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Semiologia de Pequenos Animais

Semiologia do Sistema Nervoso


ANATOMIA

(FEITOSA, 2008)

O Sistema Nervoso Central como visto nas figuras acima tem a divisão inicial em encéfalo e medula espinhal.
Sendo que o encéfalo possui uma subdivisão em cérebro, telencéfalo e diencéfalo.
O cérebro é a porção mais desenvolvida e mais importante do encéfalo, sendo que o telencéfalo e diencéfalo
têm características próprias como função.
O telencéfalo compreende nos dois hemisférios cerebrais com as suas circunvoluções característica do
órgão, direito e esquerdo com uma fissura incompleta, que ao assoalho desta se encontra o corpo caloso.
Cada hemisfério cerebral possui 4 lobos cerebrais com funções determinadas: Lobo frontal (aprendizagem e
atividades motoras finas e precisas), Lobo parietal (dor e propriocepção e toque), Lobo temporal (comportamento,
informações auditivas), Lobo occipital (visão, processar informação visual).
O diencéfalo é o local onde compreende as seguintes divisões: Tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo,
responsáveis pelo funcionamento hormonal como no eixo hipotalâmico-hipofisário (GnRH, Vasopressina), além disso
influência na relação comportamental na região do tálamo. Outra importância de conhecer suas funções é de saber a
relação de outros componentes como o I par de nervos cranianos que está localizado rostralmente ao diencéfalo. Por
sua vez, o nervo óptico também tem sua estrutura situada muito próxima ao hipotálamo na região ventral deste.
Outra estrutura da divisão do encéfalo é o tronco-encefálico que compreende mais rostral mesencéfalo, ponte
e caudalmente o bulbo. Sendo que o tronco-encefálico interpõem o diencéfalo e a medula espinhal e ventralmente ao
cerebelo.
O mesencéfalo possui estruturas importantes como as fibras reticulares que são fibras difusas de vários tamanhos e
tipos. Além de receber impulsos que entram pelos nervos cranianos, mantém relações com os dois sentidos com o
cérebro, cerebelo e a medula espinhal. Esta formação reticular tem como atividade a regularização da ativação do
estado de vigilância (sono) do paciente isto ocorre entre o córtex e tálamo – SARA – Sistema Ativador Reticular
Ascendente. O SARA é estimulado por meio da via visual, auditiva, dolorosa e tátil, ele mantém o animal em estado
de alerta. Por outro lado, quando não recebe ou não processa esses impulsos, o animal dorme.
Outras importantes informações é saber que se inserem no mesencéfalo dois nervos cranianos o oculomotor
e troclear (III e IV Pares de nervos cranianos), núcleo de Edinger- Westphal, responsável pela inervação
parassimpática do globo ocular, através do nervo oculomotor O núcleo rubro, que participa do controle da motricidade
somática, recebe fibras do cerebelo e de áreas motoras do córtex cerebral e origina o trato rubrospinal, o principal
trato motor voluntário nos animais.
Na ponte está localizado o nervo trigêmeo (V par de nervos cranianos) e possui também núcleos
vestibulares, que estão localizados no assoalho do IV ventrículo, pelo vestíbulococlear (porção vestibular), está
relacionado com o posicionamento da cabeça.
O Bulbo, ou medula oblonga, onde há a maior parte da concentração da inserção dos nervos cranianos, na
sua região mais rostral, nervos abducente, facial e vestibulococlear (VI, VII e VIII nervos cranianos). Os nervos
glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso (IX, X, XI, XII) estão localizados mais caudais no bulbo. Verifica-se
também importantes centros vitais como o respiratório, vasomotor (controla a respiração, ritmo cardíaco e pressão),
outro centro não tão menos importante que é o centro do vômito.
Desta divisão do encéfalo o que falta complementar é o cerebelo situa-se dorsalmente ao bulbo e à ponte,
sobre três pares de estruturas denominadas pedúnculos cerebelares, e assenta-se sobre a fossa cerebelar do osso
occipital, sendo separada do lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter denominada tenda do cerebelo.
Uma das principais funções do cerebelo é controlar toda atividade motora da cabeça, pescoço, tórax e membros,
além de controlar o equilíbrio do animal. A lesão nesta região pode causar incoordenação motora (hipermetria –
aumento da passada), perda de equilíbrio, diminuição do tono muscular esquelético (hipotonia)

