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A Guerra de Independência de Angola

de Basilio-Rapper | trabalhosfeitos.com

INTRODUÇÃO

A partir do seculo XV, Os portugueses sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D.


João II, chegam ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos
portugueses desta região de Africa, incluindo Angola.
Contudo, apesar deste contacto tão longo, a presença efectiva dos Portugueses nas
terras de Angola, foi durante mais de trezentos anos limitada a uma pequena porção
do litoral perto da foz do Cuanza, de menos que 10% da área total do território actual.
Somente depois da Corrida à África nos fins do Século XIX é que os Portugueses
expandiram o seu domínio para o interior, e somente em 1926 é que o território ficou
com a sua configuração actual sob o controle total dos Portugueses.

Uma vez fixado em Angola o governo português não reconhece os direitos do povo
autóctone, e implementa um conjunto de politicas e acções que vai propiciar o
surgimento de uma Consciência Nacionalista. Surge com isto os movimentos políticos
que reivindicar junto das autoridades coloniais o direito a independência e
autodeterminação, como: o FNLA, MPLA e a UNITA. É no entanto no ano de 1975 que
proclama-se a independência levada a cabo pelos três movimentos, mas tendo maior
reconhecimento internacional a Proclamação de Independência do MPLA. A partir
deste momento vai ocorrer um conjunto de acontecimentos não menos importantes
para a história desta grande nação africana, nós o grupo numero quatro nos
encarregaremos de analisar os acontecimentos sucederam de 1975 à 1992,no
esforçando ao máximo esclarecer tal temática e trazer ao púlpito as questões mais
relevantes inerentes a este referencial cronológico.

Objectivo geral:
Descrever os acontecimentos marcantes que ocorreram em Angola desde 1975-1992.
Objectivos específicos:
Descrever a guerra de independência em angola;
Analisar os acordos para a independência de Angola;
Explicar a essência e o significado do Acordo de Alvor;
Esclarecer o processo de proclamação da independência em Angola;
Explicar o desenrolar da guerra civil em Angola;
Analisar a intervenção cubana em Angola (Operação Carlota);
Elucidar prudentemente o que foi o fraccionismo;
Descrever a batalha do Cuito Cuanavale;
Analisar o Acordo de Bicesse.
Fonte e Método de Pesquisa: pesquisa bibliográfica, elaboração conjunta, dedução,
indução, critica, análise e síntese.

E como todo trabalho de investigação obedece sempre a uma certa organização,


desta feita o nosso trabalho está estruturada da seguinte forma:

PARTE PRÉ-TEXTUAL: pensamento, agradecimento, de dedicatória, pensamento e


índice.

PARTE TEXTUAL: introdução, a guerra de independência, os acordos para a


independência, acordos de Alvor, a proclamação da independência, a guerra civil, a
intervenção cubana – operação carlota, o fraccionismo, a batalha do Cuito Cuanavale,
as acordos de Bicesse.

PARTE POS-TEXTUAL: conclusão, bibliografia.

