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Double Blind Review pelo SEER/OJS
Recebido em: 02.08.2019
Revista do Direito do Trabalho e Meio Ambiente do Trabalho Aprovado em: 27.08.2019

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO


BRASILEIRO: MARCOS NORMATIVOS E AÇÕES AFIRMATIVAS

Rodrigo Garcia Schwarz


Milena Veloso de Linhares

RESUMO:
O presente artigo tem por objetivo verificar, a partir dos marcos normativos internacionais e
nacionais dos direitos e das garantias das pessoas com deficiência, o propósito e a efetividade
das ações afirmativas adotadas no Brasil para a inclusão das pessoas com deficiência no
mercado de trabalho, em condições dignas e equitativas, especialmente a partir do disposto no
art. 93 da Lei nº 8.213/91. O problema consiste em verificar se, a par da proteção assegurada
legalmente, as pessoas com deficiência têm sido integradas, efetivamente, ao mercado de
trabalho no Brasil. O procedimento investigativo adotado é descritivo-explicativo do tipo
documental-bibliográfico.

Palavras-chave: ações afirmativas; deficiência; mercado de trabalho; pessoa com deficiência;


trabalho decente

PERSON WITH DISABILITIES AND ITS INSERTION IN THE BRAZILIAN LABOR


MARKET: NORMATIVE FRAMEWORKS AND AFFIRMATIVE ACTIONS

ABSTRACT:
This article aims to verify, from international and national normative frameworks of the rights
and guarantees of people with disabilities, the purpose and effectiveness of the affirmative
actions adopted in Brazil for the inclusion of people with disabilities in the labor market on
decent work terms, especially from the provisions of Brazilian Law nº 8213/91. The problem is
to verify that, along with legally protected protection, people with disabilities have been
effectively integrated into the labor market in Brazil. The investigative procedure, of
documentary and bibliographic type, is descriptive and explanatory.

Keywords: affirmative actions; decent work; disabilities; labor market; person with disabilities

1 INTRODUÇÃO
No presente artigo, busca-se verificar, a partir dos tratados internacionais ratificados
pelo Brasil na defesa dos direitos e das garantias das pessoas com deficiência, e das disposições
constitucionais e legais brasileiras, o propósito e a efetividade das ações afirmativas adotadas

Professor Permanente do PPGD do Centro Universitário FIEO – UNIFIEO, Doutor em Direito e em História
Social. Líder do Grupo de Pesquisa (DGP-CNPq) Dimensão Material e Efetivação Jurisdicional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais: Relações de Trabalho e Seguridade Social. E-mail: rgschwarz@gmail.com.

Mestranda do PPGD da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC. Membro do Grupo de Pesquisa
(DGP-CNPq) Dimensão Material e Efetivação Jurisdicional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: Relações
de Trabalho e Seguridade Social. E-mail: milenalinhares94@gmail.com.

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no Brasil, quanto à inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em condições
dignas e equitativas, sobretudo a partir do disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91, que estabelece,
para a empresa com 100 (cem) ou mais empregados, uma quota mínima de preenchimento dos
respectivos cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas.
Assim, tem-se como objetivo analisar de modo geral as normativas internacionais
ratificadas pelo Estado brasileiro e a legislação nacional, sua abordagem acerca dos direitos e
das garantias das pessoas com deficiência e sua correspondência com as ações afirmativas
adotadas no Brasil, em especial à vista do disposto no art. 93 da Lei nº 8.213/91.
O problema consiste em verificar se, a par da proteção assegurada legalmente aos seus
direitos e às suas garantias, as pessoas com deficiência têm sido integradas, efetivamente, ao
mercado de trabalho no Brasil.
O procedimento investigativo adotado é descritivo-explicativo do tipo documental-
bibliográfico.

2 PESSOA COM DEFICIÊNCIA: MARCO NORMATIVO E DEFINIÇÃO


Na luta social histórica de grupos marginalizados por reconhecimento de igualdade
em direitos, dignidade, liberdade e justiça social, verificam-se, contemporaneamente, novos
rumos e avanços, pelos quais se ampliam os direitos à igualdade e a melhores condições para
uma vida digna para todo o ser humano, a par da manutenção de alguns preconceitos que se
opõem à plena igualdade. O ser humano ainda não trata outro ser humano como igual, de forma
generalizada, tanto assim que juridicamente imposta, inclusive por convenções e tratados
internacionais, a garantia ao respeito e à proteção daqueles que tradicionalmente vivem à
margem da sociedade e que demandam, para a sua plena integração a esta, ações afirmativas.
Nesse quadro, está a pessoa com deficiência.
Nesse contexto, um marco na história dos direitos humanos é a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, proclamada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A
Declaração Universal aborda questões essenciais à pessoa, como o direito à vida, à liberdade, à
segurança pessoal, à liberdade de palavra e de crença e à dignidade, reforçando a valorização
universal do ser humano e a sua igualdade de direitos em termos básicos, garantindo a todo ser

