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TRANSTORNO

MENTAL E
AUTISMO

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO

SUMÁRIO

Transtornos Mentais ......................................................................................... 3

Uma breve história das doenças mentais ..................................................... 6

Sistemas de classificação e diagnóstico ....................................................... 8

Psicopatologia na atualidade .......................................................................... 9

TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO ....................................................... 11

TRANTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO ................................ 20

Transtornos do espectro autista ................................................................... 21

Transtornos de aprendizagem ...................................................................... 23

Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade .................................. 26

Deficiência intelectual .................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 30

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Transtornos Mentais

Transtornos mentais, de acordo com o CID –10 tem em comum uma etiologia

demonstrável, de doença ou lesão cerebral, ou outra afecção que leve a uma

disfunção cerebral. Disfunção esta que pode ser primária como em doenças, lesões e

afecções que afetam o cérebro diretamente e preferencialmente; ou secundário, como

em doenças e transtornos sistêmicos que acometem o cérebro como um dos múltiplos

órgãos ou sistemas corporais envolvidos.

Segundo Fernandez e Cheniaux (2010) o termo transtorno mental é utilizado

para indicar a presença de um conjunto de vivencias subjetivas ou comportamentais

que causam sofrimento significativo ou um importante prejuízo no funcionamento

social, ocupacional ou em qualquer outra área importante da vida do indivíduo.

Jung (1986) sobre a doença mental salienta que eclode em momento de

grande emoção despertadas por razões, por assim dizer, normais. Para o autor

quando a doença mental surge, vários sintomas aparecem que não podem de modo

algum ser compreendidos do ponto de vista anatômico, porém tornam-se

compreensíveis quando considerado a história pregressa do sujeito. Sendo assim a

personalidade torna-se, o elemento no qual se desenvolve a doença. O critério que

permite julgá-la é ao mesmo tempo a realidade e a medida da doença (FOCAULT

1975).

Zimerman (2007) ressalta que as defesas empregadas pelo ego definem a

formação do tipo de caráter e dos transtornos mentais. Determinado mecanismo

defensivo do ego pode predominar com grande intensidade, que acaba por

estabelecer um padrão do tipo de caráter do sujeito ou o transtorno mental. É

frequente que se forme uma constelação de defesas que se configuram em

determinada organização defensiva típica de certos padrões de quadros clínicos de

psicopatologia ou de personalidade. O autor exemplifica tal afirmação com a

possibilidade de que uma criança tenha sido educada com constantes avisos de

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cuidados e com repetidas advertências de que deve evitar riscos, que na maioria dos

casos são situações banais de fácil e sadio enfrentamento. Essa criança torna-se mais

propensa a se tornar uma pessoa fóbica com a vigência de defesas que procuram

evitar situações imaginadas como sendo perigosas, tais como; o escuro, espaço

aberto ou fechado, medos de pequenos animais, sangue, injeções entre outros.

Exemplo usado pelo autor para elucidar o fenômeno diz respeito a educação,

onde aponta que uma criança marcada por intensas e exageradas recomendações,

advertências e até mesmo ameaças com relação à limpeza, terá forte tendência a

tornar-se uma pessoa com características obsessivas, ficando assim submetido a um

superego que é rígido cobrador e ameaçador. As causas determinantes não são

unicamente exteriores, como nos exemplos citados, pois uma fobia pode ser resultado

de uma projeção de sentimentos persecutórios internos. Uma neurose obsessiva–

compulsiva pode ser consequência defensiva contra um superego cruel e tirânico

(ZIMERMAN, 2007).

Em continuação Laplanche e Pontalis (2001, p.277) afirmam “Mecanismos de

defesa são diferentes tipos de operações em que a defesa pode ser especificada”.

Nesse sentido Laia (2011) no contexto específico de uma abordagem dimensional dos

transtornos mentais, aponta que encontraremos proposições como: sintomas

psicóticos (positivos), sintomas negativos, sintomas maníacos, sintomas depressivos,

deficiência cognitiva, ansiedade, sintomas obsessivo compulsivos, uso indevido de

substância, impulsividade, propensão ao suicídio, problemas alimentares, problemas

de sono e problemas sexuais.

Michel Foucalt (1975) acrescenta, ressaltando que: Se define a doença mental

com os mesmos métodos conceituais que a doença orgânica, se se isolam e se se

reúnem os sintomas psicológicos como os sintomas fisiológicos, é porque antes de

tudo se considera a doença, mental ou orgânica, como uma essência natural

manifestada por sintomas específicos. Entre essas duas formas de patologia, não há

então unidade real, mas semente, e por intermediário destes dois postulados, um

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paralelismo abstrato. Ora o problema da unidade humana e da totalidade

psicossomática permanece inteiramente aberto (FOULCAULT, 1975).

O autor ainda salienta que as dimensões psicológicas da doença não podem

ser encaradas como autônomas. Para ele, a doença mental pode situar-se em relação

a gênese humana, à história psicológica e individual e também às formas de

existência. É necessário levar em consideração esses aspectos da doença e recorrer

a explicações míticas, como a evolução das estruturas psicológicas e a teoria dos

instintos, para compreender o processo da doença mental. Foucault acrescenta ainda

que, “é somente na história que se pode descobrir o único, a priori concreto, onde a

doença mental toma como abertura vazia de sua possibilidade suas figuras

necessárias” (FOUCAULT, 1975).

Em continuação, Foucault (1975) afirma que é da angustia que a evolução

psicológica se transforma em história individual. O que une o presente e o passado é a

angustia, e esta situa-se em relação ao outro e confere-lhes uma comunidade de

sentido. A conduta patológica é envolvida por conteúdos arcaicos e uma inserção

significativa do presente, e é neste presente que desencadeia a ambivalência e a

angustia, provocando o jogo de proteção neurótica. Deve-se ressaltar que esta

angustia e os mecanismos que a afastam, já foram a muito tempo fixados na história

do sujeito. Diante disso, é possível então corroborar dizendo que a doença

desenvolve-se como um círculo vicioso, onde o doente se protege contra um passado

em que a presença secreta faz surgir a angustia, por meio de seus atuais mecanismos

de defesa, por outo lado contra a possível ocorrência de uma angustia atual, dessa

forma o sujeito se protege apelando para proteções instauradas no decorrer de

situações análogas.

