Você está na página 1de 24

Lobo frontal

1
O lobo frontal é o maior do cérebro, ocupando cerca de um terço do volume de cada
hemisfério cerebral. Fiel ao seu nome, o lobo frontal se localiza na região anterior da
cavidade craniana, adaptando-se à superfície interna do osso frontal.

O lobo frontal se separa do lobo parietal, posteriormente, por um sulco chamado


de sulco central, e do lobo temporal, ínfero-lateralmente, pelo sulco lateral (fissura de
Sylvius). A superfície do lobo frontal contém quatro giros principais: o giro pré-central e
os giros frontais superior, médio e inferior.

O lobo frontal tem numerosas funções. Ele está associado a funções cognitivas


superiores, como tomar decisões, motivação, resolução de problemas, planejamento,
e atenção. Essas funções são desempenhadas principalmente pelo córtex pré-
frontal do lobo frontal. Ele também contém o córtex motor, que é responsável por
planejar e coordenar movimentos voluntários. Por fim, o lobo frontal contém a área de
Broca, essencial para o componente motor da fala.

Fatos importantes sobre o lobo frontal

Localização - Anterior ao lobo parietal (separado pelo sulco central)


- Superior e anterior ao lobo temporal (separado pelo
sulco lateral - fissura de Sylvius)

Giros principais Giro pré-central, giro frontal superior, giro frontal médio
e giro frontal inferior.

Unidades funcionais Córtex pré-frontal (giro frontal superior, giro frontal


médio e giro frontal inferior)
Córtex motor (giro pré-central)
Área de Broca (partes opercular e triangular do giro
frontal inferior)

Funções Córtex pré-frontal: gestão de funções cognitivas


superiores, tais como planejamento, organização,
motivação, disciplina, resolução de problemas, auto-
controle e regulação emocional.
Córtex motor: Controle dos movimentos voluntários,
orientação espacial
Área de Broca: geração da fala

2
O lobo frontal localiza-se predominantemente na fossa anterior do crânio, apoiando-se
na placa orbital do osso frontal. Ele ocupa um terço do hemisfério cerebral,
estendendo-se desde a sua região mais anterior (polo frontal) e posteriormente até
ao sulco central, que o separa do lobo parietal.

Posterior e inferiormente ao lobo frontal encontramos o lobo temporal, e entre eles,


separando-os, está o sulco lateral (fissura de Sylvius). O sulco central delimita o lobo
frontal posteriormente, enquanto a fissura de Sylvius o delimita inferiormente.

Lobo frontal
Lobus frontalis

Superfícies

O lobo frontal tem três superfícies corticais: lateral, medial e inferior. A parte convexa
da superfície lateral possui quatro giros (circunvoluções) importantes, que são o giro
pré-central e os giros frontais superior, médio e inferior.

Na superfície medial (inter-hemisférica), o lobo frontal estende-se inferiormente até o


sulco do cíngulo. Esta superfície é constituída, de posterior para anterior, pelo lóbulo
paracentral (uma extensão dos giros pré-central e pós-central) e pela extensão medial
do giro frontal superior.

A superfície inferior do lobo frontal (ou superfície frontobasal ou orbital) é a menor


superfície cortical, repousando no assoalho da fossa anterior do crânio. A parte medial
da superfície inferior é atravessada pelo sulco olfatório, que contém o trato olfatório e
o bulbo olfatório. O sulco olfatório separa o giro reto (um giro longo e estreito) do giro
orbital. Há quatro giros orbitais, divididos pelo sulco orbital, que tem forma de H,
nos giros orbital anterior e posterior, superiormente, e giro orbital medial e lateral,
inferiormente.

3
Giro pré-central
Gyrus precentralis

Giros do lobo frontal

Os quatro giros principais da superfície convexa (superior) do lobo frontal são o giro
pré-central e os giros frontais superior, médio e inferior. Além disso, devem ser
mencionados ainda os giros da superfície inferior do lobo frontal, incluindo o giro reto e
os giros orbitais.

O giro pré-central encontra-se na parte mais posterior do lobo frontal, situado entre o


sulco central, posteriormente, e o sulco pré-central, anteriormente. Inferiormente é
delimitado pelo sulco lateral (fissura de Sylvius).

O giro pré-central engloba o córtex motor primário (área 4 de Brodmann), que é


responsável por integrar os impulsos nervosos de diferentes regiões do cérebro de
forma a modular a função motora: cada córtex motor primário envia instruções para
a realização dos movimentos voluntários do lado contralateral (oposto) do corpo.

