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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA JULIA LISSA SATO CHUBACI, protocolado em 30/11/2022 às 18:49 , sob o número WPRO22014517851.
Excelentíssima Senhora Doutora Desembargadora Relatora Jane Franco Martins da
C. 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do E. Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo
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exclusivamente, em nome de Thiago Braga Junqueira (OAB/SP nº 286.786); André
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Luiz Marcassa Filho (OAB/SP nº 300.903); Carolina Kiyomi Iwamoto
(OAB/SP nº 305.287) e Ana Julia Lissa Sato Chubaci (OAB/SP nº 451.715), sob pena
de nulidade, nos termos do artigo 272, § 2º do CPC.
Termos em que
Pede deferimento.
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Agravantes: Rakuten USA Inc. (“Rakuten USA”) e Rakuten Group
Inc. (“Rakuten Japão” e, em conjunto com Rakuten USA,
“Grupo Rakuten” ou “Agravantes”)
Agravadas: Massa Falida de Nexgenesis Holdings Ltda. e Outras
(“Massa Falida” ou “Agravada”)
I. TEMPESTIVIDADE
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Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo (“Juízo Falimentar”)
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declarou que, em sede de cognição sumária, a Massa Falida comprovou o
preenchimento dos requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora, exigidos pelo
art. 300 do CPC para concessão de tutela de urgência, diante “dos enormes prejuízos
causados aos credores das falidas e da possibilidade de dilapidação do patrimônio
dos envolvidos que, em caso de procedência desta demanda, será destinado à
solução do passivo falimentar”.
(ii) sendo fato que, dentro de três meses após a aquisição das sociedades, o
Grupo Gencomm ajuizou pleito de recuperação judicial e, apenas dois meses
depois, pleiteou a autofalência, pode-se inferir que o objetivo era, de fato, a
autofalência;
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5. Agravo. Neste Agravo, as Agravantes pleiteiam a reforma da r. Decisão
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Agravada e, para tanto, argumentam que:
(ii) a Rakuten Marketing também seria uma empresa deficitária e teria atividade
distinta das Falidas, o que contradiria a tese de que o Grupo Rakuten teria
isolado a empresa para somente alienar as subsidiárias deficitárias à TOG;
(iii) a operação de venda das Falidas teria se dado de modo regular e de acordo
com os padrões de mercado;
(iv) a linha de crédito com o banco Itaú integraria contrato de crédito rotativo
existente desde 2017, não tendo servido o objetivo de postergar o
reconhecimento da insolvência até a transferência do controle;
(vi) não teria havido abuso de poder na aprovação das contas dos
administradores ou irregularidades contábeis;
(vii) a operação com a empresa XiaomiBRZ teria sido fruto de regular decisão
comercial, sendo que o Grupo Rakuten teria sido mera vítima de
inadimplemento que fazia parte do risco do negócio;
(viii) não teria havido tomada de decisões para eximir o Grupo Rakuten de
responsabilidade após a venda das Falidas à TOG;
(ix) a via eleita pela Massa Falida para buscar a responsabilização das
Agravantes seria inadequada;
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(x) a Justiça Brasileira não teria competência para processar a demanda contra
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as Agravantes, por serem empresas estrangeiras que não teriam praticado
atos em território brasileiro;
(ii) são vazias as alegações das Agravantes de que teriam agido dentro das
práticas de mercado tanto na atividade das Falidas, quanto na alienação das
quotas à TOG, não sendo capazes de eximir as Agravantes da
responsabilidade pelos atos que levaram à falência do Grupo Gencomm, de
que tentaram se blindar por meio da referida alienação;
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quantia exata devida por cada parte a título de indenização. A dimensão do
prejuízo causado e, portanto, da reparação devida invariavelmente exigirá
ampla dilação probatória;
(vi) a Massa Falida apresentou lista dos documentos a serem exibidos, não
sendo genérico ou especulativo o pedido de exibição de documentos,
devendo também ser mantida a r. Decisão Agravada a esse respeito, nos
termos do art. 373, §1º do CPC.
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O Grupo Rakuten é, inclusive, bastante conhecido por ser patrocinador de grandes equipes esportivas, como o
time de futebol “Futbol Club Barcelona”, da Espanha, e o time de basquete da NBA Golden State Warriors, dos
Estados Unidos da América. A presença marcante da Rakuten no mercado mundial se mostra ainda mais visível
quando se constata que papéis por ela emitidos são negociados na bolsa de valores de Nova York sob a forma de
“American Depositary Receipts”, que são certificados de ações conferidos a companhias estrangeiras.
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constituiu a Rakuten Marketing Brazil Ltda. e, em abril de 2015 e outubro de 2017,
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constituiu as empresas Rakuten Brasil Financial Services Ltda. e Rakuten Brasil
Logistics Services Ltda., respectivamente (fls. 187/306 dos autos de primeira
instância).
11. Até 14.10.2019 --- data que marca a tentativa inescrupulosa de saída do
Grupo Rakuten de suas obrigações no Brasil ---, as 5 (cinco) sociedades que
integravam o Grupo Rakuten no Brasil operavam no setor de tecnologia, direcionado
para o mercado de e-commerce para lojistas. A operação do Grupo Rakuten no Brasil
foi estruturada, de modo que, em tese, cada sociedade operacional desempenharia
funções distintas, tendo como objetivo conjunto a prestação de serviços de:
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interconectada, complementar e coordenada, inclusive perante seus clientes, e eram
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referidas conjuntamente como “Rakuten”, sem qualquer discriminação do papel
desempenhado por cada uma na prestação dos serviços contratados (que
costumava ser assinado pela Rakuten Internet em conjunto com a Rakuten
Financial).
14. Além dessa estrutura societária, vale frisar que era única a administração
dessas 4 (quatro) sociedades operacionais, pois as quatro tinham o mesmo Diretor
Presidente, qual seja o Sr. Renê Toshiro Abe (docs. nº 2 a 5), figura central nos atos
fraudulentos, de má-gestão e abusivos contra credores, que foram expostos no
Incidente.
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16. As empresas do Grupo Rakuten, à exceção da Rakuten Marketing Brazil
Ltda., operaram no Brasil de 2011 a 2019, sempre tendo resultados operacionais e
financeiros negativos, declarando sucessivos prejuízos em seus balanços.
(b) Venda das Falidas à TOG por USD 1,00 e “devolução” da Rakuten
Marketing por R$2,00
17. Em 14.10.2019, o Grupo Rakuten decidiu pela venda à TOG Brazil Holdings
Inc. da totalidade das quotas que detinha na Rakuten Brazil Holdings Ltda ---
sociedade holding --- bem como três sociedades por ela controladas, sendo todas
elas deficitárias, quais sejam: Rakuten Brasil Internet Service Ltda., a Rakuten Brasil
Financial Services Ltda., a Rakuten Brasil Logistics Services Ltda. (doc. nº 6).
18. Por curiosa coincidência, a única empresa do Grupo Rakuten no Brasil que
não era operacional e financeiramente deficitária não foi contemplada como uma das
target companies. A Rakuten Marketing --- a única empresa com resultados positivos
--- foi objeto de operação ainda mais suspeita: foi vendida de forma indireta à TOG
Brazil Holdings, uma vez que suas quotas eram de titularidade da Rakuten Holding
Ltda. e, imediatamente após a transferência das quotas, “devolvida” ao Grupo
Rakuten.
