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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CAICO GONDIM BORELLI e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado

em 17/03/2022 às 15:02 , sob o número TJCE22000673104.


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DEZEMBARGADOR RELATOR DURVAL AIRES FILHO DA 4ª


CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
CEARÁ.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0637152-59.2021.8.06.0000

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0637152-59.2021.8.06.0000 e código 2478618.
MANUELA ALMEIDA MONTENEGRO FURTADO, devidamente qualificada nos
autos do processo em epígrafe, vem, respeitosa e tempestivamente, por 1
meio do seu advogado que a esta subscreve, a presença deste Digno
Juízo, em atendimento a decisão interlocutória de fls. 184-188,
apresentar CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO com fundamento no
artigo 1019 do CPC i , pelos motivos de fato e de direito que a seguir
serão expostos.

Termos em que pede Deferimento

Fortaleza/Ceará, 17 de Março de 2022.

Caico Gondim Borelli


Advogado Constituído

BORELLI ADVOCACIA ESPECIALIZADA


Rua Doutor Atualpa Barbosa Lima, nº 425, Sala 04,
Bairro Praia de Iracema – Fortaleza/CE
E-mail: caicoborelli.adv@gmail.com
Telefone: (85) 98718-3333
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EXCELENTÍSSIMO(S) SENHOR(ES) DESEMBARGADOR(ES) DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ.

Contrarrazões ao Agravo de Instrumento


Agravante: UNIMED FORTALEZA - SOCIEDADE COOPERATIVA MÉDICA LTDA.
Agravada: MANUELA ALMEIDA MONTENEGRO FURTADO
Juízo Ad quo: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL/CEARÁ

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Colenda Câmara,

Ínclitos Julgadores,
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1. DA TEMPESTIVIDADE.
A presente contraminuta ao Agravo de Instrumento há de ser
considerada como tempestiva, porquanto a parte fora devidamente
intimada a manifestar-se por meio do Diário da Justiça Eletrônico,
quando este circulou no dia 10 de Março de 2022. Portanto, à luz do
que rege a Legislação Processual Civil (1.021, § 2º do CPC) é
plenamente tempestivo o presente arrazoado, sobretudo quando
apresentado na quinzena legal.

2. BREVE SÍNTESE DOS FATOS.


Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento com pedido de efeito
suspensivo, tendo em vista a respeitável decisão interlocutória
proferida pelo Meritíssimo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de

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Sobral/Ceará perante o processo nº 0054255-15.2021.8.06.0167 que


deferiu o pedido liminar requerido, sob o argumento de que os
procedimentos satisfazem o requisito do risco da demora e a
probabilidade do direito.

Em respeito às normas e regras que circundam o Ordenamento Jurídico


Pátrio, devendo ser mantida por este Egrégio Tribunal, conforme
restará provado, a decisão do Juízo a quo.

2. DO MÉRITO RECURSAL.

Data maxima venia, o agravante não trouxe qualquer inovação fática

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suficiente para alterar a realidade dos autos, que pudessem exigir
alteração nos fundamentos destilados pelo magistrado de primeiro grau.

Desde o gênesis do recurso interposto pode se perceber que não há o


preenchimento dos requisitos para o indeferimento da antecipação dos
efeitos da tutela recursal, posto o caso submetido à apreciação tutela 3
o direito fundamental a saúde e uma vida digna.

Não restando, como se verifica, ostentada a integralidade de


aludidos requisitos para que se autorize a revogação ou mesmo
suspensão dos efeitos excepcionais ao recurso em tela, cabível a
incidência da regra geral contida no Diploma Processual Civil, qual
seja, a de que o Agravo de Instrumento se presta apenas a devolver a
matéria impugnada ao Tribunal.

A agravante além de não demonstrar o preenchimento dos requisitos


para a tutela de urgência recursal, não demonstra nas razões o nexo
entre a argumentação trazida, com os documentos juntados no recurso,
tratando-se assim de alegações vazias.

O objetivo, com todo respeito e pelo que parece da agravante com o


presente recurso é reverter à decisão de primeira instância de forma
indevida, ao passo de que não cumpriu a determinação judicial do juízo
a quo que tem respaldo no Artigo 300, § 1º do CPC, em que, a tutela de

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urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a


probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

Portanto, verifica-se que as alegações da agravante são por demais


infundadas, e sem qualquer base documental, devendo assim ser
improvido o recurso, mantendo assim intocada a decisão guerreada.

