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Acordo do Alvor

Acordo de alvor

O Acordo de Alvor foi um acordo


assinado entre o governo português e os
principais movimentos de libertação de
Angola – Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), Frente
Nacional de Libertação de Angola
(FNLA) e União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA)[1]
— em Janeiro de 1975, em Alvor, no
Algarve. O acordo estabeleceu os
parâmetros para a partilha do poder, ou
seja, foi estabelecido com o propósito de
equilibrar o poder entre os três
movimentos acima já mencionados após
a obtenção da independência de Angola,
tida como necessária pelos dirigentes do
novo regime português.[2]

Negociações e assinatura
Em julho de 1974 os líderes do MPLA, da
FNLA e da UNITA reuniram-se em
Bucavu, no Zaire, onde concordaram em
constituir uma unidade política para
negociar com os portugueses a
concessão da independência de
Angola.[3] Eles se encontraram
novamente em Mombaça, no Quênia, em
5 de janeiro de 1975, onde concordaram
no cessar-fogo e delinearam uma
posição de negociação conjunta sobre
uma nova constituição.[3] Eles se
encontraram pela terceira vez num
pequena vila da chamada Alvor, em
Portugal, de 10 a 15 de janeiro de 1975 e
assinaram o que ficou conhecido como
Acordo de Alvor.[3]

Composto por 60 artigos o documento


assinado em Alvor deixava claro que,
após a data de sua independência,
Angola seria um estado livre e
soberano.[3] Seria adotada uma
constituição, mediada por um governo
de transição composto pela presença de
um alto-comissariado português em
conjunto com um colégio presidencial
ocupado por um membro de cada
movimento de libertação.[3]

Governo partilhado
O acordo estabeleceu o Conselho
Presidencial do Governo de Transição
liderado em governo alternado por Lopo
do Nascimento (MPLA), Johnny Eduardo
Pinnock (FNLA) e José Ndele (UNITA).[4]
Os comissários portugueses do
processo foram (pela ordem de posse):
António Rosa Coutinho, António da Silva
Cardoso, Ernesto Ferreira de Macedo e
Leonel Cardoso.[4]
A pasta do Ministério da Informação
estava com a seguinte configuração:
ministro Manuel Rui (MPLA),
secretariado por Jaka Jamba (UNITA) e
Hendrick Vaal Neto (FNLA).[4]

A pasta do Ministério do Trabalho e


Segurança Social estava com a seguinte
configuração: ministro António Dembo
(UNITA), secretariado por Cornélio Caley
(MPLA) e Baptista Nguvulu (FNLA).[4]

A pasta do Ministério do Interior estava


com a seguinte configuração: ministro
Ngola Kabangu (FNLA), secretariado por
Henrique Onambwé (MPLA) e João
Mulombo Vaikene (UNITA).[4]
A pasta do Ministério da Economia
estava com a seguinte configuração:
ministro Vasco Vieira de Almeida
(Portugal-Junta de Salvação Nacional);
comportava as seguintes secretarias
especiais: Secretaria de Estado da
Indústria e Energia, sob comando de
Augusto Lopes "Tutu" Teixeira (MPLA);
Secretaria de Estado das Pescas, sob
comando de Manuel Alberto Teixeira
Coelho (UNITA), e; Secretaria de Estado
do Comércio e Turismo, sob comando de
Graça Tavares (FNLA).[4]

A pasta do Ministério do Planeamento e


Finanças ficou a cargo do ministro Saíde
Mingas (MPLA), a do Ministério da
Justiça ficou a cargo do ministro
Diógenes Boavida (MPLA), a do
Ministério dos Transportes e
Comunicação ficou a cargo do ministro
Joaquim Albino Antunes da Cunha
(Portugal-Junta de Salvação Nacional), a
do Ministério da Saúde e Assuntos
Sociais ficou a cargo do ministro Samuel
Abrigada (FNLA), a do Ministério das
Obras Públicas, Habitação e Urbanismo
ficou a cargo do ministro Manuel Alfredo
Resende de Oliveira (Portugal-Junta de
Salvação Nacional), a do Ministério da
Educação e Cultura ficou a cargo do
ministro Jerónimo Elavoko Wanga
(UNITA), a do Ministério da Agricultura
ficou a cargo do ministro Mateus Neto
(FNLA) e a do Ministério dos Recursos
Naturais ficou a cargo do ministro
Jeremias Chitunda (UNITA).[4]

