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RESUMO:
A ansiedade consiste numa reação fisiológica e emocional diante alguma situação ou objeto
que apresenta algum perigo. Em um momento de ansiedade, a musculatura corporal tende a se
contrair, dificultando assim a respiração gerando angustia e medo. Diante disso o objetivo
deste trabalho foi analisar como as técnicas de respiração utilizadas pela psicoterapia corporal
contribuem no tratamento da ansiedade, como também analisar as relações de eficácia dessas
técnicas respiratórias na relação corpo e mente da pessoa ansiosa no seu processo terapêutico.
A metodologia usada é de cunho qualitativo e bibliográfico, onde buscou- se pesquisas já
realizadas nas psicoterapias sobre o tema como base de análise. Observou se que em situações
de ansiedade, a respiração torna-se curta e insuficiente, com isso o corpo não encontra energia
para qualquer tipo de reação, visto que a respiração é de fundamental importância para a
sobrevivência, psicoterapias corporais a utilizam como um meio eficiente de acessar as
emoções contidas na buscando um contato que possibilite um melhor controle como um fluxo
energético saudável.
Introdução
1
Psicóloga, Pós Graduanda em Psicoterapia Corporal – CENSUPEG. E-mail: keliapsi@hotmail.com.
curta e perder sua profundidade, em momentos de medo a inspiração fica intensa e presa com
uma contínua sensação de falta de ar, com isso a respiração está ligada diretamente como o
corpo se excita ou relaxa como também, reflete como esse corpo está em contato com as suas
emoções (LOWEN 2007, LOWEN, 1984).
Lowen (1984) acredita que uma respiração plena e profunda torna-se um meio de
atingir a liberdade que é tão oprimida desde o nascimento, pois envolve uma onda energética
que flui e movimenta o corpo que por muito tempo é obrigado a ficar paralisado, com isso um
padrão irregular e disfuncional da respiração pode está ligado a vários sintomas como a
ansiedade, a irritabilidade sem um motivo aparente, a tensão, estresse, fadiga, depressão e
redução do prazer sexual. Podendo então despertar disfunções que venham causar sofrimento
psíquico e corporal.
Diante disso, conter a respiração é uma forma eficiente de repressão das emoções e
das sensações, o medo do sentir, leva a contração da musculatura impedindo que o impulso
energético se propague e chegue a superfície onde estão os receptores responsáveis pelas
sensações e percepções. A contração tem seu início de forma consciente, porém quando se
torna crônica, a sua contenção e o sentimento ligado a ela tornam se duradouro e inconsciente
(LOWEN, 2007).
O indivíduo que não entra em contato com a sua respiração, não entra em contato com
o seu corpo, se não se movimenta livremente reduz a vida do seu corpo, se não se sente
completo, estreita a sua vida como também limita sua auto-expressão, e consequentemente o
prazer de viver. A respiração, assim como um meio de libertação, também é utilizada como
uma forma de inibir sentimentos e sensações, consequentemente trabalhar as emoções através
dos desbloqueios das tensões que prendem a respiração, significa permitir que o corpo relaxe,
elabore seus conflitos internos emocionais e promova a expressão espontânea dos sentimentos
contidos (LOWEN, 2007).
Desta forma, a ansiedade é considerada como uma reação biológica comum e natural
do ser humano, que é caracterizada como uma carga de energia emocionalmente bloqueada,
que tem a capacidade de gerar tensões internas capazes de gerar tensões e bloqueios que
inibem fatores espontâneos, que se reduzem ao final como geradores de tensões musculares
que podem ser tornar crônicas gerando angústia e apreensão. (ROMÃO E SILVA, 2018).
Assim sendo, o trabalho da respiração deve ter seu início pela reestruturação e reforço
do ego, pois caso o ego não esteja bem estabelecido, o indivíduo não conseguirá integrar seus
sentimentos com o mundo real, pelo medo do que essas sensações podem trazer á tona.
Contudo alguns indivíduos estão muito habituados com as deficiências de sua própria
respiração, e esses indivíduos precisam de um trabalho mais gradual e paciente pois, eles
podem não suporta de imediato a carga energética que um contato mais profundo pode trazer.
Por causa disso é importante que o psicólogo compreenda a necessidade individual do
indivíduo e seus limites quanto á formas de inspirar e expirar, sendo essas funções de extrema
importância na compreensão dos estados de contenção e libertação emocional. (BOADELLA,
1992, VIEIRA, 2018).
Este trabalho tem como objetivo geral analisar como as técnicas de respiração
propostas pela psicoterapia corporal que contribuem no processo de redução da ansiedade,
tendo como objetivos específicos a compreensão da eficácia e os benefícios da respiração no
processo de psicoterapia, assim como também promover um olhar diferenciado sobre a
importância do corpo no processo de trabalho com a ansiedade.
