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GILBERTO PINHEIRO DE LIMA

FLEXIBILIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA À LUZ DA LEI 13.467/2017:


AVANÇO OU RETROCESSO?

Andradina - SP
2023
GILBERTO PINHEIRO DE LIMA

FLEXIBILIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA DIANTE DA SANÇÃO E


VIGOR DA LEI 13.467/2017: EVOLUÇÃO OU RETROCESSO?

Projeto de Pesquisa apresentado a


disciplina Projeto de Pesquisa Jurídica do
Curso de Direito das Faculdades
Integradas Rui Barbosa – FIRB, como
requisito para aprovação na disciplina.

Prof.ª Antonio Ricardo Chiquito

Andradina - SP
2023
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SUMÁRIO
1 TÍTULO .................................................................................................................... 4
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 4
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5
1.2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................. 5
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 5
1.3 PROBLEMA .......................................................................................................... 5
1.4 METODOLOGIA .................................................................................................... 6
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 6
3 CRONOGRAMA ...................................................................................................... 9
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 9
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1. TÍTULO

O tema da pesquisa foca em avaliar os impactos da Lei nº 13.467/2017,


também conhecida como Reforma Trabalhista, sobre as relações entre empregadores
e trabalhadores no Brasil. Mais especificamente, o estudo examina se as mudanças
representam uma evolução ou retrocesso no âmbito trabalhista nacional, sobretudo
em observância à flexibilização aferida a partir de 2017.

1.1 JUSTIFICATIVA

O tema desta pesquisa, a análise dos impactos da Lei nº 13.467/2017 na


legislação trabalhista brasileira, é de fundamental importância para a sociedade e o
campo jurídico. Do ponto de vista social, esta lei afeta diretamente uma ampla gama
de relações laborais, que são a base da estrutura socioeconômica do Brasil.
Trabalhadores e empregadores são diretamente influenciados pelas mudanças
legislativas, que podem reconfigurar direitos e deveres em um cenário já complexo de
desigualdades.
Além disso, o Brasil possui um histórico de lutas trabalhistas que levaram à
criação de uma série de direitos visando a proteção do trabalhador. A Lei nº
13.467/2017, ao propor uma flexibilização dessas relações, gera debates sobre se
essa mudança é realmente uma evolução, ou se representa um retrocesso que pode
prejudicar uma grande parcela da população que depende de empregos assalariados
para sua subsistência.
No contexto jurídico, a pesquisa é relevante porque a Lei nº 13.467/2017
modifica diversos artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e outras
normativas que regem as relações de trabalho no Brasil. Estas alterações requerem
uma análise cuidadosa para entender como elas se alinham, ou não, com princípios
constitucionais, tais como o da dignidade humana e da vedação ao retrocesso social.
A importância do estudo também reside na necessidade de se compreender
como a flexibilização trabalhista pode afetar as relações laborais em um período em
que o país enfrenta desafios econômicos. Essa é uma questão crítica para a
formulação de políticas públicas, pois as mudanças legislativas podem ter efeitos
cascata em outras áreas, como a previdenciária e a assistencial.
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A Reforma Trabalhista, além disso, pode ter um impacto significativo na justiça
social, afetando de maneira desproporcional trabalhadores em posições mais
vulneráveis, como jovens, mulheres e minorias. Assim, entender esses impactos pode
ser fundamental para a criação de estratégias que mitiguem possíveis efeitos
negativos da lei.
Por fim, dada a polarização do debate público sobre a flexibilização das leis
trabalhistas, este estudo busca trazer uma análise imparcial e fundamentada,
contribuindo assim para um entendimento mais profundo e nuanceado sobre o tema.
Isso é essencial para que se possa fazer escolhas legislativas e políticas mais
informadas no futuro.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as mudanças e implicações trazidas pela Lei nº 13.467/2017, a


Reforma Trabalhista, no ambiente laboral brasileiro, determinando se tais alterações
representam uma progressão para relações de trabalho mais flexíveis e modernas ou
um retrocesso que compromete direitos fundamentais dos trabalhadores.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Examinar o contexto em que a Lei nº 13.467/2017 foi sancionada e identificar as


principais alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que ela trouxe;

b) Avaliar especificamente como a Lei nº 13.467/2017 altera os direitos considerados


fundamentais aos trabalhadores, tais como jornada de trabalho e férias;

c) Investigar se as mudanças propostas pela Lei nº 13.467/2017 estão em


conformidade ou conflito com os princípios constitucionais do Brasil, com foco especial
na vedação ao retrocesso social.

