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CÁCERES-MT
2023/01
CARACTERIZAR A PLACA MOTORA E DESCREVER O MECANISMO DE
CONTRAÇÃO MUSCULAR (UNIDADE MOTORA)
INTRODUÇÃO
A MOVIMENTAÇÃO DO CORPO É UMA AÇÃO PADRÃO DE PROCESSAMENTO MOTOR
SIMPLES, REALIZADA A TODO INSTANTE, MAS Para que a motricidade voluntária ocorra,
QUE POSSUI UM PROCESSAMENTO primeiramente a ação é planejada no cérebro,
EXTREMAMENTE COMPLEXO. transmitida por vias do SNC e SNP até as células-alvo
- Além da integridade dos neurônios motores da efetoras (células musculares).
via, é necessária a captação constante da ÁREA TERCIÁRIA: criação da intenção do movimento
informação sensorial e seu processamento pelo (é o 1° local do SN a ser ativado quando pensamos no
cerebelo. movimento).
- Os movimentos voluntários são antecipatórios, ou - Variáveis consideradas: necessidade da ação;
seja, são utilizadas experiências motoras adequação do movimento ao comportamento
aprendidas previamente para definir como aquele social; supressão do socialmente indesejável.
ÁREA MOTORA SECUNDÁRIA: através da TRATOS MOTORES
informação de intenção do movimento das áreas terciárias, São compostos de fibras nervosas que comunicam as
ela constrói o plano de execução motora. estruturas suprassegmentares, que regulam e
- Influências: circuitos inconscientes, que envolvem organizam o movimento.
os NÚCLEOS DA BASE E O CEREBELO, TRATO CORTICOESPINAL: responsável pela
sendo essenciais para o controle e coordenação do motricidade voluntária de todo o corpo, com exceção da
movimento. cabeça.
- Onde ocorre sua ativação: - Origem das fibras: giro pré-central + lóbulo
● Se a intenção do movimento decorre da paracentral + córtex motor secundário + córtex
decisão do indivíduo: área suplementar somatossensorial do giro pós-central.
(localização: lobo frontal, imediatamente - Fibras sensitivas: alcançam estruturas das vias de
à frente do córtex motor primário do giro analgesia, sendo importantes para a regulação do
pré-central, superior a área pré-motora). processamento da sensibilidade dolorosa.
● Se a intenção de movimento é - Fibras motoras: fazem a motricidade e
desencadeada por estímulos externos: projetam-se em direção aos neurônios motores da
área pré-motora. medula.
ÁREA MOTORA PRIMÁRIA/DE PROJEÇÃO: é a ● Trajeto: coroa radiada → ramo posterior
última área cortical a ser ativada, onde estão os neurônios da cápsula interna → pedúnculo cerebral
motores primários, de onde emergem as fibras dos no mesencéfalo → base da ponte →
NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES, que compõem núcleos pontinos → pirâmides bulbares
os tratos descendentes motores (corticoespinhais e (na sua porção inferior, de cada lado, há
corticonucleares). cruzamento parcial das fibras dos tratos,
NEURÔNIOS MOTORES INFERIORES: recebe a na decussação das pirâmides,
mensagem dos neurônios motores superiores e alcança o formando o trato corticoespinhal
território de inervação muscular, gerando respostas lateral do lado oposto e o trato
contráteis para a realização do movimento. corticoespinhal anteriore homolateral
- Possuem o corpo celular no interior do SNC, nos - fibras que não sofrem desvio do
núcleos motores do tronco encefálico e na coluna trajeto).
anterior da medula, e suas fibras no SNP, por meio ● Trato corticoespinhal anterior:
dos nervos cranianos e espinais. motricidade axial e proximal dos MMSS
(Suas fibras seguem pela medula,
CÓRTEX MOTOR através do funículo anterior, e realizam
PLANEJAMENTO MOTOR: é importante para a sinapses ao logo de toda a extensão da
definição de quais grupos musculares serão ativados, do medula. Na altura do ponto da sinapse,
grau de contração muscular e da velocidade do movimento cada fibra cruza para o lado contralateral
que serão adequados à execução do movimento e alcança os neurônios da porção medial
pré-determinado. da substância cinzenta da coluna
- POR ISSO, O CÓRTEX MOTOR anterior da medula).
