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Capítulo 2 – Medula espinhal e os envoltórios do sistema nervoso central.

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de


aprendizagem:

Saber:

 Reconhecer a medula como parte integrante do sistema nervoso central;


 Identificar a os envoltórios medulares quanto a sua localização e função
 Classificar as regiões medulares de acordo as convenções oferecidas em
literatura científica;
 Compreender como as informações motoras e sensitivas são conduzidas pelas
estruturas da medula.
 Conhecer os conceitos apresentados sobre a temática
Fazer:

 Nomear cada acidente neuroanatômico da medula, bem como seus


envoltórios;
 Reconhecer cada função da medula na transmissão e processamento de
impulso nervoso;
 Correlacionar as estruturas da medula com as funções sensório-motoras do
corpo humano.
2.1 ESTRUTURAS E DIVISÃO ANATÔMICA DA MEDULA

A medula espinhal é uma estrutura que se encontra dentro do canal medular (espinhal) formado
pela sobreposição de vertebras na coluna vertebral. Seu formato é cilíndrico e comprido, como um
bastão de tecido nervoso, que percorre praticamente toda a região axial do corpo humano. Dentro
No homem adulto, a medula
do canal vertebral, a medula não preenche todo o espaço
apresenta comprimento menor
disponível. Divide este espaço com outras estruturas de
quando comparada a medula da
proteção e com substâncias fluídicas que conferem
mulher. Esta diferença de
nutrição e proteção mecânica ao frágil tecido medular
comprimento não representa
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; OVALLE; NAHIRNEY,
nenhum benefício do ponto de vista
2014).
funcional ou anatômico.
No sistema nervoso central, a medula apresenta em seu
limite superior o bulbo do tronco encefálico, também conhecido como “medula oblonga” como já
discutido no capítulo anterior. Seus limites laterais, anterior, posterior e inferior são estabelecidos
pelas vertebras que constituem a coluna. À medida que a medula se prolonga no sentido
craniocaudal, seu calibre diminui a ponto da porção inferior assumir uma forma cônica. Devido a
essa forma, a porção final da medula é nomeada como cone medular, que encerra seu trajeto
formando um pequeno feixe, o filamento terminal (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN,
2014).

A função básica dos componentes da medula é funcionar como uma área de transito de estímulos
motores, assim como para estímulos sensitivos. Estes estímulos são produzidos no encéfalo e no
sistema nervoso periférico, respectivamente. Mas, além de funcionar principalmente como via de
condução de estímulos, também é responsável por produzir reflexos quando o corpo demanda de
respostas rápidas aos fatores ambientais de agressão (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015).

A medula é a porção do sistema nervoso central que apresenta maior conexão com o sistema
nervoso periférico. Isso é possível graças às projeções dos ramos (radículas) e raízes nervosas
da matriz medular em direção ao resto do corpo humano. Ao dividir a medula em duas partes,
torna-se perceptível que ambos os lados apresentam os mesmos componentes. Por tanto, toda
estrutura presente num lado está igual e proporcionalmente disposta na porção contralateral
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).

Estudando - O fato da medula apresentar dos lados idênticos é uma informação valiosa para que
se possam entender os mecanismos fisiológicos ocorridos na manifestação de comportamentos
motores e sensitivos, bem como a disposição de suas projeções, as anteriormente comentadas
raízes nervosas.

As raízes nervosas equivalem ao conjunto de ramos oriundos dos sulcos lateral posterior e
anterior da medula e em cada segmento medular estão dispostas em pares. Por tanto, em uma
medula típica se observa a projeção de 4 raízes nervosas, duas anteriores e duas posteriores. Um
par de raízes se projeta a partir dos sulcos laterais posteriores da medula, as raízes dorsais; e
outro par se projeta dos sulcos laterais anteriores, as raízes ventrais (MACHADO; HAERTEL,
2013).

As raízes dorsais carregam consigo informações sensitivas (aferentes) para a medula. São vias
de entrada de informação sensitiva. As raízes anteriores apresentam a função inversa, pois
carregam informações de ordem motora (eferente) em direção ao sistema nervoso periférico, com
a finalidade de proporcionar ao corpo humano estímulos que culminam na execução dos
movimentos (MACHADO; HAERTEL, 2013; MARTIN, 2014).

