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Integração de técnicas da Psicologia Biodinâmica e da Musicoterapia para


proporcionar auto-regulação: Massagem, música e relaxamento

Trabalho apresentado
como conclusão da
Especialização Lato-sensu em
Psicologia Biodinâmica, sob a
supervisão da professora
Glória Cintra.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Alma - Zélia Duncan

Composição: Pepeu Gomes e Arnaldo Antunes

Alma! Alma! Alma!


Alma!
Deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma
Superfície!
Alma!
Deixa eu tocar sua alma
Com a superfície da palma
Da minha mão
Superfície!...
Easy! Fique bem easy
Fique sem, nem razão
Da superfície!
Livre! Fique sim, livre
Fique bem, com razão ou não
Aterrize!...
Alma!
Isso do medo se acalma
Isso de sede se aplaca
Todo pesar não existe
Alma!
Como um reflexo na água
Sobre a última camada
Que fica na
Superfície!...
Crise!
Já acabou, livre
Já passou o meu temor
Do seu medo sem motivo
Riso, de manhã, riso
De neném a água já molhou
A superfície!...
Alma!
Daqui do lado de fora
Nenhuma forma de trauma
Sobrevive!
Abra a sua válvula agora
A sua cápsula alma
Flutua na
Superfície!...
Lisa, que me alisa
Seu suor, o sal que sai do sol
Da superfície!
Simples, devagar, simples
Bem de leve
A alma já pousou
Na superfície!...
Alma!
Deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma
Superfície!
Alma!
Deixa eu tocar sua alma
Com a superfície da palma
Da minha mão
Superfície!...
Alma!
Deixa eu ver!
Deixa eu tocar!
Alma! Alma!
Deixa eu ver!
Deixa eu tocar!
Alma! Alma!
Superfície/Alma! Alma! ........... ALMA!
Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011
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1. Introdução

Como Musicoterapeuta e Psicoterapeuta Corporal já utilizo a música, os


seus elementos, o verbal, o corpo e suas interrelações em terapia e com o
conhecimento e técnicas da Psicologia Biodinâmica venho utilizando a
Massagem no processo Musicoterápico.

Nessa trajetória como terapeuta tenho buscado caminhos e


conhecimentos que me possibilitem ampliar a compreensão da existência
humana, das suas inquietações, da sua dinâmicas psíquica e orgânica,
comportamentos, relações e interações e de como trabalhar com estes
aspectos numa relação terapêutica.

Tenho vivenciado a diversidade de elementos que emanam do trabalho


com seres humanos, com vidas, organismos e com a música. Esses elementos
são as individualidades, singularidades, musicalidades, sensibilidades,
sentimentos, emoções, afetos, experiências, traumas, subjetividades, crenças,
valores, criatividade, espontaneidade, calor, egos, autonomia,
responsabilidade, significados, espiritualidade, coragem, entre muitos outros
aspectos. Assim ao longo desta vivência venho construindo uma visão, uma
abordagem, uma forma de compreender e trabalhar esses fenômenos, na
Musicoterapia, com as técnicas de Massagem Biodinâmica orientada pelos
conceitos e princípios da Psicologia Biodinâmica, como o da auto-regulação.

Utilizo a experiência musical de forma receptiva entre as diferentes


técnicas musicoterápicas e dentro desta forma de experiência utilizo o
Relaxamento Musical, onde coloco músicas (gravações comerciais de
diferentes estilos) para reduzir a ansiedade ou criar estratégias contra a
ansiedade, induzir o relaxamento corporal, aliviando as tensões físico-
emocionais, para aumentar a percepção corporo - emocional entre outros
objetivos terapêuticos.

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Com a Formação em Psicologia Biodinâmica – Massagem Biodinâmica


(Massagem colônica, de Escoamento, na Aura, entre outras), como disse
anteriormente, venho utilizando também as técnicas de massagem
biodinâmica, que por um outro canal sensorial – (a pele*¹) também acessam os
fenômenos psíquicos, emocionais e orgânicos que tem como objetivos
terapêuticos melhorar a percepção de si, afetar o organismo estimulando
respostas fisiológicas e psicológicas, relaxar as tensões musculares e
emocionais diminuindo as resistências ao processo e flexibilizando as
couraças, entre outros.

Por esta razão neste trabalho abordo alguns conceitos e fundamentos


da Musicoterapia e da Psicologia Biodinâmica: Massagem Biodinâmica e Auto-
regulação, Técnicas Musicoterápicas Receptivas e Relaxamento musical para
verificar se na teoria também é possível a integração que venho vivenciando na
prática.

Acredito que esta integração seja possível e que esta potencializa a


auto-regulação do organismo.

Tendo este trabalho como objetivo geral demonstrar como as técnicas


da Musicoterapia e da Psicologia Biodinâmica, podem ser integradas, como
uma forma estratégica para potencializarem seus efeitos na auto-regulação do
organismo.

*¹ O autor Ashlei Montagu (Um dos precursores da pesquisa e estudo sobre a pele e a sua
importância) considera a pele como um “órgão”, e não apenas um tecido que nos protege das
intempérie - principal, aparato sensorial. Não apenas porque os nossos órgãos dos sentidos sejam, na
verdade, tecido cutâneo que se diferenciou (como acontece com as mucosas da boca, na percepção do
paladar); Mas principalmente porque cada milímetro de nossa pele é provido de numerosos “receptores
nervosos”, ou seja, minúsculas estruturas neurológicas capazes de captar e conduzir os variados tipos
de estímulos: calor, frio, pressão, etc. Como se fossem minúsculos radares, nos mantêm informados
sobre a infinidade de estímulos à que somos submetidos à cada instante.

“... o sistema nervoso é uma parte escondida da pele, ou ao contrário, a pele pode ser
considerada como a porção exposta do sistema nervoso”. Uma vez que as células que lhe dão origem
provêm da mesma camada embrionária da qual se forma nosso sistema nervoso central, ou seja, a
ectoderme. (ASHLEY MONTAGU, Tocar: o Significado Humano da Pele , Editora: Summus, 1988, p.23)

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2. Metodologia

Realizo neste trabalho, nos dois primeiros capítulos, uma revisão da


literatura pertinente ao tema mas não de modo a exaurir as discussões teóricas
possíveis para explicar o fenômeno em estudo. Em um terceiro capítulo
apresento algumas semelhanças nas teorias e um estudo de caso onde insiro
as referências bibliográficas e a discussão teórica ao mesmo tempo em que
apresento e discuto os fenômenos em estudo. Isso permitiu tornar o trabalho
mais dinâmico.

Este trabalho tem como base de dados e informações a experiência da


autora ao longo da sua carreira como Musicoterapeuta e Psicoterapeuta
Corporal exercendo atividades em seu consultório e na Associação dos
deficientes físicos do Paraná. Ao longo dessa jornada a autora acompanhou
aproximadamente 20 casos que, de alguma forma, forneceram informações
que servem de base para as reflexões apresentadas. Não são casos de estudo
sistematizados do ponto de vista da metodologia científica. Ou seja, não houve
aleatoriedade na escolha destes, tampouco um levantamento e sistematização
dos dados que permitisse, por exemplo, análises estatísticas e inferências
quantitativas. Entretanto, foram eles que me motivaram a buscar mais
conhecimento para entendê-los e desenvolver minha prática profissional com
mais eficiência.

O uso da literatura certamente faz parte da metodologia, mas serve,


sobretudo para refletir sobre essa experiência.

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3. Desenvolvimento

3.1. Psicologia Biodinâmica: Massagem e auto-regulação

3.1.1. Definição de Psicologia Biodinâmica

A Psicologia Biodinâmica, é uma das abordagens da Psicologia Corporal, é


um método de tratamento criado pela psicóloga e fisioterapeuta norueguesa
Gerda Boyesen na década de 1960. (Site IBPB) Também conhecida entre os
profissionais da área como a “Psicanálise do corpo”.

Esta abordagem enfatiza o amor, o prazer, o conhecimento, o trabalho e a


espiritualidade. Respeitando à singularidade de cada ser humano, busca
incentivar sua criatividade, potência e espontaneidade de forma afetiva,
tolerante e não-invasiva, tendo cuidado com a relação terapêutica, propondo-se
a fazer amizade com a resistência, dissolvendo, “derretendo” couraças em vez
de tirá-las ou quebrá-las em um ambiente acolhedor e seguro. Segundo esta
teoria, além da couraça muscular, tem-se a couraça tissular, a couraça visceral
e uma couraça que denomina secundária que se forma como consequência de
um trabalho terapêutico invasivo.

Constituindo-se numa abordagem sistêmica que utiliza diversas formas de


intervenção verbal, como o trabalho com associação livre de idéias, o trabalho
com sonhos e a imaginação, integrando esse trabalho simbólico a duas formas
de intervenção somática, a Massagem e a Vegetoterapia. Propiciando uma
intervenção adaptada a cada pessoa, às suas necessidades e possibilidades,
permitindo-lhe conscientizar o que é inconsciente, em um processo gradual e
profundo.

Na Psicologia Biodinâmica o ser humano é visto como vivendo em função


dos movimentos de homeostase0, ou seja, da busca do equilíbrio, da auto-

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regulação e a Massagem, uma das suas formas de intervenção somática é um


dos caminhos para se possibilitar este estado do organismo.

3.1.2. Massagem

A massagem é o caminho real para fazer o


terapeuta descobrir o amor que há em si.
(Boyesen,1983, p.102)

A massagem é uma forma de terapia manual muito antiga, onde utiliza-se as


mãos numa ação mecânica para comprimir, esticar,amassar vibrar, deslizar pelo
tecido cutâneo.

A Massagem Biodinâmica, é um método de tratamento, é uma forma de


intervenção, uma forma de diálogo somático, onde o contato físico é compreendido
como forma de comunicação não-verbal. Ela está mais vinculada às questões
psicológicas, sendo útil para tratar pessoas com estados de tensão, ansiedade, de
irritabilidade, insatisfação crônica e de depressão; pessoas desvitalizadas e sem
ânimo, por exemplo, podem beneficiar-se da massagem biodinâmica. Ela pode
proporcionar relaxamento, harmonização e tranqüilidade, ajudando a aliviar
sintomas psicossomáticos (taquicardia, sudorese excessivo, nervosismo, dor de
cabeça, insônia e outros.) ligados a estes tipos de problemas. Como quadros de
fadiga crônica e fibromialgia também têm mostrado melhora com este tipo de
tratamento.

Quando se utiliza as massagens Biodinâmicas precisa-se considerar fatores


importantes uma vez que estes influenciam e podem alterar o efeito das
massagens, segundo Ricardo Rego (Texto Fatores importantes na Massagem
Biodinâmica, s/d, site do Instituto Brasileiro de Psicologia Bodinâmica).

Como a massagem exige um contato muito próximo do terapeuta e da pessoa


que esta sendo massageada, a relação estabelecida deve ser de confiança, de
o
Esse termo é utilizado para designar a manutenção das condições estáveis ou constantes no meio interno. Essencialmente, todos os
órgãos e tecidos do corpo desempenham funções interrelacionadas que ajudam a manter constantes tais condições.
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empatia, de respeito e de harmonia num espaço de segurança para possibilitar um


diálogo somático, para que a pessoa entre em contato com os seus sentimentos e
também tenha uma maior entrega ao processo. Chamando-se este fator de
“presença terapêutica”.

