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APOSTILA 
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
  
 

 

 

ÍNDICE DE CAPÍTULOS

Introdução ................................................................................................... 3

CAPÍTULO 1 – Deficiência Física................................................................6

CAPÍTULO 2 – Paralisia cerebral................................................................18

CAPÍTULO 3 – Igualdade de Oportunidades.............................................31

CAPÍTULO 4 – Aspectos Importantes para a Prática Pedagógica..........44

CAPÍTULO 5 – Problemas de​ ​Linguagem e Comunicação......................50

CAPÍTULO 6 – Afetividade..........................................................................56

CAPÍTULO 7 – Adaptações Curriculares na Educação Infantil................63

CAPÍTULO 8 – Adaptação do Mobiliário.....................................................78

CAPÍTULO 9 – Planificação Futura..............................................................82

Referências Bibliográficas............................................................................85

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INTRODUÇÃO 
 

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Desde a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (Lei nº 9394), a


escola passou a receber todas as crianças em idade escolar. Essa lei é chamada, por
isso, de lei de educação inclusiva. Isso porque a partir de sua promulgação, a escola
passou a receber crianças de todos as classes sociais e também as crianças que antes
frequentavam somente a Educação Especial, por serem portadoras de necessidades
especiais de ensino.

Desde então, o ensino, seja da criança de inclusão social, seja da criança com
deficiência, se tornou um grande desafio para pais, professores, gestores e alunos.
Durante as últimas décadas, a escola procurou se adaptar, através de mudanças na
estrutura física, metodológica e pedagógica. Os pais tiveram que se acostumar a inserir
o filho deficiente na escola regular e sua rotina pedagógica. E os professores
precisaram se qualificar e especializar para a nova estrutura escolar.

Mas o que é incluir um aluno? Incluir é acolher, é integrar, é interagir com ele. Incluir é
proporcionar a esse aluno o mesmo saber que está disponível para todos. Incluir é
ajudar no desenvolvimento mental, físico, cognitivo e emocional de todas as crianças
que frequentam a escola, independentemente de deficiências, transtornos ou
dificuldades de aprendizagem.

Para que isso se torne efetivo, a escola precisa romper com seus velhos paradigmas
educacionais, com a sua perspectiva homogeneizadora e padronizadora. Professores e
gestores precisam entender que nenhuma criança é como a outra. Cada uma chega à
escola com uma bagagem, com saberes diferentes, pertencendo a estruturas familiares
das mais diversas; e cada criança tem seu ritmo de aprendizagem, habilidades e
competências individuais.

A Declaração de Salamanca, documento assinado em 1994, na Espanha, por países


como o Brasil, norteou o comprometimento desses com a educação inclusiva e o
acolhimento do deficiente não só na escola, mas no mercado de trabalho e nas funções
sociais. O Brasil assinou o acordo para garantir acessibilidade física e intelectual a
todos os portadores de necessidades especiais, respeitando as diferenças e
entendendo que essa diferença é parte de nossa vida social.

A adoção de Pedagogias Ativas, baseadas em estudos como os do biólogo suíço Jean


Piaget ou o psicólogo russo Lev Vygotsky, tem orientado trabalhos eficientes com

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crianças de inclusão e também favorecendo o aprendizado de todos na sala de aula.
Essas pedagogias transformam o professor em mediador do conhecimento dando
protagonismo ao aluno no processo de ensino-aprendizagem.

Para que uma construção ativa do conhecimento aconteça, incluindo as crianças


deficientes, é importante que a escola conte com recursos especiais como mobiliário
adaptado, acesso livre às dependências da escola, adaptação do material e uso de
tecnologia, entre outras coisas.

Nessa apostila de estudos vamos conhecer a definição de deficiência, focando a do


tipo físico, suas causas e como ensinar o aluno que a possua. Dentro desse tipo nos
aprofundaremos na Paralisia Cerebral, estudando como ela aparece, o perfil da criança
com PC e como a escola deve se adaptar para recebê-la.

Falaremos sobre a igualdade de oportunidades de aprendizagem que deve ser


proporcionada ao aluno com deficiência e conheceremos aspectos importantes da
prática pedagógica. Por exemplo, a evolução histórica da legislação de inclusão, como
é o desenvolvimento ​neuropsicomotor da criança com Paralisia Cerebral e o ambiente
adequado para ela.

Também dedicaremos um capítulo ao estudo da comunicação com essa criança, caso


ela tenha dificuldades: como é o desenvolvimento da linguagem humana, os problemas
de fala que a criança pode apresentar, os meios de comunicação alternativa, os
recursos atuais de tecnologia e os tipos de linguagem que podem auxiliar na
comunicação com a criança.

Por fim, estudaremos a importância do desenvolvimento afetivo para o aprendizado, as


adaptações curriculares necessárias na Educação Infantil e as perspectivas futuras
para a educação inclusiva.

Nosso objetivo é que você educador, conheça os aspectos mais importantes da


Educação Inclusiva e Especial e saiba acolher, integrar e ensinar um aluno com
Necessidades Educativas Especiais (NEE).

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CAPÍTULO 01  
DEFICIÊNCIA FÍSICA 
 

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CAPÍTULO 1 - Deficiência Física

Neste capítulo estudaremos uma deficiência muito comum, a física. Mas antes de nos
aprofundarmos nisso, vamos entender mais sobre o que é deficiência e como ela
ocorre.

Existem quatro tipos de deficiências (BRASIL, 2007):

· Deficiência Visual: é gradativa, ou seja, a pessoa pode ter baixa visão, o que

compromete suas ações e no caso da escola, o aprendizado; e a cegueira, na qual


o indivíduo não enxerga nada. A deficiência visual pode ser congênita (de
nascimento) ou adquirida. No caso de o aluno ser cego, a escola deve introduzir o
sistema braile e no caso de baixa visão, pode utilizar recursos de material
aumentado e colorido;

· Deficiência Auditiva: essa condição está dividida em surdez e deficiência auditiva.


No caso da surdez, o aluno deve contar com intérprete de Libras e ser alfabetizado
nessa linguagem. O aluno com perda auditiva parcial deve contar com recursos
sonoros que auxiliem no entendimento dos sons da escola e ter incentivo no
desenvolvimento da sua comunicação, seja oral ou não. Quanto à comunicação do
aluno, a escola e a família podem abordar como método o Oralismo, ​no qual a
criança usa o aparelho auditivo, a fala e a leitura labial; a Comunicação Total, no
qual a criança usa todos os meios possíveis e o Bilinguismo, no qual a criança é
alfabetizada em Libras e se comunica através dela;

· Deficiência Intelectual: segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a


deficiência intelectual é caracterizada por retardo mental, sendo este leve,


moderado, severo ou profundo. O grau de comprometimento intelectual dessa
deficiência, assim como seu diagnóstico devem ser cuidadosamente analisados;

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· Deficiência física: esse tipo de deficiência é caracterizado por comprometimento

total ou parcial, temporário ou definitivo, do aparelho motor, muscular ou o sistema


nervoso. Falaremos mais sobre isso a seguir.

Existem casos em que a criança pode apresentar um caso de Deficiências Múltiplas,


um quadro em que se tem uma ou mais deficiências associadas, sejam de ordem
física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social.

As condições em que ocorrem podem ser: física e psíquica (deficiência física em


conjunto com a mental); sensorial e psíquica (deficiência mental associada à surdez, ou
cegueira, entre outras); sensorial e física (deficiência física associada à surdez, ou
cegueira); e sensorial, psíquica e física (associação do comprometimento de um ou
mais sentidos com a deficiência física e mental). Alunos com deficiências múltiplas são
um desafio para a escola, nesses casos é muito importante que se atue em conjunto
com os profissionais de saúde para se definir qual a melhor educação para a criança,
se na escola ou no lar (ROCHA & PLETSCH, 2015).

Além de deficiências, a escola inclusiva também atende crianças com Síndromes,


Transtornos Globais de Desenvolvimento e ​Superdotação. Quanto às síndromes, as de
maior ocorrência na escola brasileira são (SÃO PAULO, 2012):

· Síndrome de Down: alteração genética caracterizada por um cromossomo a mais


no par 21, podendo causar alterações motoras, intelectuais e físicas. A criança com
Down pode ter deficiência intelectual. A intensidade dos sintomas vai variar de
criança para criança;

· Síndrome Alcoólica Fetal (SAF): ocorre quando a mãe da criança consome álcool

de modo excessivo durante a gestação. A criança pode apresentar atraso no


desenvolvimento ou deficiência física e mental;

· Síndrome de Williams: desordem genética que causa múltiplas anomalias, retardo


mental e excesso de sociabilidade;

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·​ Síndrome de Tourette:​ distúrbio neurológico que causa tiques verbais e motores;

· Síndrome da Rubéola Congênita: ocorre quando a mãe contrai o vírus da rubéola


no primeiro trimestre de gestação o que causa anomalias mentais e físicas na


criança;

· Síndrome de Usher: conjunto de mutações genéticas que causam deficiência


auditiva e problemas na visão.

Os Transtornos Globais de Desenvolvimento também devem ser incluídos na educação


inclusiva. O mais comum na escola é o Transtorno do Espectro Autista – TEA. A
criança autista não apresenta retardo mental, mas pode ter problemas cognitivos, de
socialização, atraso na fala, dispersão, hiperatividade e comportamentos agressivos
(CUNHA, 2011). Além do TEA, outros transtornos também são comuns entre crianças
em idade escolar, tais como:

· Síndrome de Asperger​: considerado um autismo leve e funcional, a criança


apresenta alguns problemas de socialização, mas não tem atraso cognitivo ou de


comunicação;

· Síndrome de Rett: mutação genética no cromossomo X o que faz com que ocorra

no gênero feminino, é caracterizada por um atraso mental grave e


comprometimento motor.

As crianças com altas habilidades e ​superdotação são crianças que possuem um


funcionamento cerebral diferenciado, que pode prejudicar sua adaptação ao modelo
tradicional da escola. A diversidade de habilidades especiais entre elas é muito grande,
portanto a escola deve trabalhar cada caso individualmente, também são atendidas
pela educação especial. Devem frequentar as salas de recursos multifuncionais e

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contar com Atendimento Educacional Especializado – AEE. Essas crianças podem
progredir de séries e devem ter avaliações e conteúdo escolar adaptados. É
fundamental que sejam diagnosticadas e acompanhadas por uma equipe
multidisciplinar (SABATELLA, 2005).

Além de atender crianças com esse comprometimento, a escola também lida com
dificuldades de aprendizagem como a Dislexia, o Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade – TDAH, ​Discalculia​, Disortografia e Dislalia, entre outros. Falaremos
deles em outra oportunidade. Por agora, vamos entender o que é a deficiência física e
como lidar com ela na escola.

1.1.​ Definição de Deficiência Física


Quando pensamos na definição de deficiência, seja ela física, intelectual ou sensorial,


podemos citar alguns documentos importantes. Em 2004, o decreto nº 5.296, que
garantiu acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência, definiu o tipo físico como
um comprometimento das funções físicas e motoras originadas da alteração de um ou
mais segmentos do corpo humano (BRASIL, 2004). De acordo com o Censo de 2000,
estima-se que aproximadamente 24 milhões de brasileiros sofram de algum tipo de
deficiência.

Em 6 de julho de 2015, a Presidência da República Federativa do Brasil decretou a lei


nº 13146, chamada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência). Segundo essa lei, toda pessoa que apresente
comprometimento funcional de natureza física, mental, sensorial ou intelectual, que
limite sua participação social e a impeça de integrar a sociedade em nível de igualdade
de condições, é considerada deficiente. Obviamente, cada caso deve passar por
perícia adequada, já que muitas pessoas podem ter suas funções sociais
comprometidas das mais diversas formas (BRASIL, 2015).

Segundo as orientações do Ministério da Educação, a deficiência física é um


comprometimento das funções motoras: da mobilidade, da coordenação motora geral e
da fala. Esse comprometimento pode ser causado por lesões neurológicas,
neuromusculares, ortopédicas; ou por má formação inata ou adquirida (MEC, 2006).

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Quando pensamos na escola, podemos notar que muitas crianças têm problemas para
aprender, para se adaptar, para se sentirem integradas e acolhidas, então, é
importante que diferenciemos os conceitos antes de nos aprofundarmos na deficiência.
Vamos ver as diferenças conceituais entre dificuldade, distúrbio e deficiência (BRASIL,
2003):

· Dificuldade de aprendizagem: inadequação de rendimento, sem déficit cognitivo,


prejuízo sensorial, mental ou físico. Geralmente têm problemas de atenção, baixa


autoestima, dificuldades de memória, problemas linguísticos, atrasos motores;

· Distúrbio de aprendizagem: são caracterizados por problemas neurológicos. O


cérebro funciona de um modo que perturba a relação com a oralidade, a escrita, o


raciocínio lógico ou outros fatores. Exemplos: dislalia, dislexia, disgrafia;

· Deficiência de aprendizagem: incapacidade intelectual acentuada, geralmente com


algum grau de retardo mental e comprometimento cognitivo, motor e social; isso


causa um atraso no aprendizado e desenvolvimento do aluno.

As causas para a deficiência de aprendizagem são as mais variadas, abaixo,


relacionamos as mais frequentes:

·​ Lesão cerebral: pode ser causada antes, durante ou após o nascimento da criança;

·​ Alterações no desenvolvimento cerebral;


·​ Desequilíbrios neuroquímicos;

·​ Hereditariedade/genética;

·​ Influências ambientais: lesões adquiridas.


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1.2.​ Tipos de Deficiência Física

Antes de classificarmos os tipos de deficiência física convém ressaltar que elas podem
ser permanentes ou não. Uma deficiência pode ser temporária ou recuperável, situação
em que o indivíduo pode obter tratamento que lhe permita readquirir suas funções
integrais; ou pode ser permanente, quando o indivíduo não apresenta possibilidade de
melhora. Além dessas, temos a deficiência física compensável, na qual a pessoa pode
melhorar por transplante de órgão ou prótese.

Os tipos mais comuns de deficiência física são (Brasília, DF, 2006):

·​ Paraplegia:​ perda permanente das funções dos membros inferiores ou superiores;


·​ Paraparesia:​ perda parcial das funções dos membros superiores ou inferiores;


· Monoplegia: perda permanente das funções de um único membro, inferior ou


superior;

· Monoparesia: perda parcial das funções de um único membro, inferior ou superior,


ou fraqueza excessiva no mesmo;

·​ Tetraplegia:​ perda permanente das funções dos membros inferiores e superiores;


· Tetraparesia: perda parcial das funções dos membros superiores e inferiores, ou


fraqueza excessiva nos mesmos;

· Triplegia: perda permanente das funções de três dos quatro membros superiores e

inferiores, ou fraqueza excessiva nos mesmos;

· Triparesia: perda parcial das funções de três dos quatro membros superiores e

inferiores, ou fraqueza excessiva nos mesmos;

·​ Hemiplegia:​ paralisia total de uma das metades, esquerda ou direita, do corpo;


· Hemiparesia: comprometimento dos movimentos de uma das metades do corpo,


lado direito ou esquerdo;

· Ostomia: deficiência temporária ou permanente de pessoa que passou por cirurgia


para abrir caminho de um órgão interno para o exterior. Exemplo: colostomia.