Atividade de estudo - As raízes nervosas se ramificam para o restante do corpo humano após
serem formadas pelas radículas que passam pelas vertebras, numa estrutura óssea chamada
forame intervertebral. Sendo assim, responda o que seriam as radículas nervosas, que são
estruturas do sistema nervoso periférico intimamente conectadas à medula.

Resposta: São pequenos filamentos nervosos (=axônios) que fazem conexão com a medula
espinal, emergindo e penetrando respectivamente, através dos forames intervertebrais. Estas
estruturas, ao se afastarem da medula, reúnem-se para formar as raízes nervosas.

O observador que compara a medula espinhal com o posicionamento das vertebras de um


homem adulto pode sentir certa dificuldade em identificar o limite inferior da matriz medular e onde
estão posicionadas as raízes nervosas correspondentes às suas respectivas regiões de
acomodação e proteção óssea. Isso se deve pelo fato de um nível abaixo da segunda vértebra
lombar ser possível encontrar as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais
localizados ao redor do cone medular e do filamento terminal, que em conjunto são conhecidos
como cauda equina (MACHADO; HAERTEL, 2013).

A calda equina é formada por raízes nervosas que se direcionam aos forames intervertebrais até a
primeira vertebra coccígea. Elas preenchem o espaço deixado no canal medula, que deixa de ser
preenchido pela matriz medular na direção da vertebra L1. As raízes da calda equina são oriundas
da porção terminal da medula no nível das vertebras T11 a L1. Sendo assim, por mais que a
matriz medular termine na região lombar, todas as raízes buscam seu respectivo forame
intervertebrais para que possam acessar o sistema nervoso periférico (DRAKE; VOGL;
MITCHELL, 2015; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).

Cada raiz gerada entre T11 e L1, além de manter contato com seus respectivos forames
intervertebrais, também apresenta funções especificas quanto a inervação da porção inferior do
corpo humano. Por mais que várias raízes sejam originadas neste pequeno trecho da medula,
cada uma tem a sua participação no funcionamento do corpo. Por tanto, as raízes provenientes da
medula no nível das vértebras T11 e T12 buscam correspondência com os forames intervertebrais
lombares respeitando a organização de pares disposta em todo o resto da medula superior. Já as
raízes oriundas de L1 buscam correspondência com o sacro, finalizando o percurso com o
filamento terminal externo da dura-máter (MACHADO; HAERTEL, 2013; VANPUTTE; REGAN;
RUSSO 2016).

Pesquisa – A medula possui menor comprimento longitudinal quando comparada as vertebras


devido à diferença no ritmo de crescimento entre estruturas nervosas (lento) e ósseas (padrão), o
que faz com que no adulto haja o afastamento dos segmentos medulares das vértebras na porção
final da coluna vertebral, dando espaço para a formação da calda equina.

Conceito técnico – A síndrome da cauda equina é uma patologia neurológica grave na qual há
perda aguda da função neurológica das últimas raízes nervosas da medula, projetadas no
percurso do canal espinhal. Em seu curso pode desencadear inclusive, paralisia dos membros
inferiores (paraplegia) e perda do controle dos músculos do assoalho pélvico, ocasionando
problemas de excreção e funções sexuais.

FIGURA 29 – LIMITES ANATÔMICOS DA MEDULA E SUA SUBDIVISÃO

Fonte: Disponível em:


<http://medinsitu.blogspot.com/2013/01/neuroanatomia-medula-espinhal.html>
Acesso em: 18.03.2019
Cada par de raízes nervosas que saem da medula segue para inervar determinada área corporal.
As diferenças funcionais entre nervos oriundos das raízes nervosas projetadas da medula dão
origem a dois tipos de componentes funcionais periféricos, os dermátomos e os miótomos. Os
dermátomos equivalem à divisão funcional de sensibilidade no corpo humano baseada na
inervação oriunda das raízes dorsais e os miótomos são direcionados à distribuição funcional
motora no corpo humano baseada na inervação oriunda das raízes ventrais (MACHADO;
HAERTEL, 2013).

