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O Eu Superior, o Eu Inferior e a Máscara


Texto de:
Pierrakos, Eva. O Caminho da Auto Transformação. São Paulo, Editora Pensamento.

Cada ser vivo é dotado de um Eu Superior ou Centelha Divina. Ele é o mais delicado e o mais
radiante dos corpos sutis, com a mais alta frequência de vibração, pois quanto mais elevado o
desenvolvimento espiritual, mais veloz é a vibração. O Eu Superior cercou-se, lenta e gradualmente,
de várias camadas de matéria mais densa, não tanto quanto o corpo físico, mas ainda assim
infinitamente mais densa que ele próprio. Assim, passou a existir o Eu Inferior. O objetivo do
desenvolvimento espiritual é eliminar o Eu Inferior de forma que o Eu Superior fique novamente
livre de todas as camadas externas que adquiriu. Você será capaz de sentir com facilidade na sua
própria vida, com relação a si mesmo ou a outros, que certas partes do Eu Superior já estão livres,
enquanto outras permanecem encobertas. O quanto está livre ou escondido e, no último caso, o quão
profundamente, depende do desenvolvimento geral da pessoa. O Eu Inferior consiste não apenas dos
defeitos comuns e fraquezas individuais que variam com cada pessoa, mas também, de ignorância e
preguiça. Ele odeia mudar e superar-se. Possui uma vontade muito forte que nem sempre pode
manifestar-se externamente e quer as coisas à sua maneira sem pagar o preço. É muito egoísta e
orgulhoso e sempre tem uma grande quantidade de vaidade pessoal.
Todas essas características são, geralmente, parte do Eu Inferior, independente de outras falhas
individuais.
Podemos determinar muito bem quais formas-pensamentos provém do Eu Superior e quais vem do
Eu Inferior. Podemos também determinar que tendências, desejos e esforços originários do Eu
Superior podem estar misturados com tendências do Eu Inferior.
Quando mensagens do Eu Superior são contaminadas pelos motivos do Eu Inferior, cria-se uma
desordem na alma que faz o seu portador emocionalmente doente. Por exemplo, uma pessoa pode
querer algo egoísta, mas como ela não quer admitir internamente que isso é egoísmo, começa a
racionalizar esse desejo egoísta e a enganar-se com relação a ele. Nós podemos ver esse tipo comum
de auto-engano em seres humanos, porque as formas do Eu Superior têm um caráter totalmente
diferente daquelas do Eu Inferior.
Existe uma outra camada que infelizmente não é ainda suficientemente reconhecida entre os seres
humanos em todo o seu significado; ela é o que chamo de Máscara.
A Máscara é criada da seguinte maneira: quando um indivíduo reconhece que pode entrar em
conflito com o mundo que o cerca ao ceder ao Eu Inferior ele pode, não obstante, não estar pronto
para pagar o preço de eliminá-lo. Isso significa em primeiro lugar, ter que encará-lo como ele
realmente é, com todos os seus motivos e impulsos uma vez que só se pode superar aquilo de que se
tem plena consciência. Isso quer dizer tomar o caminho estreito, o caminho espiritual.
Pathwork
O caminho da auto-transformação
Eva Pierrakos
Editora Pensamento
“Nós podemos transformar o mundo, começando por nos transformar” Publicação Mensal - Agosto
de 1997 Muitas pessoas não querem pensar nisso profundamente, preferindo reagir emocionalmente
sem pensar em como o seu Eu Inferior pode estar envolvido nessa reação. A mente subconsciente
sente que é necessário apresentar ao mundo uma imagem diferente do Eu para evitar certas
dificuldades, desconfortos e desvantagens de todos os tipos. Dessa forma as pessoas criam uma outra
capa do Eu que não tem nada a ver com a realidade, nem com a do Eu Superior, nem com a realidade
temporária do Eu Inferior. Essa Máscara superposta é o que se poderia chamar de falsidade; ela é
irreal.
