegou a ser inadmissível para qualquer
professor e um objeto de desejo, disputado por alunos.
Hoje, para muitos professores, o giz está superado e foi
substituído por inúmeros outros aparatos e alguns alunos
quase que o desconhecem. Os Jogos Digitais Educacionais
vêm ganhando notoriedade na escola. O crescimento das
publicações, no meio acadêmico, sobre o tema no Brasil
em 10 anos (RIBEIRO et al., 2015, p. 5).

Ademais, sabendo que o propósito do uso da ferramenta é, tão


somente, a construção de um ambiente educacional propício para o
aprendizado, não se pode deixar de pensar que o processo de utilização
do jogo digital deva estar vinculado às teorias da aprendizagem, conforme
especifica Ribeiro et al. (2015):
Provavelmente, com a notoriedade mencionada.
Observou-se que, apesar do crescente uso do jogo como
parte integrante do processo ensino aprendizagem,
para diferentes áreas do conhecimento, a elaboração, o
desenvolvimento e a aplicação desses jogos acontecem,
ainda, de forma desvinculada às Teorias de Aprendizagem,
em boa parte dos casos aqui estudados (RIBEIRO et al.,
2015, p. 7).

A Importância dos Jogos de Tabuleiro


Vale a pena abrir um parêntese para dizer que não são somente
os jogos eletrônicos que influenciam na aprendizagem dos alunos. A
Neuroeducação também está atrelada aos jogos de tabuleiro que, apesar
de mais escassos, ainda vem se reinventando. Eles, mais que os jogos
digitais, influenciam na comunicação dos alunos, fazendo com que eles
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 43

estabeleçam diálogos entre si pessoalmente, pois muitos jogos requerem


que os indivíduos façam trocas, negociem, façam acordos. Então, o
primeiro estímulo que esses jogos causam nos alunos é o da linguagem,
devido às comunicações, também há escuta ativa e expressão oral
significativa.

IMPORTANTE:

Desde cedo o lúdico deve ser inserido na vida da criança,


pois o brincar   tem grande importância no desenvolvimento
cognitivo e comportamental dos pequenos. Os jogos,
assim como as brincadeiras, têm importância ímpar neste
desenvolvimento pois é responsável por desenvolver
várias habilidades que a criança irá utilizar em seus
vários contextos de vida. Os jogos de tabuleiros  ajudam
em aprendizados específicos tais como: raciocínio,
memória, atenção, elaboração de processos estratégicos,
concentração, além de facilitar a transposição de questões
para a vida,  levando a criança a aprender  que existem
momentos que necessitam de regras, de estratégias para
buscar um objetivo e de motivação para alcançá-los,
movimentos estes, fundamentais para uma vida assertiva
(CAMPOS, 2014).

Para que se possa jogar, os alunos estimularão a leitura, pois


precisarão ler para aprender as regras dos jogos. Além disso, a emoção
surge na hesitação de: quem vai vencer? O que preciso fazer para vencer?

Quantos de vocês, alunos, que estão agora lendo esse material não
já jogou algum jogo de tabuleiro e se viu curioso para aprender mais para
que assim pudessem vencer?

São exemplos de jogos de tabuleiro:

•• War

O War é um jogo de estratégia, o aluno deverá conquistar seu


território e continente, pois o jogo é disputado com o mapa do mundo
44 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

dividido em 6 regiões para que, assim, possa derrotar seu adversário. Faz
com que os alunos pensem de forma mais detalhada, sabendo a hora
certa de atacar e como proteger seu território e suas fronteiras.

Esse jogo possui várias versões que variam do War júnior, que não
possui cartas, sendo o mais rápido e fácil de aprender até o War II que
introduziu novos elementos.

•• A Ilha Proibida

Esse jogo é um jogo cooperativo, pois os jogadores devem juntos


encontrar os tesouros que estão na ilha, antes que as águas a cubram.
Os jogadores têm que criar estratégias para evitar a inundação da ilha e,
assim, concluir a missão de pegar os tesouros.

Ele desenvolve nos participantes o consenso na tomada de


decisões, promovendo também uma intensa atividade argumentativa.

