Você está na página 1de 69

PSICOFISIOLOGIA

FUNDAMENTOS
Psicofisiologia
A psicofisiologia é uma disciplina que estuda a relação entre a atividade psicológica (como
pensamentos, emoções e comportamentos) e os processos fisiológicos do corpo. Ela
investiga como as funções do sistema nervoso, hormonal e outros sistemas do corpo estão
interligadas com as experiências mentais e comportamentais. Em resumo, a psicofisiologia
busca compreender como as atividades mentais influenciam as respostas físicas do
organismo e vice-versa. Essa interação é explorada através de técnicas de medição
fisiológica, como eletroencefalografia, eletromiografia, fotopletismografia, entre outras.

Todos os elementos psicológicos devem ter um referente fisiológico


Cada aspecto psicológico, como pensamentos, emoções e comportamentos, está
relacionado a processos fisiológicos específicos no corpo. No entanto, isso não implica
necessariamente que haja uma correspondência direta entre mudanças fisiológicas e
estados mentais em todos os casos.
Embora muitas experiências mentais possam ter substratos fisiológicos identificáveis, nem
sempre existe uma correspondência linear. Algumas mudanças fisiológicas podem ser
complexas e envolver múltiplos sistemas do corpo, tornando a relação entre fisiologia e
mente mais intricada.
Por outro lado, nem todos os processos fisiológicos têm necessariamente impacto direto na
experiência mental. Existem elementos fisiológicos que podem não ser diretamente
percetíveis ao nível da consciência ou não contribuir significativamente para estados
psicológicos específicos.

Psychophysiology is based on the dual assumptions that human perception, thought,


emotion, and action are embodied and embedded phenomena.
A psicofisiologia baseia-se nas duas premissas fundamentais de que a perceção, o
pensamento, a emoção e a ação humanos são fenómenos corporalizados e incorporados. A
noção de "fenómenos corporalizados" destaca a ideia de que as atividades mentais estão
intrinsecamente ligadas ao corpo, envolvendo processos fisiológicos e sensoriais. Por sua
vez, a expressão "fenómenos incorporados" salienta que essas atividades mentais não
ocorrem de forma isolada, mas estão integradas e influenciadas pelo contexto e pelo
ambiente que nos rodeiam.
Desta forma, a psicofisiologia explora a interconexão entre a mente, o corpo e o ambiente,
reconhecendo a importância da experiência corporal e das interações com o mundo na
compreensão dos processos mentais. Este enfoque integrativo permite uma abordagem
mais holística na investigação das relações entre a atividade mental e os substratos
fisiológicos.

Interdependência corpo-mente
A interdependência corpo-mente refere-se à conexão intrínseca entre o corpo e a mente,
indicando que as atividades mentais e físicas influenciam-se mutuamente. Esta perspetiva
reconhece que estados emocionais, pensamentos e experiências mentais estão
intimamente ligados aos processos fisiológicos do corpo, destacando a inseparabilidade
entre as dimensões física e mental da experiência humana.
Inferência psicofisiológica e especificidade
Na psicofisiologia, a questão da inferência refere-se à habilidade de tirar conclusões sobre
estados mentais com base em medições fisiológicas. É o processo de deduzir significados
psicológicos a partir de respostas do corpo, como ritmo cardíaco ou atividade cerebral. A
inferência é essencial para conectar dados fisiológicos a experiências mentais, embora exija
precaução na interpretação dos resultados (as inferências na psicofisiologia são
frequentemente baseadas em correlações e associações, e nem sempre indicam causalidade
direta).

Existem diferenças individuais e ambientais nas respostas psicofisiológicas


As diferenças nas respostas psicofisiológicas entre indivíduos são moldadas pela interação
entre fatores genéticos, aprendizagem e contexto social. A genética contribui para
predisposições individuais, a aprendizagem influencia a adaptação ao longo do tempo, e o
contexto social, incluindo experiências e influências culturais, modula as respostas a
estímulos. Essa complexa interação resulta em variações psicofisiológicas únicas em cada
pessoa, evidenciando a influência combinada desses fatores.
Ex. - fatores genéticos: Se uma pessoa tem uma predisposição genética para a ansiedade,
pode ser mais propensa a exibir respostas fisiológicas, como aumento da frequência
cardíaca, em situações stressantes.
Ex. - aprendizagem: Um indivíduo que tenha experimentado um evento traumático no
passado pode desenvolver respostas psicofisiológicas específicas, como hipervigilância,
como resultado dessa experiência.
Ex. - contexto social: As normas culturais em relação à expressão emocional podem
influenciar as respostas fisiológicas. Por exemplo, em algumas culturas, a manifestação de
tristeza pode ser mais aceite do que em outras, afetando a forma como o corpo responde a
emoções.
Ex. - interseção dos fatores: Uma pessoa com uma predisposição genética para a timidez
pode aprender estratégias sociais específicas ao longo da vida para lidar com essa
característica, resultando em padrões únicos de respostas psicofisiológicas em ambientes
sociais.

Mecanismos de habituação
Os mecanismos de habituação referem-se à diminuição da resposta a um estímulo após
uma exposição repetida a esse estímulo, quando não há mudanças significativas no
ambiente. Este fenómeno é uma forma de adaptação do organismo a estímulos constantes
e é observado em diversos contextos, incluindo psicofisiologia. Isso ocorre porque o sistema
nervoso se ajusta à presença contínua do estímulo, percebendo-o como menos relevante ou
ameaçador.
Exemplos: Se inicialmente notarmos o som de um relógio - tique-taque - numa sala
silenciosa, ao longo do tempo, o nosso cérebro pode habituar-se ao som, reduzindo a nossa
perceção do mesmo; quando entramos numa sala com um aroma específico, como o de
uma vela perfumada, a intensidade do cheiro pode diminuir à medida que permanecemos
no local, devido à habituação olfativa.

Psicologia & Fisiologia - que tipo de relação?


As quatro categorias de relações psicofisiológicas, de acordo com Cacioppo & Tassinary,
incluem outcome (resultado), concomitant (concomitante), marker (indicador) e invariant
(invariante).
 Outcome (Resultado): Refere-se a relações em que a atividade fisiológica é vista
como um resultado direto da experiência psicológica. Em outras palavras, a
alteração na atividade fisiológica é considerada como uma consequência do estado
mental ou emocional. Exemplo: Aumento da frequência cardíaca (atividade
fisiológica) como resultado de um estado de ansiedade (experiência psicológica).
 Concomitant (Concomitante): Descreve relações em que a atividade fisiológica e a
experiência psicológica ocorrem simultaneamente, mas não se presume uma relação
causal direta entre elas. Exemplo: Aumento da atividade elétrica cerebral (medido
por EEG) durante a leitura de um livro interessante, sem afirmar que a atividade
cerebral causa o interesse.
 Marker (Indicador): Refere-se a relações em que a atividade fisiológica serve como
indicador ou sinal de um estado mental ou emocional subjacente, mas não é
necessariamente uma causa direta desse estado. Exemplo: Variações no padrão de
ondas cerebrais (EEG) como um marcador de diferentes estados de atenção, sem
afirmar que as ondas cerebrais causam diretamente os estados de atenção.
 Invariant (Invariante): Descreve relações em que a atividade fisiológica permanece
relativamente constante, independentemente das variações nos estados mentais ou
emocionais. Exemplo: Frequência cardíaca mantendo-se constante durante
atividades cognitivas leves, sem ser significativamente afetada pelos estados mentais
associados.
Não se deve assumir que a relação entre fenómeno psicológico e alteração fisiológica
se mantém sempre estável entre indivíduos e contextos || Não há acesso direto a
processos ou estados mentais

As relações entre elementos nos domínios psicológico e fisiológico não devem ser assumidas
como aplicáveis a todas as situações ou indivíduos. De facto, os elementos no domínio
psicológico são delimitados no método subtrativo1, em parte, ao manter constantes outros
processos que poderiam diferenciar as tarefas de comparação. Tal procedimento não é
exclusivo da psicofisiologia ou do método subtrativo, já que a maioria dos testes
psicológicos e médicos pode envolver a construção de contextos de avaliação específicos
para obter resultados interpretáveis. A interpretação de um teste de glicose no sangue, por
exemplo, pode basear-se na suposição de que o indivíduo esteve em jejum antes do início
do teste. Apenas sob esta circunstância é que a quantidade de glicose medida no sangue ao
longo do tempo pode ser utilizada para indicar a capacidade do corpo em regular o nível de
açúcar no sangue. Diz-se que a relação entre os dados fisiológicos e o construto teórico
tem uma gama limitada de validade, porque a relação é clara apenas em contextos de
1
O método subtrativo refere-se a uma abordagem utilizada em psicofisiologia para isolar e examinar um
processo específico, subtraindo ou eliminando outros processos que possam interferir nos resultados. Ao
empregar o método subtrativo, os pesquisadores procuram identificar as mudanças na atividade psicológica ou
fisiológica que são exclusivas de uma tarefa ou condição específica, ao subtrair as respostas registradas em uma
linha de base ou em uma condição de controlo. Por exemplo, se estiverem a estudar a atenção visual, os
pesquisadores podem utilizar o método subtrativo ao subtrair as respostas fisiológicas associadas a uma tarefa de
atenção geral (linha de base) das respostas durante uma tarefa que requer atenção visual específica. Dessa
forma, tentam isolar a contribuição única da atenção visual na resposta fisiológica, eliminando outros fatores
que poderiam influenciar os resultados.
avaliação específicos e bem definidos. A noção de gamas limitadas de validade, portanto,
levanta a possibilidade de que uma ampla gama de relações complexas entre fenómenos
psicológicos e fisiológicos possam ser especificáveis em formas mais simples e interpretáveis
dentro de contextos de avaliação específicos.
Tipos de relação psicofisiológica

Uma maneira útil de interpretar as potenciais relações entre eventos psicológicos e eventos
fisiológicos é considerar esses dois grupos de eventos como representantes de conjuntos
independentes (domínios), onde um conjunto é definido como uma coleção de elementos
que, em conjunto, são considerados um todo. Eventos psicológicos - variáveis conceituais
que representam aspetos funcionais de processos corporificados -, são concebidos como
constituindo um conjunto. Eventos fisiológicos (por exemplo, cérebro, endocrinológico) -
variáveis físicas empíricas -, são concebidos como constituindo outro conjunto. Assume-se
que todos os elementos no conjunto de eventos psicológicos têm algum referente
fisiológico - ou seja, a mente é vista como tendo um substrato físico. Este enquadramento
permite a especificação de cinco relações gerais que podem ser consideradas como
relacionando os elementos dentro do domínio de eventos psicológicos, e elementos dentro
do domínio de eventos fisiológicos:
 Relação um-para-um, de modo a que um elemento no conjunto psicológico está
associado a um e apenas um elemento no conjunto fisiológico, e vice-versa.
 Relação um-para-muitos, o que significa que um elemento no domínio psicológico
está associado a um subconjunto de elementos no domínio fisiológico.
 Relação muitos-para-um, o que significa que dois ou mais elementos psicológicos
estão associados ao mesmo elemento fisiológico.
 Relação muitos-para-muitos, o que significa que dois ou mais elementos
psicológicos estão associados ao mesmo (ou a uma sobreposição) subconjunto de
elementos no domínio fisiológico.
 Relação nula, o que significa que não há associação entre um elemento no domínio
psicológico e um no domínio fisiológico.

Apenas a primeira e a terceira permitem uma especificação formal dos elementos


psicológicos como uma função dos elementos fisiológicos, pelo que os fundamentos para
interpretações teóricas podem ser fortalecidos se (i) for encontrada uma forma de
especificar a relação entre os elementos dentro do domínio psicológico e do domínio
fisiológico e em termos de uma relação um-para-um, ou na pior das hipóteses, em termos
de uma relação muitos-para-um, ou (ii) se for utilizada lógica hipotético-dedutiva nos
estudos de imagens cerebrais.

Cacioppo & Tassinary conceptualizam as relações psicofisiológicas através de uma


taxonomia 2 (um-para-um vs. muitos-para-um) x 2 (específica da situação vs.
transsituacional).

Outcome (Resultado)
Uma operação psicológica (vários componentes) leva a uma alteração fisiológica num
determinado contexto.
Resultados Psicofisiológicos: um resultado é definido como uma relação muitos-para-um,
específica da situação (dependente do contexto) entre o domínio psicológico e o domínio
fisiológico. Estabelecer que uma resposta fisiológica varia como função de uma mudança
psicológica significa que estamos a lidar, no mínimo, com uma relação de resultado entre
esses elementos.
Note-se que este é frequentemente o primeiro atributo de uma relação psicofisiológica que
é estabelecido na prática laboratorial. Se a resposta fisiológica segue as mudanças no
evento psicológico independentemente de variadas situações (ou seja, tem a propriedade
de independência de contexto) ou se o perfil de resposta segue apenas as mudanças no
evento (ou seja, tem a propriedade de isomorfismo) não é normalmente abordado
inicialmente. Portanto, uma dada relação psicofisiológica pode parecer ser um resultado,
mas posteriormente ser identificada como um marcador à medida que a questão do
isomorfismo é examinada; uma relação que parece ser um resultado pode posteriormente
ser reclassificada como sendo um concomitante quando a gama de validade é examinada; e
uma relação que parece ser um marcador (ou concomitante) pode emergir como um
invariante ao estudar a generalizabilidade (ou isomorfismo) da relação. Esta progressão não
é problemática em termos de causar inferências erróneas, no entanto, porque, qualquer
inferência lógica baseada na suposição de que estamos a lidar com uma relação de
resultado aplica-se igualmente a relações psicofisiológicas de marcador, concomitante ou
invariante.

Concomitant (Concomitante)
Mera associação. Há relação entre os elementos, mas pode ser explicada por uma outra
variável.
Concomitantes Psicofisiológicos: um concomitante psicofisiológico (ou correlato), na sua
forma idealizada, é definido como uma relação muitos-para-um, transsituacional (ou seja,
independente do contexto) entre eventos abstratos psicológicos e fisiológicos. Ou seja, a
busca por concomitantes psicofisiológicos pressupõe que existe uma covariação
transsituacional entre elementos específicos nos domínios psicológico e fisiológico. A
suposição de um concomitante psicofisiológico é menos restritiva do que a suposição de
invariância, uma vez que não é necessária uma correspondência um-para-um, embora
quanto mais forte for a associação entre os elementos nos domínios psicológico e
fisiológico, mais informativa tenderá a ser a relação.

Marker (Indicador)
Muitas vezes é uma especificação/refinamento da relação de resultado. Um determinado
fenómeno psicológico pode ser preditor de uma alteração fisiológica num contexto
especifico (e vice-versa).
Marcadores Psicofisiológicos: na sua forma idealizada, um marcador psicofisiológico é
definido como uma relação um-para-um, específica da situação (ou seja, dependente do
contexto) entre eventos abstratos psicológicos e fisiológicos. A relação de marcador
psicofisiológico assume apenas que a ocorrência de um (normalmente uma resposta
fisiológica, um parâmetro de uma resposta ou um perfil de respostas) prevê a ocorrência do
outro (normalmente um evento psicológico) dentro de um determinado contexto. Assim, os
marcadores são caracterizados por gamas limitadas de validade. Tal relação pode refletir
uma ligação natural entre elementos psicológicos e fisiológicos numa situação de medição
específica, ou pode refletir uma associação artificialmente induzida (por exemplo,
condicionamento clássico) entre esses elementos. Importante notar que violações mínimas
de isomorfismo entre domínio psicológico e domínio fisiológico dentro de um dado contexto
de avaliação podem ainda assim produzir um marcador útil (embora imperfeito) quando
considerado em termos de probabilidades condicionais.
Invariant (Invariante)
Medida psicofisiológica estável independentemente do contexto.
Invariáveis Psicofisiológicos: a relação idealizada invariável refere-se a uma associação
isomórfica (um-para-um), independente do contexto (transsituacional). Dizer que existe
uma relação invariável, portanto, implica que: (i) um elemento específico no domínio
fisiológico está presente se e apenas se um elemento específico no domínio psicológico
estiver presente, (ii) o elemento específico no domínio psicológico está presente se e
apenas se o elemento correspondente no domínio fisiológico estiver presente, e (iii) a
relação entre psicológico e fisiológico preserva todas as operações aritméticas
(algebricamente) relevantes. Além disso, o estabelecimento de uma relação invariável entre
um par de elementos dos domínios psicológico e fisiológico fornece uma base sólida para
inferências psicofisiológicas. Infelizmente, as relações invariáveis são frequentemente
assumidas em vez de formalmente estabelecidas, o que conduz a inferências
psicofisiológicas erróneas e avanços teóricos vazios.

Libet, 1983
A experiência de Libet, conduzida em 1983, é uma pesquisa pioneira que abordou a relação
entre a preparação do cérebro para a ação (conhecida como "readiness potential"), o
movimento real e a vontade consciente de realizar essa ação. Benjamin Libet, um
neurocientista, realizou esta experiência para investigar o timing dos eventos neurais e da
consciência em torno do ato de tomar decisões e realizar ações motoras.
Metodologia:
1. Participantes foram instruídos a realizar um movimento simples, como flexionar o
pulso, sempre que sentissem a vontade de fazê-lo.
2. O "readiness potential" foi monitorizado através da atividade elétrica cerebral (EEG)
enquanto os participantes aguardavam a vontade de iniciar o movimento.
3. Os participantes foram também convidados a observar um relógio e indicar a
posição do ponteiro dos segundos quando percebessem a decisão de realizar o
movimento.
Principais Resultados:
1. O "readiness potential" começou a formar-se no cérebro antes de os participantes
relataram conscientemente a decisão de realizar o movimento.
2. Houve um intervalo de tempo significativo entre o início do "readiness potential" e o
momento em que os participantes relataram conscientemente a intenção de agir.
3. O movimento real ocorreu após a decisão consciente, mas o "readiness potential" já
estava em andamento.
Interpretação: Os resultados da experiência de Libet levantaram questões sobre o papel da
vontade consciente na tomada de decisões e na execução de movimentos. O "readiness
potential" antecipatório sugere que o cérebro inicia o processo de preparação para a ação
antes de a pessoa estar ciente da decisão de agir. Isso desafia as ideias tradicionais de que a
consciência desempenha um papel central no início do comportamento voluntário.
Embora a interpretação desses resultados seja debatida, a experiência de Libet influenciou
significativamente o campo da neurociência e filosofia da mente, estimulando discussões
sobre a natureza da livre vontade e a relação entre processos neurais inconscientes e a
experiência consciente.

