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F e d e ric o N a v a rro

Federico Navarro
Federico Navarro
SOMATOPSICODINÂMICA
SOMAIDPSICODINÂMICA
DAS BIOPATIAS
DAS BIOPATIAS

Í
SOMATOPSICODINÂMICA DAS BIOPATIAS
Fsta obra nasce dos muitos anos de trabalho e da experiência

internacional de seu autor. Federico Navarro. Fascinante petos


| I
temas tratados, ela abre novas perspectivas de estudo e apli­

cação clínica a todos os que vivem a atividade terapêutica.

A célula é o ponto de partida das observações de Navarro que

utilizando o conhecimento reichiano. discorre sobre algumas


Interpretação reicPiiana
doenças degenerativas e em particular sobre a patologia do câncer.

Seu mérito foi ter concretizado, para isto. uma teoria holística —
das doenças com etiologia
onde a emoção é capaz de influenciar a atividade celular —.
'desconhecida"
a partir de um preciso programa de observações e de uma

metodologia densa de referências cientificas.

R E L U M E D U M A R Á

R E L UME D U M A R Á
©Copyright 1991 da edição brasileira:
DUMARÁ DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES LTDA
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CIP-Brasil. Catalogaçáo-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

Navarro, Federico, 1924 - ^


N241s Somatopsicodinamica das biopatias : interpretação reichiana das
doenças com etiologia "desconhecida" / Federico Navarro ; tradução,
Maria Elisa Araújo. — Rio de Janeiro : Relumc-Dumará, 1991.
104p

Tradução de: Somatopsicodinamica delia biopatie: interpretazione


delle malattie ad etiologia "sconosciuta"
Bibliogragia.

1. Medicina e psicologia. 2. Psicoterapia. I. Título.

CDD - 616.8914
91-0437 CDU-615.851
Aos meus filhos
Diego - Fausta - Cristiano

Traduzido do original italiano:


Somatopsicodinamica delle biopatie - interpretazione delle malattie ad
etiologia "sconosciuta"

Coordenação Editorial:
Alberto Schprejer

Composição e arte:
Arte Final Planejamento Gráfico e Editora Ltda.

Fotolitos:
Projeta Estúdio Gráfico Ltda.

Capa:
Victor Burton

A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja ela
total ou parcial, constitui violação da lei 5.988
Prefácio
J .

SUMÁRIO

Este trabalho de Federico Navarro nasce de sua


experiência e muitos anos de trabalho.
Obra fascinante pelos temas tratados, que abre no­
vas perspectivas de estudo e aplicação clínica a todos
aqueles que vivem, dia após dia, a atividade terapêu­
tica.
Prefácio........................ 5 A célula: elemento polivalente que garante as fases
Introdução.................................................................. 9 dos processos biológicos produtores desta incomen-
Biopatias Neoplásicas............................................ 33 surável realidade emocional que é a vida.
Biopatias do sistema nervoso................................43 A célula é o ponto de partida das observações de
Biopatias do aparato neuromuscular................... 50 Navarro que, utilizando o conhecimento reichiano,
Biopatias da pele..................................................... 53 discorre sobre algumas doenças conhecidas como de­
Biopatias vasculares...............................................59 generativas, localizando suas causas nos diferentes
Biopatias endócrino-metabólicas......................... 67 inputs desviantes que o indivíduo recebe desde a fase
Biopatias do colágeno............................................81 embrionária.
Biopatias neuro-humorais e celulares................. 89 Não deve ter sido fácil associar o conhecimento da
Prancha-resumo...................................................... 98 bioenergia aos processos, por excelência bioquími­
cos, da atividade celular; encontrar os "pontos de
Bibliografia............................................................101
contato" entre as trocas osmóticas da membrana celu­
lar e as emoções, com a sua importante carga ener­
6 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 7

gética. Pode-se dizer que Federico Navarro consegue po, não se perder de vista os múltiplos aspectos da
comunicar ao leitor, com muita simplicidade, a perti­ Natureza, especulando, também filosoficamente, so­
nência de seus pensamentos e de suas teorias, graças bre suas interações; o livro de Navarro é a concreta e
à profunda humanidade que este médico de hipocrá- estimável confirmação disto.
tica memória nunca abandona em suas peregrinações Dos biofótons de Popp aos actings da vegetotera-
internacionais. pia, da simpaticotonia crônica à fórmula do orgasmo,
Estou certo de que as idéias e os pressupostos tera­ segundo Reich, tudo é uma sucessão de integrações
pêuticos expostos neste livro serão de grande utili­ endócrino-imunológicas, físico-químicas e bioener-
dade para os mqdicos, pois^Contribuem para recons­ géticas.
truir aquele "Templo" médico que sempre olhou o ho­ Considero particularmente fascinante a elabora­
mem em sua unidade. Os jovens colegas devem se ção sobre a patologia do câncer, onde é focalizado o
lembrar de que, enquanto um hepatócito necrosa ou comportamento celular em perfeita sincronia com a
uma flogose se produz, um pássaro canta, um riacho adaptação caracterial desenvolvida com o passar do
corre e o sol se põe; Isto para compre ender de maneira tempo; e é interessante, sem dúvida, a observação de
Zen como o "todo" é Uno, e uma emoção pode in­ Navarro segundo a qual: "...o processo inicia da peri­
fluenciar a atividade celular tal como a estimulação feria para o centro até alcançar o núcleo celular, e o
dolorífica das terminações nervosas influenciam o núcleo, então, tenta desesperadamente salvar a célula
nosso humor e a nossa psiquê. através da reprodução descontrolada, por causa do
O mérito de Navarro é o de ter concretizado esta medo ancestral de morrer!
teoria holística em um preciso e circunstanciado pro­ Hoje isto é confirmado pela descoberta da exis­
grama de observações e deduções, além de ter cria­ tência da memória e pela experiência de Bolder sobre
do uma metodologia de investigação nada nebulosa a contração da trama celular provocada por fatores
ou abstrata, como geralmente acontece, mas sim den­ ambientais negativos, até chegar a um estado irrever­
sa de referências científicas e suportes bibliográficos sível, cuja passagem para a cancerização é muito
válidos. evidente como tentativa de sobrevivência".
Um dia, um dos meus pacientes, curado de uma Este livro é rico de estudos e sugestões, e muitos
grave doença, disse-me: "não estou contente só por­ recolherão as propostas interpretativas do autor para
que me curei, mas também por ter conhecido esta desenvolver e prosseguir as pesquisas e efetuar as téc­
forma de curar, na qual a poesia se mescla à ciência". nicas mais apropriadas a fim de trazer saúde ao corpo
De fato, a teoria unitária, na Medicina, leva a expres­ e, contemporaneamente, dissolver aquele grande nó
sões que alcançam uma conceitualidade filosófica e energético caraterizado pelo "medo de viver".
uma visão poética da vida; mas enganam-se aqueles
que imaginam ser isto sinônimo de misticismo ou de
dispersividade: pode-se ser médico e, ao mesmo tem­
8 Somatopsicodinâraica das Biopatias

A Federico Navarro um agradecimento pelo es­


forço realizado, além de ter dado, com este trabalho,
uma contribuição válida para a melhoria da Medicina.
Marco Lombardozzi

Introdução

A definição de biopatia refere-se a todos os estados


mórbidos dos quais a medicina oficial não reconhece
a etiologia. Portanto, são biopatias todos os quadros
patológicos sistêmicos e/ou degenerativos dos quais
se conhece apenas a patogênese. Em todos estes
processos encontramos um componente psicológico1
que termina, desencadeia ou influencia os aspectos
biológicos.
Wilhelm Reich define como biopatia toda pa­
tologia que tem origem em uma disfunção (no sentido
de uma contração) do Sistema Nervoso Autônomo e
altera toda a função biológica da pulsação plasmática
do organismo.
A pulsação plasmática distribui através de com­
ponente iônico e dos glóbulos vermelhos (únicas
células sem núcleo) a energia necessária para a vida
celular. O Sistema Nervoso Autônomo está ligado aos
efetores do Sistema Nervoso Vegetativo e a
importância destes efetores pode ser verificada atra-
10 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 11

vés deste exemplo: a adrenalina estimula o simpático organelas celulares. Trata-se de um retículo tridimen­
quando em um órgão prevalece a influência do simpá­ sional que permeia todo o citoplasma. A característica
tico e dos íons de cálcio; mas, se é o parassimpático e extraordinária deste retículo é que sua estrutura apre­
os íons de potássio que prevalecem, a adrenalina atua senta variações em resposta às mudanças de forma da
no sentido contrário, isto é, com ação parassimpati- célula e do ambiente celular: em baixa temperatura as
comimética. células tomam-se esféricas - que é a forma carac­
Encontramos uma situação de retração em nível terística de baixa energia -, as microtrabéculas e os
celular nas biopatias; por isso a condição energética microfilamentos decompõem-se e o retículo micro-
do bioterreno é deficitária,Vvitalidade de cada célula trabecular deforma-se mas não se decompõe com­
está reduzida, ó conteúdo iônico do plasma2 influen­ pletamente. Porém, se tais células forem expostas por
cia o Sistema Nervoso Autônomo que se manifesta apenas cinco segundos a uma temperatura humana
com variações do pH, da resistência e da resistividade, (37°C), observa-se uma súbita e marcante reestrutu­
observáveis com o teste de Vincent . ração do retículo que retoma a sua morfologia origi­
Na biopatia, a disfunção precede a transformação nal. Se as condições desfavoráveis do ambiente per­
morfológica do tecido; por isso trata-se de processos sistem, a célula perde a capacidade de retornar à forma
insidiosos de desenvolvimento imprevisível e por is­ original. Tal fenômeno também pode ser observado
so, também, sua explicação e prevenção são impre­ com a utilização de alguns fármacos ou quando os
visíveis. Freqüentemente encontramos exacerbações níveis de íons específicos (cálcio e magnésio) estive­
ou remissões (ex.: esclerose em placa), mas o decurso rem alterados. Também nestas condições o retículo
funcional e morfológico é irreversível quando se che­ sofre modificações estruturais reversíveis (é impor­
ga a um estágio terminal. tante recordar a função do cálcio e do magnésio na
O organismo biopático está totalmente implicado atividade nervosa). Pode-se concluir, então, que a
com a tendência da doença de invadir todo o corpo e, célula possui duas fases: fase do próprio retículo com
muitas vezes, torna-se difícil ou impossível a loca­ alto conteúdo protéico e a fase líquida com alto con­
lização da zona anatômica de origem (ex.: arterios- teúdo aquoso que preenche os interstícios do retículo.
clerose, hipertensão, colagenose etc.). Com 50% de água temos o estado gel (é importante
Uma recente descoberta no campo da biologia con­ recordar a função da água na organização enzimática).
firma todas as hipóteses do trabalho de Reich. Na Uni­ O retículo microtrabecular contribui para a orga­
versidade de Boulder (Colorado), um microscópio nização das enzimas no citoplasma e dá origem à
eletrônico de alta tensão (com altura aproximada de informação estrutural da célula. Tal informação é
10 metros e pesando 22 toneladas!) demonstrou que transmitida fisicamente de uma geração a outra, su­
a substância fundamental da célula vivente é consti­ cessivamente, no curso da divisão celular que acon­
tuída de microtrabéculas, isto é, um sistema de fila­ tece durante a vida embrionária e não através dos gens
mentos finos e sutis que sustentam e fazem mover as (se uma doença está ligada com os gens é óbvio que
12 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 13

nenhuma terapia poderá obter um resultado satisfa­ exemplo temos plantas e animais que se retraem sobre
tório). si mesmos quando se sentem agredidos pelo meio
Este retículo tem como propriedade a expansão e a externo).
contração e é constituído por diversas proteínas, entre Se localizamos historicamente (biograficamente)
as quais encontramos em maior percentual a actina e tal medo nos diversos períodos da vida, podemos
a miosina (principais constituintes das células mus­ distinguir quatro formas de medo: embrionário, fetal,
culares) além da tubulina e mais duas; mas a propri­ neonatal e pós-natal (dentro da ótica da Psicopa-
edade está ligada à actina filamentosa. tologia Funcional, medo no Io campo (mãe/filho),
Creio que sqja importante observar que a contração medo do 2Q campo (família) e medo no 3Q campo
celular determinada pela actina permite que a célula (social).
com forma esférica retenha a energia necessária para É oportuno recordar que o fenômeno emocional já
a sua sobrevivência. De um ponto de vista histopa- está presente na situação pré-verbal e, quando não se
tológico, esta observação sobre a forma é encontrada tem manifestação somática, a emoção permanece im­
em quase todos os processos mórbidos celulares dege- pressa ou reprimida na consciência, mas sempre pre­
nerativo-sistêmicos. sente no organismo. Por isto o fenômeno emocional
A função biológica da pulsação plasmática (ritmo já existe no período embrionário e fetal. O medo
biológico) é enviar energia do centro para a periferia. embrionário é inconsciente4 e está inscrito em nível
O distúrbio desta função, encontrado nas biopatias, é celular; é um medo de morte da própria célula em
determinado pela deficiência e estase ou pelo excesso resposta a um perigo de morte real (por exemplo, o
de descarga energética celular por causa da contração aborto). Este medo conservado na memória celular
crônica do aparato autônomo. provoca alteração na cadeia do DNA e, consequente­
Portanto, com base na experiência de Boulder, mente, a diminuição dos suportes vibratórios celula­
podemos deduzir que a contração é devida a modifi­ res (os íons metálicos), desorganizando as estruturas
cações do ambiente celular negativas a sua vitalidade. evolutivas ao nível dos tecidos. Este tipo de medo é o
Então, qual é a causa de tudo isto? É a emoção responsável pelas doenças neuropsicos-somáticas
"medo". A emoção é um fenômeno vital de resposta a que também podem ser chamadas de biopatias primá­
uma solicitação externa; se a solicitação é interna, a rias, disfunções que, facilmente, conduzem a estágios
resposta é um afeto*. A emoção primária de conse- irreversíveis e à morte prematura. De um ponto de
qüências negativas é o medo (que no fundo é sempre vista energético, trata-se de sujeitos hiporgonóticos (a
o medo de morrer, ou melhor, de não viver agradavel­ anorgonia da qual falava Reich).
mente). O medo é a base de cada patologia como O medo que aparece durante o período embrio­
elemento deteminante e/ou desencadeante da con­ nário e fetal (no qual temos uma condição fusional
dição de contração como mecanismo de defesa (como entre mãe e filho) encontra, no período embrionário,
um terreno biológico predominantemente hormonal,
* Amor ou ódio. (N. T.)
14 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 15

enquanto que no período fetal o predomínio é neu- três cérebros, e a dificuldade de verbalizar confirma a
rovegetativo. (É oportuno precisar que concordo ple­ estase energética (como justamente afirmava Reich)
namente com Reich de que o período fetal deve atingir na base do cérebro e dos olhos. Tal estase energética
até os primeiros dez dias de vida.) ativa patologicamente os centros viscerais e a sin­
Podemos, então, dizer que a resposta à emoção tomatologia representa, através dos órgãos atingidos,
medo durante o período embrionário é celular: trata- a expressão da linguagem emocional de tais doenças:
se da contração irreversível e crônica da actina e da a verdadeira linguagem do corpo!
miosina intracelulares para. assegurar a sobrevivência A simpaticotonia crônica no período fetal atinge
celular consumindo o mínimo de energia necessária. principalmente o tecido conjuntivo; por isso a sua
Desta maneira instala-se o terreno hiporgonótico. Este função sustentação é prejudicada e isto é a causa das
dano embrionário é responsável pelo autismo, al­ doenças sistêmicas e/ou degenerativas. A hiporgonia
gumas neuropatias, tumores malignos irrecuperáveis. determinada durante este período pode ser chamada
O medo vivido no período fetal determina como de hiporgonia-desorgonótica, responsável pela má
resposta de defesa uma hipersimpaticotonia geral­ distribuição do escasso patrimônio energético no or­
mente irreversível e crônica, com a contração de todo ganismo. Encontramos aqui as doenças neuropsicos-
o organismo, que persiste depois do nascimento. somáticas geralmente curáveis e aquelas que, por
Para garantir a sobrevivência do feto a energia vai fatores regressivos, podem se transformar em doenças
concentrar-se nas células da base do cérebro (o cére­ irreversíveis (do núcleo psicótico a certos tipos de
bro reptiliano, segundo Maclean5), isto é, a zona tumores).
diencéfalo-hipofisária onde estão localizados os cen­ O medo fetal detona o penoso e atroz sentimento
tros nervosos viscerais vitais, reassegurando-lhe o angustiante de "desestruturar-se" (em clínica é o medo
funcionamento para a vida. O diafragma (segundo "ficar em pedaços" - morcelement - típico de um
coração como define Salmonoff) torna-se depaupe­ núcleo psicótico). As biopatias de origem embrionária
rado de energia apresentando-se hiporgonótico depois são irreversíveis enquanto que as de origem fetal
do nascimento (bloqueio hiporgonótico do medo da podem regredir com a ajuda de terapias energéticas
primeira grande boca como descreve a Psicopatologia convergentes. Também o medo fetal é inconsciente.
Funcional). O medo neonatal instala-se durante o período que
A confirmação clínica de tudo isto está no fato de vai do décimo dia após o nascimento até o momento
que os doentes neuropsicossomáticos (e o medo fetal em que o sujeito passa impressionabilidade emo­
também é responsável pelas doenças neuropsicos- cional (imprinting) ao uso da linguagem expressa (ou
somáticas) apresentam grande dificuldade, senão im­ reprimida). É o momento do desmame no qual é
possibilidade, de verbalizar os aspectos emocionais ativada a neuromuscularidade contemporaneamente à
dos seus pensamentos. Estés pacientes conseguem passagem da motilidade, à mobilidade, determinando
apenas racionalizar e isto é uma dissociação entre os o início da caracterialidade. O período neonatal é
16 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 17