A história psicológica do doente é composta por um conjunto de condutas

significativas que edificam mecanismos de defesa contra a ambivalência das

contradições efetivas (FOUCAUL,1975). Diante das afirmações compreende-se que se

pelo olhar do autor que o complexo de édipo não foi vivenciado de forma satisfatória,

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ou até mesmo correta, este sujeito poderá vivenciar sintomas psicopatológicos quando

adulto.

Uma breve história das doenças mentais

Desde que as pessoas se reconhecem enquanto pessoas, existe a percepção

de comportamento normal, padrão e comportamento desviante. Em diferentes

momentos da história, esses comportamentos desviantes receberam vários nomes e

classificações.

Para os antigos, alguns desses comportamentos eram vistos como sinais de

deuses, tanto positivos quanto negativos. Alguns casos de esquizofrenia, por exemplo

eram vistos como sinais de profetas.

Com a influência do cristianismo na cultura ocidental, esses mesmos

comportamentos passaram a ser vistos como sendo negativos e influenciados por

demônios. A depressão, por exemplo, dizia-se que era influenciada pelo demônio do

meio-dia. Como a Igreja tinha bastante influência na sociedade, essas pessoas eram

ou abandonadas por estarem possuídas ou eram levadas a igrejas para serem

exorcizadas.

No final da idade média e início do Renascimento, pessoas que apresentavam

esses comportamentos eram deixadas de lado pela sociedade. Eles eram chamados

de loucos e muitas vezes eram trancados com criminosos para afastar suas

influências das pessoas ditas normais.

Com o tempo e o avanço da medicina, começou-se a perceber que esses

“loucos” não possuíam só comportamento desviante, mas apresentavam sintomas

claros que se repetiam em várias pessoas. Agora, ao invés de trancados em cadeias

com criminosos comuns, eles eram trancados em asilos e manicômios para serem

estudados e tratados. Neste ponto, passou-se a reconhecer a loucura como doença

mental.

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Surge então a psiquiatria moderna no final do século XIX e várias tentativas de

tratamento de doenças mentais. Sigmund Freud, por exemplo, com ajuda de Jean-

Martin Charcot, utilizou inicialmente a hipnose para mostrar que a histeria, doença até

então misteriosa que afetava principalmente mulheres e causava paralisias entre

outros sintomas, era uma doença psicogênica, ou seja, de origem psicológica ou

mental.

Carl Jung, psiquiatra suíço que trabalhou no hospital psiquiátrico de Burgholzli

na suíça, mostrou através de testes de associação de palavras a existência de

complexos autônomos reprimidos e inconscientes, comprovando assim a tese de

Freud. Ele também contribuiu no desenvolvimento do diagnóstico de esquizofrenia,

elaborado por seu professor e mentor Eugene Bleuler, doença até então chamada de

demência precoce.

No século XX, houveram muitos avanços na psiquiatria e na psicopatologia,

como ficou conhecida a área de estudos das doenças mentais. Durante a Primeira

Guerra Mundial houveram importantes avanços na área da psicometria, ou de testes

psicológicos. Eles eram utilizados inicialmente para selecionar os melhores soldados e

depois para selecionar os melhores empregados para as indústrias.

Com os testes psicológicos começaram as classificações de inteligência. Com

isso alguns casos de transtornos mentais passaram a ser classificados como retardos

mentais ou déficits de inteligência. Pessoas com QI entre 80 e 120 eram consideradas

normais, pois estavam na média. Pessoas com QI abaixo de 80 eram consideradas

com atraso no desenvolvimento mental e taxadas como retardadas mentais.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Associação de Psiquiatria Americana criou

o Manual Estatístico e Diagnóstico de Doenças Mentais, o DSM (Diagnostic and

Statistic Manual).

Atualmente estamos na quarta edição, lançada em 1994, com revisão feita em

2000.

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A Organização Mundial da Saúde organizou a Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, atualmente em

sua décima revisão, conhecido por sua sigla CID-10. Ela possui um capítulo exclusivo

para distúrbios mentais e do comportamento que pretende estar concordante com o

DSM, porém apresenta algumas diferenças significativas.

Um estudo foi feito mostrando que o CID-10 é mais utilizado em diagnósticos

clínicos enquanto o DSM-IV é mais utilizado em pesquisas. O DSM-V está agendado

para sair em 2013 e o CID-11 para 2015, com mais aproximações entre ambos.

Com todas as classificações de loucura da medicina e de retardo mental da

psicologia, o século XX trouxe muitos estigmas às pessoas que traziam tais rótulos.

Elas eram chamadas de loucas, depois de doentes mentais ou retardadas mentais.

Inclusive alguns problemas físicos com efeitos no comportamento e na inteligência,

como o hipotireoidismo – também chamado de cretinismo, foram responsáveis por

estigmatizar várias pessoas.

Atualmente, chegou-se em um consenso de utilizar o termo “transtorno mental”

ou “distúrbio mental”, para desestigmatizar essas condições psicológicas. Essas

pessoas não são mais marginalizadas como loucas ou internadas como doentes, mas

tratadas com respeito e compreensão.

Os atuais manuais classificam os transtornos, não as pessoas. Por isso evita-

se utilizar expressões como “o esquizofrênico” ou “o alcoólatra” e utilizam-se termos

como “a pessoa com esquizofrenia” ou “o paciente que sofre de alcoolismo”.

Sistemas de classificação e diagnóstico

Um dos papéis da ciência é desenvolver sistemas de classificação de seus

objetos de estudo, para facilitar a aproximação do cientista. Na área da psiquiatria e

dos sistemas de diagnóstico não é diferente.

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Aceita-se o uso da expressão “transtornos” ou “distúrbios mentais” para se

referir aos problemas psicopatológicos. Eles são diagnosticados pela presença de

sintomas, que são manifestações únicas e desviantes do comportamento dito normal.

Um grupo de sintomas pode ser classificado como uma síndrome. Uma determinada

síndrome psicológica classificada, então, pode receber o nome de transtorno mental.

Vale, porém, ressaltar que esses sistemas de classificação não são recortes

reais da vida. Eles são somente modelos para auxiliar o profissional da área da saúde

e deve ser visto como um mapa, um guia e não o território. Os transtornos e distúrbios

mentais não existem de fato, somente um agrupamento pragmático de manifestações

que chamamos de sintomas.

Psicopatologia na atualidade

Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os problemas

classificados no DSMIV e CID-10, como depressão, ansiedade, autismo e

esquizofrenia. Também é reconhecido o diagnóstico de atraso mental como um déficit

de inteligência, que pode ser leve, moderado, grave ou profunda.

O DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos seguintes grupos:

1) Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância e

adolescência, como os retardos mentais e distúrbios de aprendizagem;

2) Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros Transtornos

Cognitivos;

3) Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral, como transtornos

catatônicos e desvios de personalidade;

4) Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de álcool ou

dependência de drogas, ou ainda transtornos induzidos por uso de substância como

abstinência de nicotina ou demência alcoólica;

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5) Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como paranoia

(esquizofrenia do tipo paranoide) ou transtorno delirante;

6) Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bipolar;

7) Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;

8) Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos e transtornos

dismórficos;

9) Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;

10) Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou fuga

dissociativa;

11) Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aversão sexual ou

parafilias (como pedofilia);

12) Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa;

13) Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;

14) Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou piromania;

15) Transtornos de personalidade, como personalidade paranoica ou

personalidade obsessivo-compulsiva.

O CID-10, em seu capítulo 5 (F) dedicado aos transtornos mentais e de

comportamento, classifica-os da seguinte forma:

1) Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos (F00-F09),

como Alzheimer, demência vascular ou transtornos mentais devido a lesão cerebral ou

doença física;

2) Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância

psicoativa (F10-F19), como uso de álcool ou múltiplas drogas;

3) Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes (F20-

F29), como esquizofrenia e psicose aguda;

4) Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como depressão ou

transtorno bipolar.

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5) Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e

transtornos somatoformes (F40-F48), como transtorno obsessivo-compulsivo ou

transtorno de estresse póstraumático;

6) Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a

fatores físicos (F50-F59), como os transtornos alimentares ou disfunções sexuais ou de

sono causados por fatores emocionais;

7) Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto (F60-F69),

como transtornos de hábitos e impulsos.

8) Retardo Mental (F70-79), classificados como leve, moderado, grave ou

profundo;

9) Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), como

transtornos relacionados à linguagem ou ao desenvolvimento motor;

10) Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem

habitualmente durante a infância ou a adolescência (F90-F98), como distúrbios de

conduta ou transtornos hipercinéticos;

11) Transtorno mental não especificado (F99).

TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO

O autismo é uma síndrome que engloba múltiplas etiologias ainda não

comprovadas e em diferentes graus de severidade. Atinge cerca de 8 a cada 10 mil

indivíduos e sua maior incidência ocorre no sexo masculino (CRAVEIRO DE SÁ,

2003). A mesma autora afirma ainda que na maior parte das vezes, a criança autista

tem uma aparência típica e ao mesmo tempo com um perfil irregular, como problemas

na interação social, na comunicação e no comportamento, características

fundamentais do autismo.

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O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo

Kanner, em seu artigo “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Kanner usa o termo

“mãe geladeira” para descrever a relação de distância e frieza materna, enquadrado

no modelo psicodinâmico (CRAVEIRO DE SÁ 2003, p. 95). O autismo é uma síndrome

que apresenta várias denominações, entre elas o TGD (transtorno global do

desenvolvimento), TID (transtorno invasivo do desenvolvimento), TEA (transtorno do

espectro autista), entre outros.

O DSM IV-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o

CID10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e de Problemas

Relacionados à Saúde) são Critérios Diagnósticos para o Transtorno Autista (DSM IV,

2002; CID 10, 1994). Em 2002, no DSM-IV-TR, a categoria “transtornos invasivos do

desenvolvimento” passou a ser nomeada “transtornos globais do desenvolvimento”

(TGD). Devido ao senso comum na literatura, optou-se pela palavra autismo para se

referir às pessoas com esses transtornos. Pelo uso cotidiano e pela aceitação da

expressão autismo, preferimos optar também por este termo para nos referirmos às

pessoas com TGD.

O autismo pode ser caracterizado por um comprometimento em várias áreas

do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de

comunicação ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades.

Os prejuízos qualitativos que definem estas condições representam um desvio

acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo. Em

geral, as alterações se manifestam nos primeiros anos de vida, variando em grau e

intensidade de manifestações, desta forma o autismo se enquadra dentro do TGD

(DSM IV, 2002, p. 99).

Este transtorno caracteriza-se, como explica o DSM-IV, por um

comprometimento em várias áreas do desenvolvimento, tais como: a interação social

recíproca, o relacionamento com pessoas, ausência de interesse e prazer com os

outros, uma percepção comprometida da sua existência e empatia. Também

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apresenta um comprometimento na comunicação verbal e não-verbal, atraso na

linguagem, dificuldade em manter uma conversação e o uso estereotipado e repetitivo

da palavra. Além disso, apresenta compreensão atrasada da linguagem e uma

incapacidade para compreender metáforas. “Um diálogo de realistas(autistas) com

surrealiatas” essa frase ilustra bem o que um autista percebe quando está

conversando com uma pessoa “normal”, segundo as palavras de Temple

Grandim(SACKS, 1995).

Estudos também indicam uma incapacidade dos autistas em distinguir

aparência de realidade, entre algo que parece e algo que é de fato. Isso demonstra um

déficit no autismo com relação ao desenvolvimento de uma teoria da mente

(BARONCOHEN, 2001). “O autismo como tema toca nas mais profundas questões de

ontologia, pois envolve um desvio radical no desenvolvimento do cérebro e da mente”

(SACKS, 1995).

É consenso dos autores na área em afirmar que os indivíduos com esse

transtorno possuem comportamento e interesses restritos, repetitivos e estereotipados,

adotam uma rotina permanente, apresentam restrição numa área de interesse, podem

insistir bruscamente em algo e ainda, podem apresentar anormalidades na postura.

Como citado anteriormente, são várias as possíveis causas do autismo. Porém,

entre as mais aceitas hoje, desperta grande interesse nos pesquisadores da área

neurológica, no qual os sintomas e mutações genéticas são resultado de alguma falha

de comunicação entre regiões do cérebro. Assim novas conexões neurais,

estimuladas por terapia, poderiam ser formadas a fim de compensar a falha. É

importante compreender como o cérebro dos primatas é construído e como um erro na

sua estrutura pode levar a uma doença (CAVADA, 2004). A compreensão das

alterações dos mecanismos do cérebro autista pode estimular a elaboração de novas

e mais adequadas estratégias sociais para estes pacientes (ZILBOVICIUS, 2006).