1. - A Guerra de Independência de Angola

Também conhecida como Luta Armada de Libertação Nacional, foi um conflitoarmado


entre as forças independentistas de Angola — UPA/FNLA, MPLA e, a partir de 1966, a
UNITA — e as Forças Armadas de Portugal. Para o MPLA, a guerra teve início a 4 de
Fevereiro de 1961, quando um grupo de cerca de 200 angolanos, ligados a este
movimento, atacou a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7.ª Esquadra
da polícia, a sede dos CTT e a Emissora Nacional de Angola. No entanto, para
Portugal e para a FNLA, a data é 15 de Março, data do primeiro ataque das forças de
Holden Roberto, a UPA, na região Norte de Angola. A guerra prolongar-se-ia por mais
13 anos, terminando com um cessar-fogo em Junho (com a UNITA) e Outubro (com a
FNLA e o MPLA) de 1974. A independência de Angola foi estabelecida a 15 de Janeiro
de 1975, com a assinatura do Acordo do Alvor entre os quatro intervenientes no
conflito: Governo português, FNLA, MPLA e UNITA. A independência e a passagem
de soberania ficou marcada para o dia 11 de Novembro desse ano.
Depois de quatro séculos de presença em território africano, no final do século XIX,
Portugal achou-se no direito de reivindicar a soberania dos territórios desde Angola a
Moçambique, junto das outras potências europeias. Para tal, teria lugar a Conferência
de Berlim em 1884. A partir desta data, foram várias as expedições efetuadas aos
territórios africanos, às quais se seguiram campanhas militares com o objectivo de
"pacificar" as populações. A população tentou resistir mas, dada a superioridade bélica
de Portugal, rapidamente abandonaram a resistênciapor meio das armas. Décadas
depois, Portugal foi colocado frente-a-frente com guerras de independência, a primeira
das quais a de Angola, que também marcou o início da Guerra Colonial Portuguesa.
Seguir-se-iam as da Guiné-Bissau (1963) e de Moçambique (1964). Influenciadas
pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, o grande objectivo
das organizações independentistas era "libertar Angola do colonialismo, da
escravatura e exploração", impostos por Portugal. Embora Angola fosse um território
de grande riqueza de recursos naturais, nomeadamente em café, petróleo, diamantes,
minério de ferro e algodão, para o Governo de Portugal, liderado por António de
Oliveira Salazar, o que era preciso defender era o regime e não a economia. Muitas
vezes incentivados pelo próprio Estado português, cerca de 110 000 imigrantes foram
para as colónias africanas, a grande maioria para Angola, nas décadas de 1940 e
1950; em 1960, dos cerca de 126 000 colonos residentes em Angola, 116 000 eram
originários de Portugal.
Do ponto de vista militar, as tropas portuguesas tiveram que enfrentar uma guerra de
guerrilha não-convencional, para a qual não estavam preparadas nem motivadas. O
esforço de guerra recaiu sobre o Exército, dadas as características do conflito, apoiado
por meios navais e aéreos. Inicialmente, o equipamento do exército português estava
obsoleto (a maioria datava da Segunda Guerra Mundial e algum era mesmo anterior),
e o número de forças era de cerca de 6 500 homens. A partir do primeiroano, as forças
portuguesas passaram de 33 000 homens (1961) até atingir um contingente de 65 000
no final da guerra, que reunia todos os ramos das Forças Armadas. Embora superior
em homens, estes precisavam do apoio dos meios navais e aéreos, tacticamente mais
fortes. No entanto, por falta de recursos para apoiar estes meios, e pela natureza
desgastante do conflito, Portugal foi perdendo a sua superioridade ao longo do
conflito. Para combater a guerrilha, Portugal teve de se adaptar com técnicas de
contra-subversão a partir de 1966. Em relação à guerrilha, esta estava completamente
adaptada ao terreno e ao clima difícil de Angola: moviam-se sem dificuldade em
pequenos grupos (10 a 40 elementos), aproveitando-se, ao nível logístico e
operacional, do apoio das populações. No entanto, uma das principais ameaças dos
guerrilheiros vinha do seu interior: disputas tribais, diferenças étnicas e culturais. Ao
longo do conflito, a UPA/FNLA, o MPLA e a UNITA, que actuavam em diferentes
regiões de Angola, por vezes defrontavam-se entre eles Estas divergências iriam
agudizar-se após a Independência de Angola, com a Guerra Civil Angolana.
Em Portugal, a guerra colonial era há muito tempo contestada: a população via os
seus familiares a morrer ou a ficarem deficientes; o país via os seus recursos
financeiros a esgotarem-se, a produção a decair e a inflação a subir; e surgiam vozes
discordantes do regime, desde a esquerda à direita, passando pela igreja católica,
pelos movimentos estudantis e pelasassociações sindicais. Aliada a esta contestação
social, e a uma pressão internacional sobre a condução da Guerra Colonial
Portuguesa, vai crescendo a influência comunista sobre os militares portugueses. O
fim da guerra em Angola culminará com um golpe de Estado militar em Portugal, a
Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.
1.1 – Os acordos para independência
As negociações para a independência iniciaram-se apos 25 de abril de 1974 e logo em
junho desse ano, na Conferência de Lusaka, e em Agosto, na ONU, se deram os
passos decisivos para o processo de descolonização.
Nos primeiros dias de Janeiro de 1975, após a reunião de Mombaça (Quénia, de 02 à
05 de janeiro de 1975) estavam finalmente satisfeitas todas condições para que fosse
possível a formalização de um acordo para independência e transferência do poder.
1.1.1 – O acordo de Alvor
A cimeira teve lugar em Alvor, entre os dias 10 a 15 de Janeiro de 1975, reunindo as
quatro delegações, a portuguesa e a de três movimentos de libertação nacional.
A cimeira entre Portugal, o MPLA, a FNLA e a UNITA teve lugar no hotel Penina Golfe,
no Alvor, Algarve. Agostinho Neto, Holdem Roberto e Jonas Savimbi lideraram as
delegações dos respectivos movimentos, sendo acompanhados de praticamente todos
seus mais altos dirigentes, numa tentativa de demonstrar forças. Já o estado
português esteve representado por Melo Antunes, Ministro sem Pastas e responsável
de facto pelo processo de descolonização de Angola. Mário Soares Ministro dos
Negócios Estrangeiros,Almeida Santos, Ministro da Coordenação Interterritorial, Silva
Cardoso membro da junta governativa, Goncalves Ribeiro do governo angolano,
Pezarat Correia do MFA (movimento das forças armadas) Angola, Fernando Reino e
Passos Ramos da Comissão Nacional de Descolonização.
Depois de cinco dias de intensas negociações, as quatro partes chegaram a um
compromisso, expresso no texto de acordo de Alvor que, no essencial, definiu as
condições para a transferência do poder e as estruturas para o período de transição.
O texto final começou por iniciar os grandes princípios. Neste âmbito:
Reconheceu o MPLA, a FNLA e a UNITA como “únicos e legítimos representantes do
povo angolano”;
Proclamou o direito a independência;
Afirmou Angola como uma identidade una e indivisível nos seus limites geográficos
actuais, sendo Cabinda parte integrante e inalienável do território angolano;
Marcou para 11 de Novembro de 1975 a data de proclamação da independência;
Definiu como órgão de poder para o período de Transição um alto comissario e um
governo de transição;
Finalmente, formalizou o cessar – fogo geral, já observado de facto.
Em 31 de Janeiro, em Luanda, o Alto-comissário dava posse ao governo de transição,
com a significativa presença de Delegados da ONU e da OUA.
Durante o mês de Março e princípio de Abril a situação evoluiu para uma luta aberta
entre o FNLA e o MPLA, enquanto a UNITA se mantinha numa aparente neutralidade,
da qual viria acolher seguros dividendos.
Alguns meses depois, realizou-se aCimeira de Nakuru (Quénia, de 16 a 21 de Junho),
com a participação dos três movimentos, notando-se ausência de Portugal. O acordo
foi assinalado a 21 de Junho para evitar a guerra civil. Os três movimentos
comprometeram-se a renunciar ao uso da força como meio de solucionar os
problemas e honrar os compromissos resultantes do acordo de alvor.

1.2 A proclamação da independência


No dia 10 de novembro de 1975 no salão nobre do palácio do governo, perante muitas
dezenas de jornalistas portugueses, angolanos e estrangeiros, o Alto-comissário leu
com solenidade em nome do presidente da república portuguesa a declaração da
independência do ESTADO DE ANGOLA, transferindo a soberania para o povo
angolano.
A meia-noite de 10 para 11 o alto-comissário e seus colaboradores e os últimos
contingentes militares portugueses arriavam pela última vez a bandeira portuguesa e
deixaram Angola embarcando na base naval da ilha de Luanda. Cessava a soberania
portuguesa e nascia um novo estado Independente numa dramática incerteza sobre o
qual seria a situação militar ao amanhecer do dia seguinte.
Em 11 de Novembro o MPLA proclamou em Luanda a República Popular de Angola
(RPA) e a FNLA e a UNITA proclamaram em conjunto no Huambo a Republica
Democrática de Angola, constituindo-se dois governos paralelos.
Tendo em conta os termos do Acordo de Alvor, Portugal não reconheceu qualquer dos
governos. Depois de muitas hesitações, Portugal só viria a reconhecer a RPA a 23 de
fevereiro de 1976, quase três meses e meiodepois da proclamação da independência.
E foi o octogésimo segundo pais a faze-lo.
Com a proclamação da independência, Angola passou a ser governada pelo MPLA. A
guerra civil, entretanto continuou no fim da década de 1970, a FNLA foi extinta. O
conflito ficou então polarizado entre o MPLA, ajudado pelas tropas cubanas, e a
UNITA, apoiada por forcas da Africa do Sul.
No fim do ano de 1990, o MPLA decidiu abandonar a doutrina Marxista-leninista e
mudar o regime para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de
mercado. A UNITA e a FNLA aceitaram participar no regime novo e concorreram as
primeiras eleições realizadas em Angola em 1992 da qual o MPLA saiu como
vencedor. Não aceitando os resultados destas eleições a UNITA retomou de imediato
a guerra. Com algumas breves interrupções, a guerra civil só vieram a terminar em
2002 com a morte do presidente da UNITA em combate.