2.1. DOS NECESSÁRIOS MOTIVOS PARA A MANUTENÇÃO DOS EFEITOS DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.

2.1.1. DA OBRIGATORIEDADE DA AGRAVANTE EM CUSTEAR O TRATAMENTO.

Alega-se na peça recursal que a parte Autora busca a obtenção da

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medicação custeada pela Unimed Fortaleza, sem nenhuma obrigatoriedade
para disponibilizar, com amparo legal e ético, posto que, a
Imunoglobulina Humana não possui qualquer eficácia comprovada para a
sua enfermidade, o que causará imenso prejuízo à Cooperativa.
4
Data máxima vênia, não merece prosperar a argumentação.

Nos últimos anos, houve um grande avanço na Neurologia para o


tratamento da Miastenia Gravis - MG, doença neurológica e autoimune,
que não tem cura. Graças às descobertas sobre como a doença se
manifesta e ao desenvolvimento de tratamentos, houve uma queda brusca
na taxa de mortalidade provocada pela MG.

Antes da existência do tratamento, 50% dos pacientes morriam em dez


anos. Hoje, com o tratamento adequado, são raros os casos fatais.
Muito se avançou nos tratamentos, que são focados nos sintomas.

Nesse contexto a Imunoglobulina humana tem sido recomendada no


tratamento atendendo as peculiaridades e singularidades do caso após
resultado de consenso técnico-científico formulado dentro de rigorosos
parâmetros de qualidade e precisão de indicação.

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Não cabe à ré, questionar ou impugnar o procedimento médico


solicitado pelo especialista que acompanha o paciente, o plano deve
cobrir tudo o que for necessário para o pleno restabelecimento do
paciente. Eventual cláusula contratual contrária a dispositivo de lei
deve ser tida como não escrita, por abusiva e ilegal.

A propósito, a Portaria nº 1.169, de 19 de novembro de 2015 do


Ministério da Saúde, aprovou protocolo clínico e diretrizes
terapêuticas da Miastenia Gravis, doença esta acometida pela autora,
estabelecendo sobre o conceito geral da referida doença, os critérios
de diagnóstico, tratamentos e mecanismos de regulação, controle e
avaliação etc.

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De acordo com o Anexo da aludida Portaria, a Miastenia Gravis é uma
doença autoimune da porção pós-sináptica da junção neuromuscular,
caracterizada por fraqueza flutuante, que melhora com o repouso e
piora com o exercício, infecções, menstruação, ansiedade, estresse
emocional e gravidez. O item 8 do Anexo menciona sobre o tratamento da
5
doença, sendo certo que a utilização da Imunoglubulina humana
intravenosa (IGIV), conforme requerida pela parte autora, constitui um
dos medicamentos citados como adequado para o tratamento da doença,
desde que prescrito pelo médico.

Além disso, dispõe que vários estudos não controlados têm


demonstrado sua eficácia, especialmente nas formas agudas da doença,
mas também nos casos de MG refratária, como terapia d e manutenção por
pelo menos 1 ano. Outrossim, impende ressaltar que o medicamento
pleiteado encontra-se também listado na Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais - RENAME 2014, Anexo III (Componente 2
Especializado da Assistência Farmacêutica), fazendo jus à autora,
portanto, ao fornecimento do mesmo.

Cabe esclarecer, ainda, que o aludido laudo acostado aos autos é


documento emitido pelo médico responsável, atestando a doença que
acomete a parte autora, bem como a necessidade de urgência na

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utilização do mencionado medicamento, sendo este indispensável à


manutenção/preservação de sua saúde.

Dessa forma, comprovada nos autos a necessidade do remédio


postulado, como condição essencial à preservação da saúde da
demandante, elemento integrante do mínimo existencial, em observância
do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, impõe-se a manutenção da
sentença.

2.1.2. DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO SUS.

Ainda no Agravo de Instrumento, o agravado ao analisar o


incalculável prejuízo financeiro decorrente do integral custeio de um

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tratamento cuja obrigatoriedade não pode ser compelida a Unimed
Fortaleza, mas ao Sistema Público de Saúde – SUS, pugna a reformação
da sentença para a sua integral improcedência.

Ocorre que, também não elide a obrigação contratual o fato de se


tratar de medicamento disponibilizado pelo SUS, pois a autora 6
contratou cobertura particular médica e hospitalar sem ressalvas, que
não tem a natureza de ser subsidiária ao tratamento disponibilizado
pelo Poder Público. Nesse cenário, sendo os medicamentos necessários à
preservação da saúde e da vida da autora, impõe-se a obrigação
contratual da ré de custear o tratamento.

O direito à saúde, que tem por sujeito passivo o Estado, não impede
contratação particular do mesmo serviço, como ocorre no caso sub
judice, de modo que a possibilidade de custeio estatal do tratamento
não afasta a responsabilidade contratual da agravante.