aquele "temperamental", é aquele simbiótico (relação funcional e que atinge níveis específicos do corpo
filho/mãe). O medo neste período é consciente e dá segundo a caracterialidade do indivíduo.
origem ao que chamamos de doenças somatopsico­ No medo pós-natal o sujeito precisa remontar ao
lógicas0. Durante tal período inicia-se a formação da início da muscularidade, ao período de quando e como
identidade biológica e do patrimônio imunológico. viveu a situação edípica (responsável pelas mani­
Nesta fase o stress do medo provoca como defesa uma festações histéricas) até a puberdade.
reação aguda do sistema simpático em um deter­ O mecanismo etiológico é o seguinte: o sujeito
minado nível do corpo, expressão do significado tenta afastar o medo devido a sua conflituosidade
psicológico dq próprio nível em relação ao stress. através de uma conversão somática ou uma "cober­
Assim, o bloqueio® energético é específico, não-gene- tura" como fuga da realidade. Em tais casos a sin­
ralizado e diftiso em todo o organismo. tomatologia representa uma linguagem alegórica, me­
Necessita-se ter presente que cada stress libera tafórica (inão simbólica) do corpo.
adrenalina dos monócitos e isto é um estímulo do De um ponto de vista energético podemos falar de
simpático. uma condição hipergonótica-desorgonótica com ma­
No período neonatal a predominância passa do nifestações neurodistônicas importantes.
neurovegetativo para o neuromuscular. É importante destacar que se um sujeito de terreno
As biopatias que têm origem neste período são biopático apresentar uma disfunção somatopsicoló-
chamadas de biopatias secundárias, têm uma base gica, isto pode ser um fator desencadeante de uma
energética desorgonótica por causa de uma má dis­ manifestação biopática primária ou secundária.
tribuição desta energia no organismo. Podemos defi-
Pode-se dizer que nas biopatias primárias o sujeito
ní-las como biopatias desorgonóticas. São exemplos
existe, mas com o medo de ser, enquanto que nas
as personalidades borderlines e as disfunções soma-
biopatias secundárias o medo éo de "tornar-se" e nas
topsicológicas passíveis de tratamento que, porém, disfunções somatopsicológicas e somatizações o me­
têm tendência à cronicidade.
do é de viver
Antes de abordar o medo pós-natal, gostaria de citar
alguns exemplos de biopatia primária e biopatia se­ Relacionando-se com a psicopatologia, a biopatia
cundária, duas manifestações de uma mesma pato­ embrionária provoca a verdadeira e incurável psicose:
logia: hipertensão maligna e benigna, diabete juvenil o autismo. As biopatias fetal e neonatal determinam a
e do adulto, artrite reumatóide infantil e do adulto, formação de um núcleo psicótico cuja explosão pode
obesidade primária e secundária, tumores malignos ter um prognóstico favorável ou desfavorável; o medo
primários e secundários etc. pós-natal é a causa de situações psiconeuróticas òu
O medo pós-natal é consciente, do tipo reativo, que manifestações neuróticas. Esta classificação está de
provoca doenças somatopsicológicas com somatiza- acordo com a Psicopatologia Funcional de Ferri que
Ção, uma patologia onde o dano é prevalentemente define distúrbios de 1Q, 2Q e 3Q campos energéticos.
18 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 19

Nas biopatias primárias os sujeitos são carentes de mores malignos onde a "loucura" da reprodução celu­
prazer sexual, de bem-estar; nas biopatias secundárias lar é paradoxal, absurdo mecanismo de defesa deto­
se tem a insatisfação sexual-genital e nas somati- nado com o propósito de sobreviver). Uma célula com
zações a sexualidade pseudogenital desenvolve-se a- o DNA alterado representa "um estranho" para o
través de um papel compensatório. Todas as biopatias organismo que, então, dispara, de maneira mais ou
têm em comum a resignação biológica: o sujeito re- menos eficaz (segundo o terreno individual), os me­
signa-se a uma situação existencial sem a possibi­ canismos de defesa imunológicos (não é por acaso que
lidade de se adaptar adequadamente, impedindo uma se fala de doenças auto-imunes). O DOR pode ser
homeostase fisiológica saudável. Em certos casos interpretada, biologicamente, como DNA alterado.
encontramos desde a desintegração biônicalu exces­
siva até o colapso energético. No sujeito biopático, o stress (que libera adre­
As localizações biopáticas, como afirmava Reich, nalina), obviamente, agrava a situação retração-con-
aparecem nos níveis anatômicos onde existe forte tração. É evidente que, segundo o terreno biopático
tensão muscular crônica e, conseqüentemente, estase (primário ou secundário), as conseqüências serão di­
ou carência energética. A energia estagnada (em ho- ferentes: nas biopatias primárias a defesa pratica­
meopatia existe o conceito de "miasma") transforma- mente não existe; nas biopatias secundárias, aquelas
se em DOR11 que dá origem à patologia. É importante desorgonóticas (somatopsicológicas), as defesas in­
ressaltar que o plexo solar está envolvido em todas as dividuais, embora presentes e disponíveis, não têm
biopatias! força para serem eficazes, mas os auxílios terapêu­
O terreno bioenergético individual (definido pela ticos energéticos podem, porém, conduzir à cura. Em
medicina como terreno patológico de base com o tais casos, os actings da vegetoterapia caracteroa-
termo diátese) é a expressão da capacidade de dis­ nalíticalz mobilizam a energia estagnada proporcio­
tribuição e circulação do patrimônio energético. Os nando o reequilíbrio da circulação energética. Quando
chineses definem a patologia como expressão de per­ se tem uma abreação, a carga de DOR exprime-se e
versão da energia; nós afirmamos que a produção de isto recupera o biossistema e, consçqücntemente, seu
DOR altera o metabolismo fisiológico celular. movimento pulsátil e sua luminescência normal (aura,
No caso de um terreno bioenergético hiporgonó- efeito Kirlian13). A pulsação plasmática é anticn-
tico (por exemplo, tumor maligno), o escasso patri­ trópica14 e, do ponto de vista energético, é importante
mônio energético de base não é suficiente para neutra­ recordar que a saúde é a expressão da carga pulsante
lizar o excesso de DOR que se acumula no organismo, do biossistema. Um biosistema que não pode se des­
intoxicando-o por inteiro. O DOR é causa e efeito de carregar por causa da predominância simpaticotônica
alteração do DNA celular, enfraquece o ritmo bio­ não tem pulsações e sim uma tendência contínua a
lógico vital da célula, a sua freqüência de reprodução descarregar-se.
e suas estruturas evolutivas (isto é evidente nos tu­ Quando Reich fala de fome sexual nas biopatias
(em particular na biopatia do câncer), esta é inter­
20 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 21

pretada como a necessidade natural, frustrada, de uma 2. leucocitose (os eosinófilos destroem a histami-
vida gratificante e funcional segundo a fórmula do na), eritrocitose, trombocitose (função da globulina);
orgasmo . Nas biopatias, a insatisfação (frustração) 3. mobilização do sistema retículo-endotelial e
sexual (a libido freudiana não gratificada) provoca a linfocitose;
estase energética agravada pela simpaticotonia. 4. aumento dos auto e heteroanticorpos;
É importante assinalar que, quando a situação sim- 5. produção de fatores quimiostáticos para facilitar
paticotônica atinge seu máximo, a atividade do sim­ a diapedese e a fagocitose;
pático esgota-se z, paradoxalmente, temos uma paras- 6. aumento da produção de hormônios tróficos e de
simpaticotoni# reativa (£ a parassimpaticotonia dos defesa (córtex suprarrenal);
psicóticos e dos cancerosos). 7. expansão do volume plasmático do sangue (au­
Nos casos de biopatias cardiovasculares (hiper­ mento da água que funciona como anti-DOR);
tensão, arteriosclerose precoce etc.) a estase é causada 8. desidratação secundária (eliminação de DOR
por abstinência ou insatisfação "sexual"; a excitação com água);
permanece contida e como descarga compensatória se 9. ulcerações e perda de sangue;
tem uma repercussão por todo o organismo. 10. estado ansioso com raiva.
Dependendo da idade em que se manifestam as
Nas biopatias cancerosas existe uma redução de biopatias, podemos dizer que geralmente aquelas flo-
produção energética (a descarga é feita através da gístico-metabólicas são dos jovens e dos adultos,
reprodução celular) com falta de reação emocional enquanto que as sistêmicas e/ou degenerativas são dos
(peculiar destes sujeitos). De fato, com o tempo, as adultos e dos anciãos (uma boa e saudável velhice não
excitações e emoções tomam-se cada vez mais fracas é doença). A incidência familiar das biopatias sig­
reforçando e ampliando a resignação existencial. nifica a existência de uma "atmosfera particular na
Nas biopatias somatopsicológicas (secundárias) psicologia familiar" ancorada, caracterialmente, em
freqüentemente temos um quadro dismetabólico-flo- cada geração sucessiva, mas não se trata de here­
gístico que determina a explosão da estase energética ditariedade genética (confirmado pela observação fei­
(clássica dos sujeitos masoquistas, nos quais o blo­ ta em Boulder). De fato, por exemplo, se um ser
queio energético do diafragma explode num deter­ humano passa nove meses dentro de um útero que
minado momento). Tal explosão, porém, se choca pode estar cronicamente espástico e caracterialmente,
com a situação de contração e provoca a parassim­ consciente ou inconscientemente, "aborrecido" com a
paticotonia reativa. Para restabelecer a homeostase, gestação, o terreno biológico estará comprometido e,
muitas vezes a descarga energética provoca estados portanto, também a citologia embrionária e fetal (nãc
inflamatórios com:
1. febre, taquicardia, diarréia (eliminação de DOR
• Passagem de glóbulos sangüíneos através das paredes de vasos sangüíneo;
através da água);
íntegros. (N. T.)
22 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 23

é por acaso que a desordem energética pode provocar endorfinas. Voltaremos mais extensamente a este ar­
malformações no nascituro). gumento quando tratarmos dos tumores.
Portanto, quando se fala de biopatia está-se referin­ Concluindo, para cada biopatia manifestar-se é pre­
do a um terreno biológico (constituição) que poderá ciso que o sujeito viva uma situação existencial já
exercer em um sujeito uma condição de hiporgonia no experimentada em um período biológico precedente
biossistema com uma situação hiperorgonótica mus­ e estruturante da sua vida. Tal vivência encontra um
cular e não vice-versa (relação energética entre tem­ terreno bioenergético específico, formado, em certos
peramento e caráter). casos, antes do nascimento ou em seguida a situações
Apsicoterapia das biopatias deverá levar em conta existenciais que exerceram modificações (especial­
o que chamamos de "dessomatização", isto é, trans­ mente sobre a ação neuro-endócrina) na circulação e
ferir a manifestação física para o psiquismo. A passa­ distribuição da energia.
gem do físico para o psicológico e vice-versa rea- A estrutura caracterial (ligada à neuromusculari-
liza-se através de um processo de desagregação e dade) tem uma função protetora como uma "cober­
reconstrução molecular (Mc Connel-Hyden). tura". Se tal defesa perde a sua função ("quebra") após
A qualidade do terreno bioenergético pode ser ava­ uma situação de stress, o caráter toma-se um fator
liada através do teste de Vincent (válido para todas as secundário. Portanto, verificamos que a "couraça ca­
biopatias) e, ainda, com outros exames comprobató- racterial muscular" externa cobre uma "couraça" (re-
rios (para as biopatias em particular) de mudança do tração-contração) interna. A caracterialidade de um
metabolismo celular que de fcrmentativo torna-se do sujeito é muito importante para a interpretação psi-
tipo oxidativo. A alteração do DNA desorganiza toda codinâmica de uma biopatia; necessita-se levar em
a circulação energética feita através dos íons (a ener­ consideração se o terreno biopático é pré-natal, neo-
gia "positiva" é ligada aos íons negativos enquanto natal ou pós-natal.
que a energia "negativa" é ligada aos íons positivos).
Federía) Navarro
Quando os íons metálicos — que são os suportes
vibra-tórios da célula—apresentam uma queda vibra­
tória, as defesas biológicas normais também baixam;
verifica-se, então, uma ruptura do equilíbrio intra­
celular. Tudo isso fica evidenciado através da baixa
imunológica observada logo após uma situação de
stress.
Cada stress (e no conceito de stress está claro que
não existe dicotomia entre físico e psicológico) pro­
voca alterações endócrinas, neurovegetativas e in­
Agradeço afetuosamente ao Dr. Carmine Meringolo pelas suas notas da
fluencia a produção de linfócitos, de anticorpos e de
introdução.
24 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 25

Notas As características que distinguem o Inconsciente da primeira


tópica neste momento são aquelas relacionadas ao Id (o Ego e o
Superego são parcialmente inconscientes).
Para a economia-sexual reichiana "o inconsciente freudiano
(1) Cada aspecto psicológico está ligado à função do cérebro
é considerado como impulsos vegetatvvos e sensações orgâni­
límbico; o aspecto psíquico é função da neo-córtex.
cas". Além disto, o inconsciente freudiano para Reich tem um
(2) Inyushin - Biofísico da Universidade de Alma Ata, defi­
caráter histórico, isto é, é o inconsciente do homem encouraçado
ne a energia vital dos organismos vivos como bioplasma. O
e não pode ser identificado com as características distintas da na­
plasma é o quarto estágio da matéria onde os átomos perdem as
suas estruturas individuais &■ as partículas elementares estão tureza profunda do homem.
Para Reich, entre natureza e cultura, entre sexualidade e
livres para flutuárem como em um oceano elementar. O bioplas­
civilização não existe cisão e antítese, assim como também não
ma é o corpo energético; cada ser é um vivente solar.
(3) Teste de Vincent - Serve para determinar o terreno existe entre razão e emoção.
A civilização não se constitui por causa da remoção da pulsão
biopático celular através do exame dos líquidos do corpo: saliva,
sexual; ao contrário, é a satisfação sexual genital (a capacidade
sangue e urina. Levando-se em consideração os processos
de abandono ao fluxo energético no abraço amoroso - sinal da
metabólicos óxido/redutor e ácido/básico, o fator pH (concen­
potência orgástica) que permite a criatividade e a sublimação da
tração dos íons de hidrogênio), a resistência (campo elétrico) e
pulsão. Entretanto, aquilo que é considerado como sublimação
a resistividade (campo magnético), são estabelecidos quatro
territórios de risco: na atividade cultural é somente formação reativa.
Somente uma vida sexual gratificante pode propiciar ao indi­
- alcalino reduzido, para a tuberculose;
- ácido reduzido, para a micose; víduo a verdadeira socialização e humanização.
(5) Paul Maclean - ("Evoluzione dei cervello e comportamen­
- alcalino oxidado, para o câncer, esclerose em placa, AIDS
to umano") - Para ele o cérebro humano ''conserva a organização
e psicose;
hierárquica de três tipos de cérebro" que sucederam-se filoge-
- ácido oxidado, para doenças infecciosas.
neticamente e que apresentam diferenças de estrutura e de fun­
O teste constitui um instrumento válido de prevenção. É
ções bioquímicas, O mais antigo é o cérebro réptil i ano (paleo-
utilizado em Roma pelo Dr. Marco Lombardozzi, homeopata.
encéfalo) ou complexo R que compreende boa parte do sistema
(4) Inconsciente - No discurso reichiano é usado como ad­
jetivo. Usado como substantivo designa um dos três sistemas (os reticular, do mesencéfalo e dos núcleos da base.
Com os mamíferos primitivos apareceu um primeiro tipo de
outros dois são: Pré-consciente e Consciência) descritos por
córtex límbico ou arquipálio; com os mamíferos evoluídos apa­
Freud no funcionamento do aparato psíquico.
É constituído por elementos (conteúdos) reprimidos e afas­ rece a neocórtex ou neopálio com estrutura e funções mais com­
plexas, proporcionando ao homem um desenvolvimento mais
tados (removidos) da consciência que exercem pressão contínua
para retomar e ter acesso a esta última. A força desta pressão é especializado.
Cada um destes três cérebros está ligado a leis e modalidades
função do investimento libidinal feita sobre tais conteúdos
durante o período infantil. de funcionamento específicas, derivadas pelas diferenças estru­
Quando Freud passa da primeira para a segunda tópica na turais e funcionais.
A possibilidade de um funcionamento saudável do indivíduo
descrição do aparato psíquico, o termo inconsciente passa a ser
depende, então, de uma troca e colaboração estabelecidas entre
usado principalmente como adjetivo.
26 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 27

estes três cérebros. Somente isto pode garantir a expressão máxi­ vida (embrionário, fetal, neonatal ou pós-natal) no qual acon­
ma de vitalidade. teceu a vivência stressante da emoção medo.
Segundo Maclean, o aparecimento do arquipálio repre­ Os níveis e seus significados relativos são:
sentaria "uma tentativa da natureza de fornecer ao cérebro rep- 1. olhos, ouvidos e nariz: interpretação;
tiliano uma camada pensante" tendo a função de melhorar a 2. boca: oralidade e depressão;
adaptação no ambiente através da recepção e integração dos si­ 3. pescoço: narcisismo;
nais recebidos pelo interno e pelo externo. 4. tórax alto: identidade biológica e ambivalência;
A maior parte desta córtex constitui aquilo que Broca deter­ 5. diafragma: masoquismo;
minou o "grande lóbulo límbico", termo que significa "zona 6. abdômen: visceralidade;
limítrofe". !m 7. pélvis: genitalidade.
Em 1937, Papez denominou o cérebro dos mamíferos pri­ (8) Bloqueio - Com o termo bloqueio entende-se o impedi­
mitivos de rinencéfalo, mas não é correto. De fato, este cérebro mento do fluxo de energia vital. Segundo a teoria de Reich da
apresenta, além das funções olfativas, a importante função de unidade e identidade PSIQUE/SOMA, bloqueio caracterial e
integração e elaboração das emoções. bloqueio muscular são coincidentes. O bloqueio, o aprisiona-
Em 1952, Maclean denomina "Sistema Límbico" ao conjunto mento do fluxo energético em conseqüência de uma vivência
desta córtex primitiva e das estruturas do tronco cerebral em stressante de medo, é específico de cada anel e não é generaliza­
conexões diretas com a córtex. do como no período fetal.
O sistema límbico é o lugar que promove a integração do O bloqueio pode ser hipor^onótico ou hiperorgonótico (den­
indivíduo seja com o mundo externo seja com o biorritmo vital tro da metodologia da S.E.Or ). Com o propósito de um diagnós­
interior. Esta zona limítrofe entre o reptiliano e a neocórtex, por tico criterioso e de uma intervenção terapêutica adequada
um lado, recolhe informações relativas ao ambiente e, por outro, distinguera-se bloqueios primitivo, principal e secundários. O
mantém ligação direta com o hipotálamo, centro superior de bloqueio, ausência da pulsação bioplasmática, é comparável ao
regulação das funções neurovegetativas. miasma do qual fala a homeopatia.
A metodologia da vegetoterapia caracteroanalítica constitui (9) Signo e Símbolo - O signo apresenta característica conven­
o caminho de acesso mais válido para o sistema límbico e para cional, arbitrária e universal em relação ao significante e nos re­
a vida emocional do sujeito e, portanto, para a possibilidade da mete, de alguma maneira, a uma presença perceptiva sensível
sua integração. em relação ao significado. O signo é uma marca no lugar de algo.
(6) Somatopsicológicas e não somatopsíquicas porque está Esta substituição é feita através de uma convenção aceita univer­
envolvido o cérebro límbico e não a neocórtex. salmente para favorecer a comunicação de um determinado
(7) Níveis (anéis) e Caracterialidade - São as sete divisões saber ou de determinadas regras de comportamento (ex.: fór­
feitas por Reich. Cada um tem relação específica com uma mulas e equações matemático-físico-químicas ou sinais de
função e com um significado preciso e ainda mantém relações trânsito).
com os outros níveis. Se um anel está bloqueado, a expressão Na Grécia o símbolo (do grego "sumbolon" = sinal de reco­
funcional de vitalidade do sujeito está comprometida ou alterada nhecimento, substantivo de "sumballo" = colocado junto, unido)
e, conseqüentemente, emerge uma caracterialidade específica se refere a um "objeto de diversas matérias que denotava a
determinada pelos seus bloqueios e pelo período histórico da*

* S.E.Or. - Escola Européia de Orgonomia. (N. T.)