SECUNDÁRIO TEM CONEXÕES COM ● Trato corticoespinhal lateral:
CEREBELO, E NÚCLEOS DA BASE. motricidade distal dos membros (suas
CEREBELO: fibras, já cruzadas na decussação das
- Cerebrocerebelo: estruturas da região lateral do pirâmides, segue em trajeto descendente
cerebelo recebem o plano motor e colaboram para pelo funículo lateral e realizam sinapses
sua programação. homolaterais com os neurônios da
- Espinocerebelo: a região do vermis e porção lateral da coluna anterior da
intermediária dos hemisférios processam as medula).
informações proprioceptivas oriundas dos TRATO CORTICONUCLEAR: responsável pela
músculos e as comparam constantemente com o motricidade voluntária da cabeça.
plano motor.
NÚCLEOS DA BASE: regulam a quantidade de - Origem: giro pré-central → coroa radiada →
movimento. joelho da cápsula interna → desce em direção aos
- Fibras: a maior parte são bilaterais, o que implica núcleos motores do tronco encefálico.
movimentação conjugada da maioria dos
músculos da cabeça. ● Núcleo motor do VII: responsável pela
- Núcleos de motricidade voluntária: motricidade da musculatura mímica.
● Núcleos do III, IV, VI: responsáveis pela ● Núcleo ambíguo: responsável pela
motricidade ocular. inervação da laringe e da faringe,
● Núcleo motor do V: responsável pela garantindo a fonação e a deglutição.
motricidade mastigatória. ● Núcleo do XII: responsável pela
motricidade da língua.
ENUMERAR OS ITENS DE ANAMNESE E EXAME FÍSICO NECESSÁRIOS
PARA A AVALIAÇÃO CLÍNICA DA LOCOMOÇÃO E PREENSÃO
ANAMNESE - Histeria.
SINAIS E SINTOMAS
FRAQUEZA MUSCULAR
É a queixa mais frequente nas miopatias.
DISTINGUIR DE:
- Astenia: diminuição global da força, raramente
acomete músculos inervados pelos nervos
cranianos e o paciente diz-se muito mais cansado
do que fraco.
- Fatigabilidade.
- Simulação.
QUEDAS FREQUENTES IMOTIVADAS - e involuntária de fascículos musculares que estão
Sugere debilidade de quadríceps. perdendo sua inervação.
MIOTONIA: contração muscular sustentada, indolor, com
TIPOS DE MARCHA sinais EMG característicos, com som semelhante à queda
MARCHA MIOPÁTICA OU ANSERINA: com báscula de uma bomba.
da bacia e com lordose acentuada. FRAQUEZA E ATROFIA: as distrofias musculares
- Sugestivo de fraqueza da cintura pélvica. produzem um aspecto global peculiar, com exagero da
ANDAR NA PONTA DO PÉ: devido a retrações lordose lombar e com protrusão do abdome, pernas
tendíneas, as crianças podem andar nas pontas dos pés na entreabertas e cintura escapular jogada para trás. A
fase ambulante. omoplata costuma ser saliente, a escápula alada e mesmo
- Pode-se observar retrações tendíneas nos tendões elevar-se acima da altura dos ombros quando os membros
de Aquiles que, em fases mais avançadas, estarão superiores estão abduzidos.
já fixadas com pés em equino. HIPERTROFIA MUSCULAR: panturrilhas engrossadas,
- É comum na DMD. às vezes contrastando com a atrofia global em fases tardias
de distrofias, ocorrem por pseudo-hipertrofia devido ao
ATROFIA MUSCULAR acúmulo de tecido conjuntivo e gorduras.