Na década de 80, para não precisar remontar a história destas técnicas,

estudos post-mortem deram início aos estudos básicos de neuroanatomia em pessoas

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autistas. Foram descritas alterações no lobo frontal medial, temporal medial, gânglios

da base e tálamo (DAMÁSIO e MAURER, 1978, apud MOURA et al, 2005). Os artigos

sobre o tema relatam que pacientes autistas apresentam prejuízo em regiões

cerebrais como o cerebelo, a amígdala, o hipocampo, gânglios da base e corpo

caloso, no entanto, as anormalidades celulares e metabólicas permanecem

desconhecidas (BOLIVAR et al, 2007; DEVITO et al, 2007; MINSHEW & WILLIAMS,

2007 apud PEREIRA, 2007). Já em um estudo longitudinal post-mortem de autistas, o

volume e o metabolismo da glicose da amígdala e do hipocampo não apresentam

diferenças, mas um volume reduzido do giro cingulado posterior e anterior direito,

especificamente na área 24 de Brodmann (HAZNEDAR et al, 2000).

Outros estudos post-mortem revelaram áreas de anormalidade anatômica no

sistema límbico, em que o hipocampo, a amígdala e o córtex entorrinal mostram um

tamanho relativamente pequeno das células e uma maior densidade de células em

todas as idades, no qual sugere um padrão consistente com a restrição de

desenvolvimento no cerebelo e oliva inferior. No cerebelo o número de células de

Purkinje é reduzida e a região posterior inferior dos hemisférios aparentemente são

áreas de principal redução. Estes relatos apresentam mudanças relacionadas à idade,

ao peso e ao volume cerebral (KEMPER; BAUMAN, 1998).

Em outros estudos post-mortem, além das alterações já conhecidas, verificou-

se que as pessoas autistas podem apresentar uma significativa redução no número de

células de Purkinje no cerebelo (RITVO et al, 1986 apud MOURA, 2005), tendo um

efeito, principalmente, nos hemisférios do córtex neocerebelar posterolateral e no 109

córtex archicerebelar adjacente (ARIN et al, 1991 apud BAUMAN; KEMPER, 2004).

Para uma melhor compreensão, as células de Purkinje têm grande relevância,

por serem as células que mais recebem sinapses no SNC, podendo receber até 200

mil contatos sinápticos (ROSS et al, 1990 apud ANNUNCIATO, 1995).

Nesta revisão desenvolvida em neurologia e autismo, observou-se ainda que,

existem anormalidades do lobo temporal, localizadas nos sulcos temporais superiores

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bilateralmente, sendo esta uma importante região para a percepção de estímulos

sociais. Ainda, estudos funcionais envolvidos com a percepção social demonstram

hipoativação na percepção de faces e cognição social (ZILBOVICIUS, 2006). Outra

região cuja função está relacionada ao social e ao emocional é a amígdala, apontada

por desempenhar um importante papel em estudos de neuroimagem e compreender

as bases neurobiológicas do autismo (CODY, PELPHREY e PIVEN, 2002). Sabe-se

por diversos estudos que, as amígdalas participam ativamente das situações que

evocam o medo em nossas situações diárias, por isso que esta região continua muito

prestigiada nos assuntos relacionados ao cérebro.

A ressonância magnética e posteriormente a neuroimagem, foram um grande

passo nas pesquisas sobre alterações anatômicas no autismo, como um aumento

quantitativo do volume, da massa e dos ventrículos cerebrais, da mesma forma que

uma hipoplasia (patologia por insuficiência de desenvolvimento de um tecido ou de um

órgão) dos lobos cerebelares (regiões VI e VII) (PIVEN et al. 1995 apud MOURA et al,

2005).

Imagens cerebrais são utilizadas em estudos recentes para obter uma ideia

melhor dos circuitos neurais no autismo. Os exames de imagem cerebral funcionais

(tomografia por emissão de pósitrons, tomografia por emissão de fóton único e

ressonância magnética funcional) ampliam a visão para um estudo do funcionamento

cerebral normal e patológico (ZILBOVICIUS et al, 2006). Essa conjectura faz oposição

ao pensamento de Batista; Bosa (2002, p. 65) em que afirmam que tecnologias, como

o SPECT ou a ressonância magnética funcional, tem pouca resolução localizatória,

pois não é uma atividade 'online' como coloca os autores. Nesses estudos, a pessoa

precisa ficar com a cabeça estagnada dentro de uma máquina, sem possibilitar uma

observação natural do indivíduo.

Os estudos de imagens facilitam a compreensão de como o cérebro dos

indivíduos funciona, no caso dos autistas, um estudo com ressonância magnética

pode mapear a amígdala como sendo inicialmente maior em crianças, o que não

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ocorre em crianças com desenvolvimento típico. Também foi relatado um maior

volume no hipocampo direito e esquerdo, quando comparado a um controle do

desenvolvimento típico e independente de apresentar ou não retardo mental

(SCHUMANN, 2004). Também documentado, em estudos de neuroimagem por

ressonância magnética estrutural, o início de um aumento cerebral junto aos sintomas

do autismo entre 2 e 4 anos de idade, no qual interrompe o desenvolvimento normal

do cérebro (LAINHART et al, 2006; MINSHEW & WILLIAMS, 2007 apud BAUMAN;

KEMPER, 2004).

Outra causa atual, que pode ajudar a compreender o autismo, refere-se aos

neurônios espelho (NE) e implica em uma falha no desenvolvimento de sistemas de

NE que podem resultar em uma série de prejuízos decorrentes de desenvolvimento

caracterizado por uma síndrome clínica do autismo (WILLIAMS, 2001).

Esses dados referentes à área neurológica do autismo sugerem um

funcionamento anormal da rede de pensamentos do cérebro social no autismo. A

compreensão das alterações nesse importante mecanismo pode estimular a

elaboração de novas e mais adequadas estratégias sociais de reeducação para

pacientes autistas (ZILBOVICIUS, 2006). É por isso talvez o maior número de

publicações nesta área há cada ano. Em outro estudo, Machado et al. (2000)

apresentam um estudo das alterações anátomo-funcionais do SNC de pacientes

autistas e relatam alterações cerebrais como o aumento da espessura do córtex do

lobo frontal, dos lobos temporais, parietais e occipital e a baixa reprodução celular nos

hemisférios cerebrais. Foram descritas ainda, alterações do corpo caloso, do giro

cíngulo, das olivas bulbares e do IV ventrículo. A baixa admissão da transformação do

núcleo da célula também foi obtido como resultado. O estudo trouxe como novidade o

relato de anormalidades como uma inversão incompleta do hipocampo têmporo-mesial

e uma redução do hipocampo bilateral (MACHADO, 2000).