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· Amputação ou ausência de membro: pessoa que nasceu sem ou amputou

membro ou membros tendo sua funcionalidade comprometida;

·​ Paralisia cerebral:​ transtorno de movimento do corpo causado por dano cerebral;


· Nanismo: condição da pessoa que na fase adulta apresenta baixa estatura que

comprometa suas funções e mobilidade social;

· Membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades


estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

1.3.​ Causas da Deficiência Física


Cada tipo de deficiência física pode ser causado por uma infinidade de ocorrências.
Algumas de natureza inata, como as malformações e outras adquiridas, através de
doenças, de acidentes e outros fatores. Diante disso, temos a seguinte classificação
quanto à natureza dessas causas (MEC, 2006):

· Hereditária: deficiência originada em problemas genéticos. Pode se manifestar logo


no nascimento ou ao longo da vida do indivíduo;

· Congênita: deficiência que já aparece ao nascer, e mais frequentemente adquirida


ainda no útero;

· Adquirida: quando a deficiência aparece ao longo da vida do indivíduo, seja por


lesões, traumatismos, doenças, etc.

1.4.​ . Sobre a aquisição da deficiência física ao longo da vida


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Existem muitas causas para a aquisição de uma deficiência física de forma temporária
ou permanente durante a vida de uma pessoa. De acordo com a ABCMed (2020), as
enfermidades e condições que mais levam a deficiências são:

·​ Nascimento prematuro ou trauma no parto;


·​ Falta de oxigenação no cérebro causada por trauma ou parto inadequado;


·​ Desnutrição materna;

·​ Rubéola:

·​ Toxoplasmose:

·​ Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Aneurisma Cerebral;


·​ Trauma na medula vertebral;


·​ Processos infecciosos ou degenerativos;


· Artropatias: comprometimento causado por doenças que danificam as articulações


de forma permanente ou parcial;

· Acidentes: desses, a maioria de trânsito, sendo seguidos por ferimentos com arma

de fogo.

Dentre os fatores de risco para se adquirir uma deficiência os mais comuns são
causados por maus hábitos e imprudência, ou seja, podem e devem ser prevenidos,
veja-os (ABCMED, 2020):

· Uso de drogas lícitas ou ilícitas: álcool, tabaco, crack; essas drogas podem causar

infecções, derrames cerebrais, problemas de circulação sanguínea, problemas


respiratórios e muitas outras consequências que resultem em deficiência,
temporária ou permanente;

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· Acidentes na prática de esportes: é muito importante contar com orientação e

supervisão na hora de praticar exercícios físicos, muitos traumas e lesões podem


resultar em deficiência;

· Sedentarismo e má alimentação: colesterol, diabetes, triglicérides altos e outros


problemas de saúde podem causar comprometimento nas nossas funções motoras.


A diabetes, inclusive, pode causar problemas graves de circulação resultando em
amputação de membros;

· Rotina estressante: um dos males da modernidade, o estresse pode causar, entre


outras coisas, derrames e infartos, que podem invalidar a pessoa;

· Falta de saneamento básico: muitos agentes tóxicos podem ser propagados pela

falta de investimento em infraestrutura, além de epidemias e endemias, como a


dengue e febre amarela.

1.5.​ Como identificar sinais de comprometimento físico


Antes mesmo do nascimento, todo o cuidado deve ser tomado com a saúde da
gestante. Além de evitar os fatores de risco, esta deve ser acompanhada
periodicamente através de exames pré-natais e por um médico atento a qualquer sinal
de anormalidade na gestação e na formação do feto.

Ao longo do desenvolvimento da criança, devemos ficar atentos a qualquer sinal de


alerta no que diz respeito ao comprometimento da função motora, da fala e do aspecto
cognitivo. Ainda bebês, podemos observar se estes estão conseguindo se alimentar,
através da sucção e posteriormente alimentos sólidos; se o bebê consegue se firmar,
sentar, engatinhar e mais tarde, andar. Também devemos ficar atentos aos olhos e à
audição da criança. Se houver suspeita de que o bebê não ouça direito ou não
enxergue, o pediatra deve ser avisado imediatamente.

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Conforme a criança vai crescendo, os pais devem ficar atentos ao desenvolvimento da
fala e da locomoção. Muitas crianças começam a falar e a andar mais tarde, mas se os
pais observarem sinais de que o neurológico da criança não está bem (dispersão,
irritabilidade, tremores) devem procurar o médico para esclarecer suas dúvidas.

Também é preciso se atentar para o caso de a criança apresentar sinais de fraqueza


nos membros, dores de cabeça, problemas de metabolismo e sintomas de doenças
mais graves como sarampo, meningite e outras.

1.6.​ Perfil do deficiente físico e os paradigmas teóricos da Inclusão


Nossa sociedade, ao longo da história, sempre estabeleceu padrões de normalidade e


estética; estes nem sempre representavam a maior parcela da população, mas eram
inspirados em paradigmas culturais ditados pela cultura da época, das artes e mais
atualmente, da mídia. Por isso, as pessoas com deficiência, sendo consideradas
diferentes, inaptas e fora do padrão dito normal, sempre viveram à margem da
sociedade.

Na Antiguidade Clássica, na Grécia e na Roma antigas, deficientes eram abandonados,


mortos e segregados. Na Idade Média, a deficiência passa a ser relacionada à culpa,
aos pecados morais, mas um princípio muito rudimentar de acolhimento começa a se
formar no que diz respeito a preservar a vida dessas pessoas, embora ainda haja o
preconceito e a marginalização (BRASÍLIA – DF, 2006).

Os primeiros estudos sobre deficientes datam do século XVI, realizados pelos médicos
alquimistas Paracelso e Cardano, que previam a possibilidade de tratamento das
deficiências; porém, esses estudos só tomaram forma e desenvolvimento no século
XIX com os cientistas Pinel, Itard, Esquirol, Seguim, Morei, Down, Dugdale, Froebel,
Guggenbuehl, entre outros. Embora tenham avançado bastante no século XX, os
estudos e tratamentos das deficiências ainda caminham paralelos à segregação e ao
genocídio, boa parte por causa do Nazismo e o Fascismo que tomaram a Europa
Ocidental até a metade do século (BRASÍLIA – DF, 2006).

Durante muitas décadas, a sociedade brasileira lidou com o deficiente de diversas


formas. De início, os indivíduos tidos como inaptos, diferentes e anormais, já que não

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se tinha um conhecimento sobre os tipos de deficiência e como lidar com elas, eram
abandonados, marginalizados e até exterminados. Isso ainda é comum entre algumas
tribos nativas. Com a propagação do cristianismo, temos o ideal assistencialista: o
deficiente é considerado totalmente inapto e deve ser amparado, porém segregado a
instituições próprias.

Atualmente, desde as promulgações de leis de incentivo à inclusão na nossa sociedade


(LDB, Lei de Inclusão, Estatuto do Deficiente, etc.) a educação e a cultura têm se
esforçado em diminuir as desigualdades e reforçar que as diferenças e a diversidade
não devem ser escondidas e erradicadas, mas acolhidas e debatidas de forma
democrática. Tanto a área da Educação quanto a da Saúde devem incentivar o
diagnóstico, tratamento adequado, acolhimento e integração social da pessoa com
deficiência.

Na escola, o deficiente deve contar com todo o apoio da gestão escolar, da


comunidade e dos alunos para que se sinta socializado. É dever do Estado
providenciar assistência para esses alunos, proporcionando acessibilidade,
comunicação adequada, higienização, alimentação, educação acadêmica e qualquer
outra necessidade nos mesmos parâmetros que para os outros alunos.

Enfim, hoje o deficiente conta com um apoio, que se não é ainda completamente
abrangente o é por meio de legislação específica e de discurso social. Dentro da
escola, os paradigmas teóricos são apoiados em abordagens interacionistas como a do
biólogo suíço Jean Piaget e a do psicólogo russo Lev Vygotsky, que estudaremos mais
adiante.

Concluindo, neste capítulo pudemos conhecer um pouco melhor a deficiência de nível


físico. Notamos que existem vários tipos de deficiência, causadas por fatores inatos ou
adquiridos ao longo da vida do indivíduo. As deficiências podem ser permanentes ou
temporárias e existem muitos fatores de risco, antes e depois do nascimento. Também
começamos a abordar a importância do meio social e da educação para o
desenvolvimento do deficiente e a importância que o novo contexto jurídico e social
está tendo na inclusão da pessoa com deficiência. No próximo capítulo, vamos
entender como funciona um tipo de deficiência muito estudado: a ​Paralisia Cerebral.

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CAPÍTULO 02  
PARALISIA CEREBRAL 
 

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Ao contrário do que muita gente pensa, a Paralisia Cerebral não é uma doença. Ela é
um conjunto de sintomas originados de uma ou mais lesões cerebrais que causam
limitações nos movimentos, na coordenação motora e podem afetar os cinco sentidos,
além de prejudicar, em alguns casos, o desenvolvimento intelectual.

2.1. Definição

A Paralisia Cerebral – PC é uma série de dificuldades de movimentos que costumam


surgir no início da infância. Além da coordenação motora, pode afetar a fala, a
deglutição, o desenvolvimento cognitivo, a audição e a visão. Foi descrita pela primeira
vez em 1843 pelo ortopedista inglês William John Little, que estudou 47 crianças com
dificuldades motoras (BRASÍLIA – DF, 2013). Muitas crianças estudadas apresentavam
rigidez muscular excessiva, tremores e incapacidade de se movimentar, além de
retardos cognitivos. Essas se tornaram características recorrentes da deficiência.

Em 1959, um simpósio sobre a Paralisia Cerebral realizado em Oxford, Reino Unido,


definiu-a como uma sequela cerebral que resulta em transtorno variável. Ela afeta
locomoção, movimento e desenvolvimento mental. Os sintomas e as causas variam de
indivíduo para indivíduo. A lesão, porém, não evolui (ROTTA, 2002). De acordo com a
capacidade de movimento, as pessoas com PC podem ser classificadas em:

·​ Espática:​ movimentos travados, rigidez;


· Extrapiramidal: lesão ocorrida no núcleo de base do cérebro; movimentos


involuntários, tremores e espasmos; divide-se em ​atetóide (​ variação no grau de


tensão nas extremidades dos membros), ​coréico ​(variação no grau de tensão nas
raízes dos membros) e ​distônico (tensão temporária extrema em uma parte do
corpo);

· Atáxica: lesão ocorrida no cerebelo, responsável pelo equilíbrio. A criança tem


movimentos bruscos e não-coordenados (BRASÍLIA – DF, 2013).

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É possível também que a criança tenha uma combinação desses sintomas. Baseados
nos sintomas e na anatomia, a criança é diagnosticada como tendo PC leve, moderada
e severa.

A Organização Mundial de Saúde – OMS, definiu a ​Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como parte de um conjunto de
classificações que determinam a saúde global das pessoas, envolvendo saúde física,
emocional e mental, e que as capacita para um viver pleno em sociedade. Essa
classificação de Funcionalidade é usada no diagnóstico das crianças com Paralisia
Cerebral no sentido de orientar o grau de comprometimento que a lesão causa e
orientar o tratamento mais adequado.

Os sintomas da PC podem ser de quase imperceptíveis até graves problemas de


movimento. Muitas crianças apresentam rigidez muscular excessiva e tremores. A
Paralisia Cerebral, dependendo da gravidade da lesão no cérebro, pode apresentar
prejuízo do desenvolvimento intelectual e convulsões. Apesar das dificuldades, a
maioria das crianças com PC sobrevive até a vida adulta, porém, não há cura.

Existem muitos fatores de risco para se desenvolver paralisia cerebral, a maioria é


notada no período pré-natal e no parto, mas lesões cerebrais ainda nos primeiros
meses e anos de vida pode causar essa deficiência. Os principais fatores descritos
pelas pesquisas científicas são (BRASÍLIA – DF, 2013):

· Desenvolvimento do feto: problemas durante a gestação como traumas na barriga,


exposição ao raio X no primeiro trimestre de gravidez, mãe com diabetes ou


hipertensão, incompatibilidade de RH do pai e da mãe;

· Doenças contraídas pela mãe durante a gravidez como: sífilis, Zika, rubéola,

toxoplasmose, catapora;

·​ Exposição a toxinas como o metil mercúrio;


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· Problemas no parto: parto prematuro, complicações no tipo de parto, falta de

oxigenação no cérebro do bebê, dentre outros;

·​ Causas hereditárias/genéticas;

· Gravidez de gêmeos: por problemas intrauterinos, de oxigênio e de nutrição, entre


outros;

·​ Doenças como meningite, icterícia grave e encefalite viral;


·​ Lesões cerebrais nos primeiros meses ou anos de vida da criança;


· Febres prolongadas, desidratação severa, sarampo, traumatismo craniano e outros


fatores.

A ocorrência da Paralisia Cerebral é mais comum entre bebês prematuros ou que


nascem com peso muito baixo. Ela é o motivo do comprometimento do movimento e
coordenação motora mais comum entre crianças no mundo. No Brasil há uma carência
de estudos sobre a quantidade de crianças que tenham Paralisia Cerebral. Sabe-se,
que em todo o mundo, há cerca de 17 milhões de pessoas com PC (BRASÍLIA – DF,
2013).

Desde muito cedo, os adultos podem observar o aparecimento de sintomas que


requerem uma investigação mais a fundo, como as dificuldades de movimento dos
bebês. Quando eles não se sentam, não conseguem segurar objetos ou apresentam
rigidez excessiva. Se observadas essas dificuldades, o pediatra deve ser informado.
Caso se confirme o diagnóstico de uma criança com Paralisia Cerebral, ela precisará
de atenção e cuidados adequados para que se desenvolva o máximo possível.

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2.2. Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da Paralisia Cerebral é feito por uma equipe multidisciplinar. Quanto


antes se identificar os sintomas e se iniciar uma terapia, maior qualidade de vida a
criança pode ter. Desde o nascimento, o pediatra e os pais podem observar problemas
de postura e de movimento e realizar exames necessários. O diagnóstico deve ser
informado à família da forma mais humana, sutil e discreta possível, essa é uma
recomendação específica das Diretrizes de Atenção à Pessoa Com Paralisia Cerebral
(BRASÍLIA – DF, 2013).

