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A PROTEÇÃO QUANTO À OFERTA E À PUBLICIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR

Jonathan Frederico Calheiros Brito1; Oracilia da Silva Alves²;

Orientados por Maurício Souza Sampaio³

TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito do


Consumidor: direito material e processual. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense;
Método, 2021.

RESUMO

A valorização da boa-fé objetiva e da aparência são pontos que recebem uma atenção
mais que especial do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, de modo que se
tem um Direito Privado concreto, efetivo e menos formalizado. Ademais, o princípio
da transparência se materializa quando do amplo amparo relativo à oferta, cujo termo
engloba toda forma de comunicação ou transmissão da vontade que objetiva chamar
a atenção do consumidor para a aquisição de bens. Em que pese a utilização indistinta
no Brasil dos termos publicidade e propaganda, não se deve confundir seus desígnios,
haja vista que este último tem finalidades políticas, ideológicas ou sociais, ao passo
que aquele primeiro possui finalidades de consumo e de circulação de riquezas. O
texto da Lei Consumerista, nº 8.078/1990, especificamente em seu artigo 30, versa
sobre os princípios da boa-fé objetiva e da transparência, ao conectar o produto, o
serviço e o contrato ao meio de proposta e à publicidade, evidenciando que a correta
conduta deve estar contida na fase pré-contratual do negócio jurídico. Portanto,
objetiva-se a prevalência da oferta em relação aos termos contratuais, de modo que
o teor da informação prestada, quando do início do negócio jurídico, se sobrepõe ao
conteúdo do contrato, fazendo com que os elementos que compõem a oferta passem
a integrar de forma automática o conteúdo do negócio firmado. O texto da Lei
Consumerista, Nº 8.078/1990, especificamente em seu artigo 31, versa sobre a
garantia segura das informações corretas, claras, precisas e em língua portuguesa,
sobre suas características, qualidades, composição, quantidade, garantia, preço,
prazos de validade, origem, bem como sobre os riscos que podem impactar à saúde
e segurança dos consumidores quando da oferta e apresentação de produtos ou
serviços. Visando a complementação do texto da Lei do Consumidor, especificamente
em seu artigo 31, o Plano de Logística Sustentável, originário do Senado Federal,
objetiva a inclusão quanto aos riscos ao meio ambiente, fazendo com que o texto se
coadune com o art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, bem como
a legislação ambiental. Nesse sentido, resta claro que o objetivo da Lei Consumerista

1
Bacharel em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira. jonathanfredericofred@gmail.com
² Bacharel em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira. oracylia@hotmail.com
³ Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia. mauricio.samapio@sa.universo.edu.br

1
é fazer com que o conteúdo relativo à oferta seja perfeitamente completo, de maneira
que ao consumidor seja devidamente passada a informação a respeito daquilo que
está sendo adquirido, buscando sempre facilitar ao máximo a compreensão do
conteúdo. O dever de deixar clara as informações mantêm relação direta com a
relação de boa-fé objetiva e a transparência inerentes à fase pré-negocial. No que
concerne ao desrespeito à conduta de informação clara ao consumidor, tal conduta
gera consequências ao fornecedor ou prestador, a exemplo da responsabilização civil,
que possui natureza objetiva e decorre da vinculação da oferta e da publicidade, bem
como a imposição de sanções administrativas. O Código de Defesa do Consumidor,
especificamente em seu artigo 14, preceitua que independe de culpa a
responsabilidade nos casos de informações insuficientes ou inadequadas sobre a
utilização e riscos do serviço. Contudo, destaca-se que a quebra da confiança e da
boa-fé objetiva resulta numa responsabilidade sem culpa. Ainda no que concerne aos
danos causados aos consumidores em virtude de publicidade ou oferta, destaca-se
que respondem solidariamente o veículo de comunicação, a empresa patrocinadora e
todos os responsáveis pelo seu conteúdo. A publicidade simulada ou dissimulada, que
possui vedação por Lei, trata-se da transmissão de informações que, ao primeiro
olhar, parece não se tratar de publicidade, contudo é a mais pura publicidade, que
objetiva mascarar as informações direcionadas ao público, a exemplo da propaganda
inserida em jornais com aparência externa de reportagem, ou a subliminar, que é
captada pelo inconsciente, mas imperceptível ao consciente. Tal publicidade
clandestina não interessa tanto o campo da responsabilidade civil consumerista, mas
sim à imposição da aplicação de multas administrativas pelos órgãos competentes,
tornando esta categoria mais próxima da tutela administrativa. No que concerne à
vedação da publicidade enganosa, que consiste na modalidade de veiculação de
informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
capaz de induzir em erro o consumidor a respeito das características sobre produtos
e serviços, a Lei nº 8.078/1190, caput, proíbe de forma expressa tal tipo de publicidade
que visa induzir o consumidor ao engano. Portanto, para este tipo de modalidade, há
uma atuação comissiva do agente, caracterizando-se dolo positivo. Diferentemente
da modalidade de publicidade enganosa, a publicidade abusiva, que também é
vedada por lei, agride os valores sociais, resultando numa conduta socialmente
reprovável de abuso, levando-se em conta os valores da comunidade e o senso geral
comum, a exemplo da prática publicitária discriminatória de qualquer natureza, que
incita à violência, que explora o medo ou a superstição, que se aproveita da deficiência
de julgamento e experiência da criança, que desrespeita valores ambientais, bem
como a publicidade que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
perigosa em relação à sua própria saúde ou segurança. Nesse passo, tendo em vista
o conteúdo por vezes bastante agressivo, a publicidade abusiva gera a imputação da
responsabilidade civil das pessoas envolvidas, penalidades administrativas, bem
como a imposição de multas pelos órgãos legitimados. Por fim, no que tange ao ônus
da prova em relação à veracidade da informação publicitária, ressalta-se que se tem
entendido, de forma majoritária, a exemplo de acórdãos prolatados pelos tribunais do
Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, que o ônus é descabido ao veículo de
comunicação ou à agência, sendo aplicável à empresa patrocinante da oferta. Desse
modo, conclui-se que a Legislação Consumerista brasileira objetiva a adequação das
boas práticas de consumo quando da comercialização de produtos e serviços nos
mais diversos tipos de segmentos.

Palavras-chave: consumo; transparência; publicidade; legislação; proteção.


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