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humano gozar dos seus direitos e das suas liberdades, sem qualquer distinção, de raça, cor,
idioma, sexo, religião, opinião política, riqueza, nascimento ou outra condição.
Segundo Casado Filho (2012), assim, a partir da Declaração Universal os direitos
humanos passam a ter voz efetiva no plano internacional. A Declaração Universal, reforçada
pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, requer, segundo Piovesan (2011), em
uma perspectiva dos direitos humanos para as pessoas com deficiência, ações e ajustes
específicos para que possam disfrutar de todos os direitos, nos serviços públicos e no âmbito
privado, para que possam ser parte integrante e ativa da sociedade, inclusive pelo trabalho,
garantindo-se, a elas, uma vida plena e justa.
A inclusão das pessoas com deficiência e o reconhecimento de seus direitos foi
reforçada, no Brasil, pelo Decreto nº 3.956/2001, pelo qual o Brasil adotou duas convenções
internacionais, a Convenção nº 159 da OIT e a Convenção de Guatemala.
Outro grande passo em direção às garantias dos direitos das pessoas com deficiência
foi a adoção da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, das Nações Unidas,
ONU, primeiro tratado internacional de direitos humanos recepcionado pelo Brasil com status
hierárquico de emenda constitucional (§ 3º do art. 5º da Constituição, incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004), complementado pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) - Lei nº 13.146/2015.
A Declaração Sociolaboral do Mercosul trata da não discriminação da pessoa com
deficiência e também do seu direito ao justo trabalho, em condições de respeito à dignidade e à
igualdade. Embora tal declaração não possua efeito vinculante pleno, inserindo-se no âmbito
do que se denomina soft law, está integrada materialmente ao núcleo duro da Constituição,
restando os direitos nela enunciados uma extensão lógica de direitos e garantias enunciados
constitucionalmente (REZENDE, 2002).
O Pacto de San José da Costa Rica - Convenção Americana sobre Direitos Humanos
-, no seu art. 1º, trata do comprometimento dos Estados-partes no respeito dos direitos e das
liberdades nele reconhecidos, garantindo também o seu livre e pleno exercício a qualquer
indivíduo que se encontrar no respectivo território, sem nenhum tipo de discriminação, qualquer
que seja a sua forma.
Ademais, afirma que pessoa é todo ser humano, tratando, para toda a pessoa, do direito
à vida, à integridade pessoal, à liberdade pessoal, à proteção da honra e da dignidade. E, em seu
art. 41, o Pacto trata da obrigação de progressividade assumida pelos Estados-partes, de

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promover medidas pertinentes à observância e à defesa dos direitos humanos.

O Protocolo de São Salvador, adicional à Convenção Americana sobre Direitos


Humanos, reafirma o propósito de consolidar no continente americano um regime de liberdade
pessoal e de justiça social, cristalizado essencialmente na condição de respeito aos direitos do
ser humano em sua plenitude.
Em todos esses marcos normativos essenciais, reconhece-se e afirma-se a dignidade
humana, sendo todos aplicáveis à pessoa com deficiência.
Em seu art. 2º, a Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência traz a
definição de discriminação por motivo de deficiência como toda e qualquer diferenciação,
exclusão, restrição que esteja baseada na deficiência do indivíduo com o objetivo de impedir
ou impossibilitar o reconhecimento ou o desfrute ou, ainda, o exercício em igualdade de
oportunidades com as outras pessoas dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, em
todas as esferas, sejam elas políticas, sociais, econômicas, culturais ou qualquer outra.
Pessoas com deficiência, assim, são aquelas que têm impedimentos de natureza física,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.
Ao tratar do tema, Seda (2017, p. 22) afirma que as deficiências: “son problemas en
las funciones fisiológicas o en las estructuras corporales de una persona. Pueden consistir em
una pérdida, defecto, anomalía o cualquier otra desviación significativa respecto a la norma
estadísticamente establecida”.
A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece que a deficiência
é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com
deficiência e as barreiras atitudinais e ambientais que impedem sua plena e efetiva participação
na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
A condição da deficiência pode ser entendida com base em duas concepções
principais: o modelo ou paradigma médico e o modelo ou paradigma social.
O modelo médico passa pelo foco na necessidade de reabilitação da pessoa com
deficiência, e chegou à esfera legislativa brasileira com a Lei 8.213/91, que incluía a prestação
de serviços de reabilitação profissional como uma de suas obrigações na perspectiva da
integração da pessoa com deficiência; a partir da Constituição de 1988, contudo, e sobretudo a
partir dos anos 1990, transitou-se para um modelo social, da integração para a inclusão, que se
caracteriza por uma sociedade que deve se preparar para oferecer condições que viabilizem, por

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qualquer pessoa - inclusive a pessoa com deficiência -, o seu pleno desenvolvimento e o pleno
exercício de sua cidadania.

É por isso que a Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência define a
deficiência de modo abrangente, levando em conta o ambiente social e o momento histórico,
além da diversidade existente entre as próprias pessoas com deficiência.
Segundo Sassaki (2010), estamos, no Brasil, vivenciando uma fase de transição entre
o modelo médico (integração) e o modelo social (inclusão), o que explica a coexistência desses
processos. O que se espera, com a vigência da Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência e da Lei Brasileira de Inclusão, que a concretiza, é que a inclusão se fortaleça cada
vez mais, minimizando posturas e conceitos que ainda traduzem preconceitos e estereótipos.