O córtex motor primário contém células piramidais, que são um tipo de neurônios
multipolares encontrados em várias outras áreas do cérebro. Uma parte do córtex
motor primário contém células piramidais gigantes, chamadas de células de Betz,
cujos axônios formam os tratos corticoespinal e corticobulbar. Desta forma, as
células de Betz e os seus axônios constituem os neurônios motores superiores

4
desses tratos. Os neurônios piramidais e as células de Betz estão dispostas
somatopicamente, o que significa que elas irão inervar diferentes regiões do corpo
de acordo com a sua localização inicial no giro pré-central. O tornozelo e o pé, por
exemplo, recebem inervação de neurônios que se originam na região mais medial do
giro pré-central (perto do lóbulo paracentral), enquanto a cabeça recebe inervação
de neurônios que se originam na porção mais lateral do giro pré-central.

As regiões do corpo humano que são controladas por cada parte do córtex
motor podem ser representadas pelo homúnculo motor, uma figura humana cujas
partes do corpo são desenhadas num tamanho proporcional à inervação que recebem
do córtex motor (da mesma forma, as informações sensoriais provenientes do corpo
que chegam ao córtex somatossensorial também podem ser representadas pelo
homúnculo sensorial). Assim, não é de se espantar que as áreas motoras da mão e
da face ocupem a maior parte do giro pré-central, já que elas desempenham
movimentos mais finos e complexos.

Giro pré-central
Gyrus precentralis

Anteriormente ao córtex motor primário, no giro pré-central, encontram-se a área pré-


motora, ou córtex pré-motor (área 6 de Brodmann), e o córtex motor suplementar.
Essas regiões do córtex ocupam a parte anterior do giro pré-central e as partes
posteriores dos giros frontais superior, médio e inferior. O córtex pré-motor e o córtex
motor suplementar recebem inervação do córtex sensitivo, do tálamo, e dos núcleos
da base, sendo importantes, portanto, para a iniciação e o sequenciamento dos
movimentos.

5
Giro frontal superior

O giro frontal superior ocupa cerca de um terço do lobo frontal. Ele se estende do giro
reto, anteriormente, até o sulco pré-central, posteriormente, que o separa do giro pré-
central. O giro frontal superior também se estende para a superfície medial do lobo
frontal até ao sulco do cíngulo, que o separa do giro do cíngulo. Lateralmente, o giro
frontal superior é delimitado pelo sulco frontal superior, que o separa do giro frontal
médio.

A área motora suplementar localiza-se na porção mais medial do giro frontal superior,
voltada para o giro pré-central.

Giro frontal médio

O giro frontal médio é, normalmente, o maior dos três giros frontais, e localiza-se
entre os sulcos frontais superior e inferior.

O sulco frontal superior separa o giro frontal médio do giro frontal superior, enquanto
o sulco frontal inferior separa o giro frontal médio do giro frontal inferior.

Giro frontal inferior

O giro frontal inferior ocupa uma grande parte do córtex pré-frontal ântero-lateral. Ele
pode ser dividido em três partes:

 Parte opercular: refere-se à porção mais dorsal do giro, orientada verticalmente, que


cobre a ínsula (daí o nome “opercularis” que significa “cobertura”).
 Parte triangular: região média do giro de formato triangular.
 Parte orbital: parte mais ventral do giro, estendendo-se superiormente até o sulco
orbital lateral.
No hemisfério dominante, a parte opercular e a parte triangular são chamadas de área
de Broca, que é uma região fundamental para a geração do componente motor da
fala.

Rostralmente à região pré-motora, englobando partes dos giros frontais médias e


inferiores, encontra-se uma área chamada de campo ocular frontal (áreas 6, 8 e 9 de
Brodmann), que é responsável pelo controle voluntário dos movimentos oculares
conjugados (horizontais).

6
Giro reto

O giro reto forma a parte mais medial da superfície inferior do lobo frontal, estando
localizado na fossa anterior do crânio, superiormente aos nervos e quiasma ópticos.
Ele é limitado medialmente pela fissura inter-hemisférica, e lateralmente é separado
dos giros orbitais pelo sulco olfatório. Dorsal e anteriormente, o giro reto se continua
com o giro frontal superior.

As funções do giro reto não são completamente compreendidas. Acredita-se que ele
tenha um papel em funções cognitivas superiores, como a manutenção da
personalidade, além de possuir um papel na função sexual masculina.