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(iii) não contêm justificativa ou critério técnico, econômico e/ou contábil para
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a atribuição do valor das referidas quotas em US$ 1,00 (dólar norte-
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americano);
(iv) previam a “devolução” das quotas de Rakuten Marketing pelo valor de
R$2,00 (dois reais) pagos por Rakuten Group Inc., em transação já
declarada ineficaz em antecipação de tutela pelo D. Juízo Falimentar, com
fundamento no artigo 129, caput da LRF;
(v) contêm cláusula que dava ampla quitação e isentava completamente a
Rakuten Group Inc. e a Rakuten USA Inc. de quaisquer responsabilidades
por débitos anteriores à venda das quotas, com claro intuito de blindagem
patrimonial das ex-controladoras; e
(vi) não contém cláusulas típicas de contratos de compra e vendas de quotas,
por exemplo: (a) declarações e garantias, em que o vendedor das quotas
apresenta ao comprador uma série de declarações sobre o negócio e
informações sobre as quais o comprador se baseia para entender melhor
o funcionamento das empresas a serem compradas; (b) indicação de que
o comprador tenha efetuado auditoria prévia (due diligence) das
empresas a serem compradas; (c) regramento sobre responsabilidades
indenizatórias por contingências futuras a serem materializadas após a
venda das quotas; e (d) cláusula de earn-out, por meio da qual uma
parcela correspondente ao pagamento da parte do preço de aquisição de
uma empresa é vinculada a uma compensação aos sócios vendedores
em relação aos lucros futuros da companhia (vide docs. nº 6 e 7).
20. A TOG adquiriu, então, a totalidade das quotas das 5 empresas do Grupo
Rakuten, transferindo as quotas de Rakuten Marketing Brazil Ltda. à Rakuten Group
Inc. (Japão) por R$2,00 (dois reais), apenas 4 dias após a celebração do Instrumento
(doc. nº 8).
21. A “devolução” das quotas da Rakuten Marketing Brazil Ltda. para a Rakuten
Group Inc. nos moldes mencionados já foi declarada ineficaz pelo D. Juízo
Falimentar, por força do art. 129, caput da LRF, nos seguintes termos:
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15 (fls. 6 e 447/482) indica que, em 31/10/2019, a NEXGENESIS HOLDINGS LTDA
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deu baixa, sem aparente contraprestação legítima, às quotas sociais que possuía
da RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA, no montante de R$ 5.473.687,66 (cinco
milhões, quatrocentos e setenta e três mil, seiscentos e oitenta e sete reais e sessenta
e seis centavos). Consigne-se, segundo informação do próprio AJ, que, na
referida data, ambas as sociedades autoras do presente feito já estavam em
estado de insolvência, conforme balanços patrimoniais às fls.7/11. Assim,
aplicável ao caso o art. 129, IV, VI da LFRJ. Outrossim, há elementos que indicam
que a ré RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA era pessoa jurídica controlada pelas
autoras, na forma do art. 1098 do Código Civil.
Quanto ao perigo de demora, tendo em vista a complexidade da falência das autoras,
bem como a possibilidade de que, com a demora na tramitação neste feito, possa
ocorrer dilapidação dos bens em questão, frustrando a presente demanda até o
mérito. Demonstrado está, portanto, o periculum in mora.
Dessa forma, concedo a tutela provisória de urgência, na forma do art. 300 do CPC
e art. 137 da LFRJ, e determino o sequestro da totalidade das quotas sociais da
RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA (1ª Ré), de propriedade da RAKUTEN, INC
(2ª Ré) no valor de R$ 33.941.383,00 até o desfecho do presente feito, com o
dever dos administradores da RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA prestarem
contas mensais às autoras. (doc. nº 9)
23. Após 28.10.2019, a TOG alterou a razão social das empresas por ela
adquiridas do Grupo Rakuten e mantidas, dando origem ao Grupo Gencomm. As 4
(quatro) sociedades adquiridas continuaram a atuar no mesmo setor de tecnologia.
As denominações das sociedades adquiridas foram alteradas (vide docs. nº 2 a 5),
conforme demonstrado no quadro abaixo:
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(c) Pedidos de recuperação judicial e de autofalência
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nº 14).
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28. Desde então, a Expertisemais iniciou plano de investigação para apurar a
ocorrência de desvio patrimonial e outras ilegalidades pelos ex-administradores e ex-
controladores das Falidas. Uma das iniciativas nesse sentido foi a contratação do
escritório de advocacia Pinheiro Neto Advogados, no Brasil, e do escritório de
advocacia estrangeiro Sequor Law LLP, nos Estados Unidos.
Causa espécie ainda o fato de que, em 14/10/219, o Grupo Rakuten vendeu à TOG
Brazil Holdings Inc. a totalidade das quotas sociais de todas as empresas pelas quais
o referido grupo atuava no Brasil (fls. 373/405), deixando de lado apenas a Rakuten
Marketing Brazil Ltda, e que tal operação comercial, complexa por si só, foi efetuada
com características pouco comuns, conforme narrado às fls. 13/14 da inicial, isto é:
a) contratos apenas em inglês, apesar de as pessoas jurídicas serem brasileiras; b)
envolviam quotas de pessoa jurídica que não estava como objeto dos instrumentos;
c) ausência de demonstração concreta de valuation ou due diligence, inclusive com
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lucrativa do Grupo (Rakuten Marketing Brazil Ltda) com valuation de dois reais,
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inclusive objeto de outra ação em trâmite neste Juízo (autos 1064208-
35.2021.8.26.0100, fls.423/426); e) cláusula de quitação plena dos grupos que então
controlavam as referidas empresas (Rakuten Inc e Rakuten Usa Inc). Ademais,
apenas quatro dias após a venda das pessoas jurídicas à TOG Brazil Holdings, a TOG
devolveu (fls. 428/613), pelo preço de dois reais, as quotas da Rakuten Marketing
Brazil Ltda para a corré Rakuten Inc (Japão). Assim, após uma operação
aparentemente ficcional, a única empresa lucrativa do grupo (Rakuten Marketing
Brazil Ltda) acabou voltando ao controle da corré Rakuten Inc (Japão), em uma nítida
separação entre as pessoas jurídicas ruins economicamente, para a TOG Brazil, e a
parte economicamente viável para a controladora japonesa do grupo.
As informações acima se confirmam, inclusive, pelo desfecho que a operação em
apreço teve. Isso porque a TOG Brazil, após a operação, alterou as denominações
das sociedades que adquiriu (fls. 219/350), conforme se pode visualizar à fl. 16 da
inicial, item 22. E, três meses após a aquisição das sociedades, o Grupo
Gencomm, nova denominação do grupo controlado pelo Grupo TOG, ajuizou
pleito de recuperação judicial e, apenas dois meses após, pleitearam a
autofalência, que foi acolhida (fls.617/672).
Nota-se, portanto, que a operação comercial pode ser sintetizada da seguinte forma:
o grupo controlador (Rakuten Inc e Rakuten USA) vendeu a “parte podre” da
empresa, recomprando, em seguida, a lucrativa. Após, o grupo que assumiu as
pessoas jurídicas deficitárias acabou por simular um pleito de recuperação
judicial, quando, ao que se pode inferir, o objetivo era, de fato, a autofalência,
que, de fato, foi requerida. Assim, o grupo estrangeiro que controlava as
empresas deficitárias delas se desfez, em clara tentativa de se blindar dos
efeitos da falência e, além de tudo, tentaram permanecer com a Rakuten
Marketing, empresa que ainda se mostrava lucrativa. (...)
Há ainda fato relevante, noticiado à fl. 44 e corroborado pelos documentos às fls.
1036/1040, a evidenciar que a empresa, já “adquirida” pela TOG, atuava, na verdade,
como forma de proteger seus ex-controladores, o grupo Rakuten, a reforçar,
inclusive, a alegação de confusão patrimonial.”
33. Dentre os credores das Massas Falidas, estão contemplados lojistas que
mantinham contratos com as empresas do Grupo Rakuten e não receberam os
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repasses que lhes eram devidos pelas Falidas. Tais lojistas podem ser considerados
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beneficiários do regime jurídico previsto no Código de Defesa do Consumidor
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(“CDC”), em razão da flagrante condição de hipossuficiência técnica e econômica
que tinham em relação às empresas do conglomerado japonês.
34. Além disso, considerando que o Fisco Nacional, Estadual e Municipal também
figuram entre os credores das Massas Falidas, são aplicáveis as disposições do
Código Tributário Nacional (“CTN”).