Outro fator de grande influência no resultado de um tratamento, é “a intenção do


toque” que o terapeuta coloca no momento da massagem, pois um toque pode ter a
intenção de transmitir uma emoção específica (ira, medo, felicidade, tristeza,
repulsa, amor, gratidão ou empatia) de maneira silenciosa, sutil e inconfundível, por
um sistema sofisticado do mesmo modo que pode-se fazer com o rosto, como
demonstraram pesquisadores/cientistas liderados por Matthew J. Hertenstein,
professor de psicologia na Universidade DePauw, em Indiana (EUA) (BAKALAR,
Nicholas. A emoção em um toque. Folha de São Paulo, 2009); através da pressão,
firmeza, tranqüilidade ou força calma que o terapeuta utilize. E a pessoa sente,
percebe e reage (fisiologicamente e psicologicamente) a esta intenção colocada no
toque.
Assim a intenção deve ser adequada às diferentes necessidades da pessoa e as
diversas necessidades de cada fase do processo, como a necessidade de um toque
com intenção de cuidado materno, outro para tentar acordar alguém que “dorme” ao
longo da vida, ou de encorajar a expressão de algo guardado, ou ainda de aplicar
um bálsamo que aliviará uma dor, pois são bem diferentes as necessidades e as
respostas a elas também. As necessidades são diferentes e as técnicas e regras
gerais adaptadas a individualidade, considerando-se que “cada um é cada um”,
chega-se ao terceiro fator.
Diferentes também são as “camadas” do corpo que precisam ser percebidas e
trabalhadas, como o periósteo (a bainha conjuntiva que envolve os ossos); a
musculatura, a fáscia muscular (a bainha conjuntiva que envolve os músculos), o
tecido subcutâneo, a pele, o campo energético. O “ritmo” das manobras, lento ou
mais rápido, assim como o “local” do corpo tocado e algumas outras características
do toque podem também interferir muito no resultado/respostas a massagem.

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Existem outros fatores e fundamentos teóricos tão importantes como estes


fatores, como a força calma, a amizade com a resistência e o pouco é muito, que
aqui não serão abordados.
Conforme a técnica de Massagem utilizada também se terá resultados diferentes,
apesar de nem todas as técnicas possuírem manobras específicas, cada uma
possui uma forma/maneira de tocar, ou seja, ritmo, camada e intencionalidade
aplicada que vão levar aos objetivos terapêuticos e atender as necessidades de
cada um. E as técnicas serão apenas citadas, pois não são as técnicas em si que se
quer discutir, para aprofundar-se consulte o site do Instituto Brasileiro de Psicologia
Biodinâmica:

Toque Básico

Escoamento

Massagem Colônica
Massagem Orgonômica

Massagem Hipotônica

Massagem de Distribuição
Massagem de Extremidades (Exit massage)

Massagem no Campo Energético - Light Biofield

Espirais

Palming, Packing, Scooping

Massagem no Periósteo

Massagem respeitando as resistências


Massagem nos músculos respiratórios

Sendo relevante abordar alguns aspectos quanto à utilização das


diferentes técnicas de Massagem e como estas podem ser utilizadas ao longo
de todo processo terapêutico:

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 numa sessão inteira, no início da sessão ou no fim para:


organizar, dar holding, fazer uma limpeza, quando se esta sem
energia ou desvitalizado ou até mesmo confuso mentalmente;
harmonizar, integrar ou centrar; para trabalhar um sintoma ou
mobilizar; ao mesmo tempo em que se conversa; ou de forma
ocasional como doses homeopáticas pensando-se na premissa
de que o pouco é muito; ou como centro do trabalho em certas
fases do processo.
E também para trabalhar questões:
 como a relação terapêutica (entrega, maternagem, reparação,
fome de toque, melhora do vínculo e desenvolvimento da
capacidade de estar só);
 como a energia (harmonização e integração, vitalização,
drenagem e injeção e trabalho com o campo energético);
 relacionadas ao psiquismo (mobilização de emoções,
sentimentos, imagens e memórias; tolerância ao prazer; para
facilitar a propiocepção e consciência corporal;
 das defesas psíquicas– afrouxamento das couraças (muscular,
tissular e visceral);
 do equilíbrio psíquico e estados confusionais leves;
 como a ansiedade muito elevada;
 e para desencadear o mecanismo natural de cura, auto-
regulação.

Na “[...] massagem o trabalho irá, em primeiro lugar, ser dirigido para


as pressões constritivas no soma: a couraça muscular, visceral e dos
tecidos que tem suprimido a Personalidade Primária” - o "núcleo vivo", o
âmago da pessoa, estimulando e encorajando sua expansão. (Clover
Southwell, Cadernos de Biodinâmica, 1983, p.17) Uma vez que é uma forma
somática de intervenção, e por isso mesmo que seus efeitos vão além das

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reações de bem estar físico e relaxamento corporal, podendo compreendê-


los como efeitos Psicofisiológicos.

3.1.3. Efeitos Psicofisiológicos da massagem

A Massagem Biodinâmica afeta as respostas fisiológicas e psicológicas


e é através destas que objetivos terapêuticos como dissolver a neurose serão
atingidos, segundo Schenkman. (Schenkman, Rocilda. Texto Psicofisiologia da
Massagem, não publicado. São Paulo, 2011)

Na visão da Psicologia Biodinâmica a neurose surge da reação


emocional vegetativa não completada, ou seja, não ocorre a descarga da
energia vegetativa o que pode gerar um excesso de energia represada que se
chama de estase. Essa energia por sua vez gera uma força, uma pressão
dinâmica interna, uma tensão, mantida pela tensão muscular, esta quando se
torna crônica denomina-se “couraça muscular”, segundo Reich (Médico,
psicanalista, criador da Psicologia Corporal). De forma simplista pode-se dizer
que quando esta estase da energia ocorre nas vísceras temos a couraça
visceral e nos tecidos, couraça tissular.

Entendendo-se que o “tônus muscular de uma pessoa está intimamente


ligado a forma como ela se defende psiquicamente.” (Guaresi, 2011) E o como
uma pessoa se defende psiquicamente está intimamente relacionado à sua
estrutura de caráter. (GUARESI, Helen. Texto Fundamentos reichianos da
Massagem Biodinâmica, não publicado. Curitiba. Paraná, 2011)

As defesas psicológicas são ativadas para evitar o desprazer causado


pelas descargas vegetativas, segundo Boyesen. (1986, p. 45). “O que fazemos
quando recalcamos uma emoção é reprimir a aparição da descarga
vegetativa.” (ibidem, p. 45). “O ‘recalcamento’ quer dizer que a pessoa queria
evitar o desprazer nascido do conflito. Então a pessoa para o movimento
vegetativo do qual tem medo.” (ibidem, p. 47).

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Dentro da visão biológica e dinâmica da Psicologia Biodinâmica, ocorre


um processo de descarga fisiológica natural da tensão nervosa segundo
Boyesen (1983, p.85) através de reações/descargas vegetativas, sendo que
este processo é mais sutil que a ab-reação emocional. Chegando a considerar
que a descarga vegetativa é até mesmo mais importante do que a descarga
emocional. (Boyesen, 1986, p. 42). Sendo assim “possível dissolver a neurose
[Efeito Psicológico] até seu núcleo, sem passar pelo choro” (ibidem, p. 46), ou
seja, a descarga vegetativa seria suficiente.

“O representante corporal da emoção era [é], portanto, a descarga


vegetativa.” (ibidem, p. 42), precisando-se além de fazer reaparecer as
emoções, dissolver o conflito vegetativo. A autora considera a descarga
vegetativa o mundo-limite entre a psique e a soma.

As reações vegetativas são os tremores, mudanças de cor na pele,


náuseas, vômitos, sudorese e odores, reações abdominais como dores,
diarréias, taquicardia, tonteiras, gripes e dores de cabeça que podem ocorrer
durante ou posteriormente a massagem e os efeitos fisiológicos, são mudanças
no funcionamento do organismo como conseqüências das reações vegetativas,
são a mudança do ritmo da respiração, vasodilatação, melhora da circulação
dos fluídos e da microcirculação, ativação do sistema imunológico, melhora do
tônus muscular, diminuição de dores musculares e articulares, melhora de
sintomas de asma, problemas circulatórios, cardíacos, dores de cabeça,
insônia, problemas digestivos, ósteo-musculares e temporo-mandibulares,
segundo Schenkman (Schenkman, Rocilda. Texto Psicofisiologia da
Massagem, não publicado. São Paulo, 2011)

A massagem agindo no soma, no corpo, no músculo, tecidos e vísceras,


provoca reações e descargas vegetativas e consequentemente tem efeitos
fisiológicos, dissolvendo as tensões e completando-se o ciclo emocinal
vegetativo, e com isso flexibilizar a couraça e dissolver a neurose.

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E foi justamente o perceber que “algumas pessoas eram capazes de


resolver suas frustrações com harmonia interna – aparentemente vegetativas –
[que levou Gerda] a pensar na existência de um processo de auto-regulação do
organismo.” (Boyesen e Boysen, 1983, p.85)

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“Às vezes somos como os músicos aprendendo a exercitar


nossas mãos para “tirar o som” da peristalse” Rocilda
Schenkman (Psicoterapeuta Biodinâmica, SP)

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3.1.4. Auto-regulação

“Instrução e orientação vem de dentro.[...]


Vocês foram belamente criados,
possuindo sistemas próprios de
orientação. Confiem na orientação que
emana desse lugar dentro de seus
corações e mentes. Ouvir com o ouvido
interior requer prática, e é hora de
começar a escutar”.

(Maria, mãe de Jesus in Kirkwood)

A autora se permite trazer esta citação psicografada, pela abertura


encontrada nos escritos de Gerda Boyesen da Psicologia Biodinâmica,
referindo-se em muitos momentos a espiritualidade e por esta citação trazer
orientações que se não soubesse a autoria diria que eram da própria Gerda,
como quando diz que se possui “sistemas próprios de orientação” – sistemas
auto-reguladores ou a própria intuição tão presente no trabalho da Psicologia
Biodinâmica, ou quando diz confie nas orientações internas de dentro de seus
corações. Ouvir com o ouvido interior é o que em Psicologia Biodinãmica
convidamos “ouça com o coração”. E este trabalho é um convite para
desenvolver esta escuta e é esta escuta que a autora busca colocar em prática
para levar a pessoa a se auto- regular.

Pode-se dizer que a auto-regulação caracteriza a vida. Para entender-se


esta colocação vamos a raiz da Biologia, no texto de Rego “Emoção e Auto-
regulação” baseado nos conceitos do neurocientista Damásio. Nele refere-se
que “todos os seres vivos precisam ter alguma forma de auto-regulação para
não se decomporem e voltarem a ser matéria inorgânica” (a maior parte da
matéria inorgânica não tem essa característica de auto-regulação).Todos os
seres vivos têm a capacidade, estratégias e/ou mecanismos de auto-
regulação, desde as bactérias até os vírus porque se esse processo de auto-
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regulação não funcionar eles se decompõem e morrem.