MEDULA ESPINHAL

A Medula espinhal é uma massa cilindroide de tecido nervoso, composto de uma substância branca situada
na periferia e outra substância cinzenta localizada ao centro com um formato de H. A massa cinzenta central contém
corpos celulares de neurônio motores inferiores, neurônios sensitivos e internunciais. Nesta forma de H medular
podemos classificar como colunas dorsais e ventrais. As colunas dorsais contêm sinapse de neurônios sensitivos
periféricos e corpos celulares de neurônios sensitivos e internunciais. Já as colunas ventrais contêm muitos corpos
celulares dos neurônios motores inferiores. Outra área intermediária contém corpos celulares de neurônio motores
inferiores simpáticos
A substância branca se encontra perifericamente na medula espinhal, formada por fibras, maioria destas
mielínicas, que se agrupam em tratos e fascículos. Estes são responsáveis em levar ou trazer informações ao
encéfalo, dizemos que são vias ascendentes e descendentes.
As vias descendentes, motoras, originam-se do córtex cerebral ou várias áreas do tronco encefálico e
terminam fazendo sinapse com neurônios medulares (internunciais). Essas vias dividem-se em piramidais e
extrapiramidais. As vias piramidais na medula compreendem o trato corticospinal. As vias extrapiramidais
compreendem os tratos tectospinal, vestibulospinal, rubrospinal e reticulospinal. Os nomes referem-se aos locais
onde eles se originam, que são, respectivamente, teto do mesencéfalo, núcleos vestibulares, núcleo rubro e
formação reticular.
As vias ascendentes, sensitivas, relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela raiz
dorsal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo, e incluem os tratos espinocerebelares, fascículos
grácil e cuneiforme, tratos espinotalâmicos e trato propriospinal.

A medula espinhal pode ser morfológica e funcionalmente dividida em cinco regiões: região
cervical (compreendendo os segmentos medulares de Cl a C5); região cervicotorácica (também denominada de
plexo ou intumescência braquial, segmentos de C6 a T2); região toracolombar(correspondendo aos segmentos
medulares de T3 a L3); região lombossacral (plexo ou intumescência lombossacral, segmentos de L4 a S2); região
sacrococcígea (segmento S3 ao último segmento medular).
No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral, pois termina geralmente na altura da 6° ou 7° vértebra
lombar nos cães e, na altura da 1°ou 2° vértebra sacral nos felinos. A medula termina afilando-se para formar um
cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. Abaixo deste nível o
canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais que, dispostas em
torno do cone medular e filamento terminal, constituem, em conjunto, a chamada cauda equina.
Como as raízes nervosas mantêm suas relações com os respectivos forames intervertebrais, há o
alongamento das raízes e a diminuição do ângulo que elas fazem com a medula. Estes fenómenos são mais
pronunciados na parte caudal da medula. A medula possui o mesmo número de segmentos que o número de
vértebras (com exceção da medula cervical, que é composta por oito segmentos medulares). Os segmentos podem
ser identificados morfologicamente, pois possuem um par de nervos espinhais, cada um com uma raiz dorsal
(sensitiva) e uma raiz ventral (motora).
A medula apresenta duas dilatações denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, na região
cervicotorácica (C6 a T2) e lombossacral (L4 a S2), respectivamente. Estas intumescências correspondem às áreas
em que fazem conexão com a medula às grossas raízes nervosas, que formam os plexos braquial e lombo-sacro,
destinadas à inervação dos membros torácicos e pélvicos, respectivamente.

MENINGES E LIQUIDO CEFALORAQUIDIANO

O sistema nervoso central é envolvido por três membranas conjuntivas denominadas meninges, a duramáter,
aracnoide e pia mater. Além das 3 meninges no espaço subaracnóide encontra-se o liquido cérebro espinal
(cefalorraquidiano, líquor), fluído aquoso que ocupa além das cavidades ventriculares, sua principal função é a
proteção mecânica do S.N.C. formando um verdadeiro coxim liquido entre este e o estojo ósseo.