Estudando - Devido aos miótomos serem relacionados aos músculos na contração muscular e
movimento, a melhor forma de compreender a sua ação no corpo humano é observar quais são
os grupos musculares que agem diante do estimulo neuromotor de determinados feixes nervosos
para que se saibam quais deles produzem determinados movimentos.

Para melhor ilustrar os conceitos de dermátomos e miótomos, bem como apresentar qual a função
de cada ramo sensitivo e motor, as figuras e o quadro a seguir mostram quais são as áreas
correspondentes à inervação sensitiva e motora no corpo humano, o que automaticamente
proporciona a visualização da localização de cada dermátomo e miótomo originários da medula
vertebral (MACHADO; HAERTEL, 2013; OSBORN; DIGRE, 2018).

FIGURA 30 – MAPA DE MIÓTOMOS (DIVISÃO NERVOSA MOTORA DO CORPO)

Fonte: KREBS (2013).

Acesso em: 20.03.2019

Pesquisar - Os grupos musculares envolvidos na efetivação dos movimentos não são inervados
por somente uma raiz motora. Em certos casos, três ou mais raízes diferentes inervam músculos
de um mesmo grupo. Por tanto, caso um indivíduo lesione uma raiz nervosa que atua num
determinado músculo, o movimento realizado por este músculo será completamente perdido?
Resposta: Nem sempre haverá perda completa de movimento. A conclusão que se chega após o
estudo das raízes nervosas enquanto projeções medulares é que se uma raiz motora especifica
for lesionada, os movimentos musculares da região que ela atua podem sofrer tanto a perda do
movimento quanto apresentar somente um déficit de execução por possuírem ocasionalmente
mais de um músculo atuante no movimento.

QUADRO 03 – MIÓTOMOS (DIVISÃO NERVOSA MOTORA DO CORPO)


Raiz espinhal Grupo muscular
Abdutores e rotadores laterais de ombro; flexores de cotovelo;
C5-C6
supinadores de antebraço.
C5-C8 Flexores, extensores, abdutores e rotadores mediais de ombro.
Pronadores de antebraço; flexores, adutores, abdutores e adutores de
C6 – C8
punho.
C7-C8 Extensores de cotovelo.
C7-T2 Flexores e extensores longos dos dedos.
C8-T1 Músculos extrínsecos.
L1-L3 Flexores do quadril.
L2-L4 Abdutores do quadril; extensores de joelho.
Extensores, abdutores, rotadores internos e externos de quadril;
L4-S1
dorsiflexores e inversores de tornozelo.
L4-S2 Flexores de joelho; flexores plantares.
L5-S1 Eversores de tornozelo.
L5-S3 Músculos intrínsecos do pé.
S4-S5 Músculos perineais.
Fonte: Arquivo do autor baseado nas anotações de Barros Filho (1996) e Krebs (2013).

FIGURA 31 – MAPA DE DERMÁTOMOS (DIVISÃO NERVOSA SENSITIVA DO CORPO)

Fonte: Disponível em:


<https://www.tuasaude.com/dermatomos/>
Acesso em: 20.03.2019
 ASPECTO E ESTRUTURAS EXTERIORES DA MEDULA

No percurso da medula, podem-se observar duas dilatações. Uma localizada na direção dos
últimos segmentos cervicais e início da região torácica, a outra está localizada na porção final da
torácica junto ao início da região lombar. Estas dilatações são conhecidas como intumescência
cervical e intumescência lombar. A partir delas, o trajeto do plexo braquial (inervação de membros
superiores) e plexo lombar (inervação de membros inferiores) se inicia devido às conexões com
grossas raízes conectadas a esses prolongamentos que constituem o sistema nervoso periférico
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015).

O surgimento das intumescências está relacionado à quantidade de neurônios. Quanto mais


neurônios entram ou saem destas áreas, maior é o calibre da intumescência. A localização precisa
das duas estruturas não é exatamente precisa devido a diferenças anatômicas naturais entre os
humanos. Porém, a intumescência cervical está localizada geralmente entre C4 e T1 e a lombar
entre L2 e S3 (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).