Neste processo evolutivo, os animais além de terem a auto-regulação


básica que todo ser vivo tem, que é físico e química, têm uma auto-regulação
que é mediada por um Sistema Nervoso. Os animais desenvolveram este
sistema que capta sinais do mundo externo (Sistema Nervoso Periférico) e
processa essa informação (Sistema nervoso Central) e envia-as ao sistema
muscular (locomotor) para gerar uma reação, um comportamento. Existindo
assim, uma interdependência desses dois sistemas. Esse poder reagir, gerar
comportamentos, dá ao animal uma flexibilidade frente as situações, dá uma
possibilidade de estratégia de auto-regulação. Já na classe dos vertebrados
eles apresentam além da capacidade de auto-regulação, e do sistema nervoso
que lhes proporciona o movimento, um cérebro que lhes dá a capacidade de
ativação frente à situações de emergência e/ou estresse – capacidade de luta e
fuga, ou de entrar em estados menos ativados como para dormir. O sistema
que regula estes estados mais ativados ou menos ativados no organismo dos
vertebrados é chamado de Sistema Nervoso Autônomo e se subdivide em
sistema simpático e parassimpático.

Após esta sofisticação da modulação de auto-regulação dentro do reino


animal, entre os vertebrados, chega-se aos vertebrados e mamíferos com outra
capacidade de auto-regulação através da emoção, que definida de uma forma
específica e recente pela neurociência é um recurso biológico e adaptativo dos
mamíferos, um recurso modulador, segundo Damásio (ibidem).

São muitas as definições de emoção, e conforme a definição podemos


encontrar emoção até em seres unicelulares. Seria melhor dizer que as
emoções são uma forma de auto-regulação presentes nos seres vivos. A
emoção, tal como encontrada em humanos, é algo que temos em comum com
os mamíferos, tanto em termos de comportamento e de reações fisiológicas,
quanto de arquitetura cerebral.

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Esse tipo de emoção entendida como um processo corporal,


organísmico, um processo neurológico objetivo que modula as funções
fisiológicas, organizando o corpo para reagir frente à determinada situação.

Ao pensar-se numa biologia das emoções deve-se pensar no sistema


límbico que é a unidade cerebral funcional relacionada as emoções, que inclui
estruturas cerebrais (hipotálamo, hipocampo, tálamo, amígdala, os corpos
mamilares e o giro do cíngulo) que também estão relacionadas a auto-
regulação, como o hipotálamo e hipófise (ou glândula pituitária, esta que como
um maestro de orquestra controla as funções das demais glândulas
endócrinas). Estas glândulas que trabalhando “em conjunto são responsáveis
pelos 16 hormônios que regulam todos os aspectos do crescimento,
desenvolvimento, do metabolismo e “homeostase” física, mental e espiritual,
segundo Boyesen e Boyesen (1983, p.91), ou seja, desempenham o controle
interno do organismo. (p.27), tendo uma interrelação com o sistema nervoso
autônomo (simpático e parassimpático), aquele ligado ao funcionamento da
digestão, respiração,etc. Assim o que afeta as emoções acaba afetando o
sistema nervoso autônomo e consequentemente a auto-regulação do
organismo.

Lembrando que é “o cérebro [que] processa todos os pensamentos e


emoções e controla [tanto] as ações voluntárias conscientes [quanto] a
atividade automática não consciente dos órgãos”. (p. 23)

Num resumido panorama biológico do nosso ciclo de auto-regulação


podemos dizer que ele começa na auto-regulação básica, vai para o sistema
nervoso dos animais, acrescido do cérebro como outra sofisticação, tendo-se
as emoções como um desenvolvimento ainda maior de áreas no cérebro que
são capazes de modular vários estados cognitivos e de ativação corporal, e
chegamos a Consciência como mais um instrumento de auto-regulação,
segundo Damásio (in Rego), que para mostrar o quanto esta área está próxima
da área das emoções diz que nunca se tem consciência sem emoção.

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Para entender o fio da meada “Consciência – Auto-regulação” se faz


necessário falar um pouco mais das idéias de Antônio Damásio, pois o autor
apresenta idéias bastante semelhante a antigas concepções Reichianas,
segundo Rego (ibidem), estas que estabelecem relação entre a consciência e a
auto-percepção, e que retratam “o fundamento da concepção reichiana da
existência de uma unidade funcional entre o funcionamento somático e
psíquico.” (Rego, As idéias de Antônio Damásio) Como quando se refere a
propriocepção: o perceber o estado do próprio corpo. Inicia-se a perceber o
estado corporal, as sensações e sentimentos e a consciência passa receber
informações ou quando apresenta “uma visão que enfatiza o papel do corpo na
compreensão da consciência, da emoção e do senso de individualidade” [...], e
o priorizar “o papel da auto-regulação na dinâmica dos processos
neurofisiológicos que irão dar origem aos fenômenos mentais[...], . (Rego,
Porque Damásio)

Emoção - Auto-regulação /percepção - consciência

Para continuar entendendo e aprofundando o diálogo entre a


neurociência e a psicoterapia Corporal que Ricardo Rego estabelece leia
também os textos “As idéias de Antônio Damásio” e “Porque Damásio”.

Retomemos agora os Sistema Nervoso Autônomo que está diretamente


ligado as emoções, ele que diz respeito ao sistema simpático e parassimpático
(que são componentes eferentes), ou seja, eles levam os impulsos originados
em certos nervos até as vísceras, terminando em glândulas, músculos lisos ou
cardíaco. Os órgãos na sua maioria recebem dupla inervação (SNS e SNP) por
isso tanto podem ser excitados como relaxados, dependendo diretamente da
nossa emoção. Eles regulam (controlam) o funcionamento dos mesmos,
influenciando os estados emocionais.

As vísceras funcionam como termômetro que sintomaticamente dão


sinais de alerta quando estimuladas ou inibidas ou quando em desequilíbrio.
Preparando o organismo para ação.
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Geralmente o sistema simpático é ativado quando envolve dispêndio de


energia, como frente a um agente estressor, ativando o hipotálamo que por sua
vez ativa a glândula hipófise e a glândula adrenal, sendo liberados no
organismo vários hormônios (adrenalina e noradrenalina), também a tireóide é
ativada. Os hormônios liberados preparam o corpo para a reposta ao agente
estressor, causando diversas alterações fisiológicas como: aumento dos
batimentos cardíacos, dilatação das artérias coronarianas, brônquicos,
aumento do metabolismo basal, constrição dos vasos sanguíneos nos
membros diminuindo a irrigação de sangue, maior consumo de oxigênio,
aumento da glicose sanguínea e aumento da pressão arterial, diminuição da
saliva na boca, contrações do esôfago (o que provoca refluxo e dificulta a
digestão), aumento da secreção de ácido hidroclorídrico (que pode provocar
úlcera), contração dos músculos esqueléticos, podendo provocar cefaléia por
tensão, dores lombares, fadiga, e enrijecimento da musculatura contração da
musculatura lisa (como as da parede dos vasos sanguíneos, do intestino) o que
diminui o peristaltismo, fechamento dos esfíncteres, bem como alteração da
condutibilidade elétrica da pele, e de sua temperatura, ou seja, todos os órgãos
sensíveis ao sistema simpático são ativados ao mesmo tempo.

Estas reações fisiológicas muitas vezes são adequadas e necessárias


em muitas situações da vida, como frente a um perigo iminente, mas esta
reação de ativação é acionada com freqüência pelo ritmo da vida atual e
quando esta preparação do organismo não é utilizada e o estresse se torna
crônico leva a problemas de saúde sejam físicos, psicológicos ou
psicossomáticos, gerando angústias.

Já quando se está tranqüilo, fora de perigo, em estado de confiança


como durante um relaxamento ou quando se está recebendo uma massagem,
o simpático está desativado, e quem está envolvido geralmente é o sistema
parassímpático, responsável pela conservação de energia no organismo.

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O sistema parassimpático por outro lado, é o responsável pela


lentificação e relaxamento; fazendo a desaceleração. O sistema parassimpático
libera o neurotransmissor acetilcolina, através do nervo vago*, a acetilcolina
tem a qual tem função no sistema cardiovascular de vaso-dilatação, diminuição
da freqüência cardíaca, redução da força de constrição cardíaca e de aumento
da irrigação do sangue nos órgãos. É o sistema ligado ao indivíduo (interior), a
assimilação, a expansão, ao prazer. Produzindo respostas viscerais
importantes para a homeostase.

Neste contexto quando você relaxa, o coração bate mais devagar, pode-
se descarregar o excesso de energia e tensão, o diafragma relaxa e a
respiração se aprofunda, o intestino relaxa, as couraças se afrouxam, você
pode voltar sua atenção para dentro e começar a se auto-perceber melhor,
perceber a sua a respiração, barriga, o seu quadril, seu coração.

E são estes dois sistemas que ajudam a controlar a digestão. Com fibras
que chegam aos órgãos digestivos da parte não consciente do cérebro ou da
medula espinhal. Liberando acetilcolina ou adrenalina. A acetilcolina faz com
que os músculos dos órgãos digestivos se contraiam com maior intensidade,
empurrando o bolo alimentar e sucos digestivos através do trato digestivo. A
acetilcolina também estimula o estômago e pâncreas a produzirem mais suco
digestivo. A adrenalina relaxa os músculos do estômago e intestino e diminui o
fluxo sangüíneo nestes órgãos. As fibras intrínsicas (de dentro), formam uma
rede, cobrindo a parede do esôfago, estômago, intestino delgado e cólon e são
estimuladas pela distensão da parede dos órgãos pelo alimento. Liberam
inúmeras substâncias que aceleram ou retardam o movimento da comida ou da
produção de sucos digestivos. Sendo este um dos aspectos fascinantes do
sistema digestivo: a sua capacidade de auto-regulação.

E mesmo possuindo um mecanismo natural de proteção contra o


excesso de tensão, de auto-regulação, parece que desaprendemos a usá-lo,
desaprendemos a sentir os sinais do nosso corpo, desaprendemos a ouvi-lo.
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A auto regulação que é esta capacidade de eliminar os elementos do


stress do organismo se dá através do que Gerda Boyesen definiu de
psicoperistaltismo. Sendo que o sistema simpático inibe o peristaltismo e o
sistema parassimpático ativa o peristaltismo. O peristaltismo são ondas de
contração que levam o alimento para frente. É uma capacidade que músculos
lisos tem quando ativados pelo sistema nervoso, além do intestino, o uretér e
outras vísceras também possuem esta capacidade.