28 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 29

relação de hospitalidade entre duas famílias ou entre duas Os bacilos T estão presentes nos tecidos e no sangue de
cidades. Primeiro o objeto era quebrado em dois e cada interes­ qualquer organismo, seja canceroso ou saudável. Portanto,
sado ficava com uma parte, depois eram dois objetos iguais cora aquilo que distingue o são do canceroso não é a ausência de
inscrições". (Rocei - Vocabolario Greco-Italianó). bacilos T mas a "potência orgônica do organismo, isto é, a
O símbolo exige um pacto e um acordo que deverá ser conhe­ capacidade de manter baixa a quantidade de bacilos T" (Biopatia
cido posteriormente. Segundo G. Durand (L’Immaginazione dei Cancro 1 0 pág. 30 ).
Simbólica), o significante não é arbitrário nem convencional e o (11) 0 DOR (Deadly Orgone = orgone mortal) aparece onde
significado nunca pode ser atingido através do pensamento existe ausência de vida. A transformação em DOR acontece
direto. quando a energia orgônica pára de pulsar no organismo e a sua
O símbolo rçmete a um significado indizível e invisível, per­ mobilidade toma-se reduzida. Esta transformação de OR em
tence à categoria do signo, mas não pode referir-se a algo sen­ DOR coincide com o processo de encouraçamento: a couraça
sível, perceptível ou pensável diretamente. Segundo Ricoeur, "seqüestra" a energia orgônica transformando-se em DOR. Este
todo símbolo autêntico é cósmico, onírico. processo de encouraçamento e a transformação em DOR podem
Poderiamos resumir com a seguinte afirmação: enquanto o se dar tanto nos organismos vivos como na atmosfera terrestre.
signo diz respeito à comunicação racional-consciente, o símbolo (12) A vegetoterapia caracteroanalítica é a técnica terapêuti­
diz respeito à comunicação emocional-inconsciente. ca proposta por Reich em substituição à análise do caráter. Tem
(10) A desintegração biônica é a regressão da matéria viva à como objetivo a cura através do reequilíbrio das funções do
forma inicial de estrutura. Os bíons, visíveis no microscópio, Sistema Nervoso Vegetativo.
apresentam-se como vesículas de cor azulada e são delimitados A premissa e a fundamentação teórico-clínica da vegeto­
por uma membrana que contém em seu interior um líquido e um terapia caracteroanalítica são:
quantum de energia orgônica. Os bíons são as estruturas de tran­ - A teoria e a função do orgasmo;
sição entre o vivo e o não-vivo. - A unidade SOMA/PSIQUE;
Os bacilos T são também estruturas de transição entre o vivo - A identidade couraça muscular!caracterial;
e o não-vivo; porém, são menores que os bíons e de cor negra, - A identidade/antiteticidade do funcionamento centro-
são produtos de degeneração e putrefação das proteínas dos periferia da libido/angústia e do parassimpático/ortossimpá-
tecidos (especialmente a albumina) e da degeneração dos tico;
glóbulos vermelhos do sangue. - A subdivisão do corpo em sete níveis ou anéis;
Assim, podemos dizer que a matéria não-viva dá origem aos - A lei fundamental da orgonomia.
bíons PA com carga orgônica elevada e aos bacilos T que car­ A metodologia vegetoterapêutica consiste em dissolver os
regam pouquíssimo orgone. bloqueios musculares/caracteriais do sujeito partindo do alto
Baseado nas leis fundamentais da orgonomia, a maior carga (dos olhos) para baixo (a pélvis) através da proposta de actings
energética vital dos bíons PA atrai a carga menor dos bacilos T; precisos para todos os níveis. Deve-se a Federico Navarro,
assim, estes últimos são neutralizados tornando-se inócuos. seguindo a sugestão de Ola Raknes, o enriquecimento e a
Reich, através de suas observações experimentais, demons­ sistematização dos actings da vegetoterapia e a correlação de
trou como as células cancerosas são conseqüências da degene­ cada nível com seu respectivo significado.
ração dos tecidos e do sangue com o aparecimento sucessivo dos
bacilos T.
Edição italiana (N. T.)
Federico Navarro 31
30 Somatopsicodinâmica das Biopatias

respiratória; é uma funçãofundamental de cada sistema animai


A proposta e a meta da vegetoterapia é de reconduzir o or­
ganismo a sua mobilidade e fluidez energéticas tolhendo exces­ Do ponto de vista biofísico não é possível distinguir a vibração
sos e preenchendo carências para permitir uma redistribuição global de uma medusa da vibração orgástica de um organismo
harmônica do fluxo energético capaz de levar o sujeito de volta pluricelular.
As reações mais observáveis são: elevação da emoção bioló­
ao seu ritmo de pulsação biológica, ao contato consigo próprio,
gica, pulsação acelerada, a repetição expansão/contração, expul­
com o outro e com o mundo. A finalidade geral da vegetoterapia
é a maturação caracterial do sujeito, mais especificaraente a são do líquido somático e o abaixamento súbito da emoção bio­
instalação da primazia sexual genital e do reflexo do orgasmo. lógica.
(13) A aura é um halo colorido que circunda todo o corpo Com os seus rápidos movimentos de expansão e contração,
físico. A sua aiqplitude e a sua cor dependem do estado psico­ o orgasmo representa uma função de intumescimento e desin-
tumescimento, de carga e descarga: a pulsação biológica (W.
lógico e físico do indivíduo. Na pintura, corresponde ao halo dos
santos. Pode ser vista observando-se uma pessoa de uma deter­ Reich, A Biopatia do Câncer). O ciclo em quatro tempos "Tensão
minada maneira ou através de fotografia especial. A câmara - Carga - Descarga - Relaxamento" ou "Função T-C" é a fórmula
Kirlian, máquina que fotografa a aura, foi inventada pelo russo do orgasmo.
Kirlian. Esta é a característica de todo Sistema Orgonótico, isto é, um
(14) Entropia ("entrope" = conversão). A Entropia, S, intro­ sistema que possui um núcleo, uma membrana e um campo
energético. "A Função T-C não é exclusiva do orgasmo. É válida
duzida por Clausius, indica fusão do estado de um sistema
termodinâmico cuja variação para transformações cíclicas re­ também para todas as funções do aparato autônomo da vida. O
coração, o intestino, a bexiga urinária e o pulmão (respiração)
versíveis é zero, enquanto que para transformações irreversíveis
é sempre maior que zero. funcionam com este ritmo. E ainda, a divisão celular obedece a
este movimento assim como os protozoários e metazoários; os
A variação da entropia, XS, em uma transformação termo­
dinâmica é uma medida do caráter de irreversibilidade da própria vermes e as serpentes movem-se claramente de uma maneira que
transformação. podemos descrever através da linguagem da nossa Fórmula
A lei do aumento da entropia constitui o segundo princípio da T-C."
"... uma única lei fundamental parece, então, dominar todo o
termodinâmica; o primeiro é a lei da conservação de energia.
Dentro de uma visão cosmológica, supondo o universo um sis­ organismo e os seus órgãos autônomos (...) com a nossa fórmula
biológica temos a capacidade de absorver a essência do fun­
tema fechado, os dois princípios assim foram enunciados por
Clausius em 1865: cionamento da vida."
"A fórmula do orgasmo toma-se a fórmula da vida" (W. Reich
DIE ENERGIE DER WELTIST KONSTANT
DIE ENTROPIE DER WELT STREB MAXIMUM ZU - Biopatia dei Cancro II).
(a energia do mundo é constante, a entropia do mundo tende
para um máximo).
(15) Fórmula do Orgasmo = O orgasmo é um fenômeno fun­
damentalmente biológico; "'fundamentalmente" porque a des­
carga da energia orgástica é a base da função vital. Esta descar­
ga aparece sob a forma de uma vibração involuntária de todo o
sistema plasmático. Não é menos importante que a função
Edição italiana. (N. T.)
Biopatias Neoplásicas

Chama-se tumor toda produção celular patológica


constituída de um tecido neoformado sem fenômenos
inflamatórios.
Existem dois tipos de tumores: os malignos e os be­
nignos (dos quais alguns têm a potencialidade de
transformarem-se em malignos).
Os tumores malignos, além de manifestarem-se nu­
ma determinada zona anatômica, podem aparecer em
outras partes do corpo e suas células são irregulares e
deformadas. O nome câncer diz respeito a todos os tu­
mores malignos que se reproduzem e se alastram ten­
dendo a se espalhar pelo corpo inteiro.
Os tumores malignos que derivam do epitélio cha­
mam-se carcinomas e os derivados do conjuntivo são
os sarcomas. Têm nomes diferentes de acordo com o
tipo de célula de onde se originam.
Os tumores benignos são as verrugas e os sinais da
pele, os pólipos de alguns órgãos, os angiomas, os pa-
pilomas, os fibromas, os miomas, os fibroadenomas.
34 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 35

Alguns destes já podem estar presentes no organismo dois casos trata-se de sujeitos com patrimônio ener­
desde o nascimento. De um ponto de vista energético, gético deficitário: são hiporgonóticos. Se o stress do
isto significa que durante a vida intra-uterina apresen­ medo foi verificado durante os primeiros nove meses
tou-se uma boa reação do stress emocional deter­ de vida, a etiologia tumoral é somato-psicológica e os
minante; trata-se, portanto, de malformações e não de tumores são suscetíveis à terapia, também porque,
verdadeiros tumores (ex.: sinais da pele, angiomas diferente do período embrionário e fetal, o sujeito
etc.). Podem se transformar em tumores malignos pode começar a constituição da identidade biológica
devido a condições de imunodepressão causadas por relacionada às defesas imunológicas: trata-se de su­
stress existencial profundo e/ou prolongado. O mes­ jeitos disorgonóticos. Se o stress do medo teve sua
mo mecanismo leva à transformação de outros tu­ origem dos nove meses de vida até o período edípico,
mores benignos em malignos. temos o aparecimento de tumores benignos, sempre
Os tumores benignos permanecem localizados na curáveis, expressões de uma somatização: trata-se de
zona de aparecimento; no microscópio suas células sujeitos hiperorgonóticos. A zona anatômica de apa­
apresentam-se irregulares mas nunca deformadas. recimento de um tumor é ligada ao nível energético
Afirma-se que um tumor desenvolve-se quando se bloqueado que corresponde a sua estrutura caracterial
rompe o equilíbrio entre os mecanismos de defesa do e ao stress determinante. Nestes dois últimos casos, o
organismo e as forças que provocam a anarquia celu­ sujeito apresenta um patrimônio energético mal dis­
lar. Fala-se de terreno hereditário predisposto a fatores tribuído pelo corpo e o tumor nasce onde existe um
ambientais de natureza química, viral, alimentar, hor­ excesso energético estagnado ou um desequilíbrio
monal, parasitária, física do tipo irritativo mecânico energético.
ou radiante, da senilidade por causa da alta incidência O mecanismo de ação tumoral é determinado pela
com o avanço da idade. Estes fatores liberariam o energia estagnada que, transformando-se em DOR,
poder cancerígeno que algumas células possuem em provoca alterações do DNA celular comprometendo
estado de latência. Para nós é fundamental, na gênese principalmente a função reprodutora da célula ligada
dos tumores, o patrimônio energético e a circulação à bainha do DNA.
energética individual como determinantes do terreno Um terreno bioenergético hiporgonótico, responsá­
biológico. vel pelas formas malignas, é a causa da escassez do
Baseando-se no experimento de Boulder e recor­ patrimônio energético de base e não é capaz de neu­
dando a ação simpaticomimética do medo, podemos tralizar o excesso de DOR que se acumula na situação
pensar que um stress durante o período embrionário de contração biopática crônica; as células se multi­
determina formas tumorais malignas irrecuperáveis. plicam desordenadamente para tentar, paradoxalmen­
O stress durante o período fetal determina, também, te, sobreviver. As células regridem ao estado de bíons
tumores malignos, mas passíveis de regressão com o cuja desintegração dá origem aos bacilos T que, in-
auxílio de terapias energéticas convergentes. Nestes toxicando o organismo, levam-no à morte.
36 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 37

Como sabemos, todo stress libera adrenalina atra­ munológico dos tumores permitiu aplicações de al­
vés dos monócitos, agravando a simpaticotonia do guns testes de sangue: do hemoteste de Mattei à
terreno biopático. A ação do DOR sobre o DNApreju- cancerometria de Augusi.
dica especialmente a sua bainha, resultando em alte­ Através destas considerações fica evidente que um
ração do seu ritmo e freqüência de reprodução; de fa­ stress existencial é o elemento desencadeante, não
to, para isto basta que haja uma queda vibratória da determinante, do aparecimento de um tumor que já
energia ligada aos íons metálicos. Atualmente, sabe- estava predisposto celularmente e por causa do medo
se que uma situação de stress interfere na capacidade stressante memorizado, em um período anterior, em
imunológica do organisme através das conexões ner­ uma ou mais células de certos tecidos em qualquer
vosas e, também, nas secreções endócrinas neuro- zona do corpo. Reich na Biopatia do Câncer fala da
peptídicas. Os linfócitos circulantes podem ser com­ fome sexual destes doentes, isto é, a necessidade
parados a um cérebro móvel dotado de características natural, frustrada, de uma vida gratificante funcionan­
sensoriais e efetoras. Por isso, hoje, fala-se de psico- do segundo a fórmula do orgasmo: tcnsão-carga-des-
neuroimunologia. A relação entre depressão e apare­ carga-relaxamento ligada, à pulsação do biossistema.
cimento de um tumor, já observada e delimitada por A saúde, do ponto de vista energético, é a expressão
Reich, hoje é confirmada principalmente através da da carga pulsante do biossistema. Nas neoplasias este
verificação da diminuição dos linfócitos T. Rosem- sistema não pode carregar-se, não existe pulsação por
berg obteve curas ativando culturas de linfócitos in- causa da contração determinada pela simpaticotonia;
terleukina retirados dos doentes e depois reinjetados. a simpaticotonia crônica, que é um mecanismo de
Quando existe alteração do comportamento desta- defesa, promove uma descarga contínua de energia.
cam-se neuropeptídeos e linfocinas para receptores Neste caso, a carga energética muscular exprime-se
específicos na zona hipotalâmica (que é a área das sempre para proteger o biossistema e a contínua des­
emoções primárias); receptores idênticos são encon­ carga energética do tecido muscular leva os doentes a
trados nos monócitos, dos quais já falamos. Foram emagrecer progressivamente.
descobertos no hipotálamo receptores também para os A mesma situação de descarga energética é en­
linfócitos T. Assim, o stress emocional tem capacida­ contrada como mecanismos de ação dos "actings" da
de de provocar alterações linfocitárias influenciando vegetoterapia: o "acting" elimina o DOR e, ao mesmo
a produção dos anticorpos e da endorfina. Aendorfína tempo, coloca a função do nível tratado em condição
estimula os linfócitos NK (natural killers). Na zona de recuperar uma boa pulsação energética. Esta pul­
hipotalâmica está localizada a hipófíse que é a "ma­ sação, expressão do movimento pulsátil do biossis­
triz" de todo o aparato endócrino. Foram estudadas tema, determina o fenômeno da luminescência através
(Selye) as relações hipófise/timo (centro de atividades da eliminação dos "biofótons" observado por Popp.
imunológicas) logo após uma situação de stress: o ti- Esta pulsação plasmática é anti-entrópica, isto é,
mo reage mas depois chega à exaustão. O aspecto i- não gasta energia inutilmente. Para funcionar, o sis­
38 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 39

