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RESUMO:
O presente artigo tem por objetivo verificar, a partir dos marcos normativos internacionais e
nacionais dos direitos e das garantias das pessoas com deficiência, o propósito e a efetividade
das ações afirmativas adotadas no Brasil para a inclusão das pessoas com deficiência no
mercado de trabalho, em condições dignas e equitativas, especialmente a partir do disposto no
art. 93 da Lei nº 8.213/91. O problema consiste em verificar se, a par da proteção assegurada
legalmente, as pessoas com deficiência têm sido integradas, efetivamente, ao mercado de
trabalho no Brasil. O procedimento investigativo adotado é descritivo-explicativo do tipo
documental-bibliográfico.
ABSTRACT:
This article aims to verify, from international and national normative frameworks of the rights
and guarantees of people with disabilities, the purpose and effectiveness of the affirmative
actions adopted in Brazil for the inclusion of people with disabilities in the labor market on
decent work terms, especially from the provisions of Brazilian Law nº 8213/91. The problem is
to verify that, along with legally protected protection, people with disabilities have been
effectively integrated into the labor market in Brazil. The investigative procedure, of
documentary and bibliographic type, is descriptive and explanatory.
Keywords: affirmative actions; decent work; disabilities; labor market; person with disabilities
1 INTRODUÇÃO
No presente artigo, busca-se verificar, a partir dos tratados internacionais ratificados
pelo Brasil na defesa dos direitos e das garantias das pessoas com deficiência, e das disposições
constitucionais e legais brasileiras, o propósito e a efetividade das ações afirmativas adotadas
Professor Permanente do PPGD do Centro Universitário FIEO – UNIFIEO, Doutor em Direito e em História
Social. Líder do Grupo de Pesquisa (DGP-CNPq) Dimensão Material e Efetivação Jurisdicional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais: Relações de Trabalho e Seguridade Social. E-mail: rgschwarz@gmail.com.
Mestranda do PPGD da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC. Membro do Grupo de Pesquisa
(DGP-CNPq) Dimensão Material e Efetivação Jurisdicional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: Relações
de Trabalho e Seguridade Social. E-mail: milenalinhares94@gmail.com.
no Brasil, quanto à inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em condições
dignas e equitativas, sobretudo a partir do disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91, que estabelece,
para a empresa com 100 (cem) ou mais empregados, uma quota mínima de preenchimento dos
respectivos cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas.
Assim, tem-se como objetivo analisar de modo geral as normativas internacionais
ratificadas pelo Estado brasileiro e a legislação nacional, sua abordagem acerca dos direitos e
das garantias das pessoas com deficiência e sua correspondência com as ações afirmativas
adotadas no Brasil, em especial à vista do disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91.
O problema consiste em verificar se, a par da proteção assegurada legalmente aos seus
direitos e às suas garantias, as pessoas com deficiência têm sido integradas, efetivamente, ao
mercado de trabalho no Brasil.
O procedimento investigativo adotado é descritivo-explicativo do tipo documental-
bibliográfico.
humano gozar dos seus direitos e das suas liberdades, sem qualquer distinção, de raça, cor,
idioma, sexo, religião, opinião política, riqueza, nascimento ou outra condição.
Segundo Casado Filho (2012), assim, a partir da Declaração Universal os direitos
humanos passam a ter voz efetiva no plano internacional. A Declaração Universal, reforçada
pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, requer, segundo Piovesan (2011), em
uma perspectiva dos direitos humanos para as pessoas com deficiência, ações e ajustes
específicos para que possam disfrutar de todos os direitos, nos serviços públicos e no âmbito
privado, para que possam ser parte integrante e ativa da sociedade, inclusive pelo trabalho,
garantindo-se, a elas, uma vida plena e justa.
A inclusão das pessoas com deficiência e o reconhecimento de seus direitos foi
reforçada, no Brasil, pelo Decreto nº 3.956/2001, pelo qual o Brasil adotou duas convenções
internacionais, a Convenção nº 159 da OIT e a Convenção de Guatemala.
Outro grande passo em direção às garantias dos direitos das pessoas com deficiência
foi a adoção da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, das Nações Unidas,
ONU, primeiro tratado internacional de direitos humanos recepcionado pelo Brasil com status
hierárquico de emenda constitucional (§ 3º do art. 5º da Constituição, incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004), complementado pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) - Lei nº 13.146/2015.
