CENTRO UNIVERSITÁRIO FLUMINENSE – UNIFLU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BACHARELADO EM DIREITO

PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MARCELO COLINS AYRES

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2023
PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MARCELO COLINS AYRES

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) apresentado ao Centro Universitário
Fluminense (UNIFLU) como requisito para a
Conclusão do Componente Curricular
Orientação e Preparação de Trabalho de
Conclusão de Curso (OPTC) do Curso de
Graduação em Bacharelado em Direito, sob a
supervisão do Prof. Dr. Heitor Benjamim.

Orientador: Professor Antônio Neto.

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2023
Tema: A Informalidade do trabalho e seus efeitos jurídico e sociais.

1 Introdução

O trabalho é a principal atividade econômica da população, sendo também um direito

fundamental, regulado pelo art. 6º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
O trabalho é fundado no princípio da dignidade humana, ou seja, fundado no intuito de
proteção da dignidade do trabalhador, este definido pela CLT em seu artigo 3º como “toda
pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário".

Nas palavras da doutrinadora Vólia Bomfim Cassar, “trabalho consiste na utilização

de energia física ou intelectual empregada pelo homem com o intuito produtivo, em favor de
terceiro” (CASSAR, 2017). Podemos perceber que a definição exclui tanto o trabalhador
informal como o autônomo, pois eles não trabalham em favor de terceiro.

O art. 6º da Constituição Federal traz ainda o trabalho como um direito social,

garantido pela Carta Magna:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a

moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Foi criada no ano de 1943 a primeira grande legislação trabalhista brasileira, durante o
governo do então presidente Getúlio Vargas, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
sendo criada em 1º de maio de 1943, através do Decreto-Lei nº 5.452. Com o passar do
tempo, foi necessário realizar mudanças e adaptações para que a Consolidação das Leis do
Trabalho continuasse tratando de temas relevantes. A mais recente modificação de grande
escala na CLT foi a Reforma Trabalhista de 2017, criada pela Lei nº 13.467/17, trazendo uma
série de mudanças importantes na legislação trabalhista.

Através da Reforma Trabalhista, foi tipificado e regulamentado no corpo da CLT o

trabalho autônomo, que originariamente era um ramo do trabalho informal. Este fenômeno
vem ganhando mais espaço na atual sociedade brasileira. Para fins de comparação, no ano de
2020 a taxa de informalidade do mercado de trabalho estava próxima de 40% no mês de maio,
conforme o IBGE. Já no ano de 2022, essa mesma taxa se encontrava levemente reduzida, no
patamar de 39,4% no trimestre considerado entre os meses de julho e setembro. Já em
comparação com a taxa de 2021, esta no mesmo período estava em 40,7% 1 da população, o
que demonstra uma pequena diminuição, mas ainda em número bastante alto.

Observando esses dados, resta uma dúvida: será que esses dados mostram o real
número de pessoas na informalidade? Esse questionamento é importante, pois devemos
observar se essa pesquisa considerou os dois conceitos de trabalho a serem aqui abordados, o
“trabalho material” de Marx e o “trabalho imaterial” de Maurizio Lazzarato.

A informalidade do trabalho vem ganhando destaque, como apresentado acima, mas,

anteriormente, é importante definir o trabalhador informal, sendo aquele que se encontra
exercendo uma função ou atividade econômica sem carteira de trabalho assinada, ou, em caso
de autônomos, sem um CNPJ ativo (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). A principal
característica do trabalho informal é a sua falta de regulamentação, ou seja, o trabalho
informal não possui nenhuma lei que o caracterize ou regule.

O trabalhador autônomo originalmente era considerado um trabalhador informal

porque, até a Reforma Trabalhista de 2017, o trabalhador autônomo não era reconhecido pela
legislação trabalhista nacional. O autônomo é aquele que presta serviço por conta própria,
assim assumindo o risco de sua atividade econômica. Por meio disso, esse trabalhador não
possui vínculo de subordinação, distintamente do trabalhador formal regulado pela CLT. O
trabalho dos autônomos está previsto no artigo 442-B, da CLT, inserido pela Reforma
Trabalhista.

Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades

legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de
empregado previsto no artigo 3º da CLT.

A informalização do trabalho é um assunto sério, pois se encontra ligado diretamente

ao bem-estar do ser humano, pois a questão a ser tratada aqui não é apenas definir se o
trabalho prestado é regulado, mas sim se este trabalhador está recebendo os seus devidos
direitos trabalhistas e constitucionais, sob pena de marginalização e de descumprimento de
preceito e valor fundamental de nosso Estado Democrático de Direito.