Segundo o mesmo autor, no corpo caloso encontrou-se uma angulação

anterior do esplênio e agenesia, eversão do giro cíngulo e um pequeno prolongamento

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temporal do ventrículo lateral direito. A presença de cistos aracnóides na fossa

temporal também foram encontrados, assim como uma persistência do cavum do

septo pelúcido e sua continuidade com o cavum Vergae. Os mesmos estudos ainda

afirmam que no terceiro ventrículo houve uma extensão superior, uma displasia

cortical occipital bilateral e uma moderada hidrocefalia supra-tentorial.

Outros achados de Carvalheira et al (2004) referente a estas imagens,

apontam alguns problemas genéticos relacionados com o autismo que são as

convulsões, a deficiência mental, a diminuição neural, assim como a diminuição

sináptica na amígdala, no hipocampo e no cerebelo. Da mesma forma o tamanho

aumentado do encéfalo e concentração aumentada de serotonina circulante também

são causas neurobiológicas que estão associadas ao autismo. Estas fortes evidências

acerca do fator genético de doenças psiquiátricas como o autismo, permeiam há mais

de três décadas. Há 15 anos, estudos começaram uma análise de ligação gênica, no

qual uma quantidade muito pequena de genes foi identificada e poderá ser

reconhecida somente quando um número muito alto de pessoas afetadas e familiares

passarem por análise (CARVALHEIRA et al, 2004).

Por não existir marcadores biológicos, o diagnóstico do autista é ainda baseado

em critérios comportamentais, mesmo que as pesquisas sobre o tema estejam em

constante avanço, ainda há uma distância muito grande na compreensão desse

fenômeno (MOURA et al, 2005). Mesmo assim, estas evidências apontam para a

melhor forma de diagnosticar o autismo.

Ainda em estudos de neuroimagem funcional, Critchley et al (2000) completa

que há um prejuízo na ativação do giro fusiforme e áreas como o giro temporal

superior esquerdo e o córtex visual periestriado são ativados quando associados ao

reconhecimento de faces em pessoas autistas (CRITCHLEY et al., 2000 apud MOURA

et al, 2005).

Mesmo sendo achados comuns, nesse estudo, não foi encontrada alguma

anormalidade no sistema límbico e no cerebelo (CODY; PELPHREY; PIVEN, 2002),

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no entanto, são encontrados não consistentes. O que foi encontrado nesta revisão

realizada, foram estudos que abordam este tema (anormalidade no sistema límbico)

mas não publicados.

Envolvimento do sistema límbico, cerebelo, corpo caloso, gânglios da base e

no tronco cerebral foram detectados em mais um estudo (BAUMAN; KEMPER, 2004).

Um leve espessamento das arteríolas, junto a um leve aumento de tecido conjuntivo

nas leptomeninges e o aumento de células no lobo frontal direito (AARKROG, 1968

apud BAUMAN; KEMPER, 2004) foi descrito em um estudo com autistas, que anos

depois foram sendo examinados mais materiais. Em um estudo posterior, com mais de

quatro indivíduos, foi observado perda de células e de glicose (WILLIAMS et al, 1980

apud BAUMAN; KEMPER, 2004).

Encontrados em outros estudos, evidências de córtices espessos, áreas de

maior densidade neuronal, padrão laminar irregular, aumento no número de neurônios

na camada I e uma orientação anormal das células piramidais (BAILEY et al, 1998

apud BAUMAN; KEMPER, 2004).

Estudos de Bauman e Kemper (2004) não apresentam anormalidade em

regiões do córtex, no qual faz oposição aos relatos de Casanova et al. (2002 apud

GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004), em que o córtex cerebral demonstra um número

maior de minicolunas, estas minicolunas que deveriam ser menores e mais

compactadas nas três áreas corticais.

Em muitos exames e estudos é detectado uma redução ou um aumento de

determinadas áreas cerebrais. Da mesma forma, apresenta os achados de Bauman e

Kemper (1994), quando comparados às pessoas saudáveis, o cérebro do autista

mostra um tamanho reduzido das células neurais e um aumento de células com

densidade de empacotamento bilateral, isso significa um aumento no número de

neurônios por unidade de volume. Outras alterações foram encontradas no

hipocampo, subículo, córtex entorrinal, amígdala, corpo mamilar, giro do cíngulo

anterior e do septo e estruturas do sistema límbico.

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Em crianças com autismo de até anos de idade, o número de neurônios

localizados no núcleo da banda diagonal de broca do septo é extraordinariamente

grande. Em contraste, autistas com mais de anos apresentam uma acentuada redução

nessas células (KEMPER; BAUMAN, 1998). Um ano anterior, os mesmos autores

também haviam feito estudos e essa relação com a idade aconteceu com o peso total

do cérebro, em que crianças possuíam uma elevação nesse peso, diferente dos

adultos que tendiam a ser mais leves.

Também há suspeitas de ausência de hiperplasia glial, possivelmente adquirida

no início do desenvolvimento (BAUMAN; KEMPER, 1996; BAILEY et al, 1998 apud

BAUMAN; KEMPER, 2004) e anormalidades no fastigial, nos globosos e no núcleo

emboliforme do telhado cerebelar que se altera no decorrer da idade.

Os estudos mais significativos de Bauman e Kemper (2004) incluíam o sistema

límbico e os circuitos cerebelares. Estudos ainda apresentam uma possível diminuição

da morte celular neuronal, um aumento da produção de tecidos cerebrais

nãoneuronais (células da glia), uma diminuição da poda sináptica e anormalidades de

mielina (LAINHART et al, 1997; COURCHESNE et al, 2003 apud BAUMAN, KEMPER,

2004).

Métodos de neuroimagem em pessoas com autismo, também mostram

alteração estrutural do cerebelo nos lóbulos VI a VII do vérmix e dos hemisférios

cerebelares. Ainda no lobo VI, os estudos funcionais apresentam uma hipoativação

relacionado à atenção não motora (BUGALHO; CORREA; VIANA-BAPTISTA, 2006).