A Declaração Sociolaboral do Mercosul trata da não discriminação da pessoa com
deficiência e também do seu direito ao justo trabalho, em condições de respeito à dignidade e à
igualdade. Embora tal declaração não possua efeito vinculante pleno, inserindo-se no âmbito
do que se denomina soft law, está integrada materialmente ao núcleo duro da Constituição,
restando os direitos nela enunciados uma extensão lógica de direitos e garantias enunciados
constitucionalmente (REZENDE, 2002).
O Pacto de San José da Costa Rica - Convenção Americana sobre Direitos Humanos
-, no seu art. 1º, trata do comprometimento dos Estados-partes no respeito dos direitos e das
liberdades nele reconhecidos, garantindo também o seu livre e pleno exercício a qualquer
indivíduo que se encontrar no respectivo território, sem nenhum tipo de discriminação, qualquer
que seja a sua forma.
Ademais, afirma que pessoa é todo ser humano, tratando, para toda a pessoa, do direito
à vida, à integridade pessoal, à liberdade pessoal, à proteção da honra e da dignidade. E, em seu
art. 41, o Pacto trata da obrigação de progressividade assumida pelos Estados-partes, de
qualquer pessoa - inclusive a pessoa com deficiência -, o seu pleno desenvolvimento e o pleno
exercício de sua cidadania.
É por isso que a Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência define a
deficiência de modo abrangente, levando em conta o ambiente social e o momento histórico,
além da diversidade existente entre as próprias pessoas com deficiência.
Segundo Sassaki (2010), estamos, no Brasil, vivenciando uma fase de transição entre
o modelo médico (integração) e o modelo social (inclusão), o que explica a coexistência desses
processos. O que se espera, com a vigência da Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência e da Lei Brasileira de Inclusão, que a concretiza, é que a inclusão se fortaleça cada
vez mais, minimizando posturas e conceitos que ainda traduzem preconceitos e estereótipos.
pessoas com deficiência possam sofrer, para que elas tenham garantidos todos os direitos
inerentes à pessoa humana, inclusive o trabalho.
O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, assim, por
exemplo, inclui também o direito ao trabalho digno e à justa remuneração, o direito à educação,
o direito a um nível de vida adequado, entre outros. Em seu art. 6º, dispõe que os Estados-partes
reconhecem o direito ao trabalho, o que significa que toda pessoa tem o direito de ter
possibilidades de sustento por meio de um trabalho de sua livre escolha ou aceitação, bem
como, que os Estados devem tomar medidas para assegurar esse direito.
O Protocolo de São Salvador, em seu art. 6º, trata do direito ao trabalho, afirmando
que todos os indivíduos possuem direito ao trabalho, à oportunidade de obter meios para que
tenham uma vida digna por meio de seu trabalho formal, de livre escolha. No que diz respeito
às pessoas com deficiência, retrata também o comprometimento dos Estados-partes na garantia
da efetividade do trabalho e do pleno emprego, entre outros.
A Lei nº 13.146/2015, de inclusão da pessoa com deficiência, que busca abranger o
maior número possível de pessoas com incapacidade, em seu art. 1º dispõe que a lei é destinada
a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
O estatuto da pessoa com deficiência tem por base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional.
As Convenções nº 111 e 159 da Organização Internacional do Trabalho - OIT tratam
da erradicação da discriminação em matéria de emprego e profissão. A Convenção nº 159, em
especial, sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, trata da inclusão
da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho, dispondo, nesse sentido, que pessoas com
deficiência são todas as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego
adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma
deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovada.
Mais uma vez, são ressalvados os direitos ao trabalho justo e digno às pessoas com
deficiência e aos demais trabalhadores com igualdade de oportunidades e tratamento, observado
o tratamento não discriminatório.
Tem-se então que é preciso voltar o olhar para essas pessoas, como seres humanos que
são, promovendo um bem estar social, por meio de medidas e meios adequados, executar
programas destinados a que sejam desenvolvidas as suas capacidades físicas ou mentais,
inclusive em programas de trabalho adequados as suas possibilidades, contribuir para que as
famílias sejam preparadas para que possam tem uma melhor convivência com o familiar
deficiente, realizar projetos com vistas ao desenvolvimento pessoal, familiar e profissional de
maneira plena na sociedade.
momento, ações afirmativas passam a serem vistas como políticas públicas e privadas que de
forma compulsória, voluntária ou facultativas visam combater a discriminação ou corrigir
discriminações sofridas no passado (GOMES, 2001). Este último conceito de ações afirmativas
condiz com o de Menezes (2001) e de Maciel e Pitta (2016), que as definem como sendo a
forma de trazer minorias a benefícios antes negados pois estas sofriam de discriminação, sendo
forma de inclusão.