36. Dessa forma, o ordenamento jurídico aplicável à hipótese prevê que o sócio
ou titular de quotas serão responsáveis patrimonialmente nas hipóteses definidas
nos artigos 117, caput e §§ 1º “a”, “b”, “c” e “g” da LSA., nos artigos 50, caput e §§ 1º
ao 3º do CC, no artigo 28, caput e § 5º, do CDC, e nos artigos. 134, VII, do CTN, in
verbis:
“Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados
com abuso de poder.
§ 1º São modalidades de exercício abusivo de poder:
a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse
nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em
prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da
companhia, ou da economia nacional;
b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação,
incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para
outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que
trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela
companhia;
c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de
políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem
a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou
aos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;”
(...)
g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por
favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber
procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.”
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“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
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finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre
os patrimônios, caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador
ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão
das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.”
37. Desse modo, a Massa Falida passa a expor abaixo o abuso do poder de
controle na postergação do reconhecimento da situação de insolvência sob o
contexto da operação fraudulenta de venda das quotas das Falidas à TOG,
demonstrando o desvio de finalidade no uso das pessoas jurídicas Falidas e o claro
intuito de blindar o patrimônio dos ex-sócios das Falidas para prejudicar credores.
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Compra de Quotas
159 Em 14.10.2019, a venda à TOG da totalidade das quotas que detinha nas 4
(quatro) empresas operantes no Brasil, conforme demonstrado acima, foi concluída
por meio do Instrumento e o Aditivo ao Instrumento, por meio do qual a Rakuten
Brazil Holdings Ltda., como “Seller”, ou vendedora, alienou para a TOG, como
“Buyer”, ou compradora, a totalidade das quotas subscritas e integralizadas por
Rakuten Brazil Holdings Ltda. em 3 Targets (ou companhias alvo): (i) Rakuten Brasil
Internet Service Ltda. (Target 1), (ii) Rakuten Brasil Financial Services Ltda. (Target
2); e (iii) Rakuten Brasil Logistics Services Ltda. (Target 3) (vide docs. nº 6 e 7).
38. A Rakuten Japão, enquanto detentora de 233 quotas na Target 1, qual seja a
Rakuten Brasil Internet Service Ltda., assinou o referido instrumento como uma das
“intervening and consenting parties” (partes intervenientes e concordantes),
juntamente com as 3 Targets.
41. Por óbvio, a titularidade dessas quotas tinha algum valor relevante tanto para
a Rakuten Brazil Holdings Ltda. quanto para a Rakuten Japão.
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Rakuten Brazil Holdings Ltda. quanto a Rakuten Japão fizeram aportes significativos
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de capital e bens nas 3 (três) empresas falidas no decorrer de 2011 a 2018 (vide doc.
nº 17). A Rakuten USA entrou como sócia minoritária em 1.8.2016 e também fez
alguns aportes no capital da Target 1, no valor de R$ 2.350.000,00.
43. Soa estranho que, após tantas contribuições financeiras relevantes no capital
das Falidas, o valor das quotas subscritas e integralizadas por Rakuten Brazil
Holdings Ltda. nas 3 Targets e das quotas subscritas e integralizadas por Rakuten
Japão em uma das Targets (Target 1) tenham atingido o ínfimo valor de 1 dólar
em outubro de 2019.
45. Fato Novo – Pagamento de USD 5 milhões pela Rakuten USA à TOG. As
cartas juntadas pelas Agravantes ao Incidente (doc. nº 17) trazem a informação, sem
maiores explicações, de que, além de ter pagado contraprestação simbólica pelas
quotas das Falidas, a TOG recebeu 5 milhões de dólares da Rakuten USA. Ora,
o vendedor pagou a seu comprador para que levasse as quotas das sociedades
vendidas!
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regra, resultarão em diferentes valores finais da empresa.
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48. No caso das sociedades limitadas, o tema está disciplinado no artigo 1.031
do CC, que prevê que a avaliação dos haveres do sócio retirante, em qualquer
situação de saída, e de qualquer tipo de empresa, deve ter “base na situação
patrimonial da sociedade, à data da resolução, em balanço especial levantado”.
Esse balanço especial levantado jamais foi exibido aos credores das Falidas. Esse
seria o único documento que poderia justificar para a Massa Falida qual teria sido a
metodologia de avaliação das Falidas que justificaria a atribuição do valor ínfimo de
1 dólar às quotas das Falidas ou o pagamento de USD 5 milhões à TOG.
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e atestar que a venda das quotas das falidas se deu de acordo com as práticas de
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mercado, é necessário notar que (i) não houve efetiva apresentação do relatório da
suposta auditoria e/ou documentos que justifiquem a precificação do Instrumento, e
(ii) a análise realizada pela Deloitte não abordou elementos suspeitos do negócio
como a devolução da Rakuten Marketing sem contraprestação e o pagamento de
USD 5 milhões pela Rakuten USA à TOG. Logo, o parecer constitui relatório
superficial e parcial, que não tem natureza probatória, pois sequer examinou a
totalidade dos fatos envolvidos na operação.
54. O que se vê, portanto, é que inexiste balanço especial e relatórios de due
diligence para essa venda de quotas. Da mesma forma que inexiste causa lícita para
a celebração do Instrumento, que tinha o único objetivo da blindar o Grupo Rakuten.
57. O referido Aditamento traz como Seller, Vendedora, a Rakuten Japão e como
Buyer, Compradora, a TOG. As Targets desse Aditamento seriam (i) a Rakuten Brasil
Internet Service Ltda.; (ii) a Rakuten Brasil Financial Services Ltda.; (iii) a Rakuten
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58. Na Leitura do “Whereas” (ou seja, dos Considerandos) do referido
Aditamento, fica evidente que as partes decidiram, quatro dias depois,
estranhamente, “modify the original structure of the Transaction”, ou seja, modificar
a estrutura do Instrumento que já havia sido cumprido.
59. Por meio desse estranho Aditamento, a Rakuten Brazil Holdings Ltda., que
figurava como Vendedora no Instrumento, passaria a ser Target. Dessa forma, as
138.216.715 quotas da Rakuten Brazil Holdings Ltda. detidas pela Rakuten Japão,
bem como a única quota da Rakuten Brazil Holdings Ltda. detida pela Rakuten USA
seriam vendidas à TOG.
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Deloitte que as Agravantes alegam sustentar tal afirmação (vide doc. nº 18)
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demonstra justamente que a empresa era superavitária nos exercícios anteriores à
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operação de venda das Falidas à TOG, assim como informado pela Massa Falida e
demonstrado pela Administradora Judicial em seu relatório (vide doc. nº 17).
65. Ou seja, o Grupo Rakuten, por meio da Rakuten Japão, manteve, após
18.10.2019, participação acionária em somente uma única empresa operante no
Brasil e que mantinha boa saúde financeira, a Rakuten Marketing (vide doc. nº 18).
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demonstrando que a 27ª Alteração do Contrato Social da Rakuten Brazil Holdings
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Ltda. e a 14ª Alteração do Contrato Social da Rakuten Marketing são ineficazes em
relação às Massas Falidas.
70. Em 23.6.2021, foi deferido, em atenção aos artigos 300 do CPC e artigos 129,
incisos IV e VI, e 137, todos da LFR, “o sequestro da totalidade das quotas sociais
da RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA (1ª Ré), de propriedade da RAKUTEN,
INC (2ª Ré) no valor de R$ 33.941.383,00 até o desfecho do presente feito, com
2
LRF:
“Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise
econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
(...)
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
(...)
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os
credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo
se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados,
judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;”
Código Civil:
“Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.”