Soon et al. 2008


O estudo de Soon et al. (2008) é uma pesquisa notável que abordou o fenómeno do
"readiness potential" (potencial de prontidão) no contexto da tomada de decisões. O
"readiness potential" refere-se a uma atividade elétrica cerebral que ocorre antes da
execução de um movimento voluntário. Este estudo específico buscou entender se sinais
cerebrais poderiam prever decisões antes mesmo de a pessoa ter consciência delas.
Metodologia:
1. Os participantes foram instruídos a fazer escolhas simples entre pressionar um botão
com a mão esquerda ou direita, enquanto a atividade cerebral era registrada através
de eletroencefalografia (EEG).
2. Antes de cada escolha, um estímulo visual apresentava as opções disponíveis.
3. Os participantes foram convidados a aguardar um período variável de tempo antes
de fazer a escolha.
Principais Resultados:
1. Os pesquisadores descobriram que o "readiness potential" podia ser identificado
antes de os participantes terem consciência da sua decisão.
2. A atividade cerebral relacionada à decisão começava a surgir antes que os
participantes relatassem conscientemente a sua escolha.
3. Os resultados indicaram que o "readiness potential" poderia ser utilizado para
prever, em certa medida, a decisão que os participantes tomariam.
Interpretação: Este estudo sugere que, mesmo antes de termos consciência das nossas
escolhas, o cérebro já começa a preparar-se para a execução da ação. O "readiness
potential" foi interpretado como um indicador neuronal precoce da tomada de decisão,
desafiando a ideia tradicional de que as decisões são conscientes e deliberadas.
Esta investigação é relevante para a compreensão dos processos mentais subjacentes à
tomada de decisões e questiona até que ponto as escolhas são realmente conscientes ou se
algumas delas podem ser antecipadas através de atividade cerebral prévia.
Split brain
As experiências comportamentais com "split brain" referem-se a estudos realizados em
indivíduos que foram submetidos a uma calosotomia, um procedimento cirúrgico no qual o
corpo caloso, a estrutura que conecta os hemisférios cerebrais, é cortado. Este tipo de
procedimento é muitas vezes realizado como tratamento para epilepsia grave, quando as
crises não respondem a outras formas de tratamento.
A ideia por trás dessas experiências é investigar como a divisão funcional entre os
hemisférios cerebrais afeta o comportamento. Com a calosotomia, a comunicação direta
entre os hemisférios é interrompida, o que significa que certas informações não podem ser
transmitidas de um lado do cérebro para o outro.
Durante as experiências, os participantes podem sujeitos a estímulos visuais, táteis ou
verbais em um hemisfério específico, de modo que apenas um lado do cérebro processe a
informação. Posteriormente, os pesquisadores observam como o indivíduo responde ou
realiza tarefas com base nesses estímulos.
Alguns dos achados comuns em experimentos de "split brain" incluem a capacidade de um
hemisfério de processar informações de forma independente do outro. Por exemplo, em
situações onde um estímulo é apresentado apenas ao hemisfério direito, a pessoa pode não
ser capaz de verbalizar a informação, mas pode demonstrar compreensão através de ações
ou expressões faciais. Este tipo de pesquisa contribui para a nossa compreensão sobre a
especialização funcional dos hemisférios cerebrais e como eles colaboram ou competem em
processos cognitivos e comportamentais.

O problema do acesso
O "problema do acesso" refere-se à questão fundamental de como temos acesso à nossa
própria experiência consciente e como percebemos os nossos próprios pensamentos e
decisões. Este problema destaca a complexidade da relação entre o que percebemos
conscientemente e os processos mentais subjacentes.
As experiências de Wegner, especialmente o conceito de "ilusão do controlo", estão
relacionadas com o "problema do acesso". Daniel Wegner conduziu experiências que
exploraram como as pessoas percebem o controlo sobre as suas ações e decisões. A "ilusão
do controlo" refere-se ao fenómeno em que as pessoas muitas vezes têm a sensação de
estarem no controlo de eventos ou resultados, mesmo quando não têm influência real
sobre eles.
Numa série de experiências, Wegner induziu situações em que os participantes acreditavam
erroneamente que tinham controlo sobre certos eventos, quando na verdade não o tinham.
Por exemplo, os participantes foram levados a acreditar que poderiam influenciar o
resultado de uma tarefa computacional quando, na realidade, a sua influência era mínima
ou nula.
Relacionando isto com o "problema do acesso", as experiências de Wegner destacam como
a nossa perceção do controlo pode não ser totalmente alinhada com os processos mentais
reais que ocorrem internamente. A ilusão do controlo sugere que, embora a experiência
consciente de controlo seja vivida, a relação entre essa experiência e os processos
subjacentes pode ser complexa e nem sempre precisamente compreendida pelos
indivíduos.
Em termos do "problema do acesso", o trabalho de Wegner destaca que a consciência que
temos sobre o nosso controlo pode ser influenciada por fatores psicológicos que nem
sempre correspondem à realidade objetiva dos processos mentais. Isto levanta questões
sobre a natureza da consciência e como interpretamos e percebemos os eventos internos
da mente.
A psicofisiologia oferece uma abordagem valiosa para contornar o "problema do acesso" ao
investigar as relações entre processos psicológicos e respostas fisiológicas. Ao analisar as
respostas do corpo, como atividade cerebral, ritmo cardíaco, eletrodermal, entre outros, os
psicofisiologistas podem obter informações objetivas sobre estados mentais e emocionais,
muitas vezes sem depender exclusivamente do autorrelato ou da consciência subjetiva do
indivíduo.
A utilização de métodos objetivos de medição fisiológica permite aos pesquisadores
obterem dados em tempo real sobre as reações do corpo em resposta a estímulos ou
eventos psicológicos. Por exemplo, ao estudar a resposta do sistema nervoso autónomo, é
possível observar mudanças na frequência cardíaca, na condutância da pele ou na atividade
eletroencefalográfica em momentos específicos.
Essa abordagem é particularmente útil ao lidar com o "problema do acesso" porque
contorna as limitações associadas ao auto reporte, uma vez que as pessoas podem não ter
total consciência ou acesso preciso aos seus processos internos. Ao invés disso, a
psicofisiologia permite uma investigação mais direta e objetiva das respostas do corpo,
fornecendo insights valiosos sobre estados mentais, emoções e processos cognitivos.

Técnicas em psicofisiologia
Em psicofisiologia, utilizam-se diversas técnicas para medir e analisar as respostas
fisiológicas associadas a processos psicológicos. Algumas das técnicas comuns incluem:
1. Eletroencefalografia (EEG): Regista a atividade elétrica do cérebro através de
eletrodos colocados no couro cabeludo, permitindo a análise de padrões de ondas
cerebrais associados a diferentes estados mentais.
2. Eletromiografia (EMG): Mede a atividade elétrica nos músculos, oferecendo insights
sobre a tensão muscular e padrões de contração, muitas vezes relacionados a
respostas emocionais.
3. Eletrocardiografia (ECG): Regista a atividade elétrica do coração, possibilitando a
avaliação de ritmo cardíaco, variabilidade e outras respostas cardíacas relacionadas
ao stress e emoções.
4. Resposta Eletrodérmica (EDA): Mede a condutância da pele, refletindo alterações na
atividade do sistema nervoso autónomo e sendo associada a respostas emocionais.
5. Imagem por Ressonância Magnética (fMRI): Permite a visualização de padrões de
atividade cerebral ao medir mudanças no fluxo sanguíneo, sendo útil para investigar
áreas específicas do cérebro envolvidas em diferentes tarefas ou emoções.
6. Monitorização da Frequência Cardíaca (HR): Regista o ritmo cardíaco, fornecendo
informações sobre a ativação do sistema cardiovascular em resposta a estímulos
psicológicos.
A questão da artificialidade do contexto surge devido à necessidade de realizar
experiências controladas em ambientes laboratoriais. Muitas vezes, os estímulos
apresentados nos estudos não replicam fielmente as complexidades da vida quotidiana,
levantando dúvidas sobre a generalização dos resultados para situações do mundo real. Os
investigadores enfrentam o desafio de equilibrar a necessidade de controle experimental
com a validade ecológica, buscando métodos que possam capturar respostas fisiológicas
relevantes em contextos mais naturais. Essa preocupação visa garantir que as descobertas
em psicofisiologia possam ser aplicadas e compreendidas em condições do mundo real.

Psicofisiologia do futuro
Smartwatches: a fotopletismografia (PPG) é uma técnica utilizada em psicofisiologia que
mede as variações no volume sanguíneo de determinada área do corpo através da deteção
da luz transmitida ou refletida pelos tecidos. Esta técnica é comumente aplicada na
monitorização da atividade cardiovascular periférica, como nos dedos ou lóbulos das
orelhas.
O funcionamento da PPG baseia-se na absorção da luz pelas células sanguíneas. Quando o
coração bombeia sangue para os vasos sanguíneos periféricos, ocorre um aumento no
volume sanguíneo na área monitorizada. Isso resulta em alterações na absorção de luz pelas
células sanguíneas, o que é detetado pelos sensores fotopletismográficos.
Normalmente, um feixe de luz é emitido através da pele e os sensores captam a luz
transmitida ou refletida pelos tecidos. As variações na quantidade de luz detetada estão
diretamente relacionadas às mudanças no volume de sangue na área monitorizada. A PPG é
frequentemente utilizada para avaliar a atividade cardiovascular, como a frequência
cardíaca e a variabilidade da frequência cardíaca, fornecendo informações importantes
sobre o sistema nervoso autónomo e as respostas emocionais.
Esta técnica é não invasiva e amplamente aplicada em estudos de psicofisiologia para
investigar respostas emocionais, regulação autonómica e outros fenómenos relacionados à
atividade cardiovascular.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O Sistema Nervoso é uma rede complexa de estruturas, responsáveis por:


 Controlo e regulação das funções corporais
 Resposta a estímulos internos e externos
O Sistema Nervoso Central processa e integra os sinais fisiológicos de vários sistemas,
englobando o encéfalo e a medula espinal. Por sua vez, o Sistema Nervoso Periférico
permite a comunicação cérebro-corpo - esta comunicação é bidirecional – e pode ser
dividido em subsistemas: autónomo e somático.
Sistema Nervoso Central: estruturas
Encéfalo (cérebro, cerebelo, tronco cerebral) Medula espinhal

Os nervos (nomeadamente os cranianos e espinhais) e gânglios no exterior destas


estruturas constituem o Sistema Nervoso Periférico.

SNC: função e ligações


O SNC intervém no controlo e regulação das funções corporais, no processamento,
integração e interpretação dos sinais fisiológicos de vários sistemas, nomeadamente o SNP,
o sistema endócrino e o sistema imunitário.

Sistema Nervoso Periférico: Somático e Autónomo


O sistema nervoso é uma componente essencial do organismo, desempenhando um papel
crucial na comunicação e regulação das funções do corpo. Podemos dividir o sistema
nervoso em duas partes principais: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso
autónomo.

Sistema Nervoso Somático


 Função: Este sistema está associado às atividades voluntárias e conscientes do corpo.
 Controlo: Responsável por transmitir informações sensoriais do corpo para o sistema
nervoso central (cérebro e medula espinal) e por enviar comandos motores do sistema
nervoso central para os músculos esqueléticos.
 Exemplo: Quando decidimos levantar a mão, é o sistema nervoso somático que está
envolvido no planeamento e execução deste movimento.
Sistema Nervoso Autónomo (SNA)
 Função: Este sistema regula atividades involuntárias e automáticas do corpo, tais como a
função cardíaca, a respiração, a digestão e a resposta ao stress.
 Controlo: Opera sem intervenção consciente e é regulado pelo sistema nervoso central,
incluindo áreas do cérebro como o hipotálamo.
 Divisões: O SNA divide-se em duas subdivisões principais - o sistema nervoso simpático,
que prepara o corpo para a ação e resposta ao stress, e o sistema nervoso
parassimpático, que promove o relaxamento e a recuperação após o stress.

Sistema Endócrino
A regulação/ativação do sistema endócrino é iniciada no cérebro (hipotálamo – pituitária –
órgão alvo): O cérebro, especificamente o hipotálamo e a pituitária, desempenha um papel
central na regulação e ativação do sistema endócrino. O hipotálamo envia sinais à pituitária,
que por sua vez libera hormonas para o sangue, afetando órgãos-alvo e regulando diversas
funções corporais.
Os eixos são neuroendócrinos: Os processos de comunicação entre o sistema nervoso e o
sistema endócrino são denominados "eixos neuroendócrinos". Estes eixos envolvem a
interação entre sinais neuronais do sistema nervoso e a libertação de hormonas, facilitando
a coordenação das respostas fisiológicas do corpo.
 Função: O sistema endócrino é responsável pela regulação das funções corporais
através da produção e libertação de hormonas no sangue.
 Órgãos Principais: As glândulas endócrinas, como a hipófise, a tiróide, as glândulas
suprarrenais e o pâncreas, produzem hormonas que afetam o crescimento, o
metabolismo, a função sexual, entre outros processos.
 Comunicação: As hormonas circulam pelo sistema sanguíneo, afetando células-alvo
em diversos órgãos e tecidos, regulando assim as atividades do corpo.

Sistema Imunitário
Por diversas vias periféricas: o sistema imunitário atua através de múltiplas vias nos tecidos
periféricos do corpo, respondendo a ameaças e protegendo contra infeções. As células
imunitárias circulam no sangue e nos tecidos periféricos para detetar e combater invasores.
Barreira hemato-encefálica: refere-se à barreira protetora que separa o sistema circulatório
(sangue) do cérebro. Embora o cérebro seja um órgão vital, a barreira hemato-encefálica
limita a entrada de substâncias do sangue, protegendo-o de agentes patogénicos. O sistema
imunitário também desempenha um papel na proteção do cérebro, atuando de forma
coordenada e específica através desta barreira.
 Função: O sistema imunitário é responsável pela defesa do corpo contra agentes
patogénicos, como bactérias, vírus e células cancerígenas, protegendo-o contra
doenças.
 Componentes Principais: Inclui células como linfócitos, fagócitos e anticorpos, bem
como órgãos linfoides, como o baço e os gânglios linfáticos.
 Resposta: Quando o sistema imunitário deteta a presença de um invasor,
desencadeia uma resposta imunitária, combatendo e eliminando os agentes
prejudiciais para manter a integridade do organismo.

SNC: comunicação
A comunicação neuronal é o processo através do qual as células nervosas, ou neurónios,
trocam informações no sistema nervoso. Este processo envolve a transmissão de sinais
elétricos e químicos entre os neurónios para permitir a comunicação eficaz dentro do
sistema nervoso.
A comunicação neuronal ocorre em três fases principais:
1. Receção do Sinal (Estímulo): Os neurónios recebem estímulos através de dendrites, as
ramificações das células nervosas. Estes estímulos podem ser sinais elétricos de outros
neurónios, substâncias químicas chamadas neurotransmissores ou estímulos externos,
como luz, som ou toque.
2. Transmissão do Sinal (Impulso Nervoso): Se o estímulo atinge um limiar crítico, o
neurónio gera um impulso nervoso. Este impulso viaja ao longo do axónio, uma fibra
longa do neurónio, na forma de uma onda elétrica chamada potencial de ação. O
impulso percorre o axónio até atingir as extremidades, chamadas terminações
sinápticas.
3. Transmissão Intercelular (Sinapse): Nas terminações sinápticas, o impulso nervoso
desencadeia a libertação de neurotransmissores, substâncias químicas que atravessam
a fenda sináptica (espaço entre neurónios) e se ligam aos recetores na membrana do
neurónio seguinte. Este processo converte o sinal elétrico de volta num sinal químico e
continua o processo de comunicação para o próximo neurónio.

O potencial de ação

O potencial de ação é uma rápida e temporária mudança no potencial elétrico de uma


membrana celular, particularmente nos neurónios. Este fenómeno é crucial para a
transmissão eficaz de sinais ao longo do sistema nervoso. As suas fases principais são:
1. Potencial de Repouso: O neurónio está em repouso, com um potencial elétrico negativo
no seu interior em relação ao exterior. Esta diferença de potencial é conhecida como o
potencial de repouso. Concentração de iões: Maior concentração de iões de potássio
(K⁺) no interior e de iões de sódio (Na⁺) no exterior.
2. Despolarização: Estímulo suficientemente forte ultrapassa o limiar de excitação.
Concentração de iões: Canais de sódio (Na⁺) abrem-se, permitindo a entrada rápida de
iões de sódio. A membrana despolariza, tornando-se mais positiva.
3. Potencial de Ação - Pico: A despolarização atinge o pico, resultando num potencial de
ação. Canais de sódio começam a fechar-se.
4. Período Refratário Absoluto: Breve período após o pico em que um novo estímulo não
pode gerar outro potencial de ação. Concentração de iões: Canais de sódio fechados;
canais de potássio abertos.
5. Período Refratário Relativo: Período durante o qual um novo potencial de ação pode
ser gerado, mas apenas com um estímulo mais forte. Concentração de iões: Canais de
potássio continuam a ficar abertos.
6. Hiperpolarização: Em alguns casos, a saída intensa de iões de potássio pode tornar a
membrana mais negativa do que o potencial de repouso. Concentração de iões:
Acentuada saída de iões de potássio.
O potencial de ação viaja ao longo do axónio do neurónio, desencadeando a libertação de
neurotransmissores nas terminações sinápticas. Este processo é vital para a comunicação
entre neurónios e para a transmissão eficiente de sinais através do sistema nervoso.
Conceitos Adicionais:
Threshold (Limiar de Excitação): O nível crítico de estímulo necessário para desencadear um
potencial de ação. O estímulo deve ser forte o suficiente para abrir os canais de sódio e
iniciar a despolarização.
Resting Potential (Potencial de Repouso): O estado elétrico da membrana celular quando
não está a transmitir sinais. Concentração de iões: Maior concentração de iões de potássio
no interior e de iões de sódio no exterior.

Resumindo...
O primeiro passo da comunicação neuronal consiste em desenvolver um sinal elétrico – o
potencial de ação. O sinal elétrico é gerado no neurónio pré-sináptico e posteriormente
propagado pelo axónio. Chegando ao terminal a comunicação elétrica passa a comunicação
química (libertação de NT), o neurónio pós-sináptico recebe o NT e determina o que fazer
com essa comunicação.

Iões
Numa célula nervosa, o sinal elétrico é uma parte crucial da comunicação neuronal e
envolve uma complexa interação de iões - precisa de fonte de energia, tal como uma
bateria. Contrariamente a uma bateria, onde a energia é gerada quimicamente, no caso das
células nervosas, o potencial elétrico é mantido através das diferenças na concentração de
iões positivos e negativos entre o fluido intracelular e extracelular.
Dentro do neurónio, o fluido intracelular apresenta uma concentração maior de iões
negativos do que o fluido extracelular. Esta diferença é parcialmente atribuída à presença
de proteínas com carga negativa no interior do neurónio. Como resultado, a carga elétrica
no interior do neurónio é mais negativa em comparação com o fluído extracelular.
Este estado elétrico basal, conhecido como potencial de repouso, é de aproximadamente -
70mV (milivolts). Neste estado, a célula está preparada para responder a estímulos elétricos
adicionais que possam desencadear um potencial de ação.

