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1 - Introdução

O mundo vislumbrou uma mudança significativa no sistema de comunicação, com


maior incidência nas empresas, pelo que, adoptou-se novas técnicas laborais para se
alcançar os fins pretendidos, dinamizar, facilitar e assegurar a higiene e segurança no
trabalho. Entretanto, para que se efective o teor supra, exige-se que as pessoas colectivas
tenham condições de trabalho que respondem a actual dinâmica social, pelo que, não só
coadjuvará a contínua prestação de trabalho por parte da empresa, como também,
contribuirá para a saúde pública.

A constituição da república de Angola no seu Art.º 76.º estabelece o Direito ao Trabalho,


entretanto, com a crise nos últimos anos, houve considerável redução de
empregabilidade, situação que veio a agravar-se com a covid-19.

Não obstante ao supra citado, com o intuito de melhorar e dinamizar o sistema laboral,
aprovou-se o Decreto Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro, que será o centro da
abordagem.
2 - Decreto Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro

O 1.º artigo do decreto supra, reporta o seguinte: “O presente diploma estabelece o


regime jurídico das medidas de Segurança Social de incentivo à contratação de cidadãos
desempregados, jovens, portadores de deficiência e de fomento à regulação voluntária
de dívidas à Segurança Social”. Desta feita, é possível vislumbrar 3 (três) itens
fundamentais no artigo supra, descrevendo:

a) Medidas de Segurança Social;


b) Entidade empregadora e;
c) Contratação de portadores de deficiência.

3 - Medidas de Segurança Social

Em 2018, foi promulgada o Decreto Presidencial 227/18 de 27 de Setembro, que


estabelece o regime jurídico de vinculação e de contribuição da protecção social
obrigatória. Entrementes, foi fixada e actualizada a taxa contributiva no Art.º 12.º da lei
supra, que estabelece 8% para a entidade empregadora e 3% para o trabalhador.

Enquadrando ao Decreto Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro, propriamente no Art.º 5.º,


aponta benefícios de redução de taxa contributiva a 50% por parte da entidade
empregadora que preencher na âmbito da contratação um dos requisitos ou
cumulativamente os requisitos abaixo:

a) Contratação de desempregados já inscritos na Segurança Social (SS);


b) Contratação de jovens não inscritos na Segurança Social (SS);
c) Contratação de cidadãos com deficiência não inscritos na Segurança Social
(SS).
3.1 - Contratação de desempregados já inscritos na Segurança Social (SS)

Ora vejamos, a entidade empregadora ao efectivar os 3% da contribuição do


trabalhador junto da Segurança Social (SS), acresce mais 8% sobre o valor, conforme o
Art.º 15.º conjugado com Art.º12.º ambos do Decreto Presidencial 227/18 de 27 de
Setembro, entretanto, com a promulgação do Decreto Presidencial 12/22 de 17 de
Janeiro, a taxa contributiva poderá ser reduzida a 50% do valor inerente a entidade
empregadora. Desde que, a entidade empregadora ao contratar o trabalhador, adira a
modalidade a termo certo ou incerto, porém, num período de 3 (três) anos, sobre o
regime de trabalho por conta de outrem, o trabalhador deve ter no máximo 30 (trinta)
anos de idade e já ter sido inscrito pela anterior entidade empregadora, sendo que, a
redução da taxa contributiva será efectivada apenas no primeiro ano após a celebração
do contrato, conforme o disposto no Art.º 5.º do decreto em epígrafe.

3.2 – Contratação de jovens não inscritos na Segurança Social (SS)

Diferente do acima exposto, a contratação de jovens não inscritos a SS, refletirá isenção
da taxa contributiva por parte do entidade empregador, isto é, no primeiro semestre
após a celebração do contrato e no segundo semestre a redução de 50% da taxa
contributiva, conforme o disposto do Art.º 6.º Decreto Presidencial 12/22 de 17 de
Janeiro. Sendo que, igualando ao ponto anterior, o contrato deve ser estabelecido no
período igual a 3 anos.

Certamente, os benefícios supracitados terão efeitos desde que a entidade empregadora


seja a primeira a inscrever o trabalhador ao SS, caso não o seja, seguirá as condições
estabelecidas na contratação de desempregados.
3.3 Contratação de cidadãos com deficiência não inscritos

Neste ponto, a visão apresentada é que a entidade empregadora será beneficiada pela
isenção de taxas contributiva no período de 12 meses, sendo que, nos meses
subsequentes lhe será devido a contribuição de 8%.

Não se pode deixar a parte, a questão de que também aos deficientes, requer-se idade
até 30 (trinta) anos, modalidade contratual a termo certo ou incerto porém, no período
de 3 anos, e que a entidade empregadora seja a primeira a inscrever o trabalhador, sobe
pena de recair a contratação de desempregado.

Concluído este ponto, tanto na contratação de desempregados, jovens ou deficientes,


exige-se que a entidade empregadora e o trabalhador estejam preenchidos pelos
requisitos estabelecidos no Art.º 4.º do Decreto Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro.

4 - Entidade empregadora

Antes da promulgação do decreto supra citado, vislumbrava-se um grande


distanciamento por parte das entidades empregadoras com relação a SS por conta das
despesas inerente aos contratos. Entretanto, com a vigência do decreto, pode-se prever a
sobrevivência das médias e pequenas entidades empregadoras, pelo que, as grandes
entidades empregadoras possuem estrutura sólida ao ponto de ser-lhes facultativo a
aplicação deste diploma.

Sendo assim, para as médias e pequenas entidades empregadoras o Decreto


Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro, serve de conforto para o crescimento da força de
trabalho, tal como, o excelente mediador entre a entidade empregadora e a Segurança
Social, o que resultará em maior declaração a Segurança Social por parte das entidades
empregadoras.
5. Contratação de cidadãos com deficiência

O Art.º 76.º da Constituição da República de Angola estabelece o Direito ao trabalho,


entretanto, este direito não pode ser vedado a um grupo de cidadãos, pelo que, o Art.º
23.º do mesmo diploma prevê o Princípio da igualdade. Desta feita, o diploma 12/22 de
17 de Janeiro reforça não só o Direito ao Trabalho e o Princípio da Igualdade
consagrados na Constituição da Republica de Angola, como também coadjuva a
efectivação do Decreto Presidencial 12/16 de 15 de Janeiro, que aborda sobre a reserva
de vagas e procedimento para contratação de pessoas com deficiência, conforme o
Art.1º do mesmo diploma.

6 – Conclusão

O Decreto Presidencial 12/22 de 17 de Janeiro é uma mais-valia para o sistema laboral,


pelo que, haverá maior interesse das entidades empregadoras em declararem os seus
trabalhadores junto do INSS, tal como, as micros e médias empresas sentir-se-ão
confortáveis em contratar, inscrever os seus trabalhadores e formalizar as suas
empresas junto do Guichê Único.

Ademais, precisa-se efectivamente reforço a inclusão de portadores de deficiência,


porque, a estes, as condições estabelecidas no presente diploma julga-se serem pouco
atrativa para as entidades empregadoras.

Advogado Estagiário
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Hermenegildo Bumba
Cédula Prov. 9.003

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