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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CURSO DE DIREITO

PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NO MERCADO DE TRABALHO: LEIS DE


INCLUSÃO E BONS EXEMPLOS DE INSERÇÃO

ITAJAÍ

2024
THIAGO DOS SANTOS

PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NO MERCADO DE TRABALHO: LEIS DE


INCLUSÃO E BONS EXEMPLOS DE INSERÇÃO

Trabalho apresentado como requisito


parcial de conclusão de curso, do curso
de Direito da Universidade do Sul de
Santa Catarina, Unisul Itajaí.

Professora Orientadora: Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ITAJAÍ

2024
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SUMÁRIO

Resumo. 1. Introdução. 2. Procedimentos metodológicos. 3. Pessoa com deficiência; 4. As


leis de inclusão das pessoas com deficiência; 5. Desafios na inserção do PCD; 6. Boas
práticas e exemplos bem-sucedidos de inserção. 7. Considerações Finais. Referências.

RESUMO

O presente estudo teve o objetivo de analisar a inserção de pessoas com deficiências no


mercado trabalho, expondo a insuficiência no crescimento no mercado de trabalho e das
buscas de oportunidades para incluir-se de maneira efetiva na sociedade, analisando o
histórico das normas, e mostrando bons exemplos de empresas, que foram além do exigido
por lei. Foi utilizado a pesquisa básica, análise qualitativa, método descritiva e pesquisa
bibliográfica. Ressaltando que além de haver a lei de cotas que o governo brasileiro utiliza
como o principal acesso do PCD, ainda assim enfrenta-se problemas como: a falta de
capacitação, preconceito, falta interesse para o preenchimento de vagas ofertadas e .

Palavras-chave: Pessoas com deficiências. Inserção. Inclusão. Mercado de trabalho.

ABSTRACT

The present study aimed to analyze the insertion of people with disabilities in the job market,
exposing the insufficiency of growth in the job market and the search for opportunities to be
included effectively in society, analyzing the history of norms, and showing good examples of
companies that went beyond what is required by law. Basic research, qualitative analysis,
descriptive method and bibliographical research were used. Emphasizing that in addition to
the quota law that the Brazilian government uses as the main access for PCDs, there are still
problems such as: lack of training, prejudice and lack of interest in filling the vacancies
offered.

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Keywords: People with disabilities. Insertion. Inclusion. Job market.

1 INTRODUÇÃO

1.1 A inserção de pessoas com deficiências (PCD) no mercado de trabalho vem


crescendo, porém ainda não o suficiente, pois há muitos pretendentes para poucas vagas.

1.2 Conforme dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), cerca de 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência e buscam
oportunidades para incluir-se de maneira efetiva na sociedade, e mesmo assim apenas
1% desse grupo está formalmente incluído no mercado de trabalho (MARTINS, 2018).

1.3 A lei de cotas é um dos meios que o governo brasileiro utiliza como o principal
acesso do PCD ao mercado de trabalho. Neste sentido, para determinar a porcentagem
de pessoas com deficiências em cada empresa, a regra prevê̂ que as organizações com
mais de 100 colaboradores devem ter no mínimo 2% do seu quadro constituído por
PCDs (JUNIOR, 2012). Contudo, a lei de cotas não é suficiente para que a sociedade
quebre barreiras perante o preconceito e a falta de informação em relação à deficiência
(GOLDSCHIMIDT, 2006). Analisando as formas de como a sociedade trata as pessoas
consideradas deficientes no Brasil, facilita o entendimento sobre a baixa inserção dos
mesmos no mercado de trabalho.

1.4 A Convenção 159- Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi realizada na


69ª Conferência em Genebra no dia 1º de junho de 1983. Essa convenção determinou
que todos os países membros deveriam considerar a finalidade da reabilitação
profissional e permitir que a pessoa deficiente obtenha e conserve um emprego e
progrida e se promova, para que haja a inserção ou a reinserção dessa pessoa na
sociedade. A Convenção 159 da OIT de 1983, foi ratificada por meio do Decreto nº 129,
de 18 de maio de 1991, sendo, portanto, a Lei no Brasil desde esta data (MTE, 2007).