Para o ser humano, o fator-chave é a regulação da carga vegetativa - a


pressão emocional - por meio do psicoperistaltismo. Esse que é um
mecanismo natural de eliminação e regulação do corpo, um mecanismo de
ajustamento visceral como diz Boyesen e Boyesen (1983, p84). Uma descarga
suave ativada pela pressão dos fluidos no interior das paredes do intestino
(Pressão organísmica Interna). A psicoperistalse se refere a uma segunda
função da atividade intestinal, isto é, a capacidade de regular, dissolver e
eliminar produtos de pressão e tensão emocional através de descarga
metabólica – processo biodinâmico de relaxamento e dissolução da couraça
visceral pelo afrouxamento e descarregamento da manifestação do conflito.
(Boyesen, 1983, p87 e 115, Cadernos de psicologia Biodinâmica 1)

Estes sons, barulhos são ar e líquido que formam borbulhas, chamados de


ruídos hidro-aéreos, resultantes do movimento das vísceras. O movimento das
vísceras, por sua vez, ocorre quando hormônios são liberados no trato
gastrointestinal como reação à comida e/ou ação do sistema simpático e
parassimpático, pois a atividade visceral não se relaciona funcionalmente
apenas a presença de alimento no intestino, mas também com o equilíbrio
autônomo das vísceras, segundo Paul Holman. (1983, p. 109)

Os sons do movimento visceral ocorrem no momento de encontro, se


assim pode-se dizer, do sistema simpáticos com o parassimpático. Quando os
intestinos passam da tensão para o relaxamento e voltam a se movimentar.
Assim podemos pensar numa relação entre a motilidade das vísceras e a

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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quantidade de sons produzidos. (Leia mais no capítulo Mudanças Fisiológicas


em Psicoterapia, por Paul Holman nos cadernos de psicologia Biodinâmica 1)

Nas massagens pode-se utilizar um estetoscópio colocado sobre o ventre


como guia do processo para ouvir o som do psicoperistaltismo. Estes sons,
barulhos são ar e líquido que formam borbulhas, chamados de ruídos hidro-
aéreos. Quando ouvimos os barulhinhos,

“a peristalse está aberta indicando que o sistema nervoso parassimpático está


mais ativado e o sistema simpático está diminuído. Se for o contrário, o simpático
ativado o peristaltismo é inibido. Quando o sistema parassimpático está mais ativado
indica diminuição ou eliminação do estado de alerta, ansiedade ou desconfiança.
Podendo-se pensar em um parâmetro objetivo, organísmico, que permite inferir um
estado psicológico da pessoa. Ou seja, se o peristaltismo está aberto, significa que o
parassimpático está predominando, indicando que o medo, a ansiedade, o alerta e a
desconfiança foram aplacados. Então você está fazendo algo no organismo da
pessoa que dá esse efeito de diminuir o estado de desconfiança dela. Isso é bom,
porque, para a terapia é o estado que interessa. A pessoa fica mais aberta para
entrar em contato com o próprio organismo, não está tensa e ansiosa (o que faz
fechar as couraças).” (Rego, 2006)

Podendo-se dizer que o conteúdo emocional está sendo digerido através


do Canal alimentar também chamado de Canal emocional ou Canal do ID.

Gerda descobriu que quando não se tem sons no estetoscópio a Peristalse


está fechada, não há movimento, a pessoa está tensa, carregada. Mas:

“...é comum o cliente se beneficiar do tratamento sem que o terapeuta


obtenha sons no estetoscópio. Às vezes é preciso várias sessões para que a
pessoa atinja um estado de segurança e relaxamento necessários para a
abertura da psicoperistalse. É possível também que o cliente esteja num
estado oceânico, vivenciando ondas de prazer em seu corpo, um
relaxamento profundamente terapêutico, sem que o terapeuta receba sons
pelo estetoscópio. Por isso é importante que o terapeuta não se torne
obcecado pela produção de sons através de seu toque, e observe outras
respostas dadas pelo cliente.” (texto Massagem de Escoamento – Site
Instituto de Psicologia Biodinâmica)

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A terapia Biodinâmica procura restaurar esta perda ou diminuição da


capacidade de auto-regulação, busca restaurar a peristalse intestinal,
mobilizando o sistema nervoso autônomo parassimpático afrouxando
(dissolvendo) as couraças, sejam muscular, visceral ou tissular e assim
acessando conteúdos emocionais reprimidos e possibilitando a descarga
vegetativa do excesso de energia e tensão desses resíduos emocionais
(conflito). (Boyesen, 1983, p87 e 115, A teoria Biodinâmica da Neurose.
Cadernos de psicologia Biodinâmica 1)

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3.2. Musicoterapia: música e relaxamento

3.2.1. Definição de Musicoterapia

Percorrendo várias definições apresentadas por Bruscia (2000),


encontram-se termos e expressões que retratam o olhar da autora.

A musicoterapia é uma disciplina que estuda as relações do homem com


a música e as utiliza como uma forma de tratamento, sendo considerada como
uma forma de psicoterapia, com seus métodos e técnicas próprios, faz uso do
corpo, do movimento, da música, dos fenômenos sonoros [podendo considerar
os sons peristálticos/ sons corporais, como fenômenos sonoros] e do verbal
para ajudar a pessoa a resolver problemas e aumentar seu potencial de bem
estar.

Além de uma disciplina, assim como a música e a medicina, a


musicoterapia é uma arte e uma ciência e um processo intra e interpessoal
“sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o cliente a promover a
saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem
através delas como forças dinâmicas de mudança.” (BRUSCIA,2000, p. 22)
Proporcionando atividades que supõe a criação de sensações ou de estados
de espírito, de caráter estético que carregam a vivência pessoal e que dizem
respeito, segundo Bruscia (2000,p.12), a subjetividade, a individualidade, a
criatividade e a beleza e como ciência por sua vez se relaciona com a
objetividade, com a universalidade, reprodução e verdade, e enquanto um
processo interpessoal, ela se relaciona com a empatia, a intimidade, a
comunicação, a influência recíproca e com os papéis na relação.

Assim como a Psicologia Biodinâmica a autora considera a


Musicoterapia uma abordagem sistêmica, pois afeta o homem de forma total
como será mostrado, que utiliza diversas formas de intervenção das linguagens
não verbais, musical e corporal e da linguagem verbal, segundo o
musicoterapeuta Carlos Fregtman (1989) através das suas diferentes

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técnicas/métodos (BRUSCIA, 2000), como as Técnicas Ativas (Experiências


Re-criativas, Experiências de Improvisação,Experiência de composição, etc) e
as Técnicas Receptivas (Escuta somática, relaxamento musical, escuta
subliminar, escuta imagística: Imagem musical dirigida/Imagem musical não
dirigida, etc)

Assim na Musicoterapia utiliza a música, os sons, ritmos, melodias,


timbres, os instrumentos musicais, o corpo, os movimentos corporais, a voz, a
fala, as experiências musicais (experiências da pessoa com a música)
Receptivas ou Ativas e as relações que se estabelecem entre esses elementos,
como forma de intervenção terapêutica para atingir um auto-conhecimento, as
necessidades de cada pessoa e para restabelecer o livre fluxo da energia
psíquica.²

3.2.2. Música

"Toda alma é uma música que toca." Rubem Alves

A autora buscou definições que sejam coerentes com suas premissas e


prática para este trabalho, assim compreende e utiliza a música como
expressão corporal (Aberastury in Fregtman, 1989) e considera que música e
movimento estão em constante interação, segundo Dalcroze citado por Berge
(1975). E quando a autora pensa em movimento não está pensando apenas no
movimento externo do corpo, mas sim também no movimento psíquico e
fisiológico que a música proporciona.

Como diz Maria Fux (1983, p.51), bailarina argentina criadora do método
de dançaterapia, “não é possível compreender a música sem a experiência da

² Entendendo-se, segundo a Psicologia Biodinâmica, que a energia psíquica é a


bioenergia, uma energia biológica, uma realidade fisiológica no corpo, assim a bioenergia está
intimamente relacionada tanto aos processos fisiológicos quanto mentais. (Maître in Boyesen,
1986, p15)

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mobilização corporal”; considerando que o principal instrumento do homem é


seu corpo (o que o renomado Musicoterapeuta Argentino, Rolando Benenzon
também considera) e que não se pode fazer outras pessoas sentirem um
trabalho com a música sem se ter uma experiência de sensibilização corporal,
pois o efeito da música sobre o corpo é o de sensibilizá-lo; mobilizá-lo, o qual
responde sem teoria e dá uma contestação viva e comunicante.

Com referência nos estudos da dinâmica do Complexo Som-Ser


Humano-Som, apresentado pelo Musicoterapeuta Argentino Rolando
Benenzon (1988), tem-se uma forma de entender como o ser humano se
relaciona e é atingido pela música e o feedback que acontece numa espécie de
círculo infinito que se inicia por um estímulo. E o ser humano é um dos
estímulos sonoros, é um produtor sonoro, um reprodutor, um gerador de
estímulos e um exteriorizador da sua sonoridade interior, como pelos
sons/ruídos da peristalse.
Através desde “complexo” pode-se visualizar o processo que se
estabelece da produção do estímulo sonoro (sendo aqui considerado a música
pronta executada e os sons do corpo – ruídos intestinais), passando pelos
sistemas Unificadores do corpo como chama o autor (Auditivo, de Percepção
interna, Tátil e Visual) e que irá repercutir no Sistema Nervoso, chegando-se as
diferentes respostas possíveis ao som.
As reações/resposta provocadas pela música são sinestésicas, ou seja,
sensações percebidas por um sentido devido ao estímulo de outro (motor,
tátil,visual). Nas sinestesias, o sistema límbico cerebral (responsável pelas
emoções como explicado no capítulo anterior) possibilita que os centros visuais
também respondam a música. As sensações sentidas no corpo são o resultado
de um fenômeno físico³. E as impressões que transmitem e causam são o que
leva as atribuições afetivas. Através das áreas associativas do cérebro,
podemos ouvir, ver e sentir a música. A música pode ser captada

³O som são ondas sonoras, é um fenômeno físico e as ondas sonoras são energia e, portanto,
podem ser captadas, canalizadas e reconstruídas.

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multissensorialmente e como resposta, a música pode proporcionar canais


multissensoriais de saída.
Sendo a música sistêmica podemos compreender porque a autora
considera a Musicoterapia sistêmica, pois como diz Benenzon (1988, p.15) “o
ser humano ; não é corpo e mente ou corpo mais mente, nem psique e soma
ou psique e alma, nem matéria e espírito; é um todo; e a Musicoterapia [...] é a
técnica que mais se dirige a totalidade do indivíduo”.
A música, como dito anteriormente, em Musicoterapia é utilizada através
dos seus métodos e técnicas e aqui nos deteremos principalmente nas técnicas
Receptivas (Escuta somática, relaxamento musical, escuta subliminar, escuta
imagística: Imagem musical dirigida/Imagem musical não dirigida) que
possibilitam a experiência de ouvir música - a escuta musical (utilizando música
de gravações comerciais de diversos estilos) que influenciam aspectos
emocionais, físicos, intelectuais, estéticos ou espirituais.
As técnicas são utilizadas de várias formas elementares e combinadas
entre si para promover a receptividade à música, sensibilizar, mobilizar e
evocar respostas corporais específicas como o relaxar; evocar estados e
experiências afetivas, lembranças, reminiscências, regressões, evocar a
imaginação ou explorar, temas, idéias e pensamentos, proporcionando auto-
percepção. A música é utilizada em Musicoterapia como uma forma de
intervenção somática e simbólica, onde a pessoa recebe o som/música através
do corpo, apreende o som/música através da psique, se ouve/percebe e o
outro através do som/música, revivem suas experiências e lembranças e
pensam através do som/música.
E de forma ainda mais específica será abordada o relaxamento musical
o qual possibilita trazer à tona a reação de relaxamento como intervenção com
o objetivo terapêutico de levar [a pessoa] ao encontro de seu próprio processo
natural de cura, acionando os recursos internos [da pessoa...], segundo Bruscia
(2000,p.271) O que Bruscia (ibidem) considera como a utilização da
Musicoterapia numa práticas de cura, onde as experiências musicais e as
relações que se desenvolvem a partir delas são para curar a mente, o corpo e
Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011
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o espírito; para induzir a auto-cura, ou auto-regulação segundo a Psicologia


Biodinâmica.