A hierarquia militar do Governo de


Transição ficou da seguinte forma:
Comandante da Região Militar de Angola,
general Ernesto Ferreira de Macedo;
Comandante da 2ª Região Aérea,
brigadeiro José Ferreira Valente;
Comandante da Base Naval de Angola,
almirante Leonel Cardoso, e; Comandos
de Área com Pedro Timóteo "Barreiro"
Kiakanwa (FNLA), João Jacob Caetano
"Monstro Imortal" (MPLA) e "Edmundo
Rocha" Sabino Sandele (UNITA).[4]
Dificuldades em sua
aplicação
Em entrevista à Agência Lusa, o dirigente
socialista, António de Almeida Santos,
que a 15 de Janeiro de 1975 era ministro
da Coordenação Inter-Territorial e
integrava a delegação portuguesa que
assinou o acordo, refere que, assim que
viu o documento, soube que "aquilo não
resultaria".[5]

De facto, no mês seguinte após o acordo


ter sido assinado, os três movimentos
envolveram-se em uma luta armada pelo
controlo do país e, em especial, da sua
capital, Luanda, no que ficou conhecido
como a Guerra Civil de Angola.[6]

Rescaldo
Uma última tentativa de salvar as
disposições e compromissos de Alvor
foram feitas no Acordo de Nakuru, em
junho de 1975.[7]

Referências
1. Mensagem de Agostinho Neto ao
povo angolano, 1975 (http://www.pa
doca.org/pag/Docs/alvor-neto.pdf)
2. Embaixada de Angola em Etiópia:
Acordo de Alvor (http://angolaethiopi
a.org/embaixada/index.php?option=
com_content&view=article&id=52%3
Aalvor&catid=29%3Ahistoria&Itemid=
80&lang=pt) [ligação inativa]

3. Tomás Diel Melícias (2017). O Feitiço


do Moderno: Jonas Savimbi e seus
projetos de nação angolana (1966-
1988) (https://repositorio.pucrs.br/d
space/bitstream/10923/10912/1/00
0485860-Texto%2BCompleto-0.pdf)
(PDF). Porto Alegre: Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande
do Sul
4. 1 926 - Os membros do Governo de
Transição (http://bcavalaria8423.blo
gspot.com/2014/02/1-926-os-memb
ros-do-governo-de-transicao.html) .
Cavaleiros do Norte/BCAV. 8423. 1
de fevereiro de 2014.
5. AngoNotícias: Acordo de Alvor foi
apenas um pedaco do papel (http://
www.angonoticias.com/full_headline
s.php?id=3717) 14 de janeiro 2005
6. «Pinheiro de Azevedo: Traição ao
Acordo do Alvor» (https://web.archiv
e.org/web/20131007165717/http://k
uribeka.com.sapo.pt/traicao.htm) .
Consultado em 20 de abril de 2011.
Arquivado do original (http://kuribek
a.com.sapo.pt/traicao.htm) em 7 de
outubro de 2013
7. Agostinho, Feliciano Paulo. Guerra
em Angola: As heranças da luta de
libertação e a Guerra Civil (https://co
mum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/1
1546/2/Guerra%20_em_Angola.pd
f) . Lisboa: Academia Militar.
Setembro de 2011.

Ligações externas
O acordo de Alvor, Retrospetiva
histórica dos Acordos do Alvor, por
Paulo Salvador, RTP, 1990 (https://ensi
na.rtp.pt/artigo/o-acordo-de-alvor/)

Ver também
Guerra Colonial Portuguesa
Guerra de Independência de Angola
Independência de Angola
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Acordo_do_Alvor&oldid=65043050"

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