1.3 PROBLEMA

A Reforma Trabalhista, promulgada através da Lei nº 13.467/2017, visou


trazer modernização e flexibilidade às relações de trabalho no Brasil. No entanto,
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emerge um problema central: essas mudanças, embora promovam a flexibilização,
estão comprometendo direitos trabalhistas consolidados?
1.4 METODOLOGIA

Neste estudo, o método dedutivo será a abordagem primária para analisar e


interpretar as questões propostas no campo do Direito. A escolha deste método
permite uma investigação que parte de teorias e princípios gerais para a formulação
de hipóteses específicas, as quais serão então testadas e examinadas à luz das
informações e exemplos coletados. O método dedutivo será de grande importância
para assegurar que a análise e conclusões sejam rigorosas e bem fundamentadas, e
permite uma estrutura lógica que facilita a compreensão dos resultados e de suas
implicações (BITTAR, 2016).
No que concerne às técnicas de pesquisa, será empregada uma pesquisa
bibliográfica para reunir dados e outras informações relevantes à investigação. A
pesquisa bibliográfica abrangerá uma ampla gama de fontes, incluindo doutrinas,
artigos acadêmicos e outras publicações especializadas no campo do Direito. A
seleção de materiais será guiada tanto pela relevância ao tema quanto pela
credibilidade e rigor acadêmico. Este levantamento bibliográfico permitirá não apenas
fundamentar as hipóteses deduzidas, mas também contextualizar o estudo dentro do
discurso acadêmico mais amplo (BITTAR, 2016).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Ao longo de sua evolução, o capitalismo passou por significativas


transformações na forma como o trabalho é organizado, sem, no entanto, alterar
fundamentalmente a natureza do emprego assalariado. No começo do século XX, a
estrutura laboral, que abarcava tanto o capital quanto sindicatos e partidos de
orientação trabalhista e social-democrata, estava ancorada em um Estado de bem-
estar social. Este modelo era reforçado por uma classe trabalhadora estável e por um
vínculo quase automático entre trabalho e benefícios sociais (STANDING, 2014).
No entanto, mudanças econômicas e sociais dramáticas levaram à ascensão
do que se chama de "acumulação flexível", rompendo com o tradicional modelo
fordista. Este novo paradigma, originado nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha
durante a década de 1970, visava principalmente à redução de custos e à recuperação
de margens de lucro afetadas pela crise econômica da época (HARVEY, 1996).
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Contrapondo-se à rigidez do fordismo, a flexibilização tornou-se a tendência
global, adaptando-se mais facilmente às demandas do consumidor e às flutuações do
mercado. Esta abordagem incluiu a otimização da organização do trabalho e o foco
na entrega rápida de produtos de alta qualidade. Entretanto, a flexibilização também
resultou em condições de trabalho menos favoráveis, incluindo subcontratação e
salários mais baixos (GOMEZ, 2011).
Segundo Delgado, a flexibilidade laboral está relacionada com uma
desregulamentação nas relações de trabalho, complicando a clareza das cadeias
produtivas através do estabelecimento de redes de contratação diversificadas
(DELGADO, 2020).
Desde a crise econômica dos anos 1970, o debate sobre a flexibilização do
trabalho tem estado em evidência. Enquanto o setor empresarial vê na precarização
uma oportunidade para aumentar a competitividade, críticos sociais destacam o
deterioramento dos direitos trabalhistas e a queda na qualidade de vida da maioria da
população. Abílio (2014, p. 78) enfatiza “a complexidade da precarização do trabalho,
que se tornou especialmente ambígua devido à globalização da terceirização e à
desregulação das relações laborais”.
Um relatório de 2016 da Organização Internacional do Trabalho, divulgado
pela ONU News, ressalta o crescimento de trabalhos atípicos globalmente, incluindo
empregos temporários, subcontratos e freelancers. A recomendação é que políticas
sejam implementadas para assegurar a igualdade entre todos os trabalhadores.
Vinícius Pinheiro, do escritório da OIT em Nova York, observou ainda que no Brasil é
comum a demissão de empregados para a subsequente contratação de empresas,
principalmente nos setores de serviços e tecnologia, muitas vezes por razões fiscais
(ONU NEWS, 2016).
Impulsionada por uma crise econômica aguda e um cenário político instável,
a Reforma Trabalhista de 2017 emergiu rapidamente no Brasil. Tal reforma resultou
em duas leis principais: 13.429/2017 e 13.467/2017 (BRASIL, 2017).
Nesse sentido, de acordo com Viegas (2017, p. 74):

A Reforma Trabalhista tornou-se motivo de discordância no meio jurídico,


alguns vão até o extremo de explicar que a legislação já nasce ultrapassada
em função do pouco diálogo social; ainda há aqueles que postulam que
mesmo sendo um movimento modernizador, o texto da lei conta com
configurações mirabolantes já vivenciadas em alguns países europeus, no
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entanto, não tiveram êxito; outros vão além, e sinalizam
inconstitucionalidades e retrocesso nas conquistas trabalhistas já
alcançadas.