Giros orbitais

Os giros orbitais são um grupo variável de giros encontrados na superfície inferior do


lobo frontal formando o córtex orbito-frontal. A maioria dos autores os divide em
quatro giros, separados por um sulco irregular com forma da letra “H”:

 Giro orbital medial


 Giro orbital lateral
 Giro orbital anterior
 Giro orbital posterior
Os giros orbitais se relacionam medialmente com o giro reto, do qual são separados
pelo sulco olfatório.

Assim como acontece com o giro reto, as funções dos giros orbitais ainda não são
bem estabelecidas, no entanto acredita-se que esses giros possuam um papel na
percepção dos odores.

Ao estudar anatomia é importante ficar seguro do que aprendemos, para evitar erros
nos momentos mais importantes. Para alcançar essa segurança, nada melhor do
que testar os nossos conhecimentos. Nosso teste personalizado abaixo ajuda a
verificar se você realmente está dominando os sulcos e giros do lobo frontal:

7
Vascularização

O lobo frontal é irrigado pelas artérias cerebrais anterior e média, ramos da artéria


carótida interna. A artéria cerebral anterior irriga as superfícies superior e medial do
lobo frontal, enquanto a artéria cerebral média irriga as superfícies inferior e lateral.

A drenagem venosa do lobo frontal é realizada pela veia cerebral superior, que drena
o sangue da porção superior do lobo e o drena para o seio sagital superior. Por outro
lado, a porção inferior do lobo frontal é drenada pelas veias cerebrais inferiores, que
drenam para as veias cerebrais médias ou para o seio transverso.

Função

Do ponto de vista funcional, podemos considerar todo o córtex do lobo frontal como
um “córtex ativo”, ao contrário do córtex posterior, que pode ser considerado um
“córtex passivo (sensitivo)”. Esta designação surge porque o córtex frontal inicia uma
ação, seja ela o movimento voluntário de um membro, o movimento ocular, a
expressão verbal ou a expressão emocional. Uma forma de descrever a organização
funcional do córtex frontal é dividi-lo em três áreas, cada uma com uma função
específica. Essas áreas são o córtex pré-frontal, o córtex motor e a área de Broca.

O córtex pré-frontal corresponde aos giros frontais superior, médio e inferior. Ele está
associado às funções cerebrais superiores, que incluem a tomada de decisões,
resolução de problemas, planejamento, organização, motivação, disciplina, e
regulação emocional. Levando tudo isso em consideração, podemos afirmar que o
córtex pré-frontal é responsável pela elaboração mental de uma ação intencional, o
que envolve a capacidade de prever as consequências futuras que advêm das ações
atuais e, assim, inibir respostas socialmente inaceitáveis. Assim, pensa-se que o
córtex pré-frontal seja o principal determinante da personalidade, inteligência e
capacidade social de uma pessoa.

O córtex motor corresponde ao giro pré-central do lobo frontal. Ele é responsável pelo


planejamento, controle e execução dos movimentos voluntários. Ele envolve o córtex
motor primário, o córtex motor suplementar e o córtex pré-motor.

8
 O córtex motor primário é responsável, principalmente, pela geração de impulsos
neuronais que seguem pelo trato corticoespinal e pelo controle da execução dos
movimentos. 
 Acredita-se que o córtex motor suplementar esteja envolvido no planejamento e
sequenciamento dos movimentos, e na coordenação das partes corporais envolvidas
nesses movimentos.
 Acredita-se que o córtex pré-motor esteja envolvido na preparação para um
movimento, e na orientação sensorial e espacial do movimento.
Além do córtex cerebral há outras regiões importantes na regulação das funções
motoras, como o cerebelo, os núcleos da base, o núcleo rubro e outros núcleos
motores subcorticais.

Por fim, a área de Broca é composta pela parte opercular e pela parte triangular do
giro frontal inferior. A sua principal função é elaborar o componente motor (expressivo)
da fala, que envolve a fluência verbal, o processamento fonológico, o processamento
gramatical e a atenção durante a fala. Apesar da área de Broca estar associada
predominantemente à parte motora da fala, ela também desempenha um papel
importante na compreensão da linguagem. Algumas pesquisas demonstraram que ela
é especialmente importante pois tem a capacidade de usar informação sintática para a
compreensão de frases complexas e ambíguas.

Anatomia e funcionalidade da área de Broca

Com o passar do tempo os estudos têm descoberto que não é só a área de

Broca que está implicada na produção da linguagem. Além da área 44 de

Brodmann, estão também implicadas as zonas 45, 47 e grande parte da área 6.

