Neurônios pré-ganglionares
Na parte simpática, os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares estão situados
nos cornos laterais da substância cinzenta dos 12 segmentos torácicos e dos dois (e
às vezes três) primeiros segmentos lombares da medula espinal (Figura 15.2). Por
esta razão, a parte simpática também é chamada de parte toracolombar, e os
axônios dos neurônios pré-ganglionares simpáticos são conhecidos como efluxo
toracolombar.
Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares da parte parassimpática
estão localizados nos núcleos de quatro nervos cranianos no tronco encefálico (III, IV,
IX e X) e na parte lateral da substância cinzenta entre o segundo e o quarto
segmentos sacrais da medula espinal (Figura 15.3). Assim, a parte parassimpática
também é conhecida como parte craniossacral, e os axônios dos neurônios pré-
ganglionares parassimpáticos são chamados de efluxo craniossacral.
Gânglios autônomos
Existem dois grupos principais de gânglios autônomos: (1) gânglios simpáticos, que
integram a parte simpática do SNA, e (2) gânglios parassimpáticos, que integram a
parte parassimpática do SNA.
Neurônios pós-ganglionares
Depois que os axônios pré-ganglionares simpáticos chegam aos gânglios do tronco
simpático, eles podem se conectar com os neurônios pós-ganglionares de uma das
maneiras a seguir:
1. Um axônio pode fazer sinapse com os neurônios pós-ganglionares mais próximos.
2. Um axônio pode subir ou descer para um gânglio mais alto ou mais baixo antes de
fazer sinapse com neurônios pós-ganglionares. Os axônios dos neurônios pré-
ganglionares que sobem ou descem dentro do tronco simpático formam
as cadeias simpáticas – fibras que conectam os gânglios entre si.
3. Um axônio pode atravessar, sem realizar sinapse, um gânglio do tronco simpático
e chegar a um gânglio pré-vertebral, onde faz sinapse com neurônios pós-
ganglionares.
4. Um axônio pode atravessar, também sem realizar sinapse, um gânglio do tronco
simpático e então se projetar para células cromafins das medulas das glândulas
suprarrenais, funcionalmente semelhantes aos neurônios pós-ganglionares
simpáticos.
Uma única fibra pré-ganglionar simpática tem muitos axônios colaterais e pode
fazer sinapse com mais de 20 neurônios pós-ganglionares. Este tipo de projeção é um
exemplo de divergência e ajuda a explicar por que várias respostas autônomas afetam
quase todo o corpo simultaneamente. Depois de sair de seus gânglios, os axônios
pós-ganglionares normalmente terminam em vários efetores viscerais (ver a Figura
15.2).
Os axônios de neurônios pré-ganglionares da parte parassimpática chegam a
gânglios terminais próximos ou dentro de um efetor visceral (ver a Figura 15.3). No
gânglio, o neurônio pré-sináptico geralmente faz sinapse com apenas quatro ou cinco
neurônios pós-sinápticos que suprem um único efetor visceral. Assim, as respostas
parassimpáticas são restritas a apenas um efetor.
Plexos autônomos
No tórax, no abdome e na pelve, os axônios de neurônios simpáticos e
parassimpáticos formam redes conhecidas como plexos autônomos, muitos dos
quais estão localizados junto a grandes artérias. Estes plexos também contêm
gânglios simpáticos e axônios de neurônios sensitivos autônomos. Os maiores plexos
torácicos são o plexo cardíaco, que supre o coração, e o plexo pulmonar, que inerva
a árvore brônquica (Figura 15.5).
O abdome e a pelve também apresentam plexos autônomos importantes (Figura
15.5), em geral denominados conforme a artéria com a qual são distribuídos. O plexo
celíaco (solar) é o maior plexo autônomo e está localizado em torno do tronco celíaco.