Embora a precocidade do diagnóstico seja de muita ajuda, o mesmo provavelmente


não poderá ser fechado antes dos 24 meses. Isso porque podem aparecer mais
sintomas ou haver uma variação da intensidade dos mesmos (BRASÍLIA – DF, 2013).

Mas quais sintomas devem ter a atenção dos pais se aparecerem no seu bebê?
Quanto aos movimentos, desde os primeiros meses, podemos observar os seguintes
sintomas:

·​ Excesso de reflexos;

·​ Rigidez muscular;

·​ Movimentos involuntários, espasmos;


·​ Contorção e lentidão nos movimentos;


·​ Tremores e fraqueza muscular;


·​ Problemas para sugar, engolir, salivação excessiva;


Com o crescimento, outros sintomas de movimento podem aparecer, tais como:

·​ Falta de coordenação motora;


·​ Não conseguir segurar os objetos;


·​ Dificuldades e atraso da fala;


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·​ Dificuldades e atraso para andar;

·​ Imprecisão dos movimentos.


Quanto à postura, a criança também pode apresentar sintomas preocupantes, como:

·​ Incapacidade de se manter firme com a cabeça;


·​ Postura corporal assimétrica;


·​ Tronco alargado, assim como os membros, quando deitados;


·​ Punho cerrado;

·​ Postura rígida das mãos, pés e dedos.


Além desses sintomas físicos, a criança com PC pode apresentar alguns sintomas
causados pelos comprometimentos neurais e cognitivos, como:

·​ Equilíbrio e lateralidade;

·​ Problemas de visão;

·​ Problemas de audição;

·​ Memória;

· Coordenação motora fina: isso compromete a escrita, o desenho, a digitação, entre


outras coisas (BRASÍLIA – DF, 2013).

Vacinar a mãe é muito importante na prevenção da Paralisia Cerebral. O


acompanhamento pré-natal feito com regularidade pode prevenir muitos casos de PC.

Caso a criança apresente sintomas, o diagnóstico deve ser feito em conjunto por uma
equipe especializada. Confirmado esse diagnóstico, a terapia deve começar
imediatamente, pois quanto antes os sintomas comecem a ser tratados, melhor para a
criança. O enfoque fisioterápico é o mais indicado nesses casos e os métodos serão
empregados de acordo com o quadro clínico (ROTTA, 2002). Entre métodos comuns
de tratamento temos:

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·​ Método Bobath:​ trabalha os reflexos e os padrões patológicos de movimentos;

· Método de Phelps: liberação aos poucos dos grupos musculares até a autonomia

muscular;

· Método de Kabat: parte de um tratamento dos reflexos inatos até chegar aos

movimentos voluntários.

Apesar de se escolher o enfoque de apenas um método, é importante estimular os


músculos utilizando novas tecnologias e instrumentos para acompanhar a fisioterapia.
Além do Fisioterapeuta, a criança com Paralisia Cerebral precisa de apoio de outros
profissionais como Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Psicólogo, Oftalmologista,
Ortopedista e claro, o Pediatra.

Em alguns casos de PC a criança apresenta crises convulsivas e Epilepsia. Nessa


situação o tratamento deve incluir medicação anticonvulsivante como: ​fenobarbital,
fenitoina, carbamazepina, valproato, vigabatrina, ​lamotrigina ​ou ​topiramato, com as
indicações específicas para cada tipo de epilepsia e com a prescrição de horários e
dosagens ditados pelo médico (ROTTA, 2002).

Outro sintoma da Paralisia Cerebral que merece tratamento específico é o ortopédico.


Muitas crianças apresentam deformidades ósseas que não podem ser sanadas ou
melhoradas com fisioterapia, nesse caso, os médicos podem realizar intervenções
cirúrgicas nos membros e coluna.

Um estudo desenvolvido por Dias et al. (2010), com 27 crianças com Paralisia
Cerebral, entre 6 e 7 anos, mostrou que um acompanhamento com equipe
multidisciplinar, composta de fisioterapeuta, psicopedagogo, fonoaudiólogo e terapeuta
ocupacional, durante 4 meses, resultou em melhoria significativa no quadro de
coordenação motora grossa. Isso pode nos orientar sobre a importância de um trabalho
conjunto no tratamento da Paralisia Cerebral.

Além de toda a atenção clínica, uma criança que tenha Paralisia Cerebral precisa
também da atenção afetiva e social. A família da criança deve estar bem informada

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sobre as limitações e as possibilidades dessa criança e promover o acolhimento dela
por todos os que com ela convivem. A comunidade na qual a criança está inserida,
assim como a escola, também devem ajudar na integração social e na inclusão. O
tratamento para PC não pode ficar sem esses cuidados. Vejamos a seguir o perfil
dessa criança.

2.3. Perfil da Criança com Paralisia Cerebral

Agora que já comentamos os aspectos físicos relacionados à Paralisia Cerebral vamos


abordar o aspecto cognitivo e comportamento da criança com PC. Frequentemente a
conduta dessa criança não é fácil, principalmente se o cognitivo dela está preservado.
Imagine uma mente totalmente saudável, um cérebro com pensamentos ativos, presos
a um corpo com limitações. Os pais também costumam sofrer muito, pois além de lidar
com o acompanhamento fisioterapêutico, tem de lidar com as adaptações emocionais,
suas e da criança.

Pesquisas mostram, que muitos pais de crianças com PC se sentem frustrados e


culpados e acabam superprotegendo essa criança, interferindo assim, no
desenvolvimento social (ROTTA, 2002). Uma criança com PC tem peso e estatura
menores e sistema imunológico comprometido, isso causa uma insegurança muito
grande entre os familiares. Se essa criança tem a cognição pouco ou nada afetada é
muito importante que os pais desenvolvam uma relação emocional saudável com ela,
pois isso vai influenciar o desenvolvimento cognitivo.

O fator cognitivo é formado por funções executivas (OMS, CIF.2011). Essas funções
compreendem comportamentos como falar, resolver problemas, planejar, sequenciar,
prestar atenção, acionar a memória, tomar decisões, usar a criatividade, a lógica,
dentre outras ações. Na Paralisia Cerebral, essas funções podem ser afetadas e isso
prejudica o processo de interação social. Por isso, os pais devem estimular ao máximo
o exercício cognitivo da criança e nesse exercício está envolvido o fator emocional.

No período sensório-motor, estudado por Piaget e que estudaremos mais à frente, o


desenvolvimento cognitivo da criança se dá pela interação sensorial com o ambiente,
envolvendo as pessoas presente, além dos objetos. Conforme vai crescendo, essa
criança interage cada vez mais com esse ambiente; o jogo simbólico entra em cena e

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permeia toda a infância. A criança com Paralisia Cerebral que tem as funções mentais
preservadas deve ter todas as oportunidades de desenvolver as funções cognitivas.

É preciso que essa criança brinque com a imaginação assim como com os brinquedos
para seus exercícios motores. O jogo simbólico, o faz-de-conta, flexibiliza o
pensamento, facilita a adaptação ao ambiente social, estimula a resolução de
problemas e desenvolve habilidades emocionais e intelectuais. Toda a criança entre 0
e 7 anos precisa do lúdico para desenvolver o pensamento cognitivo e a criança com
PC não é diferente.

Outro fator importante no desenvolvimento da criança com Paralisia Cerebral é a


comunicação. Entre 30 e 80% das crianças com essa paralisia apresentam problemas
de fala (BRASÍLIA – DF, 2013). Além de fatores biológicos, fisiológicos, fatores sociais
podem interferir no desenvolvimento da fala.

Por conta de suas dificuldades motoras, muitas crianças são privadas da convivência
com as pessoas, isso pode prejudicar o desenvolvimento de suas habilidades de
comunicação, pois não têm acesso a um vocabulário vasto, nem podem exercitar sua
fala com mais frequência. Alguns problemas de linguagem na criança com Paralisia
Cerebral são (BRASÍLIA, 2006):

·​ Disfemia:​ interrupções na fala, gagueira;


·​ Disfasia:​ falta de compreensão da linguagem;


·​ Dislalia:​ problemas na pronúncia das sílabas e palavras;


·​ Disartria:​ dificuldade na articulação dos fonemas.


Quando a criança com PC também apresenta outros prejuízos sensoriais como a


surdez e a cegueira, o desenvolvimento da linguagem pode se tornar ainda mais
complicado. Devido a isso, salientamos mais uma vez a importância de um

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acompanhamento multidisciplinar, pois somente um esforço em conjunto pode
desenvolver essa criança em todo seu potencial.

O desenvolvimento sensorial interfere na capacidade de concentração e atenção, na


memória e na interpretação do ambiente. Crianças com surdez total precisarão
aprender a se comunicar e a entender as mensagens de um emissor. As dificuldades
motoras podem impedir a comunicação por Libras, por isso, a tecnologia pode permitir
a conversação com essas crianças.

Dentre esses sentidos não podemos deixar de falar do paladar. A criança com Paralisia
Cerebral pode apresentar problemas alimentares, seja por interferência da postura no
desenvolvimento e funcionamento do aparelho digestivo, seja por problemas na boca
(língua, dentes, céu da boca). Muitas crianças têm problemas para mastigar, engolir,
desenvolvem refluxo, têm náusea, azia. Tudo isso pode ser uma dificuldade potencial
para manter a saúde física e a mental. A família deve consultar o médico para escolher
a dieta e a forma de alimentação mais confortável para a criança, pensando não só na
nutrição, mas no bem-estar emocional, já que esses problemas causam muito desgaste
(BRASÍLIA – DF, 2013).

Envolvido nesse processo de alimentação está também o sistema respiratório, que


pode ficar comprometido na Paralisia Cerebral, então além de problemas para se
alimentar, a criança pode ter problemas para respirar. Como o emocional interfere
diretamente na respiração, é importante que os pais e outros adultos que cercam a
criança se proponham a aprender técnicas de relaxamento para tranquilizar a criança
caso tenha uma crise respiratória.

O sono da criança com PC também sofre interferência da respiração dificultosa e se


associa aos problemas ortopédicos. Pensando nisso, a família deve estar preparada
para terapias que estimulem o sono, como cromoterapia, massagens, ​aromaterapia e
outras.

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2.4 Paralisia Cerebral: formação de professores e a inclusão do deficiente na
escola

Frequentar a escola pode trazer inúmeros benefícios para a criança com Paralisia
Cerebral. Na primeira infância, as relações sociais são fundamentais para se
desenvolver a linguagem e para se exercitar o jogo simbólico. O currículo, obviamente,
deve ser adaptado para essa criança como prevê a legislação.

Muitos pais receiam em colocar seus filhos com PC na escola por medo de eles não se
adaptarem. Essas crianças podem apresentar problemas de comportamento que
afetem as relações com os colegas. Outra preocupação é que o atraso no
desenvolvimento cognitivo possa impedir que seus filhos acompanhem o ritmo de
aprendizado. Quanto a essas preocupações, temos que explicar algumas coisas:

§​ ​Não é a criança com deficiência que tem que se adaptar, mas sim a escola:

Tanto a escola quanto a comunidade em que a criança está inserida devem fazer todos
os esforços possíveis para promover a adaptação do deficiente. Uma escola deve ter
acessibilidade, não só física para essas crianças, mas social e educacional. É dever do
poder público providenciar essa adaptação de mobiliário, de material didático, contratar
ajuda para cuidar do convívio e do aprendizado da criança com deficiência, seja ela
qual for. A comunidade escolar, incluindo todos os alunos e seus pais, devem acolher
essas crianças e promover sua integração social;

§​ ​Formação dos professores:

Sabemos que os cursos de Licenciatura, apesar de uma carga horária bastante grande,
não dão conta de formar os professores para lidar com todas as deficiências,
transtornos e problemas de aprendizagem, e nem seu objetivo é esse. Para isso o
professor deve procurar cursos de extensão e de especialização para tentar conhecer o
máximo de ocorrências possível. Mas devemos lembrar que o professor tem o direito
legal de contar com apoio na inclusão escolar. Pessoas capacitadas para comunicar o
conteúdo, para monitorar as tarefas, para cuidar da saúde física e mental das crianças.
Além de ter uma escola adaptada em sua estrutura física e acadêmica. Não podemos

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cobrar que um educador saiba tudo sobre todas as deficiências, tampouco que seja o
único responsável para lidar com elas. O Estado deve cumprir a lei e fazer sua parte.

§​ ​Adaptação curricular:

O currículo escolar deve ser adaptado ao aluno com Paralisia Cerebral, assim como a
todos os alunos com problemas de aprendizagem e necessidades especiais de
aprendizado. A nova Base Nacional Curricular Comum – BNCC é muito flexível e
aberta a propostas de adaptação curricular. Com uma abordagem baseada em
Pedagogias Ativas, inspiradas em, dentre outros, os autores Piaget e Vygotsky, a nova
BNCC dá liberdade aos professores e aos gestores de adaptar seus conteúdos às
necessidades dos alunos e ao contexto da escola.

§​ ​Legislação:

Em julho de 2015 promulgou-se a Lei de Inclusão (nº 13.146) consagrando a educação


inclusiva no Brasil. Isso significou que todas as escolas, do sistema público e privado,
devem se adaptar para receber e garantir a permanência, a participação e a
aprendizagem de todas as crianças com deficiência. Sem custos adicionais para as
famílias. O Ministério Público deve promover a capacitação dos educadores, as
reformas na escola e a contratação de profissionais de saúde que auxiliem os alunos.

§​ ​Dificuldades de aprendizagem na Paralisia Cerebral:

Ao receber os alunos com Paralisia Cerebral, é importante que a escola saiba não só
como lidar com a criança, mas identificar dificuldades de adaptação e de
aprendizagem. Por isso, alguns sinais devem ser notados e analisados, tais como:

- Na Educação Infantil devem ser observados sintomas relacionados à coordenação


motora grossa, fala, visão e audição;

- No Ensino Fundamental I o professor deve ficar atento à alfabetização da criança com


PC e as dificuldades relacionadas a ela;

- Ficar atento ao cognitivo da criança, usando provas didáticas e desafios intelectuais;


atentando para lateralidade, noção de espaço e tempo;

- Algumas perguntas devem permear a mente do professor em relação a suspeitas de


PC: o aluno consegue manter a atenção e a concentração nas atividades? O aluno

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reage a estímulos visuais e sonoros? O aluno persevera diante de dificuldades? O
aluno consegue exercer o jogo simbólico?