Comentário doutrinário sobre o artigo 1.145 do CC e o diálogo que esse dispositivo mantém com o artigo 129, inciso
VI da LRF:
“Feita uma avaliação acerca do potencial da insolvência do alienante do estabelecimento empresarial, pode
ser verificada grave inaptidão patrimonial, vislumbrando-se prejuízo vultoso para os credores, desfalcada,
irremediavelmente, a garantia geral oferecida a seu pagamento. No conjunto dos ativos, o estabelecimento cuja
titularidade está sendo transmitida pode apresentar tal relevância que, sem ele, o valor do passivo
acumulado superaria aquele atribuído aos demais bens. Nesse caso, para que seja possível extrair todos os
efeitos da alienação desejada, exige-se, com fator de eficácia, o adimplemento antecipado das dívidas do
empresário alienante ou, efetuada a notificação judicial ou extrajudicial de cada um dos seus credores, não
seja oferecida, no prazo de 30 dias, qualquer oposição, o que será equivalente a uma aquiescência tácita. O
contrato celebrado, caso não seja materializada uma das situações propostas, será válido, mas não apresentará
plena eficácia, não podendo atingir a esfera jurídica de credores do empresário alienante. Frise-se que a
hipótese prevista no presente artigo pode fornecer suporte à decretação da falência do empresário,
porquanto a alienação onerosa ou gratuita do estabelecimento, de acordo com o art. 94, III, c, da Lei n.
11.101/2005 (antigo inciso V do art. 2º do Decreto-lei n. 7.661/45), constitui uma das causas singulares de
caracterização do estado falimentar, quando realizada sem aquiescência dos credores e não sobrarem bens
suficientes ao saldo das dívidas. Ademais, persiste correspondência com o disposto no art. 129, VI, da Lei n.
11.101/2005 (antigo art. 25, VIII, do Decreto-lei n. 7.661/45), que prevê, ante a falta de prévio adimplemento ou
de aquiescência dos credores, o ajuizamento de ação revocatória, por meio da qual é postulado o
reconhecimento judicial da ineficácia da alienação de um estabelecimento, deixando o negócio de produzir
efeitos perante os ditos credores. A ação revocatória é proposta contra o adquirente do estabelecimento e
pretende trazer tal universalidade à massa falida, integrando o procedimento concursal em andamento.”
(BARBOSA FILHO, Marcelo Fortes, Código Civil comentado: doutrina e jurisprudência: lei n. 10.406, de 10.01.2002:
contém o código civil de 1916, coordenador Cezar Peluso, 2ª edição revista e atualizada, Barueri, Manole, 2008, p.
1.044 – sem ênfase no original)
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prestarem contas mensais às autoras” (vide doc. nº 9). Confira-se:
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“Em relação à tutela provisória, entendo que a parte demandante preencheu
adequadamente os requisitos previstos no art. 300 do CPC, isto é, a probabilidade do
direito invocado e o perigo de demora.
Quanto ao primeiro item, isto é, a probabilidade do direito invocado, o documento
15 (fls. 6 e 447/482) indica que, em 31/10/2019, a NEXGENESIS HOLDINGS LTDA
deu baixa, sem aparente contraprestação legítima, às quotas sociais que possuía
da RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA, no montante de R$ 5.473.687,66 (cinco
milhões, quatrocentos e setenta e três mil, seiscentos e oitenta e sete reais e sessenta
e seis centavos). Consigne-se, segundo informação do próprio AJ, que, na
referida data, ambas as sociedades autoras do presente feito já estavam em
estado de insolvência, conforme balanços patrimoniais às fls.7/11. Assim,
aplicável ao caso o art. 129, IV, VI da LFRJ. Outrossim, há elementos que indicam
que a ré RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA era pessoa jurídica controlada pelas
autoras, na forma do art. 1098 do Código Civil.
Quanto ao perigo de demora, tendo em vista a complexidade da falência das autoras,
bem como a possibilidade de que, com a demora na tramitação neste feito, possa
ocorrer dilapidação dos bens em questão, frustrando a presente demanda até o
mérito.
Demonstrado está, portanto, o periculum in mora.
Dessa forma, concedo a tutela provisória de urgência, na forma do art. 300 do CPC
e art. 137 da LFRJ, e determino o sequestro da totalidade das quotas sociais da
RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA (1ª Ré), de propriedade da RAKUTEN, INC
(2ª Ré) no valor de R$ 33.941.383,00 até o desfecho do presente feito, com o
dever dos administradores da RAKUTEN MARKETING BRAZIL LTDA prestarem
contas mensais às autoras.”
3
Ou seja, duas semanas após o dia em que a Rakuten, Inc. (2ª Ré da Ação Declaratória de Ineficácia) alienou o
controle societário do GRUPO RAKUTEN NO BRASIL à TOG BRAZIL HOLDINGS, INC. pela bagatela de US$ 1,00
(um dólar norte-americano), com o nítido intuito de fazer sua blindagem patrimonial e se safar das responsabilidades
patrimoniais frente aos credores que tinha no Brasil (vide doc. nº 6).
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72. Frise-se, ainda, que o Juízo Falimentar levou em consideração o fato de que,
em 28.10.2019, a 14ª Alteração do Contrato Social da Rakuten Marketing indicou a
alienação total de suas quotas sociais, “sem aparente contraprestação legítima”,
pela Nexgenesis Holdings Ltda. e pela Gencomm Internet Services do Brasil Ltda. à
Rakuten Japão, quando “já estavam em estado de insolvência”.
(iii) “este fato foi apontado no relatório elaborado pelo Administrador Judicial
como uma das principais causas e circunstâncias da falência, já que um dos
únicos ativos que restaram ao grupo foram os recebíveis de titularidade dos
lojistas”.
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74. Como se não bastasse, a Rakuten Marketing e a Rakuten Japão
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confessaram que, de fato, a TOG, então titular de 100% das quotas da Rakuten
Holding há somente 4 dias, transferiu por R$ 2,00 as quotas de Rakuten Marketing
Brazil Ltda. (então controlada pela Rakuten Holding) para Rakuten Japão e juntaram
até o recibo comprovando o preço de R$ 2,00 (vide doc. nº 8).
76. Essa manobra societária arquitetada pelo Grupo Rakuten e TOG claramente
pode ser enquadrada como ato de abuso de poder de controle, na forma do
artigo 117, §1º, alínea “b” da LSA, uma vez que promoveu a “transformação”
societária das empresas do Grupo Rakuten, para obter vantagem indevida para si:
(i) a Rakuten USA também irá permanecer no pólo passivo, ao indicar que a
“sociedade empresária interveniente dessa operação RAKUTEN USA INC.
permanece no polo passivo da ação de responsabilização e logo também
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Conselheiro da LinkShare, Assuntos Jurídicos, Diretor Jurídico Associado, e
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Diretor Jurídico Adjunto’, passando então a atuar como ’Diretor Jurídico
Adjunto e Diretor Jurídico da Rakuten Marketing LLC‘, subsidiária integral da
Rakuten USA, e nesta atuado com dupla função, como ’Diretor Jurídico‘ entre
2005 até 03/05/2021, além de ’Secretário Corporativo‘ por quase dez anos
(agosto de 2011 a maio de 2021), períodos que abrangem os fatos narrados
na inicial”;
(iv) afastou a tese de que o Sr. Reginald seria parte ilegítima, por entender que o
“agravante deve permanecer no polo passivo diante de sua ocupação na
RAKUTEN USA INC., sociedade empresarial interveniente no contrato de
compra e venda de quotas firmado entre a vendedora RAKUTEN BRAZIL
HOLDINGS LTDA. e a compradora TOG BRAZIL HOLDINGS, INC., negócio
este reputado como fraudulento”;
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78. No mesmo sentido, foi também proferido voto vencedor pelo Exmo. Des.
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Cesar Ciampolini no referido julgamento, em que foi destacada a atuação do Sr.