Sendo a música essencial no processo musicoterápico, existem fatores


importantes a serem considerados quanto a utilização desta no processo,
segundo a autora baseada na visão de Bruscia (2000) da Musicoterapia.

O primeiro considerado é que a música em Musicoterapia é uma


“experiência sonora-musical”, ou seja, a terapia não depende exclusivamente
da música, mas da experiência que a pessoa vivencia com ela; segundo, a
definição de experiências musicais se baseia nos “contextos clínicos” em que
são trabalhadas, fundamentos teóricos da Musicoterapia, da clínica, da música,
nos objetivos terapêuticos, no processo sistemático de intervenção, existindo
procedimentos, não sendo uma série aleatória de experiências.

Terceiro, para ser Musicoterapia a música como ou na terapia precisa


ser utilizada por um terapeuta qualificado. Quarto, “a música e o terapeuta
combinam seus recursos” para possibilitarem a pessoa empatia, compreensão,
reconhecimento e reparação, para desenvolverem auto-expressões verbais e
não-verbais, interações e comunicações, [...] insights [...], para motivação e
auto-transformação; e para [...] intervenção direta”. (Bruscia, 2000, p.23)

Quinto, ”a relação terapeuta” – cliente e cliente-música tem significação


central no processo terapêutico, sendo necessário empatia, compreender o
outro, reconhecê-lo. Sexto, “ajudar a pessoa a se relacionar com a música”.
Sétimo, “que “a Música não é apenas um som não-verbal”, ela pode incluir
palavras, movimento e imagens visuais.” (BRUSCIA, 2000,p. 71)

E oitavo, “o ouvir música” é um processo de exploração da música e de


si mesmo, pois envolve o que ouvir, como ouvir, o significado da música e as
reações a ela. Muitos outros fatores poderiam ser citados como a necessidade
para que a pessoa precisa ouvir música, estimular, refletir, relaxar ou o
momento da sessão e do processo terapêutico em que vai ser utilizada.

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As descrições destes fatores não seguiu necessariamente uma ordem


hierárquica.

A música na Musicoterapia, assim como a massagem na Psicologia


Biodinâmica pode ser utilizada ao longo de todo processo terapêutico:

 numa sessão inteira, no início da sessão, no meio ou no fim para


organizar, dar holding, fazer uma limpeza, quando se esta sem
energia ou desvitalizado, para trazer um tema ou sensibilizar,
para abrir canais de comunicação psicossomáticos; para
harmonizar, integrar ou centrar; para trabalhar um conteúdo,
mobilizar (material latente); fazer conexões entre várias parte do
self, do corpo ou entre o self e o não-self, segundo Bruscia (2000,
p.73). Pode ser utilizada ao mesmo tempo em que se reflete
sobre o tema ou reação Psicofisiológica despertada; de forma
ocasional como doses homeopáticas pensando-se na premissa
de que o pouco é muito; ou como centro do trabalho em certas
fases do processo para proporcionar relaxamento e aprofundar
temas específicos.
E também para trabalhar questões:
 como a relação terapêutica ([...]a música é usada não somente
por suas propriedades curativas, mas também para intensificar os
efeitos da relação terapeuta-cliente ou de outras modalidades de
atendimento” [...]) (Bruscia,2000, p43);
 como a energia (harmonização e integração, vitalização,
drenagem e injeção e trabalho com o campo energético. “É desta
matéria que o corpo é feito e a música é composta”(Eagle e
Marsh in BRUSCIA, 2000, p.146);
 relacionadas ao psiquismo (mobilização de emoções,
sentimentos, imagens e memórias; tolerância ao prazer; para
facilitar a propiocepção4 e consciência corporal);

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 das defesas psíquicas– afrouxamento das couraças (muscular,


tissular e visceral) através do relaxamento musical;
 do equilíbrio psíquico- “De forma análoga, as respostas daquele
que escuta a música fornecem uma representação do ouvinte e
de como ele se relaciona com o mundo do eu, com o outro e com
o objeto”.(BRUSCIA, 2000, p 151);
 como a ansiedade muito elevada;
 e para desencadear o mecanismo natural de cura, auto-
regulação.

3.2.3. Efeitos Psicofisiológicos da Música

“A música em Musicoterapia exerce um papel fundamental no processo


terapêutico, algumas vezes servindo como uma parceira do terapeuta e, em
outras, facilitando ou induzindo mudanças [na pessoa][...]” (Bruscia,2000, p.42-
43).
Assim procura-se deixar claro que a música não é utilizada
aleatoriamente, pois ela não é inofensiva, seus efeitos podem ser saudáveis e
ou prejudiciais quando entram em nossos corpos, como diz Steven Halpern (IN
Banol, 1993, p.49). Ela é utilizada com “intenção” terapêutica, sensibilizando e
mobilizando para proporcionar diferentes efeitos como já visto, e neste trabalho
especificamente para proporcionar efeitos saudáveis ao organismo, entre eles
o efeito de relaxamento e auto-regulador.

3.2.4. Relaxamento:

Para contrapor o stress da vida diária cada um de nós possui um processo


natural contra o excesso de tensão que é a reação de relaxamento,ou seja um
mecanismo de auto-regulação como já vimos, que melhorando o bem-estar

4 - Segundo Benenzon (1988), um sistema de percepção interna, um conjunto de receptores que detectam tudo

quando ocorre no interior do corpo (reações sejam ao toque, a posição corporal ou a música).

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físico-emocional, melhora a auto-estima, a motivação para vida e para


produzir.

O efeito da música vai além das influências emocionais e psíquicas influenciando


sobre as respostas hipotalâmicas, no equilíbrio neurovegetativo e na homeostase.
Podendo ocorrer ressonância entre os órgãos e a música ouvida, a ressonância tem
uma dimensão neuroendócrina e física, como estímulo tátil sinestésico - Associação
espontânea (e que varia segundo os indivíduos) entre sensações de natureza
diferente mas que parecem estar intimamente ligadas. (P. ex.: para certas pessoas,
um som determinado evoca uma cor determinada ou um perfume particular etc.)
Retórica Associação de palavras ou expressões que combinam sensações distintas
numa impressão única; cruzamento de sensações. (Ex.: voz [sensação auditiva] doce
[sensação gustativa] e macia [sensação tátil]) (Dicionário onlie de Português. Disponível

em:http://www.dicio.com.br/sinestesia/. Acesso em: 22 de julho de 2011)

No stress ativa-se o sistema simpático normalmente, e na reação de


relaxamento o sistema parassimpático,e com a ativação deste possibilita-se a
homeostase e a ativação da peristalse, diminuindo a angústia e a emotividade,
o que proporciona a unificação dos elementos do coração, um retorno a sua
natureza.

3.2.5. Reação de Relaxamento (Fisiologia do Relaxamento):

A reação de relaxamento é um estado hipometabólico onde pela ação do


sistema parassimpático, segundo Greenberg (1999): A pressão sangüínea, os
batimentos cardíacos, a tensão muscular e o colesterol sérico são rebaixados;
o que afeta outros estados fisiológicos como pode se vir a seguir.

Alterações dos sistemas orgânicos:

 Sistema Respiratório: O nº de respirações por minuto diminui, os ciclos


respiratórios se prolongam, a amplitude pulmonar aumenta;
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 Sistema Gastrointestinal: O comportamento geral dos movimentos do


trato digeativo se processa suavemente;
 Sistema Hormonal: Redução do colesterol sangüineo, normalização da
função tireoidiana e redução da secreção de cortisona pelasupra-renal;
 Sistema Nervoso: Intensificam o ritmo de ondas alfa (de 8 a 12 ciclos
por segundo), podendo-se observar seqüências de ondas teta (resposta
simpática cerebral como ajuste a uma pulsação externa). Isso quer dizer
que se atinge um estado mais profundo que o sono profundo, é um
estado entre o sono profundo e a vigília que permite o contato com o
subconsciente e com o inconsciente. Neste momento podem aparecer
as imagens mentais que possibilitam o tratamento emocional. Equilíbrio
na atividade dos dois Hemisférios Cerebrais. Resultados confirmados
por eletroencefalogramas;
 Sistema Nervoso Autônomo: O Sistema Parassimpático geralmente
está envolvido com a conservação de energia como durante o
relaxamento;
 Sistema Muscular: Diminuem as tensões neuro-musculares.
 Sistema Epitelial: O relaxamento afeta a condutibilidade elétrica da
pele e sua temperatura – Resposta Galvânica Cutânea / RGC;
 Sistema Imunológico: Aumenta a mobilidade e a eficiência dos
glóbulos brancos melhorando o sistema imunológico.
E na Musicoterapia uma das formas de ativar o sistema nervoso autônomo
parassimpático e possibilitar o estado de relaxamento influenciando todos estes
sistemas é utilizando o Relaxamento Musical.

3.2.6. Relaxamento Musical ou Psicoacústico

O Relaxamento musical, segundo Bruscia (Musicoterapeuta, Phd,


professor do curso de Musicoterapia da Philadélphia, U.S.A., 2000), “é a
utilização da escuta musical para reduzir o stress e a tensão, reduzir a

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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ansiedade ou aumentar o condicionamento contra a ansiedade, induzir o


relaxamento corporal, ou facilitar a entrada em estados alterados de
consciência”.

Por esta razão a autora utilizou-se especificamente desta técnica


musicoterápica receptiva, já citada anteriormente, a qual possibilita trazer à
tona a reação de relaxamento como intervenção para homeostase do
organismo, ou seja, para auto-regulação segundo a Psicologia Biodinâmica.

Relaxar o corpo, flexibilizar as couraças é o efeito que se quer atingir. O


Relaxamento através da utilização da música é um fenômeno psicoacústico e
ele é possível porque a música ou nos arrasta ou nos encadea com o seu
pulso, segundo as Leis físicas da transferência e da Ressonância 5 (Banol,
1993), além é claro dos outros processos neurofisiológicos já referidos.
Além do próprio relaxamento (entendido não só como descontração
muscular mas também psíquica e emocional) a música produz outras respostas
orgânicas (o rubor e as secreções diversas), respostas vegetativas
(peristaltismo), respostas motrizes (gestou e/ou movimentos), respostas
emotivas (chorar, rir, gritar de raiva), verbais, respostas que comunicam. Estas
respostas se interrelacionam e fecham o círculo do Complexo Som-Ser
humano-Som, proposto por Benenzon (1988), se tornando elas próprias novos
estímulos.
O relaxamento musical associado a “escuta somática”, outra técnica
musicoterápica receptiva, pode influenciar diretamente o corpo para
estabelecer sincronismo com as respostas tanto voluntárias como autônomas.