Para a realização deste trabalho com a meta de alcançar os objetivos propostos, foi
feita uma busca na rede mundial de computadores (Internet) na busca de publicações com a
proposta. Foram realizadas buscas em sites como SCIELO, Google acadêmico, Centro
Reichiano e Volpi e na Revista Latino Americano de Psicoterapia Corporal.
Foram utilizados no total de 22 arquivos para pesquisa e análise, no material coletado
possui artigos científicos, livros digitais, trabalhos de conclusão de curso (TCC) e artigos que
se relacionam com a temática proposta. Todavia o material coletado em sua maioria teve
como critério de seleção está relacionado a temáticas da psicologia/psicoterapia corporal
como também sobre fisiologia/processo de respiração e ansiedade.
Aspectos gerais sobre o processo organísmico da respiração
Como analista, Reich havia observado que os pacientes prendiam a respiração quando
resistiam à expressão plena e livre de seus pensamentos e sentimentos e que a
plenitude no viver estava relacionada ao uso ideal da energia vital, em geral, e da
sexualidade, em particular. Seus insights cinestésicos sobre os bloqueios respiratórios
e couraças musculares, que formaram a base para o seu posterior trabalho de análise
do caráter, são claramente apresentados na perspectiva psicodinâmica sobre a função
diafragmática na restrição da profundidade da respiração e, consequentemente, na
expressão dos sentimentos (SANTOS, 2018).
O medo ou a ansiedade podem, assim, ser definidos por uma constelação de medidas
em cada um dos três sistemas de resposta: o que se faz, o comportamento, o que se
pensa ou diz, a linguagem e o que se sente perante uma ameaça real ou imaginada, a
fisiologia. (BAPTISTA et al 2005)
Fernandes et al (2018) ainda reitera que a ansiedade como sua possível evolução em
um transtorno, está sendo associado a resultados negativos, como a incapacidade funcional,
comportamentos considerados de risco, uso, dependência e abuso de substancias químicas,
assim como, problemas na realização de tarefas laborais. Tanto a ansiedade como sua
evolução em transtorno mental está ligada a fatores sociais, familiares, a questões financeiras,
profissionais e interpessoais.
Para Veronese (2008) a ansiedade não pode ser evitada, mas reduzida a níveis que não
imobilizem a vida de um indivíduo, quando lidada de maneira correta também traz benefícios,
como a melhora da vigilância e da consciência. Quando a ansiedade se manifesta a
musculatura se contrai para se defender, com isso, a ansiedade acopla diretamente a
respiração, sendo que uma respiração realizada de maneira incorreta, ou seja , quando não há
mobilização dos pulmões, quando o diafragma e seus músculos auxiliares impede a plena e
completa capacidade desses músculos gerando angústia.
A dificuldade de respirar livre e plenamente torna-se um dos principais obstáculos
para a recuperação da saúde emocional, pois, inibir a respiração significa reprimir emoções e
sensações, buscar reverter essas inibições através do contato e da estimulação de uma
respiração mais profunda permite o contato com os sentimentos e as emoções que outrora
foram reprimidos. Por isso, a análise bioenergética busca o iniciar seus trabalhos na
respiração, pois tem o objetivo de permitir que a energia reprimida das emoções se propague
através da respiração, sem impedimentos ou bloqueios no corpo, para que assim a
musculatura se movimente e promova a espontaneidade e expressão dos sentimentos
reprimidos. (LOWEN, 1984, LOWEN, 2007).
De acordo com Elias (2009) Uma das maneiras que a Análise bioenergética utiliza
para liberar emoções reprimidas é que o indivíduo espontaneamente permita aumentar a
profundidade de sua respiração, construindo assim uma via ás camadas mais profundas de sua
mente, onde são guardados seus sentimentos mais reprimidos; Com isso acredita-se que
expandindo a respiração por consequência haverá uma expansão da consciência, sendo que o
oposto a isso, uma retraimento da respiração equivale a diminuição da consciência algo
concreto e verdadeiro. Desta maneira, expandir a respiração pode ser utilizada como uma
ferramenta psicoterápica para trazer conteúdos inconscientes para a consciência, uma vez que
a própria consciência é expandida no processo.
A redução da absorção de oxigênio faz com que as emoções fiquem sobre controle,
mas, por consequência desse controle, ocorre a redução da energia vital do indivíduo, a
recuperação da carga energética é de grande importância para que seja possível o desbloqueio
à expressão das emoções. Os nossos sentimentos alteram diretamente a forma como
respiramos, educar a nossa respiração pode alterar a maneira como sentimos as coisas, sendo
assim ouvir a respiração é uma arte, saber respirar é como poder escolher a música que mais
se aprecia ouvir. (VOLPI E VOLPI, 2003, ELIAS, 2009).