- O professor também deve estar atento à coordenação motora, tanto a fina como a
grossa;

Além desses cuidados no momento de contato do aluno, o professor também pode


tomar algumas atitudes diante do diagnóstico já fechado de seus alunos, como:

- Estar em contato com pais e com os profissionais de saúde que tratam a criança,
essa parceria vai poder orientar o professor na elaboração de exercícios e conteúdos
adaptados para a criança;

- Criar um projeto de apoio e reforço escolar para alunos com deficiência;

Concluindo, a Paralisia Cerebral deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes. Com
apoio especializado a criança poderá realizar o aprendizado e ter acesso à
sociabilidade. Também é importante o preparo da família e da escola para lidar com
essa criança, promover a integração e o acolhimento, dando à criança com PC uma
boa qualidade de vida.

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CAPÍTULO 03 
IGUALDADE DE OPORTUNIDADES 
 

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Antes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB) a educação da criança


com deficiência era feita quase que integralmente em escolas especializadas como a
APAE (Associação de pais e amigos dos excepcionais). Algumas leis e declarações
vieram mudar o cenário de educação do deficiente para algo mais inclusivo. Veremos a
seguir, uma cronologia dessas leis no Brasil.

3.1. A Legislação da Inclusão

Elaboramos abaixo uma cronologia das leis, declarações e estatutos que puderam
mudar a forma como lidamos com o deficiente em nossa sociedade. Esses eventos
garantiram direito de acesso físico, cultural e educacional a milhares de pessoas com
necessidades especiais de locomoção, aprendizagem e necessidades especiais (MEC,
2020). Vejamos:

§ 1961: promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que trazia a


nomenclatura de “excepcionais” para os deficientes e orientava para o atendimento


especial;

§ 1
​ 964: uma segunda LDB foi feita em 1964 substituindo a anterior e recomendando

educação especial para deficientes mentais e físicos, ainda não trazia qualquer
orientação para inclusão destes no ensino regular;

§ 1
​ 988: a nova Constituição Federal, lei máxima do país, garantia educação obrigatória

e gratuita aos deficientes, atendimento especializado e ​recomenda, pela primeira


vez, a inclusão no ensino regular. Também declara a igualdade de condições para
todos os deficientes;

§ 1
​ 989 (Lei nº 7.853): texto sobre a integração das pessoas com deficiência. Na

educação, insere as escolas especiais no sistema educacional nacional dando


obrigatoriedade da Educação Especial no sistema público de ensino. Obriga a

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matrícula de crianças deficientes, que se adaptem ao ensino, na escola, excluindo
muitas crianças;

§ 1
​ 990 (Lei nº 8.069): o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, garante, na

educação, atendimento especializado preferencialmente na rede regular de ensino.


O ECA também garante acessibilidade, atendimento prioritário na saúde e garantia
de proteção aos deficientes na rede pública;

§​ ​1994:

- Política Nacional de Educação Especial: texto criticado do ponto de vista educacional,


pois não garante a inclusão total do deficiente na escola. Afirmava que apenas os
deficientes em condições de frequentar a escola regular deveriam ser matriculados,
sendo o restante relegado exclusivamente à Educação Especial.

- ​DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: nesse mesmo ano realizou-se na cidade


espanhola de Salamanca a ​Conferência Mundial sobre Educação Especial,
discutindo as diretrizes para a formulação e implantação de políticas públicas que
garantissem o atendimento educacional pleno aos deficientes. A declaração, redigida
nessa conferência é considerada um marco no tratamento ao deficiente. Foi o resultado
de duas décadas de debates sobre a necessidade de uma política inclusiva, tirando o
estigma dos deficientes e descartando o máximo possível a marginalização e a
segregação institucional (MEC, 2020).

O texto da Declaração de Salamanca promovia o bem-estar, a inclusão e a integração


não só de crianças com deficiências, mas todas as que tivessem transtornos, déficits
ou qualquer dificuldade de aprendizagem, incluindo assim a necessidade de
acompanhamento da dislexia, o autismo, etc.

Frisava a importância de se avaliar, analisar e propor soluções para abandono escolar,


inadaptação, repetência, falta de socialização e outros problemas da escola. Fora da
escola, chamou a atenção para crianças que vivem em condições de pobreza, sem
acesso à educação e saúde, sem proteção, vítimas de abandono, violência e

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34 
 
exploração. Ressaltou a necessidade de se acolher todas as crianças na escola (MEC,
2020).

O foco era criar uma escola que além de acolher e integrar a todos em seu cotidiano,
preparasse, através da igualdade de oportunidades e ensino, todas as crianças para
viver em sociedade, serem funcionais e exercerem a cidadania.

§ 1
​ 996 (Lei nº 9.394): a nova LDB é considerada a lei educacional mais inclusiva até

então, garantindo o acesso de todos os alunos em idade escolar à rede de ensino


regular. Também obriga a formação e especialização de educadores adaptados às
novas necessidades curriculares;

§ 1
​ 999 (decreto nº 3.298): este decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe

sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.


Tem como objetivo a integração e a acessibilidade total das pessoas com
deficiência;

§​ ​2001:

- PNE (lei nº 10.172): novo Plano Nacional de Educação. Enxuga as metas e objetivos
e reafirma os artigos da LDB e do ECA;

- Resolução CNE/CEB nº 2: Diretrizes Nacionais para a Educação Especial no Brasil.


Reforça as orientações da LDB para a matrícula e o atendimento a todas as crianças,
incluindo os deficientes. Porém, reconhece a necessidade, em alguns casos, da
substituição do ensino regular pelo especializado.

§​ ​2002:

- (Resolução CNE/CP nº 1/2002): diretrizes para a formação de professores em


Licenciatura Plena. Inclui na grade curricular dos cursos superiores disciplinas sobre
inclusão;

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- Reconhece a Libras, Língua Brasileira de Sinais, como meio legal de comunicação.

§ 2
​ 006: Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, elaborado Ministério da

Educação, UNESCO e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre os


objetivos, visa a inserção de disciplinas sobre inclusão nos cursos superiores;

§ 2
​ 007 (PDE): Plano de Desenvolvimento da Educação inclui a necessidade da

adaptação da infraestrutura escolar para o atendimento aos deficientes;

§​ ​2008:

- ​Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva​.  ​Esse


documento faz uma revisão da história das políticas públicas para a educação inclusiva
no Brasil;

- O decreto nº 6.571 promove a necessidade da implantação das AEE (atendimento


educacional especializado) em salas das escolas da rede regular de ensino. Essas
salas darão reforço no aprendizado de alunos com deficiência e problemas de
aprendizagem relacionados a Transtornos Globais de Desenvolvimento (como o
autismo). O AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola. Em 2009 o
decreto CNE/CEB nº4 diz que esse atendimento deve ser feito no contraturno do
horário escolar e preferencialmente em salas de recursos multifuncionais;

  

§ 2
​ 011: revoga o decreto nº 6.571 de 2008 estabelecendo que a educação inclusiva

deve se dar em todos os níveis. Isso garante, entre outras coisas, que as
necessidades educacionais especiais sejam atendidas na Graduação,
Pós-Graduação, Cursos Técnicos, etc.

§ 2
​ 012 (Lei nº 12.764): institui a Política Nacional dos Direitos da Pessoa com

Transtorno do Espectro Autista;

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§ 2014: O novo PNE prega a universalização do atendimento educacional para


crianças entre 4 e 17 anos que tenham qualquer necessidade educacional


especializada, incluindo desta vez o autismo, a ​superdotação,​ entre outros;

· 2019 (Decreto nº 9.465): este decreto criou a Secretaria de Modalidades


Especializadas de Educação, extinguindo a Secretaria de Educação


Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). Essa pasta é
dividida em: Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a
Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de
Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de
Educação e Tradições Culturais Brasileiras (MEC, 2020).

3.2. O currículo Educacional

Quando se fala em Educação Inclusiva é muito importante atentarmos para todas as


adaptações necessárias na Grade Curricular da escola. A LDB de 1996 trouxe
flexibilidade para as escolas adaptarem seus conteúdos às necessidades locais, tanto
no que se refere à parte cultural e geográfica, quanto ao que diz respeito ao alunado.

O currículo escolar deve favorecer as competências e habilidades dos alunos,


ajudando a reforçar as inatas e a desenvolver as que têm dificuldades. Adaptar o
currículo não é torná-lo fácil, mas sim enriquecê-lo de tal forma que valorize o
aprendizado. As diretrizes curriculares atuais propõem um ensino diversificado,
interdisciplinar, que integre conteúdos e disciplinas (STAINBACK & STAINBACK,
2008).

Um currículo ideal é aquele que atende as necessidades de todos os alunos, tendo


deficiências ou não. Esse currículo faz com que o aluno se identifique com os
conteúdos, aprendendo em um contexto no qual se sente acolhido e não excluído. É
muito comum na escola que estudantes reclamam de não ver relação do que é ensino,

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37 
 
da teoria, com sua realidade, diversificar o currículo e adaptá-lo ao contexto é tornar a
teoria acessível a todos e aplicável à realidade social.

Para isso, não existe uma fórmula, então é fundamental que a comunidade escolar siga
as diretrizes da gestão democrática e elabore um projeto pedagógico em conjunto,
ouvindo a todos e atendendo a estes o máximo possível. Pedagogias ativas, que
respeitam a individualidade dos alunos e sua autonomia ajudam a comunidade escolar
a aplicar tudo que é planejado em um currículo diversificado e plural.

Para se formular esse projeto pedagógico, também é preciso verificar a disponibilidade


de recursos e as necessidades de adaptação da infraestrutura. Nesse momento, é
preciso saber quantos alunos tem necessidades especiais de acesso e quais são elas.
Por exemplo: rampas, corrimões, carteiras adaptadas, entre outros. Mesmo que os
recursos não estejam disponíveis de imediato, a comunidade escolar deve providenciar
o acesso, mesmo que paliativamente, com a ajuda de todos (VILELA, MARTINS &
LEITE, 2015).

Outro ponto a ser contemplado e adaptado é o material do aluno. Deve-se fazer um


levantamento de materiais especiais como livros em braile ou vídeos com
audiodescrição​. No caso da criança com Paralisia Cerebral, os materiais devem ser
adaptados de acordo com as possibilidades de a criança escrever e ler, se necessário
usando pranchas, lápis especiais e letras maiores na lousa. Alunos que têm
dificuldades em escrever e ler devem ter acesso ao conteúdo através de aulas mais
oralizadas.

A nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC, 2017) traz conteúdos que podem ser
adaptados às necessidades dos alunos. A teoria deve ser exposta atendendo a essas
necessidades, por isso, caso a escola tenha alunos de inclusão, o Projeto Pedagógico
da escola deve enumerar esses conteúdos já adaptados aos alunos.

A linguagem e a comunicação devem ser consideradas prioritariamente em toda base


curricular. A forma como o professor se comunica com o aluno e como avalia a
resposta ao seu método de ensino é fundamental para o processo de aprendizagem,
por isso, o aluno deve estar totalmente à vontade para se comunicar na sala de aula.
Para os alunos surdos, por exemplo, o intérprete de Libras é uma necessidade

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imediata na aprendizagem, principalmente na fase de alfabetização (VILELA,
MARTINS & LEITE, 2015).

Lembramos que um currículo plural pede uma pedagogia ativa, para que essa
aconteça é preciso que a escola tenha materiais para a prática dos alunos e que esses
materiais sejam acessíveis a todos. O currículo deve atender a parte prática desde os
anos iniciais até os finais, sem excluir os deficientes, por maiores que sejam suas
dificuldades.

O material escolar de um aluno com NEE (Necessidades Educacionais Especiais)


precisa ser elaborado, revisto e entregue antecipadamente, para que esse aluno possa
ir se familiarizando com esses conteúdos e reforçando seu aprendizado. Mesmo que a
escola não tenha uma sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado), deve-se
prever um reforço periódico a todos os alunos com dificuldades (VILELA, MARTINS &
LEITE, 2015).

De acordo ainda com a LDB, toda a avaliação deve ser adaptada às necessidades do
aluno. É recomendada a avaliação Formativa, ou seja, constante do aluno, sem
padronizações. Cada aluno deve ser avaliado de acordo com seus avanços individuais.
Algumas escolas sequer adotam a seriação, trabalhando com ciclos ou etapas, usando
a Pedagogia de Projetos. Nesta, o aluno desenvolve projetos dentro de cada disciplina
e é avaliado por este. A lei desobriga a escola de ter currículo seriado.

Podemos notar que as leis não são uma barreira para se promover a inclusão e
adaptar os currículos a esta. Basta ajustar o currículo ao perfil dos alunos, abrindo
pequenas adaptações para os que têm necessidades educacionais especializadas.

3.3. Formação de professores para uma educação inclusiva

A prática da inclusão não deve ficar restrita ao ambiente escolar. Como pudemos notar
pela legislação de apoio ao deficiente, toda a sociedade deve estar atenta ao
acolhimento e integração da pessoa com necessidades especiais. Isso se estende ao
mercado de trabalho. Além de formar com qualidade todos os alunos,
independentemente de suas dificuldades, a escola e o ensino superior devem formar
profissionais que atendam a esses deficientes na sociedade.

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Atualmente os cursos superiores de todas as áreas do conhecimento têm em sua
Grade Curricular disciplinas inclusivas, como a de ensino de Libras, para que se tenha
no mercado profissionais capacitados para atender aos deficientes. Com os
professores, essas disciplinas se inserem ainda mais no currículo dos cursos de
formação. As licenciaturas estão cada vez mais atentas a uma formação plena de
educadores que saibam lidar com o máximo possível de necessidades e saibam
contornar cada vez mais as dificuldades do ensino no cotidiano escolar (BARRETO &
BARRETO, 2016).

A LDB orienta que estudantes com deficiência tenham professores especializados


auxiliando-os no aprendizado nas escolas de ensino regular. A lei prevê que os
professores regulares tenham capacidade de lidar com a deficiência, porém, deve
haver atendimento, na mesma escola, do professor especializado.

A especialização é necessária para quem se propor a trabalhar em salas de AEE.


Nessas, é fundamental que o professor conheça a fundo as deficiências dos alunos
que frequentam sua sala para elaborar um atendimento adequado. Também deverão
auxiliar o professor desse aluno com adaptações de conteúdos e tarefas (BARRETO &
BARRETO, 2016).

A Resolução nº4, de 02 de outubro de 2009 afirma que o professor, para trabalhar em


salas de atendimento especializado (AEE) precisa ser graduado em Pedagogia ou
outra Licenciatura Plena e ainda ter uma especialização na área de Educação Especial
(BRASIL, 2009). Esse professor terá as funções de:

·​ Organizar a sala de recursos multifuncionais ou a sala destinada ao AEE;


·​ Zelar pela funcionalidade dessa sala;


·​ Controlar o tipo de atendimento de cada aluno e a frequência deste a essa sala;


·​ Acompanhar a formação escolar do aluno atendido;


·​ Selecionar recursos e materiais didáticos adequados;


· Estabelecer parcerias com profissionais que participam da vida do aluno, incluindo o


professor da sala regular;

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·​ Orientar professores e família do aluno;

O professor da AEE é multifuncional, participando de toda a vida acadêmica do aluno


que necessite de atendimento especializado. Esse profissional deve ter, além dessa
formação específica, a sensibilidade de orientar e auxiliar aluno, família e escola, pois
sabemos que nem sempre esses dispõem de todos os recursos necessários para uma
educação plena do aluno com deficiência.