tema biológico deve ter um equilíbrio dinâmico, ins­ tico entrar em depressão profunda sem reagir, resig­
tável, deve ser dissipàtivo, capaz de impedir a es­ nando-se, termina desenvolvendo um câncer. O sujei­
tagnação de um excesso energético. O biossistema to em simpaticotonia crônica não retém mais a ener­
deve estar imerso em um fluxo de energia que o atra­ gia, passa a ter apenas descarga energética e perda da
vesse sem estagnar, deve ser auto-ordenado e auto-or- pulsação biológica. A contração crônica do organismo
ganizado (Prigogine). e a economia sexual deficitária prejudicam a respira­
Recentemente, na Alemanha, Hamer rejeitou a im­ ção do tecido, as células recebem pouco oxigênio e,
portância da emoção medo na gênese das neoplasias. paradoxalmente, reproduzem-se desorganizadamen-
Hamer afirma que para q aparecimento de um tumor te para não morrer. A respiração inadequada induz um
são necessárias três condições: 1) conflito pessoal metabolismo do tipo oxidativo; por isso o câncer equi­
muito dramático; 2) conflito prolongado; 3) conflito vale à putrefação viva do tecido. Aneoplasia aparece
acompanhado de um estado de solidão e fechamento na zona corporal onde se tem maior bloqueio (hipor-
psicológico. gonótico ou hiperorgonótico) de um dos sete níveis
Este conflito, segundo Hamer, desorganiza o cam­ como conseqüência e não como causa da doença.
po magnético de uma zona do encéfalo (correspon­ A desagregação celular produz bíons que, morren­
dente à natureza e ao conteúdo do conflito), que envia do, dão origem aos bacilos T (T=Tod=morte). A sua
mensagens confusas às células do órgão dependente origem no organismo explica por que a medicina
desta zona e, então, inicia-se a proliferação celular tradicional hipotetizou a etiologia das neoplasias co­
desordenada. Para Hamer não existe metástase; existe mo sendo causadas por vírus ou microplasmas. Final­
apenas o aparecimento de novos tumores semelhantes mente, hoje, começa-se a admitir que os vírus são
ao primeiro (uma hipótese deste tipo foi feita por produtos das nossas próprias células! O surpreendente
Zironi nos anos 40 na Itália). é que as células cancerosas proliferam-se indepen­
O metabolismo das células neoplásicas é do tipo dentemente das outras células com um mecanismo de
oxidativo - não é fermentativo como acontece nas cé­ divisão celular normal.
lulas normais - causado pela alteração do DNA que Eis porque podemos dizer que Reich via o tumor
apresenta mutação em um dos seus íons metálicos. como morte e renascimento celular, como deses-
Não podemos esquecer que os íons metálicos são os truturação e reestruturação da matéria; para reagir à
suportes vibratórios energéticos e nas neoplasias, morte emocional o organismo produz a vida de um
quando acontece uma queda vibratória energética, is­ tumor. Para Reich, a biopatia cancerosa é a conse­
to equivale a uma queda imunológica causada pelo qüência da resignação crônica e caracterial no âmbito
stress. Arelação entre tumor e emoção já foi esboçada da função plasmática das células. O processo se inicia
por Ambrogio Pareto quando escreve que o "câncer é da periferia em direção ao centro até atingir o núcleo
a conseqüência de uma grave melancolia". Reich assi­ celular que, ao ser atingido, tenta desesperadamente
nala, claramente, que se um sujeito com terreno biopá- salvar a célula com a reprodução descontrolada por
40 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 41

causa do medo ancestral de morrer. Hoje isto é con­ Para Lawrence Le Shan, o aparecimento de um
firmado pela descoberta da existência da memória tumor é conseqüência do seguinte conflito existenci­
celular e pela experiência de Boulder sobre a con­ al: 1) perda ou separação de um dos genitores ou de
tração da trama celular causada por fatores ambientais um substituto destes e tal perda é incompreensível e
negativos, até chegar a um estado irreversível, onde a vivida com um sentimento de vazio e abandono; 2) o
passagem à cancerização fica muito evidente como sujeito investe sucessivamente todos os seus ideais e
tentativa de sobrevivência. O câncer é uma reação suas expectativas em uma única pessoa ou em uma
excessiva contra a morte mas, como todas as reações única situação; 3) verifica-se novamente uma perda,
excessivas, pode ser mortal. geralmente entre um e 18 meses antes do aparecimen­
Diversos autores hipotetizaram sobre a origem psi­ to da neoplasia: novamente aparece o desespero e a
cológica das neoplasias. Na França, Mathé constatou sensação de abandono e vazio; 4) o sujeito não reage
que em ratos, inoculados para desenvolverem leu­ emocionalmente mas mantém um comportamento de
cemia, uma vida sexual satisfatória impede o seu adaptação exterior, enquanto interiormente a vida
aparecimento porque os processos imunológicos são perde o significado. Cuningham sustenta que estes
estimulados. doentes são depressivos-reprimidos e Cooper acres­
Segundo Fomari, o tumor é a reação à vida sentida centa que têm uma grande raiva interna não-expressa.
e vivida como uma armadilha, é a morte e o renasci­ Este aspecto da personalidade encontra-se, fre-
mento de um sujeito resignado a uma depressão suici­ qüentemente, nos border-lines, que para defenderem-
da. A neoplasia é como uma criança que nasce de um se de um núcleo depressivo apresentam-se exte­
útero, prisão que se pode deixar saindo da mãe, isto riormente com uma atitude ativa e otimista, con­
é, o próprio organismo. Hipótese fascinante que, po­ sumindo muita energia e por isso podem somatizar a
rém, não considera a psicopatologia ligada ao cérebro sua psicose em uma neoplasia.
límbico e reptiliano nem aos inputs hormonais da vida Fox afirma que os fatores emocionais nesta biopatia
embrionária e neurovegetativa da vida fetal. não são importantes para desencadear o seu apare­
Na Argentina, Chiozza interpreta a neoplasia como cimento mas o são para o seu decurso, isto é, o oti­
uma criança-monstro nascida da fantasia inconsciente mismo é importante, faz parte de uma boa terapia. Isto
de acasalamento endogâmico; esta relação hermafro- nos leva a considerar o método Simonton da visua­
dita nasce do aspecto narcísico ligado ao medo do in­ lização de pensamentos positivos. Este método pode
cesto. Por isso o sujeito acasala-se consigo mesmo. ser explicado pela neuropsicologia reichiana como
Esta fantasia inconsciente determina uma agitação e um estímulo fucional do primeiro nível através da
excitação contínua de onde resulta a idéia de que o fantasmagoria que energiza o límbico e o hipotálamo.
corpo possa crescer e viver sem limites para ser imor­ Laborit, com os seus trabalhos, demonstrou como
tal. A célula reproduz-se na tentativa delirante de ser a inibição da ação induz a um estado imunodepres-
imortal. sivo.
42 Somatopsicodinâmica das Biopatias

Pancheri observa que as células neoplásicas esca­


pam do sistema de vigilância do controle imunológico
e isto pode ser relacionado à recente descoberta dos
neurohormônios que interferem positivamente nas
defesas imunológicas.
Felter, demonstrando a relação entre timo e S.N.V.
pelo qual os linfócitos tímicos são estimulados, pri­
vilegia a ação das emoções no aparecimento das neo- Biopatias do Sistema Nervoso
plasias.
Tudo isto póde explicar como Ikemi fala de curas
milagrosas através de métodos e técnicas capazes de
exaltar o aspecto mental e físico do doente que, mu­
dando radicalmente a sua vida afetiva e social, obtém
o desaparecimento da doença. Como a homeopatia
justamente afirma, o primeiro remédio para o doente
é o médico, é o terapeuta que, com a sua dispo­ As biopatias do sistema nervoso são produtos de
nibilidade, é capaz de tratar um doente na sua glo- um fluxo deficiente de energia levada pelo sangue
balidade (como deveria ser no tratamento da psicose). através das artérias capilares por causa da ação endó-
A disponibilidade significa ser e nãofazer o terapeuta, crina e neurovegetativa alterada principalmente du­
mas ser terapeuta para poder preencher o vazio afetivo rante a vida fetal. Entre as principais doenças do siste­
de uma pessoa desde o período de sua vida embrio­ ma nervoso que apresentam características de bio-
nária e fetal até a maternagem. patia, são consideradas: 1) Mal de Parkinson; 2) Mal
No tratamento dos tumores a vegetoterapia deve-se de Wilson; 3) Corea de Huntington e de Sydenham;
valer de outros auxílios terapêuticos de acordo com 4) paralisia bulbar progressiva; 5) esclerose em placa;
cada caso, indicando o acumulador orgônico, a orelha 6) heredoataxia espino-cerebelar; 7) paralisia espi­
eletrônica, a homeopatia, a dieta alimentar, a acupun­ nhal de Erb; 8) siringomielia; 9) Doença de Little; 10)
tura, os oligoelementos, as enzimas e as vitaminas, espasmofilia. São todas doenças sistêmicas ou abio-
além de outros subsídios terapêuticos considerados trófico-degenerativas; algumas são biopatias primá­
alternativos. rias, outras secundárias, nas quais fica evidente a
função do medo como fator desencadeante ou deter­
minante.
As neuropatias com prognóstico desfavorável são
doenças neuropsicossomáticas (biopatias primárias)
que aparecem em personalidades psicóticas. As
44 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 45

neuropatias com prognóstico favorável são doenças tipo rígido. Às vezes o tremor é intencional, em outras
somatopsicológicas (biopatias secundárias) que apa­ é estático, aparecem desartria e desordens psicoló­
recem em personalidades "border-lines". gicas. Contemporaneamente à sintomatologia neu­
1) Mal de Parkinson - Manifesta-se geralmente rológica, observa-se a presença de uma cirrose he-
entre 50 e 60 anos e freqüentemente após um forte pática com poucas implicações clínicas. É caracte­
choque. Os sintomas mais evidentes são: tremor lento, rístico em tais pacientes uma hiper-pigmentação azul-
mais destacado em condições de repouso, que se esverdeada da borda corneal definida como "anel de
inicia nos membros superiores; hipertrofia muscular Kayser-Fleisher". A lesão anatomo-patológica cere­
com hipomimia;. bradicineslá; deslocamento em pe­ bral é uma degeneração do núcleo lenticular da base
quenos passos apressados; rigidez muscular da pupi­ do cérebro. Uma certa semelhança com o Mal de
la; distúrbios neurovegetativos e da palavra. O stress, Parkinson faz hipotetizar aspectos psicopatológicos
embora sentido como agradável, modifica o tremor e semelhantes, mas não existe até agora uma pesquisa
a rigidez muscular, intensificando os sintomas quando neste sentido. O prognóstico é desfavorável.
o sujeito está envolvido em uma ação ou diante de um 3) Corea de Huntington - Definida como "heredo-
estranho. Trata-se de doentes com uma "mentalidade" familiar", inicia-se entre os 30 e 40 anos desencadeada
particular, sujeitos que sempre tiveram uma rigidez por causas emocionais, apresentando movimentos in­
comportamental, "exteriormente" virtuosos e mora­ voluntários primeiro na cabeça e nos membros supe­
listas com uma compulsi-vidade que freia a hos­ riores, depois em todo o corpo. Apresenta distúrbios
tilidade e a agressividade destrutiva. São sujeitos qua­ da marcha, da linguagem e da deglutição, crises de
se sempre ansiosos, deprimidos ou eufóricos que às agitação psicomotora e crises delirantes. O prognós­
vezes têm manifestações alucinatórias ou delirantes tico é desfavorável.
com deformações visuais e perceptivas e um dete- A Corea de Sydenham tem ligações estreitas com
rioramento intelectual progressivo. Charcot destacou o reumatismo (biopatia secundária), com início brus­
a importância de um choque moral como fator desen- co ou lento (Dança de S. Vito) acompanhado de
cadeante. distúrbios psicológicos (afetivos, hipocondríacos, an­
As lesões anatomopatológicas da doença são en­ gústia), apresenta hipertonia ou hipotonia muscular
contradas nos núcleos cinzas extrapiramidais da base com movimentos involuntários que denotam uma
do cérebro - o reptiliano -, sede da motilidade invo­ patologia nos núcleos da base do cérebro. O prognós­
luntária. O prognóstico é desfavorável. tico é favorável.
2) Mal de Wilson (ou degeneração hepatolenti- 4) Paralisia bulbar progressiva - Aparece lenta e
cular) - Inicia-se entre 10 e 30 anos com hipertonia insidiosamente na idade adulta, em particular no sexo
muscular extrapiramidal que provoca contrações e masculino, acompanhada de disartria progressiva por
espasmos durante a marcha. Freqüentemente apresen­ causa da paresia, atrofia língua!, labial e do velopên-
tam-se crises tetaniformes e atitudes musculares do dulo (o que provoca voz anasalada e, freqüentemente,
Federico Navarro 47
46 Somatopsicodinâmica das Biopatias

vômito). Na fase terminal aparece tiragem com disj terizada por placas amielínicas disseminadas (córtex
néia. As vezes a doença começa ou termina com ui e medula espinhal) responsáveis pela sintomatologia
aspecto semelhante à esclerose lateral amiotrófic, neurológica. Tal desmielinização é, praticamente,
(biopatia muscular). Neste caso são afetados especial uma grave regressão a condições fetais hiporgonóti-
mente o bulbo cerebral, o cerebelo e os centros neuro- cas. O prognóstico é desfavorável.
vegetativos. O prognóstico é desfavorável. 6) Heredoataxia espino-cerebelar (ou Mal de
Friedereich) - Aparece na adolescência com uma

3
5) Esclerose em placa - Aparece entre 20 e 30 an<

triv?
geralmente precedida de uma neuromielite ótica, ataxia caracterizada por titubeação, cambaleio e alçar
caracterizada por uma paraparesia espástica com tre­ das pernas, com exagerada inclinação para a frente.
mor intencional nos membros superiores, desapare­ Este sintoma estende-se aos membros superiores.
cimento dos reflexos cutâneos (especialmente os ab­ Aparece o sinal de Romberg: hipotonia muscular com
dominais), exacerbação dos reflexos profundos, dis­ desaparecimento dos reflexos. Estão presentes o refle­
túrbios cerebrais (dismetria, adiadococinesia, nistag- xo de Babinsky (reflexo neonatal) e acentuados refle­
mo, paresia dos músculos oculares, distúrbios ves­ xos de automatismo espinhal, nistagmo e fala escan­
tibulares, fala lenta e escandida, distúrbio dos es- dida. Freqüentemente percebe-se distúrbios da sen­
fíncteres, riso e choro espástico, presença do sinal de sibilidade profunda e termo-dolorífica. No decorrer
Romberg). Freqüentemente aparecem desordens psi­ da doença o pé começa a deformar-se - que se curva
cologias. Acontecem ainda síndromes parciais e re­ - e a marcha alterada provoca deformações progressi­
missões intermitentes da doença. Muitos autores con- vas da coluna vertebral. O prognóstico é desfavorável.
sideram-na uma doença auto-imune cujo apareci­ 7) Paralisia Espinhal de Erb - Considerada "he-
mento - certamente emocional - denuncia uma con­ redofamiliar", pode iniciar em qualquer idade. O
dição particular do terreno biológico do doente e ex­ sujeito tem a sensação de que os membros inferiores
prime uma condição de auto-agressão. Na maioria das estão pesados e cansados e, progressivamente, a mar­
vezes trata-se de sujeitos afetiva e sexualmente ima­ cha toma-se pareto-espástica. Estão presentes sinais
turos por causa de frustrações precoces, que viveram piramidais, hipertonia, reflexos exacerbados, clono
a perda de uma pessoa significativa ou tiveram medo do pé e da rótula, sinal de Babinsky e contratura em
de perdê-la. Dentro de uma visão psicopatológica, extensão. É importante o diagnóstico diferencial entre
evidencia-se uma hipomania histérico-narcisista com a esclerose em placa e a esclerose lateral amiotrófica.
variações de humor e reações de resistência ao mé­ O prognóstico é desfavorável.
dico, ao seu destino e ao ambiente, equivalente a uma 8) Esclerose lateral amiotrófica (ou doença de
reação aos desejos de dependência ou atitudes de Charcot) - Inicia- se dissimuladamente na idade adulta
negação ou de controle ansioso. com miotrofia degenerativa e paralisia dos músculos
Do ponto de vista anatomopatológico trata-se de das mãos e dos antebraços nem sempre bilateral­
desmielinização dos centros e das vias nervosas carac­ mente, reflexos profundos acentuados desaparecidos
48 Somatopsicodinâmica das Biopatias Fcderico Navarro 49

somente nas zonas atróficas e envolve com uma Na posição de repouso a hipertonia muscular vai dimi­
paraparesia espástica os membros inferiores, é nuindo até desaparecer. Contemporaneamente encon­
presente o reflexo de Babinsky, hipertonias e clonos. tramos retardo do desenvolvimento mental e distúrbio
Não são observados distúrbios da sensibilidade*. Nos afetivo. A síndrome tende a regredir com a adoles­
estágios avançados aparecem sinais de paralisia bul- cência; por isso pode ser considerada uma biopatia
bar (paralisia labioglossofaríngea). O prognóstico é secundária em sujeitos que fazem resistência à auto­
desfavorável. nomia e, portanto, à independência motora.
9) Siringomielia - causada por uma degeneração 11) Espasmofilia - é uma síndrome neurológica
amielínica de algumas zonas da medula espinhal, geralmente associada ao raquitismo (déficit de cálcio)
aparece por volta dos 30 anos com os seguintes sin­ com hiperexcitabilidade dos nervos periféricos e, por­
tomas: 1) musculares - atrofia dos músculos das mãos tanto, tendência a espasmos ou contrações musculares
(mão como de macaco ou garras); 2) sensitivos - localizadas ou difusas. O sujeito (em geral do sexo fe­
disfunção da sensibilidade termodolorífica, enquanto minino) apresenta alcalose do sangue. As formas gra­
aquelas táteis e a profunda permanecem conservadas ves são aquelas em que aparecem laringoespasmo ou
(o que chamamos dissociação siringomiélica) em broncoespasmo. Às vezes existe um piloroespasmo e
distribuição radicular; 3) tróficos - mutilações espon­ manifestações que se assemelham às crises convul­
tâneas, retração da aponeurose palmar, artropatias, sivas da eclâmpsia. Em tais casos existe uma grave
fraturas ósseas; 4) vasomotoras - mão edematosa com situação inconsciente crônica de ansiedade. Por isso
tumefação do seu dorso, cianose, hiperidrose ou ani- o diafragma está implicado. Ahiperventilação ansiosa
drose. determina uma situação adrenérgica e o pH sangüíneo
Às vezes apresenta-se como uma síndrome altera-se provocando alcalose, o que causa a alteração
simpático-paralítica (miose, enoftalmia, rima palpe- da relação ao nível das membranas celulares entre cál­
bral diminuída). cio, potássio, fósforo e magnésio. Pela enorme difu­
A presença de sintomas bulbares caracteriza a sirin- são na França, é considerada uma doença. Nós acre­
gobulbia com paralisia, atrofia da língua, nistagmo, ditamos que se trata de uma somatização histérica.
vertigens, distúrbios dos nervos cranianos. Em fase
avançada aparece a paraplegia. O prognóstico é desfa­
vorável.
10) Doença de Little - está ligada às vias pira-
midais e é definida como congênita mas, na realidade,
aparece no neonato no momento da passagem da
motilidade à mobilidade com movimentos disrit-
mados e cruzamento dos pés durante a deambulação.