2.1.3. A ANS E O ROL EXEMPLIFICATIVO.

A obrigatoriedade do plano de saúde, ora agravante, em custear na


integralidade do tratamento independe do rol de procedimento da ANS,
uma vez que referido rol é exemplificativo, nesse sentido,

O fato de o tratamento objeto da demanda não estar no Rol de


Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde

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Suplementar - ANS não constitui óbice à sua autorização, haja


vista que o Rol é meramente exemplificativo, portanto, não
esgota os procedimentos que devem ser cobertos pelas operadoras
dos planos de saúde. 5. Nada obstante o julgamento do REsp
1733013/PR sinalize a tendência de questionamento do
entendimento até então adotado pelo Superior Tribunal de
Justiça, é prematuro afirmar que já houve a superação do
entendimento jurisprudencial (overruling), sobretudo porque se
trata de entendimento isolado proferido pela Quarta Turma da
colenda Corte. Acórdão 1370193, 07080967220208070007, Relatora:
SIMONE LUCINDO, Primeira Turma Cível, data de julgamento:
8/9/2021, publicado no PJe: 17/9/2021.

Tese firmada pelo STJ no Recurso Especial nº 1757938,

PROCESSUAL CIVIL E DIREITO CONSUMIDOR. APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚ DE. NEGATIVA INJUSTIFICADA PARA
REALIZAÇÃO DE TRATAMENTO POSTERIOR À CIRURGIA BARIÁ TRICA.
INDICAÇÃO MÉDICA. NECESSIDADE DE PROCEDIMENTOS REPARATÓRIOS.
ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO ROL INDICADO PELA ANS. ROL

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EXEMPLIFICATIVO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. É ilegí tima a recusa da operadora do
plano de saú de em cobrir as despesas para o tratamento de
obesidade mó
rbida, o que inclui os procedimentos pó
s
operató
rios. Comprovado que a cirurgia para retirada de excesso
de pele, acumulada apó s a realização da cirurgia bariátrica,
possui caráter reparador e não finalidade meramente esté tica,
e-se à seguradora de saú
impõ de a cobertura do procedimento, a
fim de garantir a continuidade e conclusão do tratamento. 2. 7
Considera-se que o Rol de Procedimentos e Eventos em Saú de da
Agência Nacional de Saú de Suplementar - ANS é meramente
exemplificativo e nã o taxativo, portanto, nã o esgota os
procedimentos que devem ser cobertos pelas operadoras dos planos
de saúde. Desta feita, o fato de o tratamento prescrito nã o
estar no rol de coberturas obrigatórias da ANS nã o exime o plano
de saú de da responsabilidade de custeá-lo. 3. A recusa
injustificada de cobertura para o tratamento expressamente
indicado a ̀ agravada, causou-lhe abalos que superam o mero
aborrecimento, atingindo âmbito de sua esfera de direitos da
personalidade, o que rende ensejo a configuração de danos
morais passí vel de indenização pecuniária configurando o dano
moral, por expressiva violação ao princípio constitucional
da dignidade da pessoa humana. 4. Não há que se falar em
alteração do quantum fixado à tí tulo de indenização por danos
morais se foram observados os princí pios da razoabilidade e da
proporcionalidade, bem como o seu caráter compensató rio e
igualmente dissuasó rio. Considerou-se, també m, para tanto, a
natureza da ofensa, a gravidade do ilí cito e as peculiaridades
do caso, conferindo à ví tima, valor suficiente para lhe
restaurar o bem estar, desestimular o ofensor, sem constituir,
de outro norte, enriquecimento sem causa. 4. Recurso conhecido e
desprovido. Honorários majorados para 12% do valor da
condenação, nos termos do § 11, do art. 85, do CPC. (fls. 183 -
184 e-STJ).

A circunstância de não haver previsão no rol da ANS não é decisiva,


nos termos da Súmula nº 102 do TJSP, que merece aplicação no presente

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feito, em que, havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa


de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza
experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS.

Ademais, somente o profissional da medicina que acompanha a


evolução do paciente está habilitado a dizer acerca da necessidade, ou
não, dos procedimentos e de que forma os mesmos deverão ser prestados.
Além disso, a negativa de prestação do procedimento em liça restaria
por comprometer a eficácia do tratamento, esvaziando o sentido da
contratação dos serviços.

Soma-se a tal fato que, como cediço na jurisprudência, o rol de


procedimentos e eventos de saúde prescritos pela ANS (Agência Nacional

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de Saúde Suplementar) não é taxativo, razão que excepciona a
disposição normativa para estabelecer a obrigação do plano de
autorizar a realização do tratamento prescrito pelo profissional de
medicina que acompanha o paciente, o que tem fundamento na obediência
ao princípio maior da proteção à dignidade da pessoa, o qual prevalece
8
sobre os regramentos do legislador ordinário.