2.1 DIREITO AO TRABALHO DIGNO


A Constituição brasileira de 1988, em seu capítulo destinado a garantias e direitos
fundamentais, prevê uma série de proteção à pessoa humana, tratando todos com o mesmo
merecimento, cada um na medida de suas necessidades. Por outro lado, o valor social do
trabalho e a busca do pleno emprego são marcos estabelecidos na Constituição, inclusive quanto
à pessoa com deficiência, observados, em especial, os termos da Convenção sobre Direitos das
Pessoas com Deficiência e da Lei Brasileira de Inclusão, que a concretiza.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente, deixa claro que o ser
humano possui direito ao trabalho, ou seja, à livre escolha de emprego em condições justas e
favoráveis de ambiente de trabalho, com igual remuneração por igual trabalho.
Objetivando a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a Lei nº
7.853/89 dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, e sobre a
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, com o fim de
assegurar o pleno exercício de direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência.
Em 1991, a Lei nº 8.213/91 tratou de estabelecer, para a empresa com 100 (cem) ou
mais empregados, uma quota mínima de preenchimento dos respectivos cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas.
Seda (2017), ao abordar questões acerca dos tratados internacionais sobre a pessoa
com deficiência, afirma que em todos os documentos existem referências diretas aos princípios
da igualdade e da não discriminação e que os Estados-partes têm a obrigação de promover ações
necessárias para que seja eliminada qualquer forma de discriminação ou exclusão que as

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pessoas com deficiência possam sofrer, para que elas tenham garantidos todos os direitos
inerentes à pessoa humana, inclusive o trabalho.
O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, assim, por
exemplo, inclui também o direito ao trabalho digno e à justa remuneração, o direito à educação,
o direito a um nível de vida adequado, entre outros. Em seu art. 6º, dispõe que os Estados-partes
reconhecem o direito ao trabalho, o que significa que toda pessoa tem o direito de ter
possibilidades de sustento por meio de um trabalho de sua livre escolha ou aceitação, bem
como, que os Estados devem tomar medidas para assegurar esse direito.
O Protocolo de São Salvador, em seu art. 6º, trata do direito ao trabalho, afirmando
que todos os indivíduos possuem direito ao trabalho, à oportunidade de obter meios para que
tenham uma vida digna por meio de seu trabalho formal, de livre escolha. No que diz respeito
às pessoas com deficiência, retrata também o comprometimento dos Estados-partes na garantia
da efetividade do trabalho e do pleno emprego, entre outros.
A Lei nº 13.146/2015, de inclusão da pessoa com deficiência, que busca abranger o
maior número possível de pessoas com incapacidade, em seu art. 1º dispõe que a lei é destinada
a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
O estatuto da pessoa com deficiência tem por base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional.
As Convenções nº 111 e 159 da Organização Internacional do Trabalho - OIT tratam
da erradicação da discriminação em matéria de emprego e profissão. A Convenção nº 159, em
especial, sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, trata da inclusão
da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho, dispondo, nesse sentido, que pessoas com
deficiência são todas as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego
adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma
deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovada.
Mais uma vez, são ressalvados os direitos ao trabalho justo e digno às pessoas com
deficiência e aos demais trabalhadores com igualdade de oportunidades e tratamento, observado
o tratamento não discriminatório.

2.2 DIREITO À IGUALDADE E À PROTEÇÃO


Acerca dos direitos humanos de igualdade e proteção, os tratados internacionais atuam
sobre todos os países de forma que se vinculam para assegurar de todas as formas o respeito e

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a garantia de proteção aos direitos humanos.


Ao tratar da concepção de igualdade, Lobato e Santos (2003) expõem que, para tal, se
deveria levar em consideração os comportamentos inevitáveis da convivência da sociedade e
das comunidades - como no caso da discriminação - e não apenas questões de cunho fático e
econômicas. Ainda, quanto às desigualdades existentes na sociedade, que as mesmas sejam
tratadas de forma desigual, cada uma na medida de sua necessidade, para que seja evitada a
perpetuação de situações que promovam a desigualdade social de determinados grupos ou de
determinadas pessoas.
A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece a importância da
acessibilidade aos meios físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à informação
e à comunicação, para possibilitar às pessoas com deficiência o pleno desfrute de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais.
Nesse sentido, Linhares (2002, p. 85) indaga: “Noutras palavras, para que servem
efetivamente as liberdades individuais se a pessoa se encontra escravizada à miséria ditada pelas
condições sociais das profundas desigualdades? Disso, pode-se refletir no seguinte sentido:
criam-se as normativas legislativas para assegurar que sejam respeitados os direitos mínimos
do ser humano em todos os sentidos de sua vida; porém, torna-se evidente a necessidade de
criar normas para proteção de determinados grupos sociais, que estão à mercê de uma sociedade
que discrimina, julga, exclui e é fechada para aquilo que considera e rotula como fora da
normalidade.
Em seu art. 18, intitulado “proteção de deficientes”, o Protocolo de São Salvador deixa
claro que os Estados devem observar a garantia de direitos às pessoas com deficiência. Ressalta
que todas as pessoas que tenham diminuição de suas capacidades físicas ou mentais têm direito
de receber atenção especial, objetivando que elas tenham o máximo de desenvolvimento de sua
personalidade. Destaca, ainda, que os Estados-partes estão comprometidos em adotarem
medidas para que assegurem o pleno direito às pessoas com deficiência, de forma a executarem
programas destinados exclusivamente às pessoas com deficiência, incluindo-se programas
trabalhistas adequados às suas possibilidades, promoção de formação especial às famílias das
pessoas com deficiência, inclusão prioritária em seus planos de desenvolvimento urbano, com
soluções específicas para as necessidades desses indivíduos, a atuação na promoção para a
formação de organizações sociais nas quais as pessoas com deficiência possam desenvolver
uma vida plena.

