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A independência de Angola

O caso angolano foi o mais complexo e traumático de todos os que envolveram os


territórios ultramarinos portugueses que alcançaram a sua independência nos anos de
1974 e 1975.

Sendo a maior de todas as colónias e a segunda mais povoada (mais de 7 milhões de


habitantes em 1974), com uma significativa população branca e urbanizada e valiosos
recursos naturais como petróleo e diamantes, não surpreende que Angola tenha sido
ferozmente disputada por diversos movimentos políticos e potências internacionais
que, no contexto da Guerra Fria, queriam tirar partido do vazio de poder deixado pelo
governo português.

Várias tendências em confronto


O golpe de 25 de abril de 1974 foi recebido pelos três movimentos de libertação –
FNLA, MPLA e UNITA – com alguma cautela. Altamente divididos e impreparados
para lidarem com a nova situação política, receavam que o Presidente da Junta de
Salvação Nacional, António de Spínola, procurasse impor uma solução neocolonial no
território. À exceção da UNITA, que em 14 de junho acordou a suspensão de
hostilidades com as tropas portuguesas, os guerrilheiros angolanos mostravam-se
dispostos em prosseguir a luta armada. A nomeação do general Silvino Silvério
Marques para o governo-geral de Angola (15 de junho – 24 de julho de 1974) não
caiu bem junto dos sectores mais à esquerda, nomeadamente junto do MFA local, e
contribuiu para o ambiente de crispação política e social vivido em Luanda desde o
início de junho.

A criação de juntas governativas


Após os episódios de violência nos musseques desta cidade em meados de julho,
Spínola, pressionado pelo MFA Angola, promulga a Lei nº6/74, de 24 de julho, que
substituía os governos gerais de Angola e Moçambique por juntas governativas com
poderes civis e militares.

Presidente da junta Governativa de Angola: António Alva Rosa Coutinho

Quem era?
Um membro da Junta de Salvação Nacional cujo perfil político agradaria aos sectores
da esquerda angolana, mais concretamente ao MPLA.
A 15 de agosto, já depois de uma relativa acalmia social, as autoridades portuguesas
apelavam à colaboração da população e denunciavam a ação de provocadores e
agitadores.

A derradeira tentativa de Spínola


Já depois do encontro com o presidente do Zaire, Mobutu, em Cabo Verde, no dia 21
de setembro, António de Spínola anuncia a sua intenção de conduzir diretamente as
negociações para a independência de Angola. Seis dias depois, em vésperas da sua
renúncia à Presidência da República, reunia-se no Ministério da Coordenação
Interterritorial em Lisboa com representantes das “forças vivas de Angola”,
reafirmando o seu empenho num processo de descolonização democrático, que
respeitasse a vontade do povo angolano e a pluralidade partidária. Segundo o
historiador Norrie MacQueen (1997, 207-208), esta reunião teria representado a
derradeira tentativa por parte do presidente português de implementar em Angola as
suas teses federalistas, expostas na sua obra Portugal e o Futuro.

A 11 de Novembro comemorou-se a Independência de Angola, um momento histórico


que proporcionou muita alegria a todos os cidadãos angolanos, porque nesta data foi
proclamada a tão sonhada emancipação de Angola. A partir desse dia, o país tornou-
se livre da opressão colonialista portuguesa.

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O FIM DO IMPÉRIO COLONIAL EM ÁFRICA – INDEPENDÊNCIA DE
ANGOLA
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Os três movimentos de Angola declararam a independência a 11 de novembro de
1975: o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) em Luanda, a
Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) em Ambriz e a União Nacional
para a Independência Total de Angola (UNITA) em Huambo. No entanto, a
proclamação de independência do MPLA só viria a ser reconhecida pela comunidade
internacional.

Angola, uma independência armada

A independência de Angola constituiu desde o início do processo político pos-25 de


abril um dos assuntos mais complexos e problemáticos, um dos que gerou maiores
tensões entre os militares. Angola era a joia da coroa entre as colónias portuguesas, a
mais rica, a que concentrava a maior comunidade de colonos brancos, aquela onde a
situação militar era a mais favorável às forças portuguesas e onde, pelo contrário, os
movimentos independentistas eram mais fracos e se encontravam em pior situação,
divididos e dependentes de apoios externos antagónicos: a FNLA dependente dos
EUA e da República do Zaire, o MPLA na órbita da URSS e apoiado pela Zâmbia, a
UNITA ligada à China e formalmente aliada do governo português de Marcelo
Caetano.

A intervenção das grandes potências na independência de Angola era inevitável e o


general Spínola aproveitou uma viagem de regresso da Europa aos Estados Unidos de
Richard Nixon para se reunir com o presidente americano a 19 de junho de 1974 nos
Açores, numa reunião onde terá abordado a independência da grande colónia.
No território, as tensões e as incertezas provocaram vários incidentes, em particular
em Luanda, confirmando os temores de que a descolonização seria dramática. Em 22
de julho e na sequência de vários incidentes em Angola, a Junta de Salvação Nacional
criou uma Junta Governativa para administrar o território. O almirante Rosa Coutinho
foi nomeado chefe dessa Junta em acumulação com as funções de Comandante-chefe
das Forças Armadas.

A 28 de julho, depois do governo português ter reconhecido no dia anterior o direito à


independência das colónias, o MPLA e a FNLA concordam em criar uma frente
comum para negociar com Portugal a independência de Angola.