Movimento iónico
Ao abordar o movimento iónico nas células nervosas, é fundamental compreender os
mecanismos subjacentes que governam este processo complexo. Dois princípios chave
explicam o movimento iónico: a difusão e a pressão electroestática.
A difusão refere-se ao movimento de partículas, neste caso, iões, de áreas de maior
concentração para áreas de menor concentração. Este processo ocorre de forma
espontânea, buscando atingir um equilíbrio. No contexto celular, os iões movem-se através
das membranas celulares em resposta às suas concentrações relativas no interior e no
exterior da célula (de onde está mais concentrado, para onde está menos).
Pressão Electroestática: A pressão electroestática envolve a interação entre partículas
carregadas eletricamente. Iões com a mesma carga tendem a repelir-se, enquanto iões com
cargas opostas são atraídos. Importante sublinhar que a pressão electroestática não é
apenas influenciada pelos iões em si, mas também pela carga do ambiente onde estão
presentes. No caso das células nervosas, o ambiente intracelular é mais negativo devido à
presença de proteínas carregadas negativamente no interior da célula.
É crucial compreender que tanto a difusão como a pressão electroestática desempenham
papéis essenciais na regulação do potencial de membrana e na transmissão de sinais
nervosos. Estes princípios ajudam a moldar o comportamento iónico nas células,
contribuindo para a dinâmica funcional do sistema nervoso.

Por difusão:
 Os iões de potássio (K+) abandonam a célula.
 Os iões de cloro (Cl-) entram na célula.
 Os iões de sódio (K+) entram a célula.

Por pressão electroestática:


 Os iões de potássio (K+) entram na célula.
 Os iões de cloro (Cl-) abandonam a célula.
 Os iões de sódio (K+) abandonam a célula.

Potencial de repouso
O potencial de repouso da membrana (PRM) corresponde à diferença de voltagem entre o
fluido intracelular e extracelular.
É relevante ter em mente que o fluido extracelular se assemelha a uma solução salina, com
uma maior concentração de iões Na⁺ (sódio) e Cl⁻ (cloreto), enquanto o fluido intracelular
apresenta uma concentração mais elevada de iões K⁺ (potássio).
Durante o estado de repouso, os transportadores de sódio-potássio (bombas)
desempenham um papel crucial. Estas bombas transportam ativamente 3 iões de Na⁺ para
fora da célula em troca de 2 iões de K⁺ que são empurrados para dentro, contra os
gradientes de concentração naturais. Esta ação desempenhada pelas bombas contribui para
manter uma diferença iónica significativa entre o interior e o exterior da célula. Essa
assimetria de iões é vital para estabelecer e manter o potencial de repouso, mantendo o
interior do neurónio mais negativo do que o exterior. Portanto, as bombas de sódio-
potássio são fundamentais na criação e sustentação do potencial de repouso da membrana,
sendo este um estado necessário para a pronta resposta a estímulos e a transmissão eficaz
de sinais nervosos.

Potencial de ação
Após atingir o potencial de repouso de membrana (PRM) -70mV, o neurónio aguarda um
estímulo, o qual pode gerar uma despolarização. Este processo ocorre quando há uma
alteração na voltagem da membrana, aproximando o interior e o exterior do neurónio,
resultando numa carga mais positiva no interior. Contudo, é importante destacar que, para
que ocorra um potencial de ação, a despolarização precisa ultrapassar um limiar crítico.
Se a despolarização for inferior a 5mV, não terá efeito significativo e o neurónio
permanecerá no estado de repouso. A partir de 5mV até 10mV, ocorre a ultrapassagem do
limiar do potencial de ação. Este é um ponto crucial, pois desencadeia a sequência de
eventos que culminam na geração do potencial de ação.
A ultrapassagem do limiar é o momento em que o neurónio responde ao estímulo com uma
resposta elétrica significativa. Este é o ponto de partida para a abertura dos canais iónicos, a
despolarização rápida, e a propagação do potencial de ação ao longo da membrana do
neurónio.
1 - Abertura dos canais de potássio (Na+) (sensíveis à voltagem); O sódio (k+) começa a sair
do neurónio.
2- Abertura dos canais de sódio (K+) -> potássio Na+ entra rapidamente para o interior do
neurónio.
3 – Os canais de sódio (K+) fecham.
4 – Os canais de potássio (Na+) fecham. Os canais de sódio começam gradualmente a abrir.
1 - Canais de Na+ abrem rapidamente; Na+ entra no neurónio e despolariza-o;
2 - Canais K+ abrem mais lentamente (ambos os canais são sensíveis à voltagem) e K+
começa a sair da célula;
3 - No pico do potencial de ação (PA), os canais de Na+ fecham e ficam refratários (não
voltam a abrir enquanto o neurónio não voltara ficar perto do valores do potencial de
repouso de membrana PRM);
4 - K+ continua a sair e começa a repolarizar a célula;
5-Canais K+ fecham, canais Na+ saem do período refratário (-50mV);
6 -Há um período de hiperpolarização em que apenas um estímulo muito forte pode iniciar
um novo PA.

Potencial de ação: propagação


No contexto da condução saltatória, os iões de Na⁺ desempenham um papel vital ao
despolarizar a membrana quando atingem um nodo de Ranvier, que é uma área
desmielinizada entre as bainhas de mielina que envolvem o axónio. Esta despolarização
resulta na geração de um novo potencial de ação (PA) que se propaga ao longo do axónio
até atingir o próximo nodo.
Este tipo de propagação é altamente eficiente, visto que evita a necessidade de despolarizar
toda a extensão do axónio. A presença de mielina em certas secções do axónio permite que
a condução saltatória ocorra de forma mais rápida. A mielinização é particularmente
vantajosa em axónios de diâmetro mais pequeno, permitindo-lhes conduzir os sinais mais
rapidamente.
Esta capacidade de propagação rápida é proporcional ao comprimento total do axónio, o
que contribui para a velocidade geral da transmissão do sinal nervoso. Além disso, a
mielinização possibilita que mais axónios, mesmo com diâmetros menores, contribuam para
a transmissão rápida dos sinais, otimizando a eficiência do sistema nervoso sem aumentar
significativamente o volume cerebral. Este mecanismo é fundamental para a função eficaz
do sistema nervoso, permitindo uma comunicação rápida e coordenada entre os neurónios.

O potencial de ação é um fenómeno "tudo ou nada" (ou ocorre ou não ocorre) com uma
amplitude fixa de 40mV e duração aproximada de 1ms.
A variação na codificação de informações ocorre através de dois mecanismos principais:
1. Variação na Frequência de Disparo (Firing Rate):
 Estímulos mais fortes geram uma frequência de disparo alta, enquanto
estímulos mais fracos resultam numa frequência baixa.
 Importante notar que existe um limite físico para a frequência, sendo o máximo
teórico cerca de 1000 potenciais de ação por segundo. Na prática, este número
pode atingir cerca de 800 potenciais de ação por segundo.
 Assim, a variação na frequência de disparo proporciona uma gama de respostas
aos diferentes níveis de estímulo, permitindo que o sistema nervoso codifique
informações de acordo com a intensidade do estímulo recebido.
2. Variação no Número de Neurónios Ativos:
 Quando o estímulo é mais forte, mais neurónios são recrutados para participar
no processo de transmissão da informação.
 Este recrutamento de neurónios adicionais contribui para uma resposta mais
robusta e detalhada, ampliando a capacidade do sistema nervoso de discriminar
entre diferentes estímulos.
Assim, a combinação da variação na frequência de disparo e no número de neurónios ativos
permite que o sistema nervoso codifique informações de forma precisa e flexível, ajustando-
se dinamicamente aos diferentes contextos e exigências do ambiente.

Sinapse e potenciais pós-sinápticos


Chegando o neurotransmissor (NT) ao recetor do neurónio pós-sináptico, ocorrem os
potenciais pós-sinápticos.

Os potenciais pós-sinápticos referem-se às alterações no potencial elétrico de uma célula


pós-sináptica (geralmente um neurónio) em resposta à ativação de recetores sinápticos pelo
neurotransmissor liberado por um neurónio pré-sináptico. Existem dois tipos principais de
potenciais pós-sinápticos: o potencial pós-sináptico excitatório (EPSP) e o potencial pós-
sináptico inibitório (IPSP).
O EPSP ocorre quando neurotransmissores excitatórios, como a glutamato, se ligam aos
recetores pós-sinápticos, resultando numa entrada de iões positivos (normalmente sódio)
na célula. Isso provoca uma despolarização da membrana pós-sináptica, aproximando-a do
limiar de disparo e aumentando a probabilidade de gerar um potencial de ação.
Por outro lado, o IPSP ocorre quando neurotransmissores inibitórios, como o ácido gama-
aminobutírico (GABA), se ligam aos recetores pós-sinápticos. Isso resulta numa entrada de
iões negativos (como cloreto) ou numa saída de iões positivos, hiperpolarizando a célula
pós-sináptica. O IPSP torna mais difícil a geração de um potencial de ação.
A interação equilibrada entre EPSPs e IPSPs desempenha um papel crucial na regulação da
atividade neuronal e na transmissão eficiente de informações ao longo do sistema nervoso.

EPSP (Excitatory Post-Synaptic Potential):


 O EPSP ocorre quando neurotransmissores (NT) atingem os recetores do neurónio
pós-sináptico, desencadeando a abertura de canais ionotrópicos2 ou
metabotrópicos3, que permitem a entrada de iões de sódio (Na⁺) no neurónio.
 Esta entrada de iões provoca uma pequena despolarização na membrana pós-
sináptica, tornando-a mais positiva.
 A pequena despolarização aumenta a probabilidade de o neurónio pós-sináptico
iniciar um potencial de ação (PA).
 É importante destacar que, ao contrário do PA que é tudo ou nada, a forma e
duração do EPSP podem variar entre 5 a 10ms.
IPSP (Inhibitory Post-Synaptic Potential):
 O IPSP ocorre quando os neurotransmissores desencadeiam a abertura de canais
que permitem a entrada de iões de cloro (Cl⁻) ou a saída de iões de potássio (K⁺).

2
Canais ionotrópicos são canais de iões que abrem diretamente em resposta à ligação de neurotransmissores,
permitindo a entrada rápida de iões na célula.
3
Metabotrópicos são recetores acoplados a proteínas G que, quando ativados pelos neurotransmissores, iniciam
uma cascata de eventos intracelulares mais lentos, levando eventualmente à abertura de canais iónicos ou a
outros efeitos celulares.
 Esta entrada ou saída de iões resulta numa hiperpolarização da membrana pós-
sináptica, tornando-a mais negativa.
 A hiperpolarização diminui a probabilidade de o neurónio pós-sináptico iniciar um
PA, pois afasta o potencial de membrana do limiar de excitação.
 Tal como o EPSP, a forma e duração do IPSP podem variar, contribuindo para a
complexidade do processamento de informação no sistema nervoso.
Portanto, a interação dinâmica entre EPSPs e IPSPs regula a excitabilidade do neurónio pós-
sináptico, influenciando se este irá ou não gerar um potencial de ação em resposta aos
estímulos sinápticos.
Integração neuronal

Num neurónio, a informação flui através de diferentes regiões especializadas. Os dendritos


recebem sinais, conhecidos como input excitatório (excitatory input) e input inibitório
(inhibitory input), provenientes de neurónios vizinhos. Esses sinais são integrados no corpo
celular (cell body), onde ocorre a somação, ou seja, a avaliação conjunta da intensidade e
frequência dos estímulos recebidos. Se a soma dos estímulos excitatórios atinge um limiar
crítico no colículo do axónio (axon hillock), uma estrutura crucial na decisão de geração de
potenciais de ação, um potencial de ação é desencadeado. Este potencial de ação percorre
o axónio, uma extensão longa e cilíndrica do neurónio, transmitindo assim o sinal para as
sinapses seguintes. Em contraste, sinais inibitórios podem atenuar a probabilidade de
ocorrência do potencial de ação, influenciando a excitabilidade do neurónio.

Quando um neurónio recebe vários inputs, é necessário integrar essa informação para
decidir se irá gerar ou não um potencial de ação (PA).
 EPSP Suficientemente Forte: Se a soma dos EPSPs provenientes de diferentes
sinapses alcança uma intensidade que ultrapassa o limiar de disparo do neurónio,
isso desencadeia imediatamente um potencial de ação.
 IPSP Suficientemente Forte: Por outro lado, se a soma dos IPSPs for suficientemente
forte, pode inibir a possibilidade de gerar um potencial de ação. Nesse caso, seria
necessário um input excitatório de magnitude superior que ultrapassasse o limiar de
disparo para desencadear um PA.
Spatial Summation (Somação Espacial) refere-se à soma dos sinais provenientes de
diferentes locais na membrana pós-sináptica. Se múltiplos neurónios estão a enviar sinais
excitatórios (EPSPs) para o mesmo neurónio pós-sináptico, a soma destes sinais determinará
se um potencial de ação será gerado.
Temporal Summation (Somação Temporal) refere-se à soma de sinais que chegam ao longo
do tempo. Se um neurónio envia repetidamente sinais excitatórios num curto espaço de
tempo, os EPSPs podem acumular-se temporalmente. Se a soma destes sinais alcançar o
limiar de disparo, um potencial de ação pode ser desencadeado.

Assim, a integração neuronal envolve a avaliação conjunta dos sinais excitatórios (EPSPs) e
inibitórios (IPSPs) que o neurónio recebe, considerando tanto a origem espacial como a
temporal desses sinais. Este processo é crucial para a tomada de decisões neuronais e a
transmissão eficiente de informação no sistema nervoso.
EEG
Na atividade elétrica do cérebro registada pelo EEG, estamos a capturar o somatório dos
potenciais pós-sinápticos, não dos potenciais de ação. Os potenciais pós-sinápticos
referem-se às alterações no potencial elétrico de uma célula pós-sináptica em resposta à
ativação de recetores sinápticos pelo neurotransmissor. Essas mudanças são o resultado da
entrada ou saída de iões na membrana pós-sináptica, influenciando a polarização da célula.
Diferentemente dos potenciais de ação, que são eventos "tudo ou nada" que ocorrem
quando o limiar de disparo é atingido, os potenciais pós-sinápticos refletem as interações
mais graduais entre neurónios. No contexto do EEG, capturamos a soma desses potenciais
pós-sinápticos em populações de neurónios, proporcionando uma visão mais abrangente da
atividade elétrica do cérebro.
O sinal captado por 1 único elétrodo corresponde à atividade de milhares de neurónios e
permite o estudo da atividade cerebral em tempo real.
O EEG, ou eletroencefalograma, é uma técnica neurofisiológica que mede a atividade
elétrica do cérebro através da colocação de elétrodos no couro cabeludo. Esta técnica
fornece informações cruciais sobre diferentes aspetos da atividade cerebral, sendo valiosa
em pesquisas de psicofisiologia.
A análise de frequências cerebrais no EEG permite desdobrar a atividade cerebral em
diferentes bandas de frequência, como alfa, beta, delta e theta. Cada banda está associada
a estados específicos, como relaxamento, concentração ou sono, permitindo investigar
padrões de atividade cerebral relacionados a diferentes estados mentais.
Os potenciais evocados por eventos (ERPs) são respostas específicas do cérebro a estímulos
sensoriais, cognitivos ou motores. Ao registar esses ERPs no EEG, podemos analisar como o
cérebro processa informações em tempo real, fornecendo insights sobre perceção, atenção
e processos cognitivos.
Estudos de padrões oscilatórios no EEG concentram-se nas oscilações rítmicas da atividade
cerebral. Essas oscilações estão relacionadas a diferentes funções cognitivas, como a
memória e a aprendizagem. Ao examinar esses padrões, podemos compreender melhor a
dinâmica cerebral subjacente a várias atividades mentais.
A utilidade do EEG em psicofisiologia é vasta. Além de identificar padrões normais de
atividade cerebral, o EEG é crucial na deteção de alterações associadas a transtornos
neurológicos e psiquiátricos. Essa técnica oferece uma abordagem não invasiva e de alta
resolução temporal, sendo fundamental para investigar as complexas relações entre a
atividade cerebral e os processos mentais.

EEG: o que está a ser medido?


A corrente elétrica gerada no cérebro corresponde ao somatório dos potenciais pós-
sinápticos excitatórios (EPSP) e inibitórios (IPSP). Esta corrente resulta da atividade das
células piramidais, que são abundantemente encontradas no córtex cerebral. De facto,
milhares dessas células contribuem para a corrente elétrica registada por elétrodo.
Quando uma célula piramidal recebe um estímulo/input nas suas dendrites apicais, ocorre
uma alteração no campo elétrico ao seu redor, desencadeando uma corrente elétrica. Essa
mudança faz com que o neurónio se comporte como um dipolo, com um polo positivo e
outro negativo. Este fenómeno é crucial para a comunicação neuronal, pois a corrente
elétrica resultante influenciará a probabilidade de o neurónio gerar um potencial de ação e
transmitir a informação ao longo do seu axónio. Entender esse processo é fundamental para
explorar a dinâmica elétrica subjacente à função cerebral.

As células piramidais têm uma orientação perpendicular em relação à superfície do córtex: a


dendrite apical está orientada para a superfície do córtex. Isso significa que, quando uma
determinada área cerebral recebe inputs semelhantes, as células piramidais dessa região
terão dipolos semelhantes.
Aqui está o ponto crucial: se os dipolos são semelhantes, eles podem ser somados. Quando
esses sinais elétricos são suficientemente fortes, podem ser registados na superfície do
escalpe através do EEG. No entanto, o mesmo não se aplica aos outros neurónios que não
são piramidais. Estes neurónios não possuem uma orientação consistente das suas
dendrites, o que significa que os dipolos gerados tendem a cancelar-se mutuamente. Em
termos simples, a atividade elétrica desses neurónios não é suficientemente coerente para
ser detetada pelo EEG. Este princípio é fundamental para compreendermos como o EEG
capta a atividade elétrica do córtex cerebral e como a disposição específica das células
piramidais contribui para a interpretação dos sinais registados.

O sinal elétrico proveniente da atividade neuronal, atravessa o crânio e o escalpe quase


instantaneamente, sendo capturado pelos elétrodos de superfície (seta vermelha). Esta
rapidez na deteção do sinal é o que confere ao EEG uma excelente resolução temporal,
permitindo-nos observar variações na atividade cerebral ao longo do tempo com grande
precisão.
No entanto, quando falamos da resolução espacial, a situação é um pouco diferente. O sinal
registado no EEG é o resultado da atividade de milhares de neurónios, e essa informação é
dispersa pelo crânio e escalpe (setas azuis). Essa dispersão significa que a origem exata do
sinal pode ser desafiadora de determinar com precisão. Além disso, elétrodos próximos do
dipolo (a fonte elétrica no cérebro) podem registar atividades semelhantes, limitando a
capacidade do EEG em oferecer uma resolução espacial detalhada. Essa característica do
EEG destaca a importância de interpretar os resultados considerando tanto a dimensão
temporal quanto espacial da atividade cerebral.