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Tem-se então que é preciso voltar o olhar para essas pessoas, como seres humanos que
são, promovendo um bem estar social, por meio de medidas e meios adequados, executar
programas destinados a que sejam desenvolvidas as suas capacidades físicas ou mentais,
inclusive em programas de trabalho adequados as suas possibilidades, contribuir para que as
famílias sejam preparadas para que possam tem uma melhor convivência com o familiar
deficiente, realizar projetos com vistas ao desenvolvimento pessoal, familiar e profissional de
maneira plena na sociedade.

Conforme Silva (2005), o Estado brasileiro tem um divisor de águas na Constituição


de 1988, que traz em seu texto, no art. 5º, a inviolabilidade dos direitos fundamentais, como
direito à vida, à liberdade, à igualdade, a segurança, entre outros.
O fato é que, apesar de declarações, convenções, pactos, protocolos e tratados
assinados e ratificados pelos Estados-partes, injustiças ainda acontecem todos os dias no mundo
inteiro. Contudo, abusos e desrespeitos contra os direitos humanos não podem e tampouco
devem ser tolerados, mas há que se buscar preveni-los. Nesse sentido, a Declaração Universal
de Direitos Humanos estabelece um padrão ético e de moralidade, e um marco normativo a
partir do qual os Estados-partes devem promover normas para a proteção, melhores condições
de vida, trabalho digno e salários justos, da pessoa com deficiência.

3 POLÍTICAS PÚBLICAS E AÇÕES AFIRMATIVAS PARA PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA
As políticas públicas são ferramentas de atuação do Estado para que os deveres
impostos a este pela Constituição sejam colocados em prática, tendo normalmente caráter
coletivo, uma vez que o Estado busca atuar, na maioria das vezes, de forma coletiva buscando
atuar de forma isonômica a todos os contemplados por políticas públicas (ZOPONI, 2017).
Nesse sentido, ações afirmativas e políticas têm uma relação direta, sendo aquelas uma
espécie destas, e, ainda, ferramentas necessárias para que possa se observar a dignidade da
pessoa humana, a igualdade e a inclusão social.
Destaca-se que as ações afirmativas, em um primeiro momento, eram tidas como um
mero encorajamento para que os detentores do poder decisório levassem em consideração em
suas decisões temas sensíveis como educação e mercado de trabalho. Posteriormente, as ações
afirmativas passaram a se relacionar com conceito de igualdade de oportunidades e adoção de
cotas para inclusão de minorias em instituições de ensino e mercado de trabalho. Em um terceiro

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momento, ações afirmativas passam a serem vistas como políticas públicas e privadas que de
forma compulsória, voluntária ou facultativas visam combater a discriminação ou corrigir
discriminações sofridas no passado (GOMES, 2001). Este último conceito de ações afirmativas
condiz com o de Menezes (2001) e de Maciel e Pitta (2016), que as definem como sendo a
forma de trazer minorias a benefícios antes negados pois estas sofriam de discriminação, sendo
forma de inclusão.
Ainda, para alguns autores as ações afirmativas constituem mecanismos de busca pela
igualdade real entre as pessoas, nas situações em que a própria sociedade em que os grupos
discriminados estão inseridos, não alcança, por si mesma, um nível de maturidade para manter
suas relações interpessoais pautadas pela igualdade real, sem discriminações (BAEZ et. Al.,
2017).
Fato é que se tratando de políticas públicas e ações afirmativas, o Estado mostra-se
como de fundamental importância em sua aplicabilidade. Normativas e incentivos a seu
respeito, são fator essencial para que haja sua efetividade.

3.1 HISTÓRICO LEGISLATIVO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA
A deficiência é um fenômeno global, frequentemente associado à pobreza, com
impactos políticos, econômicos, culturais, sociais e implicações para a sociedade como um
todo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS (2011), estima-se que 15% da
população mundial possui algum tipo de deficiência. Conforme os dados do Censo do IBGE de
2010 há no Brasil cerca de 45,6 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a
23,91% da população brasileira.
A partir dos anos 60, houve uma politização do tema da deficiência, capitaneada por
ativistas e organizações de pessoas com deficiência ao redor do mundo, o que resultou em maior
visibilidade e importância da questão para os agentes políticos e para a sociedade em geral.
Isso gerou a necessidade de mudanças estruturais em relação as políticas públicas voltadas as
pessoas com deficiência, em que as medidas assistencialistas tiveram que ser revistas e
modificadas (BRASIL, 2016).
As iniciativas voltadas a inclusão da pessoa com deficiência no Brasil se intensificaram
após debates iniciados na década de 1980, apesar de que, desde o século XIX, o Brasil já possuía
escolas para pessoas com deficiência, sendo que foi o primeiro país na América Latina a criar
o Instituto dos Meninos Cegos e o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos. Dentre os fatos que