1.3 – A Guerra Civil


Poucos dias volvidos sobre Acordo de Nakuru a situação já registava um visível
agravamento, com incremento da actividade militar dos movimentos, que nunca tinha
deixado de receber do exterior, avultadas quantidades de armamentos e preparavam
já mesmo a internacionalização do conflito.
Praticamente, o Acordo de Nakuru não alterou absolutamente em nada o curso dos
acontecimentos que marchavam irreversivelmente para guerra civil generalizada.
Desde os princípios da guerrilha, em 1961, que em Angola se cruzavam apoios
estrangeiros de vários matizes, que ao longo dos anos se foramintensificando e
diversificando. Todos os movimentos foram apoiados, logística e tecnicamente por
países estrangeiros, nomeadamente: EUA, URSS, China, Africa do Sul, Cuba e Zaire.
Desde as primeiras horas essas forças estiveram por detrás das acções.
Nas vésperas do dia 11 de Novembro, a preocupação dos movimentos era,
obviamente o controlo da cidade de Luanda, para ai, na capital, proclamarem a
independência.
O ataque coordenado a Luanda deveria ser lançado a 10 de Novembro, para que a
cidade estivesse na posse da coligação FNLA/UNITA no dia seguinte, ou seja, dia 11,
dará da proclamação da independência. Mas as forças do MPLA/Cubanos com
suporte da União Soviética registaram e este movimento não perdeu a capital. O
MPLA teve de confrontar com duas frentes distintas e a cidade estava já ao alcance da
artilharia instalada ao norte, em apoio do ataque pronto a ser desencadeado pela
coluna da FNLA e os seus aliados. A sudeste, a coluna Zulu preparava-se para a
travessia do rio Queve, depois ter assegurado o domínio de todas as cidades costeiras
até ao Kwanza.
O MPLA conseguira o seu objectivo de manter posse de Luanda em 11 de Novembro
e a FNLA/UNITA falharam o seu objectivo de a conquistar.
A FNLA, as tropas Zairenses e comandos especiais completamente desorganizadas,
retiram-se de Angola em Fevereiro de 1976. A Africa do Sul retirara em Março de
1976, mas isso não significaria o fim das suas incursões militares no interior de
Angola. Esteve constantemente envolvidas em operações de grandeenvergadura no
sul, ou em acções de tipo “ comando” em varias zonas do país. Quer em iniciativas
autónomas, quer em conjunto com a UNITA.
Até 1975, Angola foi um dos territórios coloniais africanos do Império Português tal
como Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, regidas por
Portugal. No entanto surgiu uma guerra de guerrilha entre o governo colonial e três
movimentos revolucionários armados, a FNLA (Frente Nacional de Libertação de
Angola), a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola), com um acréscimo no norte, na região
de Cabinda levada a cabo pela FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda),
um movimento separatista) que reclamava a independência autónoma de Cabinda em
relação a Angola.
Angola foi só uma das frentes da Guerra do Ultramar, durante a qual, o estado
português tentou manter os seus territórios coloniais ao contrario da tendência das
outras nações europeias como a Grã-Bretanha e a França que estavam a entregar a
independência gradualmente às suas colónias.
O prelúdio da guerra civil angolana, tem a sua origem em 1974 quando se deu em
Portugal a Revolução dos Cravos, derrubando o regime salazarista. A junta militar que
ocupou o poder provisoriamente, decidiu acabar a Guerra do Ultramar mas deixar as
tropas nas colónias até à sua independência. No entanto, devido a pressões internas,
decidem abandonar Angola até o outono de 1975, sem que nenhum dos movimentos
revolucionários estivesse nocontrole da nação. Uma decisão problemática que afectou
o desfecho da guerra civil em Angola.