1.5 O presente artigo tem como objetivo, conhecer os principais motivos dos PCDs
não estarem ativas no mercado de trabalho. E assim mediante a todos os argumentos o

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estudo visa responder o seguinte questionamento: porque as pessoas portadoras de
deficiências tem tanta dificuldade em meio a sociedade para serem inseridas no mercado
de trabalho?

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Neste artigo será utilizado o método de pesquisa descritivo, que tem como ênfase
realizar um estudo detalhado com coleta de dados, análise e interpretação dos mesmos.

2.2 A metodologia escolhida na execução do presente trabalho foi a de pesquisa


básica, tendo em vista que segundo Ander-Egg (1978, p28), a pesquisa é um
“procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos
fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. Pesquisando se
chega há um pensamento reflexivo, necessita de um olhar cientifico, aonde se alcança a
realidade ou descobre verdades fracionadas.

2.3 O artigo conta com análise qualitativa que segundo Alfonso, Trujillo e Ferrari
(1985, p.241). “Trata-se de decompor o fenômeno em suas partes, de tal modo que as
mesmas se organizem em sua recíproca dependência, estabelecendo relações entre as
partes.”

2.4 Para o levantamento de dados foram efetuadas entrevistas, com profissionais do


ramo de contratação (RH), onde foi respondido um questionário, e fornecido o material
para análise.

2.5 Também foi utilizado pesquisa bibliográfica, o meio mais amplo, que tem como
finalidade conhecer e se basear nas pesquisas já realizadas sobre inclusão dos PCD’s no
mercado de trabalho. No ponto de vista de Manzo (1971:32), a bibliografia “oferece
meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também
explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”.
Contribuindo e buscando uma solução para o problema.

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3 PCD (PESSOA COM DEFICIÊNCIA)

3.1 Durante séculos as pessoas com deficiência foram menosprezadas pela sociedade,
por serem consideradas inferiores. Com o passar dos anos, com evolução da sociedade e
a revisão frequente sobre esse assunto, os termos mudaram até chegar no termo que se é
utilizado hoje pessoa com deficiência ou simplesmente PCD, conforme abreviação
estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2006, para substituir
termos pejorativos como “pessoa deficiente”, “deficiente” ou inválido, que não dever ser
mais utilizados.

3.2 Porém, jamais existira uma expressão correta para definir esse grupo de pessoas,
é usado a cada época palavras nos quais o significado e compatível com os valores
daquele período (SANTOS, 2018).

3.3 Existem diversos tipos de deficiências, o decreto de lei 3.298 de 20 de dezembro de


1999, conceitua e define quem se enquadra como PCD.

Segundo o Decreto, em seu art. 3º, uma pessoa com deficiência é aquela que:

I - Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função


psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;

II - Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um


período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que
se altere, apesar de novos tratamentos; e

III - Incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração


social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para
que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser
exercida.

3.4 Ou seja, um PCD, pode ter uma limitação física, auditiva, visual e intelectual.
Além destas, também pode haver deficiências múltiplas, quando uma pessoa tem dois ou
mais tipos de deficiência.

3.5 Na deficiência física há limitação, que dificulta a mobilidade da pessoa, devido

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uma alteração parcial ou total, que pode ter origem em seu nascimento ou adquirida, em
uma ou mais partes do seu corpo. Vejamos os exemplos de deficiências físicas:

a) Ausência de membros;
b) Membros com deformidade congênita ou adquirida durante a vida;
c) Paralisia cerebral;
d) Nanismo;
e) Paraplegia, que é a paralisia da parte inferior do corpo;
f) Tetraplegia, que é a paralisia de membros inferiores e superiores.