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intensificaram o debate nesse período, podemos enfatizar o ano de 1981, em que a ONU
considerou o ano internacional das pessoas com deficiência, movimento com visibilidade
mundial que frisou a importância para oportunidades de acesso aos bens e serviços e a inclusão
social desse grupo historicamente discriminado (LANNA JUNIOR, 2010). Aliado a isso, pode-
se citar a nova fase de democratização que se iniciava no Estado Brasileiro na década de oitenta,
que naturalmente culminou em um emaranhado de direitos que surgiram e foram postulados.
Com a promulgação da Constituição de 1988, o assunto foi definitivamente inserido
no marco legal, de forma abrangente e transversal. No Capítulo II da Constituição, que trata
dos Direitos Sociais, o inciso XXXI do art. 7º proíbe qualquer discriminação no tocante a salário
e critérios de admissão do trabalhador com deficiência. O art. 23, inciso II, prevê que é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tratarem da
saúde e assistência pública, da proteção e da garantia dos direitos das pessoas com deficiência.
O art. 24, inciso XIV, define que é competência da União, dos Estados e do Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre a proteção e integração social das pessoas com deficiência. A
reserva de percentual de cargos e empregos públicos para pessoas com deficiência é tratada no
art. 37.
Na seção dedicada à Saúde, o texto constitucional define saúde como um direito de
todos e dever do Estado e garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. Os termos “habilitação” e “reabilitação” das pessoas com
deficiência surgem na seção da Assistência Social, art. 203, assim como a promoção de sua
integração à vida comunitária. Essa seção trata ainda do benefício de um salário mínimo mensal
para as pessoas com deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção, ou de tê-la provida por sua família. Nesse sentido, a Constituição de 1988 trouxe
direitos básicos e essenciais foram formalizados, mas medidas de caráter assistencialista foram
mantidas. Esse viés assistencialista esteve bastante presente nas políticas públicas brasileiras e
ainda persiste em algumas áreas. Entretanto, paulatinamente, essa visão tem sido substituída
por maior valorização da autonomia e independência da pessoa com deficiência.
Na seção sobre Educação, art. 208, é garantido o atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. A
criação de programas de prevenção e atendimento especializado bem como de integração social
do adolescente com deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e

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obstáculos arquitetônicos, são tratados na Seção da Família, da Criança, do Adolescente e do


Idoso, art. 227. Ainda nesse artigo, a Constituição remete à regulamentação posterior a
elaboração de normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas com
deficiência. A partir de então, diversas normas regulamentadoras sobre pessoas com deficiência
foram editadas.
Com o reconhecimento de todos esses direitos após redemocratização do Estado
Brasileiro, foi possível o reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência (PCD) com
caráter de interesse público e não mais como preocupação meramente familiar, culminando
assim, na primeira lei que trata do apoio as pessoas com deficiência, em 1989. Trata-se da Lei
7.853, que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, integração social e sobre a
Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE.

Porém, na prática a CORDE somente foi implantada em 1993 e tendo como


finalidade a elaboração de planos e projetos, voltados para implementação da Política Nacional
para Integração das Pessoas Portadora de Deficiência. Em 2003, com o intuito de alcançar a
efetividade, foi vinculada à Presidência da República, dentro da pasta de Direitos Humanos.
Em 2009, a CORDE foi elevada à condição de Subsecretaria Nacional, para vir a alcançar o
status de Secretaria Nacional em 2009.
Com o paradigma de inclusão, que na Constituição proíbe tanto a discriminação
em termos de salário quanto em termos de critérios de admissão de PCD, surge a Lei nº
8.112/90, a qual, no seu art. 5º, estabeleceu o direto das pessoas com qualquer tipo de
deficiência se inscreverem em concursos públicos, e concorrerem com igualdade de condições,
sendo-lhes reservados 20% das vagas. No ano seguinte, a Lei nº 8.213/91 passou a estabelecer,
no seu art. 93, que as empresas privadas com mais de 100 funcionários deveriam destinar uma
percentagem de vagas para pessoas reabilitadas ou com deficiência, sendo estabelecido o
percentual que varia de 2% a 5%.
Com a Lei nº 8.213, o papel de inclusão social desse grupo não é somente função
do ente Estatal, mas também da sociedade, ao passo que atribui às empresas não só a função de
gerar riquezas de ordem econômica, mas a função de desempenhar práticas organizacionais
com compromisso éticos e sociais, gerando a diminuição das desigualdades sociais,
provenientes das diferenças humanas, tais quais as deficiências, já que nas empresas os
funcionários não devem ser excluídos por limitações individuais (SASSAKI, 1997).

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Em 1993, a Lei nº 8.742 instituiu o benefício de prestação continuada.


Posteriormente, foi alterada pela Lei nº 12.470/2011, que permitiu a continuidade do pagamento
do benefício suspenso por ingresso no mercado de trabalho, caso a relação trabalhista viesse a
ser extinta. Tal regulamentação mostrou-se motivo de incentivo às pessoas com deficiência
ingressarem no mercado de trabalho sem ficarem envolvidas pelo medo de perder o benefício
de prestação continuada, caso o contrato de trabalho fosse interrompido.
Já em meados de 1994, a Lei nº 8.899 criou o passe livre no sistema de transporte
coletivo interestadual às pessoas com deficiência. No ano seguinte, a Lei nº 8.989 passou a
estabelecer a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na aquisição de veículos
automotores a serem utilizados no transporte autônomo de passageiros, bem como para o uso
de pessoas com deficiência física.
Com a entrada em vigor do Decreto nº 3.298/99, que regulamentou a Lei nº
7.853/1989, estabelecendo o CONADE como órgão superior de deliberação coletiva com a
atribuição principal de garantir a efetivação da Política Nacional de Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência. O órgão foi criado com o objetivo de não somente acompanhar, mas,
também de zelar pela efetivação do sistema descentralizado, elaborar pesquisas, campanhas de
prevenção. E também, devido à importância do trabalho, o programa tem a função de
acompanhar e avaliar o processo de inclusão das PCD no mercado de trabalho. Denota-se que
fora a primeira forma de fiscalização das cotas destinadas as pessoas com deficiência no
mercado de trabalho. Além de promover os direitos e aprovar o plano de ação anual da CORDE.
No ano 2000, a Lei nº 10.048 dispôs sobre o atendimento prioritário e a
acessibilidade nos meios de transportes e estabeleceu penalidades em caso do seu
descumprimento. No mesmo ano, verificou-se a necessidade de subdividir o assunto de
acessibilidade ao meio físico e aos meios de transportes, foi então que a Lei n.º 10.098/2000
subdividiu o assunto em acessibilidade ao meio físico, aos meios de transporte, na comunicação
e informação e em ajudas técnicas.
No que tange à acessibilidade, o Decreto n.º 5.296/2004 regulou as Leis 10.048
e 10.098, ampliou o tema a espaços mobiliários e equipamentos urbanos, edificações, serviços
de transporte e dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação. Em 2002, com a
Lei nº 10.436/2002, foi instituída a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que possibilitou a
comunicação padronizada em todo o país.
Em 2005, com o advento da Lei nº 11.126, as pessoas com deficiência visual