EEG: Registo
O primeiro EEG realizado em humanos foi concebido por Hans Berger em 1924, no seu filho
Klaus, que tinha 16 anos na época. Os registos resultantes revelaram padrões característicos
de ondas cerebrais. Berger identificou diferentes tipos de ondas, como as ondas alfa, beta,
delta e teta, contribuindo significativamente para a compreensão da atividade elétrica
cerebral.
Desde então, o registo do EEG evoluiu com avanços tecnológicos, mas a base do método
permanece a mesma.

O registo do EEG, com destaque para o sistema BrainVision, envolve vários procedimentos e
um setup laboratorial específico
Setup Laboratorial:
1. Preparação do Paciente: Antes do início do procedimento, o paciente deve estar
confortável e relaxado. O cabelo é geralmente afastado do couro cabeludo para
garantir um contato adequado dos elétrodos.
2. Colocação dos Elétrodos: Utiliza-se uma touca especial com elétrodos distribuídos
em pontos específicos do couro cabeludo. Esses elétrodos são conectados a um
amplificador para registar as variações elétricas cerebrais.
3. Conexão ao BrainVision: O sistema BrainVision, da empresa Brain Products
(https://brainvision.com), é utilizado para a aquisição e análise dos dados EEG. Os
elétrodos são conectados ao amplificador BrainVision, que por sua vez é ligado a um
computador para a gravação dos sinais.
Procedimentos Associados ao EEG:
1. Calibração: Antes da gravação, é feita uma calibração para garantir a precisão dos
dados. Essa etapa é crucial para mapear as respostas cerebrais de forma confiável.
2. Atividades Controladas: O paciente pode ser instruído a realizar diferentes
atividades durante o procedimento, como fechar os olhos, olhar para um ponto
específico ou realizar tarefas cognitivas. Essas atividades ajudam a mapear as
respostas cerebrais associadas a diferentes estados mentais.
3. Gravação e Análise: Os dados do EEG são então registrados enquanto o paciente
realiza as tarefas designadas. Após a coleta, os dados são transferidos para um
software de análise, onde padrões e características específicas são identificados.
O EEG com o sistema BrainVision é uma ferramenta valiosa em pesquisas neurocientíficas e
clínicas, proporcionando uma visão única sobre a atividade elétrica cerebral. O setup
laboratorial, incluindo a preparação do paciente e a utilização de equipamento
especializado, é fundamental para garantir a qualidade e a interpretabilidade dos resultados
obtidos.
EEG: Frequências cerebrais
O sinal do EEG pode ser decomposto em várias ondas através de uma transformação
matemática (Fourier):
 Delta (1-3 Hz, dominante no sono)
 Theta (3-8 Hz, sonolência, problemas de processamento)
 Alfa (8-12 Hz, vigília, relaxamento)
 Beta (12-30 Hz, alerta, processando a informação)
 Gama (30+ Hz, atividade de curta duração, funções cognitivas superiores)

EEG: Event-Related Potentials – ERP


Um Event-Related Potential (ERP) refere-se a variações na atividade elétrica do cérebro que
estão associadas a um estímulo específico ou evento. Quando um estímulo ocorre, como
uma imagem, som ou qualquer outro evento, o cérebro responde gerando uma resposta
elétrica mensurável no EEG – é a medida de atividade cerebral em resposta às
características de um determinado estímulo.
Os ERPs são uma ferramenta valiosa para investigar os processos cognitivos do cérebro em
resposta a estímulos específicos. Essas respostas elétricas, medidas através da técnica de
EEG, permitem uma análise em tempo real dos diferentes estágios do processamento
cognitivo, fornecendo insights sobre a sequência temporal desses processos.
Quando um estímulo é apresentado, o cérebro reage gerando padrões elétricos
mensuráveis. Os ERPs são especialmente úteis para identificar e estudar componentes
específicos associados a diferentes funções cognitivas, como percepção, atenção, memória
e tomada de decisão. Além disso, o estudo do ERP conhecido como Error-Related Negativity
(ERN) pode ser mencionado, indicando que variações nesse componente podem estar
associadas à percepção de erros, sendo particularmente relevante em certos distúrbios,
como a esquizofrenia (SCZ).
Ao analisar ERPs, é fundamental considerar o eixo dos yy para interpretar corretamente a
direção das respostas elétricas, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos
processos mentais em ação.

Ao estudar a atividade cerebral em resposta a estímulos específicos, o registo de EEG requer


a inclusão de marcadores comportamentais. Esses marcadores são cruciais para alinhar
temporalmente o EEG com eventos comportamentais relevantes, como a apresentação de
estímulos.
Ao utilizar marcadores comportamentais, é possível segmentar os dados EEG em janelas de
análise, também conhecidas como épocas. Essas épocas representam períodos temporais
específicos durante os quais os pesquisadores podem investigar e identificar os ERPs
associados a eventos comportamentais específicos.
Essa abordagem de análise baseada em épocas permite uma investigação mais precisa das
respostas cerebrais relacionadas a determinados estímulos ou tarefas. Dessa forma, os
pesquisadores podem identificar e caracterizar os ERPs, contribuindo para uma
compreensão mais profunda dos processos cognitivos envolvidos em diferentes contextos
experimentais.

A análise de ERP precisa de múltiplas observações para estabilizar a onda cerebral.


EEG: Artefactos
Artefactos são interferências indesejadas que podem afetar a qualidade dos sinais cerebrais
registados. Artefactos no contexto do EEG referem-se a sinais indesejados que não têm
origem no cérebro, mas que podem ser detetados pelos eletrodos. Existem diversos tipos de
artefactos, como os causados por movimentos musculares, atividade ocular, interferências
elétricas externas e até mesmo atividade cardíaca.
Exemplos:
 Ativação muscular
 Sinais do ECG (ex. pessoas com pressão alta)
 Piscar de olhos (artefacto + comum)
 Movimento ocular
 Ruído da rede elétrica (50Hz)
o Solução: notch filter
o Consequências: traçado do EEG fica cortado aos 50Hz e perdem-se ondas alta
frequência (Gamma)

Caso aplicado: Esquizofrenia


No estudo da esquizofrenia, os Event-Related Potentials (ERPs) têm sido fundamentais para
identificar padrões de atividade cerebral alterados em pacientes com esta condição.
Diferentes componentes dos ERPs, como o N100, P300 e N400, têm revelado modificações
específicas em pacientes com esquizofrenia.
Por exemplo, o N100, associado a processos de atenção e auditivos, exibe uma amplitude
reduzida em pacientes que experienciam alucinações auditivas. Esta alteração pode indicar
problemas na atribuição do discurso auto-gerado.
O componente P300, ligado à deteção de estímulos raros, revela uma diminuição na
amplitude em pacientes com esquizofrenia, embora a ligação com a sintomatologia não seja
completamente clara. Estudos sugerem uma possível associação com a severidade dos
sintomas negativos.
O N400, relacionado com o processamento semântico, apresenta déficits em pacientes com
esquizofrenia, indicando dificuldades na ativação da memória semântica e na integração de
informações.
Desta forma, os ERPs permitem identificar alterações no funcionamento cerebral associadas
a problemas cognitivos e sintomas específicos apresentados por indivíduos com
esquizofrenia. A análise destes potenciais relacionados a eventos é crucial para
compreender os mecanismos subjacentes à condição e desenvolver estratégias terapêuticas
mais eficazes. i.e, ERPs permitem identificar as alterações no funcionamento cerebral
associadas aos problemas cognitivos e sintomas que os pacientes com SCZ normalmente
apresentam.

Ao estudarmos as oscilações e sincronização da atividade neuronal em contextos


específicos, como o caso da esquizofrenia, focamo-nos na compreensão da comunicação
entre as diferentes áreas corticais do cérebro. Considerando que as nossas funções
cognitivas são distribuídas e que a cognição depende crucialmente da comunicação flexível
entre estas áreas, torna-se fundamental analisar como esta comunicação ocorre em
condições normais e em condições patológicas, como a esquizofrenia.
Num exemplo prático, podemos explorar uma tarefa percetiva de imagem Gestalt, onde a
sincronização entre as áreas corticais ocorre em momentos específicos. Durante a
construção do percepto, observamos uma sincronização entre 200-300ms, indicando uma
coordenação temporal entre as áreas envolvidas na perceção da imagem. Posteriormente,
por volta dos 350-400ms, vemos uma sincronização relacionada à preparação da resposta
motora, sugerindo a interação coordenada entre as áreas corticais na execução da tarefa.
Ao analisar estas oscilações e padrões de sincronização, podemos ganhar insights valiosos
sobre a organização temporal da atividade cerebral durante a realização de tarefas
cognitivas específicas, o que contribui para uma compreensão mais aprofundada das bases
neurais subjacentes a condições como a esquizofrenia.

Aplicações EEG
O neurofeedback é uma técnica que utiliza a monitorização em tempo real da atividade
cerebral para fornecer informações visuais ou auditivas aos indivíduos, permitindo-lhes
autorregular a sua própria atividade cerebral.
No vídeo What is neurofeedback? Video game-like therapy being used to treat anxiety,
ADHD and more (https://www.youtube.com/watch?v=kcJVUMdPtGI), é destacada a
aplicação do neurofeedback para melhorar a concentração e reduzir os sintomas de TDAH
(Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Utilizando elétrodos colocados no
couro cabeludo para registar a atividade cerebral, os participantes são incentivados a ajustar
os padrões de atividade cerebral, recebendo feedback visual e sonoro em tempo real. Esta
abordagem visa treinar o cérebro a adotar padrões mais desejáveis, melhorando assim a
atenção e a autorregulação.
O vídeo TRF NeurofeedbackForumwithBesselvan der Kolk, SebernFisher, andRuth Lanius
(https://www.youtube.com/watch?v=sQT9v02N2vk) explora como o neurofeedback pode
ser aplicado em contextos clínicos, incluindo o tratamento de condições como ansiedade,
depressão e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Novamente, a monitorização da
atividade cerebral é usada para fornecer aos indivíduos feedback sobre os padrões neurais
associados a diferentes estados emocionais. Ao aprender a modificar esses padrões, os
participantes podem trabalhar na melhoria do seu bem-estar mental.
Em suma, o neurofeedback representa uma abordagem inovadora que capitaliza na
plasticidade cerebral, permitindo aos indivíduos influenciar a sua própria atividade neural
para promover mudanças positivas em vários domínios, desde a atenção até ao bem-estar
emocional.
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Sistema Nervoso

O Sistema Nervoso Periférico (SNP) desempenha um papel fundamental na comunicação


entre o cérebro e o resto do corpo, facilitando uma interação bidirecional. Esta
comunicação é vital para coordenar as funções do organismo e responder aos estímulos do
ambiente.
Em primeiro lugar, o SNP é responsável por transmitir as decisões e a atividade regulatória
do Sistema Nervoso Central (SNC) para o resto do corpo. O SNC, composto pelo cérebro e
pela medula espinhal, processa informações sensoriais e toma decisões com base nessas
informações. No entanto, para que essas decisões sejam efetivamente implementadas e as
respostas sejam executadas, é necessário que haja uma transmissão eficaz dessas
informações para os diferentes tecidos e órgãos do corpo. O SNP desempenha esse papel de
"mensageiro", transmitindo impulsos nervosos que carregam instruções do SNC para os
músculos, glândulas e outros tecidos periféricos.
Por outro lado, o SNP também é responsável por conduzir informações sensoriais do corpo
para o SNC. Esta é uma função crucial para que o cérebro possa ter uma compreensão
precisa do estado corporal e do ambiente externo. Por exemplo, os receptores sensoriais na
pele enviam sinais de temperatura, pressão e dor para o cérebro através do SNP,
permitindo que o organismo responda a estímulos potencialmente prejudiciais ou
desafiantes.
O SNP pode ser dividido em dois sub-sistemas principais: o sistema nervoso somático e o
sistema nervoso autónomo. Esta divisão reflete as diferentes funções e controle que cada
sistema exerce sobre o corpo.
O sistema nervoso somático está envolvido principalmente no controle voluntário dos
movimentos corporais e na percepção sensorial consciente. Ele transmite informações
sensoriais dos órgãos dos sentidos e dos tecidos corporais para o SNC e, por sua vez,
transmite impulsos motores do SNC para os músculos esqueléticos, permitindo movimentos
voluntários.
Por outro lado, o sistema nervoso autónomo é responsável pelo controle das funções
corporais involuntárias, como a frequência cardíaca, a respiração, a digestão e a regulação
da temperatura corporal. Ele opera de forma autónoma e geralmente não está sujeito ao
controle consciente. Este sistema é subdividido em dois ramos principais: o sistema nervoso
simpático e o sistema nervoso parassimpático, que muitas vezes atuam de forma oposta
para manter o equilíbrio interno do organismo, num processo chamado de homeostasia.

Sistema Nervoso Somático: Nervos cranianos

Fibras Sensoriais Aferentes ("Access") - Linhas Azuis na Imagem: As fibras sensoriais


aferentes referem-se às vias nervosas que conduzem informações sensoriais dos órgãos
sensoriais, como os olhos, ou dos tecidos corporais periféricos, de volta para o sistema
nervoso central. Essas informações sensoriais são processadas no SNC para perceção
consciente ou respostas reflexas.
As linhas azuis na imagem representam essas vias aferentes, que transmitem sinais
sensoriais para o SNC.
Fibras Motoras Eferentes ("Exit") - Linhas Vermelhas na Imagem: Por outro lado, as fibras
motoras eferentes referem-se às vias nervosas que conduzem impulsos motores do SNC
para os músculos ou glândulas, provocando uma resposta motora ou secretória.
As linhas vermelhas na imagem simbolizam essas vias eferentes, que transmitem sinais
motores do SNC para os órgãos efetores, como músculos esqueléticos ou glândulas.
Nervos Cranianos e Suas Funções:vOs nervos cranianos são 12 pares de nervos que
emergem do encéfalo e atravessam o crânio para inervar estruturas da cabeça, pescoço e,
em alguns casos, órgãos internos.
A maioria desses nervos cranianos tem funções sensoriais e/ou motoras na região da cabeça
e pescoço. No entanto, há uma exceção: o nervo vago, também conhecido como nervo X.
O nervo vago é um dos nervos cranianos mais longos e tem um papel crucial na inervação
de órgãos internos, como o coração, pulmões, estômago e intestinos. Ele desce pelo
pescoço e passa pelo tórax e abdómen, fornecendo inervação parassimpática para esses
órgãos.
Alguns destes nervos cranianos pertencem ao sistema nervoso parassimpático: III, VII, IX, X -
alguns nervos cranianos têm componentes parassimpáticos nas suas fibras. Isso significa
que, além das funções sensoriais e motoras primárias, esses nervos também desempenham
um papel na regulação de funções corporais involuntárias, como a digestão e o controle da
frequência cardíaca.

Sistema Nervoso Somático: Nervos espinhais

Sistema Nervoso Somático


O Sistema Nervoso Somático é uma parte do Sistema Nervoso Periférico responsável pelo
controle dos movimentos voluntários do corpo e pela receção e processamento de
estímulos sensoriais. Este sistema inclui todos os neurónios periféricos (fora do Sistema
Nervoso Central) que enviam informações sensoriais para o Sistema Nervoso Central e
também aqueles que recebem instruções do SNC para controlar os músculos esqueléticos.
Nervos Espinhais
Os nervos espinhais, também conhecidos como nervos raquidianos, são conjuntos de fibras
nervosas que emergem da medula espinhal. Estes nervos desempenham um papel crucial
na transmissão de sinais tanto para dentro quanto para fora do Sistema Nervoso Central,
permitindo a comunicação entre o SNC e o resto do corpo. Existem 31 pares de nervos
espinhais, e cada um é associado a uma área específica do corpo.
Aferentes
Os termos "aferentes" referem-se à direção do fluxo da informação no sistema nervoso. As
fibras aferentes, ou sensoriais, são aquelas que transportam informação do corpo para o
Sistema Nervoso Central. Essas fibras levam sinais de várias formas de sensação, como
toque, dor, temperatura e propriocepção (a consciência da posição e movimento do corpo),
do periférico para o centro. Elas entram na medula espinhal através das raízes dorsais dos
nervos espinhais.
Eferentes
Em contrapartida, as fibras eferentes, ou motoras, são responsáveis por transmitir
comandos do Sistema Nervoso Central para o resto do corpo, mais especificamente, para os
músculos esqueléticos, permitindo a realização de movimentos voluntários. Estas fibras
saem da medula espinhal através das raízes ventrais dos nervos espinhais, conduzindo
impulsos motores do cérebro e da medula espinhal para os músculos.
Ventral
O termo "ventral" refere-se a uma posição anatómica que significa "em direção à frente do
corpo" ou "na parte da frente". No contexto dos nervos espinhais, distinguir as raízes
ventrais é crucial porque é por elas que as fibras eferentes (motoras) deixam a medula
espinhal. Esta distinção é importante para compreender como os comandos motores são
transmitidos do SNC para induzir ação nos músculos.
Portanto, o Sistema Nervoso Somático, através dos nervos espinhais, integra componentes
sensoriais (aferentes) e motores (eferentes), com as fibras aferentes entrando na medula
espinhal pelas raízes dorsais e as fibras eferentes saindo pela ventral. Esta organização
permite a execução coordenada de todas as nossas ações voluntárias e a percepção do
ambiente que nos rodeia, facilitando a interação eficaz com o mundo externo.

