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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0000405227

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2256610-38.2021.8.26.0000 e código 1A38E9AE.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2256610-38.2021.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é agravante SUL
AMÉRICA COMPANHIA NACIONAL DE SEGUROS, são agravados CICERO
BARBOSA DA SILVA, KATIA ALVES NUNES DOS SANTOS, JOSEFA
NUNES SOARES MANCUZO, JOSEFA LÚCIA BEZERRA DA SILVA,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DURVAL AUGUSTO REZENDE FILHO, liberado nos autos em 27/05/2022 às 17:06 .
DORIVAL ZONARO, MARIA APARECIDA DE ASSIS GASPAR, EVANILDO
FERREIRA, AUREO ROBERTO, MARIA DE FATIMA DA SILVA BENEDITO,
CECÍLIA DE MELO PINTO, ANTONIO LUIZ RIBEIRO, MANOEL
APARECIDO CAMARA, SANDRA GOULART, MARGARETH
FRANCISCHINI, CLÉLIO BARBOSA, MANUEL FELIPE, CELSO LUIZ DA
SILVA CASTRO, IVAN ANTONIO BRESSAN, ILTON CARDOSO DA SILVA,
CLAUDETE MELO MAGOGA, CELIO FERNANDES DELGADINHO,
NORLIDA DA CRUZ PEIXOTO, MARIA ANA DE ALMEIDA e ALCIDES
ANTONIO DE ALMEIDA JUNIOR.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 1ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores CLAUDIO


GODOY (Presidente sem voto), ENÉAS COSTA GARCIA E RUI CASCALDI.

São Paulo, 27 de maio de 2022.

AUGUSTO REZENDE
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agravo de Instrumento nº 2256610-38.2021.8.26.0000


Agravante: Sul América Companhia Nacional de Seguros

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Agravados: Manoel Aparecido Camara e outros
Comarca: Bauru
Voto nº 15745

Seguro habitacional. Ação indenizatória. Decisão que


manteve a competência da Justiça Estadual para o

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DURVAL AUGUSTO REZENDE FILHO, liberado nos autos em 27/05/2022 às 17:06 .
julgamento da ação. Inadmissibilidade. Atuação da Caixa
Econômica Federal - CEF em defesa do Fundo de Variações
Salariais FCVS. Matéria pacificada pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de Repercussão Geral (RE 827996-
PR Tema 1011). Deslocamento da competência à Justiça
Federal. Precedentes desta Egrégia 1ª Câmara de Direito
Privado (tese 1.1 do referido tema). Decisão reformada.
Recurso provido.

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra r.


decisão que, em sede de cumprimento de sentença de ação de
indenização securitária, acolheu parcialmente a impugnação,
rejeitando o pedido de remessa dos autos à Justiça Federal, afastando
as preliminares de ilegitimidade ativa e prescrição, considerando
devidas as penalidades do art.523, do CPC (multa e honorários) e, por
fim, determinando a realização de perícia contábil para apuração dos
excessos indicados (fls. 574/575 do proc. nº 0004094.2021.8.26.0071).
Sustenta-se, em síntese, que a Caixa Econômica
Federal - CEF, como gestora do Fundo de Variações Salariais - FCVS,
deve integrar a lide, com consequente deslocamento da competência
para Justiça Federal, e que o seguro garantia judicial é meio idôneo de
garantia do juízo (art.848/CPC). Alega-se que os honorários somente
são devidos quando não houver tempestiva garantia do juízo. Requer-
se a concessão do efeito suspensivo e o provimento do presente
recurso, para que os autos sejam remetidos ao juízo federal ou, no
mérito, que seja reformada a decisão agravada, julgando-se extinta a
execução em razão da ilegitimidade ativa dos exequentes, ou, ainda,
garantindo-se o juízo com a apresentação da apólice e afastando-se a
incidência da multa (art.523, CPC).
Recurso tempestivo; processado apenas no efeito
devolutivo (fls. 802) e custas recolhidas (fls. 798/800).
A parte agravada apresentou contraminuta, requerendo
a condenação da agravante ao pagamento de multa por litigância de
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má-fé (fls. 805/822).


É o relatório.

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Cuida-se de cumprimento provisório de sentença
proferida na ação ordinária de indenização securitária proposta contra
a ora agravante e pendente de julgamento no Superior Tribunal de
Justiça (proc. nº 0026942-07.2010.8.26.0071).
A agravante apresentou impugnação ao cumprimento

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de sentença, garantindo integralmente o juízo por meio de seguro
garantia no valor R$ 2.172.294,89, uma vez que foi intimada para o
pagamento de R$ 1.670.996,07. Em preliminar, alegou incompetência
absoluta da Justiça Estadual diante do julgamento do Recurso
Extraordinário nº 827.996/PR, afetado sob o regime da repercussão
geral; ilegitimidade ativa dos exequentes e prescrição (fls. 466/484 dos
autos de origem).
O juízo de primeiro grau acolheu parcialmente a
impugnação, rejeitando o pedido de remessa dos autos à Justiça
Federal e afastando as preliminares de ilegitimidade ativa e prescrição,
considerando devidas as penalidades do art.523, do CPC (multa e
honorários) e, por fim, determinando a realização de perícia contábil
para apuração dos excessos indicados
Não há dúvida de que a questão colocada em debate no
presente recurso foi pacificada em recente julgamento proferido pelo
Supremo Tribunal Federal em sede de Repercussão Geral (RE 827996-
PR - Tema 1011).
Segundo o entendimento fixado pelo E. Supremo
Tribunal Federal, nas ações de indenização de seguro habitacional de
mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), havendo
controvérsia relativa à existência de interesse jurídico da Caixa
Econômica Federal para ingressar no feito como parte ou terceira
interessada, os autos devem ser remetidos à Justiça Federal para
avaliação do interesse jurídico que justifique a sua presença no
processo.
De acordo com as teses vinculantes fixadas no referido
julgamento:
“1) Considerando que, a partir da MP 513/2010 (que
originou a Lei 12.409/2011 e suas alterações posteriores, MP 633/2013
e Lei 13.000/2014), a CEF passou a ser administradora do FCVS, é
aplicável o art. 1º da MP 513/2010 aos processos em trâmite na data
de sua entrada em vigor (26.11.2010): 1.1.) sem sentença de mérito
(na fase de conhecimento), devendo os autos ser remetidos à Justiça
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Federal para análise do preenchimento dos requisitos legais acerca do