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passaram a ter o direito de ingressar e permanecer em ambiente de uso coletivo acompanhado


de cão-guia. Dois anos depois, entrou em vigor a Lei nº 11.520/2007, que trata sobre o direito
das pessoas om hanseníase receber pensão especial, pois, no passado, tais grupos foram
submetidos a isolamento e internação compulsória.
Os anos subsequentes foram de fundamental importância para dar visibilidade
nacional aos problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência, haja vista que, com o
Decreto Legislativo nº 186/2008 e o Decreto nº 6.949/2009, a Convenção sobre os Direitos da
Pessoa com Deficiência, das Nações Unidas, foi ratificada e promulgada no Brasil com
equivalência à de emenda constitucional.
Quando a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi introduzida no
ordenamento jurídico brasileiro com força de norma constitucional, teve-se uma preocupação
com a real inclusão, com força de norma constitucional, o sentido das terminologias
“deficientes”, “portador de deficiência”, “portadores de necessidades especiais”, foram
alteradas para “pessoas com deficiência”, que busca destacar a pessoa em primeiro lugar e
demarca a importância e as barreiras que limitam a plena inclusão.

Desde a Constituição de 1988, diversas políticas públicas foram adotadas em


prol da inclusão das pessoas com deficiência, a fim de garantir o direito de acesso nos mais
diversos espaços sociais e também reduzir o preconceito em face de tal grupo.
Com o objetivo de intensificar as políticas públicas que já estavam sendo
desenvolvidas, bem como criar novas iniciativas a serem desenvolvidas pelo governo, o Decreto
nº 7.612/2011 editou o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com deficiência – Viver sem
Limite. Tal plano tem a participação de 15 ministérios e a participação do Conselho Nacional
dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE), com contribuições da sociedade civil. O
Plano Viver Sem Limites visa oportunizar o acesso das pessoas com deficiência a direitos
básicos como transporte, saúde, educação moradia, mercado de trabalho e qualificação
profissional.
Segundo os dados do Portal da Pessoas com Deficiência, desde a criação do
Plano Viver sem Limites até o ano de 2014, foi previsto o investimento de 7, 6 milhões de reais
para as pessoas com deficiência. Para esse público, o governo federal articulado com outros
programas federais englobou uma séria de ações em áreas como a saúde educação, qualificação
profissional, acessibilidade e inclusão social. Sendo que das ações desenvolvidas pelo plano,
na educação pode-se citar a ampliação do acesso de crianças e adolescentes com deficiência

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nas escolas; aquisição de 2,6 mil ônibus adaptados para transporte escolar; implantação de 17
mil novas salas e aulas e atualização de 28 mil salas de recursos multifuncionais em escolas
públicas regulares e especiais. E também, a contratação de 648 professores de libras, 648
tradutores para instituições federais de ensino, 5% das vagas do Pronatec, com criação de
150mil vagas que são destinadas a PCDS até 2014, adequações físicas em 42 mil escolas
públicas, bolsa de formação cursos e formação profissional técnica de nível médio, curso de
formação inicial e continuado, benefícios como cursos gratuitos, alimentação transporte e
material didático.
Quanto à saúde o Plano Viver sem Limites regularizou o teste do pezinho em
todos os estados, criou 45 centros de reabilitação (física, auditiva, visual, intelectual),
proporcionou o aumento em 20% de financiamento do SUS para 420 Centros Especializados
em Odontologia para atender PCD, bem como a qualificação de 6 mil equipes de saúde bucal.
Com o plano foi possível a alteração do Programa Minha Casa Minha vida, ode as construções
das moradias são adaptadas contando com acessibilidade.
Já em 2015, a Lei nº 13.146 institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Na prática, foram efetivados os direitos que
a Convenção da Pessoa com Deficiência já definia em 2008. Nos dois anos subsequentes, foi
criado o Decreto 8.954, que estabelece as competências do Comitê de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, bem como, a avaliação unificada das mesmas. O Comitê está sob a coordenação
da Secretaria Especializada nos direitos das Pessoas om Deficiência, e tem como finalidade a
avaliação biopsicossocial da deficiência e criar o Cadastro Nacional de Inclusão de pessoas com
deficiência. Dividido em subcomitê de modelo de avaliação unificada e cadastro de inclusão.
Em se tratando de orçamento para pessoas com deficiência, as Leis
Orçamentárias Anuais (LOA) de 2000 a 2018 disponibilizaram para programas de Assistência
à Pessoa com deficiência, como educação, qualificação, acessibilidade, inclusão e benefícios
de prestação continuada mensal vitalícia, R$ 235.707.183.844,00 (duzentos e trinta e cinco
bilhões, setecentos e sete milhões, cento e oitenta e três mil, oitocentos e quarenta e quatro
reais) nesses 18 anos, representando assim, 0,66% do orçamento total do período que foi de R$
35.940.623.462.095,00 (trinta e cinco trilhões, novecentos e quarenta bilhões, seiscentos e vinte
e três milhões, quatrocentos e sessenta e dois mil e noventa e cinco reais).
Ainda, deste valor, apenas em 5 dos 18 anos analisados houve redução da
representatividade sobre o orçamento total da união, sendo eles 2003, 2004, 2014, 2015 e 2017.