O mais correto, portanto, seria falar de um sistema de Broca. Dessa forma, é

possível englobar todas as zonas encarregadas de produzir a linguagem.

9
Dentro desse sistema de Broca podemos encontrar uma subdivisão em

duas grandes estruturas: (a) a triangular e (b) a opercular. A zona triangular

se encontrara na parte anterior da área de Broca, enquanto a opercular se

encontra na parte posterior. A nível anatômico, também é importante falar de

outras grandes conexões que esse sistema tem. Uma grande conexão é com a

área de Wernicke. Essa área é encarregada principalmente da compreensão da

linguagem. Essas duas áreas em conjunto – Broca e Wernicke – estão

conectadas por uma série de caminhos neurais, que por sua vez formam o

denominado fascículo arqueado.

As funções da área de Broca são as seguintes:

 Produção do comportamento verbal, tanto em sua modalidade


falada quanto escrita.
 Gestão dos fonemas e palavras para estruturar a gramática e a
morfologia.
 Coordenação dos órgãos articulatórios para regular a pronúncia
da linguagem.

10
 Regulação da prosódia, tom de voz e ritmo da fala.

Essas funções são os pilares que sustentam uma produção adequada da

linguagem que permita a comunicação. Por isso, as lesões na área de Broca

podem ter consequências negativas importantes na hora de usar a linguagem e

manter a comunicação. A seguir falaremos das consequências específicas das

lesões que ocorrem nessa área.

Afasia de Broca

A afasia de Broca é um transtorno de produção da linguagem originado por

lesões nas áreas de Broca. Esse transtorno se caracteriza por uma fala lenta,

com esforço e não fluida. Ainda que frequentemente a pronúncia seja difícil, a

mensagem que transmitem costuma ter algum significado. Portanto, a semântica

não se encontra prejudicada nesse tipo de transtorno.

Para as pessoas com afasia de Broca é mais fácil dizer alguns tipos

de palavras  do que outras. Por exemplo, as palavras funcionais (um, o,

alguns, sobre, de…) são muito mais complicadas para os pacientes que as

palavras de conteúdo. Isso se deve principalmente ao fato de que as primeiras

palavras são de uso unicamente gramatical e que a gestão da gramática é uma

11
competência da área de Broca. Ao contrário, a semântica se encontra intacta,

então as palavras de conteúdo são mais simples de formar.

Outro aspecto chave da afasia de Broca é que a compreensão da língua

também se encontra intacta. Os sujeitos com esse transtorno não têm nenhum

problema para ler ou escutar a linguagem. Isso é devido ao fato de que a

estrutura cerebral encarregada desse processo é a área de Wernicke. Isso nos

ajuda a entender que a área de Broca está especializada na produção da

linguagem, e apesar de suas conexões com outras áreas, estas são capazes de

seguir seu funcionamento de maneira independente.

Breve história da área de Broca

Paul Broca publicou em 1861 um trabalho sobre um paciente chamado Leborgne


que começou a ter problemas de fala aos 30 anos. Broca o examinou quando tinha
51 anos e percebeu que a única expressão que ele conseguia articular era “Tan”.

Por esse motivo, esse paciente é conhecido como Monsieur Tan. Tinha um nível de
entendimento normal, conseguia se expressar por gestos e não apresentava
nenhum problema nos músculos bucoarticulares.

Após sua morte, foi constatado na autópsia que ele apresentava extensa lesão
cerebral devido a uma condição rara chamada neurossífilis, que é o resultado de
sífilis não tratada.

Essa infecção afetou o crânio, as meninges e grande parte do hemisfério esquerdo.


Ele também teve um grande abscesso no terceiro giro frontal esquerdo.

O cérebro do Monsieur Tan é mantido no Museu Dupuytren, em Paris.

Em 1863, Broca publicou 25 casos de pacientes com distúrbios da fala e lesões no


hemisfério esquerdo. Em quase todos, o terceiro giro frontal esquerdo também foi
afetado.

Isso levou Broca a fazer sua famosa afirmação de que “falamos com o hemisfério
esquerdo”. Além de determinar que existe um “centro de linguagem” na parte de trás
do lobo frontal do cérebro.

A partir deste estudo, Broca concluiu que a articulação da linguagem poderia ser
sustentada pelo giro frontal; é por isso que essa área foi chamada de área de Broca.