Controlo do Sistema Nervoso Somático

Controlo do Sistema Nervoso Somático


O Sistema Nervoso Somático é responsável por processar informações sensoriais e iniciar
respostas em músculos esqueléticos, principalmente controlando movimentos voluntários e
reflexos.
Reflexos Monossinápticos Controlados pela Medula Espinhal
Os reflexos monossinápticos são a forma mais simples de reflexo. No contexto do sistema
nervoso, um reflexo é uma resposta automática e rápida a um estímulo. Os reflexos
monossinápticos envolvem apenas um sinapse — a conexão entre o neurónio aferente, que
transporta o sinal para o sistema nervoso central, e o neurónio eferente, que transporta o
comando de resposta do sistema nervoso central para o músculo.
Um exemplo clássico de reflexo monossináptico é o reflexo patelar (ou reflexo do joelho),
onde a batida leve no tendão abaixo da patela leva a uma extensão rápida da perna. Este
reflexo é controlado pela medula espinhal sem a necessidade de intervenção do cérebro,
demonstrando a capacidade do sistema nervoso somático de processar certas respostas de
forma rápida e automática para proteger o corpo ou manter a postura.
Movimento Muscular Controlado pelo Córtex
Enquanto os reflexos são respostas involuntárias e rápidas, o movimento muscular
voluntário é controlado pelo córtex cerebral, especificamente pelo córtex motor primário.
Este área do cérebro é responsável por gerar comandos neurais que são conduzidos através
do sistema nervoso central até os músculos esqueléticos, resultando em movimentos
deliberados. O processo envolve uma cadeia complexa de eventos neurais, desde a decisão
de mover-se, passando pelo planeamento e execução do movimento.
Nota: A Maioria dos Nossos Reflexos São Polissinápticos
Embora os reflexos monossinápticos forneçam um mecanismo rápido e eficaz para
respostas simples, a maioria dos reflexos humanos são polissinápticos, envolvendo
múltiplos sinapses entre vários neurónios intermediários. Este tipo de reflexo permite uma
resposta mais complexa e adaptável. Por exemplo, a retirada da mão de uma superfície
quente envolve não apenas o movimento de afastar a mão, mas também o ajuste do
equilíbrio e a modulação da intensidade do movimento, dependendo da gravidade da
situação percebida.
Os reflexos polissinápticos são fundamentais para a nossa interação com o ambiente,
proporcionando respostas que protegem o corpo de danos, enquanto permitem uma
adaptação flexível a diferentes situações. Eles envolvem tanto a medula espinhal quanto
partes mais complexas do cérebro, permitindo uma integração sensorial e uma resposta
mais ajustada do que seria possível apenas com reflexos monossinápticos.
Conclusão
A compreensão do controlo do Sistema Nervoso Somático revela a incrível capacidade do
nosso corpo de responder a uma vasta gama de estímulos de maneiras que são
simultaneamente automáticas e incrivelmente sofisticadas. Desde os simples reflexos
monossinápticos até os complexos movimentos voluntários controlados pelo córtex, o
sistema nervoso somático desempenha um papel crucial na nossa capacidade de interagir
com e responder ao mundo ao nosso redor.

Sistema Nervoso Autónomo


Sistema Nervoso Autónomo (SNA)
O SNA foi descrito por John Langley em 1921 como um conjunto de nervos que visam os
tecidos não musculoesqueléticos. Esta definição inicial aponta para a função principal do
SNA: a regulação dos processos corporais involuntários, como a função cardíaca, respiração,
digestão, e resposta metabólica, entre outros. Diferentemente do sistema nervoso
somático, que controla movimentos voluntários e a percepção sensorial, o SNA foca-se nos
processos automáticos e involuntários do corpo.
Constituição do SNA
O SNA é composto por dois sistemas anatomicamente e funcionalmente distintos:
1. Sistema Nervoso Simpático: Prepara o corpo para ação rápida em situações de
stress, conhecido popularmente pela resposta "luta ou fuga". Ele aumenta a
frequência cardíaca, eleva a pressão sanguínea, dilata as vias aéreas para melhorar a
oxigenação e libera energia armazenada, entre outros efeitos.
2. Sistema Nervoso Parassimpático: Promove a conservação de energia e as funções
de "descanso e digestão". Reduz a frequência cardíaca, estimula a digestão, promove
a eliminação de resíduos e auxilia na recuperação e reparo dos tecidos.
Objetivo e Funcionamento
O objetivo do SNA é regular o funcionamento dos órgãos internos, mantendo a homeostasia
interna do corpo - um estado de equilíbrio dinâmico essencial para a vida. Esta regulação é
automática, involuntária e ocorre sem a consciência direta, destacando a eficiência e a
importância do SNA para a nossa sobrevivência.
Interação entre as Divisões do SNA
Os órgãos internos geralmente recebem sinais de ambas as divisões do SNA (simpático e
parassimpático). Isso permite uma regulação fina das funções corporais, ajustando-as de
acordo com as necessidades momentâneas do organismo. A interação entre essas duas
divisões é complexa e não se limita a uma simples relação antagonista.
Diferentes efeitos e Coordenação
Embora os efeitos das divisões simpática e parassimpática sejam, na maior parte das vezes,
opostos (por exemplo, aumento vs. diminuição da frequência cardíaca), isso não significa
que eles alternam a ativação de maneira excludente. Existem situações em que ambas as
divisões são ativadas simultaneamente para realizar funções complexas que requerem uma
coordenação fina, como no processo sexual. Aqui, o sistema simpático e parassimpático
trabalham juntos para possibilitar a fisiologia e a resposta sexual completa, demonstrando a
capacidade de cooperação entre essas divisões para otimizar as funções corporais.
Conclusão
O SNA é um sistema sofisticado que desempenha um papel crucial na manutenção da vida,
regulando de forma involuntária e automática o funcionamento dos órgãos internos. A sua
capacidade de ajustar constantemente as funções corporais, muitas vezes de maneira
antagónica entre suas duas divisões, mas também de forma coordenada e simultânea
quando necessário, destaca a complexidade e a importância deste sistema para a nossa
saúde e bem-estar.

Sistema Nervoso Autónomo


Sistema Nervoso Autónomo
O SNA é uma componente do sistema nervoso responsável pelo controlo involuntário dos
órgãos internos. É dividido em duas partes: o sistema nervoso simpático e o sistema
nervoso parassimpático, que geralmente têm funções antagónicas.
Sinapse Perto do Gânglio
O SNA é composto por uma cadeia de dois neurónios: o pré-ganglionar e o pós-ganglionar. A
sinapse entre estes dois neurónios ocorre perto do gânglio, que é um pequeno aglomerado
de corpos celulares de neurónios fora do sistema nervoso central.
 Neurónio pré-sináptico: No SNA, o neurónio pré-sináptico liberta o neurotransmissor
acetilcolina.
 Neurónio pós-sináptico: No sistema nervoso simpático, o neurónio pós-sináptico
geralmente liberta noradrenalina para atuar no órgão alvo. Esta sinapse é tipicamente
adrenérgica.
Sinapse Perto do Órgão Alvo
Após a sinapse pré-ganglionar, o neurónio pós-ganglionar leva a informação até o órgão
alvo.
 Neurónio pré-sináptico: Continua a ser o mesmo que na sinapse pré-ganglionar,
libertando acetilcolina.
 Neurónio pós-sináptico: No sistema nervoso parassimpático, o neurónio pós-sináptico
também liberta acetilcolina, atuando sobre o órgão alvo. Esta sinapse é tipicamente
colinérgica.
Diferenças entre Simpático e Parassimpático
 Simpático: Ativa-se geralmente em situações de stress, preparando o corpo para ação
rápida, e é caracterizado pela libertação de noradrenalina pelo neurónio pós-ganglionar,
causando reações como aumento da frequência cardíaca, dilatação das vias
respiratórias, e libertação de energia armazenada.
 Parassimpático: Ativa-se em situações de descanso e digestão, promovendo a
conservação de energia e é caracterizado pela libertação de acetilcolina tanto no
neurónio pré como pós-ganglionar, induzindo efeitos como a redução da frequência
cardíaca e a promoção da digestão.
Funções Reguladas pelo SNA
 Olhos: Contração da pupila (parassimpático) e dilatação da pupila (simpático).
 Coração: Diminuição da frequência cardíaca (parassimpático) e aumento da frequência
cardíaca (simpático).
 Pulmões: Contração das vias respiratórias (parassimpático) e dilatação das vias
respiratórias (simpático).
 Estômago e Intestinos: Estímulo da digestão (parassimpático) e inibição da digestão
(simpático).
 Fígado: Inibição da libertação de glicose (parassimpático) e estímulo da libertação de
glicose (simpático).
 Rim: Inibição da função renal (simpático).
 Bexiga: Estímulo da contração (parassimpático) e inibição da contração (simpático).
O SNA controla diferentes funções do corpo de maneira involuntária e automática, através
de mecanismos bioquímicos e neurais.

Sistema Nervoso Simpático


Este sistema é responsável pela resposta de 'luta ou fuga' do corpo, que prepara o
organismo para situações de emergência ou ameaça.
4 F's: Fear, Fight, Flight, F...
Estes termos descrevem as principais reações desencadeadas pelo sistema nervoso
simpático:
 Fear (Medo): O medo é uma resposta emocional que ativa o sistema nervoso
simpático, aumentando a vigilância e a prontidão para a ação.
 Fight (Luta): Preparação do corpo para enfrentar um desafio ou ameaça,
aumentando a força muscular e a resistência.
 Flight (Fuga): Preparação para escapar de um perigo, melhorando a capacidade
cardiovascular e a mobilização de energia.
 O quarto 'F' é frequentemente interpretado como "Freeze" (paralisar) ou "Fornicate"
(reprodução), mas no contexto da resposta de luta ou fuga, "Freeze" é mais
relevante, representando a tendência de imobilizar-se em face do perigo.
Fight or Flight Response (Resposta de Luta ou Fuga)
 Ativação do sistema nervoso simpático: Esta ativação leva à inibição dos processos
corporais que não são essenciais para a sobrevivência imediata, como a digestão. O
exemplo dado, "a digestão da sandes", destaca que durante uma resposta de
emergência, processos como a digestão são temporariamente suprimidos para
economizar recursos.
 Canalização de recursos: Durante uma resposta de luta ou fuga, recursos como sangue e
oxigénio são redirecionados das áreas menos críticas para as partes do corpo que são
essenciais em situações de emergência, como os músculos e o cérebro.
 Pulmões e coração: Recebem sinais excitatórios do sistema nervoso simpático, o que
aumenta a frequência cardíaca e a taxa de respiração, fornecendo mais oxigénio e
nutrientes para os tecidos essenciais.
Cada componente da resposta de luta ou fuga beneficia o organismo em situações de
ameaça. Por outro lado, ativação prolongada do sistema nervoso simpático pode impactar a
saúde, considerando as condições modernas de vida que podem desencadear essa resposta
de forma crónica.

Sistema Nervoso Simpático


Corpos Celulares dos Neurónios Pós-sinápticos
 Os corpos celulares dos neurónios pós-sinápticos do sistema nervoso simpático estão
organizados em gânglios. Estes são aglomerados de neurónios localizados fora do
sistema nervoso central, ao longo da coluna vertebral. Eles formam a parte do SNA
conhecida como "corrente simpática", que se estende desde a base do crânio até o
cóccix.
 Estes gânglios atuam como estações retransmissoras, onde os neurónios pré-
ganglionares, que saem da medula espinhal, fazem sinapse com os neurónios pós-
ganglionares, que por sua vez inervam uma variedade de órgãos alvo.
Corrente Simpática: A "corrente simpática" refere-se à cadeia de gânglios simpáticos
alinhados de cada lado da coluna vertebral. Esta disposição permite uma ativação rápida e
difusa do sistema simpático, uma vez que os impulsos podem ser rapidamente distribuídos
para vários órgãos a partir destes gânglios.
Situações de Emergência
 O sistema nervoso simpático é crucial em situações de emergência, que requerem
uma resposta rápida e poderosa do corpo. Nestas circunstâncias, o SNA é ativado de
forma que múltiplos órgãos são estimulados simultaneamente para responder à
ameaça.
 A ativação simultânea e coordenada assegura uma resposta compreensiva do
organismo, mobilizando recursos para as funções vitais, como a circulação sanguínea
e a respiração, enquanto inibe funções menos críticas, como a digestão.

Sistema Nervoso Parassimpático


Rest and Digest (Descansar e Digerir)
 Atividades que aumentam o armazenamento e a conservação de energia: O sistema
nervoso parassimpático promove processos metabólicos que conservam e armazenam
energia. Isto contrasta com o sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para
atividades que gastam energia.
 Relaxamento muscular, diminuição do ritmo cardíaco, relaxamento do trato digestivo:
Estas são as ações específicas que permitem o armazenamento de energia e a digestão
eficiente dos alimentos. O relaxamento dos músculos e a redução da frequência cardíaca
diminuem o consumo de energia, enquanto o relaxamento do trato digestivo facilita a
digestão e a absorção de nutrientes.
Reparação e Regulação: Após um período de ativação do sistema nervoso simpático (por
exemplo, uma resposta de luta ou fuga), o sistema nervoso parassimpático é essencial para
restaurar o estado de calma e equilíbrio do corpo, conhecido como homeostase.
Efeito do SNParassimpático no Comportamento Sexual
 O sistema nervoso parassimpático está também envolvido na excitação sexual,
aumentando a excitação sexual e preparando o corpo para a atividade sexual.
 O slide faz uma distinção entre os efeitos do sistema nervoso parassimpático e simpático
no comportamento sexual. O parassimpático está associado ao aumento da excitação
sexual, enquanto que o simpático está mais relacionado com o orgasmo, que é a
conclusão do ciclo de resposta sexual.
Destaca-se o papel do sistema nervoso parassimpático como um balanço necessário ao
simpático. Enquanto o simpático prepara o corpo para ação e gasto de energia, o
parassimpático ajuda a conservar energia e promover a recuperação. Este equilíbrio é
essencial para a saúde a longo prazo. Em termos de psicofisiologia, pode-se discutir como a
ativação excessiva de um sistema sobre o outro pode levar a desordens físicas e mentais, e
como intervenções terapêuticas podem ser dirigidas para restaurar a homeostase
autonómica.

Sistema Nervoso Parassimpático: Nervo Vago


Inervação Parassimpática - Enervação parassimpática de praticamente todos os órgãos
abaixo do pescoço: O Nervo Vago, também conhecido como décimo nervo craniano (CN X),
é um dos principais condutores de informação parassimpática. Ele estende-se para além do
crânio e inerva uma ampla variedade de órgãos no tórax e abdómen, incluindo o coração,
pulmões, fígado, pâncreas e intestinos. A função do Nervo Vago é controlar atividades
inconscientes dos órgãos, como a digestão, a frequência cardíaca e a taxa de respiração,
promovendo a restauração e a conservação de energia.
Monitorização e Transmissão de Informação - Monitoriza e transmite informação
periférica do organismo para o SNC: O Nervo Vago tem um papel crucial não apenas na
inervação, mas também na recolha de informação sensorial dos órgãos internos. Ele
transmite essa informação de volta ao cérebro, ajudando a regular funções vitais com base
no estado atual dos órgãos internos. Este mecanismo de feedback assegura que o Sistema
Nervoso Central está constantemente informado sobre o estado do corpo, permitindo
ajustes finos e mantendo a homeostase.
Importância para a Psicofisiologia: Na psicofisiologia, o Nervo Vago é muitas vezes
destacado devido à sua influência na resposta ao stress e na regulação emocional. A teoria
da resposta ao stress, por exemplo, reconhece a importância do Nervo Vago na ativação e
desativação da resposta do corpo ao stress. A estimulação do Nervo Vago, intencionalmente
(como através de técnicas de respiração ou dispositivos médicos) ou naturalmente (através
de práticas como a meditação), pode promover o relaxamento e a recuperação após
experiências de stress.
Destaca-se a relevância do Nervo Vago na saúde física e mental, explorando a sua ligação
com a teoria polivagal de Stephen Porges4, que oferece uma visão detalhada sobre como o
Nervo Vago afeta a nossa capacidade de estabelecer conexões sociais e responder a
ambientes seguros ou ameaçadores. Este conhecimento é fundamental para a compreensão
de como o corpo regula o stress e mantém o bem-estar.

Exemplo de Interação Nervo Vago – Sistema Imunitário


Atividade Eferente do Nervo Vago: O nervo vago não apenas recolhe informações dos
órgãos para enviar ao cérebro, mas também transmite sinais do cérebro para os órgãos.
Esta é a sua função eferente. No contexto do sistema imunitário, a atividade eferente do
nervo vago pode inibir a resposta inflamatória. Quando ativado, o nervo vago libera
acetilcolina (ACh), um neurotransmissor que pode interagir com as células do sistema
imunitário.
Compartmento de Órgão do Sistema Retículo-Endotelial: O sistema retículo-endotelial é
composto por células imunitárias, principalmente macrófagos, que estão localizados em
vários órgãos, incluindo o baço, o fígado e outros componentes do sistema linfático. Este
sistema tem um papel crucial na filtração do sangue e na eliminação de células mortas,
patógenos e substâncias estranhas.
Interação com Células Imunitárias: A ilustração destaca que a acetilcolina do nervo vago
pode interagir com recetores específicos nas células imunitárias (ACh recetor). Isso pode
levar à redução da libertação de fatores inflamatórios como o fator de necrose tumoral
(TNF), interleucina-1 (IL-1) e proteína de mobilização de leucócitos de alta mobilidade grupo

4
A teoria polivagal de Stephen Porges propõe que o nervo vago, uma componente-chave do sistema nervoso
parassimpático, possui dois ramos diferentes (o ventral e o dorsal) que influenciam as respostas
comportamentais e emocionais. O ramo ventral promove a interação social e a calma, facilitando estados de
relaxamento e segurança, enquanto o ramo dorsal é ativado em situações de extrema ameaça, levando ao estado
de imobilização ou desmaio. Esta teoria oferece uma perspetiva sobre como o corpo regula o stress e o perigo,
enfatizando a importância da fisiologia na experiência e gestão das emoções, e tem implicações significativas
para entender e tratar traumas e distúrbios relacionados ao stress.
B1 (HMGB1), substâncias que são normalmente libertadas pelas células imunitárias em
resposta a infeções ou lesões.
Redução da Inflamação: A interação da acetilcolina com as células do sistema imunitário
através do receptor ACh pode levar à redução da inflamação, que é um componente crítico
da resposta imune mas, quando descontrolada, pode causar danos aos tecidos e contribuir
para doenças crónicas.
Ressalta-se a importância da psiconeuroimunologia – o estudo de como os processos
psicológicos podem afetar o funcionamento do sistema imunitário e, inversamente, como o
sistema imunitário pode influenciar o cérebro e o comportamento.