Ao visualizar a medula é possível perceber uma diferença muito evidente em comparação ao


encéfalo, apesar de ambas fazerem parte do sistema nervoso central. A coloração do encéfalo é
acinzentada, o que o caracteriza popularmente como “massa cinzenta”, já a medula apresenta
aspecto esbranquiçado em sua estrutura externa. Apesar deste detalhe, o interior da medula
possui uma faixa de substância cinzenta de tonalizada semelhante ao córtex cerebral.

Atividade de estudo - A diferença de coloração cinza e branca entre estruturas nervosas em


muitos casos apresenta relação com o conteúdo daquele componente neural. Pesquise sobre o
conteúdo da substância branca e substância cinzenta da medula e responda qual o conteúdo
principal de cada estrutura neuronal.

Resposta: As estruturas de coloração cinza apresentam predominantemente aglomerados de


corpos celulares e as de coloração esbranquiçada possuem aglomerados de axônios. Logo, ao
ser observado no sistema nervoso central a substância branca, torna-se intuitivo que aquela
estrutura serve somente para o transito de informações/impulsos neuronais, mas caso esteja
presente numa estrutura a substancia cinzenta, torna-se intuitivo que ela seja produtora ou
processadora de estímulos.

A medula espinhal é dividida anatomicamente em porções e segmentos que também são validos
para o ponto de vista funcional, e a localização das intumescências ajuda no reconhecimento dos
limites anatômicos aplicados à divisão por porções. No sentido craniocaudal, as porções podem
ser divididas em porção cervical, porção dorsal (ou torácica), porção lombar, cone medular
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).
Polêmica - Alguns anatomistas consideram na divisão mais duas porções, a dilatação cervical e a
dilatação lombar. Por tanto, o ponto de dilatação cervical e dilatação lombar corresponde às
intumescências cervical e lombar, respectivamente.

FIGURA 32 – SUBDIVISÃO DA MEDULA POR PORÇÕES

Fonte: Disponível em: <https://iisdenino.it/inervaci%C3%B3n-segmentaria-de-los-m


%C3%BAsculos-neuroanatom%C3%ADa.html>

Acesso em: 21.03.2019

As quatro porções neuroanatômica da medula espinhal não acompanham cada vertebra da


divisão vertebral devido à medula possui características particulares que precisam ser mais bem
compreendidas do ponto de vista funcional, fazendo com que uma nova divisão atenda a
necessidade de facilitar a identificação das diferenças anatômicas em conjunto com as diferenças
funcionais de cada porção (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; OSBORN; DIGRE, 2018).

Além da divisão macro proporcionada pela identificação de porções da medula, comumente as


estruturas são subdivididas em segmentos. Cada segmento corresponde à porção ocupada pela
medula na direção de determinada vertebra e o nome do segmento recebe o nome da vertebra
correspondente. Por tanto, o segmento medular da primeira vertebra cervical é denominado
segmento C1, que corresponde a porção da medula iniciada imediatamente abaixo do bulbo,
passando pela primeira vertebra cervical (C1) (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; VANPUTTE;
REGAN; RUSSO 2016).

Cada segmento possui a projeção de um par de nervos espinhais e sua divisão acompanha a
organização anatômica determina a disposição dos nervos periféricos. Ao total, são 31 (trinta e
um) segmentos medulares apontados como 8 (oito) cervicais, 12 (doze) torácicos, 5 (cinco)
lombares, 5 (cinco) sacrais e 1 (um) coccígeo. Apesar dessa divisão apresentar vários segmentos,
nenhum deles é delimitado por acidentes neuroanatômico que possam indicar precisamente o
início e o fim de cada um, ficando a cargo da observação da disposição das vertebras para que se
possa identificar o limite anatômico de cada segmento (OSBORN; DIGRE, 2018; VANPUTTE;
REGAN; RUSSO 2016).