interesse da CEF ou da União, caso haja provocação nesse sentido de

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quaisquer das partes ou intervenientes e respeitado o § 4º do art. 1º-A
da Lei 12.409/2011; e 1.2) com sentença de mérito (na fase de
conhecimento), podendo a União e/ou a CEF intervir na causa na
defesa do FCVS, de forma espontânea ou provocada, no estágio em
que se encontre, em qualquer tempo e grau de jurisdição, nos termos
do parágrafo único do art. 5º da Lei 9.469/1997, devendo o feito
continuar tramitando na Justiça Comum Estadual até o exaurimento do
cumprimento de sentença; e 2) Após 26.11.2010, é da Justiça Federal

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a competência para o processamento e julgamento das causas em que
se discute contrato de seguro vinculado à apólice pública, na qual a
CEF atue em defesa do FCVS, devendo haver o deslocamento do feito
para aquele ramo judiciário a partir do momento em que a referida
empresa pública federal ou a União, de forma espontânea ou
provocada, indique o interesse em intervir na causa, observado o § 4º
do art. 64 do CPC e/ou o § 4º do art. 1ºA da Lei 12.409/2011.” (RE
827996/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes - g.n.).
O caso em análise se enquadra na hipótese prevista na
tese número 1.1, uma vez que a sentença foi proferida em 01/07/2016,
data posterior em relação à edição da referida Medida Provisória
513/2010 MP (que resultou na Lei 12.409/2011), que pacificou a
análise do tema reconhecendo o interesse da CEF na lide com a
consequente necessidade de remessa do feito para a Justiça Federal.
Deste modo e porque a sentença somente foi proferida
após a CEF ter assumido a administração do FCVS, somado ao fato
de que no caso concreto a própria Caixa Econômica Federal
manifestou o interesse jurídico expresso em sua intervenção no
processo, devem os autos de origem ser remetidos à Justiça Federal.
Essa conclusão, aliás, está respaldada pela norma do
artigo 109, I, da Constituição Federal, que atribui aos juízes federais a
competência para julgar “As causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição
de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho”.
Nesse sentido, confiram-se recentes precedentes desta
Egrégia 1ª Câmara de Direito Privado:
- “Agravo de instrumento. Seguro habitacional. Ação de
indenização securitária. Decisão que manteve a competência
da Justiça Estadual para o julgamento da ação de origem. Aplicação
da tese consolidada pelo STF no RE nº 827.996/PR (Tema 1011),

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segundo a qual: "1) Considerando que, a partir da MP 513/2010 (que


originou a Lei 12.409/2011 e suas alterações posteriores, MP 633/2013

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e Lei 13.000/2014), a CEF passou a ser administradora do FCVS, é
aplicável o art. 1º da MP 513/2010 aos processos em trâmite na data
de sua entrada em vigor (26.11.2010): 1.1.) sem sentença de mérito
(na fase de conhecimento), devendo os autos ser remetidos à Justiça
Federal para análise do preenchimento dos requisitos legais acerca
do interesse da CEF ou da União, caso haja provocação nesse sentido
de quaisquer das partes ou intervenientes e respeitado o § 4º do art. 1º-
A da Lei 12.409/2011". Inexistência de sentença de mérito nos autos

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de origem. Competência da Justiça Federal para analisar
o interesse jurídico que justifique a presença da Caixa
Econômica Federal no processo. Art. 109, I, da Constituição Federal e
Súmula nº 150, do STJ. Precedentes deste E. Tribunal. Decisão
reformada. Recurso provido” (Agravo de Instrumento nº
2209138-41.2021.8.26.0000, relator Des. Alexandre Marcondes, j. em
13.10.2021);
-“SEGURO HABITACIONAL. Ação indenizatória.
Decisão que acolhe pedido de intervenção de terceiro formulado pela
Caixa Econômica Federal, firmando a competência da Justiça
Federal para processar e julgar a demanda. Manutenção. Discussão
sobre a competência da Justiça Estadual, ou Federal para processar e
julgar ações de indenização com base em contrato de seguro adjeto a
contrato de mútuo por vícios da construção. Sistema Financeiro de
Habitação (SFH). Atuação da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL em
defesa do FCVS. Matéria pacificada pelo Supremo Tribunal
Federal em sede de Repercussão Geral (RE 827996-PR Tema
1011). No caso concreto, correto o deslocamento da competência para
a Justiça Federal. Recurso desprovido” (Agravo de Instrumento nº
2086383-49.2020.8.26.0000, relator Des. Francisco Loureiro, j. em
02.06.2021).

Assim, a r. decisão agravada deve ser reformada, com a


integração da CEF no polo passivo da ação e remessa dos autos à
Justiça Federal.
Ante o exposto, dou provimento do recurso.
É o meu voto.

Augusto Rezende
Relator

Agravo de Instrumento nº 2256610-38.2021.8.26.0000 -Voto nº 15745 5

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