5
“Lei da Transferência: Devido a esta lei física, conforme descrita por Itzhah Bentov em Stalking the Wild Pendulum

(Dutton, 1977), um ritmo externo irá automaticamente sobressair sobre seu ritmo interno (do seu coração ou da sua respiração,
por exemplo). Isto significa que músicas com uma batida rápida inevitavelmente fazem com que seu coração bata mais rápido.
Músicas com uma batida, ao contrário, podem levar o corpo a relaxar. Lei da Ressonância: É o fenômeno pelo qual uma entidade
vibracional (diapasão, corda de violão, sino), faz com que uma outra entidade suscetível de vibrar (como o corpo humano) ao
receber a ação periódica, adote o período desta, ou seja, vibrando quando suas respectivas freqüências se igualem.

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34

Pode-se entender o relaxamento musical como modalidade de música na


terapia e a música na terapia, segundo Bruscia (2000, p 43):

“ é usada não somente por suas propriedades curativas, mas também para
intensificar os efeitos da relação cliente-terapeuta ou de outras modalidades
de tratamento (por exemplo, a argumentação verbal,[ a massagem]). Aqui a
música não é o agente primário de mudança e sua utilização depende do
terapeuta. Nesta perspectiva o principal objetivo do terapeuta é atingir as
necessidades do cliente através de qualquer meio que pareça mais
relevante ou adequado, seja a música, a relação ou outras modalidades
terapêuticas.”

Bruscia (2000, p.217) ainda diz que a utilização da música, no que


denomina de “música na cura” inclui o Trabalho corporal e energético com
música, que é a utilização da música em métodos de cura como [...] o de
Massagem Terapêutica [...].” Com estes fundamentos de Bruscia a autora vai
direto para a sua proposta de integração da técnica musicoterápica receptiva
de relaxamento musical e das técnicas de massagem biodinâmica.

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35

3.3. Integração de técnicas da Psicologia Biodinâmica e da


Musicoterapia para proporcionar auto-regulação: Massagem,
música e relaxamento

[...] estas técnicas se tornaram uma única abordagem


e era como se eu tocasse diferentes melodias sobre
um mesmo piano. (Boyesen, 1986,p.105-106)

E foi exatamente por pensar assim o que levou a autora escrever sobre esta
integração. Depois de percorrer alguns fundamentos teóricos de ambas as
ciências, suas especificidades, aplicações e resultados e fazer breves
interligações; neste capítulo a autora pretende expor outros aspectos da teoria
para que haja um entendimento ainda mais amplo desta possibilidade de
integração, apresentando para exemplificar na prática esta possibilidade um
estudo de caso.

Ao longo do seu trabalho enquanto Musicoterapeuta e Psicoterapeuta


Corporal a autora vem integrando tanto na teoria quanto na prática ambos
conhecimentos e técnicas, buscando o embasamento que caracterize uma
abordagem, tendo como princípio que as relações do homem com a música
sempre estiveram interligadas com a experiência do corpo.

No artigo intitulado Musicoterapia Corporal, LORENZETI e ZANCHETA


profissionais musicoterapeutas (Sakai, 2004), citam autores que fazem
referência ao corpo como um instrumento musical emissor e receptor de
mensagens. E o uso do corpo como instrumento musical, produtor de estímulos
sonoros e de respostas psicofisiológicas, pode ser aplicado no campo da
neurose para desbloqueio destas, segundo Benenzon (1988). Assim como na
Psicologia Biodinâmica se diz que a Massagem Biodinâmica afeta as respostas

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


36

fisiológicas e psicológicas e através destas objetivos terapêuticos como


dissolver a neurose podem ser atingidos.

Utilizar a música (o relaxamento musical) junto com um método de cura,


neste caso a massagem biodinâmica, vai intensificar os efeitos de ambas
modalidades de tratamento; uma vez que de forma sistêmica a música e a
massagem afetam o organismo humano abrindo a peristalse para atingir o
principal objetivo do terapeuta que é atingir as necessidades do cliente,
desbloqueando e dissolvendo as tensões de seu tônus muscular, sua neurose,
que está intimamente ligada a forma como a pessoa se defende
psiquicamente, a sua estrutura de caráter, a forma de seu corpo.
Corpo este que também se expressa, que canta, dança, ouve, reflete, que
movimenta sua energia psíquica (esta que está no corpo). O corpo e a música
em terapia se irterligam. E nesta relação e interrelações música, corpo e
terapia têm-se a possibilidade de integração das técnicas receptivas
(Relaxamento Musical) da Musicoterapia e das técnicas de massagem da
Psicologia Biodinâmica.

Falar de Musicoterapia e de Psicologia Biodinâmica é também pensar em


uma série de metodologias e técnicas a serviço da comunicação, seja
intrapsíquica ou extrapsíquica, ou seja dentro das estruturas da dinâmica
psíquica ou com o outro. A música e seus elementos (sons, ruídos, ritmos,
etc.), o corpo, seus sons, movimentos e gestos e a massagem são formas de
comunicação-não verbal.
A integração destas técnicas proporciona, num espaço seguro, que a
pessoa, ouça música, cante, se movimente (ação), imagine, relembre, relaxe,
reflita, entre em contato com sensações e/ou estados de espírito, com
sentimentos e emoções, incentivando sua criatividade, expressando aspectos
de sua vivência pessoal e única e se auto-regule. Um espaço onde a pessoa se
expressa e põem em evidência aquilo que é, quem é (Personalidade Primária
para a Psicologia Biodinâmica), abre portas internas, abre-se à sua existência,
ao prazer, ao progresso, ao seu potencial e espontaneidade, à transformação.
Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011
37

A pessoa sente, percebe e reage (fisiologicamente e psicologicamente) as


intenções colocadas no toque e na utilização da música. Toma consciência de
si, se ouve, ouve seu corpo, seus desejos e necessidades, sua música, seus
ritmos, seus pensamentos e sentimentos, conscientizando o que estava
inconsciente. Utilizando intervenções do campo musical, artístico, como
também verbal, corporal e/ou intervenções somáticas como a massagem,
conforme a necessidade e as possibilidades de cada pessoa.
Para lidar com todos estes aspectos e aprofundar esta abordagem
terapêutica, abordando a relação do homem - corpo com a música -
instrumento musical, como um agente mobilizador e transformador, incluindo
atividades corporais, como exercícios respiratórios, expressivos, toques,
massagens, e elaborações psíquicas foi preciso alguns princípios teóricos que
fundamentassem.

Seguem-se então, de forma resumida, diretrizes fundamentais da


Psicologia Corporal para este trabalho: a compreensão de que o homem é o
seu corpo; de que este corpo também é o seu inconsciente (tudo aquilo que
somos e não sabemos); de que existe uma unidade do ser (corpo-mente-
espírito); de que existe uma energia orgânica/biológica, a bioenergia; que o
corpo (de forma mais específica a musculatura) tem papel essencial no
funcionamento psíquico, e um processo de contração muscular, de rigidez em
função de uma emoção reprimida (recalcada) provoca uma estase energética,
o que Willian Reich (1897-1957) chamou de couraça muscular ou couraça do
caráter, pois designa um mecanismo psíquico ancorado materialmente no
corpo, em especial nas tensões musculares crônicas, segundo Rego (2010).

Este mecanismo de defesa, a maneira habitual de agir e reagir, de


pensar e sentir de uma pessoa, seu comportamento característico (andar,
expressão, facial, postural, falar, etc), o seu comportamento que é sempre
expresso por uma atividade neuromuscular, possibilita conhecer sua identidade
funcional, seus traços de caráter ou caracteriológicos; serve como proteção do
ego contra ameaças e frustrações externas. Tem um fator que determina sua
Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011
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origem, tem um desenvolvimento, uma história, características físicas e uma


dinâmica psíquica. E prestando atenção a esta forma (modos crônicos de agir)
e não apenas ao conteúdo, torna-se possível evidenciar as resistências de
caráter que derivam deste jeito de ser da pessoa e que será preciso lidar com
elas em terapia de maneira adequada, sistemática e consistente para dissolvê-
las.

O trabalho terapêutico é de análise do caráter, utilizando a leitura


corporal, o olhar este corpo, vendo seus gestos, a aparência, as posturas,
prestando atenção à forma de agir, de falar, o tom de voz e intervenções
corporais como, toques físicos, massagens, movimentos corporais expressivos,
exercícios de respiração, associação de movimentos que visam modificar as
tensões musculares, o tônus muscular, flexibilizando a couraça muscular, de
caráter, eliminando o recalque, liberando a energia vegetativa (bioenergia) e
facilitando o acesso ao material inconsciente, tendo assim um efeito
psíquicofisiológico.

Compreende-se dentro desta abordagem que a saúde é um equilíbrio


relacionado com a capacidade de conter, agir ou expressar, tencionar e relaxar,
expandir, amar e sentir raiva, angústia e prazer, relacionado com a capacidade
de se auto-regular para a Psicologia Biodinâmica.

Para Carlos Daniel Fregtman, musicoterapeuta argentino (1989, p.17)


“integrar a música à terapia é integrar o corpo, porque a música é feita, dita,
tocada e cantada como manifestação corporal”, propondo que a Musicoterapia
trabalha em três níveis ou linguagens (musical, verbal e corporal) que resgatam
“o papel e a importância do corpo e de seus sons no processo terapêutico”
(p.48). Podendo-se entender estes sons do corpo como os sons da peristalse
e que sua importância no processo terapêutico deve-se a toda concepção de
corpo apresentada neste trabalho, a sua função como instrumento musical e
sua função na auto-regulação.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Como disse Alexander Lowen, criador da Abordagem Corporal


Bioenergética (1988,p.235) “Não preste atenção à máscara, mas ouça o som,
pois vem dali o que você quer conhecer de uma pessoa.” Ouça o coração,
ouça a verdade interior, as sonoridades, as musicalidades corporais.
“Junto com as nossas emoções, estão nossas músicas”, no corpo, como
Marly Chagas (Musicoterapeuta e Psicóloga carioca) disse em uma palestra.

Retomando-se o conceito de auto-regulação, que segundo a Psicologia


Biodinâmica, é a capacidade inerente e natural que o organismo saudável tem
de manter e buscar a homeostase, o equilíbrio, o poder de exprimir, de
resolver e digerir até mesmo violentos choques emocionais.