Retornarei ao exemplo acima. O Eu Inferior ordena à pessoa que seja totalmente impiedosa a
respeito de um desejo egoísta. Não é difícil, mesmo para alguém da mais limitada inteligência,
perceber que, caso se deixem levar por esse desejo, ele ou ela será relegado ao ostracismo ou poderá
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perder a estima dos outras, o que ninguém pode querer. Ao invés de superar o seu egoísmo por meio
de um lento processo do desenvolvimento, uma tal pessoa freqüentemente age como se ele ou ela, já
naquele momento não fosse mais egoísta. Mas ela o é na verdade e sente o egoísmo. O seu recuo
diante da opinião pública e a sua generosidade são apenas uma farsa, de modo algum em
concordância com os seus verdadeiros sentimentos. Em outras palavras, a atitude correta neste caso
não é absolutamente sustentada pelos sentimentos interiores não purificados e portanto a pessoa está
em uma guerra interna.
O ato em si torna-se uma compulsão necessária e não de livre escolha. Uma tal bondade imposta não
vale a pena, no verdadeiro sentido. Enquanto uma pessoa pode dar algo, ela pode detestar a idéia. Tal
pessoa não é apenas egoísta por dentro, por convicção interior, como também é falsa à sua natureza,
violando a sua realidade e vivendo uma mentira. Não estou de forma alguma sugerindo que é
aconselhável ceder à natureza inferior; deve-se lutar pela iluminação e pelo desenvolvimento para
que os sentimentos e desejos sejam purificados. Mas isso não é alcançado, pelo menos não deveria
haver auto-engano. A pessoa deveria no mínimo ter uma visão clara e verdadeira acerca da
discrepância entre os sentimentos e ações. Dessa forma nenhuma máscara pode se formar.
UM PONTO FINAL NO AUTO-ENGANO
No entanto, acontece muito comumente que uma pessoa assim tente acreditar em seu próprio
altruísmo e dessa maneira engana-se a si mesma com relação aos seus verdadeiros sentimentos e
motivos, escondendo-os e recusando-se a vê-los. Depois de algum tempo a raiz maléfica aprofunda-
se no inconsciente, onde irá fermentar e criar formas que produzem seus efeitos e que não podem ser
eliminados porque a pessoa não tem consciência dela. O exemplo do egoísmo é somente um dos
casos; existem muitas outras características e tendências que passam pelo mesmo processo, meus
amigos.
Quando as pessoas estão emocionalmente enfermas, isso é sempre um sinal de que, de uma forma ou
de outra, uma Máscara foi criada. Elas não percebem que estão vivendo uma mentira. Construíram
uma camada de irrealidade que nada tem que ver com o seu ser real. Portanto não estão sendo
verdadeiras com a sua real personalidade.
Como eu disse antes, ser verdadeiro para consigo mesmo não significa que você deva ceder ao Eu
Inferior, mas que se deve ter consciência dele. Não se engane, caso você ainda aja de acordo com a
necessidade de proteger-se e não segundo uma visão iluminada e uma convicção interna. Tenha
consciência de que os seus sentimentos ainda não foram purificados neste ou naquele aspecto.
Então você terá uma boa base de onde começar. Ser-lhe-á mais fácil encarar a si mesmo desta forma
quando perceber que sob as camadas do seu Eu Inferior vive o Eu Superior, sua realidade última e
absoluta, que você, com o tempo, alcançará. Para alcançá-lo, você deve primeiro, enfrentar o Eu
Inferior, a sua realidade temporária, ao invés de encobri-la, porque isto põe uma distância ainda
maior entre você e a realidade absoluta, ou seja o seu próprio Eu Superior. Para encarar o Eu Inferior
você deve, a todo custo, arrancar a Máscara. Isto pode ser conseguido ao visualizar-se as três partes
de que falo aqui (Eu Superior, Eu Inferior e Máscara).
Mentir para si mesmo e não pensar de forma alguma sobre as próprias emoções e motivos
verdadeiros pode parecer adequado às vezes, mas não é. A pessoa que quer ficar feliz, sadia e em paz
interior precisa, para preencher verdadeiramente esta vida presente e estar em harmonia com Deus e
assim com o Eu Interior, encontrar a resposta definitiva para as seguintes perguntas: Qual é o meu Eu
real? O que é meu Eu Superior? O que é o meu Eu Inferior? Onde pode haver uma Máscara, uma
falsidade?