12
Esta foi a primeira área do cérebro associada a uma função, neste caso, com a
linguagem.

Broca chamou a alteração relacionada a dano nessa área de efemia, embora o


termo afasia tenha sido adotado posteriormente.

Localização
A área de Broca está localizada no hemisfério esquerdo (ou dominante) do cérebro.
Ele está localizado acima e atrás do olho esquerdo, especificamente, no terceiro giro
frontal.

Ele está localizado logo acima da fissura de Silvio e próximo à área anterior do
córtex motor responsável pelos movimentos da face e da boca. Segundo o mapa de
Brodmann, essa zona corresponde às áreas 44 e 45.

Essa área é geralmente encontrada no hemisfério esquerdo, mesmo em indivíduos


canhotos. No entanto, a dominância do hemisfério direito pode ocorrer em
aproximadamente 4% dos indivíduos destros. Pode atingir 27% em canhotos.

Anatomia
A área de Broca é dividida em duas: a pars opercularis (área de Brodmann 44) e a
pars triangularis (área de Brodmann 45).

Pars ocularis
O pars opercularis trabalha em conjunto com o pars triangularis para executar
tarefas semânticas. Alguns estudos parecem sugerir que essa área está mais
envolvida no processamento fonológico e sintático. Outros dados indicam que o pars
opercularis participa da percepção da música.

Essa área tende a receber conexões das zonas motoras parietais somatossensorial
e inferior.

Pars triangularis
A pars triangular ocupa a parte triangular do giro frontal inferior. Essa região é
ativada em tarefas semânticas, por exemplo, determinando se uma palavra pertence
a uma entidade específica ou abstrata.

Também parece participar de tarefas de geração, ou seja, evocando um verbo


relacionado a um substantivo. Por exemplo, coma maçã. Essa zona recebe mais
conexões do córtex pré-frontal , do giro temporal superior e do sulco temporal
superior.

Outras Partes
Alguns autores apontaram que existe um “complexo de Broca” que, além dos
anteriores, inclui a área de Brodmann 47.

13
Ultimamente, tem sido proposto que faça parte da área de Broca, além da área 46.
Como a área 6 (principalmente, a área motora suplementar), que se estenderia aos
gânglios da base e ao tálamo.

Pesquisas estão em andamento para tentar descobrir quais são os componentes


exatos da área de Broca.

Funções da área de Broca

A principal função da área de Broca é a expressão da linguagem. Especificamente,


essa área está ligada à produção da fala, ao processamento da linguagem e ao
controle dos movimentos da face e da boca para articular as palavras.

Durante muito tempo, pensou-se que a área de Broca se dedicava apenas à


produção de linguagem. Entretanto, vários estudos mostram que a área de Broca
também é fundamental para entendê-la.

Isso é observado em pacientes com lesões nessa área que mostram produção de
fala não gramatical. Ou seja, eles não são capazes de ordenar as palavras para
formar frases significativas. Por exemplo, você pode dizer “garoto da bola” em vez
de “o garoto está jogando bola”.

Alguns estudos de neuroimagem mostraram a ativação do pars opercularis na área


de Broca durante o processamento de frases complexas.

Dessa maneira, a área de Broca parece reagir à distinção de sentenças


gramaticalmente possíveis e impossíveis, e é ativada por sentenças muito
ambíguas.

Nas pesquisas mais recentes, usando diferentes técnicas para examinar com
precisão a atividade cerebral, verificou-se que a área de Broca é mais ativa pouco
antes de as palavras serem ditas.

Algumas funções mais específicas da área de Broca são:

– Controle de morfossintaxe. É sobre a expressão e compreensão de estruturas


sintáticas, bem como o processamento de verbos.

– Responsável pelo planejamento e programação de motores. Ou seja, você


desenvolve um plano para a articulação, corrige erros e faz ajustes na fluência.

– Combine os elementos da linguagem para que a expressão faça sentido.

– A seleção dos sons corretos, bloqueando ou inibindo os sons “concorrentes”.

14
– Controle cognitivo para processar o aspecto sintático das frases.

– Parece também participar da memória de trabalho verbal.

– Outros autores propuseram que as partes posteriores da área de Broca, de


preferência, se encarregam de realizar tarefas de linguagem baseadas no
processamento fonológico (organização dos fonemas).

Enquanto as regiões mais anteriores estariam envolvidas em tarefas de


processamento sintático e semântico.