* Somente a motricidade está alterada. (N. T.)


Federico Navarro 51

diversas formas clínicas desta doença. O prognóstico


é desfavorável.
2) Miotrofia de Thomsen (heredofamiliar) - tem seu
início na infância ou adolescência e é caracterizada
por uma persistência da contração muscular por cinco
a trinta segundos depois da parada de um movimento;
mais evidente depois do repouso, atenua-se com a re­
Biopatias do Aparato ^euromuscular petição do movimento. Estão envolvidos quase todos
i os músculos, os quais aparecem aumentados de vo­
lume até ao desenvolvimento para hipertrofia. Existe
hiperexcitabilidade evidenciável com a percussão so­
bre um músculo e com a estimulação elétrica. Os re­
flexos tendinosos são enfraquecidos ou ausentes; isto
significa que a hipertrofia muscular é reativa para
compensar um déficit energético.
Entre as doenças do aparato neuromuscular com 3) Distrofia Miotônica ou Doença de Steinert (he­
características de biopatias encontramos: redofamiliar) - inicia por volta dos 30 anos com atrofia
1) Distrofia Muscular Progressiva ou Atrofia Mus­ dos músculos do antebraço ou da mão ou da zona pe-
cular Primitiva; roneal. Geralmente são afetados os músculos mímicos
2) Miotrofia de Thomsen; (principalmente os estemocleidomastóideos). Muitas
3) Distrofia Miotônica; vezes os reflexos estão ausentes e aparecem distúrbios
4) Miastenia. endócrinos (amenorréia), calvície precoce, catarata e
distúrbios psicológicos (apatia, hiperexcitabilidade,
Algumas destas doenças são consideradas heredo- dificuldade de contato com o mundo externo). O
familiares. prognóstico é desfavorável.
1) Distrofia Muscular (heredofamiliar) - aparece na 4) Miastenia Gravis ou Miastenia Pseudo-paralítica
infância ou na adolescência com uma atrofia muscular de Erb-Goldflam ou Paralisia Bulbar Astênica - apare­
bilateral simétrica e invasão centrífuga da raiz dos ce entre os 20 e os 40 anos, prevalentemente no sexo
membros (às vezes encontramos uma pseudo-hiper- feminino, em seguida a um stress (doenças, intoxi­
trofia em alguns músculos que parecem duros e com cações, gravidez, fadiga). No início destaca-se a cefa-
pouca capacidade de contração). Existe uma dimi­ léia e a raquialgia e, depois, fenômenos miastênicos
nuição dos reflexos concomitante com o grau de atro­ oculares uno ou bilaterais (bleferoptase, estrabismo,
fia; não aparecem distúrbios da sensibilidade. A evo­ diplopia) ausentes de manhã e acentuados à noite ou
lução é lenta com períodos estacionários. Aparecem depois de movimentos repetitivos dos olhos. Os
52 Somatopsicodinâmica das Biopatias

músculos mímicos, da mastigação e faríngeos tam­


bém são afetados. O sujeito apresenta dificuldade da
palavra e disfonia e depois astenia dos músculos
respiratórios (com dispnéia), do pescoço e dos mem­
bros superiores. Depois do repouso, durante um deter­
minado período, recupera-se a energia muscular. Às
vezes também são afetados os músculos viscerais (co­
ração e intestinos). Estão prementes distúrbios neuro- Biopatias da Pele
vegetativos. O deourso é crônico com possíveis remis­
sões, às vezes longas, mas o prognóstico é
desfavorável. Algumas vezes aparece um tumor no
timo. São contra-indicadas as massagens por causa da
ação dispersiva da energia nesta doença. Trata-se de
uma biopatia que encontra a sua etiologia no momento
da passagem da fase neurovegetativa-emotiva àquela
muscular com implicações do bulbo.
Todas essas biopatias têm uma única etiologia e A superfície da pele é de cerca de dois metros
manifestam-se diferentemente segundo o momento quadrados. É, segundo Seitz, um órgão que ocupa
biográfico no qual existiu o stress intra-uterino. uma posição intermediária entre as enervações
voluntárias que exprimem uma situação psicológica e
situações dependentes da nossa vontade, Nós acre­
ditamos que a pele, além de ser um órgão do sentido
tátil, como tecido é sede de manifestações que, en­
quanto sistêmicas e/ou degenerativas, podem ser
intermediárias entre um significado específico e aque­
le mais geral de biopatia*. A pele é constituída pela
epiderme (derivada embriologicamente do ectoder-
ma) e pela derme (derivada embriologicamente do
mesoderma). A epiderme é constituída por células
densamente sobrepostas, enquanto que a derme con­
tém fibra e uma substância fundamentalmente estru­

* Específico no sentido de somatizaçáo localizada e geral no sentido de


disfunção de todo o eu (biopatia) (N.T.)
54 Somatopsicodinâmica das Biopatias Fedcrico Navarro 55

turada. Aepiderme tem uma função específica de pro­ A patologia da pele não pode ser separada da pa­
teção com contínua formação de novas células, as tologia geral do organismo. A pele, como os olhos, é
quais vão de encontro a um processo de queratini- um meio de expressão e ponto de contato entre o
zação. Na epiderme notamos a presença de uma célula mundo interno e o externo. Paul Valery escreveu que
particular - o melanócito - que embriologicamente de­ a pele é aquilo que o homem tem de mais profundo.
riva do melanoblasto da crista neural que, durante a O fato de que a epiderme desenvolve-se embri­
vida fetal, migra através da derme para a epiderme. ologicamente do ectoderma, de onde também ori­
As variações individuais oií faciais não dependem do gina-se o sistema nervoso, autoriza-nos a afirmar que
número de melanócitos, mas sim do ritmo de ati­ a pele é o nosso cérebro externo. Na pele está contido
vidade melanino-genética. A união entre epiderme e o nosso EU; por isso todos os distúrbios crônicos da
derme realiza-se através de uma "membrana basal" pele exprimem um mau funcionamento do EU.
que, através de modificações do estado de agregação A linguagem corrente, às vezes, fala dos olhos e da
dos seus compostos polisacarídeos, modifica a sua pele (de onde também fazem parte os cabelos) usando
permeabilidade para a água, íons, proteínas e outras adjetivos como luminosos ou suaves e a função da
substâncias, desenvolvendo assim ação de filtro. Esta pele muitas vezes é definida com frases como "sair da
membrana não é uma simples zona de transição; é, pele", "deixar a pele", "não estar na pele", "estar bem
também, uma unidade estrutural e funcional, essen­ ou mal na pele", "amigos de pele", "tem uma pele de
cial para os fenômenos de cicatrização. elefante" etc. Isto porque a pele reage rapidamente ao
A pele, em particular a epiderme, tem a função de stress psicológico com vermelhidão, palidez, arrepio,
proteger o organismo contra a penetração de agentes suor quente ou frio, prurido, urticária, calafrio e outras
tóxico-infecciosos e contra a ação lesiva de fatores formas em seguida a situações de vergonha, medo, ira,
físicos e químicos. É um órgão sensorial de primeira excitação, perplexidade etc., todas manifestações li­
importância por causa da presença de receptores ner­ gadas à afetividade. Trata-se de fenômenos neuro-
vosos específicos que permitem ao organismo esta­ vegetativos que incidem nos músculos periféricos ou
belecer uma relação de contato direto com o ambiente. no fluxo sangüíneo. Enquanto órgão sensorial, a pele
Outra função fundamental é a sua participação na pode apresentar sintomas de conversão neurológica
regulação nervosa reflexa da temperatura do corpo, tais como anestesia, parestesia, hiperestesia. Eis por­
determinando assim a termo-regulação. Outras fun­ que é importante distinguir nas manifestações cutâ­
ções importantes são as secretora, excretora e imu- neas se a origem é psicossomática, somatopsicológica
nológica, como demonstram os fenômenos alérgicos ou somatização. E importante também saber a fre-
que se desenvolvem na derme. qüência destas manifestações e a estrutura tempe­
Recentes pesquisas têm confirmado algumas fun­ ramental ou caracterial do doente.
ções endócrinas da pele; por isso ela pode ser con­ A somatopsicodinâmica da pele ressalta a tendên­
siderada a maior glândula endócrina do organismo. cia masoquista e exibicionista (narcisista) de tais
56 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 57

doenças. Estes sujeitos tiveram mães inadequadas ou emplos: acne escoriada, condiloma aguçado, derma­
hiperprotetoras e, portanto, pouco estimulantes ou tite perianal, anicofagia, tricotilomania, mordisca-
indiferentes, despertando sentimento de culpa e mento labial, pseudo-escleroderma e verrugas. Todas
erotização masoquista no contato. Freqüentemente as são doenças somatopsicológicas.
doenças da pele pioram após stress ou tensão sexual 3) Afecções dermatológicas como cobertura racio­
e as palmas da mão ou os pés apresentam uma trans­ nalizada para exprimir alterações de autovalorização
piração psicológica. Em geral a coceira é equivalente e/ou para esconder ou falar dos próprios problemas ou
da masturbação como conseqüêpçia de uma repressão para chamar atenção e receber tratamento. Exemplo
durante a infância.J Spitz observou que mães com disto é a coceira em todo o corpo que sofria Marat.
distúrbios psicológicos podem ter crianças com "ec­ Em tais casos, trata-se de somatizações.
zema de bebê" durante o aleitamento, em resposta à No primeiro grupo encontramos a eczema consti­
atitude hiperprotetora materna. Isto esconde um sen­ tucional, expressão de alteração neurovegetativa por­
timento de hostilidade em direção ao neonato*. Em que geralmente é acompanhada da asma ou da febre
tais casos o neonato não apresenta o "fenômeno do es­ de feno. São sujeitos com medo de enfrentar uma re­
tranho" que aparece por volta dos nove meses, em se­ lação interpessoal direta e incapazes de manifestar a
guida ao desmame. Na terapia, a massagem equivale destrutividade. Nestes casos a eczema provoca muita
ao contato (do qual os psicóticos são carentes) que é coceira, apresenta-se com vesículas que ao secarem
calor materno para o neonato, é sinônimo de amor. caem como escamas. A sua localização é simétrica.
Rechenberger descreveu e dividiu as doenças Em alguns casos a manifestação é de forma seca, con-
dermatológicas em quatro tipos. Nós pensamos que seqüência de uma hipergonia. É importante lembrar
podemos reduzilas a três, em relação à personalidade que as manifestações dermatológicas secas exprimem
do doente: carência energética, enquanto que aquelas úmidas ex­
1) Afecções dermatológicas como equivalente primem excesso energético. A presença de água nas
somático da emoção em sujeito pouco estruturado e afecções dermatológicas úmidas confirma sua ação
pouco vital (hiporgonótico). Exemplos: eczema, urti- anti-DOR; o mesmo pode ser dito no caso da celulite,
cária, psoríase, eczema gênito-anal, dermatite não es­ infiltração aquosa dos tecidos de alguns níveis com
pecífica, eczema vulvar, dermatite herpetiforme, her- maiores bloqueios (o pélvico nas mulheres e o pes­
pes gravídica, labial e genital, líquen, acne, rosácea, coço nos homens).
hiperidrose, eczema das mãos, alopecia, ictiose, A eczema seborréica é sempre de origem reativa. E
esclerodermia. Todas são doenças psicossomáticas. uma somatização encontrada geralmente em sujeitos
2) Afecções dermatológicas como expressão da que sofreram de crosta láctea.
atualização de um conflito neurótico estruturado. Ex­ A anamnese de sujeitos com psoríase apresenta
precedentes psicopatológicos: viveram uma perda re­
* A atitude de hiperproteção esconde um sentimento de hostilidade da mãe al ou imaginária (mas vivida como real) de um afeto
em direção ao neonato. (N. T.)
58 Somatopsicodinâmica das Biopatias

ou uma ameaça à saúde ou segurança. Os fatores


emocionais pioram o distúrbio, especialmente a an­
siedade e a ação verbal Apsoríase é caracterizada por
placas vermelhas delimitadas, não infiltradas, com as­
pecto escamoso. A sua configuração é variada e as zo­
nas atingidas são as extremidades, sempre de maneira
simétrica. No rosto a localização é raríssima. Aictiose
(do grego = pele como a de peixe) tem a forma de uma Biopatias Vasculares
pele escamosa que está ligada à ontogênese intra-
uterina.
Aesclerodermia, da qual falaremos melhor quando
tratarmos das biopatias conjuntivas, é um endure­
cimento progressivo da pele e dos órgãos internos
como expressão de um desejo inconsciente de "mu-
mificar-se" ou de permanecer "fixado" em uma certa
época da vida, estático e... imortal como as múmias. 1) Aterosclerose e Arteriosclerose
As outras afecções da pele, da acne ao vitiligo, das
verrugas aos furúnculos, não são biopatias. Os trabalhos de Selye sobre o stress, ampliados pela
Em todas as manifestações dermatológicas estão teoria da inibição da ação desenvolvida por Laborit,
implicados os capilares na sua função de descarga de têm demonstrado como todo stress físico e psicológi­
metabólitos tóxicos (DOR). A eliminação dos me- co provoca uma resposta neurovegetativa e hormonal
tabólitos através do suor (água) é importantíssima.* no organismo.
Salmonoff afirma que o ressecamento da parte aquosa O stress físico produz principalmente uma respos­
dos olhos é co-responsável pela catarata, glaucoma e ta hormonal com o aumento da adrenalina sem au­
retinite. mento de lipemia; o stress psicológico produz um au­
Apele é um gigantesco cérebro periférico, através mento de noradrenalina com mobilização dos lipídios,
da qual estamos sempre vigilantes enviando mensa­ fato que, com o tempo, conduz à formação do atero-
gens ao cérebro de cada distúrbio, cada ameaça, cada ma, da placa e do aglomerado endoarterial, dando iní­
agressão que venha do periférico. cio à aterosclerose (é a agressividade, mais do que a
ansiedade, que aumenta a noradrenalina). A ateros­
clerose é a causa da maior parte das crises cardíacas.
Ela não é ligada ao envelhecimento pois atinge tam­
bém os jovens e, portanto, foi considerada como uma
* Porque impede a estagnação energética e, conseqüentemente, a formação
de DOR. (N. T.) afecção do ambiente comparável ao câncer.
60 Somatopsicodinâmica das Biopatias
Federico Navarro 61