Reginald Rasch enquanto diretor jurídico da Rakuten USA e a ilicitude da operação
de venda da totalidade das quotas das Falidas:
(i) “De fato, como decorre da minuta recursal e é aferível da prova dos autos, o
agravante, enquanto diretor jurídico da Rakuten USA Inc., uma das antigas
controladoras indiretas das falidas, participou diretamente de operação,
tida por fraudulenta, consistente na alienação simulada de sociedades
integrantes do mesmo grupo, dentre elas as falidas, já insolventes à época, e
uma única sociedade rentável, a Rakuten Marketing Brazil Ltda.”;
80. Em 6.8.2019, dois meses antes da venda do negócio à TOG por valor irrisório
(1 dólar), a Rakuten Financial Services emitiu cédula de crédito bancário nº
730700346242 (“CCB”) em favor do Banco Itaú Unibanco S/A (“Itaú”) (doc. nº 23),
aumentando, materialmente, sua exposição a crédito rotativo junto ao Itaú para o
vultoso montante de R$ 65.000.000,00 (sessenta e cinco milhões de reais).
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81. A referida linha de crédito foi garantida pela constituição de cessão fiduciária
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de recebíveis no montante correspondente a 100% da soma dos valores de principal
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mais acessórios das obrigações garantidas, nos termos de três instrumentos
particulares de cessão fiduciária de direitos creditórios (em conjunto, a “Cessão
Fiduciária de Direitos Creditórios”) (doc. nº 24) 4.
85. Esse inadimplemento, por sua vez, deu-se praticamente um mês após a
conclusão da alienação do controle das Falidas pelo Grupo Rakuten à TOG e é uma
demonstração inconteste de que, à época da transferência das participações
societárias, as Falidas já se encontravam em estado de insolvência, incapazes de
honrar suas obrigações. Aliás, tal situação vinha sendo artificialmente postergada
como demonstra a emissão da CCB, em benefício exclusivo das ex-controladoras,
que procuravam alguém para assumir as dívidas em paralelo.
4
São eles o Termo de Constituição de Garantia de Cessão Fiduciária de Direitos de Crédito – Recebíveis de Cartão
de Crédito, Débito e/ou Outros Benefícios – Hipercard, conforme aditado, o Instrumento Particular de Cessão
Fiduciária de Direitos Creditórios (Recebíveis de Cartão de Crédito e Débito) nº 0041048351 e o Instrumento
Particular de Cessão Fiduciária de Direitos Creditórios (Recebíveis de Cartão de Crédito e Débito) nº 0041049965.
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(consolidação de propriedade) da cessão fiduciária de direitos creditórios. Ao total,
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os recursos indevidamente retidos (consolidados) pelo Itaú somam
aproximadamente R$ 77,3 milhões 5.
88. Conforme cláusula padrão dos contratos celebrados entre o Grupo Rakuten
e os lojistas, cabia à Gencomm Financial Services (à época, ainda Rakuten Financial
Services) a mera intermediação entre os lojistas e as credenciadoras de cartões de
crédito (Cielo, Redecard, dentre outras), por meio do oferecimento de plataforma
para lojas realizarem operações de vendas em varejo pela Internet.
89. Diante das informações de diversos lojistas de que seus recebíveis estavam
sendo excutidos (consolidados) pelo Itaú, em 28.8.2020, o D. Juízo Falimentar
reconheceu que tais recebíveis, de fato, eram de titularidade dos lojistas. Tal decisão
foi objeto de agravos de instrumento interpostos pelas Falidas e pelo Itaú.
5
R$ 77.337.053,03, conforme atualizado até 30.4.2021.
6
Agravo de instrumento nºs 2220888-74.2020.8.26.0000 e 2213101-91.2020.8.26.0000.
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nitidamente estranhos a seu patrimônio e inconsistentes com a dinâmica de seu
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modelo de negócios, a pretexto de previsão contratual autorizativa, certamente o
fizeram contrariando princípios de boa-fé (artigo 411 do CC), levando-as a um
super endividamento, pois o valor tomado é absolutamente incompatível com os
montantes de receitas próprias” (doc. nº 26).
95. No ano de 2019, as empresas Rakuten Brazil Holding Ltda. e Rakuten Brasil
Internet Service Ltda. efetuaram pagamentos de bônus de transação/retenção aos
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Srs. (i) Renê Toshiro Abe, diretor estatutário da Rakuten Brazil Holding Ltda. (doc.
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nº 27); (ii) Rodrigo Panachi (doc. nº 28), (iii) Fernanda Agresta Santos (doc. nº 29),
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(iv) Luiz Celso Meissner Baptista (doc. nº 30); e (v) Luiz Henrique Pelizon Loureiro
(doc. nº 31), os quatro últimos diretores da Rakuten Brasil Internet Service Ltda.
96. Vale frisar que o acordo para pagamento de bônus de retenção ao Sr. Renê
Toshiro Abe, celebrado em 1.4.2019, garantia ao Sr. Rene Toshiro Abe o pagamento
extra, além de seu pró-labore (que não era baixo), de um bônus de USD 100 mil,
com o objetivo “incentivar o Executivo a colaborar diligentemente com os trâmites
necessários para promover a transação de mudança de sócio da Empresa ou de
suas subsidiárias” (vide doc. nº 27).
97. A oferta dos bônus constituiu um inegável incentivo para que se agisse no
interesse da acionista Rakuten Japão, em violação ao dever fiduciário com as
Falidas, postergando artificialmente o estado de insolvência até encontrar alguém
disposto a receber valores para assumir o controle acionário ou receber a
participação societária sem custo algum.
98. No acordo firmado entre a Rakuten Brasil Internet Service Ltda. e a Sra.
Fernanda Agresta Santos, também celebrado em 1.4.2019, ofertou-se para a referida
Diretora Jurídica um pagamento extra, além do seu salário (que também não era
baixo), de bônus de retenção de USD 15 mil, também com o objetivo de “incentivar
a permanência do colaborador de modo que este permaneça em seu emprego atual
até que uma das condições abaixo ocorram: (a) início da transição societária da
empresa, ou de sua controladora (Rakuten Brasil Holding Ltda. – RBH), para um
comprador de suas quotas, via apresentação formal de proposta de aquisição das
quotas, podendo este documento ser vinculante ou não vinculante; ou (b)
transcorrido 9 (nove) meses da assinatura desse termo” (vide doc. nº 29).
99. Frise-se que quem assinou esse ato de extrema “benevolência” com a Sra.
Fernanda Agresta Santos foi o Sr. Renê Toshiro Abe, o que claramente demonstra o
conluio entre esses atores para, de um lado, exercer atos no interesse exclusivo da
Rakuten Japão e, de outro lado, dilapidar o patrimônio das Falidas.
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100. Já o aditamento ao acordo de retenção do Sr. Rodrigo Panachi (vide doc. nº
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28), celebrado em 17.6.2019, também concedido pelo Sr. Renê Toshiro Abe, traz um
aumento no bônus originalmente estimado em USD 20 mil para USD 50 mil.
101. Só nesses três casos, vemos que, entre abril e junho de 2019, embolsaram
“extras” de USD 165 mil do caixa das Falidas, às vésperas da venda das quotas à
TOG.
102. Frise-se ainda que os Srs. Luiz Celso Meissner Baptista e Luiz Henrique
Pelizon Loureiro, também ex-Diretores da Rakuten Brasil Internet Service Ltda.,
também foram beneficiados por esses bônus da retenção (vide docs. nº 30 e 31).
Supondo patamares semelhantes de pagamentos, não seria irreal imaginar que
as Falidas tenham gastado quase R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) com
bônus de retenção para somente 5 ex-executivos das Falidas.
105. Tanto é que as próprias Agravantes afirmam que tais bônus teriam sido pagos
com dinheiro depositado pela Rakuten USA para a TOG ou com dinheiro injetado
pela Rakuten Japão nas Falidas – sem maiores explicações.
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2268287-31.2022.8.26.0000 e código Kn5bAyJM.
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106. As Agravantes alegam que não teria havido uso predatório do patrimônio das
Falidas ou gestão ruinosa na manutenção e ampliação da relação comercial com a
empresa XIAOMIBRZ, pois a operação nada mais seria do que uma decisão
comercial para buscar receitas e “a XIAOMIBRZ se tratava de uma relevante
revendedora de produtos XIAOMI” – a despeito de ter sido criada apenas 12 (doze)
dias antes da contratação com as Falidas (doc. nº 32).