•• Verbalia

Esse jogo é totalmente diferente de todos já tratados por aqui, ele


traz ensinamentos sobre a língua espanhola, além disso ele apresenta
50 maneiras diferentes de jogar, isso favorece o enriquecimento léxico e,
além disso, ajuda a adquirir conceitos gramaticais, contribuindo também
para o desenvolvimento dos processos fonológicos e silábicos.

•• Tangran

O Tagran é um quebra-cabeça que possui 7 peças. O que o


diferencia do quebra-cabeça convencional é que ele não possui somente
uma forma de construção, mas sim diversas, possibilitando desta forma
que as crianças formem diferentes figuras.

Uma dica na utilização desse jogo pelo professor é dividir os alunos


em duplas e colocar cada dupla em frente da outra, fazendo com que
construam uma imagem no menor tempo possível.

Além dos jogos citados, uma boa opção para desenvoltura dos
alunos é estimulá-los a criarem jogos. O professor ao estimular o aluno
a criar um jogo, fará com que ele pense e que ele queira que as pessoas
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 45

gostem do seu jogo, assim haverá um estímulo da criatividade e da forma


de pensar do aluno.

O emprego de escalas de avaliação de jogos digitais educacionais


permite que professores possam identificar a qualidade de um jogo, como
elemento relevante no processo de ensino e aprendizagem, antes da sua
aplicação em sala de aula. Como exemplo, quatro instrumentos validados
que apresentam confiabilidade estatística e que podem ser reaplicados
em pesquisas sobre DGBL (CAMPOS, 2014).

•• Jogo da Memória

O tradicional jogo da memória traz inúmeros benefícios para os


alunos, pois como foi tratado na unidade a memória é de suma importância
para a aprendizagem. Todos os anos, os alunos serão obrigados a
memorizar fórmulas, nomes e datas.

Dessa forma, o Jogo da Memória estimula o cérebro dos alunos a


memorizar com mais facilidade, treinando o cérebro para quando forem
estudar, consigam memorizar os assuntos da mesma forma.

Diante do que se observa no sistema apresentado na apostila.


Para  trabalhar efetivamente com o desenvolvimento de competências,
habilidades e atitudes, é necessário ter critérios bem definidos na hora
de escolher e selecionar os jogos para se trabalhar em sala de aula. Eles
devem ser escolhidos de acordo com os objetivos didáticos, e precisam
ficar disponíveis em sala, de maneira a incentivar os alunos a terem
autonomia e liberdade para escolher o jogo de sua preferência. Um meio
de despertar o interesse dos alunos nesta prática é incentivá-los a buscar
histórias e curiosidades sobre os jogos trabalhados em sala (CAMPOS,
2014).

IMPORTANTE:

Citamos os jogos como exemplos para ajudar o professor


na aprendizagem, todavia, os jogos não devem ser o único
recurso disponível, devendo ser somente um artifício
complementar para o professor.
46 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

RESUMINDO:

Nesta unidade, trouxemos inúmeros conhecimentos sobre


a Neuroeducação, neste capítulo em especial falamos de
uma proposta diferenciada de aprendizagem, trazendo os
benefícios dos jogos, suas diretrizes e como eles ajudam
o aluno na complementação da aprendizagem. Também,
trouxemos exemplos de jogos que podem ser utilizados.
Espero que tenham gostado e se preparem para a próxima.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 47

REFERÊNCIAS
BARTOSZECK, A. B.; BARTOSZECK, F. K. Percepção do professor
sobre Neurociência aplicada à educação. Revista da Educação,
Umuarama, v. 9, n. 1, p. 7-32, jan./jun., 2009.

BARTOSZECK, A. B. Neurociência dos seis primeiros anos:


implicações educacionais. EDUCERE. Revista da Educação, v. 9, n. 1, p.
7-32, 2007.

CAMPOS, L. A importância dos jogos de tabuleiro. Orte e Campos,


2014. Disponível em: http://orteecampos.com.br/a-importancia-dos-
jogos-de-tabuleiro. Acesso em: 8 de nov. 2021.

ESPINOSA. T. N. The scientifically substantiated art of teaching:


a study in the development of standards in the new academic field of
neuroeducation (mind, brain, and education science). Orientadora: Elena
Kays. 2008. 625 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-
Graduação em Educação. Capella University. Mineápolis. 2008. Versões
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