O MPLA no poder

Em Agosto de 1975 o MPLA controlava onze das quinze províncias de Angola,


incluindo a capital Luanda e a cidade de Cabinda, sendo por isso a escolha óbvia para
tomar o poder em Angola, no entanto a decisão de Portugal de entregar o poder aos
três movimentos, provou ser um erro crasso, dando inicio à Guerra Civil Angolana.
A 10 de Novembro as forças do novo governo, as FAPLA, com ajuda cubana,
derrotaram uma ofensiva da FNLA que tinha o apoio do Zaire com um reforço do
exército zairense de 1.200 soldados, num célebre confronto a norte de Luanda que
ficou conhecido pela Batalha de Kifangondo.
Nos anos seguintes, o governo do MPLA e as suas forças militares lutaram contra
guerrilheiros armados pelo Zaire, Estados Unidos da América e pela África do Sul, até
que em 1984 a FNLA de Holden Roberto reconheceu a derrota, mantendo-se no
entanto a guerra contra a UNITA de Jonas Savimbi.
Até 1987 entraram no conflito angolano outras nações e organizações interessadas,
ao lado do governo angolano encontravam-se as FAR (Fuerzas Armadas
Revolucionarias de Cuba), o braço armado do ANC (African National Congress),
Umkhonto we Sizwe e a SWAPO (South West Africa People's Organization), ao lado
da UNITA estava o exército sul-africano e os seus aliados.
FAR - A intervenção da FAR começou apenas com 652 tropas de elite na Operação
Carlota, uma manobra militar levada a cabo em Novembro de 1975 contraa incursão
sul-africana, porém com a expansão da guerra nos anos seguintes Cuba, a pedido do
governo angolano, reforçou as suas forças militares de uma forma permanente, tendo
participado na batalha de Cuito Cuanavale 15.000 tropas cubanas. A força cubana em
Angola chegou a ter 36.000 tropas activas.
URSS - a participação da União Soviética no conflito angolano, limitou-se a um grupo
de conselheiros militares soviéticos colocados em Angola, à formação de quadros
superiores em território da URSS e à ajuda em armamento militar. As relações entre
os dois países nunca foram totalmente claras, havendo suspeitas de envolvimento
soviético numa tentativa de golpe de estado, preconizado pelo Ministro do Interior do
MPLA Nito Alves, culminando num período negro da história angolana conhecido por
Fraccionismo. Não obstante esses desentendimentos, estiveram presentes na batalha
conselheiros soviéticos que tiveram um papel muito importante na organização das
FAPLA e na planificação da batalha.
A Jamba - Os EUA não reconheceram o governo angolano, acusando-os de
comunistas, receando que Angola se tornasse uma ponta de lança da União Soviética
em África. Henry Kissinger, Secretário de Estado dos Presidentes Richard Nixon e
Gerald Ford, chegaram mesmo a afirmar que o governo do MPLA era uma ameaça à
liberdade em África. Nos anos oitenta a administração de Ronald Reagan promoveu a
guerra de guerrilha nos países com ligações ao Bloco de Leste, em países como a
Nicarágua e Angola. Já desde 1977 que os EstadosUnidos da América apoiavam
UNITA, vindo a reforçar esse apoio no governo Regan. Um dos projectos mais
importantes da ajuda americana foi a Jamba, o refúgio e quartel-general das forças da
UNITA no sudoeste de Angola. Na Jamba, Jonas Savimbi líder da UNITA, construiu
uma base militar bem defendida para lutar contra o governo MPLA e criou um mini -
Estado.
Em 1985 na Jamba, Savimbi foi o anfitrião da Internacional Democrática, um encontro
de chefes de alguns movimentos anticomunistas través o mundo, oficializando dessa
forma o seu mini-estado. A presença semi-oficial de um mini-estado criado pela UNITA
em território angolano era considerada uma afronta ao governo de José Eduardo dos
Santos, presidente de Angola à altura do conflito. Em 1987, o governo angolano
decidiu eliminar esse mini-estado e retomar o controlo do sudoeste angolano. O
resultado foi a batalha de Cuito Cuanavale, uma povoação situada na Jamba na
província do Cuando-Cubango.
Mavinga - A primeira acção militar da campanha do governo angolano, foi a ocupação
da antiga base portuguesa de Mavinga, onde estavam sediados 8.000 guerrilheiros da
UNITA, porem até a chegada das forças angolanos, Mavinga recebeu um reforço de
4.000 tropas da SADF (South African Defence Force), vindo a confrontar uma força de
18.000 soldados angolanos. Mavinga foi o primeiro passo no caminho para a Jamba e
para penetrar a Faixa de Caprivi.
O ataque a Mavinga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas
estimadas em 4.000 mortos. A manobra decontra-ataque das SADF, nomeada
Operação Modular foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a retroceder
200 quilómetros de volta a Cuito Cuanavale numa perseguição constante através da
Operação Hooper.

1.3.1 – A Intervenção Cubana - Operação Carlota


Operação Carlota (Operación Carlota, em espanhol) foi o codinome da intervenção
militar cubana em Angola, em 1975.
História
Grosso modo, este nome apenas baptiza o nome da ponte aérea Cuba-Angola de
emergência que o governo da Havana realizou para ajudar o Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA) a manter seu poder em Luanda (capital angolana) e lá
proclamar a independência de Angola, a [11 de Novembro] de 1975. No entanto, o que
era para ser apenas uma intervenção de ajuda ao MPLA para expulsar do território
angolano as tropas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA),
apoiadas pela África do Sul e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA),
apoiadas pelo Zaire, transformou-se numa intervenção de larga escala que duraria
dezasseis anos e envolveu não apenas soldados cubanos, mas também, médicos,
engenheiros e professores.
É importante salientar que a UNITA, o FNLA e o MPLA eram facções rivais que
lutavam contra o colonialismo português, mas também lutavam entre si pelo controle
da Angola pós-independente. Além das diferenças ideológicas (UNITA: direita; FNLA:
centro-direita; MPLA: esquerda), tais facções eram patrocinadas por rivais da arena
internacional (UNITA: África do Sul e EstadosUnidos; FNLA: Zaire e China; MPLA:
Cuba e União Soviética). Outro ingrediente explosivo nesta mistura eram as diferenças
tribais que perpassavam tais grupos. Este, em resumo, foram os ingredientes que
levaram à sangrenta e duradoura guerra civil angolana.
A ponte aérea de Novembro de 1975 tinha o seguinte trajeto: as tropas e o material
bélico cubano eram embarcados em velhos aviões Britânicos no aeroporto da cidade
cubana de Holguín, o mais ocidental de Cuba. De Holguín os aviões partiam rumo a
Luanda, com escalas em Bridgetown (capital de Barbados), Bissau (lembre-se que
Fidel Castro enviou assessores militares cubanos para ajudar o Partido Africano para
a Independência da Guiné e Cabo Verde em sua luta contra o colonialismo português
na Guiné-Bissau) e em Brazzaville (capital do Congo, então sob um regime de
inspiração comunista). A travessia sobre o Atlântico era a parte mais tensa, com os
aviões cubanos pousando em África já quase sem combustível (principalmente após o
governo de Barbados ter vetado o acesso aos aviões cubanos ao seu território, veto
esse feito sob pressão dos Estados Unidos.
O nome "Carlota" deve-se a uma escrava negra que liderou uma revolta de escravos
contra o colonialismo espanhol na ilha de Cuba, em 1843. Carlota foi derrotada pelos
espanhóis, mas morreu bravamente, com um facão na mão, sem se render. Em 1973,
Fidel Castro houve por bem realizar eventos em comemoração aos 130 anos da
revolta de Carlota e o nome ficou-lhe na cabeça. Dois anos depois, Castro não
duvidou embaptizar de "Carlota" o nome da operação de ajuda ao MPLA angolano.
A aventura africana de Fidel Castro não se limitou a Angola. Em 1978 tropas cubanas
lutaram ao lado da Etiópia em sua guerra contra a Somália (Guerra do Ogaden).
Assessores militares cubanos também foram enviados, em número reduzido, a países
africanos com regimes comunistas ou simpatizantes: Argélia, Guiné, Guiné-Bissau,
Benin, Congo, além das já citadas Angola e Etiópia.