Estudando – Devido a cada segmento medular apresentar a projeção de uma raiz nervosa
espinhal, o corpo humano possui a quantidade de raízes nervosas igual à quantidade de
segmentos medulares, 31 pares de raízes.

A área externa da medula apresenta acidentes anatômicos em forma de sulcos e fissuras. São
denominados sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco intermédio posterior, sulco
lateral anterior e o sulco lateral posterior (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN, 2014).

O sulco mediano posterior da medula é pouco nítido quando visualizado através da superfície
da medula por ser raso e superficial. Contudo, apartir da observação de um corte transversal é
possivel observar um septo invaginado para o interior da medula em direção ao canal central. O
sulco mediano posterior termina no bulbo para dar ligar a formação dos limites laterais do IV
ventrículo, o que ocorre após o afastamento dos seus lábios a medida que este segue no sentido
cranial.

O sulco lateral anterior, como o próprio nome sugere, está localizado na face ventral da medula
e dele saem às raízes nervosas anteriores da medula que carregam consigo fibras relacionadas
ao comportamento motor. O sulco lateral posterior se posiciona na mesma direção do anterior e
projeta fibras que formam as raízes posteriores da medula que carregam componentes sensitivos.

A fissura mediana anterior sofre invaginação em direção ao canal central semelhante ao que
pode ser visto com o sulco mediano posterior. Mas, por ser fissura sugere que há abertura sem
interrupção em direção ao centro da estrutura. A artéria espinal anterior pode ser encontrada em
sua direção no espaço aracnóideo.

O sulco intermédio posterior se localiza ao lado do sulco mediano posterior e o sulco lateral
posterior separando a porção posterior da medula em dois feixes. O feixe gracilis (grácil) e o feixe
cuneiforme que se projetam ao troco encefálico formando o fascículo grácil e fascículo
cuneiforme. O sulco intermédio posterior continua seu percurso num septo intermédio posterior no
interior do funículo posterior. O septo intermédio posterior separa dois núcleos parcialmente a
partir de T6, o núcleo gracilis e o núcleo cuneado.
FIGURA 33 – SULCOS, FISSURAS E CONEXÕES COM RAÍZES NERVOSAS.

Fonte: Disponível em:

<http://medinsitu.blogspot.com/2013/01/neuroanatomia-medula-espinhal.html>
Acesso em: 21.03.2019

 ANATOMIA INTERNA DA MEDULA

A melhor forma de identificar os componentes internos da medula é observa-la numa secção


transversal. Nesta secção, ficam evidentes duas estruturas macroscópicas, a substância branca
(externa) e a substância cinzenta (interna). Partindo para a divisão anátomo-funcional medula, são
identificados em seu conteúdo interno um canal (canal central da medula), três cornos (na
substância cinzenta) e três colunas (na substância branca) em cada hemicorpo (DRAKE; VOGL;
MITCHELL, 2015).

o Substância branca

A substância branca da medula é constituída por fibras nervosas mielínicas que contem tanto
impulsos sensitivos quanto motores, ascendentes e descendentes. Está dividida pelos sulcos e
fissuras visíveis na porção externa da medula. Nas colunas, também conhecidas como funículos
medulares, são oriundas dessa divisão feita pelos sulcos e fissuras presentes na substância
branca (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).

As colunas da substância branca são três: Coluna anterior, Coluna lateral e Coluna posterior.
A seguir são apresentadas algumas especificidades de cada um de acordo com as observações
de Hall (2017) e Jotz (2017)
Coluna anterior - Também conhecida como fascículo anterior, está localizada entre a fissura
mediana anterior e o sulco anterolateral. Sua porção mais medial possui neurônios motores de
primeira ordem e leões nessa região podem provocar graves problemas motores como paralisia
flácida, o que leva o indivíduo a redução dos reflexos (hiporreflexia) e diminuição ou perda do
tônus muscular (hipotonia/distonia).

Coluna lateral - Está posicionada entre os sulcos anterolateral e o posterolateral. Sua importância
está em receber grande parte das fibras neuronais que decussam na parte inferior do bulbo. Algo
em torno de 80% das fibras acessa o trato corticoespinhal lateral que corresponde a uma das
regiões que apresentam fibras com origem e função similares.