Isso significa que o professor não deve estar sozinho. Falamos muito em diversidade,
em inclusão, em integração, mas não podemos isolar o professor no processo de
ensino. Tendo ou não alunos com deficiências em sua sala, o professor se depara no
seu cotidiano com diversas dificuldades dos alunos.

É muito importante que o sistema educacional dê suporte a esse professor para lidar
com essas situações, já que mesmo o mais qualificado não estará jamais preparado
para todos os problemas que podem aparecer em uma escola. Dois profissionais
importantes que devem estar presentes na rotina escolar são: o revisor de braile,
especialista que revisa livros e materiais didáticos transcritos em braile antes de estes
chegarem aos alunos cegos e o intérprete de Libras, que ensinará a língua de sinais
para o aluno surdo.

Capacitar o professor para lidar com as deficiências é incluir no currículo da formação


desse professor disciplinas que enriqueçam seu conhecimento sobre as mesmas e
oriente seu trabalho quando estiver em sala de aula. Por mais que os cursos superiores
informem e treinem, somente o cotidiano escolar vai poder formar realmente o
professor capacitado, por isso, tendo em vista a realidade de sua escola e os contatos
que têm com determinadas deficiências, o professor deve procurar a formação
continuada (BARRETO & BARRETO, 2016).

Para essa formação seria muito interessante uma parceria entre as escolas e as
universidades. O governo deve incentivar essa formação através de bolsas e planos de
carreira. Mas além disso, é preciso incentivar o encontro entre os docentes. As práticas
cotidianas devem ser compartilhadas, debatidas, estudadas. O conhecimento não deve
ficar retido em um único sujeito, é preciso que o governo incentive o debate crítico
entre seus docentes.

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41 
 
A escola deve criar espaços de compartilhamento de experiências não só para
enriquecer a formação e a atualização docente, mas para auxiliar pais e outros
profissionais da educação a se familiarizarem com as deficiências, com os transtornos,
os déficits, as síndromes e uma série de outros fatores que fazem parte da vida escolar
e em sociedade.

3.4. Novas tecnologias na educação inclusiva

As salas de recursos multifuncionais já são usadas em muitos municípios para auxiliar


no AEE. Nestas salas, professores especializados ensinam alunos com deficiências,
transtornos globais de desenvolvimento e ​superdotação.​ Embora tenhamos usados
anteriormente a palavra reforço, é preciso que fique claro que não se trata de rever o
que o professor ensina na aula regular, mas sim de reforçar o ​aprendizado e a
evolução ​de cada aluno​, ensinando através de conteúdos adaptados e recursos
didáticos adequados.

A tecnologia usada para orientar essas aulas é chamada de Tecnologia ​Assistiva ​– TA,
e engloba métodos, estratégias, recursos e práticas pedagógicas que promovam
acessibilidade ao saber, à autonomia e à adaptação (CORREA & RODRIGUES, 2016).
Esse trabalho visa a complementar a educação do aluno com NEE.

Muitos recursos podem e devem ser utilizados no cotidiano escolar para facilitar o
aprendizado de alunos com deficiência. Aqui vamos elencar os mais comuns e de fácil
uso pelos profissionais da educação.

Dentre os recursos didáticos disponíveis nas salas de AEE podemos citar:

·​ Mouse com entrada para acionador;


·​ Sacola criativa;

·​ Mouse estático de espera;


·​ Acionador de pressão;

·​ Quebra-cabeças lógico;

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·​ Teclado expandido com colmeia;

·​ Caixa com material dourado;


·​ Lupa eletrônica;

·​ Notebook com aplicativos de acessibilidade;


·​ Tapete alfabético encaixado;


·​ Software para comunicação aumentativa e alternativa;


·​ Esquema corporal;

·​ Dominó de ideias;

·​ Memória de numerais;

·​ Alfabeto móvel e sílabas;


·​ Caixa com números ampliados e em braile;


·​ Kit de lupas manuais;


·​ Kit de desenhos geométricos;


·​ Alfabeto braile;

·​ Regletes de mesa;

·​ Dominó tátil;

·​ Memória tátil de desenho geométrico;


·​ Plano inclinado;

·​ Scanner com voz;


·​ Máquina de escrever em braile;


·​ Globo terrestre tátil;


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·​ Calculadora sonora;

·​ Soroban online (CORREA & RODRIGUES, 2016).


Nem todos esses recursos estão disponíveis em modo físico, por isso, são
desenvolvidos aplicativos e ​softwares para ​tablets, celulares e ​notebooks que podem
ser usados nas salas de AEE. Para alunos com Paralisia Cerebral, por exemplo, é
muito útil a prancha de escrever. Se ela for digital, vai ampliar as possibilidades de
escrita e leitura.

Neste capítulo, pudemos estudar as várias opções que temos atualmente dentro e fora
da escola para promover a inclusão e a educação de alunos com NEE. O Estado
precisa investir na infraestrutura física e didática nas escolas, em salas de recursos
multifuncionais, escolas de tempo integral e formação de professores. Não basta
termos uma legislação moderna e inclusiva, ela precisa ser cumprida em todos os
níveis.

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CAPÍTULO 04 
ASPECTOS IMPORTANTES PARA A 
PRÁTICA PEDAGÓGICA 
 

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Quando pensamos na escola atual nos deparamos com uma série de


questionamentos; em relação aos métodos, à didática do professor, ao perfil da gestão
e também da inclusão de alunos com deficiência. Quando se comenta sobre esse tipo
de inclusão, muitos professores, gestores e pais se sentem inseguros e despreparados
para lidar com a situação.

Os pais do deficiente se sentem receosos de seu filho não ser acolhido, integrado e
ensinado de modo adequados; os pais dos outros alunos têm medo do diferente, do
desconhecido; a gestão se questiona se poderá atender à criança e os professores se
sentem inseguros quanto ao processo de ensino-aprendizagem.

Neste capítulo vamos estudar o desenvolvimento infantil e o aparecimento da


deficiência física; os comprometimentos físicos e neurológicos que podem afetar a
criança e as possibilidades de intervenção pedagógica.

4.1. Desenvolvimento Neuropsicomotor da Criança

Para entendermos as necessidades de crianças com deficiências como a Paralisia


Cerebral é preciso que entendamos o desenvolvimento neuropsicomotor infantil nos
primeiros anos de vida. A deficiência física, o comprometimento motor da criança,
podem ser causados por lesões neurais, mas também por outras deficiências como a
intelectual, a auditiva, etc.

Por isso, antes de se levantar uma hipótese diagnóstica ou iniciar um tratamento é


preciso avaliar o estado global de desenvolvimento da criança, para saber se sua
deficiência é primariamente física ou de outra origem. Hassano (2011) afirma que para
se avaliar o desenvolvimento sadio costuma-se usar os seguintes marcos da infância:

·​ Controle da cabeça, até os 3 meses;


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·​ Permanecer sentado, ereto, sem apoio, aos seis meses;

·​ Conseguir ficar de pé aos nove meses;


·​ Andar aos 12 meses (HASSANO, 2011).


Para esse pediatra, no entanto, esses marcos não são suficientes para se fazer uma
avaliação eficiente, algumas ações, que ocorrem antes de a criança andar, são
também importantes, tais como:

·​ Esquema corporal: cinco sentidos funcionando em harmonia;


·​ Flexão no período neonatal;


·​ Reflexos primitivos ativos;


·​ Simetria corporal;

·​ Transferência de peso corporal: a criança consegue mudar sozinha de posição;


·​ Ações de retificação:

·​ Rolar;

·​ Equilíbrio;

O desenvolvimento dessas ações ocorre paralelamente ao das funções cognitivas,


psíquicas e sensitivas. É importante que o professor e as pessoas que cercam a
criança conheçam esses requisitos de desenvolvimento para detectarem alterações, o
que possibilita um diagnóstico e tratamentos precoce (HASSANO, 2011).

Os dois primeiros anos de vida de uma criança são muito importantes no


desenvolvimento neuropsicomotor. Piaget, chamou esse período sensório-motor,
justamente pelo acelerado processo de aquisição motora e sensorial. A criança, em
dois anos, passa de um bebê quase sem movimentos a um indivíduo que anda e fala, o
corpo todo se move como uma máquina, equilibrado entre o cognitivo, o motor e os
cinco sentidos. Esse equilíbrio é chamado Esquema Corporal.

Dentro desse esquema de relações, estão os reflexos. A criança nasce com reflexos
primitivos como a sucção, a deglutição, a preensão e com a maturação estes se tornam

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voluntários. Caso a criança apresente problemas com esses reflexos é preciso ligar o
sinal de alerta. Vamos ver abaixo os reflexos primitivos e a faixa etária em que ocorrem
para que possamos nos orientar:

·​ Até 3 meses: ​postura flexionada, elevar a cabeça, contato visual e reação a sons;

· Com 3 meses: ​controle da cabeça, simetria corporal, transferência do peso


corporal, juntar as mãos, sorriso, vocalização;

· Com 6 meses: ​permanece sentado quando o colocamos, rola, segura e procura


objetos, localiza sons, balbucia;

· Com 9 meses: ​começa a se apoiar e ficar de pé, engatinha, fica de pé, pronuncia

sílabas;

·​ Com 12 meses: ​primeiros passos e palavras (HASSANO, 2011).


Observados esses marcos do desenvolvimento podemos ficar atentos quando estamos


lidando com crianças que fogem a esse padrão, procurando ajuda médica
especializada. Caso a criança tenha algum problema neurológico, ela pode apresentar
atraso no desenvolvimento do tônus muscular, da movimentação do corpo, da postura,
da linguagem gestual, entre outros.

Caso seja diagnosticada a deficiência, é preciso observar também o desenvolvimento


sensorial, principalmente visão e audição. A incidência de problemas auditivos em
crianças com deficiência é bastante grande. Então, é fundamental uma avaliação
auditiva completa e periódica da criança. A visão também é constantemente
comprometida em deficientes, e problemas podem evoluir, por isso, exames regulares
devem ser feitos desde os primeiros meses de vida.

4.2. O ambiente ideal para a criança com deficiência física

Crianças diagnosticadas com deficiência física irão precisar de toda a atenção e


cuidados que forem necessários, durante todo o tempo, e um ambiente saudável para
seu desenvolvimento. Esse ambiente pode ser carente nos casos de algumas crianças,
o que pode dificultar a locomoção e acomodação da criança.

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Algumas comunidades carentes, onde crianças deficientes vivem, não possuem a
assistência adequada e por isso os pais devem caminhar longas distâncias para o
atendimento e tratamento. Além disso, nem todas famílias podem comprar a cadeira de
rodas.

Os pais de uma criança com deficiência física precisam estar o máximo de tempo
possível com ela, para ajudá-la na alimentação, higiene e saúde, então, têm a situação
financeira complicada pela indisponibilidade de tempo para o trabalho. Para auxiliar
essas famílias, o governo dispõe do Benefício de Prestação Continuada – BPC, no qual
paga um salário mínimo para a família com deficiente que não tem condições de se
manter e se cuidar.

Por conta de todos os problemas, as famílias acabam exaustas emocional e


fisicamente, os pais acabam sobrecarregados e não dando conta de cuidar de todo o
processo de desenvolvimento da criança, então, a função da creche e da pré-escola
em detectar e ajudar na solução de problemas é fundamental. A escola pode ajudar na
nutrição, na afetividade, na socialização e na motivação da criança, partilhando assim,
com os pais, a educação e a promoção do desenvolvimento sadio.

A creche e a pré-escola são o primeiro contato de muitas crianças, incluindo as


deficientes, com um ambiente fora da família. Esse ambiente é fundamental para o
desenvolvimento emocional e intelectual da criança. Uma escola inclusiva deve integrar
a todos, é o que prevê nossa legislação, mas na prática, nossa escola ainda planeja e
trabalha baseada em homogeneidade.

Qualquer mudança no padrão causa ainda muita estranheza e dificuldade entre


gestores e professores. Se deixarmos essa dificuldade de lado e focarmos no que tem
de mais especial na escola que é o processo de ensino-aprendizagem, verificaremos
que podemos ensinar, sim, a todos, de formas diferentes.

Por exemplo, uma criança com Paralisia Cerebral vai se encantar com as mesmas
histórias, músicas, danças, cores, os mesmos objetos e brinquedos que qualquer outra
criança. É função do professor mediar a relação da criança com o objeto de
conhecimento, como veremos mais à frente.

Existem muitas crianças com deficiência física sem comprometimento cognitivo, o


ensino dessa criança então, não precisará de adaptações curriculares, somente físicas.

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Como já comentamos, muitos pais de deficientes estão sobrecarregados e acabam por
não perceber as mudanças no filho, cabe então ao professor observar evoluções ou
involuções no aluno.

Nenhuma das partes, tampouco o professor deve estar sobrecarregado, é preciso


dividir tarefas e práticas e se unir para a educação de toda e qualquer criança.

4.3. Linguagem e comunicação

A criança com deficiência física nem sempre apresenta dificuldades de comunicação,


mas a maioria das crianças usam os três tipos seguintes de formas para se comunicar:

· Comunicação Gestual: ​a criança utiliza gestos intencionais e coordenados para se


comunicar com as pessoas. Além desses, algumas ações como se enrijecer e


travar as mãos também podem ser formas de comunicar alguma coisa, como estar
incomodada. Os olhos também são usados para transmitir sentimentos e intenções,
como revirar os olhos, piscar. Isso significa que uma criança deficiente, com
problemas de fala, pode usar o corpo de diversas formas para “dizer” coisas às
pessoas;

· Comunicação Verbal: ​mesmo com dificuldades de formar sentenças longas e


inteligíveis, a criança com deficiência física pode emitir sons silábicos suficientes
para se comunicar.

· Comunicação Escrita: ​a criança pode conseguir escrever as letras mesmo com


dificuldade, porém, caso não consiga, existem adaptações possíveis tais como:
aparelho ou pulseira para prender o lápis, engrossar esse lápis ou caneta, capacete
com ponteira e pranchas com ​touchscreen​ (ZAPOROSZENKO & ALENCAR, 2008).

Enfim, muitas adaptações criativas podem facilitar a comunicação da criança com


deficiência física, além de algumas escolas poderem contar com o AEE e a sala de
recursos multifuncionais. A seguir, veremos como a comunicação e a linguagem se
desenvolvem em crianças com deficiência como a Paralisia Cerebral.