O governo de Michel Temer foi o arquiteto desta última, mais abrangente, lei,
lançando o Projeto de Lei 6.787/2016 em dezembro de 2016. Originalmente, a
proposta continha apenas dez pontos acordados entre organizações patronais e
sindicatos. No entanto, uma vez na Câmara dos Deputados, a proposta inchou. Ela
cresceu para incluir quase 100 mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) e passou com 296 votos a favor e 177 contra. Surpreendentemente, o Senado
ratificou o projeto com 50 votos favoráveis e 26 contrários, sem fazer qualquer
alteração. Temer, por fim, sancionou a Lei 13.467/2017, sem exercer qualquer veto
(GUIMARÃES et al., 2017).
Os defensores da reforma, alinhados com discursos neoliberais, celebraram
tanto a velocidade da tramitação quanto o conteúdo das alterações. Argumentaram
que a reforma visava principalmente criar empregos e estabelecer uma segurança
jurídica em relação à terceirização e às mudanças tecnológicas. Eles também
saudaram a reforma por oferecer "vantagens compensatórias" para as normas
flexibilizadas e por frear o que consideram um ativismo excessivo por parte da Justiça
do Trabalho, alegando lacunas na CLT.
Adicionalmente, os apoiadores da reforma argumentam que ela está em linha
com uma série de mudanças legislativas em direito do trabalho que têm sido
implementadas globalmente desde o início dos anos 2000. A "flexisegurança", como
é chamada, supostamente permitiria a diminuição da regulação laboral, ao mesmo
tempo em que enfatizaria negociações coletivas e uma maior flexibilidade para
atender a acordos bilaterais (GUIMARÃES et al., 2017).
Contudo, esse otimismo encontra resistência. Críticos, como Santos (2017),
rebatem que a diminuição dos direitos trabalhistas não é a solução para os problemas
econômicos do Brasil. Primeiro, porque a legislação laboral, por si só, não é um
mecanismo mágico que pode transformar o mercado de trabalho. Segundo, porque a
reforma, em sua suposta modernização, na verdade, enfraquece conquistas
trabalhistas anteriores com argumentos já testados e falhos em outros contextos.
Portanto, o debate continua intenso e polarizado, com implicações profundas para o
futuro laboral do país.
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3 CRONOGRAMA

Etapas Ago Set Out Nov Dez

1 – Levantamento bibliográfico.
X X

2-Análise de fechamento de leitura.


X

3-Elaboração do Capítulo 1.
X

4-Coleta de dados (Fundamentação


teórica). X X

5-Tratamento de dados.
X X

6-Elaboração de referências.
X

7-Formatação do trabalho.
X

8-Entrega do trabalho.
X

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Sem maquiagem. São Paulo: Boitempo, 2014.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis
nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 14 jul. 2017. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso
em: 10 set. 2023.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho: Obra revista e


atualizada. LTr Editora, 2020.

BITTAR, Roberto. Metodologia de Pesquisa Jurídica. 10 ed. São Paulo: Saraiva


Educação, 2016.

GOMEZ, Carlos Minayo. Precarização do trabalho e desproteção social: desafios


para a saúde coletiva. In: Ciência & Saúde Coletiva. São Paulo: Associação Brasileira
de Saúde Coletiva, 2011.
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GUIMARÃES, Ricardo Pereira de Freitas; MARTINEZ, Luciano (Coord.). Desafios da
Reforma Trabalhista: de acordo com a MP 808/2017 e com a Lei 13.509/2017. São
Paulo: Ed. RT, 2017.

HARVEY, D. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança


cultural. São Paulo: Loyola, 1996.

ONU News. Perspectiva Global Reportagens Humanas. 14 de novembro de 2016.


Disponível em: news.un.org/pt/audio/2016/11/1189931. Acesso em: 09 set. 2023.

SANTOS, José Aparecido. Reformas Trabalhistas na Itália: breve análise histórica


e comparativa. Revista do TST, São Paulo, v. 83, n. 4, out./dez. 2017.

STANDING, Guy. O Precariado e a Luta de Classes. Revista Crítica de Ciências


Sociais (Trad. João Paulo Moreira), Coimbra: Centro de Estudos da Universidade de
Coimbra, 2014, n. 103. Disponível em: journals.openedition.org/rccs/5521. Acesso
em: 09 set. 2023.

VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. Reforma Trabalhista: uma análise dos
efeitos jurídicos das principais modificações impostas pela Lei 13.467/2017. São
Paulo: Ed. RT, 2017

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