Sem tais direitos, os trabalhadores que se submetem a estes trabalhos não possuem
nenhum respaldo da legislação. Isso pode ser visto na questão do autônomo que, para que
exerça sua profissão de forma regular, deve ter um CNPJ, ou seja, o meio que a Reforma
1
MORRATO, Juliana. Taxa de trabalhadores informais cai em 2022 e fica abaixo de 40%, segundo IBGE.
Contábeis, 2023. Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/54813/taxa-de-informalidade-recua-
em-2022-e-fica-abaixo-de-40/
Trabalhista encontrou para regulamentar a atividade deste indivíduo foi tornando-o quase uma
“empresa”, o que o descaracteriza da classe de empregado, assim tornando possível a várias
empresas se aproveitarem da mão de obra dessas pessoas sem que elas precisem garantir o
cumprimento de seus direitos trabalhista, pois eles são considerados empresas, em vez de
empregados.

2 Justificativa

Está pesquisa se justifica através da importância do tema para entendermos a

informalidade do trabalho, tendo em vista que o trabalho é um direito fundamental, fundado
no princípio da dignidade humana, sendo assim um direito fundamental de segunda geração,
protegido pela Constituição Federal em seu artigo 6º. A partir disso, nesta pesquisa procura-se
entender os aspectos legais e regulatórios do trabalho formal e informal, além de buscar
compreender o aumento da informalidade do trabalho.

Sendo o trabalho fonte de desenvolvimento econômico do país, é tendo em vista a sua

importância para o aumento da qualidade de vida do indivíduo que temos de entender que a
forma que o trabalho é regulado influencia diretamente na vida dos trabalhadores.

Tendo em vista que a regulação do trabalho incide fortemente na vida das pessoas,
devemos entender que o trabalho informal não possui regulação pela CLT ou outra norma
trabalhista, ou seja, por meio disso o trabalhador informal não possui nenhum direito ou
garantia legal devida aos demais trabalhadores, submetendo-se à informalidade, ou seja, ele
não está abrangido pela proteção das normas da CLT, dentre as quais: jornada de trabalho
limitada; férias remuneradas; 13º salário, entre outros.

3 Objetivos

O trabalho tem como objetivo geral

 Compreender os aspectos legais, regulatórios e as consequências da informalidade

do trabalho na sociedade e os danos que ela pode produzir no bem-estar e na
dignidade humana.

Os objetivos secundários e específicos desta pesquisa consistem na busca por:

  Compreender as vantagens e desvantagens tanto do trabalho formal regulado pela
CLT quanto do trabalho informal;
 Analisar as características de ambos os tipos de trabalho, traçando algumas de suas
relações com a economia e com a sociedade atuais;
 Verificar o cenário recente que tornou atrativo o trabalho informal.

4 Metodologia

A metodologia utilizada para elaborar este projeto foi a pesquisa bibliográfica, a qual
Antônio Joaquim Severino define como “aquela que se realiza através dos registros
disponíveis, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos. Utilizando-se de
dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente
registrados” (SEVERINO, 2013), como livros, teses de mestrado ou doutorado, artigos
científicos entre outros, por meio disso esse método consiste na revisão das principais obras
relativa ao tema apresentado.

Com o intuito de agregar e sustentar a pesquisa bibliográfica, serão utilizados

conceitos e ideias de doutrinadores tanto da área trabalhista, com intuito de justificar de forma
cientifica o embasamento legislativo do tema em questão, quanto doutrinadores do ramo da
Sociologia, para justificar a importância do tema meio a sociedade, além da utilização de
artigos científicos, artigos jornalísticos e construções jurisprudenciais sobre o tema.

5 Referências Bibliográficas:

- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. P.11.

- BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Reforma Trabalhista, Brasília, DF,

Jul. 2017. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1>.

- CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho de acordo com a reforma trabalhista.

14ª edição. São Paulo: Editora Método, 2017.
 - Decreto-Lei 5.452 de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho,
Brasília, DF, Out. 2017. BRASIL. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> .

-GOUVEIA, Jaqueline. Trabalho material e imaterial: a ampliação da exploração na

economia do conhecimento. Unicamp.br, 2020. Disponível em:
https://www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/3654/Artigo4.pdf. Acesso em:
24/04/2023.

- OLIVEIRA, Renato. A concepção de trabalho na filosofia do jovem Marx e suas

implicações antropológicas. Unesp.br, 2010. Disponível em:
https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Kinesis/6_RenatoAlmeidadeOliveira
.pdf. Acesso em: 26/04/2023.

- SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 1º edição. São

Paulo: Cortez, 2013.