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CAPÍTULO 05 
PROBLEMAS DE LINGUAGEM E 
COMUNICAÇÃO 
 

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No capítulo anterior, descrevemos as formas que as crianças com deficiência física


usam para se comunicar. A maioria das crianças com Paralisia Cerebral, por exemplo,
tem dificuldades com a comunicação oral, por causa de comprometimentos físicos ou
neurológicos. Neste capítulo vamos estudar as fases de desenvolvimento da
linguagem, as várias linguagens possíveis e as mais diversas formas de comunicação
que podem auxiliar o professor e a família a estabelecer um vínculo com a criança
deficiente.

Desde o nascimento nos comunicamos com o mundo: choramos, reagimos aos sons e
às imagens; aos poucos vamos aperfeiçoando nossa linguagem através de
vocabulário, gestos, expressões. A linguagem é uma forma de comunicação composta
por símbolos arbitrários, construídos socialmente e composto por regras que
representam ideias culturais (MIRANDA & GOMES, 2004). A fala, é só uma das muitas
manifestações da linguagem, assim como a escrita, a Libras, os símbolos não-verbais,
etc.

A aquisição da linguagem é um bem intelectual, pois impulsiona o desenvolvimento


cognitivo, e um bem cultural, pois permite a interação e a integração social do ser
humano. Sem poder se expressar, a criança se isola e se reprime, tendo inclusive seu
emocional prejudicado

Alguns problemas de linguagem que as crianças com deficiência física, como a


Paralisia Cerebral, podem apresentar são:

· Atraso na fala: isso pode ocorrer por problemas físicos (no aparelho fonológico),

neurais ou sociais, como a falta de estímulo;

· Disartria: falta de articulação nas sílabas e na pronúncia das letras, demora para

concluir uma palavra ou frase;

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· Anartria: a criança não consegue organizar seu aparelho fonológico para elaborar a

palavra ou frase;

· Gagueira: a criança trava na pronúncia das sílabas e palavras, por questões


psicológicas ou físicas (MIRANDA & GOMES, 2004).

Distúrbios nos órgãos de fonação podem afetar funções como a mastigação, a


deglutição, o controle da saliva ou a respiração da criança, portanto, o
acompanhamento de um fonoaudiólogo é muito importante. Para ajudar a contornar
esses problemas de fala que citamos acima, a escola pode recorrer a sistemas de
comunicação alternativa. Se a criança tem problema no aparelho fonológico, mas não
apresenta comprometimento cognitivo, ela tem dificuldades com a articulação da fala,
mas não do pensamento. Isso significa que ela compreende o que passa ao seu redor
e quando falamos com ela, pois seu problema é motor.

Porém, se a criança apresentar comprometimento neurológico, ela pode ter muitas


dificuldades na compreensão da fala dos outros e também de elaborar seu próprio
discurso, afetando assim sua interação social. Antes de qualquer proposta pedagógica,
portanto, é fundamental avaliar o estado da criança e sempre estar atento ao seu grau
de compreensão do que se fala com ela (MIRANDA & GOMES, 2004).

Muitas crianças com Paralisia Cerebral têm comprometimento de alguns sentidos como
a visão e a audição, isso também pode ser a causa de uma dificuldade de
comunicação. Para que essa se estabeleça a escola precisa de recursos e material
adaptado. Precisamos observar sempre a capacidade da criança deficiente de
aprender, respeitando também seus limites, para não prejudicar sua saúde física e
emocional.

5.1. A Comunicação Alternativa e Ampliada

A Comunicação Alternativa e Ampliada – C.A.A. é uma forma de comunicação que não


se baseia exclusivamente na oralidade, se utiliza de gestos, de pranchas de alfabeto,

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pictografia, vocalizadores, Libras, expressões faciais e outros. Então, a comunicação é
denominada alternativa quando o sujeito não apresenta outro meio de se comunicar e
denominada ​ampliada quando o sujeito possui alguma forma de se comunicar, mas
esta é insuficiente.

Os sistemas de C.A.A disponíveis são muitos e variados, podem ser de alta ou baixa
tecnologia. Os recursos de baixa tecnologia são mais acessíveis, são os gestos
manuais, expressões faciais, código Morse e signos gráficos. A escola pode usar
sistema de símbolos como o ​Sistema de Símbolos Bliss, o Pictogram Ideogram
Communication System (PIC), ou o ​Picture Communication Symbols (PCS). Os
símbolos desses sistemas podem ser trabalhados em vários dispositivos como
pranchas, carteiras e painéis. Os recursos de Alta Tecnologia utilizam o computador e
podemos usar esses mesmo sistemas como Bliss-Comp, PIC-Comp, PCS-Comp
ImagoAnaVox, Comunique; ​ m
e lousas eletrônicas, ​tablets e notebooks
(ZAPOROSZENKO & ALENCAR, 2008).

Além de desenvolver a comunicação, esses sistemas possibilitam desenvolver outras


habilidades como a motora (lateralidade, espaço, coordenação), a cognitiva
(percepção, memória, concentração, alfabetização) e a afetiva (autoestima). A
afetividade, aliás, que veremos no próximo capítulo é muito importante no
desenvolvimento da criança, pois segundo as teorias de aprendizagem mais atuais, o
raciocínio se desenvolve em conjunto com o emocional.

5.2. A linguagem Representativa e Pictórica

Além da linguagem verbal, temos a linguagem não-verbal. Para esta, não é necessária
uma representação escrita e oral para que se tenha compreensão da mensagem. Por
exemplo, quando observamos o símbolo abaixo:

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Muitas culturas conhecem esse símbolo como o Símbolo da Paz, não é preciso
nenhuma escrita ou que ninguém diga, porque isso foi aprendido socialmente. Os
símbolos, assim como os outros tipos de linguagem não-verbal são transmitidos pela
cultura e sociedade, precisam ser ensinados, e podem ser usados para comunicar
mensagens sem precisar que se fale ou escreva, por exemplo, na imagem abaixo,
temos um sinal de trânsito brasileiro:

Quem teve acesso ao significado desse sinal sabe que ele passa a mensagem de que
há uma lombada à frente. Sem usar escrita e sem precisar de oralidade.

A falta de coordenação motora para escrever ou o comprometimento fonológico da


criança com deficiência física pode impossibilitar a comunicação oral ou escrita dessa
criança, por isso, o uso de linguagem não-verbal é tão importante nesses casos. O
professor pode criar placas com desenhos, símbolos, figuras, gestos, expressões e
utilizá-los no cotidiano para entender e ser entendido pela criança.

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Se o comprometimento da coordenação motora da criança deficiente não for muito
intenso, ela pode desenhar suas intenções linguísticas e até mesmo letras para
estabelecer uma comunicação com as pessoas que a cercam.

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CAPÍTULO 06 
AFETIVIDADE 
 

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Piaget e Vygotsky, dois dos mais importantes autores para a educação, afirmam que a
criança se desenvolve integralmente em contato com seu meio físico e social. Suas
teorias são chamadas de interacionistas. Nas teorias interacionistas o aprendizado
integral se dá pela estrutura genética unida ao objeto de conhecimento e ao meio
social. Sem qualquer um desses, a aprendizagem fica falha.

Neste capítulo iremos entender a importância do desenvolvimento social e emocional


da criança com deficiência física. Os recursos que devem ser utilizados na escola para
desenvolver seu aprendizado reforçando sua autoestima, o apoio da família, a
importância da interação com os colegas e do desenvolvimento da afetividade.

6.1 A Teoria de Henri Wallon

O médico francês Henri Wallon se dedicou aos estudos do desenvolvimento da criança


e suas relações sociais. Piaget e Vygotsky já se importavam com a interação social da
criança e a relação dessa interação com a inteligência e o aprendizado, mas foi Wallon
quem se aprofundou nesses estudos. Para ele, a inteligência como estrutura mental é
tão importante para o desenvolvimento quanto outros três aspectos: cognitivo, motor e
emocional. Todos esses aspectos integrados cooperam para um desenvolvimento
pleno.

Para Wallon, tanto a capacidade hereditária do indivíduo quanto sua relação com o
meio social são importantes para sua adaptação e desenvolvimento. Somente o meio
pode proporcionar um desenvolvimento pleno, através de seus estímulos, por isso não
basta nascer inteligente (GALVÃO, 1995). Divide o desenvolvimento em etapas,
veja-as:

· Impulsiva-emocional: surge no primeiro ano de vida da criança e é marcada pelas


interações afetivas;

  

· Sensória-motora e projetiva: vai até os 3 anos, é marcada pela exploração dos


espaços e dos objetos. Também surge o jogo simbólico e a linguagem;

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· Personalismo: de 3 a 6 anos, é caracterizada pela formação da consciência e a

personalidade, pela intensificação das relações afetivas e sociais, adesão aos pares
e troca de ideias;

· Categorial: a partir dos 6 anos, o mundo da criança se amplia e ela passa a ter

muita curiosidade por objetos de conhecimento cada vez mais diversificados;

· Predominância Funcional: as ações hormonais desenvolvem o corpo e o


pensamento se torna mais complexo, a necessidade afetiva é preenchida com os


pares e a sexualidade começa a ser foco de interesse, existem muitos
questionamentos nessa fase o que origina muitos conflitos com a família e a escola
(GALVÃO, 1995).

Para Wallon, a afetividade se manifesta de três formas: a emoção, o sentimento e a


paixão. Essas formas se manifestam desde o nascimento, mas se diferenciam e se
intensificam conforme algumas fases de desenvolvimento. A emoção é a primeira
forma de afeto e não tem princípios racionais, é um impulso. O sentimento tem um
princípio cognitivo, ele se baseia na percepção e se desenvolve com a verbalização
das emoções. Por fim, a paixão, é uma motivação individual para se atingir um objetivo,
por exemplo, ser campeão de algum esporte (GALVÃO, 1995).

A emoção ganhou maior destaque nos estudos de Wallon. Ao observar as


manifestações emotivas ele estabelece paralelos com as práticas escolares, ou seja,
se o aluno está cansado, triste ou com raiva, não conseguirá ser um bom aluno, pois
não terá emocional equilibrado para aprender. A seguir, veremos como podemos usar
essa teoria e ajudar no desenvolvimento afetivo da criança com deficiência física.

6.1. Papel da Escola

Para Wallon, a afetividade faz parte de qualquer processo de ensino-aprendizagem.


Com a criança com deficiência física não é diferente. Suas dificuldades físicas podem
afetar o fortalecimento de sua autoestima e também da motivação, por isso, o papel da

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escola é muito importante no processo de adaptação e aprendizado escolar. Alguns
aspectos são muito importantes nesse processo, tais como:

· Confiar na capacidade do aluno incentivando-o continuamente, para que o aluno se


mantenha perseverante apesar das dificuldades;

· Estar em constante aprendizado sobre a deficiência do aluno e observar todas as


evoluções verbalizando as mesmas para o aluno, para que ele tenha clareza de seu
aprendizado;

· O professor, e todos que auxiliam no aprendizado da criança não podem demonstrar


tristeza e desmotivação na frente da criança com deficiência, os possíveis


problemas e obstáculos devem ser discutidos, mas em local e hora adequados;

· Não deixar de inserir a criança deficiente em todas as atividades culturais e de lazer


da escola, o acesso à cultura é tão importante quanto o acesso ao conteúdo


acadêmico;

· Atenção às habilidades do aluno para que essas seja, reforçadas e trabalhadas


periodicamente;

· A criança com deficiência também tem sexualidade, a escola precisa tratar isso com

naturalidade e estar preparada para lidar com o desenvolvimento dessa;

· Promover a socialização: a criança com deficiência física tem direitos a ter amigos e

conviver com eles. A escola pode mediar essa socialização propondo atividades em
grupo e orientando as outras crianças em como proceder com o colega deficiente;

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· As regras devem valer para todos os alunos, inclusive os deficientes. Tomando os


devidos cuidados de adaptação, é fundamental explicar essas regras para a criança


e fazer com que ela cumpra.

Podemos ver que a escola tem um papel muito importante nas relações afetivas do
aluno com deficiência física, principalmente promovendo a socialização e o
desenvolvimento da motivação e da autoestima. A escola deve criar um ambiente
pacífico e inclusivo, fazendo com que a frequência da criança seja benéfica para sua
saúde física e mental.

6.2. Papel da Família

A família de uma criança com necessidades especiais está em constante aprendizado:


ela tenta entender a deficiência que afeta seu filho, ela busca compreender as
limitações da criança, ela observa todos os dias as evoluções e os novos
aprendizados, ela precisa estar atenta à saúde e às necessidades físicas e biológicas e
manter equilibrada a saúde mental e emocional dessa criança.

Além de tudo isso, a família precisa prover o sustento, promover o acesso ao


tratamento e estar bem para poder amparar. Com tudo isso, pode ficar sobrecarregada.
Então, é importante que a família cuide da criança e cuide de si mesma para que o
ambiente em casa seja o mais tranquilo e saudável possível. Pensando nisso, os
aspectos seguintes devem ser considerados no convívio familiar da criança com
deficiência física no que diz respeito à afetividade:

· Os pais devem estudar a deficiência física o mais amplamente possível para que

entenda as possibilidades e também as limitações da criança, não fazendo assim,


uma pressão ou uma cobrança excessiva em seu desenvolvimento;

· Se informar, o máximo e mais frequentemente possível com os profissionais de


saúde que auxiliam a criança para saber como ajudar e como atender as

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necessidades emocionais da criança quando ela tiver dores, crises ou outro
problema de saúde. Esse acompanhamento da saúde também é importante para
ajudar no desenvolvimento físico, superando as dificuldades;

· Participar de grupos de apoio para trocar experiências e serem ouvidos. Para se


acolher uma criança afetivamente é preciso estar bem e também ser acolhido
quando necessário;

· Combater o preconceito que a criança possa enfrentar dentro da própria família.


Todos devem ter informações suficientes para não tratar a criança com preconceito
e se isso ocorrer mesmo assim, a pessoa deve ser afastada do convívio da criança;

· Acalentar a criança durante as crises de saúde, de insegurança, estar sempre


motivando e incentivando a continuar com as atividades, sempre sorrindo e


mostrando para a criança os aspectos positivos de sua vida;

· Criar oportunidades de interação social com a família e amigos, através de


atividades sociais, lazer, cultura, brincadeiras;

· Caso a criança tenha irmãos, estes não podem deixar de receber atenção e

cuidados necessários. Esses irmãos devem ser informados, na medida do possível,


das condições de saúde do irmão ou irmã deficiente e devem se sentir integrados
na família;

· Criar uma rede de apoio: é fundamental para a saúde emocional de todos na família,

inclusive da criança deficiente, que os pais tenham uma rede apoio. Grupos de
mensagens, de troca de experiências, troca de favores, de materiais, todos que

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quiserem e puderem ajudar na educação e desenvolvimento da criança podem e
devem participar da vida dela;

· Trocar experiências e estudos com a escola: a escola deve ser receptiva aos pais e

deve sempre informá-los sobre o estágio educacional da criança com deficiência.