Sistema Nervoso Periférico - Resumo


O SNP é dividido em duas grandes partes: o Sistema Nervoso Somático e o Sistema Nervoso
Autónomo.
Sistema Nervoso Somático
 Controla as funções voluntárias e a contração dos músculos esqueléticos.
 Os axônios pré-ganglionares são os neurônios que saem do Sistema Nervoso Central e
vão em direção aos músculos, sem sinapse intermediária.
 O neurotransmissor envolvido é a Acetilcolina que atua diretamente nos músculos
esqueléticos, permitindo sua contração.
Sistema Nervoso Autónomo
Divide-se em duas divisões principais: Simpático e Parassimpático.
 Divisão Simpática
 Tem uma série de gânglios ligados entre si chamada de corrente simpática.
 A Acetilcolina é o neurotransmissor utilizado pelos axônios pré-ganglionares para
comunicar com o gânglio.
 Após o gânglio, os axônios pós-ganglionares utilizam principalmente a
Norepinefrina para comunicar com os órgãos efetores como músculo liso,
coração e glândulas.
 A medula adrenal, que é parte das glândulas suprarrenais, é ativada diretamente
pelas fibras pré-ganglionares simpáticas e libera Epinefrina e Norepinefrina
diretamente na corrente sanguínea, atuando assim como hormónios.
 Divisão Parassimpática
 Usa Acetilcolina em ambas as sinapses: tanto na comunicação dos axônios pré-
ganglionares com o gânglio, quanto dos axônios pós-ganglionares com o órgão
efetor.
 Afeta principalmente órgãos como o coração, músculos lisos de órgãos como o
trato gastrointestinal e as glândulas.
Chave de Legenda
 Axônios Pré-ganglionares (simpático): Axônios que saem do SNC até o gânglio
simpático.
 Axônios Pré-ganglionares (parassimpático): Axônios que saem do SNC até o gânglio
parassimpático.
 Axônios Pós-ganglionares (simpático e parassimpático): Axônios que ligam o gânglio
ao órgão efetor.
 Mielinização: A presença de mielina nos axônios, que é indicada no diagrama com
uma linha contínua. A mielina é uma substância que reveste os axônios, permitindo
uma condução mais rápida do impulso nervoso.
Importância para a Psicofisiologia
Destaca-se a importância destes neurotransmissores e vias na regulação das respostas
fisiológicas a diferentes situações, como stress, relaxamento e atividade física. A acetilcolina
e a norepinefrina têm papéis fundamentais na modulação do estado de alerta,
aprendizagem, memória e muitos outros processos cognitivos e emocionais. O
entendimento detalhado destes processos é vital para os psicólogos, pois muitos
transtornos mentais e comportamentais estão associados a disfunções nestas vias neurais
específicas.

Controlo do Sistema Nervoso Autónomo


Áreas Superiores: A regulação do SNA não é apenas autónoma; é influenciada por áreas
superiores do cérebro. Estas áreas incluem regiões corticais que estão envolvidas na
cognição e emoção, e que podem modificar a atividade autónoma através de conexões com
o hipotálamo e o tronco cerebral.
Hipotálamo
 O hipotálamo é um componente crucial no controlo do SNA. Esta pequena região do
cérebro está envolvida na regulação de muitos processos fisiológicos, incluindo a
temperatura corporal, a fome, a sede, o ciclo sono-vigília e as respostas emocionais.
 Ele coordena a resposta do corpo ao stress e é essencial na manutenção da
homeostase. O hipotálamo recebe informações sobre o estado interno do corpo e emite
comandos que afetam tanto o sistema nervoso simpático quanto o parassimpático.
Tronco Cerebral
 Local de passagem de todas as fibras ascendentes e descendentes: O tronco cerebral
atua como uma via central para as informações que se movem entre o cérebro e o resto
do corpo. Ele contém as vias neuronais motoras e sensoriais que se estendem do
encéfalo para a medula espinhal.
 Controlo de várias funções vitais: O tronco cerebral contém centros que regulam
funções vitais, como a frequência cardíaca e a respiração. A regulação destas funções é
feita de forma automática e inconsciente.
 Regula consciência (formação reticular): A formação reticular, localizada no tronco
cerebral, desempenha um papel fundamental na regulação do ciclo de sono-vigília e na
manutenção do estado de consciência.
 Origem dos nervos cranianos 3-12: O tronco cerebral é também o ponto de origem para
a maioria dos nervos cranianos, que são essenciais para as funções sensoriais e motoras
da cabeça e do pescoço.
Significado e Importância na Psicofisiologia
A compreensão de como o SNA é controlado pelo hipotálamo e pelo tronco cerebral é vital
na psicofisiologia. Estudar estas regiões do cérebro pode ajudar a esclarecer a relação entre
o estado psicológico e as funções fisiológicas do corpo. As disfunções nestas áreas podem
estar associadas a uma variedade de condições clínicas, incluindo distúrbios do sono,
problemas cardíacos e dificuldades no controlo da pressão arterial. Na psicologia, explorar
estas conexões pode ser crucial para desenvolver intervenções eficazes para transtornos
que têm uma base tanto psicológica quanto fisiológica.
Sistema Nervoso Periférico: Entérico
Autonomia e Abundância de Neurónios
 Neurónios autónomos e em quantidade semelhante aos encontrados na medula
espinhal: O SNE contém milhões de neurónios, que operam de forma autónoma em
relação ao Sistema Nervoso Central (SNC). Este número é comparável à quantidade
encontrada na medula espinhal, o que ressalta a complexidade do SNE.
 Como se fosse um segundo cérebro: Por causa dessa autonomia e complexidade, o SNE
é muitas vezes referido como o "segundo cérebro". Esta designação sublinha a
importância do SNE na gestão independente das funções gastrointestinais.
Contribuição para Sensações e Funções - Estes neurônios contribuem para as sensações de
fome, saciedade, dor (nem sempre consciente): O SNE está envolvido na regulação da
digestão e está associado à sensação de fome, à gestão da ingestão de alimentos e à
sensação de saciedade. Também processa a dor visceral que pode não chegar à consciência.
Comunicação com o Cérebro - Comunicação bi-direcional com o cérebro: gut-brain axis:
Existe uma via de comunicação de duas vias entre o SNE e o SNC, conhecida como o eixo
intestino-cérebro. Esta via permite que informações sensoriais e estado do SNE afetem
funções cerebrais como o humor e o comportamento, e vice-versa.
Microbioma
 O microbioma (bactérias que vivem no intestino) tem um papel importante nestas
funções: O microbioma intestinal é composto por trilhões de microrganismos que
desempenham papéis cruciais na digestão e na saúde geral.
 Disrupção tem sido associada a alergias, doenças autoimunes, metabólicas e
psicopatológicas: Uma disfunção ou desequilíbrio no microbioma intestinal pode
contribuir para uma variedade de condições, incluindo alergias, doenças autoimunes,
condições metabólicas e até distúrbios psicológicos, como a ansiedade e a depressão.
Importância na Psicofisiologia
Na psicofisiologia, o SNE e o eixo intestino-cérebro são de particular interesse devido à sua
influência em áreas como o comportamento alimentar, a regulação emocional e o estresse.
A relação entre o microbioma e a saúde mental é um campo emergente que destaca como
fatores aparentemente não relacionados ao SNC podem ter um impacto significativo no
bem-estar psicológico. As intervenções que visam o SNE e o microbioma podem oferecer
novas abordagens para tratar condições psicológicas e psiquiátricas.

ATIVIDADE ELETRODÉRMICA
A Pele e a Atividade Eletrodérmica
Glândulas Sudoríparas
 Suor na pele resulta do aumento de atividade das glândulas sudoríparas: existem
dois tipos principais de glândulas sudoríparas na pele, as écrinas e as apócrinas,
ambas reguladas pelo sistema nervoso autónomo e responsáveis pela produção de
suor.
 Glândulas écrinas: são encontradas por toda a superfície do corpo, mas são
particularmente numerosas nas palmas das mãos, plantas dos pés e testa. Elas
desembocam diretamente na superfície da pele e são as principais responsáveis pela
termorregulação, ou seja, ajudam a manter a temperatura do corpo.
 Glândulas apócrinas: são maiores e localizam-se principalmente nas axilas, na região
genital e nas mamas. Elas desembocam nos canais dos folículos pilosos e são
responsáveis por um suor mais viscoso, que contém proteínas e lípidos, e que pode
ser associado ao odor corporal uma vez que este suor é metabolizado por bactérias
na pele.
Composição e Função do Suor: O suor é composto principalmente por água e eletrólitos,
como sódio e cloro, o que o torna um excelente condutor elétrico. Ele atinge a superfície da
pele através de ductos que atravessam a epiderme.
Atividade Eletrodérmica: A atividade eletrodérmica (EDA), também conhecida como
resposta galvânica da pele, refere-se às variações na condutividade elétrica da pele em
resposta à ativação do sistema nervoso autónomo. As glândulas écrinas, sob controle
autonómico, são particularmente importantes para a EDA, pois a quantidade e composição
do suor que elas produzem alteram a resistência elétrica da pele. Assim, a EDA é usada
frequentemente como um indicador de excitação emocional ou cognitiva em pesquisa
psicológica e em aplicações clínicas. Alterações na EDA podem indicar mudanças na ativação
psicológica, como durante o stress, a ansiedade ou a deteção de estímulos significativos.
Atividade Eletrodérmica (EDA)
A EDA depende diretamente da atividade das glândulas écrinas: A EDA é uma medida
fisiológica que reflete a atividade do sistema nervoso autónomo simpático através das
variações na condutividade elétrica da pele. Estas variações estão intimamente ligadas à
ativação das glândulas écrinas, que, ao secretarem suor, alteram as propriedades elétricas
da superfície cutânea.
Sistema Nervoso Simpático e Glândulas Écrinas
 Fibras simpáticas inervam as glândulas écrinas: O sistema nervoso simpático regula a
atividade das glândulas écrinas através de fibras nervosas que liberam acetilcolina, um
neurotransmissor que desencadeia a produção de suor.
 Secreção de suor em resposta a diversos estímulos: As glândulas écrinas respondem a
estímulos emocionais, esforço cognitivo e alterações térmicas, produzindo suor. Estudos
como o de Dawson et al., 2016, evidenciam que a resposta das glândulas écrinas pode
ser específica a determinados tipos de stress ou estímulos, sendo utilizada para avaliar a
reação emocional e cognitiva em diferentes contextos.
Condução Elétrica e Medição da EDA
 O suor ao revestir a superfície da pele aumenta a condutividade elétrica: Quando o
suor, que contém eletrólitos, alcança a superfície da pele, diminui a resistência e
aumenta a condutividade da pele, o que pode ser medido como EDA. Isto torna a EDA
um biomarcador útil para a avaliação de respostas emocionais e fisiológicas.
 'Determinante para as medições de EAD': A quantidade de suor e a frequência com que
é secretado pelas glândulas écrinas são fatores determinantes para as medições de EDA,
pois influenciam diretamente a amplitude e a variação das leituras de condutividade ou
resistência da pele.
A compreensão desta relação é fundamental na psicofisiologia, pois a EDA é
frequentemente utilizada como uma medida objetiva da ativação autonómica simpática,
fornecendo insights valiosos sobre o estado psicológico dos indivíduos em pesquisa e em
aplicações clínicas. Ao medir a EDA, os psicólogos podem obter uma janela para o
funcionamento autonómico de uma pessoa em resposta a estímulos específicos, o que é
particularmente útil em estudos de ansiedade, fobias, atenção e muitos outros domínios da
psicologia.
Atividade Eletrodérmica
O que mede a EDA?
 Mudanças nas propriedades elétricas da pele: A EDA é uma medida das variações na
resistência elétrica da pele, que é influenciada pela quantidade de suor presente na
superfície da pele. A transpiração aumenta a condutividade da pele, uma vez que o suor
é um bom condutor de eletricidade devido aos seus eletrólitos.
 Atividade das glândulas sudoríparas da derme: Estas glândulas, que produzem o suor,
são especialmente ativadas pelo sistema nervoso simpático, parte do sistema nervoso
autónomo que gere as respostas involuntárias do corpo.
Implicações da EDA
 Controladas pelo Sistema Nervoso Simpático: A EDA reflete a atividade do sistema
nervoso simpático. Quando o sistema nervoso simpático é estimulado, ele desencadeia
as glândulas sudoríparas a produzir suor, que por sua vez altera a condutividade elétrica
da pele.
 EDA parece refletir mudanças na atividade do sistema nervoso simpático em resposta
a estímulos internos ou externos: Estímulos emocionais, cognitivos ou de stress podem
provocar a ativação do sistema nervoso simpático, que é captada como um aumento na
EDA. Estes estímulos podem ser pensamentos, lembranças, sensações físicas ou eventos
do ambiente externo.
 EDA é uma medida de arousal ou ativação fisiológica: O termo 'arousal' refere-se ao
nível de vigília ou excitação do sistema nervoso. A EDA é uma maneira objetiva de medir
essa ativação, o que a torna uma ferramenta valiosa em pesquisa e diagnóstico em
psicologia.
Relação com o Sistema Nervoso Simpático: SN Simpático está envolvido na ativação
fisiológica e resposta fight or flight: A resposta 'fight or flight' (luta ou fuga) é uma reação
ao perigo ou ameaça, que prepara o corpo para enfrentar ou fugir da fonte do perigo. A EDA
é uma das maneiras de medir a intensidade dessa resposta.
Em resumo, a EDA é uma ferramenta importante em psicofisiologia porque oferece uma
janela para entender como o corpo responde a estímulos variados, refletindo diretamente a
atividade do sistema nervoso simpático. Ao medir a EDA, podemos obter insights sobre a
resposta emocional e fisiológica de uma pessoa, que é crucial em várias áreas da psicologia,
incluindo pesquisa de emoção, avaliação do estresse e diagnóstico de distúrbios
relacionados à ansiedade.

Atividade Eletrodérmica como Medida de Arousal


Valência dos Estímulos - Não informa sobre a valência dos estímulos: A EDA indica o nível
de excitação fisiológica, mas não distingue se essa excitação é devida a um estímulo positivo
ou negativo. A valência refere-se à qualidade positiva ou negativa de um estímulo, o que
significa que a EDA por si só não pode indicar se uma pessoa está a reagir a algo que
considera agradável ou desagradável.
Ativação Fisiológica Autonómica - Apenas a ativação fisiológica mediada pela atividade
autonómica simpática: A EDA reflete as mudanças na atividade do sistema nervoso
autónomo simpático. Isso significa que mede o grau de resposta fisiológica a estímulos, que
pode ser independente de uma resposta emocional consciente.
Respostas Cognitivas - Também não informa sobre respostas cognitivas: Enquanto a EDA
pode indicar que o cérebro processou um estímulo de alguma forma, ela não fornece
informações sobre o tipo de processamento cognitivo que ocorreu, como a atenção, a
memória ou o raciocínio.
Controlo Voluntário - Não pode ser controlada voluntariamente – útil em estudos de
processos implícitos: A impossibilidade de controlar conscientemente a EDA torna-a uma
medida útil em situações onde se quer avaliar respostas que não são facilmente
manipuladas ou suprimidas voluntariamente, como em testes de deteção de mentiras ou
estudos sobre viés implícito.
Contexto Histórico e Cultural - “The polygraph is as American as apple pie.” (Barland,
1988): Esta citação faz uma referência cultural à popularidade e à associação do polígrafo
com a cultura Americana. O polígrafo, muitas vezes conhecido como detetor de mentiras,
utiliza a EDA como uma de suas medidas principais para inferir a veracidade das declarações
de uma pessoa. O uso disseminado do polígrafo nos Estados Unidos reflete uma crença
cultural na possibilidade de medir a honestidade ou o engano através de respostas
fisiológicas.

Em síntese, enquanto a EDA é uma ferramenta valiosa para medir o arousal fisiológico, é
essencial compreender as suas limitações, incluindo a sua incapacidade de distinguir entre
diferentes tipos de estímulos emocionais e a falta de informação sobre os processos
cognitivos subjacentes. Em psicofisiologia, deve-se utilizar a EDA em combinação com outras
medidas para obter uma compreensão mais completa do estado emocional e cognitivo de
uma pessoa.

Atividade Eletrodérmica: o caso do polígrafo


Crítica ao Polígrafo
 Polígrafo não deteta mentiras: É importante esclarecer que o polígrafo não é um
detector de mentiras no sentido literal. O aparelho não tem a capacidade de discernir
diretamente a verdade da falsidade. Em vez disso, mede diferentes respostas
fisiológicas, como a atividade eletrodérmica, que podem ser associadas a um estado de
tensão psicológica.
 Situação desenhada para elicitar e medir o medo: O teste do polígrafo geralmente cria
um ambiente que pode induzir o medo de ser apanhado a mentir, o que, por sua vez,
pode provocar alterações nas respostas fisiológicas medidas pelo aparelho.
 Respostas fisiológicas ao medo de ser detetado: O sujeito pode apresentar respostas
fisiológicas elevadas não porque esteja a mentir, mas porque teme ser incorretamente
julgado como mentiroso, o que levanta questões significativas sobre a validade dos
resultados do polígrafo.
Questões de Validação
 Não é possível determinar a causa do medo, a validação é impossível (Saxe, 1991):
Como a resposta do polígrafo é inespecífica, é impossível atribuir com certeza a causa
exata da resposta fisiológica. Pode ser medo, ansiedade, nervosismo, ou qualquer outra
emoção.
 “The physiological responses measured by the polygraph are not uniquely related to
deception. That is, the responses measured by the polygraph do not all reflect a single
underlying process” (National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine,
2003): Esta citação destaca que as reações fisiológicas captadas pelo polígrafo não são
exclusivamente relacionadas a atos de engano. Uma pessoa a dizer a verdade pode
apresentar respostas fisiológicas semelhantes às de uma pessoa a mentir, devido a
diferentes fatores emocionais ou psicológicos. Assim, as medidas do polígrafo não
podem ser consideradas um reflexo de um único processo psicológico ou emocional.
Em suma, o uso do polígrafo para detectar mentiras é altamente controverso e
problemático. Os resultados podem ser influenciados por uma variedade de fatores, e a
interpretação das medidas requer cautela. Na psicofisiologia, a atividade eletrodérmica é
apenas uma das muitas respostas fisiológicas que podem ser medidas, e a sua relação com
processos psicológicos complexos como a mentira é indireta e não exclusiva. Este
entendimento é crucial para avaliar a confiabilidade do polígrafo e a ética de sua utilização
em contextos legais e de segurança.

Atividade Eletrodérmica (EDA - Electrodermal Activity): Refere-se às mudanças nas


propriedades elétricas da pele, que são largamente influenciadas pela transpiração
controlada pelas glândulas sudoríparas. É uma medida fisiológica que reflete a ativação do
sistema nervoso autónomo.
Outras Nomenclaturas
 Resposta de Condutância Dérmica (SCR – Skin Conductance Response): Este termo é
utilizado para descrever as alterações na condutância da pele, que é a capacidade da
pele em conduzir eletricidade, o que aumenta quando o suor é secretado pelas
glândulas écrinas.
 Resposta Galvânica da Pele (GSR – Galvanic Skin Response): Uma denominação mais
antiga para a mesma medição, que se refere ao mesmo fenómeno de variação da
resistência elétrica da pele devido à atividade das glândulas sudoríparas.
Utilização na Psicofisiologia
 Técnica amplamente usada na investigação em Psicofisiologia: A EDA é uma
ferramenta valiosa devido à sua capacidade de medir reações fisiológicas a estímulos
emocionais ou cognitivos.
 Barata e fácil de implementar (mas a resposta é lenta): Os dispositivos de medição de
EDA são relativamente acessíveis e simples de usar, o que facilita a sua utilização em
pesquisas. No entanto, a resposta da EDA não é instantânea; há um pequeno atraso
desde o momento do estímulo até o surgimento da resposta.
Sensibilidade aos Estados Psicológicos - Sensível a estados e processos psicológicos (muito
variados; da atenção, à emoção): A EDA é sensível a uma ampla gama de experiências
psicológicas, desde mudanças subtis na atenção até intensas emoções, o que permite aos
investigadores utilizar esta medida para avaliar a profundidade e a intensidade das
experiências emocionais e cognitivas.
Aplicações Clínicas e de Pesquisa - Aplicação clínica, procura de preditores e correlatos
fisiológicos do comportamento: A EDA é utilizada não só na pesquisa básica, mas também
em contextos clínicos, onde pode ajudar na identificação de marcadores fisiológicos
associados a determinados transtornos psicológicos, como a ansiedade e o transtorno de
stress pós-traumático (TSPT).
Em resumo, a EDA é uma ferramenta psicofisiológica significativa para medir a reação
autonómica e é particularmente útil por ser não invasiva e sensível a uma variedade de
estímulos psicológicos. Esta medida pode ser interpretada e integrada com outras
informações para fornecer uma compreensão completa dos processos psicológicos e
fisiológicos.