3.6 A deficiência auditiva, pode ser: perda parcial da audição em apenas um ouvido
(unilateral) ou ambos os ouvidos (bilateral) ou total, quando há perda de 100% da
audição.

3.7 Deficiência Visual é quando há perda de visão parcial ou total, de um olho ou dos
dois olhos, e os tipos mais comuns são:

a) Cegueira, que é a perda total ou parcial da visão;


b) Baixa visão, que é a perda de pelo menos 30% da visão de um dos olhos, ainda
mantendo algum nível de capacidade visual;
c) Visão monocular, que é a perda de visão de apenas um dos olhos.

3.8 Na deficiência intelectual, é quando o indivíduo tem comprometimento ou perda


de sua capacidade intelectual, quando se nota um desenvolvimento abaixo em
comparada e pessoas de sua idade com manifestação antes dos dezoito anos. limitações
associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos


recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g)
lazer; h) trabalho;

3.9 E pode se manifestar em graus diferentes, “leve, moderado, severo ou profundo”.

3.10 O que pode atrapalhar o aprendizado e a capacidade de se comunicar e interagir


socialmente, assim como no controle de emoções e outras habilidades, para o convívio
em sociedade. Algumas das deficiências intelectuais:

a) Transtorno do espectro autista (TEA), conhecido popularmente como autismo;


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b) Síndrome de Angelman, que altera a formação e desenvolvimento dos nervos;
c) Síndrome de Down, uma alteração genética na formação de um dos
cromossomos;
d) Síndrome de Prader-Willi, uma doença genética rara, que causa obesidade,
deficiência intelectual e perda de estatura;
e) Síndrome de Tourette, um distúrbio do sistema nervoso no qual a pessoa lida
com tiques indesejados;
f) Síndrome de Williams, uma doença genética que altera a formação da face e traz
atraso psicomotor;
g) Síndrome do X frágil, uma anomalia genética que causa deficiência intelectual,
de leve a grave.

3.11 Vale destacar, as diferenças entre PCD E PNE (Pessoas com necessidades
especiais), muito se confunde o conceito entre ambas, uma vez que um PCD pode se
encaixar como um PNE, mas nem todo PNE é um PCD.

3.12 Vejamos que uma pessoa com necessidades especiais, pode utilizar-se de sua
condição temporária ou permanente, obtendo direitos e prioridades. Como por exemplo
uma pessoa grávida, ela se enquadra na sigla PNE (Pessoas com necessidades especiais),
garante preferências em fila, vaga de estacionamento, e assentos especiais, assim como
idoso.

3.13 No levantamento feito no Brasil em 2022 pela Pesquisa Nacional de Amostra de


Domicílios Contínua (PNAD Contínua), e elaborada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 8,9 da população brasileira, (em torno de
18,6 milhões de pessoas), declarou ter algum tipo de deficiência.

3.14 Segundo a OMS, com dados de 2022, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com
alguma deficiência, uma a cada sete pessoas em nosso planeta são portadores de algum
tipo de deficiência. A falta de pesquisas e dados sobre essas pessoas contribui para a
invisibilidade das mesmas, o que representa um grande problema para debater e criar
politicas de desenvolvimento que auxiliam na melhoria de vida dessas pessoas.

4 AS LEIS DE INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

4.1 Em 19983, em Genebra foi realizada a Convenção nº 159 da Organização

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Internacional do Trabalho (OIT),para poder regular e fiscalizar como os PCDS são
inclusos na sociedade, foram criadas através de muitos debates entre a sociedade
mundial, de certa forma como proceder com os PCDs mundialmente, não diferente o
Brasil, aderiu as recomendações, começando assim um processo de inclusão (BRASIL
1991).

4.2 A partir desta convenção o Brasil, em 18 de maio de 1991, publicou o Decreto nº


129, em que os termos acordados na convenção, após ratificados em 12 meses teriam sua
validação perante os países membros da Organização Internacional do Trabalho. Este
decreto estipula como a nação tem que inserir o cidadão na sociedade e assegurar sua
inclusão perante a sociedade (BRASIL, 1991). O proposito da convenção é proteger e
assegurar o exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas
as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente (BRASIL,
2009).