Ele envolve dois grandes gânglios celíacos, dois gânglios aorticorrenais e uma densa
rede de axônios autônomos distribuídos no estômago, no baço, no pâncreas, no
fígado, na vesícula biliar, nos rins, nas medulas das glândulas suprarrenais, nos
testículos e nos ovários. O plexo mesentérico superior envolve o gânglio
mesentérico superior e inerva os intestinos delgado e grosso. O plexo mesentérico
inferior envolve o gânglio mesentérico inferior, que supre o intestino grosso. Axônios
de alguns neurônios pós-ganglionares simpáticos do gânglio mesentérico inferior
também se projetam para o plexo hipogástrico, anterior à quinta vértebra lombar,
que inerva os efetores viscerais pélvicos. O plexo renal envolve o gânglio renal e
supre as artérias renais e os ureteres.
específicas e com sua ligação seletiva com fármacos que os ativam ou bloqueiam.
Embora existam algumas exceções, a ativação dos receptores α e β geralmente
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causa excitação, e a ativação dos receptores α e β gera inibição dos tecidos efetores.
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Os receptores β são encontrados apenas nas células do tecido adiposo marrom e sua
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Tônus autônomo
Como ressaltado previamente, a maior parte dos órgãos do corpo recebe inervação de
ambas as partes do SNA, que geralmente provocam efeitos antagônicos. O equilíbrio
entre a atividade das partes simpática e parassimpática, conhecido como tônus
autônomo, é regulado pelo hipotálamo. De modo geral, quando o hipotálamo aumenta
o tônus simpático, ele diminui o parassimpático e vice-versa. As duas partes podem
afetar os órgãos de maneiras distintas porque seus neurônios pós-ganglionares
liberam neurotransmissores diferentes e seus órgãos efetores apresentam diferentes
receptores adrenérgicos e colinérgicos. Algumas poucas estruturas recebem inervação
apenas simpática – glândulas sudoríferas, músculos eretores dos pelos ligados a
folículos pilosos na pele, os rins, o baço, a maioria dos vasos sanguíneos e as
medulas das glândulas suprarrenais (ver a Figura 15.2). Nestas estruturas, não há
respostas antagônica da parte parassimpática. Mesmo assim, enquanto um aumento
do tônus simpático produz um determinado efeito, a diminuição desse tônus produz o
efeito oposto.
Respostas simpáticas
Durante estresses físicos ou emocionais, a parte simpática domina a parassimpática.
Um tônus simpático elevado favorece funções corporais que permitem a realização de
atividades físicas vigorosas e a produção rápida de ATP. Ao mesmo tempo, a parte
simpática diminui a atividade das funções corporais relacionadas com o
armazenamento de energia. Além do exercício físico, várias emoções – como o medo,
a vergonha ou a raiva – estimulam a parte simpática. A visualização das mudanças
corporais que acontecem durante as “situações E”, como exercício, emergência,
excitação e embaraço, ajudará você a lembrar da maioria das respostas simpáticas. A
ativação da parte simpática e a liberação de hormônios pelas medulas das glândulas
suprarrenais promovem uma série de respostas fisiológicas conhecidas
como resposta de luta ou fuga, que inclui os seguintes efeitos:
•Dilatação das pupilas
•Aumento da frequência cardíaca, da força de contração do músculo cardíaco e da
pressão arterial
•As vias respiratórias se dilatam, permitindo um movimento mais rápido do ar para
dentro e para fora dos pulmões
•Constrição dos vasos sanguíneos que irrigam os rins e o sistema digestório,
diminuindo o fluxo sanguíneo para estes tecidos. Isto resulta em diminuição da
produção de urina e das atividades digestórias, que não são importantes durante a
prática de exercícios físicos
•Dilatação de vasos sanguíneos que irrigam órgãos acionados durante um
exercício ou uma fuga – músculos esqueléticos, músculo cardíaco, fígado e tecido
adiposo – possibilitando maior fluxo sanguíneo para estes tecidos
•Estimulação da glicogenólise (decomposição do glicogênio em glicose) no fígado
e da lipólise (decomposição de triglicerídios em ácidos graxos e glicerol) nas
células do tecido adiposo
•Liberação de glicose pelo fígado, aumentando seus níveis sanguíneos
•Inibição dos processos que não são essenciais durante o enfrentamento de uma
situação estressora. Por exemplo, os movimentos da musculatura do sistema
digestório e a produção de secreções digestórias diminuem ou até param.