A formação do ateroma nas paredes internas das feria, e na íntima se formam as placas ateromatosas e
artérias reduz o fluxo até à obstrução, como acontece a artéria então perde a sua elasticidade.
no infarto. O colesterol está sempre presente no atero­ Temos três tipos de arteriosclerose: aquela devido
ma, o que sustentou a tese da alimentação muito rica à senilidade, as calcificações localizadas e a arterios­
em gorduras; uma outra tese afirma que o ateroma se clerose capilar ateromatose das arteríolas caracte­
forma por causa da presença de algumas proteínas no rística da hipertensão.
sangue. A placa aterosclerótica é constituída princi­ Alexander declara que a arteriosclerose atinge su­
palmente de células de músculos lisos. Nas artérias jeitos comparáveis a um vulcão que nunca entra em
tais células são encontradas no extrato mediano ou tú­ erupção e que têm um comportamento de desconfi­
nica média da parede arteriosa: parece, então, que na ança no confronto do médico e dos remédios devido
parede forma-se como que um tumor que tem origem a uma postura narcisística de falsa superioridade.
no extrato mais profundo e neste é depositado o co­ O eletrocardiograma pode confirmar se existe arte­
lesterol. Segundo a teoria da clonação, todas as célu­ riosclerose e hipertensão ao mesmo tempo.
las da placa formam uma classe, isto é, originam-se Tanto a aterosclerose como a arteriosclerose às ve­
da mesma célula. A aterosclerose aparece por causa zes podem dar sintomas de nível, isto é, manifestações
de uma mutação no meio das células musculares isquêmicas localizadas nos níveis mais bloqueados.
arteriosas normais. Para explicar a sua etiologia foram Os parâmetros da pressão arterial encontram-se au­
propostas as mesmas causas daquelas para os tu­ mentados na arteriosclerose enquanto que na
mores. A hipertensão também pode provocar fenô­ hipertensão geralmente só a pressão sistólica - e não
menos hidrodinâmicos levando à proliferação intem­ a diastólica - é aumentada.
pestiva de tais células. A arteriosclerose é uma doença degenerativa pro­
A aterosclerose é freqüentemente confundida com gressiva e irreversível das artérias nas quais se tem
a arteriosclerose, que é a degeneração das artérias e hiperplasia de uma ou mais túnicas das paredes arte­
dá início ao envelhecimento, e isto pode acontecer riosas e acompanhadas por depósitos de lipídios, co-
desde a infância. Pode-se dizer que a aterosclerose lágeno, ialina e cálcio. Tudo isto produz endure­
representa uma doença degenerativa-sistêmica que se cimento, dilatação, deformidade e perda de elas­
associa ao envelhecimento normal que é a arte­ ticidade das artérias. Esta é a principal causa de mortes
riosclerose. Na arteriosclerose é a túnica íntima, que nos países "civilizados".
é o extrato interno da artéria, que está comprometida,
comprometendo também a sua função de troca com 2) Hipertensão Arteriosa
os elementos do sangue, isto é, a parede intermediária
das artérias musculares entram em contração impe­ Quando a Medicina oficial não conhece a causa da
dindo o afluxo normal do sangue em direção à peri­ hipertensão, define-a como hipertensão essencial ou
idiopática. A hipertensão pode ser maligna ou benig­
62 Somatopsicodinâmica das Biopatias Fede rico Navarro 63

na. No primeiro caso trata-se de doenças psicos- Goldblat afirma que a causa da hipertensão deve-se
somáticas, isto é, uma biopatia primária que já pode a uma isquemia renal que provoca liberação de renina
estar presente na infância ou adolescência. A hiper­ determinando o aumento da tensão, mas na maior
tensão benigna é uma doença somato-psicológica ou parte dos casos tal isquemia não aparece; pode-se
biopatia secundária. As crises hipertensivas transitó­ pensar que provavelmente estímulos neurogênios in­
rias são somatizações. fluem nos vasos renais e a participação do simpático
A hipertensão é um aumento da pressão do sangue toma-se evidente como demonstra o bloqueio farma-
nas artérias e, quando não é essencial, ela é secundária cológico com guanatidina dos gânglios autônomos
e devido a causas bem definidas como, por exemplo, com conseqüente queda de pressão.
em algumas doenças renais. É importante recordar que o stress libera as
Os sintomas mais evidentes na hipertensão são: catacolaminas (noradrenalina, dopamina) que, junta­
vertigens, dor de cabeça, zumbidos auriculares, epis- mente com as prostaglandinas, controlam a atividade
taxe. Muitas vezes não existem sintomas aparentes e enzimática das células, como também a renina, a
isto é grave porque podem encobrir conseqüências sé­ angiotesina e a auriculina (hormônios do coração). A
rias como hemorragias cerebrais, insuficiência cardía­ Medicina oficial alopática utiliza quase 60 tipos de
ca ou renal, sinais de aterosclerose grave. anti-hipertensores, cada um agente em um ou mais fa­
No aparecimento da hipertensão ou no seu tores da hipertensão.
agravamento, alguns fatores contribuem para isso tais Sem dúvida os fatores psicológicos modificam a
como obesidade, stress, produtos químicos excitan­ pressão sangüínea especialmente no que diz respeito
tes, retenção de sal, oscilação de temperatura etc. às inibições das pulsões de hostilidade. Segundo Can-
non, o medo e a cólera ativam o simpático provocando
A hipertensão essencial tem uma evolução progres­ aumento de adrenalina. Como sempre, a doença é um
siva que leva a lesões vasculares e renais. mecanismo de defesa do indivíduo para estar em
A hipertensão benigna dos adultos é uma biopatia condições de contra-ataque ou de fuga. Pode acon­
flogístico-metabólica; a maligna é uma biopatia pri­ tecer que condições de perigo externo tenham sido
mária caracterizada principalmente por uma deficiên­ interiorizados pelo sujeito de forma que esteja em um
cia na expulsão do sódio da membrana dos eritrócitos estado de defesa permanente que o faz gastar energia
(isto confirma a necessidade de reter tais íons para a inutilmente; trata-se de sujeitos hiperorgonóticos. Em
sobrevivência energética celular) e das células das pa­ geral são pessoas que controlam as explosões de
redes das arteríolas. Na hipertensão a contração das cólera através de um bloqueio do pescoço (bloqueio
arteríolas é a expressão do aumento do tônus muscular narcisista). O bloqueio do pescoço significa aumento
das paredes dos vasos, resultado de um estado de sim- de energia que estimula a atividade do glomo caro-
paticotonia. Na hipertensão o dano vascular é conco­ tídeo. Este último é o regulador simpático da pressão
mitância e não conseqüência. arterial e do fluxo de sangue cerebral.
Federico Navarro 65
64 Somatopsicodinâmica das Biopatias

Exteriormente, do ponto de vista caracterial, os O fato de que nem todos os neuróticos que inibem
hipertensos, como todos os indivíduos que têm um a hostilidade sejam hipertensos confirma a existência
bom selfcontrol, dão a impressão de serem bem adap­ de fatores constitucionais, isto é, uma condição de ter­
tados, complacentes, afáveis, compreensivos, sábios reno biopático.
e afetivamente maduros. Mas isso não é verdadeiro. Ahipotensâo arterial é a somatização de um estado
Estes, com o autocontrole, reprimem-se para manter depressivo; não é uma biopatia. A hipotensão é causa­
a imagem de pessoas agradáveis e serem aceitos, mas da pelo medo que o sujeito tem da própria agres­
na realidade estão ísempre tensós, são competitivos e sividade.
ambiciosos. Alexander diz que eles vivem em espera
crônica. O narcisismo ligado à rigidez do pescoço
compromete o diafragma e por isso instala-se uma
ansiedade crônica causada por fantasias competitivas.
Neles, uma sexualidade não conformista (expressão
de protesto e rebelião) provoca sentimento de culpa
que aumenta a ansiedade e a tensão criando um círculo
vicioso. Por baixo do seu comportamento agressivo e
hostil existe uma tendência à dependência passivo-
feminina. A sua hostilidade leva ao medo de ser
desmascarado. Por isso recuam diante da rivalidade,
isto é, ao recuarem, sentem-se inferiorizados aumen­
tando ainda mais a hostilidade e também o estado
defensivo de tensão-contração crônica ligada ao
simpático. Este círculo vicioso leva a uma paralisia da
afetividade. Na anamnese destes sujeitos fre-
qüentemente encontramos uma brusca mudança da
personalidade no momento do aparecimento da
hipertensão, de um comportamento agressivo para um
terno e exteriormente doce, com uma atitude
diplomática, em geral consciente, por não suportar
insucessos.
Schwab afirma que o alto percentual de hipertensos
entre os negros americanos é devido ao controle do
conflito interno para adaptarem-se ao ambiente
dominado pelos brancos, inibindo a sua hostilidade.
Biopatias Endócríno-metabólicas

1. Diabete

O diabete é uma biopatia secundária (somatopsi-


cológica) mas às vezes pode ser uma somatização. A
medicina oficial fala de uma disposição constitucio­
nal, de diátese em relação à diabete. Do ponto de vista
reichiano isto significa que nesta doença a estrutura
caracterial e o terreno energético individuais são mui­
to importantes. Sabemos que a taxa de açúcar no san­
gue pode variar em seguida a emoções fortes. Um
mau aleitamento do neonato provoca uma situação de
medo e daí uma ansiedade e uma hostilidade em
direção à nutriz. O medo originado no primeiro nível
(os olhos) descarrega-se no diafragma (quinto nível);
por isso a aparente disfunção inicial está no pâncreas
(órgão do nível diafragmático) mas, na realidade, o
momento inicial da patologia é de responsabilidade
da hipófise (órgão do nível ocular), glândula que regu­
la o funcionamento de todas as glândulas endócrinas.
68 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 69

A ingestão inadequada ou exagerada de carboi- corpo, enquanto que a transpiração na metade inferior
dratos excita a tiróide e as glândulas supra-renais do corpo está ausente. Em relação à pele podem
provocando ansiedade e agressividade adicional. No aparecer ulcerações tróficas (doença perfurante) que
início da enfermidade o bloqueio dos olhos é hiperor- freqüentemente conduzem a uma gangrena e a lesões
gonótico; isto explica a hiperprodução de insulina no ósseas.
primeiro momento da doença. A insulina tem um Os sintomas primários do diabete são: hiperglice-
efeito parassimpaticotônico e a hiperparassimpati- mia com glicosúria (aumento da glicose no sangue e
cotonia produz como "feed-baçk" uma simpaticotonia presença desta na urina), polaciúria e poliúria (aumen­
reativa. A hiperorgonia inicial solicita a função pan- to da freqüência de urinar e da quantidade de urina).
creática e as células dos tecidos absorvem muito O aumento da eliminação de H2O pela urina pode ser
glucose do sangue. Portanto, existe muita energia pe­ associado à função do H2O na eliminação dos com­
riférica. No momento em que se instala a simpati­ ponentes tóxicos - DOR - do organismo. O metabo­
cotonia reativa, a função pancreática toma-se defi­ lismo alterado do diabético produz estase de lipídios
citária na produção de insulina, facilitando a insta­ e do azoto celular no sangue. Isto explica a arterios-
lação do diabete, e determinando, então, a baixa ener­ clerose com hipertensão e azotemia elevada por causa
gia celular periférica (as células não são mais capazes da desagregação protéica. A azotemia provoca ace-
de absorver o glucose do sangue). As vezes somente tonemia, responsável pelo coma acetônico, geralmen­
o metabolismo intracelular do glucose está alterado. te mortal por causa da insuficiência miocárdica e em
O diabete exprime um mecanismo de defesa exa­ tempo muito breve (mais ou menos seis horas).
gerado para sobreviver: o aumento da atividade supra- No diabete podemos dizer que existe como que um
renal produz um aumento de glicogenólise no fígado, derretimento da carne na urina, exagero patológico de
impedindo a transformação da glicose em glicogênio. um processo normal exacerbado pela hipersimpa-
No nível molecular este processo significa uma dis­ ticotonia reativa.
persão, uma liberação energética excessiva. Isto deto­ Enquanto que na biopatia cancerosa existe uma
na como sintomas secundários no diabético a sensa­ perda energética causada pela desintegração dos bions
ção de astenia, fenômenos de impotência, espasmos dos eritrócitos, no diabete a desintegração é do tecido.
vasculares etc. e o fígado sobrecarregado de glicose A deficiência de insulina obriga os tecidos a se reabas­
dá sinais de insuficiência e consome as vitaminas do tecerem do glucose das proteínas e da gordura im­
complexo B, disto as neurites diabéticas e os sintomas plicando no emagrecimento do doente.
derivados do sistema nervoso. (A célula nervosa pre­ A Parotidite epidêmica (caxumba) pode acarretar
cisa de glicose para seu bom funcionamento; mas sem complicações tanto nas glândulas genitais como no
a insulina pancreática as células são incapazes de ab­ pâncreas com conseqüente diabete.
sorvê-la.) A alteração do simpático provoca, no dia­ Muitas vezes o diabético pode apresentar hiper-
bete, a anidrose com hiperidrose na parte superior do tonia muscular com uma passividade do tipo maso­
70 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 71

quista, o que confirma o bloqueio do diafragma. Nes­ a mãe que se exprime através de uma bissexualidade
tes doentes o componente caracterial oral é muito psicológica. Quando a própria identidade sexual
evidente; em geral o fator desencadeante da doença - biológica é bem-determinada, persiste uma dificul­
não o determinante - é um episódio depressivo. Assim dade em aceitar o aspecto feminino do caráter especial
como o surmenageÇl) físico e psíquico característico por parte dos homens. É mais fácil para as mulheres
do maníaco-depressivo, a glicemia varia com o hu­ renunciar ao aspecto neurótico masculino. Esta
mor. O perfil de pesonalidade do diabético é o de um identificação com a mãe não é aceita pelo diabético
sujeito com grande dificuldade de transformar o es­ que está sempre pronto a negar o aspecto feminino da
tado de dependência infantil em maturidade inde­ sua personalidade: trata-se sempre do mecanismo de
pendente do adulto. Geralmente o diabético utiliza a defesa com a negação. Geralmente encontra-se um
sua enfermidade para receber amor (leite). Paradoxal­ conflito com o superego, o que faz pensar que o dia­
mente ele procura com a hiperglicemia aquele açúcar bete nos adultos é, com freqüência, uma somatização,
(amor) que não teve adequadamente quando era neo- enquanto que o diabete nos jovens é uma biopatia.
nato. A situação regressiva oral de tais sujeitos é satis­ Nos adultos a simpaticotonia crônica é uma reação de
feita com a ingestão de muita comida (bulimia) pro­ fuga ou defesa de um conflito e um meio para reen­
vocando hiperglicemia crônica com a hiperlipidemia contrar o afeto e a proteção; no jovem existe um medo
que caracteriza o diabete gordo. Junto ao aspecto arcaico que produziu uma simpaticotonia crônica.
masoquista existe também um traço ambivalente com É oportuno relembrar a importância do regime die-
indecisão desproporcional à situação real. Tal am­ tético para o diabético. Este não deve ser frustrante
bivalência nasce do fato que o pâncreas é um órgão mas também não pode ser indulgente. O sujeito deve
limítrofe com o tórax onde residem a ambivalência e tomar consciência da sua psicodinâmica para apren­
a identidade biológica geralmente conturbada no der a auto-regular-se (= independência). O sujeito dia­
diabético. bético não deve ser frustrado porque já o foi durante
O mecanismo emotivo expressa-se através do neu- o aleitamento; é necessária uma dieta aparentemente
rovegetativo para salvar-se da ameaça não só física abundante, respeitando as calorias dos alimentos, para
mas também para obter segurança e prestígio. O me­ satisfazer a dependência oral e depois superá-la.
do, embora inconsciente, é um estímulo crônico que Aoralidade do diabético é muito marcante. Por isso
provoca hiperglicemia; o medo no primeiro nível a doença é muitas vezes expressão de uma perso­
(olhos, ouvidos e nariz) estimula a hipófise. Houssay nalidade border-line.
constatou que a extirpação da hipófise anterior pro­ Pesquisas recentes nas universidades de Wa­
longa a vida dos animais sem pâncreas. shington, Montreal e Cracóvia mostraram que existe
A psicodinâmica destes sujeitos consiste em intro- uma ligação entre esquizofrenia, asma, artrite e dia­
jetar e incorporar aquilo que é doce (= amor de uma bete; nestas doenças é encontrada uma alteração da
mãe idealizada), provocando uma identificação com produção das prostaglandinas.
72 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 73

As prostaglandinas (família de ácidos adiposos barreira de proteção pela gordura, uma couraça de
com 20 átomos de carbono) são sintetizadas no or­ gordura: quando é psicossomática, esta representa a
ganismo e exercem função específica nos órgãos, tentativa de compensar um núcleo psicótico; quando
levando em consideração a especificidade do órgão e é uma somatização, encontramos aspectos carac-
o seu equilíbrio. teriais da histeria. Neste caso a gordura serve como
proteção de uma situação depressiva oscilante entre a
2) OBESIDADE depressão oral insatisfeita e ansiosa, com a raiva da
oralidade reprimida. O sujeito experimenta o seu cor­
A obesidade é um ^cúmulo de^ gordura em regiões po como algo mau e o externo como bom.
do corpo e em órgãos (como fígado, coração, pân­ No obeso existem quatro aspectos emocionais:
creas). É mais freqüente nas mulheres do que nos amor, dor, culpa e raiva. Ele não é capaz de exprimir
homens (especialmente os casados). Tal acúmulo é o amor e a dor; sente somente a culpa e o medo de
devido à relação desproporcional entre calorias e con­ exprimir a raiva porque quando a exprime sente-se
sumo energético. Os distúrbios endócrinos não pro­ mais culpado. Para exprimir amor e dor como sen­
vocam obesidade; podem favorecê-la ou por aumento timentos positivos, toma-se afável e disponível ao
de ingestão de comida ou por diminuição do consumo desejo do outro.
energético. Na patogênese da obesidade é encontrado As pessoas obesas apresentam alteração da imagem
sempre um comprometimento hipotalâmico corporal que, em última análise, representa a dificul­
(diencéfalo-hipofisária) e isto nos leva a fazer uma dade em situar o corpo (o ego) no tempo e no espaço.
distinção entre obesidade primária e obesidade se­ Isto provoca um comportamento de tipo infantil por
cundária. A obesidade do diabete gordo é, por exem­ causa da dificuldade de assumir a própria idade. Para
plo, uma obesidade secundária. A implicação dien- o obeso a sua obesidade é sinônimo de saúde. Este
cefálica primária ou secundária confinna que ou se sinônimo é a conseqüência da mensagem (errada) dos
trata de uma biopatia primária (psicossomática) ou de pais que confundem ser gordo com sinal de boa saúde.
uma somatização, e isto fica provado com o fato de Sabemos que a nutrição tem um valor importante, tan­
que se fala da obesidade como uma anomalia cons­ to instintivo como afetivo, desde o período do aleita­
titucional, como hereditariedade ou como familia­ mento (o leite significa tudo aquilo que liga o neonato
ridade. ao ambiente e representa a materialização do amor
Nos obesos a absorção é normal, não existe lipofilia materno). Em seguida o comer torna-se substituto do
e, às vezes, o metabolismo basal está aumentado. contato, da comunicação emocional, uma transfor­
Freqüentemente os obesos queixam-se de astenia, mação do amor materno. A mãe do obeso pensa que
dispnéia, dores articulares. A obesidade predispõe à alimentar abundantemente o filho, mesmo que força­
hipertensão, artrose, diabete, arteriosclerose. Nestas do, seja uma demonstração de amor. Não é por acaso
condições existe risco de morte. A obesidade é uma que o aumento e a diminuição de peso sejam objeto
74 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 75

habitual das conversas em que existe ligação afetiva, A criança obesa tem uma incapacidade de adap­
não como fator estético mas como expressão de saúde. tação social normalmente quando a família preocu­
Entretanto, não são apenas as mulheres, mas tam­ pa-se com a sua obesidade para fugir de outros pro­
bém os homens, em geral em idade avançada, que se blemas da realidade; assim, eventuais dificuldades
preocupam com a obesidade: além de fatores esté­ familiares são protegidas.
ticos, uma pessoa muito gorda parece mais velha e a A coesão da família oral e a obesidade da criança
obesidade pode ser um fator desencadeante de várias protege o medo da destruição, da desintegração fa­
enfermidades. miliar, como acontece na situação psicótica. O obeso
Em geral, no$ obesos eiiste um conflito entre é o bode expiatório da família. Raknes dizia que, para
desejo de emagrecer e a renúncia ao prazer de comer. não morrer, o obeso se constrói um sarcófago de gor­
A ingestão de comida é o fator decisivo para a obe­ dura. Ser gordo é adquirir um papel social na nossa
sidade. Há uma estreita relação entre prazer sensual e sociedade que o considera um personagem.
função da mucosa oral; este é o maior prazer durante Sendo a obesidade uma barreira contra o contato,
o primeiro ano de vida e, em seguida, a influência do esta faz o obeso permanecer ligado à mãe em uma situ­
ambiente familiar toma-o determinante. ação pré-edípica; o obeso tem medo de chegar ao
O alimento, para o obeso, representa a coisa boa do Édipo.
externo de que necessita incorporar para preencher o A influência das glândulas endócrinas no estado de
vazio interior. nutrição é devido a uma distúrbio funcional secun­
O obeso que se sente interiormente mau (com mais dário ligado a condições psicológicas especiais. Ri-
intensidade quando sente raiva) assume o alimento chardson afirmou que a obesidade de origem endó-
"bom” e isto o acalma. Mas, ao mesmo tempo, vem a crina é rara e que os sinais de distúrbios endócrinos
punição instando um mecanismo infantil reativo para são sempre modais. Nas mulheres obesas os eventuais
permanecer como um bebê grande e não amadurecer, distúrbios menstruais desaparecem rapidamente
fixando-se no clima psicológico infantil da família. quando o peso se reduz. Os tratamentos endócrinos
Existem famílias orais para as quais a comida é a são equivalentes a um placebo.
coisa mais importante e a preocupação é dar de comer Hamburger descreveu quatro tipos em relação à hi-
ao filho. Em tais casos não se dá importância às outras perfagia (voracidade):
necessidades dos filhos, especialmente as emocio­
1) aqueles que se alimentam excessivamente em
nais, e a comida toma o lugar do alimento emocional.
decorrência de tensões emocionais não específicas
Pessoas educadas desta maneira mais tarde darão um
(solidão, tédio, angústia);
grande valor à comida com a idéia que a saúde depen­
de somente desta. Estas crianças jamais serão inde­ 2) aqueles que se alimentam excessivamente de­
pendentes e confiantes na sabedoria das forças emo­ pois de tensões crônicas e frustrações (para estes a co­
cionais. mida é um substituto do prazer);
76 Somatopsicodioâmica das Biopatias Federico Navarro 77