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NORMATIVOS E AÇÕES AFIRMATIVAS

Em se tratando em números totais, apenas no ano de 2004 houve redução de valores destinados
a assistência à pessoa com deficiência, nesse mesmo ano a representatividade sobre o orçamento
geral da união foi de apenas 0,01%, bem abaixo da média dos 18 anos analisados que foi 0,66%.
No período analisado o valor orçado para assistência à pessoa com deficiência, considerando
uma população média 43.505.467, foi de aproximadamente R$ 5.417,88 por pessoa ao ano.
Cabe destacar que deste orçamento, as LOA detalham diversos programas e
ações que visam o atingimento de determinados objetivos. Em se tratando de programas e ações
relativas a mercado de trabalho, desde o ano 2000 houve onze programas que se relacionavam
ao tema, trazendo como um deu seus objetivos, ações ou como indicadores de controle. Esses
programas se relacionam especialmente a qualificação, profissionalização, defesa de direitos,
proteção e fiscalização de leis trabalhistas. Ainda, tais programas possuem ações e indicadores
que podem ser abertos para atendimento do objetivo do programa, mas em alguns casos
agrupam diversas minorias na mesma ação (pessoas com deficiência, afrodescendentes,
indígenas, quilombolas, etc.), desse modo os valores referentes a cada minoria especificada não
são diferenciados. Para fins desse estudo, considerou-se o valor total do programa ou ação,
quando este não separa os valores referentes a pessoas com deficiência e demais minorias.
De 2000 a 2018 foram disponibilizados para programas voltados a pessoas com
deficiência e mercado de trabalho R$ 15.165.969.084,00 (quinze bilhões, cento e sessenta e
cinco milhões, novecentos e sessenta e nove mil e oitenta e quatro reais); no entanto, no ano de
2015, houve destinação de pouco mais de 8 bilhões de reais para o programa 2031 – Educação
Profissional e Tecnológica que abrange diversas minorias além das pessoas com deficiência,
como quilombolas, indígenas, afrodescendentes, mulheres de baixa renda, população do campo,
etc., não fazendo distinção orçamentária entre elas, acabando por elevar o montante no período
analisado. Reforça-se que nos anos de 2003, 2016, 2017 e 2018 não houve programas
relacionados a pessoa com deficiência e o mercado de trabalho.
Tal valor, considerando a população em idade econômica ativa de pessoas com
deficiência de 2010 como sendo 42.146.647 (CENSO, 2010), houve no período de 18 anos
analisados valor de R$ 359,84 por pessoa com deficiência em idade economicamente ativa
destinados a pessoa com deficiência e mercado de trabalho. Ou seja, em torno de R$ 19,99 por
ano por pessoa com deficiência em idade economicamente ativa.

3.2 A INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO


BRASILEIRO

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Apesar das medidas e verbas disponibilizados no Brasil para combater a discriminação


e desigualdade tanto na sociedade como no mercado de trabalho, ainda se apresentam no Brasil
tais problemas, fatos comprovados com os dados apresentados pelo Censo do IBGE (2010) e o
Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2016.
A taxa de ocupação de pessoas sem deficiência (PSD) mostra-se maior em todas as
faixas etárias analisadas. A partir dos 10 anos, a taxa de ocupação de pessoas com deficiência
mostra-se como sendo 46,21% enquanto pessoas sem deficiência apresentam um número de
55,98% (IBGE, 2010).
Outro fator importante para avaliação é a remuneração, que se mostra abaixo da
remuneração de pessoas com deficiência, sendo que para tal minoria 46,36% ganham de zero
até 1 salário mínimo, enquanto que as pessoas com deficiência esse número diminui para
37,09%. Nas faixas salariais maiores que 01 (um) salário mínimo o percentual de pessoas sem
deficiência é maior que as PCD em todas as faixas salariais (IBGE, 2010).
Ainda no tema remuneração, o RAIS (2016) mostra dados de remuneração média por
nível de escolaridade de PCD e pessoas sem deficiência em 31/12/2016. A remuneração de
PCD é em média 7,79% menor que a remuneração das pessoas sem deficiência, mesmo se
comparada ao mesmo nível de escolaridade. Apenas em 3 das 9 categorias de escolaridade a
remuneração das PCD é maior.
Outra análise importante refere-se à quantidade de vagas de emprego de PCD e PSD,
disponibilizada pelo RAIS (2016). O nível de empregabilidade da pessoa com deficiência no
ano de 2016 aumentou 3,79% em relação ao ano de 2015, sendo que no mesmo período, tal
índice para PSD teve uma retração de 4,23%.
O RAIS (2016) traz ainda dados relativo à lei de cotas e seu atendimento. Em 2016,
havia no Brasil 17.724.852 de empregos em empresas maiores que cem funcionários, de forma
que, para o atendimento da lei deveria haver um total de 724.367 de pessoas com deficiência
empregadas; apesar disso, havia apenas 361.050 PCD empregados, havendo assim um total de
363.317 vagas em aberto para PCD.
Na administração pública não há obrigatoriedade da contratação de PCD. No entanto,
a Lei nº 8.112/90 reserva 20% das vagas de concursos públicos a PCD e, apesar disso, havia
em 2016, conforme o RAIS (2016), apenas 0,33% dos cargos de empregados da administração
pública ocupados por PCD.
No Brasil, ações afirmativas para pessoas com deficiência vêm sendo debatidas desde