Os efeitos da estimulação simpática duram mais tempo e são mais disseminados
que os efeitos da estimulação parassimpática por três motivos: (1) os axônios pós-
ganglionares simpáticos apresentam maior divergência; consequentemente, uma
quantidade maior de tecidos é ativada ao mesmo tempo. (2) A acetilcolinesterase
rapidamente inativa a acetilcolina, mas a norepinefrina permanece na fenda sináptica
por um período maior. (3) A epinefrina e a norepinefrina secretadas pela medula das
glândulas suprarrenais intensificam e prolongam as respostas causadas pela
norepinefrina liberada pelos axônios pós-ganglionares simpáticos. Estes hormônios
circulam por todo o corpo na corrente sanguínea, afetando todos os tecidos que
tenham receptores alfa e beta. Em tempo: a norepinefrina e a epinefrina circulantes
são inativadas por enzimas no fígado.
Respostas parassimpáticas
Ao contrário da resposta de luta ou fuga da parte simpática, a parte parassimpática
estimula as respostas de repouso e digestão. As respostas parassimpáticas
permitem que as funções corporais conservem e restaurem energia durante períodos
de descanso ou recuperação. Nos intervalos entre períodos de exercício, os impulsos
parassimpáticos que estimulam as glândulas digestivas e os músculos lisos do
sistema digestório superam os impulsos simpáticos. Ao mesmo tempo, as respostas
parassimpáticas diminuem a funções corporais relacionadas com a atividade física.
Cinco atividades estimuladas principalmente pela parte parassimpática são a
salivação, o lacrimejamento, a micção, a digestão e a defecação. Além destas
atividades, existem três respostas conhecidas como as “três diminuições”: da
frequência cardíaca, do diâmetro das vias respiratórias (broncoconstrição) e do
diâmetro das pupilas (miose).
A Tabela 15.3 compara os aspectos estruturais e funcionais das partes simpática
e parassimpática do SNA. A Tabela 15.4 lista as respostas das glândulas, do músculo
cardíaco e dos músculos lisos à estimulação por ambas as partes do SNA.
Reflexos autônomos
Reflexos autônomos são respostas que acontecem quando impulsos nervosos
passam por um arco reflexo autônomo. Estes reflexos são fundamentais na regulação
de certas funções corporais, como a pressão arterial, ajustando a frequência cardíaca,
a força de contração ventricular e o diâmetro dos vasos sanguíneos; a digestão,
ajustando a motilidade e o tônus muscular do sistema digestório; a defecação e
a micção, ajustando a abertura e o fechamento dos esfíncteres.
Os componentes de um arco reflexo autônomo são os seguintes:
•Receptor. Assim como o receptor em um arco reflexo somático (ver a Figura
13.14), o receptor em um arco reflexo autônomo é a porção distal de um neurônio
sensitivo, que responde a um estímulo e gera uma mudança que produzirá
impulsos nervosos. Os receptores sensitivos autônomos estão associados
principalmente a interoceptores
Neurônio sensitivo. Conduz os impulsos nervosos dos receptores para o SNC
•Centro integrador. Interneurônios do SNC transmitem sinais dos neurônios
sensitivos para os neurônios motores. Os principais centros integradores da
maioria dos reflexos autônomos são encontrados no hipotálamo e no tronco
encefálico. Alguns reflexos autônomos, como os de micção e defecação,
apresentam seus centros integradores na medula espinal
•Neurônios motores. Os impulsos nervosos disparados pelo centro integrador se
propagam para fora do SNC por meio de neurônios motores em direção a um
efetor. Em um arco reflexo autônomo, dois neurônios motores conectam o SNC a
um efetor. O neurônio pré-ganglionar conduz impulsos nervosos do SNC para um
gânglio autônomo, e o neurônio pós-ganglionar conduz impulsos nervosos de um
gânglio autônomo para um efetor (ver a Figura 15.1)
•Efetor. Em um arco reflexo autônomo, os efetores são os músculos lisos, o
músculo cardíaco e as glândulas, e o reflexo é chamado de reflexo autônomo.