1.3.2 – O Fraccionismo
Fraccionismo foi o nome dado a um movimento político Angolano, liderado por Nito
Alves, ex-dirigente do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), no poder
desde a independência do país. Este movimento articulou-se como dissidência no seio
do MPLA, após a independência de Angola, em oposição ao Presidente Agostinho
Neto, e lançou em Luanda uma tentativa de Golpe de Estado a 27 de Maio de 1977.
O golpe fracassou devido ao apoio das FAR (forças cubanas estacionadas em
Angola), e após um breve período de acalmia em que tudo parecia estar solucionado,
deu-se um atentado à vida do Presidente Agostinho Neto, que levou a um período de
dois anos, de perseguição sangrenta dos (reais e alegados) seguidores e
simpatizantes de Nito Alves, culminando em milhares de mortos.
Antecedentes
Nito Alves lutava nas fileiras do MPLA desde 1961. Quando em 1974 se dá o 25 de
Abril em Portugal, era o líder militar do MPLA, na região dos Dembos, a nordeste de
Luanda.
Durante o período do Governo de Transição, transformou-se no líder dosmilitantes do
MPLA nos musseques de Luanda, onde organizou os comités denominados "Poder
Popular", que lutaram durante a guerra civil em Luanda, contra a FNLA (Frente
Nacional de Libertação de Angola).
Angola conquistará a independência um ano e alguns meses depois e, segundo os
Fraccionistas, já havia no seio do MPLA, uma desvirtuação dos ideais para os quais
muitos militantes haviam lutado. Houve uma grave cisão, no seio do movimento, entre
os chamados "moderados" empenhados num crescimento cuidadoso e gradual,
congregados à volta de Agostinho Neto e Lopo do Nascimento, e uma facção radical,
com Nito Alves à cabeça, que objectivava à predominância de mestiços e brancos no
governo.
Segundo os radicais "as pessoas brancas e de sangue misto desempenhavam um
papel fortemente desproporcionado no funcionamento do governo de uma nação
predominantemente negra". Porém, naquela época já existiam negros que faziam
parte do poder, até porque o presidente Agostinho Neto insistia na tese de querer
implantar em Angola um governo multirracial. Alguns desses membros do governo
viam a oportunidade de conquistar uma maior fatia do poder, lançando abertamente
um apelo racista às massas, como Nito Alves quando num comício dos bairros
periféricos de Luanda, afirmou que "Angola, só seria verdadeiramente independente
quando brancos, mestiços e negros passassem a varrer as ruas juntos".
Nito Alves era considerado por alguns como o segundo homem do poder, logo a
seguir a Agostinho Neto, e fora nomeado Ministro do Interior,quando o MPLA formou o
primeiro Governo de Angola. Porém, o descontentamento de Nito Alves com a alegada
orientação de Agostinho Neto a favor dos intelectuais urbanos mestiços, tais como
Lúcio Lara, influente histórico e um dos principais ideólogos do partido, o então
ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Jorge, e o Ministro da Defesa, "Iko"
Carreira, constituiu foco de divisão no seio do Governo.
Esta divisão tornou-se mais evidente, quando em Luanda na 3ª Reunião Plenária do
Comité Central realizada de 23 a 29 de Outubro de 1976, se decidiu a suspensão por
seis meses, de Nito Alves e de José Van-Dúnem, acusados formalmente de
Fraccionismo por terem sido protagonistas da criação de um 2º MPLA.
Como resultado da sua suspensão, Nito Alves e José Van-Dúnem propuseram a
criação de uma comissão de inquérito, para averiguar se havia ou não Fraccionismo
no seio do partido e que foi liderada por José Eduardo dos Santos, arrastando no
tempo as inquirições, bem como a apresentação das suas conclusões sobre o
Fraccionismo, levando a alastrar a divisão no seio do MPLA.
É de referir que devido a essa comissão de inquérito, o próprio José Eduardo dos
Santos e o primeiro-ministro de então, Lopo do Nascimento, foram posteriormente
acusados de Fraccionistas. No entanto, José Eduardo dos Santos foi ilibado pelo
comissário provincial do Lubango, Belarmino Van-Dúnem.
A mulher de José Van-Dúnem, Sita Valles, com ligações ao PCUS (Partido Comunista
da União Soviética) obtidas através do Komsomol (Комсомол),a
organização Soviética da juventude, remontando ao período em que tinha feito parte
da Comissão Central da UEC (União dos Estudantes Comunistas), sendo, à altura,
considerada a número 2, a seguir de Zita Seabra, foi também expulsa do MPLA,
acusada de ser uma agente infiltrada do KGB (policia secreta russa).
A realização da assembleia magna de militantes realizada a 21 de Maio de 1977 na
cidadela de Luanda, presidida por Agostinho Neto, é o ponto de ruptura, sendo feito o
anúncio oficial da expulsão de Nito Alves e de José Van-Dúnem.
Preparação
Nito Alves, depois de ter sido ouvido pela comissão de inquérito em Fevereiro de
1977, começou a convencer o povo de que a acusação de “Fraccionismo” que lhe era
dirigida, estava associada a uma intenção de “Golpe de Estado” que lhe procuravam
também imputar. Realçava igualmente o facto de que, alguns dirigentes do MPLA
teriam transmitido informações a militantes, sobre a previsão de fuzilamento dele
próprio, em Janeiro desse ano.
Convenceu também os seus seguidores, de que as cadeias estavam a ser preparadas
pelas forças afectas a esse grupo, para receber presos que a segurança já tinha em
mira, em listas que circulavam no seu seio. Foi pois, através deste clima de
desconfiança generalizada, criada dentro do MPLA e da suposta tentativa de
eliminação física de alguns dos seus militantes que Nito Alves e o grupo dos seus