2.1.4. DA INCIDÊNCIA DO CDC E A NECESSÁRIA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

Sustenta a agravante, ainda, que restrições de ordem contratual e


administrativa, afastariam o dever de prestar cobertura ao
medicamento. Entretanto, a mencionada exclusão contratual e respectiva
norma administrativa não devem ser interpretadas de maneira isolada,
sem compatibilização com o Código de Defesa do Consumidor - CDC.

Em outras palavras, as cláusulas contratuais atinentes aos planos


de saúde devem ser interpretadas em conjunto com as disposições do
Código de Defesa do Consumidor, de sorte a alcançar os fins sociais
preconizados na Constituição Federal. (artigo 421 do CCii).

Naturalmente o que se pretende é evitar que o plano de saúde seja


compelido a custear medicamentos em geral, que podem ser adquiridos e
ministrados diretamente pela parte, sem necessidade de atendimento

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médico-hospitalar específico. Ocorre que a evolução da medicina e da


indústria farmacêutica caminha no sentido de minorar a necessidade de
tratamentos no âmbito hospitalar, criando medicamentos que são, em
essência, o próprio tratamento necessário para combater a moléstia.

A jurisprudência do STJ é no sentido de considerar que a exclusão


de cobertura de determinado procedimento médico/hospitalar, quando
essencial para garantir a saúde e, em algumas vezes, a vida do
segurado, vulnera a finalidade básica do contrato (RESP 183.719/SP,
Relator o Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe de 13.10.2008).

Sabe-se que a relação dos planos de saúde com os seus assegurados é


uma relação consumerista. A Segunda Seção do Superior Tribunal de

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Justiça - STJ aprovou a Súmula nº 469 em que preconiza, aplica-se o
Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.

A súmula consolida o entendimento do STJ, de que a operadora de


serviços de assistência à saúde que presta serviços remunerados à
população tem sua atividade regida pelo Código de Defesa do 9
Consumidor, pouco importando o nome ou a natureza jurídica que adota.

Assim, percebe-se que a agravada deve ser beneficiada ainda pela


inversão do ônus da prova garantida pelo inciso VIII, artigo 6° do
CDC iii , uma vez que a narrativa dos fatos dá um “ar de verdade”, em
outras palavras, verossimilhança no pedido da autora e ainda,
observando o desequilíbrio econômico entre os contratantes, devendo a
interpretação contratual ser favorável a consumidora devido à sua
hipossuficiência evidente.

Diante do exposto, invertido o ônus da prova, deverá a parte


requerida demonstrar todas as provas referente a esta demanda.
Requerendo como corolário a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor no sentido de evitar abusos e atrocidades frente à
dignidade da pessoa humana, materializada na impossibilidade de
negativa do plano de saúde, de forma complementar, diante deste tipo
de medicamento, não pode a prestadora de serviço se furtar a arcar com

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o custeio do tratamento, sob pena de se esvaziar indevidamente o


próprio conteúdo do contrato.

2.1.5. DO DANO MORAL A SER REPARADO.

Com a clara narrativa exposta na petição inicial acrescido das


provas acostadas e dos inequívocos elementos probatórios, resta
configurada uma conduta ilícita e abusiva perpetrada em face da
agravada gerando insegurança, sofrimento, tristeza, medo e preocupação
naquela que tanto precisa de amparo.

O abalo e sofrimento são evidentes na perspectiva da agravada, não


resta outra forma de compensar que não seja a indenizando moralmente,
como forma de minimizar os efeitos, para que assim, o tratamento

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psicológico seja suportado por quem causou o dano, e o prejuízo moral
seja mitigado.

Motivo pelo qual requer a manutenção da condenação da agravante no


ressarcimento aos danos morais a autora.
10

3. DOS PEDIDOS.

Pelo exposto, requer a este Egrégio Tribunal de Justiça,

3.1. Que se digne em receber as contrarrazões do Agravo de


Instrumento;

3.2. Que negue provimento ao presente Agravo de Instrumento com a


condenação da agravante a pagar a multa prevista no artigo 1.021, §4º
do CPC;

3.3. Que seja mantida na sua integralidade a decisão que concedeu os


efeitos de antecipação de tutela.

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Termos em que, pede deferimento.

Fortaleza/Ceará, 17 de Março de 2022.

Caico Gondim Borelli


Advogado Constituído

i Artigo 1.019 do CPC.


Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o

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caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela,
total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento,
quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com
aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze)
dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do
recurso;
III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio
eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 11
(quinze) dias.

iiArtigo421 do CC.
A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Parágrafo único - Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.

iiiArtigo 6º do CDC.
São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
DATA SUPRA

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