Em estudos de ressonância magnética, Haznedar et al. (2000) relata uma

redução significativa no metabolismo no giro do cíngulo anterior e posterior. O

hipometabolismo da glicose também foi relatado, sem apresentar diferença no

metabolismo e no volume da amígdala e do hipocampo. As conclusões estudadas

chegaram a uma redução de volume no giro do cíngulo anterior direito, em pacientes

autistas, mais especificamente na área de Brodmann, relacionado à motricidade.

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Ao contrário de muitos estudos, um recente estudo de ressonância magnética

relatou não haver nenhuma diferença no volume do hipocampo de pessoas autistas

quando comparadas aos pacientes saudáveis. Em outro estudo, somente com o

hipocampo posterior examinado, obteve-se resultados duvidosos (HAZNEDAR et al,

2000).

Em um estudo de ressonância magnética estrutural e funcional, relatórios

indicam achados consistentes de estruturas mencionadas até então. Em indivíduos

autistas, foi detectado um aumento do tamanho cerebral, assim como constatado um

maior volume da amígdala e dos gânglios da base. Em contrapartida, no cerebelo foi

observado uma diminuição em seu tamanho. O corpo caloso e o tronco cerebral

também apresentaram um tamanho reduzido. No giro do cíngulo foi constatado uma

diminuição não somente no volume, mas também na ativação dessa região cerebral.

Apesar de outras evidências serem achadas sobre o hipocampo, neste estudo, não foi

encontrado diferenças significativas de tamanho em pessoas com autismo (CODY;

PELPHREY; PIVEN, 2002).

TRANTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO

O novo grupo de transtornos do neurodesenvolvimento é uma das mudanças

na estrutura do DSM apoiada por características fisiopatológicas. São doenças

caracterizadas por um atraso ou desvio no desenvolvimento do cérebro que

influenciam características fenotípicas (Rutter et al, 2006); por exemplo, TDAH,

transtornos de aprendizagem, retardo mental e transtornos do espectro autista (ver

Tabela A.9.2). Não obstante, a incerteza permanece sobre qual é o melhor lugar para

algumas dessas condições. Embora a inclusão do TDAH sob este grupo seja baseada

em recentes dados de imagem cerebral que mostram um atraso na maturação cortical

(Shaw et al, 2007), tem-se argumentado que o TDAH se encaixa confortavelmente

dentro do grupo dos transtornos disruptivos, de controle de impulso e da conduta por

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causa de sua sobreposição genética e sintomatologia semelhante (Andrews et al,

2009b).

Transtornos do espectro autista

Transtornos do Espectro Autista (TEA) são uma nova categoria no DSM5 no

entendimento de que três distúrbios anteriormente listados separados sob a rubrica

Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) no DSM-IV são mais bem

conceituados como diferentes níveis de gravidade de uma condição única. Assim, o

DSM-5 introduziu aqui o conceito de espectro, reforçando a relevância da

dimensionalidade. O TEA inclui o transtorno de autismo, a síndrome de Asperger e

transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado. Transtorno de Rett e

transtorno desintegrativo da infância foram removidos da seção.

Há várias razões por trás dessa mudança. A validade e a confiabilidade dos

diferentes diagnósticos sob a rubrica TID têm sido questionadas, em especial, a

distinção entre a síndrome de Asperger e do chamado autismo de alto funcionamento

(Howlin, 2003; Mayeset al, 2001). Por exemplo, um estudo avaliando as características

diagnósticas do TID pelo DSM-IV mostrou que o melhor preditor de qual diagnóstico

os indivíduos receberiam foi a clínica para a qual foram encaminhados ao invés das

características clínicas individuais (Lord et al, 2012). O grupo de trabalho do DSM-V

concluiu que as distinções anteriores entre estas condições foram o resultado do

agrupamento artificial de apresentações de diferentes níveis de gravidade da mesma

doença que de fato existem como um continuum. Os novos critérios são

potencialmente mais capazes de diferenciar TEA do desenvolvimento normal e de

outros transtornos psiquiátricos. Além disso, os critérios de diagnóstico para o TEA

foram reduzidos de três para dois domínios de sintomas centrais:

• Déficits de comunicação social e interação social e;

• Comportamento, imteresses e atividades restritos e repetitivos.

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Tabela A.- Principais alterações nos transtornos invasivos do desenvolvimento no DSM-5


Mudança Magnitude Análise Racional

• Fusão dos três antigos Maior Um espectro único descreve melhor a


diagnósticos de transtorno apresentação dos sintomas, evolução e
do desenvolvimento em um resposta ao tratamento.
único
• Define dois domínios Moderada Dois domínios anteriores (prejuízo na
principais da síndrome em interação social e na comunicação) foram
vez de três considerados sobreposição.
• Remoção de Síndrome de Rett Menor Comportamentos TEA estão presentes
apenas por um breve período durante o
desenvolvimento em pacientes com
síndrome de Rett - eles ainda podem ser
diagnosticados com TEA.
• Remoção de transtorno Menor Pacientes com transtorno desintegrativo da
desintegrativo da infância infância apresentam sintomas físicos
específicos e experimentam um padrão
distinto de regressão do desenvolvimento.

O domínio déficits de comunicação e interação social foi criado pela fusão de

dois antigos domínios do DSM-IV, déficit “social” e de “comunicação”, baseado na

premissa de que eles são manifestações de um único conjunto de sintomas. Em

outras palavras, esses dois domínios se sobrepõem e resultavam em dupla contagem

de sintomas (Mandy et al, 2012).

Os novos critérios propostos geraram preocupação entre alguns

pesquisadores, comunidade médica e familiares dos doentes. Em primeiro lugar, foi

alegado que os subtipos existentes eram clinicamente úteis, mesmo sem uma boa

confiabilidade entre avaliadores e que seus critérios deveriam ter sido melhorados em

vez de abandonados, uma vez que os subtipos do DSM-IV existiam há um período

relativamente curto de tempo e futuras pesquisas poderiam melhorar a sua validade e

confiabilidade (Ghaziuddin, 2010). Em segundo lugar, o extenso corpo de pesquisa

sobre autismo construído nas últimas duas décadas teria valor limitado, pois a

mudança nos critérios diagnósticos iria alterar radicalmente esses diagnósticos (Singh

et al, 2009). Por exemplo, um estudo avaliou a sensibilidade e especificidade dos

critérios propostos pelo DSM-5 utilizando critérios do DSMIV como referência

(McPartland et al, 2012). Os resultados mostraram boa especificidade (95%), como

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esperado pelo grupo de trabalho, mas sensibilidade variável para diferentes subtipos

de TID: 76% para o transtorno autista, 25% para o transtorno de Asperger, e 28% para

o TID não especificado. A sensibilidade foi menor para os indivíduos com QI acima da

média. A conclusão foi de que o DSM5 produziu critérios de limiar mais rigorosos que

tendem a excluir do diagnóstico indivíduos de alto funcionamento, consequentemente,

impedindo a sua elegibilidade para serviços, mesmo quando podem se beneficiar com

o tratamento. No entanto, é importante ressaltar que este limite superior pode ajudar a

lidar com a explosão de diagnósticos TID dos últimos anos que pode ser parcialmente

alimentada por critérios com limites menos definidos (King & Bearman, 2009).