4.3 Neste decreto de lei sancionado pelo Presidente da República Fernando Collor de
Mello, segue o que 80 países ratificaram, onde nele se afirma que tanto os empregadores
quanto as organizações, captem e readaptem os profissionais com deficiências. Fica
acordado também a manutenção através dos sindicatos e órgãos governamentais
(BRASIL, 1991).

4.4 Com isto a Organização Internacional do Trabalho, alavancou no Brasil


mecanismos que, garantem um maior entendimento a questão, incentivando a
conscientização desta classe de trabalhadores (BRASIL, 1991).

4.5 O Congresso Nacional do Brasil aprovou por meio do Decreto Legislativo nº 186,
de 9 de julho de 2008, conforme procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição, a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinado em Nova York, em 30 de março de 2007 pelo então presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva (BRASIL, 2009).

4.6 Lei de cotas no mercado de trabalho e sua inserção: de acordo com o art. 93 da
Lei 8213/91 exige que toda empresa de grande porte que possua cem ou mais
empregados tem a obrigação de preencher de 2% a 5% dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência (BRASIL, 1991).

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Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher
de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte
proporção:

I - até 200 empregados...........................................................................................2%;

II - de 201 a 500......................................................................................................3%;

III - de 501 a 1.000..................................................................................................4%;

IV - de 1.001 em diante. .........................................................................................5%.

4.7 A partir de 1 de janeiro de 2023, os valores variam de R$ 3.100,06 (três mil e cem
reais e seis centavos) até R$ 310.004,70 (trezentos e dez mil quatro reais e setenta
centavos) por profissional PCD não contratado, conforme o grau de descumprimento. É
o que diz, o novo valor está previsto na Portaria Interministerial MTP/ME Nº 23, de 10
de janeiro de 2023.

4.8 No poder público, o decreto 9.508 de 24 de setembro de 2018, garante a reserva


de no mínimo 5% das vagas às pessoas com deficiência, percentual de cargos e de
empregos públicos ofertados em concursos públicos e em processos seletivos no âmbito
da administração pública federal direta e indireta.

4.9 E no âmbito do poder público, a CF, art. 37, inciso VIII, estabelece a reserva de
vagas para cargos e empregos, assim como a lei 9.112 de 1990, que prevê a reserva de até
20 % das vagas oferecidas nos concursos.

4.10 Ressalta-se que mesmo havendo leis, que obrigam a inserção de pessoas no
mercado de trabalho, isso não é o suficiente para o deficiente ter empregabilidade no
mercado. Sendo assim, muitos deficientes enfrentam dificuldades de inserção, tendo
como o principal motivo a descriminação (BRASIL, 1991).

4.11 Não muito diferente O Ministério do Trabalho também considerou decisão do


Superior Tribunal de Justiça que editou a súmula 377, segundo a qual "o portador de
visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos
deficientes".

4.12 Atualmente a lei 13.146 de 2015, instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa

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com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), com intuito de balizar as políticas
e regramentos acerca dos PCDS.

4.13 Ela é composta como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio
do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em conformidade com o
procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República Federativa do
Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico eterno, desde 31 de agosto de 2008, e
promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

5 DESAFIOS NA INSERÇÃO DO PCD

5.1 De acordo com o Conade (Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras
de Deficiência Física), mesmo após a lei da Inclusão de 2004, que obriga a empresas com
mais de 100 funcionários a ocuparem de 2% a 5% das vagas, preenchidas por pessoas
com deficiência, encontra dificuldades para este grupo.

5.2 Dentre as dificuldades, as que mais se destacam são:

a) o preconceito dos colegas;

b) dificuldade de comunicação com pessoas cegas e surdas;

c) a adaptação de ambientes de trabalho, como rampas e alargamentos de portas;

5.3 Capacitação profissional em um mercado de trabalho competitivo como o


brasileiro, estar qualificado se tornou obrigação tanto para quem possui alguma
deficiência, quanto para quem não possui.