(FEITOSA, 2008)

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Este sistema contém fibras nervosas que unem o sistema nervoso central aos órgãos efetores e/ou
receptores, situados na periferia. Esta união justifica a presença de elementos do sistema nervoso periférico na
medula e no encéfalo. Conforme sua topografia, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em nervos cranianos
e espinhais.
De acordo com o tipo de neurônio envolvido, são denominados de efetores ou sensitivos. Os neurônios
efetores dividem-se conforme a sua função em neurônios motores e neurônios autonômicos, ambos eferentes,
porque conduzem os estímulos centrais para a periferia.
NEURÔNIO MOTOR SENSITIVO

O neurônio tem a função de transmitir a sinapse, visto pela capacidade de excitação (polarização e
despolarização), sendo responsável por todo o início e manutenção da atividade neurológica. Os neurônios podem
ser funcionalmente divididos em neurônios sensitivos e motores.
Os neurônios motores são divididos em neurônios motores superiores (NMS) e neurônios motores inferiores
(NMI).
A associação entre neurônios sensitivos e neurônios motores permite a realização de arcos reflexos.
Reflexos são respostas biológicas normais, espontâneas e praticamente invariáveis.
O arco reflexo é uma resposta básica, após a realização de um estímulo e é por meio de suas várias
modalidades (reflexos espinhais, reflexos dos nervos cranianos) que parte do exame neurológico será realizada. O
arco reflexo é uma resposta motora involuntária frente a um estímulo aplicado a uma determinada estrutura.
Basicamente há ação de três neurônios, são responsáveis pela efetuação de um arco reflexo. Primeiramente, um
neurônio sensitivo (aferente) irá captar a informação sensorial e conduzi-la até a medula ou tronco encefálico, depois
fará a conexão com um interneurônio que será responsável pela transmissão desta informação para um neurônio
motor (eferente), o qual, por sua vez, efetuará a estimulação de um músculo.
Vários reflexos segmentares podem ser utilizados para avaliação neurológica como, por exemplo, reflexo
patelar, reflexo palpebral e reflexo pupilar. A ocorrência de reflexos espinhais depende da integridade de músculos,
de seus nervos periféricos e dos respectivos segmentos medulares.
O neurônio motor superior tem seu corpo celular na substância cinzenta do córtex cerebral, nos núcleos da
base ou em núcleos do tronco encefálico. Seu axônio termina em interneurônios que fazem sinapse com o neurônio
motor inferior. O NMS é o responsável pelo início dos movimentos voluntários, manutenção do tono muscular e
regulação da postura.
O neurônio motor inferior é um neurônio eferente que liga o SNC ao órgão efetor, como um músculo ou uma
glândula. Possui seu corpo celular localizado em núcleos encefálicos (núcleos dos NMI dos nervos cranianos) ou na
substância cinzenta da medula espinhal, e seus axônios deixam a medula através das raízes nervosas ventrais, em
dois pontos da medula espinhal, de C6 a T2 e de L4 a S3, nos chamados plexos braquial e lombossacral,
respectivamente. Estes axônios irão fazer parte dos nervos periféricos, terminando em um músculo.
O neurônio motor superior exerce função inibitória ou moduladora sobre o inferior e, por isso, quando é
lesado, ocorre aumento do tono e dos reflexos, demonstrando uma hiperatividade do NMI. Pode assim ocorrer
paresia (perda parcial da atividade motora) ou paralisia (plegia- perda total da atividade motora). Nestes casos, as
paresias geralmente são espásticas e com hiperreflexia.
As lesões dos neurônios motores inferiores ocorrem paresia ou paralisia (plegia) com diminuição ou ausência
dos reflexos (hipo ou arreflexia) e diminuição do tono muscular. Isto ocorre porque as informações elétricas não estão
sendo encaminhadas ou são enviadas em menor número.
(FEITOSA, 2008)

EXAME NEUROLÓGICO

O exame neurológico constitui a parte mais importante da avaliação clínica do paciente com doença
neurológica. É realizado no animal acordado e com o dono presente. O exame neurológico é composto pelo exame
do estado mental, do comportamento, da postura, capacidade locomotora, reações posturais, nervos cranianos,
reflexos espinhais e percepção da dor. O exame neurológico deverá ser sempre realizado progressivamente e
ambiente agradável, sem causar stress desnecessário ao animal.
-Objetivos:
-Confirmar o envolvimento do SNC
-Localizar a lesão
-Determinar se a lesão é focal ou multifocal
-Diagnóstico diferencial
-Exames complementares
-Tratamento e prognóstico
-Resenha:
-Nome ou identificação (animal e proprietário)