apoiantes mais próximos, promoveram a mobilização de grande parte dos membros
do MPLA em sua defesa, com o apoio de algumas dasorganizações de massas, de
alguns populares de Luanda (particularmente do musseque Sambizanga) e de
sectores importantes do exército.
Os chamados Nitistas manifestaram-se genuinamente no país a 27 de Maio de 1977,
de forma inequívoca, apoiados pelo exército, contra a linha de orientação repressiva
que pensavam estar a ser seguida e contra a deterioração da vida do povo e carência
generalizada de géneros alimentares, procurando obter o apoio de Agostinho Neto às
suas pretensões de depurar a organização destes elementos da aliança das forças
Maoístas e de direita para garantir o aprofundamento da revolução popular.
O que de facto os seus apoiantes não sabiam é que toda essa situação tinha sido
orquestrada por Nito Alves, conduzido por agentes da CIA e que através de elementos
bem colocados, manipulavam os média e as bases populares, criando armazéns
clandestinos onde acumulavam imensos bens alimentares e outros de primeira
necessidade, os mesmos de que o povo reclamava carência, preparando-se para abrir
esses mesmos armazéns depois do golpe para apaziguar as massas. Tratando-se
claramente de manipulação descarada e camuflada.
O golpe
Na madrugada de 27 de Maio de 1977 (sexta-feira), Nito Alves, então Ministro da
Administração Interna sob a presidência de Agostinho Neto, liderou um movimento
popular de protesto que se dirigiu para o Palácio Presidencial, para apelar ao
Presidente Neto que tomasse uma posição contra o suposto rumo de influência
Maoísta que o MPLA estava a seguir e para que alterasseessa tendência com o
retorno à linha Marxista-Leninista pura.
Virinha e Nandy, dirigentes do destacamento feminino das FAPLA (Forças Armadas
Populares de Libertação de Angola), dirigem o assalto à cadeia de S. Paulo, onde se
encontrava em visita de inspeção, Hélder Neto, chefe da INFANAL (serviço de
Informação e Análise), órgão paralelo à DISA (Direcção de Informação e Segurança
de Angola). Para tentar impedir o ataque, Hélder Neto, liberta alguns presos e entrega-
lhes armas para o ajudarem a defender a cadeia. No entanto, Sambala, um cantor
popular detido por delito comum, prende-o pelos braços, quando ele abre as portas da
cadeia para negociar com Virinha e Nandy, acabando, supostamente, por se suicidar.
Luís dos Passos, o actual secretário-geral do PRD4 , num jipe com seis militares,
dirigia a tomada da Rádio Nacional, enquanto nos musseques Sita Vales e José Van-
Dúnem, incitam os operários e os populares à revolta.
Saidy Mingas, um dos irmãos de Rui Mingas, fiel a Agostinho Neto, entra no quartel da
Nona Brigada para tentar controlar as tropas, sendo preso pelos soldados e levado
com Eugénio Costa e outros militares contrários à revolta para o musseque
Sambizanga, onde são posteriormente queimados vivos5 .
Por volta do meio-dia o Governo, através de Onambwe, diretor-adjunto da DISA, reage
com a ajuda das tropas cubanas. Os soldados retomam a cadeia e a rádio e abrem
fogo sobre os manifestantes dispersando-os, abafando-se assim o golpe. Pelas 16h00,
a cidade já está controlada, e osmanifestantes procuram refúgio. No musseque do
Sambizanga são queimados vivos, os militares aprisionados, conseguindo escapar
ileso o Comandante Gato. No começo da tarde, reinava o silêncio na cidade. Na Rádio
Nacional Agostinho Neto resume os acontecimentos que por poucas horas abalaram
Luanda: Hoje de manhã, pretendeu-se demonstrar que já não há revolução em
Angola. Será assim? Eu penso que não... Alguns camaradas desnortearam-se e
pensaram que a nossa opção era contra eles.
Com o poder governamental precariamente restabelecido em Luanda, foi imposto o
recolher obrigatório com início ao pôr-do-sol e a terminar ao nascer-do-sol, realizado
com a ajuda de barreiras de rua por toda a cidade. Cubanos, em tanques e blindados,
guardavam os edifícios públicos.
Numa última tentativa de levar o golpe em frente, surge um atentado contra Agostinho
Neto, levado a cabo pelo seu segurança particular e organizado por Nito Alves.
Escapa ileso mas fica abalado emocionalmente e pouco tempo depois, num discurso
empolgado, afirmou: "Não haverá contemplações". "Não perderemos muito tempo com
julgamentos".
Logo nessa mesma noite a DISA, começou as buscas às casas à procura dos Nitistas.
No rescaldo do golpe, imensas pessoas foram submetidas a prisões arbitrárias,
tortura, condenações sem julgamento ou execuções sumárias, levadas a cabo pelo
Tribunal Militar Especial vulgo Comissão Revolucionária, criado para substituir os
julgamentos e que ficou conhecido por Comissão das Lágrimas.
Não se sabe a data exacta em queNito Alves foi preso, mas sabe-se que foi fuzilado e
que e se fez desaparecer o seu corpo, afundando-o no mar amarrado a pedras. Sita
Valles e José Van-Dúnem foram aprisionados a 16 de Junho de 1977. Em 1978, o
escritor australiano Wilfred Burchett confirmou que Nito Alves fora executado, bem
como Sita Valles, José Van-Dúnem, Ministro do Comércio Interno, David Aires
Machado, e dois comandantes superiores do exército do MPLA, Jacob João Caetano
(popularmente conhecido como Monstro Imortal) e Ernesto Eduardo Gomes da Silva
(Bakalof).
Consequências
As perseguições duraram cerca de dois anos. Tipicamente, após os julgamentos
sumários, os ditos “traidores” eram apresentadas na TV angolana antes de serem
fuzilados. Foram exibidos desta forma aproximadamente 15.000 pessoas.