5.4 O maior medo dos empregadores é contratar alguém que não seja qualificado
para o serviço, e o fato do contratado possuir alguma deficiência aflora o preconceito do
empregador em imaginar que o PCD não conseguirá realizar as tarefas da função
indicada (SANTOS, 2012).

5.5 Por conta das dificuldades, de acessibilidades, a adaptação de cursos


profissionalizantes, muitos profissionais, não buscam cursos que possam qualificar, e
assim ficam fora do mercado de trabalho.

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5.6 Em alguns setores específicos é necessário certo tipo de aptidão física, como é o
caso do setor de segurança, há exigência de passarem por academias de vigilância
credenciada, pelo Departamento de Polícia Federal. Porém até o momento não se tem
notícias que alguma pessoa tenha passado pelo treinamento, e esteja credenciado para
trabalhar.

5.7 O Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC


– LOAS), apesar de ser muito útil, pode ser um fator negativo para a inserção do PCD,
mercado de trabalho, tendo em vista que a pessoa com deficiência, ganha o benefício de
um salário mínimo mensal, comprovando não poder trabalhar e se sustentar.

5.8 Logo desestimula a vontade de ter uma carreira, se não vejamos, ele ganha sem
trabalhar, e se for trabalhar, terá diversos desafios pela frente, e pela falta de
capacitação, possivelmente ganhará um salário, se não igual com pouca diferença, ao
que ganha do benefício.

6 BOAS PRÁTICAS E EXEMPLOS BEM SUCEDIDOS DE INSERÇÃO

6.1 Existem empresas dispostas a mudar este cenário, em 2021 aconteceu a 3ª edição
do Great Place to Work, que avaliou as 10 melhores companhias para PCDs
trabalharem e práticas que colaboram na inclusão do PCD:

1. Treinamento dos líderes sobre questões relacionadas à diversidade e inclusão e


viés inconsciente;

2. Grupos de afinidades/porta vozes dedicados;

3. Investimento constante em acessibilidade (tecnológica, móveis e infraestrutura);

4. Busca em empresas especializadas, ONGs e parceiros para contratar pessoas


com deficiência;

5. Deixam claro nas vagas em aberto que não há discriminação nas contratações. O
incremento à comunicação, reforçando o posicionamento da empresa em relação
às práticas e cultura de diversidade e inclusão, tem ganhado força nas políticas
de contratação das empresas.

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6.2 A IBM se destacou no quesito Acessibilidade. “O time de Segurança Ocupacional da
IBM é envolvido já no momento em que uma contratação de um profissional com deficiência
está sendo confirmada. Sendo assim, o time de Recrutamento compartilha todas as
informações coletadas em entrevista com o candidato para que o time de Segurança
Ocupacional possa avaliar a acessibilidade do prédio em que o profissional estará alocado
(por exemplo, se possui elevadores, banheiros acessíveis, corrimão, etc.) e também quais são
as acomodações necessárias para aquele futuro funcionário (como monitor, leitor de tela,
intérprete de libras, apoio para os pés, mouse especial, etc.). Em seguida, as acomodações
necessárias para o futuro funcionário são enviadas para o time de Diversidade & Inclusão para
que os itens estejam disponíveis de preferência já no primeiro dia do profissional. Cem por
cento dos profissionais com deficiência da IBM possuem todas as acomodações necessárias
para desempenharem as suas atividades”.

