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Mielinização do Neurônio

A maioria dos axônios dos neurônios motores é mielinizada, ou seja, são


recobertos por uma bainha de mielina, que é uma substância “gordurosa” que isola a
membrana celular do neurônio. No sistema nervoso periférico, essa bainha de mielina
é formada por células especializadas denominadas células Schwann.
Esta bainha não é contínua, ou seja, não envolve toda a membrana do axônio,
estes espaços são conhecidos como nódulos de Ranvier e podem ser visualizados na
figura. Quando este impulso nervoso, potencial de ação percorre o axônio, o potencial
salta de um nódulo para outro, este processo é conhecido como condução saltatória.
Tal fenômeno faz com que o impulso nervoso seja conduzido muito mais rapidamente
que em axônios não mielinizados.

Diâmetro do Neurônio

A velocidade da transmissão do impulso é determinada também pelo diâmetro


do neurônio. Os neurônios maiores apresentam menos resistência à corrente que
aqueles de diâmetro menor, isto faz com que o impulso nervoso percorra o neurônio
rapidamente.
Agora que já sabemos como o impulso nervoso/potencial de ação percorre um
neurônio, vamos entender como este potencial é transmitido para outro neurônio.
Os neurônios comunicam-se entre si através de sinapses. Uma sinapse é o
local onde ocorre a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio para outro.
Segundo Wilmore e Costil, (2001 p. 60) umas sinapses entre dois neurônios
incluem:

• Os terminais axônicos do neurônio que transmite o impulso


• Receptores sobre o segundo neurônio
• O espaço entre essas estruturas.

O neurônio que envia a mensagem é denominado pré-sináptico e o que recebe


pós-sináptico. É importante lembrar que os neurônios não se conectam fisicamente. O
que separa estes neurônios é a fenda sináptica. Para que este impulso possa passar
de um neurônio para outro, é derramada uma quantidade de neurotransmissores na
fenda sináptica.
Estes neurotransmissores estão localizados nas vesículas pré-sinápticas, que
se encontram nos terminais pré-sinápticos destes neurônios. Os neurotransmissores
levam o impulso até os receptores pós-sinápticos do neurônio pós-sinápticos através
dos dendritos do mesmo.

Figura - transmissão do impulso nervoso entre dois neurônios

Figura retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.60

Finalmente quando este impulso/potencial de ação chega ao motoneurônio,


que podemos considerar como um neurônio final, este impulso pode ser transmitido até
a fibra muscular. Mas como isto ocorre? Neste caso a comunicação entre o neurônio e
a fibra muscular ocorre em um local chamado de junção neuromuscular. A junção
neuromuscular tem a mesma função da sinapse.
No motoneurônio este impulso é transmitido através dos terminais axônicos do
motoneurônio onde são liberados os neurotransmissores, em especial acetilcolina e
noradrenalina que transmitem o impulso pela fenda sináptica que irá ser transmitido
para a fibra muscular através de receptores localizados no sarcolema/membrana da
fibra muscular. O impulso/potencial de ação despolariza a membrana da fibra fazendo
com que sejam liberados íons de sódio que irão penetrar no interior da fibra muscular.

O SISTEMA MUSCULAR

O sistema muscular é formado por três tipos de músculos:

• Liso
• Cardíaco
• Esquelético

Vamos neste tema estar tratando do músculo esquelético ou voluntário. O


músculo esquelético recebe este nome porque a grande maioria se fixa ao esqueleto e
é responsável pelo movimento humano. O corpo humano contém mais de 600
músculos.

Estrutura do Músculo Esquelético

A primeira camada que reveste o músculo é chamada de epimísio que também


forma o tendão e, portanto, faz a união do músculo com o osso.
A segunda camada é o perimísio que recobre a terceira camada o fascículo.
A quarta camada é o endomísio que recobre as fibras musculares. As fibras
musculares mais longas medem em geral 12 cm e estas contêm em média 500.000
sarcômeros, que é considerada a unidade funcional da miofibrila. Segundo (McComas,
1996; apud Wilmore e Costil, 2001 p.29) o músculo lombrical (músculo dos dedos) tem
em média 10.000 fibras enquanto que o gastrocnêmico tem em média um milhão.

Figura (a) Estrutura básica do músculo e (b) corte transversal de um músculo


esquelético.

Figura - retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.29
Componentes da fibra muscular

O Sarcolema é a camada que reveste a fibra muscular. O sarcolema em cada


extremidade liga-se ao tendão que por sua vez liga-se ao osso.

