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FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR

Profa. Dra. Caren Nádia Soares de Sousa


Esp. Enfermagem Cardiovascular e Hemodinâmica – UECE
Mestra e Doutora em Farmacologia – UFC
Pós doutora em Farmacologia – NPDM/UFC
Pós-doutoranda em Medicina translacional – FAMED/UFC
carensoares@unigrande.edu.br
Objetivos

Conhecer a estrutura dos músculos

Compreender os mecanismos de contração muscular

Entender o controle neural dos músculos


Músculos esqueléticos
• Compostos por fibras musculares individuais que se contraem, quando
estimuladas por um neurônio motor.

• Fixam-se aos ossos por meio de tendões.

• Vários movimentos esqueléticos são possíveis, dependendo do tipo de


articulação envolvida e da fixação dos músculos.

• Músculo agonista: principal mobilizador de qualquer movimento


esquelético.
• Músculos antagonistas: atuam sobre a mesma articulação, para produzir
ações opostas.
Ações dos
músculos
antagônicos que
movem a coxa e
a perna
ATENÇÃO!!!

Sarcolema: membrana celular que reveste a fibra muscular

Sarcoplasma: citosol

Retículo sarcoplasmático: retículo endoplasmático liso


Estrutura dos músculos
esqueléticos
• Epimísio: tecido conjuntivo que recobre o músculo inteiro

• Perimísio: tecido conjuntivo que envolve os feixes de fibras

• Endomísio: tecido conjuntivo que envolve cada fibra muscular

- MANTÉM AS FIBRAS MUSCULARES UNIDAS


- PERMITEM QUE A FORÇA DE CONTRAÇÃO DO MÚSCULO SEJA
TRANSMITIDA A OUTRAS ESTRUTURAS, COMO TENDÕES E OSSOS.
Organização das fibras
musculares esqueléticas
Estriações transversais com alternância de faixas claras e escuras.

Banda A – faixa escura

Banda I – faixa clara

Linha Z – linha
transversal escura no
centro da banda I
Sarcômero
I A I

Z
Cada célula é
composta por
muitas
subunidades –
miofibrilas
Unidades motoras

• Cada fibra muscular recebe um único terminal axônico de um neurônio


motor somático

• Junção neuromuscular: é a sinapse entre as fibras nervosa e muscular

• Placa motora: é a porção especializada do sarcolema de uma fibra


muscular circundando a extremidade terminal do axônio
Unidades motoras

O neurônio motor estimula a fibra muscular a contrair-se ao liberar acetilcolina


na junção neuromuscular.
Unidades motoras
Unidade motora: cada neurônio motor somático, juntamente com todas as fibras
musculares por ele inervadas

Sempre que um neurônio motor somático é ativado, todas as fibras musculares


por ele inervadas são estimuladas a se contrair.
Mecanismos de contração
Miofibrila:

Banda A – filamentos grossos – proteína miosina


Banda I – filamentos finos – proteína actina
• Banda H: as regiões centrais mais claras das bandas A
• No centro de cada banda I existe uma linha Z escura e fina – Formam o disco
Z
• Sarcômero: subunidades de Z a Z
Teoria dos filamentos
deslizantes da contração
• Contração: diminuição de comprimento em consequência do
encurtamento de suas fibras individuais

• O sarcômero encurta durante a contração

• Os filamentos finos e grossos deslizam uns sobre os outros sem


alteração no tamanho
O deslizamento dos filamentos é produzido pela ação de numerosas pontes
cruzadas que se estendem da miosina em direção à actina.
1. Músculo
relaxado

2. Músculo
parcialmente
contraído

3. Músculo
totalmente
contraído
• A cabeça da miosina liga-se à actina e o ATP se decompõe em ADP e
energia, produzindo o movimento da cabeça da miosina.

• Esse processo, que se repete muitas vezes durante um ciclo de contração,


leva a uma sobreposição completa dos filamentos de actina e miosina e ao
encurtamento da fibra muscular.

• Não existindo ATP, o complexo actina-miosina torna-se estável, o que


explica a rigidez muscular que ocorre logo após a morte.

*Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=j-5959hSHCc
Regulação da contração
• Para que um músculo relaxe, a ligação das pontes cruzadas da
miosina à actina deve ser impedida;
• Ação em conjunto da troponina e da tropomiosina.
• Músculo relaxado:

• Tropomiosina bloqueando
a formação das pontes
cruzadas

• Concentração de Ca2+ no
sarcoplasma muito baixa
• Músculo estimulado para
contração:

• Aumento da
concentração de Ca2+ no
sarcoplasma

• Ligação do Ca2+ à
troponina

• Deslocamento da
tropomiosina

• Formação das pontes


cruzadas
Acoplamento excitação-
contração

Fibra muscular relaxada: maior


parte do Ca2+ armazenada no
retículo sarcoplasmático

As membranas dos túbulos


tranversos (túbulos T) formam
uma continuidade com o
sarcolema e conduzem
potenciais de ação profundos na
fibra muscular.
1. O neurônio motor somático
libera Ach na junção
neuromuscular;

2. A entrada líquida de Na+


desencadeia um potencial de
ação muscular

3. O potencial de ação no
túbulo T altera a
conformação do receptor
DHP
4. O receptor DHP abre os canais RyR
de liberação de Ca2+ do retículo
sarcoplasmático e o Ca2+ entra no
citoplasma

5. O Ca2+ se liga à troponina

6. As cabeças de miosina executam o


movimento de força

7. Os filamentos de actina deslizam em


direção ao centro do sarcômero

Quando a atividade neural e os potenciais de ação da fibra muscular cessam,


o retículo sarcoplasmático acumula ativamente Ca2+ (consumo de ATP) e o
relaxamento muscular ocorre
Contração dos
músculos esqueléticos

• A contração dos músculos gera a tensão necessária para que eles se


encurtem e, por conseguinte, realizem trabalho

• A força de contração dos músculos esqueléticos deve ser suficientemente


grande para que o mesmo se encurte
Contração, somação e tétano
• Contração
• Quando um músculo é estimulado, ele contrai-se rapidamente e relaxa.
• O aumento do estímulo aumenta a força de contração – graduação da
força de contração.

• Somação
• Série de estímulos em rápida sequência, antes do relaxamento
completo do primeiro estímulo.
• Contrações musculares mais fortes são produzidas pela estimulação de
quantidades maiores de fibras musculares;

• Tetania incompleta
• Liberação de uma frequência crescente de estímulos, levando a um
menor tempo de relaxamento entre as contrações sucessivas.

• Tetania completa
• Numa determinada frequência da estimulação, não existe um
relaxamento visível entre contrações sucessivas;
• Contração suave e sustentada.

O termo tétano não deve ser confundido com a doença do mesmo nome,
acompanhada por um estado doloroso de contratura muscular.
• Contração isotônica
• Contração muscular em que há encurtamento do músculo.

• Contração isométrica
• Contração muscular em que o músculo permanece com o mesmo
comprimento.
• Tendões

• Proveem o componente elástico


• Absorvem parte da tensão quando um músculo se contrai
Demandas energéticas dos
músculos esqueléticos
• Os músculos esqueléticos em repouso obtêm a maior parte de sua energia
da respiração aeróbia de ácidos graxos
• Glicogênio muscular e glicose sanguínea também são utilizadas como
fonte de energia

• Os músculos esqueléticos respiram de modo aneróbico durante os primeiros


45 a 90 s de exercícios moderados a pesados
https://clinicaespaco
anima.wordpress.co
m/2017/03/20/exerci
cios-de-forca-e-
resistencia-como-
ficar-em-forma-
estimulando-o-maior-
numero-de-fibras-
musculares/
Fibras tipo IIA ou fibras rápidas oxidativas
Fibras tipo IIB ou fibras rápidas glicolíticas
Fadiga muscular
• Incapacidade de manter uma determinada tensão muscular quando a
contração é sustentada ou incapacidade de reproduzir determinada tensão
durante contrações rítmicas ao longo do tempo.

• Fadiga contra contração máxima sustentada


• Ex: segurar algo pesado

• Devido ao acúmulo de K+ extracelular


Fadiga muscular
• Fadiga durante exercício moderado

• Fim da reserva de glicogênio das fibras contração lenta


• Recrutamento das fibras de contração rápida
• Produção de ácido lático

Aumento da
concentração Queda do pH Fadiga
de H+ muscular muscular
intracelular

Possível explicação: redução da capacidade do retículo sarcoplasmático de


acumular Ca2+ ou redução da capacidade do retículo sarcoplasmático de
liberar Ca2+.
A hipertrofia muscular está associada ao aumento do tamanho das
miofibrilas e, em seguida, do número de miofibrilas existentes nas fibras
musculares.
Controle neural dos
músculos esqueléticos
• Os músculos esqueléticos contêm receptores de estiramento –
fusos musculares – que estimulam a produção de impulsos nos
neurônios sensitivos quando um músculo é alongado

• Esses neurônios sensitivos podem formar sinapses com


motoneurônios (neurônios motores), que estimulam o músculo a
contrair-se em resposta ao alongamento

• Neurônios motores inferiores:


- Axônios inervam músculos esqueléticos
- Via motora final comum através da qual os estímulos sensitivos
e os centros encefálicos superiores exercem o controle sobre os
movimentos esqueléticos
Controle neural dos
músculos esqueléticos
• Reflexos do músculo esquelético

• Embora os músculos esqueléticos sejam voluntários, eles comumente


contraem-se de modo reflexo inconsciente em resposta a determinados
estímulos.
• Reflexo de estiramento monossináptico

• Sem a participação de interneurônios – apenas uma sinapse

• Presente em todos os músculos

• Ex: reflexo patelar – percussão do ligamento da patela com um


martelo de borracha – contração isotônica e o arremesso do joelho
• Reflexo dissináptico

• Neurônios sensitivos recebem sinalização de contração e


alongamento do músculo

• Participação de interneurônios, que realizam sinapses inibitórias

• Ajuda a impedir contrações musculares e alongamentos


excessivos
Aumento da tensão
muscular – estímulo
do órgão tendinoso
de Golgi

Estímulo de um
interneurônio

Inibição da atividade
do neurônio ,motor
que inerva o músculo
• Inervação
recíproca

• Reflexos em que o
neurônio sensitivo
gera sinalizações
estimulatórias e
inibitórias
(interneurônio)
• Controle neural motor superior dos músculos esqueléticos

• Os neurônios motores superiores (no encéfalo) influenciam o


controle do músculo esquelético pelos neurônios motores
inferiores

• Cerebelo: coordenação motora

• Núcleos da base
• Lesão: coréia – movimentos aleatórios súbitos e
decontrolados;
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kUtbMjIj2GY.
MÚSCULO CARDÍACO E MÚSCULOS LISOS

Tecido muscular
Tecido muscular Tecido muscular
estriado
estriado cardíaco liso
esquelético
Músculo cardíaco
• Contém sarcômeros

• Contração por encurtamento dos sarcômeros

• Capaz de produzir potenciais de ação automaticamente

• Efetores involuntários controlados por neurônios motores autônomos

• Células alongadas e ramificadas

• Estriações transversais

• Contém um ou dois núcleos localizados centralmente


Discos intercalares – linhas
transversais altamente coráveis que
aparecem em intervalos irregulares
ao longo da células

Impulsos elétricos originados em


qualquer ponto de uma massa de
células miocárdicas podem se
disseminar para todas as células da
massa

O miocárdio contrai-se totalmente


todas as vezes
Músculo liso
• Viscerais

• Organização
• Camadas circulares: vasos sanguíneos e bronquíolos
• Camadas circulares e longitudinais: sistema digestório, ureteres, ductos
deferentes e tubas uterinas

• Não possuem sarcômeros

• Contrações em resposta a um mecanismo regulador único

• Efetores involuntários controlados por neurônios motores autônomos


Camada longitudinal de
músculo liso

Intestino
delgado

Mucosa
Camada circular de músculo
liso

Ondas peristálticas

Contração alternada das camadas circulares e longitudinais de músculo liso


no intestino
Local de
fixação dos
filamentos
Para contração: interação do Ca2+ com a proteína calmodulina
Contrações lentas e sustentadas
• Músculos lisos unitários

• Possuem numerosas zônulas de oclusão entre células adjacentes que


as unem eletricamente
• Apresentam uma atividade de marca-passo: certas células estimulam
outras da massa

• Músculos lisos multiunitários


• Cada célula muscular lisa deve ser estimulada por um axônio
Liberação dos
neurotransmissores
nas regiões de
varicosidades
(terminações
axônicas)
Alongamento?
• Aumenta a extensibilidade musculotendínea e do tecido conjuntivo
muscular e periarticular
• Contribui para aumentar a flexibilidade
• A prática pode apresentar efeito prejudicial à performance muscular
• Não implica em menor número de lesões
Cãibra?
• Contracção muscular súbita, localizada, involuntária, contínua e
dolorosa
• Teorias:

• Desidratação, depleção eletrolítica e fadiga (acúmulo de ácido lático)


Dor após exercício?
• Rompimento de membrana – extravasamento de líquido para o meio
extracelular – aumento do volume muscular
• Acúmulo de fatores inflamatórios

• Acúmulo de ácido lático.


Conclusão

Estrutura dos Mecanismos de


músculos contração muscular

Controle neural dos


músculos
Avaliação
Avaliação
Referências

GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13 ed. Rio de


Janeiro, Elsevier Ed., 2017.

STANFIELD, C.L. Fisiologia humana. 5 ed. São Paulo: Pearson Education


do Brasil, 2013. (on line)

FOX, S.I. Fisiologia Humana. 7ed. São Paulo: Manole, 2007.(on line)

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