-Espécie

-Raça

Ex.: neoplasia (Boxer), doença do disco intervertebral (Teckel)


-Sexo:
Ex.: paralisia obstétrica materna
-Idade:
-Jovens: doenças hereditárias e inflamatórias/infecciosas
-Adultos: doenças degenerativas e neoplasias
-Peso

-Anamnese:
As perguntas devem ser direcionadas aos sinais clínicos. O proprietário pode relatar caso de convulsões ou
alterações de comportamento. Quando foi o início? Qual frequência? Tipo (localizada ou generalizada)? Houve
fatores iniciantes? Caracterização de fases? Perguntar se há possibilidade ter ocorrido intoxicação seja ela por
banhos com produtos tóxicos, medicamento carrapaticida, dedetização, ingestão de alimentos ou substâncias
tóxicas.
Se a alteração estiver relacionada com a
postura ou deambulação analisar a ocorrência de base ampla, dificuldade para se locomover, dor ao se movimentar,
se caracteriza – se como ataxia, paresia ou paralisia, dificuldade de transpor obstáculos.

Lesão Início Curso Distribuição


Degenerativo Lento Progressivo Difuso
Neoplasias Lento Progressivo Focal
Infeccioso Rápido Estacionário Difuso
Traumático Rápido Estacionário Focal
Vascular Rápido Estacionário Focal

-Exame Físico:
-Exame da cabeça
-Andar e postura
-Pescoço e membros anteriores
-Tronco e membros posteriores
-Coccígeas e ânus
1-Exame da Cabeça:
-Estado mental (hiperexcitadabilidade, normal, apático, semicomatoso e comatoso)
-Comportamento (sistema límbico e córtex temporal): andar em círculos, pressionar a cabeça contra
obstáculos, agressividade, vocalização, balançar compulsivo da cabeça.
-Postura e coordenação da cabeça: desvio lateral da cabeça (head tilt), giro ortotônico do pescoço, tremores
intencionais e opistótomo.
-Nervos cranianos: olfatório (I), óptico (II), oculomotor (III), troclear (IV), trigêmio (V), abducente (VI), facial
(VII), vestibulococlear (VIII), glossofaríngeo (IX), vago (X), acessório (XI) e hipoglosso (XII).
*O I par tem origem no bulbo olfatório, o II e o III pares têm origem no mesencéfalo, o IV par tem origem na ponte e
os demais têm origem na medula oblonga.

1-Nervo Olfatório (I): verificar se o animal sente cheiro ou não.


-Teste: oferecer alimento com o animal de olhos vendados.
-Anormalidade: não reage ao estímulo (anosmia) ou reage pouco ao estímulo (hiposmia).

2-Nervo Óptico (II): verificar a visão do animal


-Teste: reflexo de ameaça, acompanhamento visual (com um algodão) e teste do obstáculo.

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-Anormalidades: não responde ao reflexo e bate nos obstáculos.

3-Nervo Oculomotor (III): responsável pelo reflexo pupilar


-Teste: movimentar a cabeça (verificar a posição do globo ocular) e reflexo pupilar (direta e
consensual)
-Anormalidade: não movimentar o olho (quando se movimenta a cabeça), estrabismo, reflexo pupilar
diminuído ou ausente no olho afetado.
(FEITOSA, 2008)

4-Nervo Troclear (IV): responsável pela movimentação do globo ocular


-Teste: movimentos de cabeça
-Anormalidade: não movimentar o globo ocular juntamente com a cabeça e estrabismo.

5-Nervo Trigêmio (V): nervo misto (sensorial e motor)


-Teste (sensorial): sensação/sensibilidade facial, córneal, palpebral e cabeça
-Anormalidade: ausência ou diminuição da sensibilidade
-Teste (motor): músculos da mastigação – oferecer alimento
-Anormalidade: dificuldade de apreensão do alimento, atrofia do músculo masseter (unilateral) e
mandibular caída (bilateral).
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6-Nervo Abducente (VI): responsável pela movimentação do olho


-Teste: movimentação da cabeça

7-Nervo Facial (VII): responsável pela movimentação da orelha, pálpebras e lábios


-Teste: movimento das pálpebras, orelhas e lábios (reflexo corneal e palpebral, expressão facial e
simetria da face).