Surge com a evolução das miopatias. Sendo, em geral, ARTICULAÇÕES E OSSOS: é comum, com o avançar
atrofia com hipotonia discreta nas fases inicias. da doença, ocorrer escoliose e alterações nos pés,
alterações articulares devido atrofia de grupos musculares e
DOR por retrações tendíneas.
Quase todas as miopatias são indolores.
Nas miopatias costumam ser secundárias às posturas INSPEÇÃO DINÂMICA
anormais, instabilidade articular e à compressão de Observa-se o paciente durante a marcha ou executando
nervos. algumas tarefas padronizadas.
EXEMPLOS DE TAREFAS PADRONIZADAS:
CÃIBRAS, RIGIDEZ E ESPASMOS MUSCULARES - Levantar-se do chão pode ser impossível em
São contraturas espontâneas ou provocadas por algumas miopatias.
isquemia, durando segundos ou minutos, com dor e com - Levantar-se da cadeira, subir degraus ou uma
aumento de enzima creatinofosfoquinase após sua
pequena escada também pode demonstrar déficit
ocorrência.
CARACTERÍSTICAS: motor regional.
- Comuns nos distúrbios metabólicos e - Andar nas pontas dos pés ou nos calcanhares pode
hidroeletrolíticos. ser útil para avaliar a força dos extensores e
- Podem ser prolongadas ou curtas, com ou sem flexores das pernas.
expressão na eletromiografia, a depender da
fisiopatologia da doença e, questão. - Agachar e levantar em uma só perna é utilizado
- São frequentemente benignas, mas pode ser para testar a força dos MMII alternadamente.
importantes indicadores de doenças graves. - Levantar os braços acima da cabeça
demonstrando força dos músculos proximais dos
MMSS.
EXAME FÍSICO
Palpação, percussão, mensuração e movimentação
passiva das articulações são passos do exames, visando
INSPEÇÃO ESTÁTICA a informações sobre o tônus e trofismo muscular.
PROCURAR ATROFIA MUSCULAR,
DETERMINANDO SUA LOCALIZAÇÃO, PALPAÇÃO
EXTENSÃO, DISTRIBUIÇÃO E INTENSIDADE:
- Ombro: proeminência da ossatura. É sempre feita nos músculos maiores para sentir a
- Mãos: achatamento dos interósseos. consistência muscular.
- Pernas: afinamento. FLACIDEZ: ocorre na maioria das doenças musculares.
OBSERVAR ATENTAMENTE GRUPOS AUMENTO DA CONSISTÊNCIA: é incomum.
MUSCULAR: buscar movimentos breves, repetitivos, de PSEUDO HIPERTROFIA DAS PANTURRILHAS: tem
pequena amplitude sob a pele, com pequenos abalos consistência semelhante à de borracha.
localizados (fasciculações e mioquimias).
DOR À PALPAÇÃO: pode ser encontrada em algumas
- Fasciculações: são importantes no diagnóstico
miopatias inflamatórias.
diferencial, já que, se persistentes e com atrofia
EXAME DO TÔNUS MUSCULAR: movimentação
muscular associada, indicam contração espontânea
passiva dos músculos, encurtando-os e alongando-os.
- Aumento Localizado do tônus: contratura ou ELETRONEUROMIOGRAFIA
espasmo, sendo um mecanismo de defesa contra a Compreende uma série de testes que se baseiam no
dor. estudo das propriedades da condução nervosa e nas
características elétricas da atividade muscular.
PERCUSSÃO COMO FUNCIONA: nos estudos de condução nervosa,
Pode promover reação reação de depressão seguida de estimula-se eletricamente o trajeto de um nervo periférico
elevação no local (mioedema). em diversos pontos e registram-se as respostas, quer sejam
ACHADOS: pode ser normal ou sugerir miopatias do nervo ou dos músculos por ele inervados; medindo-se a
metabólicas e inflamatórias, quando promove edema mais distância (e) entre os pontos de estímulo e o tempo (t)
duradouro no local, ou hipotireoidismo. gasto, calcula-se a velocidade (v) de condução do estímulo
Pode desencadear miotonia. elétrico nos axônios que compõem o nervo estudado.