Foram mortos muitos dos melhores quadros Angolanos, combatentes experientes,
mulheres combativas, jovens militantes, intelectuais e estudantes. Em Julho de 1979,
Agostinho Neto, levando em consideração os actos dos dois últimos anos, decide
dissolver a DISA pelos "excessos" que havia cometido.
Ironicamente, o golpe acabou por reescrever a história, levando o MPLA a fazer o que
os golpistas reivindicavam. Em Dezembro de 1977 no seu primeiro congresso, mudam
de nome para MPLA-PT (MPLA Partido do Trabalho) adoptando oficialmente a
ideologia Marxista-Leninista, pedida por Nito Alves.
De acordo com várias fontes, o número de militantes do MPLA, depois das
depurações, baixou de 110.000 para 32.000. Estas acções de depuração dopartido
provocaram milhares de mortos não existindo um número oficial, oscilando segundo as
fontes, entre os 15.000 e os 80.000.
Desfecho
A versão oficial, publicada a 12 de Julho de 1977, afirma que se tratou de um Golpe de
Estado e que o mesmo já vinha a ser preparado desde 1974, compreendendo várias
fases (infiltração, sabotagem das estruturas existentes e finalmente, golpe de estado),
sendo atribuído ao "Grupo de Nito".
Defendiam que, este grupo se apresentava com uma capa aparentemente
revolucionária, a de uma linha "Marxista-Leninista pura", procurou desviar o povo dos
objectivos da Reconstrução Nacional e da defesa da integridade territorial, tentando,
dessa forma, controlar as estruturas do MPLA e do governo.
O Bureau Político acusou inclusive o "grupo de Nito", de ser um aliado do inimigo
interno (UNITA e FNLA) e externo (Zaire, África do Sul e EUA), de manipular as
dificuldades do povo, efectuar calúnias contra dirigentes e de estar afastado das
massas populares recusando-se a com elas conviver. No plano ideológico, considerou
que as acusações dos Fraccionistas, da existência nas cúpulas de manifestações
Social-Democratas ou Maoístas, eram conceitos palavrosos, sem significado em
Angola.
A direcção do MPLA, discordava claramente de que o Fraccionismo, fosse uma
tomada de consciência da classe operária Angolana. Considerou ainda que, os
conceitos de Anti-Sovietismo e Anti-Comunismo atribuídos a grande parte dos
responsáveis políticos do MPLA, eram apenas uma tentativa dos golpistas deatrair o
apoio dos países amigos ou Socialistas.
Os apoiantes de Nito Alves, pelo seu lado, consideram que o golpe já estava a ser
feito por uma ala Maoísta do partido, liderada pelo secretário administrativo do
movimento, Lúcio Lara que terá instrumentalizado os principais centros de decisão do
partido e os média, em especial o Jornal de Angola, pelo que consideravam que a
manifestação convocada por Nito Alves não se tratou de um golpe de estado mas sim
de "um contra-golpe".
Em Abril de 1992, o governo angolano reconheceu que foram "julgados, condenados e
executados" os principais "mentores e autores da intentona Fraccionista", que
classificou como "uma acção militar de grande envergadura" que tinha por objectivo "a
tomada do poder pela força e a destituição do presidente Neto".
Conclusão
Apesar de este período histórico ter ficado conhecido como Fraccionismo, a palavra
em si já tinha sido usada para definir outras tentativas de rotura no MPLA, o próprio
Agostinho Neto, refere isso no discurso proferido a 5 de Fevereiro de 1977, na
assembleia de militantes em N’Dalatando.
"... Houve a certo momento em 1962 um Fraccionismo, que foi conduzido por Viriato
da cruz, nome que não é desconhecido dos camaradas, mas que produziu a divisão
do Movimento, por não querer submeter-se a essas regras de centralismo
democrático. Quando se discutia um problema, no Comité Director, ele assumia,
sempre uma atitude contra a maioria.
Mais recentemente, (1965/66) um outro grande Fraccionismo,que se baseou na tribo,
que é o de Chipenda. Era membro dirigente do MPLA, estava connosco no Comité
Director e, certa altura, foi mobilizar a gente da sua tribo – ele é natural do Lobito.
Pensava ele que poderia ser o chefe dos Umbundos.
"Revolta Activa", chefiado por Gentil Viana. Da mesma maneira, dentro do movimento,
formou um grupo para combater a Direcção do Movimento. Claro que hoje está preso.
Nós temos de combater, sempre e com firmeza, qualquer tentativa de Fraccionismo.
Isto não pode ser admitido numa organização democrática como a nossa em que há
democracia, da base ao topo.
Se esse grupo não se convencer com a crítica, é necessário neutralizá-lo... No MPLA,
nós somos um e temos regras para a vida da Organização. Não somos diversos.
Somos um ou devemos ser um.
Portanto, quando nós dizemos fraccionismo, significa que alguém dentro da
Organização, dentro do país, quis formar grupos que fossem diferentes do MPLA. Ora
neste país, o único Movimento que existe é o MPLA e quem defender outro Movimento
qualquer, não pode ser tolerado.
Devo dizer aos camaradas – agora já o posso dizer – que alguns deles, alguns que
andam fugidos – ou os que estão sob investigação – chegavam às reuniões e, em vez
de discutir os problemas que eram inscritos na ordem de trabalho, pegavam num livro
e punham-se a ler à socapa. Muitas vezes, tinham sono, dormiam, talvez porque
tivessem reuniões de mais.
Primeiramente foi o grupo que sechamava "Comités Herda". Foi eliminado. Depois
eram os "Comités Amílcar Cabral". Foram eliminados. Apareceram depois alguns
deles, indivíduos que pertenciam a esses dois grupos apareceram numa outra
organização chamada "OCA – Organização Comunista de Angola" e também foram
eliminados. …"