– A área de Broca também parece influenciar o entendimento das estruturas


gramaticais. Por exemplo, um paciente com afasia de Broca pode entender frases
simples, mas teria mais problemas se a estrutura gramatical aumentar de
complexidade.

– Reconhecer ações, por exemplo, esta área parece ser ativada quando são
observadas sombras feitas com mãos que simulam animais. Isso nos leva a pensar
que essa área participa da interpretação das ações dos outros.

– Além disso, uma parte da área de Broca parece influenciar durante a manipulação
de objetos.

– Gesto que acompanha a fala. Parece que os gestos que fazemos enquanto
falamos para reduzir a ambiguidade da mensagem se traduzem em palavras na área
de Broca.

Assim, essa zona interpreta os gestos ativados quando eles são representados.
Portanto, quando ocorrem lesões na área de Broca em pessoas que usam a
linguagem de sinais, elas também têm problemas para se comunicar com essa
língua.

Conexões

Após os estudos de Broca, Carl Wernicke descobriu outra parte do cérebro


envolvida no entendimento da linguagem. Está localizado na parte traseira do lobo
temporal esquerdo. As pessoas que sofreram ferimentos naquela área podiam falar,
mas seu discurso era inconsistente.

Os estudos de Wernicke foram confirmados por estudos subsequentes. Os


neurocientistas concordam que em torno do sulco lateral (conhecido como fissura de
Silvio) do hemisfério esquerdo do cérebro, existe um tipo de circuito neural envolvido
na compreensão e produção da linguagem falada.

No final deste circuito, está a área de Broca, que está associada à produção da
linguagem (saídas da linguagem). No outro extremo, no lobo temporal superior
15
posterior, está a área de Wernicke, que está associada ao processamento das
palavras que ouvimos (entrada do idioma).

Fascículo arqueado
A área de Broca e a área de Wernicke são conectadas por um grande feixe de fibras
nervosas chamado feixe arqueado.

T erritorio Geschwind
Alguns estudos revelaram que existe uma terceira área fundamental na língua
conhecida como “território de Geschwind”, que parece estar localizada no lobo
parietal inferior . Estudos de neuroimagem mostraram que essa área está conectada
à área de Broca e Wernicke através de grandes feixes de fibras nervosas.

Embora as informações possam viajar diretamente entre a área de Broca e


Wernicke através do feixe arqueado, o acima indica que existe uma segunda rota
paralela que circula pelo lobo parietal inferior.

Estudos mais recentes usaram gravações diretas da superfície do córtex cerebral


em pacientes neurocirúrgicos. Eles descobriram que, quando as palavras são
produzidas, a área de Broca atua como um intermediário entre o córtex temporal
(que organiza as informações sensoriais recebidas) e o córtex motor (que realiza os
movimentos da boca).

Para que a fala seja possível, ela mantém conexões com as duas estruturas. A área
de Broca coordena a transformação da informação através de redes corticais
envolvidas na produção de palavras faladas. Assim, a área de Broca formula um
“código articulatório” para o córtex motor a ser implementado posteriormente.

Doenças na área de Broca

Geralmente, uma lesão na área de broca leva à famosa afasia de Broca. Pacientes
com essa condição têm dificuldade em produzir fala, preservando mais a
compreensão.

A fala é caracterizada por ser lenta, fluente e gramaticalmente incorreta. Eles


também têm dificuldade em repetir frases, além de ler e escrever. Esses pacientes
costumam pronunciar algumas palavras soltas e frases curtas com grande esforço.

Linguagem telegráfica, omissões e simplificações de consoantes e dificuldades na


formação de tempos verbais compostos são comuns. Eles geralmente não usam
termos funcionais como “la”, “en”, “sobre”, “con” etc.

Eles podem ter problemas de compreensão quando a frase é expressa de uma


maneira mais complexa. Por exemplo, isso acontece com frases passivas como “o
gato foi acariciado por seu dono”.

16
No entanto, esses pacientes estão cientes de suas limitações e podem se sentir
irritados e tristes.

Causas

A causa mais comum de dano na área de Broca são os derrames, especialmente


aqueles que cobrem a artéria cerebral média esquerda. Essa zona é a que fornece
sangue para as áreas da linguagem.

No entanto, a área de Broca também pode ser afetada por lesões cerebrais
traumáticas, tumores, infecções ou cirurgia no cérebro.

É necessário esclarecer que a afasia de Broca não surge apenas de uma lesão
localizada na área de Broca. Geralmente aparece devido a lesões nessa área e em
áreas adjacentes (áreas de Brodmann 6, 8, 9, 10 e 26 e ínsula).