E também o conceito de Relaxamento musical, que segundo Bruscia


(Musicoterapeuta, Phd, professor do curso de Musicoterapia da Philadélphia,
U.S.A., 2000), “é a utilização da escuta musical para reduzir o stress e a
tensão, reduzir a ansiedade ou aumentar o condicionamento contra a
ansiedade, induzir o relaxamento corporal, ou facilitar a entrada em estados
alterados de consciência”. Além do Relaxamento Musical, outras experiências
musicais utilizadas no processo Musicoterápico, como a Escuta Meditativa, a
escuta subliminar, a escuta para a estimulação, reminiscências com musicas e
/ou canções e lembranças induzidas com musicas e /ou canções, pelo prazer o
descarga emocional que mobilizam podem incentivar o psicoperistaltismo e
consequentemente proporcionar a auto-regulação.

Pode-se então considerar depois de toda perspectiva apresentada, que


a Musicoterapia através do Relaxamento musical pode flexibilizar, desbloquear
e auto-regular o organismo e ao incentivar o psicoperistaltismo, através do
Relaxamento Musical integrado as técnicas de massagem Biodinâmica,
potencializa-se o caminho em direção à auto-cura, a auto-regulação plena da
energia organísmica.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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O maior presente que alguém me pode dar é


Ver-me,
Ouvir-me,
Compreender-me e
Tocar-me.
O maior presente que eu posso dar é
Ver,
ouvir,
entender e
tocar o outro.
Quando isso acontece,
Sinto
Que fizemos contato.
(Virgínia Satir, 2000)

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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4. ESTUDO DE CASO do paciente L.H.

“Escrevo continuamente sobre sermos


responsáveis e inocentes em relação ao que nos acontece. Somos autores
de boa parte de nossas escolhas e omissões, audácia ou acomodação, nossa
esperança e fraternidade ou nossa desconfiança.[...] Mas somos inocentes das fatalidades e
dos acasos brutais
que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideais. De
modo que minha perspectiva do ser humano, de mim mesma, é tão
contraditória quanto, instigantemente, somos.”

(Lya Luft,2003)

Este é um resumo do estudo de caso (O processo terapêutico descrito


refere-se a 100 horas de atendimento) que foi desenvolvido como conclusão do
módulo “Massagem Biodinâmica” da Formação em Psicologia Biodinâmica
(2006-2010), onde foi proposta a integração: Das técnicas de Massagem
Biodinâmica e das técnicas de Musicoterapia. Tendo esta integração como
objetivo, a auto-regulação de pessoas com deficiência física em processo de
reabilitação.

O caso escolhido traz o relato de uma história pessoal de um adolescente -


LH (dos 15 aos 21 anos) que sofreu um grave acidente (acaso brutal?
Fatalidade? Talvez.) que mudou o rumo de sua vida, uma lesão medular6
“traumática”. Sofreu um acidente por mergulho em água, quando estava em
férias de verão, em 2004. Apresenta diagnóstico de lesão raquimedular, no
nível de C5, com paralisia espástica leve a moderada. Seu quadro de
tetraplegia é incompleto, pois o deixa sem os movimentos das pernas mas com
movimentos parciais (mínimos) de membros superiores e todo um quadro
6
Uma Síndrome incapacitante que ocasiona perturbações tanto físicas, distúrbios fisiológicos e
neurovegetativos - do sistema vegetativo do corpo abaixo da lesão (alterações da motricidade e sensibilidade
superficial e profunda, Úlceras por Pressão, Disfunção Urinária, Disfunção Intestinal, Disreflexia Autonômica,
Trombose, Embolia Pulmonar, Siringomielia) como psicológicas (Distúrbios do Humor – ansiedade e depressão). Pois
a medula que no organismo é um centro regulador que controla importantes funções como a respiração e a circulação,
a bexiga, o intestino o controle térmico e a atividade sexual.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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clínico próprio da lesão.

Os sintomas psicossomáticos apresentados associados ao quadro foram:


gastrite, úlcera nervosa e insônia, bem como o comportamento ansioso (por
trás de sua aparente calma) de roer as unhas e os dedos até fazer feridas,
quadros de disreflexia e baixa do sistema imunológico. Outros intercorrências
de saúde associados foram a pneumonia e infecções urinárias repetitivas;

Além do acidente o relato de sua história de vida traz uma sequência de


abandonos, de “perdas”. Teve um caminho esburacado, numa trama de
encontros e separações foi exposto a “fatalidades ou imprevistos” da vida,
sempre buscou reconstruir-se, mas hoje está paralisado e inseguro. O que
levou a terapeuta se perguntar:

 Como aprendera se defender, quais suas defesas?


 Quais reações, barreiras e pontes/couraças criou frente os perigos e
ameaças que vivenciou?

“Em termos ideais os perigos externos ou internos criam uma reação


que muda nossa forma apenas temporariamente. Quando o perigo passa
voltamos a um estado de atividade normal.” Porém a intensidade desta
agressão é grande, intensa e crônica, não é temporária. “À medida que as
agressões continuam o organismo vai perdendo sua forma, intumesce ou entra
em colapso.” (Dinorah, in SAKAI 2011. Estudo de caso). O Corpo de L.H. está
colapsado?

4.1. Descrição física e emocional:

Olhos constantemente vermelhos que nos atendimentos relata serem de


noites de insônia, de ficar pensando em como sua vida poderia ser diferente se
não tivesse acontecido o acidente.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Sorriso de canto de boca, as palavras em tom baixo saem quase sem


serem articuladas, por uma hipertonia tanto da musculatura orbicular da boca
como da articulação mandibular, em contraposição a um corpo hipotônico, sua
fala é lenta, seu olhar para baixo, suas mãos ficam nos bolsos e às vezes
passa uma pela cabeça, sua respiração é curta e abdominal, sua ansiedade
aparecia no comportamento de roer as unhas,seu semblante aparentemente
sereno, “conformado”, mas eu diria assustado e que de alguma forma fazia a
terapeuta sentir um pedido de ajuda.

Sim seu corpo estava colapsado. O corpo de uma pessoa com lesão
medular no decorrer do tempo vai perdendo a forma vai ficando hipotônico e
adquirindo a aparência de um corpo colapsado, além de apresentar uma cisão
real, um bloqueio cervical, o único “controle” físico é da cabeça-pescoço e
parcialmente dos braços, dissociado das sensações físicas para baixo da
lesão, caracterizando também traços esquizóides adquiridos e característica
essa que justifica também seu sintoma de insônia.

Na hipotonia a função dos músculos estriados fica prejudicada, os músculos


perdem seus fluídos, secam e se estreitam, há fraqueza e atrofia, não
conseguindo prover os limites que ajudam a gerar pressão ou mantê-la. Tem
dificuldade de ficar sobre os próprios pés. Realmente como que se tivesse sido
retirado o fio [medula] da tomada [cérebro] desligando o ser que o habita.
(Dinorah, in SAKAI, 2011)

O corpo realmente fica semelhante ao que é descrito como colapso –


reflexo de susto por Stanley Keleman (in SAKAI, 2011). Uma forma que
expressa: a desorganização, o recuo, a derrota, um organismo fatigado,
incapaz de lutar, onde o diafragma desce e o peito e a parede abdominal estão
colapsados, frágeis e distendidos, os órgãos flácidos, formando uma
protuberância. A esperança, a expectativa de ajuda, suporte, encorajamento e
contato são perdidos.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Há apatia, resignação, falta de confiança e medo. Podendo-se entender a


mensagem emocional como: “Estou derrotado, desmoronando, deixo de
existir.”

No texto de David Boadella “Tensão e estrutura de caráter – uma síntese de


conceitos” (in SAKAI, 2011) a descrição das características esquizóides retrata
suas necessidades e defesas neste momento.

Como uma criança sua necessidade básica deste momento é o existir, de


sentir-se seguro, precisa se redescobrir ao mesmo tempo que, familiares,
amigos e profissionais o descobrem. Tendo como posição básica a sensação
de abandono, a desolação, de estar congelado e ausente do mundo. Esta
defesa se origina da tentativa de lidar com o medo, [...] o medo da não
existência e da rejeição como um terror agudo diante do qual ela congela,
paralisando e fragmentando de muitas de suas funções. A vivencia é a
despersonalização, “[...] uma vez que não ser uma pessoa com seus próprios
direitos é a base para a situação de medo”. Onde estão os seus direitos?

Sua situação de vida é uma situação de medo de não existir, de ser


rejeitado mais uma vez (pois já foi abandonado pela mãe biológica e quando os
pais adotivos se separaram, a mãe deixá-lo com o pai pode ser considerada
uma forma de rejeição, abandono). Tendo-se com todas estas características
então um corpo colapsado, hipotônico, com medo e pedindo ajuda.

E esta ajuda foi encontrada inicialmente no Programa de Reabilitação da


Associação dos Deficientes Físicos do Paraná – ADFP, onde realizou
atendimentos de Fisioterapia, Enfermagem, Terapia Ocupacional, Informática
Adaptada, Odontologia e Musicoterapia.

Iniciou o processo Musicoterápico em agosto de 2005/2011, estes


inicialmente aconteciam em grupo, passando após alguns atendimentos para a
modalidade individual onde pode ser inserido no contexto do processo

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


45

Musicoterápico a Massagem Biodinâmica, sendo estas utilizadas ao longo de


todo processo como forma de intervenção. L.H. demonstrou ser receptivo
(sensível) tanto a música como a Massagem.

Frente à gravidade, a irreversibilidade e as incapacidades multifatoriais da


lesão os atendimentos de Musicoterapia objetivaram beneficiar o paciente,
mitigando seu sofrimento e trazendo-lhe uma melhor qualidade de vida para
adaptação a sua nova condição de vida. Ou seja, reduzindo, suavizando,
acalmando, diminuindo, aliviando e auto-regulando esse corpo.

Durante todo o processo a maior dificuldade encontrada foi a do transporte,


pois este sendo crucial limitou sua freqüência aos atendimentos, dificultando o
andamento do processo e a sua reabilitação, limitando sua vida social, assim
como o retorno aos estudos. Posteriormente percebeu-se que o silêncio e o
distanciamento dos pais tanto de seu processo de reabilitação como no próprio
dia a dia, pois quem o “cuida” é a Tia, também “é” uma dificuldade.

A terapeuta está convencida de que o seu corpo aparentemente


“derrotado” continua pedindo ajuda. É como se ela sentisse a força vital dele
sussurrando: “Não vou desistir, não desista de mim”. L.H. disse desde o início
do tratamento, que apesar de desanimar com tantas dificuldades e limitações,
de sentir-se triste e vontade de desistir, buscava se fortalecer na fé, o que
muitas vezes confirmou-se na escolha de seu repertório musical e não desistia.
Sua postura perante a vida faz até hoje com que a Musicoterapeuta insista e
investa no seu processo

Assim diante de um adolescente que sofreu “violento choque emocional”


era sentido sutilmente o movimento de sua força vital, num ímpeto natural de
sobrevivência, de luta pela vida. Sendo “essencial para a imagem biodinâmica
da pessoa, a maneira como ela se relaciona com os movimentos de sua força
vital.” (Soutwel, 1986)

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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E também tão sutil como a sua força vital percebia-se à dinâmica


transferencial que já se estabelecia, dinâmica esta que [...] “permeia as
relações humanas”[...], considerando em alguma medida como resultado da
empatia imediata terapeuta - paciente . (Wagner in SAKAI, 2011) Um dos
fatores de grande importância na utilização da intervenção com massagem
assim como para o próprio processo terapêutico em si.