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8-Nervo Vestibulococlear (VIII): responsável pelo equilíbrio e a audição


-Teste: equilíbrio e audição
-Anormalidade: inclinação de cabeça (head tilt), andar em círculos (ataxia vestibular) e nistagmo.
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9-Nervo Glossofaríngeo (IX): responsável pelos movimentos da língua e deglutição.


-Teste: oferecer alimento e reflexo da deglutição
-Anormalidade: disfagia e regurgitação

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10-Nervo Vago (X): responsável pela deglutição
-Teste: oferecer alimento e reflexo da deglutição
*Slap test: em eqüinos (estimulação da cernelha).
-Anormalidade: sons anormais durante a respiração e disfagia
11-Nervo Acessório (XI): inerva a musculatura do pescoço
-Teste: inspeção da musculatura do pescoço
-Anormalidade: atrofia
12-Nervo Hipoglosso (XII): inerva a língua
-Teste: tônus lingual e oferecer alimento
-Anormalidades: dificuldade de retração da língua, atrofia da língua e dificuldade de apreensão e
deglutição.
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LOCALIZAÇÃO DA LESÃO

1-Síndrome Cerebral: estado mental alterado, comportamento alterado, andar e postura anormais, reflexo
pupilar normal, edema de papila óptica e convulsões.
2-Síndrome Diencefálica: estado mental alterado, comportamento alterado, andar e postura anormais, pupilas
dilatadas com reflexos diminuídos, perda da regulação da temperatura, apetite anormal, distúrbios endócrinos e
convulsões.
3-Síndrome Mesencefálica: estado mental alterado, déficit do 3º par de nervos cranianos (estrabismo,
midríase e reflexo pupilar ausente), opistótono e aumento do reflexo e do tônus muscular dos quatro membros.
4-Síndrome Ponto-Bulbar: estado mental alterado, déficit do 5º par de nervos cranianos (paralisia mandibular
e diminuição da sensibilidade na face), diminuição do reflexo palpebral (nervos V e VII), paralisia facial (nervo VII),
desvio de cabeça, quedas, andar em círculos, nistagmo, paralisia de faringe e laringe (nervos IX e X), e paralisia de
língua (nervo XII).
5-Síndrome Vestibular: estado mental deprimido, desequilíbrio e quedas, desvio de cabeça, andar em
círculos, nistagmo, estrabismo, déficit dos nervos V, VI e VII e síndrome de Horner (ptose palpebral superior, miose,
protrusão de 3ª pálpebra e sudorese na região facial).
6-Síndrome Cerebelar: tremores intencionais de cabeça, nistagmo, anisocoria (uma pupila dilatada e a outra
contraída), base de apoio aberta, hipertermia, reações posturais retardadas ou exageradas, opistótono e ausência de
reflexo de ameaça com a visão normal.
EXAME MEDULAR E MEMBROS

-NMS: é responsável pelo inicio dos movimentos voluntários, manutenção do tônus muscular e regulação da
postura. Tem seu corpo celular na substância cinzenta e percorre toda a medula. O NMS exerce uma função inibitória
sobre o NMI, e por isso, quando lesado, ocorre aumento do tônus muscular e dos reflexos, demonstrando a
hiperatividade do NMI.
-NMI: tem seu corpo celular localizado na substância cinzenta da medula espinhal e suas raízes emergem no
plexo braquial (C6 – T2) e no plexo lombossacral (L4 – S3).
-Reflexo Medular: determinam se a lesão está localizada no NMI ou no NMS.
-Lesões no NMI: perda da atividade motora voluntária, perda dos reflexos medulares, perda do tônus
muscular e atrofia muscular por denervação (paralisia tipo flácida).
-Lesões no NMS: perda da atividade motora voluntária, reflexos exagerados, hiperativos, aumento do
tônus muscular, atrofia muscular por desuso e aparecimento de reflexos espinhais anormais (paralisia tipo espástica)
-Respostas: podem ser graduadas da seguinte maneira
-0: arreflexia ou reflexo abolido
-1: presente mas com hiporreflexia
-2: normorreflexia
-3: hiperreflexia
-4: hiperreflexia com presença de clono (repetidas flexões e extensões em resposta a um único
estímulo).