O futuro de Angola interessava à comunidade internacional e em particular aos seus


vizinhos. A 15 de Setembro, o general Spínola e Mobutu, presidente do Zaire,
reuniram-se no Sal, em Cabo Verde, para conversações sobre a independência.
Spínola tentava obter um compromisso de não intervenção do Zaire na
descolonização de Angola e tinha um plano para declaração de independência
unilateral. Este plano assentava nas chamadas «Forças Vivas de Angola», constituídas
por dirigentes da União Nacional de Angola, do Partido Cristão para a Democracia e
da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda. Os dirigentes destas organizações
chegaram a vir a Lisboa a 27 de setembro para receberem o poder das mãos de
Spínola, caso este conseguisse impor o seu projeto com manifestação a 28 de
Setembro. Em Lisboa encontravam-se também o brigadeiro Altino de Magalhães,
Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Angola e o engenheiro Santos e
Castro, antigo governador.

Falhada a solução prevista, a 23 de outubro ocorreu em Luanda uma tentativa de


golpe de colonos brancos da Frente de Resistência Angolana (FRA), que seria
derrotada pelos militares do MFA.

Após a derrota destas tentativas, Kinshasa, passa a ser a plataforma onde se jogam as
alianças de ocasião para substituir o governo português em Angola. A 11 e 12 de
outubro realizaram-se na capital do Zaire reuniões entre uma delegação portuguesa e
Mobutu e também com uma delegação da FNLA, onde foi decidida a cessão das
hostilidades. A 21, uma delegação portuguesa terá conversações com uma delegação
do MPLA, presidida por Agostinho Neto. Na sequência dela o MPLA anunciou o fim
da luta armada. A 23 de novembro, a FNLA reuniu-se com a UNITA também em
Kinshasa e estabeleceram um acordo, que deixa o MPLA preocupado. No entanto,
também assinara um acordo com a UNITA, a 18 de dezembro.

No final do ano de 1974 os três movimentos de libertação haviam estabelecido


acordos entre eles para negociarem com Portugal. A preocupação dos movimentos era
a de, dada a sua fraqueza militar e política, ser organizada uma resistência branca em
Angola que os impedisse de aceder diretamente ao poder. O acordo entre os três
movimentos para negociarem com o governo português foi feito em Mombaça, em 5
de janeiro. Logo a seguir realizam-se as conversações de Alvor que conduzem a um
acordo entre Portugal e os três movimentos de libertação.

O processo de transição de Angola para a independência inicia então uma nova fase,
com o regresso do almirante Rosa Coutinho a Portugal e a nomeação do brigadeiro
Silva Cardoso para alto- comissário e presidente do governo de transição em Angola.
O Acordo de Alvor define um modelo de transferência de poderes e cria os
instrumentos-base do esforço comum para que Angola se venha a tornar um estado
independente a 11 de Novembro de 1975. Contudo, os interesses brevemente
silenciados, não tardarão a fazer ouvir a sua voz, desfazendo em migalhas as
esperanças de Alvor. Sem que a data da independência viesse a ser posta em causa, o
edifício constitucional laboriosamente construído durante as conversações acabará
rapidamente por ruir e o Acordo será suspenso, depois de sistematicamente posto em
causa, a partir de Setembro de 1975.

À data da independência, o território angolano encontrava-se dividido entre os três


movimentos nacionalistas, pelo que todos proclamaram unilateralmente a
independência. O MPLA, depois de vencer a batalha por Luanda, proclamou aí a
independência de Angola, pela voz de Agostinho Neto. E só este movimento veio a
ser reconhecido pela comunidade internacional, tendo Portugal reconhecido a
República Popular de Angola apenas em 22 de fevereiro de 1976, depois de mais de
oitenta países o terem feito.

Fonte: Aniceto Afonso, Carlos Matos Gomes e Maria Inácia Rezola.

Aconteceu neste fim de semana


O secretário-geral do Partido Popular Democrático (PPD), Sá Carneiro, em
conferência de imprensa no Porto, diz que Portugal vive já em estado de sítio.
No Porto, no seguimento de uma manifestação de apoio às direções do Partido
Socialista (PS), Partido Popular Democrático (PPD) e Centro Democrático Social
(CDS), a sede da União dos Sindicatos do Porto (USP) é destruída e a sede da União
dos Estudantes Comunistas (UEC) é apedrejada.
Álvaro Cunhal, secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), inicia um
périplo que passa por cinco países da Europa Oriental: União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), Polónia, Jugoslávia, Hungria e Bulgária.
A radicalização política vivida em Lisboa e a perceção da iminência de um golpe das
forças da extrema-esquerda leva os dirigentes partidários do Partido Socialista (PS),
Partido Popular Democrático (PPD) e Centro Democrático Social (CDS) a
deslocarem-se para o Porto para organizarem a resistência.
Em Lisboa, decorre uma reunião do Grupo dos Nove com os militares que lhe são
afetos, entre os quais se contam Ramalho Eanes, Jaime Neves, Loureiro dos Santos,
Tomé Pinto e Salgueiro Maia, que deliberam o reforço de posições do grupo, a
nomeação de Vasco Lourenço como comandante da Região Militar de Lisboa (RML)
e a reafirmação do apoio ao VI Governo Provisório.
O Presidente da República é entrevistado na Rádio e Televisão de Portugal (RTP),
reconhecendo a existência de divisões nas Forças Armadas.
O Decreto-Lei N.º 644/75 muda a lei orgânica do Banco de Portugal.A Portaria nº
673/75 expropria prédios rústicos no distrito de Setúbal.

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