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a década de 1960, mas tomaram maior corpo a partir da Constituição de 1988, que foi o estopim
para uma série de medidas que tinham como objetivo a inclusão e a igualdade real da pessoa
com deficiência na sociedade.
Nesse sentido, os valores disponibilizados no orçamento público da União para
assistência à pessoa com deficiência vêm crescendo ano a ano, mostrando que o governo vê tal
tema com cada vez mais importância. Por outro lado, os valores referentes à pessoa com
deficiência no mercado de trabalho têm se mostrado cada vez menos importantes. Há no
orçamento da união recursos destinados a tal tema; no entanto, não há preocupação em detalhá-
los, agregando-lhes orçamentos próprios, mas sim de uni-los às demais minorias, ou ainda não
destinar valor algum ao referido tema, como nos anos de 2016, 2017 e 2018.
Apesar das ações afirmativas adotadas no país e das evoluções que têm se tido no
mercado de trabalho para a pessoa com deficiência, ainda há que evoluir em diversos pontos.
A escolaridade e ocupação de PCD mostram-se ainda inferiores que de PSD. A remuneração
mostra-se em média 7,79% menor para PCD que PSD, mesmo em faixas de escolaridades
iguais.
Ainda, mesmo com a evolução do número de empregos para PCD, de 2015 para 2016,
a lei de cotas ainda está longe de ser atingida em sua totalidade. Havia, em 2016, 363.317 vagas
em aberto, tendo uma efetividade da lei de apenas 49,84%.
Porém, mesmo com as dificuldades, as ações afirmativas mostram-se papel importante
para inclusão e redução de desigualdade e discriminações, sem elas o cenário estaria pior. O
que é possível afirmar é que tais medidas precisam ser cada vez mais apoiadas e assegurar sua
aplicação e sua efetividade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar a pesquisa, inevitavelmente se faz necessária abordagem da Constituição
Federal, a qual, na busca de efetivar e consolidar os direitos humanos, dá status constitucional
aos direitos e garantias fundamentais reconhecidos internacionalmente, medida essa essencial
para incorporar tratados internacionais.
A humanidade de maneira geral passou e passa por período de conscientizações em
relação às injustiças sociais que permeiam o dia a dia. A premissa que sustenta a necessidade
de ações positivas é a de que determinados grupos da população continuam a sofrer com a
discriminação e a exclusão social.
É preciso compreender que não é a limitação que vai determinar a deficiência, mas

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sim, as barreiras que existem nos espaços, como, meio físico, transporte, ausência de
informações, na prestação de serviços, entre outras.
Por esses e outros motivos é que o Estado ratificou convenções e tratados
internacionais assumindo a obrigação de garantir as pessoas com deficiência, a igualdade de
oportunidades entre indivíduos com e sem deficiências, na busca dos direitos e garantias
fundamentais, como pleno emprego, justo salário, igualdade de condições, dignidade da pessoa,
educação, liberdade, entre outras.
Por todos os documentos internacionais analisados, percebe-se que são incisivos e até
mesmo repetitivos na questão do pleno exercício dos seres humanos, de seus direitos
individuais, da não discriminação, na promoção de justiça social, do pleno emprego, as
liberdades, à promoção da igualdade e dignidade da pessoa humana, justiça social, sem qualquer
distinção, ou por qualquer motivo que seja.
No Brasil, ações afirmativas para pessoas com deficiência vêm sendo debatidas desde
a década de 1960, mas tomaram maior corpo a partir da Constituição de 1988, que foi o estopim
para uma série de medidas que tinham como objetivo a inclusão e a igualdade real da pessoa
com deficiência na sociedade.
Apesar das ações afirmativas adotadas no país e das evoluções que têm se tido no
mercado de trabalho para a pessoa com deficiência, ainda há que evoluir em diversos pontos.
A escolaridade e ocupação de PCD mostram-se ainda inferiores que de PSD. A remuneração
mostra-se em média 7,79% menor para PCD que PSD, mesmo em faixas de escolaridades
iguais.
Ainda, mesmo com a evolução do número de empregos para PCD, de 2015 para 2016,
a lei de cotas ainda está longe de ser atingida em sua totalidade. Havia, em 2016, 363.317 vagas
em aberto, tendo uma efetividade da lei de apenas 49,84%.

Porém, mesmo com as dificuldades, as ações afirmativas mostram-se papel importante


para inclusão e redução de desigualdade e discriminações, sem elas o cenário estaria pior. O
que é possível afirmar é que tais medidas precisam ser cada vez mais apoiadas e assegurar sua
aplicação e sua efetividade.

REFERÊNCIAS

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