IMPORTANTE: Devemos lembrar que no sarcolema existem os


receptores que recebem o sinal do motoneurônio para que ocorra a
despolarização da fibra muscular.

O Sarcoplasma é uma substância gelatinosa/líquida que contém principalmente


proteínas, minerais, glicogênio, gorduras e mioglobina.
Os Túbulos Transversos também são conhecidos como Túbulos T que passam
lateralmente através da fibra muscular. Os Túbulos T ou Túbulos Transversos levam os
impulsos nervosos recebidos pelo sarcolema para as miofibrilas, estes também são
condutores para substâncias como: glicose, oxigênio e os íons.
O Retículo Sarcoplasmático é uma rede longitudinal de túbulos que passa
paralelamente pelas miofibrilas. No retículo sarcoplasmático está armazenado o cálcio,
substância indispensável para que ocorra a contração muscular.

Figura - Visão de uma fibra muscular e seus componentes.

Figura - retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.30
A Miofibrila é um dos componentes da fibra muscular. Cada fibra muscular
contém entre várias centenas e vários milhares de miofibrilas que são os elementos
contráteis do músculo. A miofibrila é composta por dois pequenos filamentos protéicos
responsáveis pela ação muscular. Os filamentos de Actina (finos) e os de Miosina
(grossos).
O Sarcômero é a menor unidade funcional do músculo e consequentemente
de uma miofibrila. Cada sarcômero é composto por uma linha Z em sua extremidade,
e ainda possui:
• Uma banda I (zona clara)
• Uma banda A (zona escura)
• Uma zona H (no meio da banda A)
• Uma segunda banda I

Filamentos de Actina e Miosina

Segundo Wilmore e Costil (2001 p.33) cerca de dois terços das proteínas totais
do músculo esquelético correspondem à miosina. Cada filamento contém várias
cabeças de miosina/pontes cruzadas que durante a ação muscular vão se conectar com
os sítios ativos da actina.
Cada filamento de actina possui uma extremidade inserida numa linha Z e a
extremidade oposta se estende em direção ao centro do sarcômero. Cada filamento de
Actina é formado por três moléculas de proteínas diferentes que podem ser visualizadas
na figura.
• Actina
• Tropomiosina
• Troponina

Figura -visão de um filamento de actina e suas moléculas


Figura - retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p. 34

A Tropomiosina é uma proteína em formato de tubo que envolve a actina. A


Troponina é considerada uma proteína mais complexa e se fixa em intervalos regulares
tanto aos filamentos de tropomiosina como de actina. Como acontece a Ação da Fibra
Muscular?

- O Impulso Motor

O Impulso Nervoso ou Impulso Neural se origina no cérebro ou na medula


espinhal. Este impulso visto anteriormente percorre vários neurônios através do
potencial de ação, ocasionando a despolarização destes até chegar ao motoneurônio.
Quando o impulso chega até os terminais axônicos do motoneurônio ocorre o
derrame de neurotransmissores na junção neuromuscular/sinapse/fenda sináptica, que
como o próprio nome diz é o local de ligação entre o neurônio motor e a fibra muscular.
Como nos neurônios estes não entram em contato físico, a passagem do impulso é feita
pelos neurotransmissores em especial: acetilcolina, que entra em contato com os
receptores que estão localizados no sarcolema da fibra muscular, esta descarga elétrica
percorre toda a extensão do sarcolema realizando a despolarização da mesma.
Este impulso elétrico percorre os túbulos T e o retículo sarcoplasmático indo
para o interior da fibra muscular, fazendo com que o retículo sarcoplasmático libere
grandes quantidades de cálcio que está armazenado no sarcoplasma.
O cálcio se liga a troponina que está repousada sobre a actina, a troponina que
tem uma forte afinidade com o cálcio retira a tropomiosina, liberando os sítios ativos da
actina e permitindo que as pontes cruzadas da miosina se conectem com os sítios ativos
da actina.

Figura - mostra a sequência de eventos que levam à ação muscular.

Figura -retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.35

O Deslizamento dos Miofilamentos e o Movimento Muscular

Os miofilamentos de actina são tracionados sobre os miofilamentos de miosina,


causando a contração muscular e consequentemente o encurtamento do sarcômero
muscular.
Segundo Wilmore e Costil (2001 p.36) mesmo quando a fibra muscular não está
se contraindo, a cabeça da miosina permanece em contato com a actina, mas esta
ligação é enfraquecida ou bloqueada pelos miofilamentos de tropomiosina. Este
processo de contração muscular, tracionamento dos filamentos de actina sobre os de
miosina acontecem até o ponto em que a cabeça da miosina chegue à extremidade da
linha Z em cada sarcômero.
Energia Para a Contração Muscular e Para o Término Desta Ação.