Conceito técnico – A classificação dos neurônios em 1ª, 2ª, 3ª ou 4ª ordem faz referência à
ordem de transmissão dos impulsos sensitivos entre neurônios aferentes, onde os neurônios de 1ª
ordem são aqueles localizados em gânglios da raiz dorsal fora do sistema nervoso central e são
os primeiros a entrarem em contato com o estimulo sensitivo direcionado ao sistema nervoso
central. Os neurônios de 2ª pode estar presente tanto nos gânglios da raiz dorsal quanto nos
núcleos grácil e cuneiforme da medula. Os de 3ª ordem estão dispostos no tálamo ou no
diencéfalo. Os de 4ª ordem são os últimos a receberem os estímulos sensitivos e estão dispostos
no córtex cerebral.

Coluna posterior – Conhecida por alguns autores como fascículo posterior, está localizada entre
os sulcos posterolateral e mediano posterior e é responsável pelo envio dos estímulos
proprioceptivos e sensibilidade geral para o córtex cerebral, incluindo estímulos cutâneos,
articulares e musculares.

Apresentam fibras formadas por axônios de neurônios instalados nos gânglios dorsais (neurônios
de primeira ordem) e um sulco na região torácica superior e cervical, formando uma invaginação
que divide a coluna posterior em dois feixes já citados anteriormente, o feixe gracilis e o feixe
cuneiforme que formam posteriormente o fascículo grácil e fascículo cuneiforme.

Conceito técnico - Os gânglios dorsais são dilatações contidas nas raízes posteriores da medula
e que apresentam em sua constituição um emaranhado de corpos celulares de neurônios
sensitivos de primeira ordem.

A coluna posterior pode ser dividida em medial e lateral. Esta divisão tem como finalidade a
identificação de fibras mielinizadas e não mielinizadas, o que consequentemente interfere em seu
calibre. As fibras da divisão medial são mielinizadas, consequentemente, apresentam maior
diâmetro. Já as fibras da divisão lateral não apresentam a bainha de mielina, o que faz com que
sejam menos calibrosas (MARTIN, 2014).
FIGURA 34 – COLUNAS DA SUBSTÂNCIA BRANCA MEDULAR OU FUNÍCULOS MEDULARES.

Fonte: Disponível em:


<https://anatomia-papel-e-caneta.com/snc-medula-espinal/>(Modificado)
Acesso em: 23.03.2019

o Substância cinzenta

Numa secção transversal da medula espinhal, é possível observar a substância cinzenta


organizada de tal modo que sua disposição lembra a silhueta de uma borboleta por quase toda a
extensão dos segmentos neuroanatômicos. Alguns autores descrevem o formato como um “H”
devido a sua semelhança com a letra. Mas para a neuroanatomia a substância cinzenta no interior
da medula não está disposta desta forma para ser entendida como um mero detalhe. A substância
cinzenta da medula pode ser dividida em corno ventral, corno lateral e corno dorsal (OSBORN;
DIGRE, 2018).

Polêmica – Alguns autores denominam os cornos ventral, lateral e dorsal como colunas ventral,
lateral e dorsal da substância cinzenta; o que pode facilmente gerar confusão aos estudantes
menos atentos. Sendo assim, na presente descrição a nomenclatura utilizada será “cornos” para
evitar possíveis mal-entendidos.
FIGURA 35 – CORNOS MEDULARES OU COLUNAS DA SUBSTÂNCIA CINZENTA MEDULAR.

Fonte: KREBS (2013).


Acesso em: 23.03.2019

Dentro dos cornos da substância cinzenta da medula há uma subdivisão que evidencia que a
disposição dos neurônios e fibras não é uniforme por todo o seu percurso. Essa subdivisão gerou
a organização da substância cinzenta em 10 lâminas conhecidas como Lâminas de Rexel,
comumente numeradas em algarismos romanos. A seguir será apresentada a divisão de acordo
com as observações de Osborn e Digre (2018) e Martin (2014).

a) Lâminas do corno posterior

Lâmina I – Corresponde a placa marginal. É a lamina que forma a cobertura do corno dorsal e
inclui o núcleo posterior marginal.