AVALIAÇÃO DA PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE

1 – HEMIESTAÇÃO E HEMILOCOMOÇÃO: os membros de um lado do corpo são erguidos do chão e o paciente é


forçado a se manter parado sobre dois membros (hemiestação) e em seguida andar sobre dois membros
(hemilocomoção). Animais com lesões neurológicas podem ser incapazes de suportar o peso do corpo, além de
apresentar tropeços, hipermetria (cerebelo), queda (sistema vestibular ou respostas lentas).

(FEITOSA, 2008)

2 – SALTITAMENTO: Elevação de três membros mantem apenas um apoiado fazendo o animal saltar em um
membro só para frente, para trás e para os lados.

(FEITOSA, 2008)

3 – CARRINHO – DE – MÃO: Segura o animal pelo abdome de modo que ele não apoie os membros pélvicos no
chão forçando a caminhar com os membros torácicos. No caso de lesões neurológicas podem apresentar
movimentos assimétricos (cerebelo), queda (sistema vestibular), tropeço (cerebelo), flexão da cabeça com a região
nasal próxima ao solo (lesão cervical severa).
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4 – TÔNICA DO PESCOÇO: cabeça erguida com o animal em estação, avaliação de centros vestibulares e
musculatura do pescoço.

5 – APRUMO VESTIBULAR: capacidade do animal manter – se em uma posição normal em relação á gravidade
envolve três sistemas: visual, vestibular e proprioceptivo.

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6 – COLOCAÇÃO TATIL E VISUAL: animal é vendado suspenso no ar sustentado pelo abdome e tórax em seguida é
movido em direção a borda de uma superfície, tocando – se a face dorsal das patas torácicas na superfície. Avaliar
simetria tanto com a venda quanto sem.

(FEITOSA, 2008)
7 – PROPULSÃO EXTENSORA: o animal é sustentado pelo tórax e abaixado ate os membros pélvicos tocarem o
solo ou a mesa, deve haver uma extensão dos membros pélvicos para suportar o peso, o animal pode dar um ou dois
passos para trás, verificar simetria, coordenação e resistência dos membros posteriores em extensão. Nesta reação
impulsos aferentes são iniciados por meio de receptores de tato e pressão nos membros pélvicos e são enviados ao
córtex cerebral.

(FEITOSA, 2008)

EXAMES COMPLEMENTARES

Hemograma (Leucograma) (doenças infecciosas)


Bioquímico hepático – ALT, (encefalopatia hepática)
Análise do Liquor (Inflamação, neoplasia)
Exame físico – aspecto, cor, coagulação (normal – não coagula), densidade, pH.
Citologia, dosagem de proteínas, glicose, creatinoquinase

Radiografia simples – (diminuição do espaçamento das vértebras, neoplasia vertebral)


Radiografia contrastada (mielografia) – (compressão medular)
Tomografia computadorizada
Ressonância Nuclear Magnética
Eletromiografia – demonstra alterações qualitativas e quantitativas na atividade elétrica de um músculo em repouso,
após a estimulação elétrica direta ou indireta ou, ainda, durante ativação voluntária ou reflexa.
Eletroneuromiografia - A eletroneuromiografia consiste de provas de neurocondução (velocidadede condução
nervosa), é o registro da atividade elétrica muscular e nervosa. Desta forma, é possível fazer a avaliação de
mielopatias, radiculopatias, neuropatias, distúrbios das junções neuromusculares e de miopatias.

Eletroneurografia - Estudo dos potenciais de ação dos nervos periféricos e é utilizada quando se suspeita de uma
doença destes nervos ou da junção neuromuscular, após ter sido realizada uma eletromiografia. A eletromiografia
pode determinar que o componente nervoso da unidade motora esteja envolvido. Com isso, pode diferenciar entre a
raiz nervosa, nervo periférico e junção neuromuscular.

REFERÊNCIA
FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA, FRANCISCO
LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014.

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