A cabeça da miosina contém um sítio para ligação com a molécula de ATP


(adenosina trifosfato), esta ligação é necessária, pois a ATP fornece a energia
necessária para este processo. A enzima ATPase que está sobre a cabeça de miosina
realiza a quebra da molécula de ATP produzindo o ADP (Adenosina Difosfato), P
(Fosfato Inorgânico) esta energia é necessária para que ocorra a contração muscular.
O término da ação muscular ocorre quando há a depletação de cálcio. Este íon
é bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, que será liberado quando chegar
um novo impulso nervoso que despolarize a membrana da fibra muscular. Este
processo de retorno do cálcio para o retículo sarcoplasmático necessita de ATP.
Portanto, tanto para a contração como para o relaxamento é necessário ATP.

FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DINÂMICA

As características gerais que envolvem o treinamento de força podem ser


divididas basicamente em dois grandes grupos: determinados em função das formas
pelas quais as contrações musculares podem se manifestar. Neste contexto, o
treinamento pode ser estático ou dinâmico. Esta última forma de manifestação será
estudada neste curso e possui duas fases: excêntrica e concêntrica.
Contração Excêntrica: nesta fase do movimento, chamada de fase negativa,
existe o alongamento muscular, alongamento do sarcômero, os miofilamentos de actina
e miosina se distanciam, sendo esta fase mencionada por muitos autores como a
principal para que ocorra o processo de hipertrofia muscular, pois acontece uma
desestruturação do sarcômero levando a danos estruturais.

Figura -Ação muscular excêntrica


Figura -retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.47

Contração Concêntrica: Nesta fase do movimento existe um “encurtamento” da


musculatura, ou seja, os miofilamentos de actina são tracionados sobre os
miofilamentos de miosina provocando um encurtamento de toda a estrutura do
sarcômero muscular.
Exemplo: em um exercício para bíceps (rosca direta) o peso se aproxima do
centro do corpo.

Figura - ação muscular concêntrica

Figura- retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.47

FORÇA MUSCULAR E SUAS SUBDIVISÕES

Segundo Kraemer e Hakkinen (2004), força muscular pode ser definida como
quantidade de tensão que um músculo ou grupamento muscular pode gerar dentro de
um padrão específico e com determinada velocidade de movimento.
Existem diversos tipos de força subdivisões nomenclaturas o que muitas vezes
leva a uma grande confusão a este respeito. Portanto, vamos trabalhar com os tipos de
força mais utilizadas em sala de musculação que são: força máxima ou pura, força
rápida ou explosiva e força de resistência.
Força Pura ou Força máxima: de acordo com (Nett, 1970; apud Barbanti, 1979),
"é a maior força muscular possível que um atleta pode desenvolver, independente de
seu peso corporal". Segundo Weineck (1999), a força máxima representa a maior força
disponível, que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração
máxima voluntária.
Força rápida (explosiva): também conhecida como potência. Segundo Weineck
(1999), compreende a capacidade do sistema neuromuscular de movimentar o corpo
ou parte do corpo (braços, pernas) ou ainda objetos (bola, pesos, esferas, discos, etc.)
com uma velocidade máxima.
Movimentos com força rápida são programados, ou seja, são processados
através do sistema nervoso central, é o termo utilizado para manifestações da força que
envolve grande velocidade de contração. Esta forma de manifestação de força é muito
utilizada em atividades que têm por objetivo desenvolver altos graus de força com
elevada velocidade de movimentos, como por exemplo, em atletas velocistas,
lançadores e arremessadores.
Força de Resistência: para (Stubler e colaboradores, apud Barbanti, 1979) é a
capacidade que os músculos ou grupos musculares têm para resistir contra o cansaço
com repetidas contrações dos músculos. (Harre, 1976; apud Weineck, 1999) define a
resistência de força como a capacidade de resistência a fadiga em condições de
desempenho prolongado de força.
Esta forma de manifestação de força é requerida nas atividades do dia a dia,
principalmente para os indivíduos que têm em sua atividade profissional a repetição
sistemática de movimentos. Outra aplicação da força de resistência é encontrada nas
atividades desportivas que têm por objetivo manter esforços contínuos durante períodos
de tempo prolongados.

COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR NAS DIVERSAS


POPULAÇÕES

Diferenciação da Força Muscular em Relação a Homens e Mulheres.


Quando a força muscular é considerada em escores absolutos, em geral os
homens são mais fortes que as mulheres. Essa caracterização sexual da força muscular
é verdadeira, independentemente do dispositivo usado para medi-la (McArdle e
colaboradores, 1998). No entanto, o percentual superior verificado nos homens
manifesta-se de forma diferenciada quando são considerados distintos grupamentos
musculares. Dados apresentados por (Hollmann e Hettinger 1983), relatam que em
média, a força da mulher equivale aproximadamente a cerca de 70% da apresentada
pelos homens, em todos os grupamentos musculares.
Um fator que contribui para a diferença na força de homens e mulheres
relaciona-se com a área de seção transversa do músculo, geralmente menor nas
mulheres. Entretanto, Holloway e Baech (1990) destacam que o tecido muscular
feminino, unidade por unidade, não difere em potencial de força do tecido muscular
masculino. Conclui-se que a quantidade e localização do tecido muscular são
importantes determinantes da força absoluta, quando se comparam homens e
mulheres. Isto explica em parte, algumas das diferenças de força encontradas entre os
sexos, nos diversos segmentos corporais (Monteiro, 1997).
Tem sido observado que esta diferença diminui quando comparado tanto a
força absoluta como relativa em membros inferiores. Provavelmente um dos motivos
seja ao fato da treinabilidade. Neste contexto é comum vermos as mulheres se
dedicarem mais ao treinamento dos segmentos inferiores do corpo, o que
provavelmente leva a uma melhora tanto dos fatores neurais como hipertróficos,
ocasionando esta redução nos escores obtidos nos testes de força entre os dois
gêneros.
A força relativa tem sido comumente expressa em relação ao peso corporal e à
massa corporal magra, em homens e mulheres.
0'Shea & Wegner (1981), observaram que as mulheres eram mais fracas em
1RM no exercício de rosca bíceps e agachamento do que os homens, tanto em força
absoluta quanto relativa ao peso corporal, antes e depois de nove semanas de
treinamento contra resistência.
Dados idênticos foram verificados por (Morrow e Hosler 1981, apud Monteiro
1997) comparando jogadoras de basquete e voleibol, com homens destreinados.
Achados distintos foram relatados por (Bond e colaboradores 1985 apud Monteiro
1997), também em estudo comparativo, utilizando mulheres fisiculturistas e homens
destreinados. Neste caso, foi evidenciado que as fisiculturistas eram mais fracas em
força absoluta nos membros superiores, porém iguais na força absoluta nos membros
inferiores. Porém, não havia diferença significativa entre os sexos, para a força relativa,
quando expressa em função do peso corporal. Possivelmente, esta diferença em
relação aos estudos apresentados anteriormente pode ser atribuída às solicitações
diárias de esforços exigidos no treinamento de fisiculturistas, que diferenciam esta
população das demais, principalmente no que tange à massa corporal magra (Monteiro,
1997).
Segundo Anderson e colaboradores (1989), quando a força é expressa por
quilograma de massa corporal, as diferenças entre os sexos são reduzidas, podendo
ainda não haver nenhuma diferença no caso da força de pernas. Dados que confirmam
esta premissa foram verificados por Wilmore (1974), medindo a força relativa à massa
corporal magra. Este autor constatou que os homens possuíam maior força nos
membros superiores, porém valores semelhantes em membros inferiores, quando
comparados com mulheres. Tal achado, combinado com a observação de que a força
por unidade de área transversa é similar em homens e mulheres, sugere que a diferença
sexual da força está relacionada à quantidade e não à qualidade do tecido muscular
(Sale, 1991).
Quando se criam escores de relação entre a força muscular e algumas
dimensões corporais, de fato a diferença entre homens e mulheres tende a diminuir.
Heyward e colaboradores (1986), conduzindo um estudo neste sentido, verificaram que
as diferenças sexuais eram minimizadas quando expressas em relação à massa
corporal magra, distribuição da massa muscular e gordura subcutânea, nos segmentos
superiores e inferiores do corpo. Apesar de esta investigação ter sido realizada com
sujeitos fisicamente ativos, acredita-se que seus resultados possam ser generalizados,
pois na caracterização da amostra, não foi evidenciada nenhuma prática de atividade
envolvendo trabalho excessivo de força. O que tenderia a gerar um problema de ordem
metodológica quanto à validade externa do estudo (Monteiro, 1997).

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