É importante que todos vocês tentem treinar o seu olho interior para ver a si mesmos e a outros seres
humanos desse ponto de vista. Quanto mais se tornem espiritualmente despertos, tanto mais fácil será
perceberem a si mesmos e aos outros. Quando vocês entrarem em contato com o Eu Superior, uma
vez que sua intuição tenha despertado através do desenvolvimento pessoal no nível do espírito, vocês
sentirão uma clara diferença entre a Máscara e o Eu Superior. Sentirão as manifestações
desagradáveis da Máscara, da sua em primeiro lugar, não importa o quão satisfatória ela possa
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parecer. O que resta por realizar então é a penetração das camadas subconscientes da personalidade
com essas verdades também, de forma tal que toda a resistência interior seja superada.
Se é que vocês querem trilhar este caminho e ser curados das suas doenças emocionais, é importante
que entendam tudo isso. Vocês têm que encarar o Eu Inferior que existe em cada ser humano, mas
saber também que esse Eu Inferior não é o “Eu” absoluto ou o Eu Verdadeiro. O Eu Superior que é
perfeição aguardando para crescer, libertando-se dessas camadas de imperfeição, é o Eu verdadeiro.
Talvez vocês tenham perguntas a fazer sobre este tema, meus amigos.
PERGUNTA:Como é possível desfazer o que o Eu Inferior manifestou sob a forma de doença física?
RESPOSTA: Em primeiro lugar, você não deve tentar eliminar as conseqüências primeiro. Se o seu
Eu Inferior criou uma doença, ela primeiramente tem que ser aceita. Você deve tentar descobrir as
raízes ou a parte do seu Eu Inferior que criou a enfermidade. O Eu Inferior tem que ser encontrado e
completamente explorado.
O seu objetivo deve ser a purificação e a perfeição por si mesmas. Você o faz pelo amor de Deus que
traz em si e não para evitar a convivência com o desconforto. É verdade que exige muita superação e
força interior para antes purificar suficientemente os motivos, mas isso é um fundamento necessário.
Enquanto você o faz, está ao mesmo tempo aprendendo muitas outras coisas. A força espiritual
aumenta à medida que você aprende a aplicar uma absoluta honestidade a respeito de si mesmo. Uma
vez que os seus motivos sejam puros, a doença não terá a metade da importância que tem o estado da
sua alma.
Na medida em que o ego e o conforto de tudo que lhe diz respeito perde a relevância, você terá
seguido uma lei espiritual muito importante. A sua saúde espiritual será gradualmente restaurada.
Esta lei tem relação com o abandono do seu Ego que foi ensinado por Jesus. Só ao fazê-lo você
ganhará a sua vida.
Assim, comece por encarar o seu Eu Inferior com coragem, otimismo, humildade e em espírito de
descoberta. Uma vez que o tenha descoberto e abandonado todas as máscaras e camadas de cobertura
você começará a trabalhar com esses diferentes aspectos do Eu Inferior. Isto é feito pela auto-
observação e testando-se a si mesmo, diariamente, observando sempre o quanto as suas correntes
internas desviam-se ainda daquilo que você deseja que sejam. A medida que você faz isso e se torna
senhor do seu Eu Inferior, você aprende a verdadeira auto-honestidade e a sua motivação para o
desenvolvimento torna-se cada vez mais pura. A sua visão vai se ampliar, a iluminação lhe será dada
e os seus sintomas e problemas, gradualmente, desaparecerão.
Você não deve, portanto, sequer pensar primeiro na sua enfermidade, mas na raiz do problema. Esse
será o único sucesso duradouro. Se você quer verdadeiramente purificar-se, e não meramente livrar-
se de conseqüências desagradáveis que lhe são mais visíveis ou notáveis, ajuda e orientação virão
para que você possa lutar com o seu Eu Inferior, visto que ninguém pode fazê-lo sozinho.
E com isto, meus amigos, eu os deixarei. Sigam o seu caminho em paz; saibam que Deus está
presente dentro de vocês.

Texto de:
Pierrakos, Eva. O Caminho da Auto Transformação. São Paulo,Editora Pensamento.

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