Transtornos de aprendizagem

Importantes mudanças foram feitas nas características diagnóstica centrais dos

distúrbios de aprendizagem, incluindo:

• A fusão dos quatro subtipos do DSM-IV anteriores em uma categoria e

as consequentes modificações dos critérios de diagnóstico;

• Alteração da idade mínima para o diagnóstico;

• Criação do critério de persistência e resistência à intervenção; e

• Mudança na definição de baixo rendimento.

A decisão de consolidar distúrbios de aprendizagem em uma única categoria

foi baseada na falta de provas para sustentar a exclusividade mútua, a cobertura e a

sensibilidade desenvolvimental dos subtipos de Transtornos de Aprendizagem do

DSM-IV. A revisão da literatura realizada pelo grupo de trabalho encontrou evidências

conflitantes. A decisão final foi tomada considerando não apenas as evidências

disponíveis, mas também a opinião de especialistas e de grupos profissionais e de

interesse. A conclusão foi unir os subtipos sob uma única categoria, mas para manter

as distinções de desenvolvimento como especificadores, capturando e até mesmo

ampliando as principais categorias dos subtipos anteriores (Tannock, 2013). Essa

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mudança envolveu o critério A, que agora requer apenas um dos seis sintomas

heterogêneos (leitura imprecisa ou lenta, dificuldade em compreender o que se lê,

ortografia, escrita, senso numérico ou de cálculo, raciocínio matemático). Além disso,

a idade mínima para o diagnóstico que era específico para cada um dos subtipos do

DSM-IV foi alargada: os sintomas devem começar durante os anos em idade escolar,

mas podem não se manifestar plenamente até que as exigências sobre as

competências acadêmicas afetadas excedam as capacidade limitadas do indivíduo.

O critério A inclui também um novo e controverso requisito de que os sintomas

precisam persistir apesar de intervenções direcionadas às dificuldades. Este modelo,

resposta à intervenção, já está integrado nos requisitos utilizados por muitos sistemas

escolares nos EUA. Isso se baseia na premissa de que algumas crianças

diagnosticadas com transtornos de aprendizagem são realmente inadequadamente

instruídas, incentivando a ênfase na prevenção, e diminuindo o número de falsos

positivos. No entanto, isto tem sido fortemente criticado por alguns especialistas: as

intervenções não são padronizados ou baseadas em evidências, permitindo a má

interpretação da falha (Waescheet al, 2011).

Tabela B-Principais mudanças nos critérios para transtornos de aprendizagem


Mudança Magnitude Lógica

• Fusão das quatro subtipos Moderado Incerteza sobre os limites entre os


em uma categoria única, diagnósticos previamente separados.
com especificadores.
• Exigência da falta de Moderado Distúrbio de aprendizagem pode realmente ser
resposta ao tratamento o resultado de instrução inadequada.

• Remoção da discrepância A abordagem QI-corrigida tinha menor


entre QI e desempenho acurácia diagnóstica.
acadêmico Moderado

• Exigência de que os Menor Exclusão de casos temporários


sintomas estejam presentes
por 6 meses

Além disso, a resposta à intervenção sugere um desfecho dicotômico, quando

na verdade é provável que este exista como um continuum (Fletcher&Vaughn, 2009).

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Os poucos estudos disponíveis mostraram baixa concordância entre diferentes

definições de distúrbios de aprendizagem baseadas em resposta à intervenção

(Waesche et al, 2011). Este critério tende a ser ignorado para os países em

desenvolvimento, porque as intervenções não estão amplamente disponíveis. Por

outro lado, isto representa uma grande ruptura no conceito de nosologia -

possivelmente este é o único diagnóstico em medicina que requer como critério uma

resposta negativa ao tratamento.

A quantificação do pobre desempenho acadêmico também mudou no DSM-5.

De acordo com o DSM-IV, as habilidades acadêmicas deveriam ser substancialmente

abaixo da média, considerando a idade cronológica, a inteligência medida e a

educação apropriada para a idade. Os critérios agora definem baixas habilidades

acadêmicas como substancialmente abaixo da média de acordo com testes de

avaliação padronizados para a idade, educação e cultura, e excluem o diagnóstico na

presença de deficiência intelectual. Assim, o DSM-5 exclui a necessidade de uma

discrepância entre o QI e o desempenho acadêmico para distúrbios de aprendizagem.

Há evidências de que esta abordagem pode levar à menor acurácia diagnóstica,

“superdiagnosticando” distúrbios de aprendizagem em crianças de alto QI, enquanto

faz o oposto em pessoas com baixo QI (Francis et al, 2005). Uma fragilidade dos

critérios de ambos DSM-IV e DSM-5 é a falta de aplicabilidade em muitos países,

especialmente no mundo subdesenvolvido, uma vez que dependem de testes

padronizados adaptados para cada língua e cultura.

Os critérios para transtorno de aprendizagem não especificaram formalmente a

duração dos sintomas no DSM-IV. O DSM-5 agora requer a presença dos sintomas

por pelo menos 6 meses. Não é esperado que isto tenha muito impacto. (Tannock,

2013).

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Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade

Não houve mudanças importantes para a construção de diagnóstico, os 18

sintomas centrais permanecem os mesmos. As alterações incluem idade de início,

limiar de sintomas para adultos, e a remoção de transtornos do espectro autista do

critério de exclusão. Mudanças menos significativas incluem modificações para os

subtipos de TDAH e inclusão de mais exemplos de desenvolvimento apropriados para

os 18 sintomas centrais.