Atividade Eletrodérmica: História


Método Exossomático
 Charcot e colaboradores, Vigoroux (1879, 1888): Este método, utilizado por Charcot e
outros, envolvia a aplicação de corrente elétrica externa na pele e a medição da
resistência elétrica. Vigoroux usou este método para identificar diferenças na resistência
elétrica da pele de pacientes com histeria, notando que o lado do corpo com anestesia
histérica apresentava alterações nos valores de resistência da pele.
 Féré (1888): Féré expandiu o uso da técnica ao observar que a resistência da pele
diminuía quando eram apresentados estímulos externos de várias modalidades,
sugerindo uma ligação entre a atividade eletrodérmica e a estimulação sensorial ou
psicológica.
O método exossomático baseia-se na aplicação de uma corrente elétrica contínua entre dois
elétrodos colocados na pele. É o método que continua a ser usado, devido à sua
simplicidade e à capacidade de fornecer medidas claras e consistentes de EDA.
Método Endossomático
 Tarchanoff (1890): Este investigador descobriu que é possível registar mudanças
elétricas na pele sem a aplicação de uma corrente elétrica externa. O método
endossomático observa as variações de potencial elétrico geradas internamente pelo
corpo.
 Complexidade e Dificuldade de Interpretação: Apesar de fornecer informações valiosas,
as respostas medidas pelo método endossomático são mais complexas e a sua
interpretação é mais difícil. Isso torna o método menos utilizado do que o exossomático,
especialmente porque o sinal pode ser mais difícil de isolar e analisar de forma fiável.
Conclusão e Prática Atual - Preferência pelo Método Exossomático: Na prática atual, a
preferência recai sobre o método exossomático para medir a EDA, onde uma corrente
elétrica contínua é aplicada à pele. Esta abordagem tem-se mostrado útil para uma
variedade de aplicações em psicofisiologia, desde a pesquisa básica até aplicações clínicas,
devido à sua eficácia em captar respostas fisiológicas associadas a estados psicológicos.

Em resumo, a história da EDA reflete o desenvolvimento dos métodos de medição da


resposta da pele às condições internas e externas, sendo uma ferramenta fundamental para
o estudo das conexões entre o estado psicológico e as reações fisiológicas. Ao ensinar sobre
a EDA, é essencial contextualizar sua utilidade e evolução, para que os estudantes possam
apreciar o seu valor e as suas limitações dentro da psicofisiologia.

Atividade Eletrodérmica: Equipamento


Elétrodos: São visíveis na imagem os elétrodos que se colocam nos dedos. Estes são uma
parte crucial do equipamento de EDA, pois são o ponto de contacto com a pele e servem
para detetar as variações na condutividade elétrica causadas pelo suor excretado pelas
glândulas écrinas.
Dispositivo de Medição: O dispositivo de medição, muitas vezes um pequeno aparelho
eletrónico ou uma unidade ligada a um computador, regista as mudanças na condutividade
entre os elétrodos e transforma esses dados em informação que pode ser analisada. Este
equipamento pode medir as respostas de condutância da pele em tempo real e é
frequentemente usado em estudos psicofisiológicos para monitorizar as respostas
autonómicas ao stress, emoções, ou estímulos sensoriais.
Gel Próprio para EDA: O gel condutor, mostrado na imagem, é aplicado entre os elétrodos e
a pele para melhorar a qualidade da conexão elétrica. Este gel é formulado para ter uma
condutividade elétrica semelhante à do suor, o que ajuda a obter leituras mais estáveis e
confiáveis.
 Concentração de sal igual a do suor: Isto é importante porque a condutividade do
suor é uma parte vital da medição da EDA. Ao replicar essa propriedade, o gel
assegura que a conexão entre os elétrodos e a pele reflete o que aconteceria
naturalmente se o suor estivesse presente.
 Gel de ECG ou EEG têm concentrações superiores: O gel usado em
eletrocardiogramas (ECG) ou eletroencefalogramas (EEG) pode ter uma
concentração de sal mais elevada, já que estes procedimentos muitas vezes
requerem uma condutividade maior para captar sinais elétricos mais subtis do
coração ou do cérebro.
 Aumenta a EDA: Ao melhorar a qualidade da leitura dos sinais elétricos, o gel
adequado para EDA aumenta a precisão das medições da atividade eletrodérmica, o
que é crucial para a pesquisa em psicofisiologia.

Em conclusão, este slide destaca os componentes essenciais do equipamento utilizado na


medição da EDA, os quais são fundamentais para assegurar a precisão e a confiabilidade das
medições em pesquisas psicofisiológicas. Ao ensinar sobre este tópico, é importante realçar
a necessidade de utilizar o equipamento apropriado e seguir os procedimentos corretos
para garantir que os dados coletados reflitam adequadamente a atividade do sistema
nervoso autónomo.

Atividade Eletrodérmica: Equipamento


Corrente Aplicada e Medição
 Corrente de 0.5v: Para medir a EDA, uma pequena corrente de 0.5 volts é aplicada entre
dois elétrodos. Esta voltagem é suficiente para permitir a medição da condutância (ou
resistência) sem que seja sentida pelo participante, garantindo conforto e segurança
durante o teste.
 Medição da condutância: O aparelho mede a condutância elétrica entre os dois
elétrodos. Como o suor contém sais que conduzem eletricidade, um aumento na
transpiração causado pela ativação do sistema nervoso simpático diminuirá a resistência
(ou aumentará a condutância) entre os elétrodos, permitindo que mais corrente passe.
Esta mudança é registrada e analisada.
Posicionamento dos Eletrodos - Localização na mão não-dominante: Os elétrodos são
geralmente colocados na mão não-dominante do participante. Isso é feito para minimizar a
interferência que pode ser causada pelos movimentos da mão que a pessoa usa mais
frequentemente. No diagrama, os elétrodos são numerados como #1, #2 e #3, mostrando
os locais típicos para o seu posicionamento nos dedos e na palma.
Considerações Adicionais
 Participante não sente nada: É importante ressaltar que a corrente utilizada é
suficientemente baixa para que o procedimento seja completamente indolor e não
causará desconforto ao participante.
 Aplicação prática: O posicionamento correto dos elétrodos e a aplicação adequada da
corrente são fundamentais para garantir medidas fiáveis de EDA. Isto é essencial para
pesquisas em psicofisiologia que utilizam a EDA como uma medida objetiva de respostas
emocionais ou fisiológicas autonómicas, como o arousal ou stress.

Ao discutir este slide em uma aula, enfatizaria a importância da metodologia correta no uso
da EDA para garantir dados precisos e confiáveis. A escolha da mão não-dominante e o
cuidado no posicionamento dos eletrodos ajudam a reduzir artefatos que podem
comprometer a qualidade dos dados. Também destacaria que o uso de uma corrente tão
baixa é um exemplo de como a psicofisiologia utiliza métodos não invasivos para investigar
a interação entre processos fisiológicos e psicológicos.

Atividade Eletrodérmica: Procedimento


https://www.youtube.com/watch?v=8xt4riPPEQY

Atividade Eletrodérmica: Medidas


Condutância da Pele
 Facilidade com que a corrente passa pela pele: Refere-se à facilidade com que a
corrente elétrica pode percorrer a pele. Quando as glândulas sudoríparas estão ativas e
produzem mais suor, a pele torna-se um melhor condutor elétrico devido ao aumento
de eletrólitos presentes no suor.
 A medida inversa, Resistência da pele: Enquanto a condutância da pele se refere à
facilidade com que a corrente passa pela pele, a resistência da pele é exatamente o
contrário. Mede quão difícil é para a corrente passar. Geralmente, maior condutância
corresponde a menor resistência, e vice-versa.
 Relação direta com o Sistema Nervoso Simpático: A condutância da pele é usada como
um índice direto da atividade do sistema nervoso simpático porque este sistema regula a
atividade das glândulas sudoríparas.
 Medida em microsiemens (μS): A unidade de medida para a condutância é o
microsiemens, que representa um milionésimo de um siemens. É a unidade padrão
usada para descrever a condutância elétrica.
Componentes da EDA
 Componente tónico: Este componente refere-se ao nível de condutância da pele de
fundo, o nível basal. É uma variação lenta que ocorre ao longo do tempo e reflete o
estado geral de arousal do indivíduo. Variações no componente tónico podem indicar
mudanças no estado de relaxamento ou tensão geral, independentemente de estímulos
específicos.
 Componente fásico: São variações rápidas na condutância da pele em resposta a
estímulos específicos. Estas são as respostas imediatas do sistema nervoso autónomo,
que podem ser desencadeadas por eventos emocionais, cognitivos ou sensoriais. O
componente fásico é muitas vezes o foco em estudos que examinam reações a eventos
específicos, como sustos ou decisões.

Ao apresentar este slide numa aula de psicofisiologia, enfatizaria a importância da EDA


como uma ferramenta para investigar a ativação do sistema nervoso simpático, destacando
como diferentes tipos de eventos podem influenciar os componentes tónicos e fásicos da
condutância da pele. Este entendimento é crucial para a interpretação de dados de EDA em
contextos de pesquisa e aplicações clínicas, onde a medição precisa e a análise da EDA
podem fornecer insights valiosos sobre a relação entre processos fisiológicos e psicológicos.

Atividade Eletrodérmica: Exemplo de Condutância


Gráficos de Condutância
 Sujeito 1 e Sujeito 2: Os gráficos mostram as variações na condutância da pele para dois
indivíduos ao longo do tempo. Nota-se que o Sujeito 1 tem mais flutuações, indicando
respostas mais frequentes ou intensas em comparação com o Sujeito 2.
 Respostas não-específicas: No gráfico do Sujeito 1, podemos observar picos que são
rotulados como respostas não-específicas. Estes podem ser indicativos de eventos
fisiológicos autonómicos que não estão diretamente ligados a um estímulo específico
conhecido ou controlado.
Componentes da Resposta Eletrodérmica (AED)
 Latência: Refere-se ao tempo entre a apresentação de um estímulo e o início da
resposta eletrodérmica. É uma medida de quão rápido o sistema nervoso autónomo
reage a um estímulo.
 Amplitude: Mede o tamanho da resposta eletrodérmica; é a diferença entre o nível
basal da condutância da pele e o pico da resposta. Maior amplitude sugere uma reação
fisiológica mais forte.
 Rise Time (Tempo de Subida): O tempo que leva desde o início da resposta até atingir o
pico da amplitude. Um tempo de subida mais rápido pode indicar uma resposta mais
intensa ou imediata.
 Half Recovery Time (Tempo de Meia Recuperação): O tempo necessário para que a
resposta retorne à metade da amplitude máxima após o pico. Isto dá uma ideia da
rapidez com que o sistema nervoso autónomo se acalma após a ativação.
Notas Adicionais - Tempo em segundos: É importante notar que os dados são apresentados
em segundos, uma escala de tempo que ajuda a contextualizar a rapidez das respostas
autonómicas.

Em resumo, o slide ilustra como a atividade eletrodérmica varia entre indivíduos e ao longo
do tempo, e como podemos decompor uma resposta eletrodérmica em componentes
distintos que fornecem informações sobre a reatividade do sistema nervoso autónomo. Na
aula, discutiríamos como estes componentes podem ser influenciados por fatores
psicológicos e como são utilizados na pesquisa para entender a relação entre estímulos
ambientais ou psicológicos e respostas fisiológicas.
Vantagens
 Medida Relativamente Direta do SNS: A EDA é considerada uma das medidas mais
diretas da atividade do SNS, pois as glândulas écrinas são inervadas apenas pelo SNS.
Isso significa que a atividade das glândulas écrinas e, por conseguinte, as variações na
condutividade da pele estão diretamente relacionadas à atividade simpática.
 Atividade das Glândulas Écrinas: As glândulas écrinas, ao serem ativadas pelo SNS,
aumentam a produção de suor, o que aumenta a condutividade da pele,
proporcionando uma base fisiológica clara para medir a reação ao estímulo.
 Fácil Determinação de Resposta a Estímulos Discretos: A EDA é particularmente eficaz
para medir respostas a estímulos específicos, o que permite aos pesquisadores
determinar a resposta a eventos pontuais.
Desvantagens
 Resposta Lenta (1 a 3 segundos): As respostas eletrodérmicas têm uma latência; não
são instantâneas. Isto pode ser uma limitação em situações onde é necessária a medição
de reações muito rápidas.
 Não Específica de Verificação: A EDA é sensível a vários processos e não é específica
para uma única resposta ou emoção. Várias condições podem causar um aumento na
condutividade da pele, incluindo, mas não limitadas a stress, excitação, ou mesmo
alterações ambientais como a temperatura.
 Precisa de Complemento: Devido à sua natureza não específica, a EDA muitas vezes
precisa ser usada em conjunto com outras medidas para uma interpretação mais precisa
dos dados. Isso pode incluir medidas de frequência cardíaca, expressão facial, e relatos
subjetivos para compreender completamente a reação do indivíduo.

Ao discutir este slide numa aula, ressaltaria a importância da EDA para a psicofisiologia, com
uma ênfase na sua utilidade e limitações. A compreensão de quando e como utilizar a EDA
pode ajudar os investigadores a projetar estudos que aproveitem as suas vantagens e
compensem suas desvantagens, obtendo assim dados mais ricos e interpretações mais
precisas das respostas autonómicas.

Reflexo de Sobressalto (Startle Reflex)


Caminho Auditivo - Núcleo Coclear: O caminho do reflexo de sobressalto começa com o
estímulo auditivo, que é processado inicialmente no núcleo coclear do tronco cerebral.
Vias de Transmissão - Núcleos/Pontes do Tronco Cerebral: Após a deteção inicial do
estímulo pelo núcleo coclear, a informação é transmitida para os núcleos do tronco
cerebral, que são responsáveis por iniciar a resposta motora do reflexo de sobressalto.
Resposta Motora
 Medula Espinal: A partir dos núcleos do tronco cerebral, o sinal é enviado para a medula
espinhal.
 Reflexo de Sobressalto: A medula espinhal então ativa os músculos necessários para
produzir o reflexo de sobressalto, uma reação de proteção que prepara o corpo para
uma ação defensiva.
Modulação pelo Sistema Límbico - Amígdala: A amígdala, uma parte do sistema límbico,
desempenha um papel na modulação da intensidade do reflexo de sobressalto. A amígdala
está envolvida na avaliação emocional de estímulos e pode intensificar o reflexo se o
estímulo for percebido como uma ameaça.
Funções Defensivas - O reflexo de sobressalto tem funções defensivas, preparando o
organismo para reagir rapidamente a ameaças potenciais.
Orientação para o Estímulo Ameaçador - O reflexo também orienta o indivíduo para o
estímulo ameaçador, ajudando a identificar a fonte do perigo e a decidir sobre a ação
subsequente.
Relação com a Atividade Eletrodérmica - Embora o slide não mencione explicitamente a
atividade eletrodérmica, é importante notar que o reflexo de sobressalto pode ser
acompanhado por uma resposta eletrodérmica devido à sua ligação com a ativação do
sistema nervoso simpático. Quando o reflexo de sobressalto é desencadeado, pode ocorrer
um aumento na condutividade da pele, o que seria detetado como um pico na atividade
eletrodérmica.

Considerações para a Aula


Numa aula de psicofisiologia, enfatizaria que a compreensão do reflexo de sobressalto é
importante não apenas pela sua relevância biológica imediata, mas também pela sua
utilização em pesquisas que exploram o processamento emocional e as reações a estímulos
ameaçadores ou perturbadores. Além disso, discutiria como a medição da resposta
eletrodérmica durante o reflexo de sobressalto pode fornecer insights sobre o estado
emocional e de alerta do indivíduo, e ser usada para investigar condições como ansiedade e
PTSD.
Psicopatia: Adultos
Dados Oculares: Reflexo de Sobressalto - Blinks em resposta a imagens de vítimas ou de
ameaça comparado com neutras: O gráfico no lado esquerdo do slide mostra a média de
piscadas por condição (maltrato, assalto, ameaça) em dois grupos: não-psicopatas e
psicopatas. Pode-se observar que os não-psicopatas têm uma resposta mais pronunciada
(ou seja, piscam mais) quando expostos a imagens de maltrato e assalto, em comparação
com imagens neutras. Por outro lado, os psicopatas mostram menos diferença na resposta
ao piscar entre imagens neutras e negativas, sugerindo uma reatividade emocional
atenuada.
Modelos de Resposta ao Reflexo de Sobressalto
 Orienting–Defense: Os dois gráficos à direita ilustram teoricamente como os reflexos de
sobressalto podem variar em intensidade com a intensidade do estímulo. O gráfico
superior representa a resposta típica em não-psicopatas, onde há uma distinção clara
entre a fase de orientação, que é uma resposta inicial a um estímulo, e a fase de defesa,
que é uma resposta a estímulos mais intensos ou ameaçadores.
 Psicopatas: O gráfico inferior demonstra que, para os psicopatas, não há um aumento
significativo na resposta de defesa, mesmo com o aumento da intensidade do estímulo.
Esta diferença de padrão sugere que os psicopatas podem ter uma resposta atenuada a
estímulos que normalmente evocariam uma reação de defesa mais forte.
Interpretação e Discussão
 Os resultados podem sugerir que os psicopatas têm uma resposta emocional e
fisiológica atenuada a estímulos que são normalmente considerados ameaçadores ou
perturbadores. Esta atenuação na resposta pode estar relacionada a vários aspetos
característicos da psicopatia, como a falta de medo, uma menor resposta ao stress, ou
dificuldades em processar estímulos emocionais.
 É crucial notar que, enquanto o reflexo de sobressalto é mediado por mecanismos
subcorticais (e, portanto, considerado um processo mais primitivo e automático), a
resposta atenuada em psicopatas pode refletir diferenças no processamento cerebral
superior, possivelmente relacionadas com a função da amígdala e outras áreas do
cérebro envolvidas na regulação da emoção.
Numa aula sobre psicofisiologia e atividade eletrodérmica, discutiríamos como as medidas
fisiológicas, como o reflexo de sobressalto, podem oferecer insights sobre os processos
subcorticais e corticais subjacentes e como eles são modulados em diferentes condições
psicopatológicas. Este estudo também demonstra como as medidas psicofisiológicas podem
ser utilizadas para explorar diferenças individuais em resposta a estímulos emocionais e,
potencialmente, para informar avaliações clínicas e intervenções.