Os professores podem dar e receber dicas de convívio, de interações e do estado
emocional da criança.

Pudemos estudar, neste capítulo, como é o desenvolvimento afetivo das crianças e


como isso está relacionado à educação. Nas relações emocionais e sociais, a criança
com qualquer tipo de deficiência não é diferente das outras, tendo necessidades de
atenção, cuidado, acolhimento e motivação. Toda criança deve se sentir capaz, se
sentir integrada à escola e estar equilibrada emocionalmente para poder aprender, e
com o aluno com NEE não é diferente.

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CAPÍTULO 07 
ADAPTAÇÕES CURRICULARES NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 

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Neste capítulo, vamos descrever as práticas pedagógicas que podemos adotar, como
educadores, no cotidiano escolar, em relação à criança com deficiência. Veremos as
principais adaptações curriculares que auxiliam na educação do aluno com NEE, como
colocá-las em prática e as ações que podem e devem ser adotadas para facilitar ao
máximo a integração social e o aprendizado dessa criança.

Quando falamos de aprendizagem e desenvolvimento humano existem três


concepções teóricas importantes no que diz respeito à aquisição de conhecimento,
vamos a elas:

· Concepção Inatista: segundo essa teoria de desenvolvimento o ser humano nasce


dotado de inteligência herdada dos pais, caberia à escola o papel de desenvolver o


que já vem programado geneticamente;

· Concepção Ambientalista: ​para os adeptos dessa teoria o ser humano nasce uma

tabula rasa, ou seja, o ambiente é responsável por todo o seu desenvolvimento,


inclusive o da inteligência. A escola vai ser grande responsável pelo aprendizado
dos alunos;

· Concepção Interacionista: nessa concepção, nascemos com um aparelho


biológico geneticamente programado, as estruturas mentais, herdadas da espécie


humana. Essas estruturas vão se desenvolver conforme os estímulos do meio que
nos cerca. Portanto, no ​Interacionismo, tanto o componente hereditário como o
ambiental são importantes para o desenvolvimento e o aprendizado.

O principal representante da teoria interacionista usado na educação foi Piaget. ​Jean


Piaget desenvolveu uma pesquisa sobre o desenvolvimento cognitivo e moral da
criança. Seus estudos deram um novo significado ao papel da escola e do professor, já
que tiraram dos mesmos a condição ativa e passaram-nos a condição de mediadores.
Observando, dentre outros, os próprios filhos, ele dividiu as fases de desenvolvimento
cognitivo em (PIAGET, 1970):

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· Sensório-motor: período entre 0 e 2 anos em que a criança se desenvolve através

de estímulos sensoriais e físicos;

· Pré-operacional: período entre 2 e 7 anos em que a criança desenvolve a


linguagem, a socialização e a coordenação motora, também temos o Jogo


Simbólico como exercício cognitivo dominante;

· Operacional-concreto: (entre 7 e 12 anos) início da vida escolar, perspectivas


concretas dos problemas do mundo físico e realidade objetiva são características


marcantes desse período;

· Operacional-formal: a partir dos 12 anos, temos o início da adolescência. Nesse


período as estruturas mentais são capazes de conceber e analisar o pensamento


formal e abstrato, teorias complexas podem ser entendidas e trabalhadas.

É importante frisar que a idade não é mais considerada fixa entre os estudiosos de
Piaget, já que as características atuais das crianças são diferentes. Esses períodos de
desenvolvimento cognitivo são cuidadosamente descritos nos trabalhos de Piaget e o
próprio deixou vários tipos de provas (provas operatórias) para se realizar com as
crianças para saber em qual período ela se encontra. Com essas provas, podemos
observar desvios do desenvolvimento padrão e levantar hipóteses sobre possíveis
deficiências ou transtornos.

Além do desenvolvimento cognitivo, Piaget também descreveu a importância do


desenvolvimento moral e das relações sociais da criança, são 3 os períodos citados por
ele no que diz respeito à consciência de regra moral pelo indivíduo (PIAGET, 1977):

·​ Anomia:​ período em que não há regras (sensório-motor);


· Heteronomia: baseado nos estudos do sociólogo francês Émile Durkheim, Piaget


cita a importância de na infância ditarmos regras e sermos figuras de autoridade

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moral (não autoritária) para as crianças, já que elas imitam os adultos e estão
começando a lidar com as regras sociais para uma boa convivência em grupo;

· Autonomia moral: período que se dá a partir do pensamento formal no qual


optamos voluntariamente por seguir as regras para benefício da coletividade e do


equilíbrio social. Piaget se baseia na ideia de dever moral imperativo do filósofo
alemão Immanuel Kant.

A formação das regras morais é de suma importância no cotidiano escolar. Tendo por
base o conhecimento da teoria piagetiana, o educador pode auxiliar o desenvolvimento
do deficiente e também educar as outras crianças para o respeito e a aceitação das
diferenças. Vejamos alguns conceitos importantes trazidos pela teoria ​piagetiana para
a educação:

· A interação social favorece a aprendizagem: as trocas cognitivas entre os pares e


entre crianças e adultos estimulam o aprendizado;

·​ A inteligência é um processo de adaptação ao meio;


· A aprendizagem é um processo interno construído através de interações com o


objeto e o meio social;

· A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva: as estruturas mentais


se desequilibram em contato com um novo estímulo ou objeto de conhecimento,


para aprender, elas assimilam e acomodam, reorganizando-se após adquirir o novo
conhecimento;

· Quanto maior a diversidade social, cultural e de objetos de conhecimento, maior a


aprendizagem.

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· Cabe ao professor e à escola proporcionarem um ambiente que estimule ao máximo


a criança para que ela desenvolva todo seu potencial.

Como pudemos ver, a teoria interacionista de Piaget nos mostra a importância de uma
interação social efetiva, tanto para o desenvolvimento cognitivo, como para o
desenvolvimento moral da criança, incluindo a criança com NEE.

7.1. A Mediação Pedagógica

A mediação pedagógica é uma ação didática que corresponde a relação


professor-aluno dentro do processo de ensino-aprendizagem. Ao contrário de uma
ação tradicional, na qual o professor é ativo e o aluno passivo nesse processo, na
teoria da mediação, ambos são ativos na construção do conhecimento e o professor
media a relação do aluno com o objeto de estudo.

Um outro estudioso que salientou a importância do desenvolvimento social foi


Vygotsky; este, porém, estudou mais a fundo o desenvolvimento da linguagem e a
importância do contexto no estímulo ao aprendizado do que Piaget. Vygotsky (2002) foi
um dos primeiros a escrever sobre a importância da inclusão social para a criança com
deficiência.

Segundo Vygotsky, uma criança deficiente deve ter o máximo de contato social
possível, através da comunicação e da cultura. Aqui destacamos o papel das
brincadeiras na vida de todas as crianças, incluindo as com NEE. O brincar auxilia na
formação da personalidade, da autonomia, na sociabilidade e na criatividade. O
exercício do jogo simbólico, através das atividades lúdicas, desenvolve as estruturas
mentais da criança, reforçando o processo cognitivo.

A teoria da mediação também é inspirada nos trabalhos de Vygotsky. Ele acreditava


que a relação do homem com o conhecimento se dava através de símbolos
(históricos/culturais) e ferramentas (externas ao indivíduo). O professor, para esse
teórico, deve investigar as habilidades do aluno (conhecimento prévio ou nível de
desenvolvimento real) e trabalhar no desenvolvimento cognitivo desse aluno baseado
no potencial de aprendizagem que o mesmo apresenta.

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Este último é chamado de ​nível de desenvolvimento potencial​. O professor deve
trabalhar na lacuna que surge entre o primeiro e segundo níveis citados, a Zona de
Desenvolvimento Proximal; esta é caracterizada pela intervenção pedagógica que o
aluno necessita para sair do que sabe para o que pode vir a saber (VYGOTSKY, 2002).

Nessa fase do processo de aprendizagem, o professor deve analisar profundamente


seus alunos, para saber quando, onde e como intervir. A intervenção deve ser o mais
natural possível, deixando ao aluno a ação do processo. Por exemplo, o professor pode
propor uma atividade em grupo, de identificação de letras. Nesta ele observará
atentamente os alunos em sua tarefa e intervirá sempre que achar necessário para que
o aluno não persista nos erros, mas nunca tirando do grupo o protagonismo pela
escolha dessas letras.

Outro teórico importante para nosso conhecimento sobre práticas ativas pedagógicas é
Reuven Feuerstein (FONSECA, 1995) que estudou a modificação estrutural da
cognição. Para ele, qualquer pessoa nasce capaz de aprender qualquer coisa, desde
que tenha os estímulos adequados e uma interação totalmente eficaz com o meio.
Quanto à ação do professor, ele destaca duas mediações importantes:

· Experiência direta de aprendizado: acompanhando a teoria de Piaget, ele


descreve a relação direta do aluno com o objeto de conhecimento, sem intervenção


do professor;

· Experiência de aprendizagem mediada: o professor auxilia no processo


organizando, selecionando, interpretando e elaborando conhecimento.

A experiência de aprendizagem mediada deve obedecer, para Feuerstein, alguns


critérios (FONSECA, 1995):

· Intencionalidade e Reciprocidade: o professor deixa claro o que espera que o


aluno faça e o que ele aprenda com a atividade proposta;

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· Transparência: o professor explica a relação da tarefa atual com as anteriores e

posteriores de seu planejamento didático;

· Significação: é muito importante que o aluno saiba o significado social, cognitivo ou


intelectual de seu aprendizado e de suas tarefas cotidianas;

· Sentimento de competência: a sensibilidade do educador deve fazer com que


planeje atividades que estejam dentro das possibilidades do aluno, sem deixar de
serem desafiadoras.

Pudemos perceber que essas teorias de aprendizagem favorecem o aprendizado da


criança, e essa se torna ativa nesse processo, construindo seu conhecimento com a
mediação do professor. Essas teorias também devem ser usadas no aprendizado da
criança com deficiência física. Como já comentamos, nem sempre a deficiência física
afeta o desenvolvimento cognitivo, mas mesmo que isso aconteça, essas teorias ainda
são as mais úteis no ensino do aluno com AEE.

O professor deve estar atento, na mediação do aprendizado do deficiente, tanto quanto


está ao restante da sala, para isso, é importante seguirmos algumas dicas, veja:

· Sempre avaliar e analisar o que o aluno já sabe e as habilidades que ele tem,

pensando nas suas potencialidades; assim, irá partir de pontos estratégicos,


dosando as informações de acordo com o desenvolvimento de cada aluno;

· Diversificar as tarefas e os contextos de aprendizagem. Uma sala de aula nunca é


homogênea, portanto, temos que pensar em todos os alunos ao planejar as


atividades;

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· Socializar o saber: é dever do professor tornar o conteúdo adaptado à sala de aula e

aos alunos, facilitar o processo de aprendizagem e observar as dificuldades que


surgirem, intervindo para melhorar o aprendizado. E não esqueçamos da
importância de dar significado a esse saber.

Agora que pudemos entender as principais teorias que favorecem o aprendizado do


deficiente, vamos ver como são os pressupostos atuais da educação inclusiva no Brasil
e como as práticas podem ser norteadas por esses.

7.2. A Educação Inclusiva Atual

Atualmente, as políticas públicas educacionais para a Educação Especial enfatizam a


inclusão do aluno NEE em salas regulares, com o intuito de extinguir a marginalização
e a exclusão do deficiente. Isso, porém, se tornou um desafio para a escola e para os
pais. A escola brasileira ainda mantém suas raízes no método tradicional e isso
complica práticas educacionais inclusivas. É preciso substituir o paradigma educacional
já superado do aluno padronizado, da busca pela eficiência e objetividade, para um
paradigma fundamentado na diversidade e subjetividade do sujeito. Temos que
substituir o produto modelado pelo ser, fazer e conviver.

O aluno com deficiência se impõe ao ambiente, como qualquer outro aluno de inclusão,
por isso, uma escola acolhedora deve absorver as necessidades e aproveitar as
contribuições que esse aluno pode trazer para o convívio escolar. Ou seja, precisamos
olhar além da deficiência, tanto para ajudar esse aluno como para ensinar o convívio
com a diferença aos outros alunos da escola (MEC, 2006).

Muitas deficiências não trazem o comprometimento cognitivo, e nesse caso é ainda


mais urgente a inclusão desse aluno na sala regular. Não há a necessidade de
qualquer adaptação da escola no que se refere ao material didático ou método de
ensino, mas sim de estrutura física e psicológica, para promover a diversidade e a
integração do aluno com NEE (MEC, 2006).

Quando falamos em adaptação psicológica da escola, estamos focando a questão de


trabalhar o emocional e o social na integração do deficiente. Essa deficiência quase

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sempre modifica a aparência física da criança o que pode afetar seu estado emocional:
baixa autoestima, depressão, apatia, etc. (MEC, 2006).

Embora não seja um sintoma da deficiência, a autoestima baixa é relacionada a ela


como fruto de uma interação social preconceituosa, por isso, é importante a escola
tomar algumas medidas para se preparar para receber o deficiente, veja:

· Informar todo o corpo docente sobre as características de todos os alunos de


inclusão, antes de as aulas começarem;

· Promover palestras e capacitações sobre as deficiências específicas, incluindo a


física, durante o planejamento escolar;

· Elaborar esse planejamento já contemplando ações de apoio e inclusão do


deficiente, para que se sinta acolhido na escola;

· Criar estratégias de orientação de conduta para alunos que irão conviver com a

deficiência.

Caso a criança tenha a saúde comprometida pela deficiência a tal ponto que não possa
frequentar a escola, a mesma deverá ser atendida pelo professor itinerante. A
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra as Pessoas com Deficiência, de 1999, orienta que as pessoas com deficiências
têm os mesmos direitos perante a lei que as outras, garantido pela Constituição
Federal do país e pelos Direitos Humanos da ONU. Portanto, mesmo com a saúde
debilitada, deve receber orientação pedagógica adequada, no lar ou hospital (MEC,
2006).

No caso de atendimento para crianças com a saúde debilitada, ou em tratamentos


específicos em hospitais e afins, a Secretaria Municipal ou Estadual de Educação deve
acionar a escola mais perto geograficamente de onde a criança se encontra. Essa

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escola designará um professor ou professores para ensinar esses alunos, onde
estejam, e ficará responsável pelo plano de ensino e avaliação.

Além do atendimento pedagógico, a criança com NEE tem direito ao lazer, à cultura, às
práticas sociais e ao exercício pleno da cidadania. Se inserida na rede regular de
ensino, a escola, em parceria com a família e comunidade, deve prover esses direitos.
Caso contrário, o município deve chamar a si essa responsabilidade e orientar e ajudar
os pais do aluno.