Parece que, se ocorresse uma lesão que cobria apenas a área de Broca, seria
observado um efeito chamado “sotaque estrangeiro”. Esses pacientes teriam
problemas leves de fluência nas articulações. Além de dificuldades em encontrar as
palavras necessárias.

Referências
1. Tudo sobre a área de Broca no cérebro. (11 de fevereiro de 2017).
Obtido em Sobre a educação: biology.about.com.
2. A área de Broca é o roteirista do cérebro, dando forma ao discurso,
constata o estudo. (17 de fevereiro de 2015). Obtido no Johns Hopkins
Medecine: hopkinsmedicine.org.
3. Área de Broca, área de Wernicke e outras áreas de processamento de
linguagem no cérebro. (sf). Recuperado em 12 de fevereiro de 2017,
de The Brain de cima para baixo: thebrain.mcgill.ca.
4. Área de broca. (sf). Retirado em 12 de fevereiro de 2017, da
Radiopaedia: radiopaedia.org.
5. Área de broca. (sf). Recuperado em 12 de fevereiro de 2017, da
Wikipedia: en.wikipedia.org.
6. Área de Broca – Funções Principais. (sf). Retirado em 12 de fevereiro
de 2017, do DNA Learning Center: dnalc.org.
7. Cérebro e linguagem: a representação neural das palavras e seus
significados. (sf). Recuperado em 12 de fevereiro de 2017, da
Universitat Jaume I: uji.es.
8. Flinker, A., Korzeniewska, A., Shestyuk, A., Franaszczuk, PJ, Dronkers,
NF, Knight, RT, Crone, NE, Redefinindo o papel da área de Broca na
fala. (2015). Anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados
Unidos da América, (9) 2871-2875
9. Friederici, AD, Rumo a uma base neural do processamento de
sentenças auditivas. Trends in Cognitive Sciences, 6 (2), 78 – 84.
10. González, R. e Hornauer-Hughes, A. (2014). Cérebro e linguagem.
Revista Hospital Clínico Universidad de Chile, 25, 143-153.

17
11. Sahin, N., Pinker, S., Cash, S., Schomer, D. & Halgren, E. (sd).
Processamento sequencial de informações lexicais, gramaticais e
fonológicas na área de Broca. Science, 326 (5951), 445-449.
12. Trejo-Martínez, D., Jiménez-Ponce, F., Marcos-Ortega, J., Conde-
Espinosa, R., Faber-Barquera, A., Velasco-Monroy, AL e Velasco-
Campos, F. (2007) Aspectos anatômicos e funcionais da área de Broca
em neurocirurgia funcional. Revista Médica do Hospital Geral do
México, 70 (3), 141-149.

18
Áreas de Brodmann: características e funções

As áreas de Brodmann, que são divisões do córtex cerebral, formam um


mapa que nos ajuda a compreender as estruturas e funções do cérebro.

Grandes pesquisadores ajudaram a entendê-lo mais claramente. Um deles foi


um neurologista alemão chamado Korbinian Brodmann, que dividiu o córtex
cerebral nas áreas de Brodmann.

Brodmann se dedicou principalmente ao estudo da anatomia e da psiquiatria. Em


1901, passou a se dedicar à neurobiologia, e foi nesse período que deu origem
ao famoso mapa do córtex cerebral que leva seu nome.

Neste mapa das áreas de Brodmann, encontramos uma divisão de regiões de


acordo com a sua função e localização.

19
Sobre essas áreas, descobertas em suas pesquisas em neuroanatomia, ele usou

o método de coloração de Nissl. Além disso, esses

estudos não foram realizados apenas em humanos, mas também em

macacos.

Brodmann não foi o único cientista a realizar uma divisão do córtex cerebral:

Constantin Von Economo e Georg N. Koskinas também o fizeram, e com ainda

mais detalhes. No entanto, o mapa cortical de Brodmann é o que tem maior

difusão mundial, sendo usado como referência até hoje.

Embora se saiba atualmente que não há uma divisão exata das áreas

corticais e que existem inter-relações no córtex cerebral,  e não funções

independentes por área, este mapa ainda é muito útil.

Áreas motoras

Essas são as regiões que, em suma, formam o córtex motor. São, portanto, um

conjunto de áreas responsáveis pelo processamento das informações

relacionadas à movimentação muscular.