Psicopatia
O conceito de psicopatia, conforme definido por Hare em 2003, inclui várias facetas:
 Interpessoal: Características como egocentrismo, manipulação e engano são comuns em
indivíduos psicopatas. Eles podem utilizar estas táticas para beneficiar-se às custas de
outros, sem consideração pelos sentimentos ou bem-estar dessas pessoas.
 Afetivo: Psicopatas frequentemente exibem frieza emocional, falta de empatia, e uma
ausência de culpa ou remorso. Esta frieza emocional significa que eles podem cometer
atos prejudiciais sem se sentirem afetados pelos impactos emocionais de suas ações.
 Comportamental: Impulsividade e irresponsabilidade são traços típicos, juntamente
com um padrão de comportamento não-ético e antissocial. Estas características podem
manifestar-se em comportamentos de risco, desrespeito pelas normas sociais e leis, e
uma tendência para a criminalidade.
Atividade Eletrodérmica (EDA) e Psicopatia
Informações Obtidas pela EDA
 Resposta Emocional: A EDA pode indicar uma resposta emocional autonómica. Em
psicopatas, poderíamos esperar uma resposta atenuada à EDA quando confrontados
com estímulos que normalmente provocariam uma resposta emocional significativa em
pessoas não psicopatas.
 Arousal: A EDA pode ser utilizada para medir o arousal. Psicopatas podem mostrar
níveis de arousal diferentes do esperado em situações que seriam consideradas
estressantes ou emocionalmente carregadas para outras pessoas.
 Atenção e Processamento de Estímulos: Psicopatas podem apresentar uma atenção
seletiva e uma forma diferenciada de processar estímulos emocionais, o que poderia ser
refletido nas medidas de EDA.
Implicações Clínicas e de Pesquisa
 Avaliação Clínica: As medidas de EDA podem complementar a avaliação psicológica e
psiquiátrica de indivíduos com traços psicopáticos, ajudando a entender a extensão da
sua resposta emocional e arousal.
 Pesquisa: Na pesquisa, a EDA pode ser usada para explorar as bases fisiológicas da
psicopatia e para entender como os psicopatas respondem a estímulos emocionais e
sociais.

Ao discutir este slide numa aula de psicofisiologia, ressaltaria a utilidade da EDA como uma
ferramenta objetiva para avaliar respostas fisiológicas que podem estar ligadas a
constructos clínicos complexos como a psicopatia. Isto poderia abrir caminho para uma
discussão sobre o valor da psicofisiologia em fornecer medidas concretas para fenómenos
que são tipicamente abstratos e desafiadores de quantificar.

Psicopatia: Adultos
Grupos de Participantes
 NP = não psicopatas
 C = controlo
 P = psicopatas
Os grupos consistem em indivíduos diagnosticados como psicopatas (P), um grupo controle
(C) composto por indivíduos sem psicopatia, e um grupo de não psicopatas (NP), que pode
ser um grupo com alguma outra condição clínica.
Procedimento do Estudo - Informação aos participantes: Os participantes foram
informados de que receberiam um choque quando um determinado número (neste caso, o
número 8) aparecesse no ecrã.
Resultados de EDA
 Respostas de EDA: Os gráficos mostram as respostas de EDA durante dois ensaios
diferentes, o Trial 2 e o Trial 6. Estas respostas são medidas de condutância da pele e
refletem a reação fisiológica dos participantes ao estímulo (neste caso, o aviso do
choque).
 Consistência com aspetos teóricos da psicopatia:
 Redução do medo: Os psicopatas (P) mostraram uma menor resposta de EDA em
antecipação ao choque, sugerindo uma redução na reação de medo ou
ansiedade que tipicamente acompanha a antecipação de um estímulo doloroso.
 Insensibilidade à punição: A resposta atenuada também é consistente com
teorias que sugerem que os psicopatas têm uma insensibilidade geral à punição,
o que pode explicar alguns dos seus comportamentos antissociais.
Interpretação dos Gráficos - Variação da EDA ao longo dos Ensaios: Os gráficos indicam
uma tendência à habituação nos grupos C e NP ao longo dos ensaios, onde a reação inicial
forte à antecipação de um choque diminui com o tempo. No entanto, o grupo dos
psicopatas (P) mostra uma reação atenuada desde o início, o que implica uma reatividade
emocional menor.

Discussão em Aula
Ao discutir este slide numa aula de psicofisiologia, realçaria a relevância de utilizar a EDA
como uma ferramenta objetiva para avaliar as diferenças na reação emocional entre
psicopatas e não psicopatas. Este estudo de Hare é um exemplo clássico de como as
medições fisiológicas podem fornecer insights sobre as características subjacentes da
psicopatia, que podem não ser evidentes através da observação comportamental ou auto-
relato. A EDA, neste contexto, fornece uma janela para os processos autonómicos que são
fundamentais para as reações emocionais e de stress, e é particularmente valiosa porque as
respostas são involuntárias e não podem ser facilmente falsificadas ou controladas
conscientemente.

EDA e Psicopatia: Adultos


Transgressores Psicopatas vs Não-psicopatas - Redução da condutância dérmica em
resposta a pistas aversivas e na antecipação de eventos de stress: Estudos têm mostrado
que indivíduos com psicopatia tendem a ter uma resposta de EDA reduzida quando
confrontados com estímulos aversivos ou quando antecipam um evento de stress. Isto está
alinhado com a ideia de que os psicopatas exibem uma reatividade emocional e um arousal
mais baixos em tais situações, o que pode ser um indicador de insensibilidade ao medo ou à
antecipação de punição.
Psychopathy Checklist Revised (PCL-R)5
5
O Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R) é um instrumento de diagnóstico utilizado para avaliar a presença
de traços psicopáticos em indivíduos, geralmente aplicado em contextos forenses e clínicos. Desenvolvido por
 Fator 1: psicopatas primários – Características como frieza, superficialidade e falta
de empatia são consideradas traços de psicopatas primários. Estes traços estão
frequentemente associados a um comportamento mais calculista e instrumental,
incluindo agressão proativa, e não são facilmente detetáveis sem ferramentas como
o PCL-R.
 Fator 2: psicopatas secundários – Comportamentos impulsivos, antissociais e mais
emocionalmente reativos são típicos de psicopatas secundários. Este fator tem sido
identificado como um melhor preditor de comportamento violento.
Discussão e Implicações
 Ao discutir este slide numa aula, seria importante salientar a utilidade da EDA como uma
medida fisiológica que pode ajudar a distinguir entre psicopatas e não-psicopatas em
contextos forenses e clínicos. As respostas atenuadas de EDA em psicopatas podem ser
consideradas juntamente com avaliações comportamentais e psicológicas para uma
compreensão mais completa do perfil psicopático.
 Seria também relevante explorar como a EDA e o PCL-R podem ser usados em conjunto
para avaliar o risco e desenvolver intervenções para indivíduos com traços psicopáticos.
 Finalmente, a discussão poderia abordar a complexidade de medir e interpretar a EDA
em contextos de psicopatia, especialmente considerando que os psicopatas podem não
apresentar as respostas fisiológicas esperadas devido à sua frieza emocional e falta de
resposta ao medo ou punição.

EDA e Psicopatia: Adultos Reclusos


Estímulos Auditivos com Dimensão Afetiva

Robert D. Hare na década de 1980, o PCL-R é composto por uma lista de 20 itens que abrangem aspectos
interpessoais, afetivos, de estilo de vida e antissociais associados à psicopatia. Cada item é pontuado numa
escala de 3 pontos (0, 1, 2) com base na correspondência do comportamento e características do indivíduo em
relação aos critérios estabelecidos para cada item.
A pontuação total pode variar de 0 a 40, e pontuações acima de um determinado limiar (geralmente 30 nos
Estados Unidos e 25 em alguns outros países) são utilizadas para indicar a presença de psicopatia. O PCL-R é
reconhecido por sua robustez e precisão diagnóstica, mas seu uso requer treinamento especializado e é
frequentemente acompanhado de uma avaliação abrangente que inclui entrevistas detalhadas e revisão de
registros do indivíduo.
 Prazerosos: Estímulos sonoros que geralmente evocam sentimentos positivos, como
risos de bebé e gemidos eróticos.
 Neutros: Sons sem uma carga emocional significativa, como escovação e galinhas.
 Aversivos: Sons que são típicos de situações negativas ou que evocam desconforto,
como o choro de um bebé ou gritos de pessoas a serem atacadas.
Resposta à EDA Baseada no Fator 1 do PCL-R - Low Factor 1 vs High Factor 1: O estudo
compara indivíduos com baixa e alta pontuação no Fator 1 do PCL-R, que mede traços
interpessoais e afetivos, como frieza e falta de empatia. O Fator 1 é considerado uma
medida dos traços emocionais e interpessoais da psicopatia.
Resultados do Estudo
 Indivíduos com pontuação alta no Fator 1 têm pouca condutância dérmica: O gráfico
mostra que adultos reclusos com pontuação alta no Fator 1 do PCL-R apresentaram
menores variações de EDA em resposta a estímulos emocionais, independentemente da
sua valência. Isso sugere que esses indivíduos têm uma reatividade emocional e
fisiológica atenuada.
 Sem diferenciação da valência dos estímulos: Notavelmente, o padrão de resposta da
EDA nesses indivíduos com alta pontuação no Fator 1 não varia significativamente entre
estímulos prazerosos, neutros e aversivos, o que está em contraste com o esperado na
população geral, onde a EDA tende a ser maior em resposta a estímulos
emocionalmente carregados, particularmente os aversivos.
Discussão em Aula
 Durante a aula, poderia ser discutido como a EDA pode ser uma ferramenta útil para
entender como indivíduos com traços psicopáticos processam estímulos emocionais. O
padrão atenuado de resposta sugere que características psicopáticas podem estar
ligadas a um funcionamento diferenciado do sistema nervoso autónomo.
 Seria importante explorar as implicações destes achados, tanto do ponto de vista clínico
(na avaliação e tratamento de indivíduos com psicopatia) quanto do ponto de vista
forense (na avaliação de risco e na gestão de reclusos).
 Além disso, poderia ser relevante abordar limitações e considerações éticas na
interpretação de dados de EDA, especialmente em contextos sensíveis como o sistema
penal, onde tais medidas podem ser usadas para informar decisões sobre tratamento e
liberdade condicional.
Dindo & Fowles, 2011
Participantes - Os participantes do estudo foram alunos de psicologia, presumivelmente não
clínicos.
Stress Social
 Foi encontrada uma correlação positiva entre o Fator 2 da psicopatia e a resposta de
condutância da pele (SCR). O Fator 2 da psicopatia inclui traços de estilo de vida
impulsivo e irresponsabilidade, que parecem estar relacionados com uma maior
resposta ao stress social.
 Sem associação com o Fator 1: O Fator 1, que engloba traços afetivos e interpessoais
como frieza e falta de empatia, não mostrou uma associação significativa com a SCR,
indicando que os indivíduos com pontuação mais alta no Fator 1 podem não apresentar
um aumento na resposta eletrodérmica durante o stress social.
Antecipação do Ruído Aversivo
 Foi observada uma correlação negativa entre o Fator 1 e a SCR quando os participantes
antecipavam um ruído aversivo, o que está alinhado com a ideia de que o Fator 1 está
associado a uma reatividade defensiva reduzida.
 Fator 2 sem associação com SCR: O Fator 2 não mostrou uma ligação clara com a SCR
neste contexto, sugerindo que os traços associados ao Fator 2 podem não influenciar a
resposta autonómica à antecipação de um estímulo negativo como um ruído alto.
Benning et al., 2005
População Normal e Resposta a Imagens
 SCR a imagens: O estudo investigou a resposta de condutância da pele a imagens com
diferentes valências emocionais - prazerosas, neutras e aversivas - em uma amostra da
população normal.
 Resultados da EDA: Os resultados mostram padrões de resposta variáveis, com algumas
indicações de que a resposta eletrodérmica pode diferir dependendo da valência da
imagem e, possivelmente, dos níveis de traços psicopáticos presentes na população
normal.
Fatores de Psicopatia e EDA
 Fator 1 – pouca reatividade defensiva: Indivíduos com pontuações mais altas no Fator 1
tendem a mostrar menos reatividade autonómica em situações percebidas como
ameaçadoras.
 Fator 2 – elevada reatividade ao stress social: Contrariamente, pontuações mais altas
no Fator 2 parecem estar associadas a uma maior reatividade a situações de stress
social.
Discussão em Aula
 Na aula, seria pertinente discutir como os resultados destes estudos podem informar
sobre a complexidade da relação entre psicopatia e reatividade autonómica,
especialmente em populações não clínicas.
 Poderia ser discutido o significado dos Fatores 1 e 2 da psicopatia e como eles podem
influenciar a resposta autonómica em diferentes situações.
 Os gráficos dos estudos oferecem uma oportunidade para explorar a interpretação de
dados psicofisiológicos e como eles podem refletir diferenças individuais nos processos
emocionais e de regulação do stress.
 Finalmente, a aula poderia abordar as implicações destes achados para a compreensão
do comportamento antissocial e para o desenvolvimento de estratégias de avaliação e
intervenção.

EDA e Psicopatia: Adolescentes


EDA em Antecipação ou em Resposta a um Ruído Elevado - Adolescentes com tendências
psicopáticas têm menor reatividade de EDA: Isto sugere que, mesmo em idade jovem,
indivíduos que exibem características psicopáticas podem ter uma resposta autonómica
atenuada, que é visível em medições de EDA. Isso poderia ser um indicador de
insensibilidade emocional ou de uma baixa resposta ao medo, aspetos frequentemente
associados à psicopatia.
Implicações - Sugere uma alteração autonómica presente na adolescência (pré-
disposição): Se a reatividade reduzida de EDA é observada em adolescentes, isso pode
indicar que as diferenças na resposta autonómica associadas à psicopatia estão presentes
desde cedo na vida, o que poderia apontar para uma pré-disposição ao desenvolvimento
posterior de traços psicopáticos completos.
Gráficos - Unsignaled vs Anticipatory vs Signaled Conditions: Os gráficos mostram a
resposta de EDA em diferentes condições. No gráfico da esquerda (Anticipatory Condition),
pode ver-se uma diferença mais pronunciada entre adolescentes propensos à psicopatia e
controles, com os primeiros a mostrar menor EDA. No gráfico da direita (Signaled
Condition), essa diferença é menos acentuada, mas ainda visível.

Discussão em Aula
Durante a aula, seria valioso discutir:
 A natureza da EDA como uma ferramenta de medição: Como ela pode refletir o
funcionamento do sistema nervoso autónomo, particularmente o sistema nervoso
simpático, que está envolvido nas reações emocionais e de stress.
 A importância da idade na pesquisa de psicopatia: O desenvolvimento de traços
psicopáticos pode começar na adolescência, e a identificação precoce desses traços
poderia ser crucial para intervenções.
 Interpretação dos dados de EDA: Como interpretar a EDA reduzida em resposta a
condições antecipatórias e sinalizadas, e o que isso pode revelar sobre a regulação
emocional em adolescentes com traços psicopáticos.
 Implicações para prática clínica e políticas de saúde mental: O potencial uso da EDA e
outras medidas fisiológicas na avaliação de risco e no desenvolvimento de estratégias de
prevenção e tratamento.
Este estudo realça o potencial da EDA como um biomarcador precoce de predisposição para
a psicopatia, e o valor de estudar estas medidas em populações jovens para entender
melhor a etiologia da psicopatia.

EDA e Psicopatia: Crianças


Resultados do Estudo - Crianças mais agressivas têm menor resposta eletrodérmica: Os
gráficos mostram que, ao longo das idades, as crianças que exibem níveis mais altos de
agressividade têm consistentemente menores respostas de EDA. Isso é indicativo de uma
reatividade emocional atenuada, o que pode ser uma característica de crianças com risco de
desenvolver traços psicopáticos.
Relação entre Condicionamento do Medo e Agressividade
 Relação entre o condicionamento do medo e agressividade parece ocorrer na infância:
O estudo sugere que o condicionamento do medo, uma resposta emocional aprendida
que normalmente inibe comportamentos agressivos, pode não se desenvolver da
mesma forma em crianças agressivas.
 Sem este condicionamento: A falta de condicionamento do medo, que poderia
normalmente atuar como um fator inibidor, pode facilitar o comportamento agressivo,
uma vez que o medo da punição ou das consequências é menos ativo.
Gráficos
 Gráfico 1 (à esquerda): Mostra as condições de resposta pobre e boa ao
condicionamento do medo. As crianças em 'Poor Conditions' (condições de resposta
pobre) demonstram um aumento menos significativo na EDA com a idade em
comparação com as crianças em 'Good Conditions' (boas condições de resposta).
 Gráfico 2 (à direita): Representa crianças com baixa e alta agressividade. Crianças com
alta agressividade têm menores aumentos na EDA à medida que envelhecem,
comparadas com crianças com baixa agressividade.

Discussão em Aula
 Significado de EDA reduzida: Seria essencial discutir o significado da resposta reduzida
de EDA em crianças agressivas e como isso pode ser um indicador precoce de
desenvolvimento emocional atípico e de futuros traços psicopáticos.
 Desenvolvimento emocional na infância: A aula poderia explorar como o
desenvolvimento emocional durante a infância está ligado à reatividade autonómica e
como isso pode impactar o comportamento a longo prazo.
 Implicações para intervenção precoce: Também seria importante abordar como esses
achados podem influenciar intervenções precoces para crianças em risco, com o objetivo
de promover melhores resultados de saúde mental.
 Importância de EDA como medida fisiológica: Seria valioso discutir a importância da
EDA como uma medida objetiva na pesquisa de psicofisiologia e o seu papel em estudos
longitudinais para acompanhar o desenvolvimento de traços comportamentais ao longo
do tempo.
Em suma, a EDA fornece um meio valioso para pesquisar a associação entre reatividade
autonómica e comportamento agressivo/psicopático em crianças, podendo eventualmente
ajudar a identificar indivíduos em risco e desenvolver estratégias preventivas ou
terapêuticas mais eficazes.

ELECTROCARDIOGRAMA

Componente prática
https://www.youtube.com/watch?v=MXJGihmIkko
Flowly – projeto apoiado pela NIH (National Institute of Health)

Você também pode gostar