1.3.3 – A Batalha de Cuíto Cuanavale


A Batalha de Cuito Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana,
ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi
o sul de Angola na região do Cuito Cuanavale na província de Cuando-Cubango, onde
se confrontaram os exércitos de Angola FAPLA (Forças Armadas Populares de
Libertação de Angola) e Cuba (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a
Independência Total de Angola) e o exército sul-africano. Foi a batalha mais
prolongada que teve lugar no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial.
Nesta batalha, o mito da invencibilidade do exército da África do Sul foi quebrado,
alterando dessa forma, a correlação de forças na região austral do continente,
tornando-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava há longos anos.
Por outro lado, a superioridade demonstrada pelas FAPLA no campo de batalha fez
com que o regime do Apartheid, aceitasse a assinatura dos Acordos de Nova Iorque,
que deram origem à implementação da resolução 435/78 do Conselho de Segurança
da ONU, levando à independência da Namíbia e ao fim do regime de segregação
racial, que vigorava na África do Sul.O cerco de Cuito Cuanavale
Sabendo que caindo Cuito Cuanavale o inimigo seguiria para Menongue, uma base
aérea importante do governo, as FAPLA restabeleceram-se ai, retendo com
dificuldade o avanço da UNITA e das SADF. As três brigadas sobreviventes da força
original barricaram-se a leste do Rio Cuito, do outro lado da povoação de Cuito
Cuanavale, aguentando as forças rivais durante três semanas, sem blindagem nem
artilharia para se defenderem e sem provisões. O presidente de Cuba Fidel Castro, a-
pedido do governo angolano, enviou mais 15.000 soldados de elite para ajudar ao
esforço da batalha, dando o nome a essa movimentação de tropas de Manobra XXXI
Aniversário da FAR. Com o reforço cubano, o número de tropas no país passava de
50.000. A 5 de dezembro de 1987 o primeiro reforço militar chegou ao posto das
FAPLA em Cuito Cuanavale.
Entretanto, os soldados angolanos recebiam um novo treino para se adaptarem às
novas armas mais avançadas fornecidas pela União Soviética, enquanto os seus
colegas das FAR preparam as defesas para resistir às investidas do inimigo. Os
defensores cavaram trincheiras, barricadas, e depósitos para helicópteros, embora a
pista de aviação estivesse intacta, os observadores das forças inimigas impedia a
aterragem de aviões em Cuito Cuanavale. A ponte sobre o rio havia explodido a 9 de
janeiro e para poderem atravessar o rio, os cubanos construíram uma outra ponte de
madeira, apelidada de "Pátria ou Morte". Os defensores aproveitaramtodas as armas
que disponíveis, desde as dos tanques imobilizados, às dos soldados sepultados pela
terra nos ataques de artilharia.
Entretanto as SADF aproveitaram o impasse para trazer reforços, levando a cabo
cinco assaltos contra os postos angolanos nos meses seguintes, não conseguindo
vencer os defensores. Uma das situações que ajudou imenso a UNITA, foi a estação
das chuvas que atrasou o avanço das tropas vindo de Menongue, através de
caminhos lamacentos, carregados de minas anti-pessoais pela UNITA e de
emboscada. Quando o grosso dos reforços chegaram, já tinha começado a batalha
final.
Os assaltos de UNITA prosseguiram até 23 de Março de 1988, levando os tropas
defensoras a recuaram para os arredores de Cuito Cuanavale, onde sofreram
bombardeamentos de artilharia da SADF, localizadas nas colinas de Chambinga, nos
meses seguintes.

Desfecho
O impasse militar de Cuito Cuanavale foi reclamado por ambos lados como uma
vitória. O lado angolano afirmou que com a defesa de Cuito Cuanavale, em situação
precária e situação inferior, impediram a invasão do território angolano, pelas forças da
África do Sul. Porém na África do Sul os partidários da guerra proclamavam como
triunfo o facto de o exército deles menos equipado mas melhor treinado ter impedido o
avanço do comunismo.
Em Dezembro de 1988 o MPLA e a UNITA, assinaram o Acordo Tripartido na cidade
de Nova Iorque, acordando com a retirada das forças estrangeiros do
conflitoangolano, levando, consequentemente, à independência da Namíbia e à
democratização da África do Sul, culminando com o fim do regime do Apartheid.
Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabelecem uma
trégua. A paz apenas durou dois meses.
Em fins de Abril de 1990, o Governo Angola anuncia o reinício das conversações
directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês
seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o chefe de
estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelera o processo de
democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução reformas
democráticas no país. A 11 de maio de 1991, o governo publica uma lei autorizava a
criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos
cubanos saem de Angola.

1.2.4 – Acordo de Bicesse


A realização dos Acordos de Bicesse foi promovida por Durão Barroso enquanto
Secretario de Estado dos Assuntos Exterior e Cooperação de Portugal, pela URSS,
EUA e a ONU em 1990.
Esse acordo assinado no Estoril, mas concretamente na escola superior de hotelaria e
turismo do Estoril por José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, em Maio de 1991
estipulou que seriam realizadas as primeiras eleições livres e democráticas em
Angola, supervisionada pelas Nações Unidas assim como todas as forças beligerantes
seriam integradas nas forças armadas angolanas.
Estes acordos permitiram um armistício temporário na guerracivil de Angola entre
MPLA e a UNITA desde 1975.
As eleições de Setembro de 1992,dão a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A
UNITA (cerca de 40% dos votos não reconhece os resultados eleitorais. Quase de
imediato sucede-se um horrendo banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado.
Apesar dos esforços internacionais e do protocolo de Lusaka a guerra civil em Angola
continuou até 2002, com a morte do líder histórico do principal partido de oposição
Jonas Savimbi.

CONCLUSÃO
Depois de profunda e prudente análise o grupo chegou as seguintes conclusões:
Que nos anos de 1950 começou a articular-se uma resistência multifacetada contra a
dominação colonial, impulsionada pela descolonização que se havia iniciado no
continente africano, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Esta
resistência, que visava a transformação da colonia de Angola em país independente,
desembocou a partir de 1961 como início da luta armada num combate armado contra
Portugal que teve três principais protagonistas: o MPLA, a FNLA e UNITA;
Que a situação alterou-se completamente quando em abril de 1974 aconteceu em
Portugal a Revolução dos Cravos, um golpe militar que pós fim a ditadura de Salazar
em Portugal. Os novos detentores do poder proclamaram de imediato a sua intenção
de permitir sem demora o acesso das colonias portuguesas a independência;
No dia 11 de Novembro de 1975, foi proclamada a independência de Angola, pelo
MPLA em Luanda, e pela FNLA e UNITA, em conjunto no Huambo;
Que coma independência de Angola começaram dois processos que se
condicionaram mutuamente: por um lado, o MPLA em 1977 adoptou o marxismo-
leninismo como doutrina e estabeleceu um regime político-económico inspirado pelos
blocos socialistas.
Que por ouro lado iniciou-se logo depois da declaração da Independência a guerra
civil angolana entre o três movimentos, uma vez que a FNLA e sobretudo a UNITA não
se conformaram nem com a sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema
politico. Esta guerra durou até 2002 e terminou com a morte em combate do líder
histórico da UNITA Jonas Savimbi.

BIBLIOGRAFIA

MEDINA, Maria do Carmo; Angola processos políticos da luta pela independência, 2a


Ed. Ampliada; 2011

SÀ, Tiago Moreira de; os Estados Unidos e a descolonização de Angola, 1a Ed. 2011

COSME, Leonel, a separação das águas (Angola 1975-1973), Porto: campo das
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CARVALHO, Nogueira, era tempo de morrer em África: Angola guerra e
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CORREIA, Pedro Pezarat; descolonização de Angola: joia da coroa do império


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AngoNoticias (23 de Março de 2010). Batalha do Cuito Cuanavale registou-se há 22


anos. Info Angola. Pagina visitada em 2 de Outubro de 2013, pelas 9 horas.

Http://Www.Worldstatesmen.Org/Angola.Html, consultada no dia 2 de Outubro de


2013, pelas 9:23 min.

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