20
Estão relacionadas à geração, coordenação, manutenção e finalização dos

movimentos. Dentro do córtex motor, podemos encontrar diferentes regiões:


 Área motora primária ou 4 de Brodmann. Esta região é
caracterizada por um baixo limiar de excitação. É responsável pela
execução de ordens para iniciar movimentos voluntários, que em
geral são movimentos simples.
 Área motora suplementar ou 6 de Brodmann. É caracterizada por
ter um alto limiar de excitação. É responsável por coordenar os
movimentos envolvidos na postura. Além disso, influencia a
organização das sequências de movimento dos grandes grupos
musculares.
 Área motora secundária ou 8 de Brodmann. É uma área pré-
motora e é responsável, juntamente com a área 6, por armazenar
padrões de movimento de experiências anteriores. Também se
ocupa do movimento dos olhos.
 Área de Broca  ou 44 e 45 de Brodmann. São aquelas que têm a
ver com os movimentos necessários para produzir a linguagem. Ou
seja: gesticulação, entonação e processamento semântico. Assim,
desempenham um papel crucial na elaboração e geração da
linguagem falada e escrita.

Áreas sensíveis

Compõem a região somatossensorial e são responsáveis pelo

processamento cerebral dos fenômenos sensoriais (associação e

coordenação de estímulos e comparação de estímulos anteriores com aqueles

vindos do exterior).

Elas processam, entre outras, as informações que vêm do sistema tátil e as

relacionadas à posição corporal. Podemos encontrar as seguintes regiões

sensíveis:

21
 Áreas somatostéticas primárias, ou 1, 2 e 3 de Brodmann.  Elas
estão localizadas entre o giro parietal e a parte posterior do lobo
parietal central. São as principais áreas responsáveis pelo tato e
pela propriocepção.
 Área somatestésica secundária, ou 5 e 7 de Brodmann.  A 5 se
encarrega da percepção tátil e a 7 é uma área integradora, de
reconhecimento de objetos sem usar a visão.
 Regiões de sensibilidade acústica: a área 41 detecta mudanças
na frequência e localização do som. A área 42 participa da detecção
e reconhecimento da fala e processa informações do córtex auditivo
primário. Além disso, as áreas 20 e 21 reconhecem sons e a área
22 os percebes.
 Sensibilidade gustativa. Principalmente a área 43. Está localizada
no lábio posterior da fissura lateral e na área adjacente da ínsula.
Graças a ela, processamos as informações relacionadas ao sabor.
 Sensibilidade vestibular. É encontrada no lábio superior da fissura
central e na parte posterior da ínsula e da área 22. Tem a ver com a
percepção das posições do corpo, movimentos da cabeça no
espaço e a manutenção do equilíbrio.
 Sensibilidade visual. Existe a área de Broadman 17, ao redor da
fissura calcarina e do polo occipital, que processa o conteúdo visual
com uma distribuição retinotópica das representações visuais. Além
disso, as áreas 18 e 19 de Brodmann relacionam as informações
recebidas da área 17 com experiências visuais passadas
registradas, para o reconhecimento e apreciação do que é visto.

22
Áreas associativas

São áreas multissensíveis, capazes de associar várias sensações entre si e

de associá-las, por sua vez, com áreas do tipo motor. Elas estão ligadas ao

comportamento, à discriminação perceptiva e à interpretação de experiências

sensíveis.

Elas estão distribuídas em três áreas: a posterior parietal, a temporal anterior

e a pré-frontal. Temos entre elas:


 Áreas pré-frontais ou 9, 10, 11 e 12 de Brodmann.  Elas se
encarregam de associar as experiências necessárias para produzir
ideias abstratas. Além disso, estão relacionados às funções
executivas, personalidade e emoções.
 Área do vinco curvo ou áreas 39 e 40 de Brodmann. Elas
associam informações visuais, proprioceptivas e táteis para
consolidar conceitos de forma, tamanho e textura. Além disso, têm a
ver com a valorização e consciência da imagem.
 Área temporal anterior. Intervém no armazenamento de
experiências sensíveis. Sua estimulação lembra objetos ou músicas
que foram previamente experimentados. A área 38 desta região é

23
creditada com o movimento do pé que fazemos ao seguir o ritmo de
uma música quando ouvimos uma melodia.
 Áreas associativas da linguagem. A área de Broca é dedicada à
geração motora da linguagem falada. A área de Wernicke  permite
a compreensão da linguagem escrita e falada, associando sons a
conceitos. 

24

Você também pode gostar