Ainda, para alguns autores as ações afirmativas constituem mecanismos de busca pela
igualdade real entre as pessoas, nas situações em que a própria sociedade em que os grupos
discriminados estão inseridos, não alcança, por si mesma, um nível de maturidade para manter
suas relações interpessoais pautadas pela igualdade real, sem discriminações (BAEZ et. Al.,
2017).
Fato é que se tratando de políticas públicas e ações afirmativas, o Estado mostra-se
como de fundamental importância em sua aplicabilidade. Normativas e incentivos a seu
respeito, são fator essencial para que haja sua efetividade.
intensificaram o debate nesse período, podemos enfatizar o ano de 1981, em que a ONU
considerou o ano internacional das pessoas com deficiência, movimento com visibilidade
mundial que frisou a importância para oportunidades de acesso aos bens e serviços e a inclusão
social desse grupo historicamente discriminado (LANNA JUNIOR, 2010). Aliado a isso, pode-
se citar a nova fase de democratização que se iniciava no Estado Brasileiro na década de oitenta,
que naturalmente culminou em um emaranhado de direitos que surgiram e foram postulados.
Com a promulgação da Constituição de 1988, o assunto foi definitivamente inserido
no marco legal, de forma abrangente e transversal. No Capítulo II da Constituição, que trata
dos Direitos Sociais, o inciso XXXI do art. 7º proíbe qualquer discriminação no tocante a salário
e critérios de admissão do trabalhador com deficiência. O art. 23, inciso II, prevê que é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tratarem da
saúde e assistência pública, da proteção e da garantia dos direitos das pessoas com deficiência.
O art. 24, inciso XIV, define que é competência da União, dos Estados e do Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre a proteção e integração social das pessoas com deficiência. A
reserva de percentual de cargos e empregos públicos para pessoas com deficiência é tratada no
art. 37.
Na seção dedicada à Saúde, o texto constitucional define saúde como um direito de
todos e dever do Estado e garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. Os termos “habilitação” e “reabilitação” das pessoas com
deficiência surgem na seção da Assistência Social, art. 203, assim como a promoção de sua
integração à vida comunitária. Essa seção trata ainda do benefício de um salário mínimo mensal
para as pessoas com deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção, ou de tê-la provida por sua família. Nesse sentido, a Constituição de 1988 trouxe
direitos básicos e essenciais foram formalizados, mas medidas de caráter assistencialista foram
mantidas. Esse viés assistencialista esteve bastante presente nas políticas públicas brasileiras e
ainda persiste em algumas áreas. Entretanto, paulatinamente, essa visão tem sido substituída
por maior valorização da autonomia e independência da pessoa com deficiência.
Na seção sobre Educação, art. 208, é garantido o atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. A
criação de programas de prevenção e atendimento especializado bem como de integração social
do adolescente com deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
nas escolas; aquisição de 2,6 mil ônibus adaptados para transporte escolar; implantação de 17
mil novas salas e aulas e atualização de 28 mil salas de recursos multifuncionais em escolas
públicas regulares e especiais. E também, a contratação de 648 professores de libras, 648
tradutores para instituições federais de ensino, 5% das vagas do Pronatec, com criação de
150mil vagas que são destinadas a PCDS até 2014, adequações físicas em 42 mil escolas
públicas, bolsa de formação cursos e formação profissional técnica de nível médio, curso de
formação inicial e continuado, benefícios como cursos gratuitos, alimentação transporte e
material didático.
Quanto à saúde o Plano Viver sem Limites regularizou o teste do pezinho em
todos os estados, criou 45 centros de reabilitação (física, auditiva, visual, intelectual),
proporcionou o aumento em 20% de financiamento do SUS para 420 Centros Especializados
em Odontologia para atender PCD, bem como a qualificação de 6 mil equipes de saúde bucal.