3) aqueles que se alimentam excessivamente para Para algumas mulheres a obesidade é uma defesa
esconder um distúrbio emocional profundo da sexualidade, um obstáculo para o sex-appeal; para
(depressão); outras pode simbolizar a gravidez originada de falsas
4) aqueles para os quais a alimentação excessiva é convicções infantis de parto gastrointestinal. Em al­
um apetite compulsivo. guns homens é a justificação para uma atividade se­
É muito importante o estudo de Bruch que consta­ xual escassa.
tou como a função alimentar não é de todo inata mas Bruch distingue a obesidade determinada desde a
que precisa ser formada, isto é, que pode ser desviada infância e a obesidade reativa que surge após um gra­
do seu destino original quando^ mal orientada, como ve trauma oculto onde a gordura representa uma capa
se os obesos não fossem capazes de perceber quando contra a ansiedade, contra a ameaça de destruição
estão saciados e continuassem comendo. dando a sensação de força. Mas, na realidade, existe
Calenac e Ducloux demonstraram, em 1970, que se abulia, passividade e inibição da agressividade. O
uma pessoa "normal" beber uma solução concentrada obeso inconscientemente limita as suas atividades e
de glucose, depois de algum tempo sente náusea e an­ os seus contatos porque não sabe separar-se da mãe-
siedade. No obeso isto não acontece. Ele é capaz de nutrição por medo de sentir-se só e ser abandonado.
beber tranqüilamente uma grande quantidade. Segun­ O seu corpo desencoraja o contato e afasta os even­
do Bruch, se a mãe não responde adequadamente às tuais parceiros sexuais.
mensagens do filho, este perde a capacidade de discri­ Alby e Kloty afirmam que os obesos possuem
minar fome e saciedade. Existem mães que pensam personalidade obsessiva, ansiosa, depressiva, exer­
que cada vez que o bebê chora é porque necessita cem uma atividade sexual muito raramente; se estes
comer. se descompensam podem se manifestar sintomas neu­
Desde o nascimento a vivência emocional fome = róticos e psicóticos.
desprazer está associada com a mãe que amamenta; Não existe, segundo alguns autores, um verdadeiro
assim, a comida representa além da satisfação da perfil psicológico do obeso; existem numerosos obe­
necessidade também o amor e a segurança. Por isso a sos em harmonia, mas é muito freqüente sentirem-se
alimentação exagerada é utilizada pelo obeso para vulneráveis, insuficientes, com baixa auto-estima e
procurar resolver todos os seus problemas existen­ hiperfagia; a atividade física reduzida e o peso são
ciais. Deste modo a obesidade é conseqüência de uma defesas contra angústias profundas compensadas com
"aprendizagem errada". Por isso o obeso, assim como a imponência que os faz parecer fortes e seguros.
o anoréxico, tem uma deformação da própria imagem O tratamento para emagrecer não terá sucesso se o
corporal: o peso, para ele, é proteção mas, com fre- sujeito não for conduzido a encontrar uma nova adap­
qüência, ao mesmo tempo, um inimigo (a mãe) contra tação instintivo-afetiva.
o qual deve-se lutar ou negar quando não se sente Hilde Bruch constatou que cerca de 40% dos o-
gordo mas normal. besos apresentaram enurese na infância como sinal de
78 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 79

imaturidade, foram crianças fechadas, introvertidas, algumas formas de obesidade e condições de defesa
com baixa capacidade criativa, com aversão a ati­ do organismo.* Trata-se da adiposina, praticamente
vidades musculares e ginástica. Durante a exibição de idêntica ao complexo D, proteína presente nas reações
um filme, elas mostravam-se mais interessadas pela de defesa. Sabemos que o nosso sistema imunológico
trama do que pela ação e forma. Em geral seus pais representa o nosso ego biológico; por isso tal desco­
não estão de acordo entre si e muitas vezes o obeso é berta confirma a alteração do ego nos obesos que, sen­
filho único mesmo que seja o único daquele sexo. do incapazes de gerir a própria vida, são consciente
A educação destes sujeitos foi contraditória, falsa e ou inconscientemente candidatos ao suicídio (um e-
punitiva. Parece qüe o excesso de alimentação foi uma xemplo famoso é Fassbinder: núcleo psicótico -
cobertura da hostilidade em direção a algum parente, obesidade - depressão - suicídio).
principalmente a mãe. O exercício muscular é consi­ Enfim, existem pessoas que engordam sem alimen­
derado perigoso pelo obeso. tarem-se excessivamente ou comendo muito pouco;
Depois da infância a manifestação da obesidade alimentam-se da própria angústia psicótica que blo­
(somatização) é uma regressão oral contra a ansie­ queia os centros diencefálicos que regulam o apetite.
dade. Em alguns períodos da vida (escolaridade, pu­ Os insucessos dos tratamentos dietéticos têm sua
berdade) a obesidade é a causa de disfunções en- causa na impossibilidade de dispender caloricamente
dócrinas; o vazio da vida emocional é preenchido com a energia armazenada pela disfunção dos centros
a comida. O adolescente obeso pode transformar-se, hipotalâmicos.
como reação psicológica narcisística, em um anoré-
xico.
Nicholson declara que para a terapia da obesidade
é fundamental associar dieta e psicoterapia para que
a pessoa tome consciência do comportamento mater­
no e do fato de ser obeso.
O obeso apresenta um ego frágil, incapaz de dizer
"não" à mãe quando já estava satisfeito de comida du­
rante a infância; foi uma criança com EU direcionado
pelo EU materno (a mensagem materna era: coma
porque tens fome). A fragilidade do EU é confirmada,
indiretamente, através de uma recente descoberta feita
pelo Instituto do Câncer da Universidade de Harvard:
as células do tecido gorduroso produzem proteína
semelhante a uma substância fundamental do sistema
* O EU tem a sua sede no quarto nível reichiano - o tórax - ande também
imunológico, o que faz pensar em uma relação entre está instalada a glândula timo responsável pelo sistema imunológico.
Biopatias do Colágeno (colagenosas)

O tecido conjuntivo é constituído basicamente pelo


colágeno.
As doenças conjuntivas mais importantes são:

1) Lúpus Eritematoso;
2) Panarterite Nodosa (localizada nos dedos - é a
doença de Reynaud);
3) Esclerodermia;
4) Dermatomiosite;
5) Artrite Reumatóide e Osteoporose.
1) O Lúpus Eritematoso aparece principalmente
nas mulheres a partir dos 15 anos de maneira aguda,
subaguda ou crônica, com febre, astenia, emagreci­
mento, cefaléia, insônia e distúrbios menstruais. A
manifestação cutânea típica é o eritema como uma
borboleta no dorso do nariz e nas faces. Esta máscara
pode permanecer benigna por anos e depois transfor­
mar-se em um lúpus disseminado. A degeneração e
necrose dos tecidos são a causa de sintomas articu-
82 Somatopsicodinâmica das Biopatias
Federico Navano 83

lares e musculares. Logo aparece a taquicardia como 4) A Dermatomiosite atinge a musculatura estriada
expressão de uma condição simpaticotônica. Fre- deixando-a sensível à dor e às alterações funcionais
qüentemente ficam perturbados o funcionamento dos juntamente com manifestações cutâneas e das mu-
rins, fígado e pulmões e aparecem reações imunoló- cosas. A forma aguda (benigna) aparece nas crianças;
gicas de tipo auto-agressivo. Estão presentes situação a crônica nos adultos. A doença tem seu início com
depressiva e alterações oculares, o que confirma se pequena febre, cansaço e dores musculares especial­
tratar de uma biopatia somatopsicossomática. mente na cintura escapular. Contemporaneamente
2) A Panarterite Nodosa é caracterizada por um ex- aparece uma erupção eritematosa no pescoço e no
sudato, reação inflamatória que^atinge todas as pare­ rosto. Apresenta-se também um edema sobre o qual o
des dos vasos arteriais. Assim, todos os órgãos são a- dedo não deixa marca (ação do H2O sobre 0 DOR). É
tingidos derivando em várias sintomatologias por uma biopatia secundária mas com potencialidade pro­
oclusão arterial. Aparece uma sintomatologia aguda gressiva quando é acompanhada de neoplasia maligna
nos intestinos, coração e rins, febre, astenia, sudorese, (miopatia carcinomatosa).
emagrecimento. É freqüente a formação de aneuris- Em 50% dos casos chega-se à mortalidade. A doen­
mas. Fazem parte da Panarterite Nodosa as síndromes ça pode desaparecer dando lugar à atrofia cutânea se­
circunscritas entre as quais a arterite temporal de Hor- melhante à esclerodermia e/ou atrofia muscular com
ton, que precisa ser diferenciada da arterite temporal contração e invalidez permanente.
senil. Também aparecem: anorexia, mialgia, artralgia 5) A Artrite Reumatóide não atinge somente as
juntamente com cefa-léias, confusão mental e sin­ articulações mas também os tecidos e órgãos. Assim,
tomas oculares. as manifestações poliviscerais ficam nitidamente evi­
3) A Esclerodermia, que já foi comerftada quando dentes. Deve-se falar em doença reumática. Com os
foram descritas as doenças da pele, é uma esclerose termos reumatismo-artritismo definem-se as afecções
sistêmica progressiva que pode permanecer circuns­ dolorosas com tendência crônica, musculares e ar­
crita ou disseminar-se. Geralmente inicia-se com dis­ ticulares. As formas agudas pertencem ao campo das
túrbios vasomotores, pequena febre e artralgia ou com infecções que podem ser localizadas principalmente
uma explosão aguda, como uma gripe, seguida de e- em nível articular e no coração, para isso, é necessário
dema cutâneo até que as mãos e o rosto atrofiam-se. que exista um terreno orgânico receptivo devido a
Muitas vezes se tem um acúmulo de cálcio nas partes uma queda dos poderes de defesa do organismo. Nós
moles, o que confirma o comprometimento do simpá­ vivemos habitualmente em contínuo contato com os
tico. A doença tende a generalizar-se degenerando as germes mas eles só nos contaminam quando um stress
articulações e quase todos os órgãos internos. É como enfraquece os nossos sistemas imunológicos. Obser­
se, inconscientemente, o sujeito quisesse mumificar- vações feitas por Brooks, na Austália, confirmam, em
se. O prognóstico é praticamente desfavorável; por particular para as artroses (mas isto vale também para
isso é provável que seja uma biopatia primária. o câncer e para todas as biopatias), que após o stress
84 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 85

emocional o sistema imunológico fica debilitado por­ cronificados, comprometem esta vitalidade. Os
que certos linfócitos perdem a função de destruir os traumas físicos e psíquicos bloqueiam o movimento
agentes patogênicos das infecções e das inflamações. de expansão da vida.
É interessante notar que entre os mamíferos somente Já na antigüidade a importância dos ossos era res­
o homem está sujeito à artrose na medida em que o saltada desde o ponto de vista religioso até o fato co­
"terreno" pode ser influenciado pela dieta e clima. O nhecido de que é possível reconstruir todo o esqueleto
terreno de tais afecções é definido como "neuroar- de um indivíduo a partir de apenas um osso. Os ossos
trítico". O termo reumatismo vem do grego e significa deixam o indivíduo numa condição de assumir atitu­
"dores que giram" no.corpo; isto#, acontece em certo des ou provocar mudanças somente se suas funções
tipo de estrutura corporal como expressão do EU. estão integradas com a musculatura através da me­
A sintomatologia do início da doença é a febre, diação das articulações. E é esta função que fica com­
avermelhamento e inchaço das articulações. Porém, o prometida nos processos reumáticos e artríticos. Nes­
início pode ser insidioso, atingindo com deformações tas síndromes geralmente o tecido ósseo apresenta
as pequenas articulações até a destruição destas. formações reativas chamadas osteófitos causadas pe­
Trata-se de uma sinovite proliferativa difusa seguida lo depósito de sais de cálcio. O depósito de cálcio
por necrose fibrinóide. Freqüentemente estão presen­ acontece após a simpaticotonia (raiva reprimida que
tes manifestações oculares. contrai o sujeito), provocando modificação do pH que
A artrite reumática é mais freqüente nos jovens: a fica ácido-reduzido.
deformante nos velhos.
Entre as variades clínicas da artrite reumatóide
Os fatores sociais têm grande importância no
devem ser destacadas as formas infantis: a síndrome
desenvolvimento e na exacerbação desta doença, a
de Sjõgren (caracterizada pelo comprometimento das
qual possui grande risco de invalidez. A artrite reuma-
glândulas lacrimais e salivares); a espondilite reuma­
tóide é uma das mais graves doenças crônicas que le­
tóide do rachide (coluna vertebral); a carne de bambu;
vam à invalidez. Por isso é um grande problema médi-
a artropatia psoriática; a artrite crônica juvenil (muito
co-social. Speciani observou que enquanto se respeita
grave porque complica as funções do crescimento e
quem tem uma pneumonia, com freqüência se ri de
oculares). Acorea de Sydenham tem estreitas ligações
quem tem um lumbago. Estas síndromes têm um altís­
com o reumatismo ocular agudo: é um aspecto do reu­
simo custo individual e social. Casualmente a estatís­
matismo cerebral.
tica mostra que a doença atinge mais o sexo feminino.
O aparato locomotor, exprimindo o movimento, É interessante notar que, paradoxalmente, a artrose
manifesta para os animais não só a vida como a vita­ cervical é mais freqüente nas mulheres e as lombares
lidade. Esta função está baseada no estado de saúde nos homens como conseqüência da sociedade atual:
dos ossos, das articulações e dos músculos e, conse- masculinização feminina e feminilização masculina.
qüentemente, stress, frustração ou depressão, quando Aosteoporose é a manifestação do reumatismo ósseo.
86 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 87