Para Lowen (1984) um músculo contraído precisa de energia para se movimentar, com
isso estimular a respiração tem como objetivo abastece-lo de oxigênio, promovendo assim
seus processos metabólicos e permitindo o estiramento muscular, esse estiramento causa uma
vibração que possibilita o afrouxamento do movimento muscular. Afrouxar as couraças gera
vibrações por todo o corpo, liberta os movimentos profundos de respiração e permite que o
padrão típico disfuncional de respiração possa ser modificado.
Lowen (2007) nos diz que respirar profundamente é ter a oportunidade de sentir
profundamente, e que a respiração dá o poder de libertar sentimentos que foram e são
reprimidos durante a vida; Com isso a medida que as emoções são libertadas, as tensões
musculares deixam de ter um caráter de extrema defesa; com essas couraças sendo
desbloqueadas, a energia vegetativa permite a libertação dos sentimentos e memórias infantis
que podem ser a base da sintomática ou do transtorno que se apresenta. (BOADELLA, 1992,
VOLPI, 2003).
A respiração busca então a mobilização de energias que foram bloqueadas durante
toda a vida, é um meio de superar resistências, compreende que um desbloqueio acontece
utiliza-se da própria respiração e tem então consciência sobre ela. Um indivíduo que está em
processo psicoterapêutico, na maioria das vezes irá apresentar sintomas corporais, pois, na
psicoterapia corporal se mobiliza conteúdos que o indivíduo luta para manter escondidos,
fazendo com que a energia também se mobilize e se reflita também no corpo, o que
espontaneamente irá se perceber na alteração da respiração, isso faz parte de um
desenvolvimento natural na psicoterapia, que por consequência as somatizações irão diminuir,
assim como a própria ansiedade ao tornar a respiração mais regular, fluida e tranquila.
(BAKER1980).
A dificuldade de respirar de forma natural e plena é um dos principais obstáculos para
a recuperação da saúde emocional, estimular a respiração como inspirações mais profundas,
propõe ao individuo perceber como ele retrai suas emoções, assim como a reativar
sentimentos e sensações que estavam reprimidas por serem dolorosas e ameaçadoras. Contudo
só um simples movimento respiratório não é o suficiente para a restauração da espontaneidade
e do fluxo natural da energia no organismo, pois as técnicas representam uma forma de
controle que diverge do real objetivo, de deixar se levar pela respiração ao invés de realiza-la.
(VIEIRA, 2018, LOWEN, 1984).
É preciso, portanto, que se construa o reequilíbrio da energia emocional com a
respiração do individuo, sendo que uma emoção bloqueada, torna-se também um estresse
muscular, compete ao psicoterapeuta ajudar esse indivíduo a acessar e aceitar seus
sentimentos, suas emoções e sensações, permitindo que eles cheguem ao campo da ação. O
indivíduo irá perceber que pode se entregar aos sentimentos e controla-los, fortalecendo assim
a sua função egóica (BOADELLA, 1992, LOWEN, 1984).
Diante disso o setting terapêutico se mostra como um lugar seguro e de acolhimento,
onde o paciente pode se entregar genuinamente aos seus sentimentos e perceber que tem a
capacidade de apoderar-se de suas ações. Quando um paciente se permite a esse tipo de
vivencia, a tensão que controla seu padrão de contenção diminui e por consequência, ocorre
um aumento de energia no organismo e um aprofundamento natural da respiração. (VIEIRA,
2018).
Considerações finais
Referências Bibliográficas
BAKER, E.F. O labirinto Humano: causas do bloqueio da energia sexual. São Paulo:
Summus, 1980.
BAPTISTA, Américo; CARVALHO, Marina; LORY, Fátima. O medo, a ansiedade e as suas
perturbações. Psicologia, Lisboa, v.19, n.1-2, 2005. Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S087420492005000100013&l
g=pt&nrm=iso> acesso em 15 jul. 2020.
BOADELLA, D. Correntes da vida: uma introdução á biossíntese. São Paulo: Summus,
1992.
CARVALHO, GD. Alterações comportamentais comuns na SRB. jan. 2000. acesso em
2020 Julh. 27. Disponível em: http:// www.ceaodontofono.com.br/artigos/art/2000/
jan00.htm.
LOWEN, A. O prazer de estar cheio de vida. Prazer: uma abordagem criativa da vida. 6.ed.
Tradução de Ibanez de Carvalho Filho. São Paulo: Summus, 1984.
LOWEN, A. A espiritualidade do corpo: bioenergética para a beleza e harmonia. Tradução
de Paulo Cesar de Oliveira. 12.ed. São Paulo: Pensamento,2007.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais– DSM-5. 5ªed. Porto Alegre: Artmed;
2014