Lâmina II – Corresponde a substância gelatinosa. Forma conexões entre os segmentos medulares


e participam da condução de estímulos sensitivos por possuirem fibras nociceptivas do tipo C.

Lâmina III – Também está localizada na substância gelatinosa e em parte do núcleo central.
Recebe da raiz dorsal fibras neuronais com diversos axônios revestidos por bainha de mielina.

Lâmina IV – Localizada no núcleo central, configura-se como a maior região do corno posterior e
possui fibras de neurônios motores (mecanoreceptores do tipo Aα).

Lâmina V – Constituem o Colo do corno posterior (Substância reticular) sendo dividida em parte
lateral e parte medial. Apresentam vias sensitivas que recebem estímulos nociceptivos de fibras
Aβ e C. estabececem sinapses com tratos corticoespinhais e raiz posterior.

Lâmina VI – Constitui o corpo do corno posterior. Apresenta-se mais evidente nas intumescências
cervicais e lombares se dividindo em zona lateral, que agrega fibras descendentes, e zona medial,
que agrega fibras terminais da raiz posterior.
b) Lâminas do corno lateral

Lâmina VII – A única lamina do corno lateral, corresponde ao corno intermédio. Apesar de ser a
única, não agrega toda a substância cinzenta considerada como pertencente porção
intermediária/lateral. Contem em seu percurso o núcleo de Clarke que origina o trato espino-
cerebelar dorsal que ascende na porção mais posterior do funículo lateral da medula.

Atividade de estudo - O núcleo de Clarke é uma estrutura compreendida entre as regiões de C8


–L3. Devido ao limite caudal do núcleo, tem um aspecto mais largo na porção lombar e
sacrococcígea. Sobre o núcleo de Clarke, pesquise e comente qual é a sua função no sistema
nervoso central.

Resposta: O núcleo de Clarke tem como função a retransmissão de informações


somatosensoriais dos membros inferiores para a porção inferior do tronco.

c) Lâminas do corno anterior

Lâmina VIII – Possui terminações de axônios oriundos do tronco encefálico e é responsável pelo
transporte e informações motoras. Apresentam pontos de sinapses de neurônios de primeira
ordem e segunda ordem. Apresenta fibras vestíbulo-espinhais, retículo-espinhais e do núcleo
comissural que é o local primário de aferências viscerais, como barorreceptores e
quimiorreceptores arteriais.

Lâmina IX – Apresenta parte medial, intermédia e lateral e atua na função motora. A subdivisão
está relacionada a função das fibras que possui devido a parte medial carregar informação das
musculaturas axiais, a parte medial carregar informação das cinturas e a parte medial carregar
informação dos membros.

Lâmina X – Localizado na periferia do canal central da medula, o que faz com que sirva como a
porção da substância cinzenta que contém as células do canal. Esta lamina se divide em
comissura cinzenta anterior e posterior e possui fibras secundárias da via espinotalâmica.

Estudando - As lâminas I, II, III e IV possuem condução nervosa aferente exteroceptiva, já as V e


VI são aferentes proprioceptivas.

o Canal central da medula

Também conhecido como canal ependimário por ser constituído por células ependimárias, está
localizado no centro da medula e carrega consigo o líquido cefalorraquidiano. O fato de possuir
este líquido já indica que o canal faz conexão com o sistema ventricular. Nesse caso, o canal
central faz conexão com o quarto ventrículo posicionado imediatamente a frente do cerebelo, no
percurso de grande parte do tronco encefálico (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; DE FREITAS,
2018).

Já a substância branca, que predominantemente contém axônios revestidos por bainha de


mielina, apresenta três funículos ou cordões dispostos em seu percurso. Os funículos anterior,
posterior e lateral. O funículo anterior está localizado entre o sulco lateral e a fissura mediana
anterior; o funículo posterior entre sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior; e o funículo
lateral é a estrutura mais lateralizada da medula e está disposto entre o sulco lateral posterior e o
lateral anterior (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015).