Em geral, a psicodinâmica de tais pacientes revela ansiedade; depois os impulsos de rebelião são
em suas anamneses que na infância existiu, da parte reprimidos diante da dependência criada pela
da mãe, uma repressão da necessidade e do desejo de hiperproteção, originando manifestações com­
mover-se ou afastar-se. Isto impediu que o aparato lo- pensatórias da rebelião em competições esportivas ou
comotor se descarregasse, determinando uma tensão jogos em ambientes abertos durante a adolescência,
muscular crônica, aumentada ainda mais pela situação que deriva em manifestações de hostilidade em
conflitual. Deste modo instaura-se o reumatismo direção a uma ligação entre o desejo de servir aos
psicógeno de tipo conversivo. Pesquisas eletro- outros e controlar o ambiente (tirania benevolente);
miográficas mostraram que respostas musculares a nas mulheres, rejeição da feminilidade (protesto viril),
estímulos afetivos têin uma graduação mais elevada a doença representa uma ruptura como explosão
nos artríticos (e nos hipertensos) que em sujeitos masoquística do esquema neurótico de servir e
normais. dominar, aumento do tônus muscular, artrite
A personalidade destes doentes apresenta ten­ reumatóide.
dências agressivas para dominar e controlar o ambi­ Segundo Beck, o perfil caracterial destes sujeitos
ente: existe uma tentativa de domínio, um gosto pela desenvolve-se através do controle e da repressão dos
austeridade e pela economia e isto exprime de maneira impulsos agressivos com perfeccionismo e
distorcida a atividade motora e a agressividade. Ao escrupulosidade; entretanto, desencadeia um espírito
mesmo tempo existe um componente masoquístico- de sacrifício com moralidade exagerada e submissão
depressivo que impulsiona os sujeitos a sacrificarem- perversa; existe uma necessidade de atividade cor­
se pelos outros (tirania benevolente), o que provoca a poral. Nas mulheres desencadeia a tirania mascarada
incapacidade de deixar-se andar (abandonar-se) e por com protesto viril. Nestes sujeitos prevalece o pseu-
isso a vida sexual toma-se pobre. docontato e sexualidade frígida por medo de aban­
A doença explode após uma situação contrastante donar-se. Isto acarreta a diminuição da potência
com a possessividade (como, por exemplo, a perda da sexual. Os desejos de dependência passiva são
possibilidade de dominar a família ou o companheiro reprimidos com o aparecimento da ansiedade agres­
ou outras perdas e desilusões). No caso das mulheres siva oral e sentimentos de culpa, sadismo oral da
constatou-se que os companheiros freqüentemente oralidade reprimida.
eram homens submissos e passivos. Segundo Ale- Do ponto de vista clínico é oportuno recordar que
xander, diante de um obstáculo à tirania, estas mu­ a artrite reumatóide ou reumatismo crônico primário
lheres reagem com um aumento do tônus muscular e atinge em especial as mulheres, enquanto que a espon-
mecanismos autoimunes que desencadeiam a artrite e diloartrite reumatóide atinge os homens. Em tais
o reumatismo. A dinâmica é a seguinte: na infância a síndromes a depressão elege os músculos como
hiperproteção parental provoca um certo tipo de re­ órgão-alvo. Do ponto de vista energético os níveis
gressão, o sujeito reage contra essa regressão com envolvidos exprimem claramente o significado
88 Somatopsicodinâmica das Biopatias

psicológico e a energia bloqueada na contração mus­


cular debilita a função do movimento.
Estas biopatias necessitam de uma terapia
energética convergente. É interessante recordar que
Potter, em Chicago, recomenda uma intensa atividade
sexual para aliviar e deter as dores reumáticas e Biopatias Neuro-humorais e Celulares
artríticas: a atividade sexual estimula a atividade
endócrina (especialmente dos rins), reforçando a im­
unidade e a atividade anti-Tnflamatória dos
hormônios. Porém, deve ser ressaltado que a relação
sexual incrementa a produção de testosterona quando
esta atividade não é a masturbação. Foi observado que 1) Alergias
os contraceptivos orais previnem a artrite reumatóide
pela ação hormonal no equilíbrio imunológico. A alergia é uma reação específica do organismo no
Existem numerosos testes de laboratório para nível da pele ou das mucosas a substâncias que nor­
verificar o diagnóstico exato das colagenopatias. malmente não apresentam ação irritante ou es­
timulante, devido a uma hipersensibilidade indivi­
dual. Portanto, existe um distúrbio da sensibilidade.
A sensibilidade tem dois aspectos: a sensorial e o emo-
tivo-afetivo.
Entre os mamíferos somente o homem está sujeito
a manifestações alérgicas e sua superação está na pos­
sibilidade de "olhar" as ligações existentes entre os
dois aspectos da sensibilidade através da tomada de
consciência, que é um fenômeno neocortical. Os fi­
lósofos da Escolástica diziam que nada existe no
intelecto que não esteja nos sentidos.
Os sentidos são o instrumento do contato (a raiz SE
grega significa olhar) e perder os sentidos significa
interromper o contato. O contato permite a aceitação
ou não daquilo que se sente e o mecanismo de defesa
contra a recusa da aceitação orgânica do outro de si
mesmo está baseado em processos imunológicos que
são a identidade biológica de um indivíduo.
90 Somalopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 91

A união com o semelhante leva à compatibilidade. função energética e, do ponto de vista neuropsicofi-
Entretanto, existe a incompatibilidade, isto é, um pa- siológico, toda a sensibilidade está localizada na base
thos contrário ao amor. Gênio é o espírito individual, do cérebro onde existe um centro de prazer. Tudo isto
por isso existe o congenial ou o oposto, isto é, o explica por que as pessoas alérgicas têm pouco tato
antigene. São os antigenes que provocam as reações na vida: é a dificuldade em contatar os outros e de sa­
alérgicas sempre desproporcionais como, por exem­ ber locomover-se.
plo, o elefante que tem medo do rato. O contato amoroso é um bom contato energético
Temos duas categorias de alergia: as anafiláticas e entre a pele de dois companheiros.
as celulares. Na primeira categoríá estão as pneumo­ O distúrbio alérgico pode desencadear-se apenas
nias alérgicas que atingem as vias respiratórias, os tro- com o pensamento do fator da alergia. Marty consta­
foalergênicos de origem alimentar, as alergias a certos tou que, para alguns doentes, basta mostrar a foto­
remédios ou a certos produtos químicos. Na segunda grafia (uma flor, um animal) do antigene para que a
categoria encontramos a alergia do contato que se crise alérgica apareça. As manifestações alérgicas re­
produz no nível cutâneo (eczema). As alergias presentam a negação do organismo em aceitar deter­
anafiláticas (com manifestações respiratórias, ocula­ minadas substâncias através da liberação de
res ou cutâneas como a urticária) podem comprometer mastócitos (uma variedade de linfócitos) de his-
todo o organismo provocando o choque anafilático tamina, que é um mediador químico da transmissão
muitas vezes mortal. intemeurônica e provoca uma condição de párassim-
As alergias podem ser primárias ou apresentarem- paticotonia intensa (não é por acaso que se utiliza o
se como reações alérgicas de somatização. O sujeito tratamento sintomático à base de cálcio que é um
alérgico tem uma grande sensibilidade mas uma per­ estimulante do simpático).
cepção deficitária, o que provoca uma falta de inte­ Todas as situações alérgicas são acompanhadas de
gração entre sensação e percepção. Isto significa que uma grande ansiedade (diafragma, medo na primeira
o alérgico tem um distúrbio de contato como recusa grande boca da qual fala Ferri), explicando o motivo
em aceitar aquilo que sente; por medo ele se defende pelo qual a alergia biopática estruturada é vivida pelo
de tomar contato com os sentimentos profundos a doente como um pesadelo; a cisão entre sensação e
ponto de comprometer suas defesas imunólógicas. percepção é característica do núcleo psicótico e a
Esta recusa é inconsciente e o sujeito vive o objeto ou alergia exprime uma dependência em geral de tipo
a substância alérgica como perigosa. A rejeição do fusional. Algumas manifestações alérgicas da pele
prazer do contato (tato + prazer) é a rejeição de sentir tendem a se espalhar pelo corpo inteiro, o que sig­
o prazer sensorial como satisfação instintual através nifica atingir os limites do ego que é a pele.
dos cinco sentidos. Os órgãos dos sentidos (entre os Na infância do alérgico freqüentemente apareceu
quais está a pele) originaram-se do ectoderma (do qual uma inibição do chpro impedindo o primeiro nível
nasce também o sistema nervoso), têm a mesma (ocular) de descarregar-se provocando uma estase
92 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 93

energética na base do cérebro acompanhada de vago- As reações imunológicas a substâncias estranhas


tonia exacerbada com a simpaticotonia instável. Isto não são funções realmente protetoras do organismo,
explica o componente neuroumoral. A dependência mas mecanismos de defesa paradoxais que geram
do alérgico provoca agressividade insuficiente e ne­ fenômenos nocivos após a liberação de histamina.
cessidade não satisfeita de proteção e amor. A situação Fica evidente a ligação entre alergia e sistema nervoso
de dependência materna é encontrada sempre na febre quando se instaura a hipervagotonia; a estimulação da
do feno, nas rinites alérgicas e na asma brônquica. pele em um vagotônico dá reação cutânea de cor rosa­
Nas somatizações alérgicas circunscritas a da e no simpaticotônico a reação é branca.
psicodinâmica mostra a existência de uma mãe As compensações no alérgico oral manifestam-se
idealizada durante o período edípico, o que facilita através da comida e da bebida; no alérgico respiratório
uma base histérica. Na rinite alérgica o bloqueio ol­ através da fala, canto e choro e no cutâneo através de
fativo está ligado à sexualidade; uma rinite dificulta a banhos e massagens. Todas as emoções agravam as
excitação sexual por causa da energia dirigida para o sintomatologias alérgicas.
alto permitindo que a excitação sexual seja vivida com
uma culpa inconsciente. Na asma (da qual falaremos 2) Asma Brônquica
mais extensamente em seguida) encontramos o temor
de perder a mãe e a necessidade de devorá-la. Na aler­ Aasma brônquica merece um destaque à parte: para
gia da pele existe sempre um componente narcisístico desencadear a sintomatologia são necessários fatores
que exprime a tendência exibicionista inconsciente­ diferentes. Dois são os mais importantes: o psicológi­
mente punida. A coceira é uma troca do prazer mas- co de base e o contato com o antígeno. Como já disse,
turbatório. Por isso coçar-se é um prazer. os antígenos nas manifestações alérgicas são subs­
Nas dermatites alérgicas (por exemplo aos deter­ tâncias que o organismo procura rejeitar com reações
gentes) existe um temor que a pele possa destruir-se, (sensibilizações alérgicas) neuroumorais com base
que é o continente do ego; isto significa o medo da parassimpaticotônica. As condições neuroumorais
destruição do ego. A alergia cutânea leva a um certo estão ligadas às funções diencéfalo-hipofisária, zona
sofrimento, mas sem a angústia de morte observada da afetividade.
na asma brônquica. Nas manifestações alérgicas A crise de asma brônquica geralmente é paroxís-
gastrointestinais existe sempre uma oralidade imatura tica; repetindo-se pode levar a uma situação asmática
do sujeito que se autopune com a diarréia. crônica. De um ponto de vista energético, pode ser
Diz-se que a alergia é hereditária mas, na realidade, comparada a uma crise epilética. Na epilepsia a explo­
herda-se a atitude caracterial; a crise alérgica explode são energética é no nível dos olhos enquanto que na
quando acontece um impulso reprimido por um dese­ asma brônquica é no nível oral. A base caracterial oral
jo vivido como ameaça. do asmático caracteriza-se por uma atividade agres­
siva; a fome de ar é uma situação depressiva agressiva
94 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federico Navarro 95

(na terapia, o asmático procura no terapeuta um subs­ da crise, com a enfermidade não se pode manifestar o
tituto de mãe por causa do desejo de fusão com a mãe amor nem se pode descarregar a agressividade por
idealizada; por isso é oportuno ser a mãe-boa que causa do ciúme. Portanto, a crise asmática é uma de­
mantém uma certa distância terapêutica). A asma fesa contra a fixação infantil na mãe, mas o efeito é o
brônquica é uma biopatia secundária e a importância oposto porque a doença reforça a dependência. Al­
do terreno e da caracterialidade são demonstradas guns aspectos caracteriais do asmático confirmam o
pelo fato de que uma terapia sem psicoterapia pode desejo de livrar-se de tal dependência; estes sujeitos
curar a asma, mas podem aparecer manifestações de são ambiciosos, agressivos, audaciosos e freqüente-
hipertiroidismo, úlcera gástrica, angina pectoris e, às mente racionais (isto não quer dizer que usem da
vezes, de câncer. Isto faz deduzir que existe um com­ razão), com lógica do tipo matemática, sensíveis (a
prometimento diafragmático (o músculo da respi­ alergia é uma sensibilização). Por isso muitas vezes
ração). Aoralidade reprimida do asmático fica eviden­ são artistas, músicos, poetas (Proust era asmático!).
te com o aparecimento de um estado maníaco quando Encontramos traços histéricos e obsessivos nos
com a terapia chega-se à cura. A crise asmática, em asmáticos.
geral, é um equivalente da crise de cólera que não Existe uma diferença entre a dependência incons­
pode ser expressa durante a infância para a mãe cui­ ciente à mãe que é encontrada nas neuroses gástricas
dadosa mas ignorante e muito neurótica; para obter-se até a úlcera e na asma: na primeira, a motivação é de
a cura é importante recuperar a figura desta mãe. ser nutrido com a fantasia de incorporar para satis­
Os autores americanos e franceses consideram a fazer-se, enquanto na asma é de ser protegido e isto
asma brônquica, tal como é interpretada pela me­ provoca freqüentemente fantasmas de tipo intra-
dicina psicossomática, uma doença apenas nervosa uterino, isto é, de uma situação de proteção. Eis por­
porque quase sempre os estímulos afetivos intensos que o medo de separação pode desencadear a asma e
ou imprevisíveis podem desencadear a crise. Assim isto se observa freqüentemente nas crianças por oca­
também para os estímulos sexuais associados ao sião do nascimento de um irmão ou irmã como amea­
ciúme. ça de separação da mãe. A mesma condição pode ser
O conflito do sujeito asmático está ligado à verificada no período de início da vida sexual ou no
sensação de que algo lhe foi negado injustamente, de momento do casamento, quando o impulso ou a exci­
que foi obrigado a fazer algo que lhe provocou grande tação sexual levam o sujeito a tentar separar-se da
tensão (que em seguida explode na crise de asma para mãe. O aparecimento da menstruação nas adolescen­
tes pode ser vivido como condição de rivalidade no
descarregar-se). Dentro de uma interpretação reichi-
confronto com a mãe e a asma é também defesa e pu­
ana, é evidente que toda esta psicodinâmica nasce no
nição dos desejos incestuosos. Nestes casos a hiper-
período do aleitamento-desmame, originando um
proteção da mãe, por causa da doença, agrava mais a
apego excessivo e não resolvido entre o sujeito e a
sintomatologia. O mínimo esforço de independência
mãe; nas situações conflituais o sujeito foge através
96 Somatopsicodinâmica das Biopatias Federioo Navarro 97

pode provocar uma crise asmática. Quando a mãe de­ mos que a água serve para neutralizar o excesso de
seja a emancipação do adolescente muito cedo isto é energia até que esta não se transforme em DOR. É im­
vivido como aparente rejeição materna, o filho torna- portante recordar que o lactente adquire progressiva­
se ansioso, favorecendo o aparecimento da doença. mente a musculatura lisa bronquial.
A base fisiopatológica da asma é dada por um Os autores ingleses definem os asmáticos como su­
espasmo das paredes musculares dos brônquios, o que jeitos com personalidade asmático-pruriginosa, isto é,
provoca respiração dispneica, isto é, freqüente, super­ são pessoas agitadas, coçam-se, não param quietas
ficial e sibilante. O fenômeno da respiração sibilante porque seus pais, durante a infância, desejaram destes
é observável quando a çriança reprime as lágrimas. A mais do que podiam dar.
crise asmática é interpretada como um substituto das Deutsch estudou a escolha do órgão: por que o tó­
lágrimas; a criança reprime as lágrimas para chamar rax, por que a respiração? Juntamente com Dunber,
a mãe, mas surge o sintoma que serve para reas­ ele observou que tais sujeitos possuem uma violência
segurar-lhe o amor materno e para punir-se da hos­ reprimida, muito forte, e o ódio localiza-se no tórax.
tilidade que experimenta em direção a ela que não a São pessoas ambivalentes (mais uma vez uma in­
protege o suficiente. terpretação reichiana do tórax) na relação com os pais,
Não podemos esquecer de citar os fatores asmáticos em particular com a mãe, e contemporaneamente são
que aparecem no início da primavera: neste período a masoquistas, apresentam uma condição de bloqueio
natureza desperta-se como se fosse uma grande ex­ diafragmático. Os bloqueios torácico e diafragmático
citação sexual da vida planetária que manifesta toda produzem traços compulsivos e homossexuais; o
sua potência energética. As flores, que são órgãos asmático tem medo de confessar as suas pulsões ins-
sexuais, nos dão o quadro evidente. Uma crise de tintuais e engole-as manifestando a crise: é como se
asma pode ser provocada por dois fatores - psico­ ingerisse uma comida simbolicamente má (não é por
lógico e alérgico - ou apenas por um destes; por isso acaso que existem sujeitos com alergia alimentar).
pode haver uma cura psicológica e uma biológica. Alguns autores falaram de um resíduo do timo em
Dentro de uma visão reichiana, o trauma da separação todos os alérgicos como determinante de uma
provoca um grande afluxo de energia na periferia da condição humoral de tipo infantil (e a asma é uma
pele ou das mucosas que para descarregar-se necessita respiração infantil) que é responsável por uma ins­
de um contato e isto sensibiliza os órgãos que estão tabilidade plasmática ligada aos íons de cálcio.
envolvidos com o significado emocional do nível ao É importante o diagnóstico diferencial da asma
qual pertencem. cardíaca porque a sintomatologia pode ser, às vezes,
Geralmente os asmáticos que sofreram de bron­ uma manifestação de fraqueza do músculo cardíaco
quite ou bronquiolite durante o aleitamento são que impede o pulmão de esvaziar-se de todo o sangue
sujeitos de alto risco alérgico, apresentam uma diátese na troca de oxigenação.
exsudativa, isto é, retêm água nos tecidos e nós sabe­
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Percepção Inconsciente Inconsciente Consciente Consciente Consciente
(Eu que existe) (Eu que existe) (Eu que existe) (Eu que é) (Eu que é)

Qínica Neuro- Psicossomática Somatopsicosso- Somatopsicoló- Somatopsíquica


psicossomática mática gica

Psicopatologia Autismo Núcleo psicótico Border-line Psiconeurose Neurose

Visão Não Astigmatismo M iopia - Presbiopia Astenopia


tridimensional hipermetropia

Mecanismo de Alteração do Simpaticotonia Simpaticotonia Simpaticotonia Reação simpati-


reação defensiva D N A contração total aguda localizada aguda que pode lo ­ cotônica de um
do stress total do sistema Bloqueio hipor- que se cronifica calmente nível do tipo
plasmático celular gonótico da I (couraça) cronificar-se reativo
grande boca (couraça) ou ser
(diafragma) reativa
Bloqueio
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Prognóstico Desfavorável Incerto Favorável com Favorável com Favorável


(síndrome irre ­ Possibilidade de uso de terapias vegetoterapia
versível) recuperação com energéticas con ­ provocando
terapias vergentes dessomatização
energéticas con ­
vergentes
I

>V
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31) Zironi A. -Sulla cancerogenesi-BolletinoSM Vol. 30 -1941
- Milão.

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