Evidências consideráveis desafiam a validade do critério do DSM-IV que exige

início da deficiência antes dos 7 anos. Vários estudos não encontraram nenhuma

diferença na apresentação fenotípica, comprometimento neuropsicológico, curso,

gravidade ou a resposta ao tratamento entre crianças com início antes e depois de 7

anos de idade (Kieling et al, 2010). No entanto, o TDAH, como um distúrbio do

desenvolvimento neurológico, exige uma idade de início limite. Barkley e Brown (2008)

e Kessler et al (2006) forneceram evidências de que a idade de início antes dos 12

anos captaria cerca de 95% dos casos em seus estudos. Embora a manifestação de

preocupação da comunidade médica e geral de que tal mudança possa aumentar

artificialmente a prevalência de TDAH — mesmo que as evidências de estudos

populacionais não suportem esta reivindicação (Polanczyk et al, 2010) — o DSM-5

aceitou esta alteração e requer que os sintomas estejam presentes antes dos 12 anos

de idade.

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Tabela C- Resumo das principais mudanças nos critérios de TDAH


Mudança Magnitude Lógica

• Listagem doTDAH no Menor Etiologia compartilhada


capitulo de Transtornos
do Neurodesenvolvimento
• A alteração do critério Moderado Aumento da sensibilidade diagnóstica: vários
idade de início de 7 para casos (especialmente aqueles com TDAH
12 anos de idade predominantemente desatento) não eram
detectados com o critério antigo.
• Redução do limiar de Moderado Aumento da sensibilidade diagnóstica
diagnóstico para adultos
de 6 para 5 sintomas em
ambas dimensões
• Mudança de subtipos Menor Não há evidências suficientes de estabilidade
para apresentação atual desenvolvimental para apoiar subtipos.
• Mudança nos exemplos Menor Novos exemplos procuram melhor corresponder
dos sintomas aos sintomas nos diferentes estágios de
diagnósticos desenvolvimento.
• Remoção do TEA dos Moderado TDAH é frequentemente comórbido com TEA;
critérios de exclusão comorbidade é associada com maior prejuízo e a
comorbidade com TDAH pode ser tratada com
sucesso com estimulantes.
O número de sintomas necessários para o diagnóstico de TDAH em adultos foi

reduzido para cinco em ambas dimensões - desatenção e hiperatividade/

impulsividade.

Os ensaios de campo do DSM-IV incluíram apenas amostras de crianças e

adolescentes. Portanto, o corte de seis sintomas no DSM-IV não é necessariamente

ótimo para adultos. Barkley e Brown (2008) têm mostrado que este corte representa

2,5 a 3 desvios padrão acima da média, capturando apenas os casos mais extremos

em adultos. A utilização de quatro dos nove sintomas prediz o comprometimento com

melhor sensibilidade e especificidade e é apoiada por dados neurobiológicos

(Hoogmanet al, 2012; Matte et al, 2012). No entanto, para ser cauteloso, o DSM5 só

reduziu o limiar para cinco sintomas.

Não há evidências que suportem a exclusão de um diagnóstico de TDAH

quando TEA está presente. Na verdade o TDAH e autismo frequentemente coexistem

(Simonoffet al, 2008), e a presença de TDAH em pacientes com TEA está associada a

diferentes correlações clínicas do que as encontradas na TEA puro (Rommelse al,

2011). Além disso, os estimulantes podem diminuir os sintomas de TDAH em

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pacientes com TEA (Research Units on Pediatric Psychopharmacology Autism

Network, 2005). O quadro A.9.5 resume as principais alterações dos critérios de TDAH

no DSM-5 e sua lógica.

Deficiência intelectual

As alterações são resumidas na Tabela A.9.6. A deficiência intelectual está

localizada no capítulo transtornos do desenvolvimento neurológico. No DSM5, o termo

deficiência intelectual substitui o termo retardo mental do DSMIV (a próxima revisão do

CID propõe, porsua vez, utilizar o termo “transtornos do desenvolvimento intelectual”).

A expressão “retardo mental” foi gradualmente abandonada, tanto em

contextos clínicos e acadêmicos como entre o público leigo por causa de suas

conotações pejorativas. Outras modificações incluem mudanças enfatizando uma

avaliação mais abrangente do paciente e avaliação do funcionamento.

Tabela D- Principais alterações no diagnóstico de deficiência intelectual


Mudança Magnitude Lógica
• Substituição do termo Menor Conotações pejorativas de ‘retardo mental’.
“retardo mental” por “deficiência Termo amplamente já utilizado em ambientes
intelectual” clínicos e acadêmicos, entre grupos de defesa
e público leigo.
Coerência com o CID.
QI menos válido na extremidade inferior do intervalo. O QI
•Avaliação enfatiza nível de
Moderado isoladamente é insuficiente para avaliar o funcionamento em vez de QI. em
situações da vida real e tarefas práticas.
• Avaliação do Avaliação a vários níveis pode melhor
funcionamento adaptativo em três Moderado determinar o quão bem um indivíduo lida com
domínios: conceituais, sociais e as tarefas do dia-a-dia.
práticos.
• Definição dos níveis de gravidade
O funcionamento adaptativo determina o nível de apoio baseado no funcionamento adaptativo
Moderado necessário em vez do QI
•Remoção da idade de início Menor Duração variável de período de
desenvolvimento

Mesmo que o teste de QI seja encorajado e continue a ser um dos pilares da

avaliação, os novos critérios enfatizam a importância do funcionamento. As medidas

de QI são menos validas na extremidade inferior da gama de QI; além disso, doenças

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concomitantes, efeitos práticos e o “efeito Flynn” (aumento do QI médio no mundo

todo nos anos recentes) são exemplos de fatores que podem influenciar o diagnóstico

de deficiência intelectual (Kanayaet al, 2003). Esta abordagem reforça a necessidade

de uma avaliação por profissionais treinados (Harris, 2013).

O Critério A diz respeito a déficits no funcionamento intelectual e habilidades

gerais medidos por testes de QI. Os indivíduos com deficiência intelectual deverão ter

as pontuações de QI de dois desvios padrão ou mais abaixo da média da população.

O Critério B refere-se a déficits no funcionamento adaptativo em três domínios (não

especificados em edições anteriores do manual): conceituais (por exemplo,

habilidades acadêmicas); sociais (por exemplo, linguagem, comunicação, habilidades

interpessoais); e práticos (por exemplo, habilidades de vida, autocuidado). Esta

abordagem multidimensional visa garantir que o diagnóstico seja feito com base em

uma ampla avaliação do impacto da doença sobre o funcionamento em vez de com

base exclusivamente em queixas específicas e testes de inteligência.

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