Com o plano foi possível a alteração do Programa Minha Casa Minha vida, ode as construções
das moradias são adaptadas contando com acessibilidade.
Já em 2015, a Lei nº 13.146 institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Na prática, foram efetivados os direitos que
a Convenção da Pessoa com Deficiência já definia em 2008. Nos dois anos subsequentes, foi
criado o Decreto 8.954, que estabelece as competências do Comitê de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, bem como, a avaliação unificada das mesmas. O Comitê está sob a coordenação
da Secretaria Especializada nos direitos das Pessoas om Deficiência, e tem como finalidade a
avaliação biopsicossocial da deficiência e criar o Cadastro Nacional de Inclusão de pessoas com
deficiência. Dividido em subcomitê de modelo de avaliação unificada e cadastro de inclusão.
Em se tratando de orçamento para pessoas com deficiência, as Leis
Orçamentárias Anuais (LOA) de 2000 a 2018 disponibilizaram para programas de Assistência
à Pessoa com deficiência, como educação, qualificação, acessibilidade, inclusão e benefícios
de prestação continuada mensal vitalícia, R$ 235.707.183.844,00 (duzentos e trinta e cinco
bilhões, setecentos e sete milhões, cento e oitenta e três mil, oitocentos e quarenta e quatro
reais) nesses 18 anos, representando assim, 0,66% do orçamento total do período que foi de R$
35.940.623.462.095,00 (trinta e cinco trilhões, novecentos e quarenta bilhões, seiscentos e vinte
e três milhões, quatrocentos e sessenta e dois mil e noventa e cinco reais).
Ainda, deste valor, apenas em 5 dos 18 anos analisados houve redução da
representatividade sobre o orçamento total da união, sendo eles 2003, 2004, 2014, 2015 e 2017.
Em se tratando em números totais, apenas no ano de 2004 houve redução de valores destinados
a assistência à pessoa com deficiência, nesse mesmo ano a representatividade sobre o orçamento
geral da união foi de apenas 0,01%, bem abaixo da média dos 18 anos analisados que foi 0,66%.
No período analisado o valor orçado para assistência à pessoa com deficiência, considerando
uma população média 43.505.467, foi de aproximadamente R$ 5.417,88 por pessoa ao ano.
Cabe destacar que deste orçamento, as LOA detalham diversos programas e
ações que visam o atingimento de determinados objetivos. Em se tratando de programas e ações
relativas a mercado de trabalho, desde o ano 2000 houve onze programas que se relacionavam
ao tema, trazendo como um deu seus objetivos, ações ou como indicadores de controle. Esses
programas se relacionam especialmente a qualificação, profissionalização, defesa de direitos,
proteção e fiscalização de leis trabalhistas. Ainda, tais programas possuem ações e indicadores
que podem ser abertos para atendimento do objetivo do programa, mas em alguns casos
agrupam diversas minorias na mesma ação (pessoas com deficiência, afrodescendentes,
indígenas, quilombolas, etc.), desse modo os valores referentes a cada minoria especificada não
são diferenciados. Para fins desse estudo, considerou-se o valor total do programa ou ação,
quando este não separa os valores referentes a pessoas com deficiência e demais minorias.
De 2000 a 2018 foram disponibilizados para programas voltados a pessoas com
deficiência e mercado de trabalho R$ 15.165.969.084,00 (quinze bilhões, cento e sessenta e
cinco milhões, novecentos e sessenta e nove mil e oitenta e quatro reais); no entanto, no ano de
2015, houve destinação de pouco mais de 8 bilhões de reais para o programa 2031 – Educação
Profissional e Tecnológica que abrange diversas minorias além das pessoas com deficiência,
como quilombolas, indígenas, afrodescendentes, mulheres de baixa renda, população do campo,
etc., não fazendo distinção orçamentária entre elas, acabando por elevar o montante no período
analisado. Reforça-se que nos anos de 2003, 2016, 2017 e 2018 não houve programas
relacionados a pessoa com deficiência e o mercado de trabalho.
Tal valor, considerando a população em idade econômica ativa de pessoas com
deficiência de 2010 como sendo 42.146.647 (CENSO, 2010), houve no período de 18 anos
analisados valor de R$ 359,84 por pessoa com deficiência em idade economicamente ativa
destinados a pessoa com deficiência e mercado de trabalho. Ou seja, em torno de R$ 19,99 por
ano por pessoa com deficiência em idade economicamente ativa.
a década de 1960, mas tomaram maior corpo a partir da Constituição de 1988, que foi o estopim
para uma série de medidas que tinham como objetivo a inclusão e a igualdade real da pessoa
com deficiência na sociedade.