6.3 A Accenture foi destaque no tema Inserção. “Todas as nossas vagas são elegíveis à
entrada de Pessoas com Deficiência, não havendo distinções. Além disso, na Accenture a
promoção de profissionais com deficiência é maior do que o pessoas sem deficiência (18% x
16% no ano passado). Todas as vagas são divulgadas interna e externamente, dando a todos a
visibilidade de todas as oportunidades. Pedimos que o tipo de deficiência seja mencionado no
currículo ou antecipadamente, bem como se existe a necessidade de algum recurso especial
para o desenvolvimento do trabalho. Constantemente, fazemos buscas de empresas
especializadas, ONGs e parcerias para efetivarmos as contratações de Pessoas com
Deficiência, desenvolvendo relacionamentos que ampliem cada vez mais os contatos e que as
nossas oportunidades de trabalho cheguem para todos, igualmente. Além disso,
frequentemente, há alinhamentos com as lideranças internas de forma a garantir que as
pessoas com deficiência tenham as mesmas chances de apresentarem as suas experiências, tal
como quaisquer outras. Há ainda a existência do Núcleo de PCDS, onde há discussões sobre
novas práticas e formas de recrutamento de PCDS no mercado”.

6.4 A Bradesco destaca: “Patrocinamos e participamos da Reatech, Feira Internacional


de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, realizada bianualmente e
considerada a principal feira do setor na América Latina. Em 2019, nosso estande promoveu
um espaço de inclusão, transformação, empatia e conexão por meio de bate-papo com
funcionários e convidados. Ainda em 2019, fomos patrocinadores da Corrida e Caminhada
pela Inclusão, em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, e da Corrida e

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Caminhada Inclusão a Toda Prova, em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência. Os eventos foram promovidos pelo Instituto Olga KOS, uma associação que
desenvolve projetos artísticos e esportivos para atender a pessoas com deficiência intelectual”.

6.5 Deixando claro o compromisso, conscientização, divulgação e promoção para a


inclusão dos PCDS, são atitudes como estas que oportunizam o conhecimento e quebram
o paradigma do preconceito instaurado na sociedade.

6.6 Há também sites para cadastro de pessoas com deficiência, para vagas de
trabalho, onde empresas buscam no banco de currículos, e ofertam vagas para os PCDS.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1 Segundo decreto de lei nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 as Nações Unidas


consideram que as Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas. Perante este quadro, o esforço do
governo do Brasil para a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho
está longe de ser uma realidade, uma vez que o empregador tem grande dificuldade na
hora da contratação desta classe de funcionários.

7.2 Desta forma se torna difícil pela burocracia para a contratação, assim como a
falta de vontade, despreparo de muitos deficientes, que mal sabem destas leis e não vão
atrás de seus direitos, o empregador também tem a dificuldade aumentada, pois tem
quem modificar o ambiente de trabalho.

7.3 Analisando todos os fatos há um grande esforço para esta inclusão acontecer,
porém na prática está inclusão é mais difícil do que parece, as empresas fazem seu papel
e oportunizam as vagas, mas a falta de treinamento e capacitação dificulta o
preenchimento das vagas ofertadas.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Decreto nº 129, de 22 de maio de 1991. Promulga A Convenção Nº 159, da
Organização Internacional do Trabalho - Oit, Sobre Reabilitação Profissional e
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BRASIL. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga A Convenção Internacional


Sobre Os Direitos das Pessoas Com Deficiência e Seu Protocolo Facultativo, Assinados
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20 out. 2019.

BRASIL. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta A Lei no 7.853, de 24


de Outubro de 1989, Dispõe Sobre A Política Nacional Para A Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, Consolida As Normas de Proteção, e Dá Outras Providências..
Brasília , DF, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>.
Acesso em: 23 out. 2019.

BRASIL. Decreto nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe Sobre Os Planos de Benefícios


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NAÇÕES UNIDAS (Brasil). Organização Mundial de Saúde (Org.). A ONU e as pessoas


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SANTOS, Marcella Triani Dario. ACESSO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO


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SANTOS, Maria. A INTEGRAÇÃO DA PESSOA DEFICIENTE NO MERCADO DE
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm#:~:text=Art.,daqueles%20de
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

7.4 https://www.terra.com.br/noticias/educacao/carreira/pesquisa-mapeia-as-10-
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