4.2. As técnicas

A técnica - método de Relaxamento Musical da Musicoterapia receptiva


(Bruscia, in Sakai, 2011) foi uma das mais utilizadas ao longo do processo,
integrada à massagem para relaxar e mobilizar conteúdos, sendo esta o foco
do estudo, mas outras técnicas Receptivas foram utilizadas. Como a Escuta
Subliminar das musicas evangélicas ex.: Grupo Catedral e Diante do trono
(músicas trazidas por ele), que trouxeram temáticas de esperança, fé, uma
visão positiva da vida ou seus sentimentos e pensamentos de forma geral;
depois expunha suas sensações, percepções e reflexões. A Escuta Meditativa,
Escuta para Reflexão, a Escuta para a estimulação, Reminiscências com
musicas e /ou canções, Lembranças induzidas com musicas e /ou canções e a
Recriação também foram utilizadas.

As técnicas de Massagem mais usadas foram a de Escoamento,


contorno, crânio sacral e do campo energético na intenção de diminuir a
tensão-bloqueio cervical e temporo-mandibular, a ansiedade; diminuir o fluxo
de pensamentos (escoar), despertar o corpo (sensibilizar e perceber-se),
distribuir sua energia, dar contenção físico-emocional, melhorar a qualidade do
seu sono, digerir sentimentos e pensamentos, reorganizar sua vida, flexibilizar
as resistências a falar sobre o acidente, relaxar e restaurar a perda ou
diminuição da capacidade de auto-regulação.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Orientado a se auto-perceber e realizar exercícios respiratórios durante


as massagens e audições musicais, muitas vezes acaba quase adormecendo,
depois expõem suas sensações, percepções e reflexões.

4.3. Processo terapêutico

Sua vida no início do processo girava em torno de sua reabilitação. Esta


é uma fase onde foi necessário dar espaço, encorajar para expressar seus
sentimentos, acolhendo, e proporcionando um espaço “de paz e segurança, ou
seja, que possibilitasse repousar em um ambiente favorável”, para restaurar
sua capacidade de auto-regulação e possibilitar o digerir seu choque
emocional, segundo Boysen (1983, p10).

Com a utilização do Relaxamento musical e das técnicas de massagem


Biodinâmicas (Toque Básico8) integradas, teve o inicio do “descongelamento
do trauma”. E à medida que ia se sentindo seguro no espaço terapêutico,
compartilhava seus sentimentos, emoções e memórias e assim:

Sua força vital se expandia lentamente, iniciando o resgate dos seus


objetivos de vida, mudava o foco, voltando a vida a estar no primeiro plano e as
terapias apenas apoio. Voltou a escrever, e a estudar, algo que já abandonara
uma vez. Passou a falar em terminar não só o segundo grau, e de ser exemplo
(não mais só para o irmão), mas na possibilidade de fazer uma faculdade
talvez de psicologia.

Retoma sua vida social, o contato com amigos da escola e da igreja,


participa de encontros da igreja, vai a casa de vizinhos, sente-se sendo
socorrido e amparado por eles e esta relação o fortalece. Flexibiliza-se,
momento em que está receptivo para novas possibilidades e para lidar com
suas limitações adaptando-se a nova realidade: recebe atendimentos de
informática adaptada. Ganha um computador e pode acessar o mundo pela
internet.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Inicia seu processo de aceitação saindo da paralisia frente a própria


paralisia da lesão física, lida com sua realidade e limitações e outros objetivos
vão sendo atingidos ao longo de sua reabilitação:
8
O toque básico é composto por movimentos circulares ritmados que podem ser rápidos ou lentos; suaves ou
profundos dependendo da necessidade do paciente.

 Redirecionava sua sensibilidade musical, tocando o teclado em vez do


violão – seu instrumento, com as adaptações – órteses, movimenta-se;

 Começa resgatar seu repertório musical, seu gosto, sua identidade


sonora;

 Diminuem os sintomas psicossomáticos ( a queixa de insônia passa a ter


episódios esporádicos, disreflexia, alívio dores abdominais - gastrite);

Diminui a ansiedade, parou de roer os dedos;

 Expressa verbalmente sensações, percepções, pensamentos e imagens,


sentimentos (a ansiedade e a raiva ) - associação livre;
 Aprendendo a lidar, a digerir seus próprios sentimentos de raiva pelo
abandono;
 As resistências baixavam e as lembranças “esquecidas” vêem a tona, o
que também o deprimiu nesta fase;
 Volta a sentir partes de seu corpo que não sentia desde antes do
acidente, o que despertava sensações e sentimentos (Trabalhando sua
auto-percepção e auto-imagem descreve sensação de formigamento na
barriga e nos membros inferiores), sentindo-se mais consciente de si. O
que levou a uma reintegração com o seu corpo e um reapropriar-se de
si;
 Estimulou-se o sonhar, pensar o futuro, projetos de VIDA.
 Experimenta um estado de bem estar, de integração e tranquilidade;

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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 Fortalecimento temporário do ego, o que pode ser observado em suas


falas após receber a massagem, segundo Winnicott (REGO in SAKAI,
2011);
 Melhora das relações familiares e;
 Possibilitou-se a auto – regulação de L.H., dissolvendo e eliminando
produtos de pressão e tensão emocional através de descarga
metabólica – processo biodinâmico de relaxamento e dissolução da
couraça visceral pelo afrouxamento e descarregamento da manifestação
do conflito. (Boyesen, 1983, p87 e 115, Cadernos de psicologia
Biodinâmica 1)

Com a proposta dos atendimentos, a terapeuta buscou respeitá-lo e


flexibilizá-lo para que se auto-regulasse e prosseguisse sua vida de forma mais
saudável e integra para que possa “caminhar em direção a um maior grau de
liberdade e a tornar-se sujeito de sua própria história” (Cintra in SAKAI, 2011)

Refletindo a história de vida de LH seu processo onde integrou-se a


massagem biodinâmica nos atendimentos de Musicoterapia a autora acredita
que “dentro de uma intervenção mais ambiciosa onde, veiculado pela
transferência, o contato prolongado com um psicoterapeuta [musicoterapeuta
pôde] proporcionar o suporte (holding), um substituto da mãe suficientemente
boa que faltou.”

A autora acredita que este processo terapêutico se deu pela pelo vínculo
estabelecido entre terapeuta-paciente e pela integração das intervenções das
massagens, do toque, da música e do relaxamento que derretendo as tensões
musculares que encapsulam os conteúdos e a energia emocional,
enfraqueceram a couraça muscular o que possibilitou o surgimento do material
reprimido possibilitando a auto-regulaçao de L.H..

Esse trabalho ainda não se finalizou, L.H. continua sendo acompanhado


em atendimentos quinzenais quando possível.

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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5. Considerações Finais

A intenção de escrever sobre a integração da psicologia Biodinâmica e


da Musicoterapia, não é de criar um referencial teórico, mas sim fundamentar e
compreender a utilização das técnicas, conceitos e concepções de origens e
campos aparentemente diferentes, ou até estranhos entre si, e que numa visão
mais abrangente se mostram possivelmente complementares e compatíveis
como uma forma estratégica para possibilitar a auto-regulação do organismo.

Numa revisão da literatura científica, relativa a aspectos que possibilitam


contemplar esta relação e da apresentação de uma experiência profissional
desta integração em prol de um objetivo comum a autora buscou colocar em
palavras sua proposta. E por meio desta revisão e do estudo de caso apresentado
pode-se verificar a possibilidade não só da integração e da troca entre áreas
diferentes, mas afins do conhecimento humano como da potencialização dos
resultados.

Não podendo deixar de lembrar ainda que estas duas ciências trabalham
com o prazer, este que é uma força naturalmente expansiva, infinitamente
curativa e essencial a existência, portanto auto-reguladora.

A autora para finalizar utiliza as palavras do Dr. Ricardo Amaral Rego


para dizer que: “dos preceitos da Biodinâmica, pode-se usar praticamente
qualquer técnica específica ou escola de massagem e de toque, desde que
isso não implique algo contrário à nossa abordagem. Desta maneira, é muito
comum que terapeutas biodinâmicos utilizem inúmeros recursos oriundos de
aprendizados anteriores [no caso da autora deste trabalho a Musicoterapia], e
isso enriquece o trabalho e aumenta as possibilidades de sucesso.”

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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ANEXOS

Orientações dada aos pacientes para se auto-regularem

“ A Auto-regulação deve fazer parte da sua rotina diária.”


Para se auto-regular você pode fazer uma atividade que lhe seja
prazerosa, como ler, caminhar ao ar livre, ouvir música, dançar, relaxar,
meditar, alimentar-se saudavelmente, fazer uma massagem ou fazer terapia
caso aja necessidade da ajuda de um profissional especializado.

 Sente-se ou deite-se confortavelmente em uma posição que não exija


esforço, se puder escolha um local e ambiente que lhe sejam
agradáveis;
 Afrouxe cintos e roupas apertadas e se sentir necessidade retire os
acessórios;
 Feche os olhos, eliminando o estímulo visual e intensificando sua
capacidade de ouvir, movimente-os em várias direções (↔↨);
 Observe seu corpo, pois “[...] as pessoas muito tensas perderam em
parte a capacidade natural de relaxar não sabendo identificar os
músculos tensos, não conseguem dizer se não estão relaxados. Precisa-
se aprender a fixar a atenção no corpo, nas sensações[...]” (BA¨NOL,
1993, P. 52);
 Perceba seus pontos de tensão e relaxe os músculos, existem muitas
técnicas auto indutivas, você pode Contrair partes do corpo iniciando
pelos pés até a cabeça ou fazer uma auto-massagem no rosto, nuca,
ombros, braços, pés por exemplo;

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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 Observe sua respiração com uma atitude passiva primeiramente, ela


deve ser natural, depois desacelere, tranquilize a respiração, este é o 1º
passo para relaxar. Observe, por algum tempo, os 4 tempos do ciclo
respiratório (inspirar-pausa-expirar-pausa) para que se torne rítmica;
 Desacelere os pensamentos, limpe a mente afastando os pensamentos
dispersantes;
 Você pode se concentrar em uma palavra, uma imagem, um som ou
uma música. Escolha músicas que realmente o relaxem, que
possibilitem criar mentalmente, que desperte sensações de vida e
movimento, um estado de paz e de alegria. Basta que você aprenda a
se auto-observar enquanto as ouve. Pois relaxar é uma forma de se
estar atento a si mesmo.
 Direcione sua atenção agora para música e em seus pensamentos,
observando como se movem através de sua mente ouça-a com todo o
corpo e brinque com sua imaginação pelos sons com cores formas e
paisagens descobrindo um refúgio onde você pode escapar da
turbulência do seu dia-a-dia. Preste atenção em como a música afeta
suas emoções e humores;
 Dance mentalmente;
 Para atingir resultados a prática deve ser regular;

Fabiane Alonso Sakai – Curitiba-Pr – 2011


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Referências Bibliográficas

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Cérebro. Editora Graziela Costa Pinto: São Paulo. Duetto Editorial. 2010.

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