109. Tal e-mail deve ser analisado considerando que as Falidas teriam recebido,
até a semana anterior à data do e-mail, cerca de R$ 5 milhões de reais de
“chargebacks” da XIAOMIBRZ (doc. nº 34). Sabe-se que devolução de valores de
compras canceladas em cartões de crédito implicavam em reiterados prejuízos às
Falidas.
111. Além disso, o Sr. Paulo Roberto Abreu indicou em e-mail enviado em
22.3.2019 que a contratação com a XIAOMIBRZ (classificada com cliente de alto
risco) já representaria risco à relação da Rakuten com a Cielo – servidor importante
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para suas operações (doc. nº 35). Ademais, o dono da XIAOMIBRZ já havia causado
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problemas para as Falidas anteriormente devido aos inadimplementos de seu
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investimento anterior, a loja Invicta (doc. nº 36)
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margem negativa o risco de ação contra a Rakuten:
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117. Isto sugere que determinadas decisões comerciais tomadas pela
administração das Falidas, já nomeada por TOG, levaram em consideração não os
interesses preponderantes das empresas do Grupo Gencomm como lhe impunham
os deveres fiduciários da administração da Gencomm, mas os interesses do Grupo
Rakuten (ex-controladoras).
118. Tal fato é mais um indício da incomum relação entre TOG e o Grupo Rakuten,
demonstrando possível atuação da primeira como testa de ferro da segunda, em
clara demonstração de confusão patrimonial e da ausência de centros decisórios
distintos entre TOG, Falidas e Grupo Rakuten. Toma-se uma decisão empresarial
em uma empresa, com o exclusivo intuito de evitar risco de exposição patrimonial da
outra empresa. Além disso, resta evidente intuito de promover a blindagem da TOG,
Rakuten Japão e Rakuten USA.
119. Na mesma linha do quanto acima salientado, pode-se dizer que uma série de
7
Veículo empregador a ser confirmado.
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à TOG, representada pelo Sr. Rene Toshiro Abe, geraram evidente
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descapitalização das empresas do Grupo Rakuten em favor da ex-controladora
Rakuten Japão.
121. Ou seja, ao menos nas Reuniões dos Sócios Quotistas de 2018 e 2019 que
aprovaram as contas das gestões 2017/2018 e 2018/2019 da Rakuten Internet e da
Rakuten Holdings, as decisões tomadas pelo Sr. Rene Toshiro Abe, como
representante da ex-controladora Rakuten Japão, foram abusivas e representaram
abuso de poder de controle da ex-controladora Rakuten Japão (docs. nº 38 e 39).
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demonstrada a culpa concorrente do controlador, este também responderá pelo dano
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causado” (opus cit ., p. 1.086).
O art. 117 da LSA dispõe que o acionista controlador responderá “pelos danos
causados por atos praticados com abuso de poder”, destacando-se, entre o rol
exemplificativo, as seguintes modalidades: (1) “promover alteração estatutária,
emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não
tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas
minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores
mobiliários emitidos pela companhia” alínea c; (2) “contratar com a companhia,
diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em
condições de favorecimento ou não equitativas” alínea f; (3) “aprovar ou fazer
aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou
deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que
justifique fundada suspeita de irregularidade” alínea g.
(...)
Dispõe o caput do art. 115 da LSA que “o acionista deve exercer o direito a voto
no interesse da companhia”, considerando-se “abusivo o voto exercido com o
fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou
para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar,
prejuízo para a companhia ou para outros acionistas”. (Apelação Cível nº
1053084-94.2017.8.26.0100, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do
Tribunal de Justiça de São Paulo, Des. Rel. Ricardo Negrão, j. 21.7.2020)
123. Ou seja, evidente que o Sr. Rene Toshiro Abe, enquanto representante da
Rakuten Japão, violou os artigos 115 e 117 “g” da LSA ao votar pela aprovação das
contas sem levantar possíveis irregularidades nas gestões 2017/2018 e 2018/2019
da Rakuten Internet e da Rakuten Holdings.
124. Como se não bastasse, o Sr. Rene Toshiro Abe, representando a Rakuten
Japão, também se omitiu em adotar políticas de saneamento das finanças das
empresas do Grupo Rakuten, deixando de orientar os negócios da empresa de modo
sustentável. Ou seja, houve abuso do poder de controle na postergação do
reconhecimento da situação de insolvência no contexto da operação fraudulenta de
venda das quotas das Falidas à TOG.
125. Todavia, o Sr. Rene Toshiro Abe, representando a Rakuten Japão optou por
aprovar as contas, sem ressalvas, em claro intuito de se eximir de responsabilidade,
incorrendo em evidente ato de abuso de poder de controle na forma dos artigos 115
e 117, alínea “g” da LSA. Ademais, por ter deixado de adotar políticas de controle do
endividamento das empresas do Grupo Rakuten, em especial da Rakuten Internet e
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da Rakuten Holdings, acabou por agir em abuso de poder de controle, por omissão,
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na forma do artigo 117, alíneas “a” e “c” da LSA.
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(f) Desconsideração da Personalidade Jurídica
127. Assim, segundo o artigo 28, caput e § 5º, do CDC e o artigo 134, VII, do CTN,
o estado de insolvência de uma empresa seria suficiente para a
extensão/redirecionamento da responsabilidade patrimonial aos sócios:
128. De qualquer forma, cabe às Massas Falidas ressaltar que, ainda do ponto de
vista mais restritivo do artigo 50 do CC, encontram-se configurados os pressupostos
de desconsideração da personalidade jurídica das Falidas, para a extensão da
responsabilidade patrimonial aos sócios.
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personalidade jurídica em caso de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
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130. In casu, evidente a necessidade de desconsideração da personalidade
jurídica das Falidas para alcançar os bens das demais empresas que figuraram como
sócias. O conjunto probatório ora trazido comprova o desvio de finalidade no uso das
pessoas jurídicas, por meio da manutenção de contratos confessadamente
deficitários para postergação do reconhecimento da situação de insolvência para
atender exclusivamente os interesses das cotistas, bem como por meio da sucessão
irregular de atividades do Grupo Rakuten Rakuten por TOG, e a confusão patrimonial
entre as empresas do Grupo e entre as empresas do Grupo e seus sócios (art. 50,
§§ 1° e 2° do CC).
8
NERY JUNIOR, Nelson – Código Civil Comentado / Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery – 9 ed. –
São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 310.
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134. A venda das quotas tratada acima indica que o único intuito da engenharia
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societária executada pela Rakuten Japão, Rakuten USA, TOG, Falidas e seus
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administradores era lesar credores, procurando isentar-se das responsabilidades.
137. A situação dos autos guarda grande semelhança com a situação fática tratada
no âmbito de uma ação de extensão de responsabilidade patrimonial ajuizada pela
Massa Falida de Imbra S/A contra a sócia à época da falência (Arbeit Gestão de
Negócios Ltda.) e as ex-sócias controladoras (fundo de private equity GP Capital
Partners Ltda. e Smiles LLC) da empresa falida Imbra S/A, que haviam alienado o
controle da Imbra S/A, logo antes da quebra por US$ 1,00 à Arbeit.
139. O caso guarda semelhanças com o presente pois, por exemplo: (i) houve a
extensão da responsabilidade patrimonial da sócia e da ex-sócia que alienou o
controle logo antes da quebra por US$ 1,00; (ii) o caso envolvia a venda suspeita do
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controle acionário da Imbra S.A. e a má gestão da Imbra S.A. pelos seus ex-
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administradores; (iii) o caso envolvia danos a consumidores, em razão do
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fechamento abrupto de clínicas de serviços odontológicos. Assim, a
responsabilização solidária e extensão da responsabilidade às ex-controladoras
fundamentou-se nos artigos 82 da LRF e 28, §5º do CDC.
Sentença
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(...)