Nesse sentido, os valores disponibilizados no orçamento público da União para
assistência à pessoa com deficiência vêm crescendo ano a ano, mostrando que o governo vê tal
tema com cada vez mais importância. Por outro lado, os valores referentes à pessoa com
deficiência no mercado de trabalho têm se mostrado cada vez menos importantes. Há no
orçamento da união recursos destinados a tal tema; no entanto, não há preocupação em detalhá-
los, agregando-lhes orçamentos próprios, mas sim de uni-los às demais minorias, ou ainda não
destinar valor algum ao referido tema, como nos anos de 2016, 2017 e 2018.
Apesar das ações afirmativas adotadas no país e das evoluções que têm se tido no
mercado de trabalho para a pessoa com deficiência, ainda há que evoluir em diversos pontos.
A escolaridade e ocupação de PCD mostram-se ainda inferiores que de PSD. A remuneração
mostra-se em média 7,79% menor para PCD que PSD, mesmo em faixas de escolaridades
iguais.
Ainda, mesmo com a evolução do número de empregos para PCD, de 2015 para 2016,
a lei de cotas ainda está longe de ser atingida em sua totalidade. Havia, em 2016, 363.317 vagas
em aberto, tendo uma efetividade da lei de apenas 49,84%.
Porém, mesmo com as dificuldades, as ações afirmativas mostram-se papel importante
para inclusão e redução de desigualdade e discriminações, sem elas o cenário estaria pior. O
que é possível afirmar é que tais medidas precisam ser cada vez mais apoiadas e assegurar sua
aplicação e sua efetividade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar a pesquisa, inevitavelmente se faz necessária abordagem da Constituição
Federal, a qual, na busca de efetivar e consolidar os direitos humanos, dá status constitucional
aos direitos e garantias fundamentais reconhecidos internacionalmente, medida essa essencial
para incorporar tratados internacionais.
A humanidade de maneira geral passou e passa por período de conscientizações em
relação às injustiças sociais que permeiam o dia a dia. A premissa que sustenta a necessidade
de ações positivas é a de que determinados grupos da população continuam a sofrer com a
discriminação e a exclusão social.
É preciso compreender que não é a limitação que vai determinar a deficiência, mas
sim, as barreiras que existem nos espaços, como, meio físico, transporte, ausência de
informações, na prestação de serviços, entre outras.
Por esses e outros motivos é que o Estado ratificou convenções e tratados
internacionais assumindo a obrigação de garantir as pessoas com deficiência, a igualdade de
oportunidades entre indivíduos com e sem deficiências, na busca dos direitos e garantias
fundamentais, como pleno emprego, justo salário, igualdade de condições, dignidade da pessoa,
educação, liberdade, entre outras.
Por todos os documentos internacionais analisados, percebe-se que são incisivos e até
mesmo repetitivos na questão do pleno exercício dos seres humanos, de seus direitos
individuais, da não discriminação, na promoção de justiça social, do pleno emprego, as
liberdades, à promoção da igualdade e dignidade da pessoa humana, justiça social, sem qualquer
distinção, ou por qualquer motivo que seja.
No Brasil, ações afirmativas para pessoas com deficiência vêm sendo debatidas desde
a década de 1960, mas tomaram maior corpo a partir da Constituição de 1988, que foi o estopim
para uma série de medidas que tinham como objetivo a inclusão e a igualdade real da pessoa
com deficiência na sociedade.
Apesar das ações afirmativas adotadas no país e das evoluções que têm se tido no
mercado de trabalho para a pessoa com deficiência, ainda há que evoluir em diversos pontos.
A escolaridade e ocupação de PCD mostram-se ainda inferiores que de PSD. A remuneração
mostra-se em média 7,79% menor para PCD que PSD, mesmo em faixas de escolaridades
iguais.
Ainda, mesmo com a evolução do número de empregos para PCD, de 2015 para 2016,
a lei de cotas ainda está longe de ser atingida em sua totalidade. Havia, em 2016, 363.317 vagas
em aberto, tendo uma efetividade da lei de apenas 49,84%.
REFERÊNCIAS