REFLEXOS MIOTÁTICOS: pesquisa de rotina. COMPROMETIMENTOS FOCAIS OU DIFUSOS
- Costumam ser normais nas fases precoces das NOS NERVOS PERIFÉRICOS: regiões com redução na
miopatias e diminuir ou desaparecer com o avanço velocidade de condução ou com reduções difusas.
da doença. ESTUDO DA TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR:
- Estimulação repetitiva: é realizada com um nervo
periférico em um ponto determinado, com
EXAMES COMPLEMENTARES estímulos supramáximos em frequências
determinadas, sendo registradas as respostas em
um grupamento muscular inervado por esse nervo.
DOSAGEM DE ENZIMAS SÉRICAS
- Defeitos na transmissão neuromuscular podem
Toda doença que causa destruição de fibras musculares
acarretar respostas elétricas musculares
provoca a liberação de enzimas das células musculares.
progressivamente maiores ou menores à
O QUE DOSAR:
estimulação repetitiva do nervo, dependendo da
- Transaminases.
localização da lesão.
- Aldolase.
- Eletromiografia de fibra única: o paciente produz
- Desidrogenase láctica.
uma contração voluntária leve do grupo muscular
- Piruvatoquinase.
e estudo e o eletrodo é posicionado para captar os
- Creatinofosfoquinase (CPK): é a mais sensível de
potenciais de 2 fibras musculares pertencentes a
todas. Podendo dosar suas isoenzimas, com foco
uma mesma unidade motora; em seguida,
na MM, pois ela predomina no tecido muscular
medem-se as diferenças de tempo para o
esquelético.
aparecimento das 2 respostas em 10 ou + disparos
O aumento dessas enzimas relaciona-se com destruição
voluntários e obtém-se um jitter (normal = 50
de fibras musculares e não com processos patológicos
m/s).
específicos.
TESTE IMUNOLÓGICO E BIÓPSIA MUSCULAR
DOSAGEM DE MIOGLOBULINA NA URINA
Pode-se pesquisar uma série de anticorpos que são
Vários distúrbios musculares se relacionam à
determinantes para o diagnóstico de doenças da
mioglobinúria paroxística.
transmissão neuromuscular.
LIMIAR DE EXCREÇÃO RENAL DE
EX: anticorpo antirreceptor de Acth; anti-MuSK; antcanais
MIOGLOBINA: é baixo e possibilita que pequenas
de K; anticanais de Ca.
concentrações séricas promovam sua eliminação pelo
IMUNO-HISTOQUÍMICA: determina se existe distrofia
sistema renal.
normal e se está ausentes ou anormal nas distrofinopatias.
APARECIMENTO DE MIOGLOBINEMIA: depende
do grau de destruição das fibras musculares.
EXAMES DE IMAGEM
O QUE A MIOGLOBINA PROVOCA NO SISTEMA
A tomografia computadorizada (TC), a ressonância
RENAL:
magnética (RM) e a ultrassonografia do músculo na
- Urina fica vermelha.
prática clínica são úteis para tumores, granulomas e,
- Quando intensa, IRA.
ocasionalmente, para indicar o músculo a ser biopsiado,
que não deverá estar no estágio final da doença, nem
naquele clinicamente normal.
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE
DIAGNÓSTICO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SUPORTE
É fundamental.
AO NASCIMENTO MONITORAMENTO CARDÍACO CUIDADOSO.
Normal.
PROGNÓSTICO
5 - 15 ANOS A maioria dos pacientes sobrevive até a 4°/5° década de
Início dos sintomas. vida.
- Nessa idade desenvolvem falência respiratória.
APRESENTA AS PRIMEIRA DIFICULDADES
ENTRE 5 E 15 ANOS DE IDADE
Embora o início possa ocorrer na 3°/4° década de vida.
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