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Por isso, e invocando as disposições do CDC, requer a massa falida a
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desconsideração da personalidade jurídica das ex-controladoras da Imbra, reais
responsáveis pelos prejuízos causados aos consumidores, para que sejam
condenadas a pagar à massa falida os valores que ela será obrigada a pagar aos
consumidores, no processo falimentar.
Por fim, quando decidiu-se pela venda do negócio, o GP alienou o controle à Arbeit,
que tinha seu nome vinculado à aquisição de empresas em crise e com um sócio na
lista dos maiores devedoras da Previdência Social (fls. 560 e 623).
A Arbeit, por sua vez, pagou simbolicamente um dólar norteamericano pela
aquisição da Imbra, com a promessa de receber mais quarenta milhões de Reais
da GP, desde que terminasse os tratamentos odontológicos (fls. 955; cláusula
4.2., a, iii), mas admitiu que a aquisição do controle da Imbra se deu sem uma
auditoria (fls. 428), ou seja, sem saber qual o caixa da companhia (fls.1250/1251).
Ora, se Arbeit não tinha a noção exata do fluxo de caixa e do montante de
recursos necessários a terminar os tratamentos, claro que a estimativa prevista
no contrato com a GP era temerária, novamente revelando um negócio de venda
de controle lesivo aos interesses dos consumidores.
Finalmente, a Arbeit decidiu-se pelo requerimento de autofalência da Imbra, sob o
fundamento de que a execução movida pelo banco KDB “fechou” o mercado de
crédito para a companhia, mas sequer cogitou da medida de recuperação.
Se a Arbeit tinha justificado a aquisição do controle da companhia porque
confiava na viabilidade do negócio, não havia razão para poucos meses depois
ignorar a alternativa da recuperação judicial, decidindo abruptamente pelo
fechamento das clínicas e sequer conservando os prontuários dos pacientes,
em clara desconsideração a seus interesses.
Nesse contexto, os ex-controladores devem ser responsabilizados pelos danos
causados aos consumidores da Imbra, reconhecidos nas ações por eles movidos
contra a massa falida, que não tem recursos para satisfazer tais créditos.
Pelo exposto, julgo procedente a demanda para condenar os réus,
solidariamente, ao pagamento, em favor da massa falida, das quantias relativas
às condenações que têm suportado, por força de sentenças condenatórias
proferidas nas ações de indenização propostas pelos consumidores da Imbra,
em virtude dos danos morais e materiais por eles suportados.” (vide doc. nº 40)
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É por isso que a atuação temerária das apelantes implica sua obrigação de
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indenizar a massa falida das quantias das condenações que as sentenças
movidas em face da IMBRA vierem a atribuir-lhe.” (vide doc. nº 41)
141. Assim como a Arbeit pagou o valor simbólico de 1,00 dólar pela aquisição da
Imbra S.A., a TOG, fundo americano, também pagou 1 dólar pelas empresas do
Grupo Rakuten no Brasil.
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pessoas integrantes da mesma constelação empresarial (art. 2o, par 2o). Mais
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recentemente, o Código de Defesa do Consumidor autoriza expressamente a
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desconsideração da pessoa jurídica, a ser feita pelo juiz e, processos referentes a
relações de consumo, "quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infração a lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos e
ou contrato social" (art. 28).
Indo além dessas disposições bem particularizadas em setores específicos, os
tribunais praticam a desconsideração da personalidade jurídica para
responsabilizar sócios também em situações não previstas nas leis societárias
ou tributarias - aplicando-a em relação a débitos perante fornecedores,
prestadores de serviços, mutuantes em geral etc. Isso é feito exclusivamente
diante de situações de fraude - porque o combate a esta é o objetivo único da
disregrad doctrine e, sem uma conduta fraudulenta a debelar, impõe-se a
clássica destinação entre a personalidade jurídica do sócio e da sociedade a
que pertence. Observas essas limitações, a desconsideração da personalidade
jurídica é um legitimo instrumento útil à efetivação dos direitos e da garantia
constitucional de acesso à justiça, mediante a responsabilização dos bens dos
sócios pelas obrigações da sociedade.” (Dinamarco, Cândido Rangel, Instituições
de Direito Processual Civil, Volume IV, São Paulo: Malheiros Editores, 2004, pag. 366)
145. Por essas razões, deve ser mantida a r. Decisão Agravada para atingir o
patrimônio das Agravantes, por abuso de personalidade jurídica, desvio de finalidade
e confusão, desvio, transferência e ocultação patrimonial.
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encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista no caput deste artigo.
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§ 2º O juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes interessadas,
ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade compatível
com o dano provocado, até o julgamento da ação de responsabilização.
149. Como bem reconhecido pela r. decisão que rejeitou o pedido de atribuição de
efeito suspensivo ao Agravo (“Decisão Interlocutória” – fls. 88/99), “não se vislumbra
ofensa aos limites da jurisdição nacional, uma vez que a petição inicial atribuiu fatos
e atos fraudulentos praticados no Brasil, inclusive pelas agravantes, ex-sócias,
sediadas nos Estados Unidos da América e Japão, que resultaram na falência de
sociedades empresárias, ocasionando diversos prejuízos a credores e às próprias
falidas”.
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ato praticado no Brasil. O fundamento de determinada demanda é, sem dúvida, sua
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causa de pedir próxima ou remota. Portanto, todas as vezes que o fundamento da
causa de pedir seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil, a competência
jurisdicional será nacional.
No caso, não se está falando do domicílio do réu, muito menos do local em que deva
ser cumprida a obrigação. A opção formulada pela legislação processual diz respeito
a fatos ou atos que possam configurar o fundamento da causa de pedir em
determinada demanda judicial. A causa de pedir abrange todos os fatos que a
incorporam, incluindo os fatos acessórios ou complementares. 9
****
9
SOUZA, Artur César de. Jurisdição e competência no Novo C.P.C: competência da justiça federal e competência
da justiça estadual. São Paulo: Grupo Almedina, 2019, p. 76-79
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ausência de competência e nulidade da r. Decisão Agravada.
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(i) Da delimitação temporal, dos atos e da responsabilidade
153. Conforme exposto acima, a Massa Falida fez extensiva descrição dos atos
que ensejam a responsabilidade das Agravantes, com devida exposição do tempo e
modo em que ocorreram.
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Circunstâncias de
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demonstrem que o
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Individualização do Finalidade da Prova (Art.
documento existe e se acha
documento (Art. 397, I, CPC) 397, II, CPC)
em poder da parte contrária
(Art. 397, III, CPC)
Balanço especial levantado, Demonstrar o critério utilizado Considerando se tratar de
para a apuração do valor da pela Rakuten Japão, Rakuten negociação envolvendo
companhia quando da venda USA e Rakuten Brasil Holdings empresas estrangeiras, quais
da participação da Rakuten Ltda. para precificar a venda sejam, Rakuten Japão,
Japão e Rakuten USA, através em 1 dólar Rakuten USA e TOG Brazil
da Rakuten Brasil Holdings Holdings Inc.., tais documentos
Ltda., para a TOG Brazil claramente se encontrariam em
Holdings Inc.. poder de tais partes.
Relatório de Due Diligence Demonstrar o critério utilizado Considerando se tratar de
prévio ao Instrumento de pela Rakuten Japão, Rakuten negociação envolvendo
Compra de Quotas USA e Rakuten Brasil Holdings empresas estrangeiras, quais
Ltda. para precificar a venda sejam, Rakuten Japão,
em 1 dólar Rakuten USA e TOG Brazil
Holdings Inc., tais documentos
claramente se encontrariam em
poder de tais partes.