A educação de um aluno com deficiência não se restringe ao professor e aos pais. É


muito importante o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada por:
médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros.

Devemos salientar que a reabilitação de uma deficiência como a física inclui a


socialização. Além da equipe de saúde, é fundamental o apoio dos colegas, da família,
dos professores, gestores e todos que participam da vida cotidiana do aluno. Então, é
fundamental que a equipe escolar estimule o aluno com NEE a participar de todas as
atividades que ele consiga, para fortalecer essa socialização.

Vamos descrever agora os recursos que podem ser utilizados pela escola e o professor
para facilitar o aprendizado do aluno com deficiência.

7.3. Recursos Paradidáticos

O material de apoio ao professor para ensinar a criança com deficiência é muito


importante. Anteriormente citamos muitos desses materiais e também os recursos
tecnológicos que podem e devem estar presentes em salas de aulas comuns e de
recursos multifuncionais. Abaixo, vamos descrever alguns recursos próprios para o
ensino do deficiente físico:

· Comunicação aumentativa: material didático para quem tem dificuldades de escrita e


fala;

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· Acessibilidade arquitetônica: a escola deve promover o acesso à quadra e pátio para

a criança poder participar das atividades de Educação Física, de lazer e cultura,


promovidas pela escola;

· Engrossar lápis e canetas: para facilitar que a criança segure os mesmos com

conforto e possa escrever, além dessa, qualquer adaptação dos objetos deve é
bem-vinda;

·​ Adaptação dos recursos de informática: do mouse, teclado, tela, etc.


·​ Mobiliário adequado: lousas e carteiras devem ser adaptadas ao deficiente;


· Ponteira de boca/cabeça: para que o aluno com dificuldade motora possa escrever,

desenhar, digitar, etc.

· Pranchas de comunicação: estas podem conter vocalizadores, que ajudam a criança


a se comunicar;

· Cartões personalizados: todos podem ajudar a confeccionar cartões com letras,


números, desenhos, para auxiliar na alfabetização da criança com NEE.

· Comprometimento da parte superior do corpo: fixar o papel na mesa com fitas


adesivas, adaptação dos objetos e dos utensílios para a criança. Os pais devem
vestir a criança com roupas largas e confortáveis. Quanto ao comprometimento da
parte inferior do corpo, falaremos em capítulo mais à frente.

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A criança com deficiência física também pode ter alguns sentidos afetados, como a
visão e a audição. Nesse caso, outros recursos podem ser úteis ao professor, por
exemplo:

· Audiodescrição​: narração de vídeos e imagens para o aluno com problemas de


visão, muito importante se o professor for passar um filme;

· Língua de Sinais (Libras): um intérprete vai facilitar a comunicação e a alfabetização


da criança.

Além dos materiais didáticos e paradidáticos, é muito importante a prática docente na


educação inclusiva. Já comentamos ao longo de nossos estudos como o professor
pode se formar, se qualificar e se preparar para o trabalho com o deficiente em sua
sala de aula, a seguir, vamos estudar as práticas pedagógicas que devem ser adotadas
nesse trabalho.

7.4. Práticas pedagógicas adaptadas aos alunos com deficiência

A escola é responsável pela formação ética e intelectual do cidadão, o é também pelo


processo de democratização do acesso aos conhecimentos acumulados pela
humanidade. E essa responsabilidade é estendida a todos.

O desenvolvimento de uma criança com deficiência merece nossa atenção nesse


momento, pois para saber como ensiná-las é preciso conhecer sua deficiência. Guerra
(2002) sugere várias práticas que podem ser adotadas de acordo com cada dificuldade
apresentada pelo aluno, vejamos:

· Distúrbio de Leitura: motivação; foco no texto; letras grandes e com cores fortes;

mapear letras, palavras e depois frases; compreensão do conteúdo; local


confortável; material adaptado; promover interação entre os alunos; fazer com que a
criança acompanhe a leitura com o dedo ou objeto; ler para a criança e inserir o
lúdico na leitura;

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· Distúrbio na escrita: verificar a legibilidade, a postura e a forma como segura o

lápis; adaptar lápis, canetas, papel e carteira para maior conforto da criança; não
fazer pressão para a criança escrever rápido ou com letra legível; utilizar o
computador, tablet ou celular para auxiliar e ficar atento à evolução individual de
cada aluno;

· Distúrbio lógico-matemático: criar situações-problema; utilizar jogos matemáticos;


diversificar o material; utilizar blocos lógicos; usar recursos tecnológicos. Todos os


recursos e adaptações disponíveis devem ser usados para estimular o aprendizado
do número e seu conceito, da contagem e da resolução de problemas.

7.5. Currículo e Avaliação

Segundo o Ministério da Educação (MEC/SEESP/SEB, 2005), adaptações curriculares


são estratégias e atuações docentes que adequam as práticas escolares ao aluno.
Portanto, o professor planeja seu ensino baseado nas necessidades e potencialidades
dos alunos. Não é um novo conteúdo, mas um conteúdo adaptado ao aluno, tampouco
um novo currículo, mas um currículo adaptado ao público atendido pela escola. Essas
adaptações são feitas baseadas no que o aluno deve aprender e planejam ​como e
quando ​ele deve aprender, fundamentadas nas características desse aluno.

Todas as adaptações devem ser feitas para atenderem as necessidades do aluno e o


objetivo principal deve ser uma aprendizagem efetiva. A escola deve se preocupar, ao
promover as adaptações, que todo o aluno, incluindo o com NEE, tenha acesso ao
conhecimento necessário à sua faixa etária/cognitiva.

O currículo escolar adaptado ao aluno com NEE não deve contemplar somente a parte
física, mas o trabalho com a diferença e a diversidade, através de teorias e práticas,
além de atividades culturais e de socialização.

Esse currículo deve atentar para a diversidade e ser flexível, sempre pronto a receber
alterações, caso seja necessário, sem prejudicar o conteúdo. Ele deve ter

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aplicabilidade na sala de aula e auxiliar o máximo possível o trabalho do professor com
todas as crianças (MEC/SEESP/SEB, 2005).

O currículo deve ser adaptado nos níveis: político (com uma rede de suporte e
serviços), educacional (com planejamento e programação adequados) e pedagógico
(com estratégias de ensino adaptadas). Além disso, é importante que o professor não
fique com todas as responsabilidades, devem ser incentivadas as participações dos
colegas (tutorias) e da comunidade escolar (MEC/SEESP/SEB, 2005).

Todas as adaptações devem estar previstas no Projeto Político Pedagógico – PPP da


escola. Nesse projeto vão constar:

·​ Os aspectos físicos da escola e sua estrutura para receber o deficiente;


·​ A grade curricular adaptada;


· As características da comunidade na qual a escola está inserida, considerando


também o tipo de público que recebe;

·​ A metodologia de ensino e de avaliação;


·​ Os recursos didáticos.

Existem dois tipos de adaptações do currículo, a de acessibilidade e a pedagógica:

· Adaptação de acessibilidade: é a que se faz nos planos arquitetônico e


metodológico, para que o aluno possa usufruir da escola com liberdade,


participando de todas as atividades. Essa adaptação modifica a infraestrutura física
da escola, os materiais didáticos e de comunicação. Por exemplo: fazer rampas,
banheiros adaptados, contratar intérprete de Libras, capacitar professores, comprar
material em braile, etc.

· Adaptações pedagógicas: são as mudanças no projeto pedagógico, nos planos de


aula dos professores e no auxílio individual ao aluno com NEE (MEC/SEESP/SEB,


2005);

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O currículo inclusivo, além de flexível e adaptado às necessidades dos alunos, deve
contemplar a superação das barreiras conceituais e atitudinais em relação à deficiência
física. O aluno com essa deficiência não deve ser “o diferente”, ou “o coitadinho”, mas
um indivíduo capaz de ser e fazer na escola. Essa escola deve se reorganizar de forma
a integrar cada aluno.

Quanto à avaliação, deve ser feita a formativa, ou seja, observar o aluno desde o ponto
de partida, onde se faz um diagnóstico de sua situação cognitiva e acadêmica,
passando pelas evoluções ao longo do ano letivo e focando no desenvolvimento
individual. Lembramos que a criança com deficiência deve ser avaliada com muito
cuidado, pois sua saúde pode passar por instabilidades, e isso pode afetar sua
evolução na escola. Além disso, temos o fator emocional, a construção de uma
autoestima fortalecida e de uma integração, são, às vezes, tão importantes quanto
aprender conteúdos teóricos.

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CAPÍTULO 08 
ADAPTAÇÃO DO MOBILIÁRIO 
 

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Durante as aulas, é muito importante que o professor se atente à postura da criança.


Ela deve ficar sentada de modo reto, sem contorções. Os braços devem estar apoiados
e afastados do corpo. As mãos devem ficar visíveis para as atividades e é preciso estar
sempre atento ao tronco, pernas e pés, para não ficarem sempre na mesma posição e
incharem.

Porém, não existe uma posição padrão para a criança. O mais importante é a saúde e
o conforto, e muitas vezes precisamos mudá-la de posição para não criar feridas e não
prejudicar a circulação. Cada criança vai encontrar a posição mais funcional.

Quanto a estar sentada, é importante porque:

·​ Normaliza as influências neurológicas;


·​ Mantém o alinhamento para evitar deformações;


·​ Aumenta a estabilidade;

·​ Facilita as funções dos membros superiores;


·​ Evita o cansaço excessivo;


·​ Conforto.

Alguns mobiliários foram desenvolvidos especificamente para crianças e adultos com


deficiência física, são eles:

· Cadeira de posicionamento: existem vários tipos destas cadeiras, com encosto reto,

com encosto sextavado ou cadeiras de chão. O mais importante é estar atento às


medidas da cadeira e seu encaixe na anatomia da criança. Também deve-se levar
em conta as suas funcionalidades;

·​ Cavalo de abdução: é usado em cadeiras para manter os joelhos afastados;


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· Carteira com recorte: tem um lugar para encaixe da cadeira da criança para que

possa fazer suas atividades.

Outros cuidados devem ser observados com as crianças com deficiência física no
cotidiano escolar, tais como:

· A criança deve sentar no meio da sala, de frente para a lousa, esta, deve estar em

uma altura suficiente para que o aluno não force o pescoço e a cabeça;

· Crianças com Paralisia Cerebral que tenham hemiparesia devem ter um colega

auxiliando ao lado da parte comprometida, assim como seus materiais do mesmo


lado, para que ela faça a transferência de peso do corpo, estimulando a parte
paralisada/comprometida;

· Crianças com comprometimento cognitivo devem estar o mais perto possível da


lousa e do professor;

·​ Diminuir ao máximo estímulos visuais ou auditivos que distraiam a criança;


· Verificar a iluminação e a circulação na sala de aula, criando um espaço suficiente


para a cadeira de rodas se locomover. As portas das salas também devem ser
largas e o chão antiderrapante (MEC/SEESP/SEB, 2005).

Se a criança usar cadeira de rodas é importante alguns cuidados em relação a essa


quando ela estiver na escola, vejamos:

· Mobilidade: tenha cuidado ao movimentar a cadeira e avise a criança que vai


movê-la;

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· Comunicação: vire a cadeira sempre para a pessoa que está falando;

· Cadeira: não use a cadeira para pendurar ou transportar objetos.

Como já comentamos, a acessibilidade do aluno a todos os ambientes da escola deve


ser providenciada, assim como a adaptação de banheiros, bebedouros e o mobiliário
dos refeitórios.

Todas essas adaptações são previstas em lei e devem ser seguidas rigidamente. A
escola deve prover a acessibilidade e o conforto do aluno com NEE e cuidar para que
sua saúde não seja afetada, além disso, deve estar atenta ao bem-estar e
desenvolvimento dessa criança.

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CAPÍTULO 09 
PLANIFICAÇÃO FUTURA 
 

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Quando estamos falando de crianças com NEE fica muito difícil fazer um prognóstico
para o futuro. Existem muitos fatores envolvidos no planejamento de uma educação a
longo prazo, como a própria evolução do quadro de saúde da criança. Se a criança
tiver deficiência física e comprometimento neurológico, as bases para um trabalho
pedagógico de longo prazo devem atentar para:

· Flexibilização metodológica: não se pode pensar no ensino de uma criança com


NEE de forma engessada e padronizada. Cada criança tem seu próprio ritmo, seus
limites e suas habilidades individuais. Isso se dá com qualquer aluno, mas ainda
mais com alunos com deficiência, pois tem um desenvolvimento fora do padrão
imposto pelos paradigmas tradicionais. Essa peculiaridade deve ser notada e
trabalhada;

· Rever conceitos: não existe teoria ou prática fechada quando falamos de educação,

menos ainda de educação inclusiva. O professor deve estar sempre atualizado e


atento às mudanças que ocorrem na sociedade, na legislação, na escola e com
seus alunos;

· Derrubar preconceitos e estereótipos: cada ser humano é único, por isso não

devemos formar preconceitos a respeito de alunos de inclusão, nem dar margem às


estereotipias vindas da sociedade;

· Comprometimento: a escola e o aluno devem poder contar com o professor e com a


família. Todos devem estar envolvidos no processo de ensino-aprendizagem da


criança com NEE, ajudando-a a construir seus saberes;

· Formação continuada: o professor não deve abandonar nunca as atualizações


profissionais, nem padronizar seu método e sua didática. A adaptação ao processo


de ensino é constante, sempre refletindo e sempre analisando suas práticas;

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O aluno com deficiência física pode chegar ao Ensino Médio e ao Superior, porém, isso
vai depender de fatores externos à sala de aula tanto quanto aos fatores internos. O
mais importante é que a escola faça todo o possível para que esse aluno avance nos
estudos e tenha seu lugar na sociedade e, se possível, no mercado de trabalho. São
muitos os obstáculos a serem vencidos, como: falta de professores capacitados, de
escolas adaptadas, de materiais didáticos úteis e apropriados, desmotivação,
problemas de adaptação e socialização, preconceito, problemas de transporte, de
acesso, enfim, nosso processo de inclusão do deficiente físico ainda está incompleto.

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85 
 

REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
 

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BARRETO, K.C.C. BARRETO, W.P. ​A formação dos professores e a inclusão


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________​Base Nacional Comum Curricular.​ Brasília: Ministério da Educação, 2017.

________Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Institui a Lei de Diretrizes e


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________Lei nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. ​Institui a Lei de Acessibilidade


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________L​ei nº 13146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da


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Introdução/Coordenação geral de Francisca Roseneide Furtado do Monte, Idê Borges
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________Portal Todos pela Educação. Disponível em:


https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/conheca-o-historico-da-legislacao-sobr
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