Seguros D&Os firmados pela Demonstrar o potencial de Tratam-se de documentos
Rakuten Japão, Rakuten USA e cobertura do Passivo da Massa relevantes em função de
TOG Brazil Holdings Inc. em Falida, em caso de legislações de países
favor de seus diretores, por responsabilização final dos ex- estrangeiros
atos ilícitos diretores das empresas co-
responsáveis patrimoniais
pelas fraudes contra as Falidas
E-mails e correspondências Demonstrar a prévia ciência Tratam-se de documentos
trocadas entre a Rakuten Japão dos representantes da TOG relevantes para demonstrar o
a TOG e as Falidas sobre a acerca do estado pré- caráter fraudulento da
situação financeiras das insolvência das Falidas transferência de quotas das
Falidas antes da venda das Falidas à TOG
empresas à TOG
Atas de Reunião de Cotistas da Demonstrar a prévia ciência Tratam-se de documentos
Rakuten Japão, da TOG e das dos representantes da TOG relevantes para demonstrar o
Falidas com as orientações e acerca do estado pré- caráter fraudulento da
decisões sobre os negócios insolvência das Falidas transferência de quotas das
entre a Rakuten Japão, a TOG Falidas à TOG
e as Falidas
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exibição desses documentos é essencial para que seja possível ampliar a convicção
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firmada até o momento sobre os fatos descritos na inicial.
157. Para além desses fatores, os quais já seriam de todo suficientes para
fundamentar a ordem de exibição de documentos, também chama atenção que,
especificamente no caso dos autos, a Administradora Judicial apurou que antes da
falência as Falidas parecem ter destruído provas de forma deliberada, pois não
foram localizados determinados documentos pertinentes aos administradores
e os representantes dos controladores, notadamente e-mails trocados entre
eles.
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pelo ex-diretor jurídico da Rakuten USA Reginald Rasch, que “os requisitos da tutela
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provisória cautelar para a decretação de indisponibilidade dos bens e determinação
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de exibição de documentos estão preenchidos” (vide doc. nº 22). Por fim, registrou
que, “[m]esmo não se aplicando o método analógico, ressalta nos autos que a
responsabilidade do agravante é de ordem dúplice com presunção de culpa, o que
autoriza a inversão do ônus probatório”.
162. Não há motivos para que a Massa Falida ou este E. TJSP suponha que as
Agravantes passarão a agir com boa-fé a partir do ajuizamento do Incidente.
163. Caso seus bens continuem disponíveis durante toda a instrução processual,
é evidente o risco de dilapidação e prejuízo ao resultado útil do processo. Saliente-
se que a tutela deferida possui natureza acautelatória e não constitui expropriação
definitiva de bens. Os bens continuarão em poder dos requeridos, que poderão deles
gozar – mas não dispor em favor de terceiros.
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PROVISÓRIA. Urgência. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica e
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extensão dos efeitos da falência com pedido de antecipação de tutela c/c liminar de
arresto e indisponibilidade de bens inaudita altera parte. Tutela de urgência concedida
em primeiro grau. Agravo de um dos réus. Sólidos os fundamentos da decisão
agravada no tocante ao preenchimento dos requisitos da tutela provisória de
urgência previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil. Entende-se
evidente, tratando-se de agravo de instrumento contra decisão envolvendo
tutela provisória, naturalmente prolatada à base de cognição sumária, que a
questão deve ficar circunscrita ao preenchimento dos respectivos
pressupostos legais. Não se pode proceder a um exame aprofundado das teses
suscitadas pelas partes sob pena tanto de pré-julgamento do mérito quanto de
supressão de instância. Recurso não provido.
(...)
Em segundo lugar, verifica-se que, ao examinar os elementos coligidos nos autos, o
juízo de primeiro grau apontou a existência de indícios veementes da ocorrência de
práticas delituosas, as quais teriam resultado no desvio do patrimônio do Banco
Pontual em favor de seus acionistas e ex-administradores, em manifesto
prejuízo de credores, a saber: (i) confusão patrimonial; (ii) constituição de “banco
oculto”, sediado nas Bahamas, para utilização como plataforma de desfalques de
ativos da falida; (iii) desvio de recursos financeiros por meio de operações
denominadas “security agréments”, por meio das quais eram concedidos empréstimos
no país e os tomadores efetuavam depósitos no “banco oculto” estabelecido no
exterior, como garantia de obrigações cujo inadimplemento já estava previamente
ajustado; e (iv) aquisição de “export notes” de interposta empresa (Tagus Fomento),
sem garantias suficientes, que serviram de engenhoso mecanismo de esvaziamento
patrimonial dos ativos do Banco Pontual às vésperas da intervenção na instituição
financeira. Especificamente em relação ao agravante, a decisão recorrida salientou
que ele era um dos sócios administradores da pessoa jurídica União de Executivos
Participações e Administração Ltda (acionista da falida), bem como beneficiário final
da “offshore” Pier Nine Limited (controladora do “banco oculto”).
Desse modo, considerando que o juízo de primeiro grau, à vista das
investigações realizadas, convenceu-se da verossimilhança das teses
suscitadas, em especial das alegações de confusão patrimonial e de desvio
fraudulento, justificando o perigo de dano no “risco de desaparecimento e/ou
perecimento de bens dos requeridos”, sendo “razoável supor que se valerão de
novos atos irregulares para a blindagem de seu patrimônio pessoal no curso do
presente feito” (fls. 967 dos autos principais), forçoso reconhecer, em exame
superficial compatível com as etapas processual e recursal, que são sólidos os
fundamentos da decisão agravada no tocante ao preenchimento dos requisitos
da tutela provisória de urgência previstos no artigo 300 do Código de Processo
Civil.
Ademais, embora o agravante defenda que os supostos desvios ocorreram fora do
período de sua gestão e após seu desligamento da instituição financeira, é
incontroverso que ele ainda permaneceu formalmente vinculado à União de
Executivos Participações e Administração Ltda., pessoa jurídica até então acionista
do banco falido. Nesse contexto, não há como deixar de reconhecer que o caso
envolve suposta fraude financeira transnacional e possui contornos diferenciados. A
decisão agravada se pautou pela análise genérica das condutas e não há como, a
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2268287-31.2022.8.26.0000 e código Kn5bAyJM.
as irregularidades, no mais das vezes, são constatadas pela soma dos fatos
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA JULIA LISSA SATO CHUBACI, protocolado em 30/11/2022 às 18:49 , sob o número WPRO22014517851.
envolvidos (TJSP, Agravo de Instrumento n. 2019337-19.2015.8.26.0000, 10ª
Câmara de Direito Privado, j. 22-09-2015, rel. Des. Carlos Alberto Garbi).
Nessa quadra, anote-se, bem observou o representante do Ministério Público, Dr.
Owem Miuki Fujiki, no seu parecer:
“Não se nega a possibilidade de alteração panorâmica, após o devido contraditório e
a dilação probatória. Contudo, ao menos neste estágio, e considerando o risco do
dano irreparável, as dimensões das lesões verificadas, o alcance e as consequências
das fraudes praticadas, a relevância do bem jurídico tutelado, atentando-se também
para o princípio da integral reparação do dano, sem se olvidar da probabilidade do
direito, era caso de concessão da tutela provisória antecipada, nos termos e conforme
ocorreu por meio da r. decisão agravada” (fls. 319/320).
À vista dessas considerações, entendo de rigor a manutenção da decisão
agravada por suas próprias e judiciosas razões.
Posto isso, nego provimento ao recurso.” (Agravo de Instrumento nº 2247128-
37.2019.8.26.0000, 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do TJSP, Des. Rel.
Gilson Delgado Miranda, j. 31.3.2020)
165. Dessa forma, não há que se falar em reforma da r. Decisão Agravada, uma
vez que é evidente o risco de dilapidação do patrimônio das Agravantes e de prejuízo
ao resultado útil do processo.
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V. CONCLUSÃO E PEDIDO
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168. Por tudo que se ora expõe e diante da nítida caracterização dos requisitos do
fumus boni iuris e periculum in mora, a Massa Falida respeitosamente pleiteia seja
negado provimento ao Agravo, com consequente e integral manutenção da r.
Decisão Agravada por todos os seus próprios fundamentos.
Termos em que,
P. deferimento.
São Paulo, 1 de dezembro de 2022
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