Estudando - Na parte cervical da medula o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio
posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme.

FIGURA 36 – LÂMINAS DE REDEX.

Fonte: Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/Rexeds-laminae-in-a-cross-section-of-


the-spinal-cord-at-approximately-the-level-of-the_fig1_230684765>

Acesso em: 25.03.2019

2.2 VIAS MOTORAS E SENSITIVAS DA MEDULA

A medula apresenta várias subdivisões devido a cada região de sua anatomia interna possuir uma
função especifica que envolve o transporte de informações sensitivas ou motoras. Para que seja
possível identificar como a medula atua na funcionalidade do corpo humano, é importante
conhecer quais são as vias correspondentes cada segmento corporal e qual o percurso da
informação. Basicamente as vias da medula podem ser designadas como vias sensitivas
(aferentes); vias motoras (eferentes) ou vias de integração, sendo estas últimas pouco dispostas
no percurso da medula já que o encéfalo se encarrega por grande parte da integração neuronal do
corpo humano (MARTIN, 2014; MACHADO; HAERTEL, 2013).

 VIAS SENSITIVAS (AFERENTES OU ASCENDENTES)

As vias sensitivas, ascendentes ou sensitivas são aquelas responsáveis pela condução dos
estímulos percebidos pelo sistema sensorial periférico para o processamento da informação no
sistema nervoso central. A divisão destas vias na medula é variada, podendo ser identificados
tratos, colunas, fascículos, dentre outros tipos de feixes de fibras neuronais (MARTIN, 2014).

Na porção posterior do bulbo estão presentes o fascículo grácil e fascículo cuneiforme, que são
divididos pelo sulco intermédio posterior. Ambos apresentam fibras aferentes que, na medula,
fazem parte do sistema extrapiramidal e transportam informações sensitivas. Estes fascículos
apresentam fibras que se direcionam a dois núcleos bulbares de substância cinzenta,
direcionados à porção cranial e que recebem o mesmo nome de seus fascículos correspondentes,
o núcleo bulbar grácil e o núcleo bulbar cuneiforme. A partir destes núcleos surgem o tubérculo
grácil e o tubérculo cuneiforme (OSBORN; DIGRE, 2018; MARTIN, 2014; MOORE, 2014).

o Fascículo grácil

O fascículo grácil corresponde a uma via de sensibilidade profunda e está localizado na coluna
posterior na porção lateral do sulco mediano posterior da medula. Possui a função de
propriocepção, tato epicrítico, esterognosia e sensibilidade vibratória consciente (OSBORN;
DIGRE, 2018).

Conceito técnico - Pode-se dizer que a propriocepção, também conhecida como cinestesia, é a
capacidade de reconhecer a localização do corpo e seus apêndices no espaço, à força utilizada
pelos músculos e identificar se o corpo está em movimento sem o auxílio da visão. O tato
epicrítico equivale ao reconhecimento de dois diferentes pontos de estimulação tátil. A
esterognosia é a capacidade de reconhecer objetos pelo tato. A sensibilidade vibratória consciente
permite o reconhecimento da localização do estimulo vibratório quando entra em contato com o
corpo.

O trajeto da informação sensitiva profunda no fascículo grácil começa no receptor sensitivo


periférico estimulado, localizado nos membros inferiores ou na porção inferior do tronco. O
receptor passa a informação sensitiva para o 1º neurônio que se localiza no gânglio espinhal (raiz
dorsal) e projeta seus axônios para a coluna posterior da medula. Ao chegar na medula, o
estimulo ascendente é mantido pelo fascículo grácil e segue rumo ao tronco encefálico com
destino ao bulbo, onde encontra o núcleo grácil que é o ponto de sinapse com o segundo
neurônio. As fibras do segundo neurônio sofrem decussação e segue para o tálamo até o contato
com o 3º neurônio localizado no núcleo ventricular póstero lateral. Após a sinapse, o 3º neurônio
atravessa a capsula interna da coroa radiada para que, finalmente, encontre o córtex cerebral
sensitivo, no giro pós-central. (OSBORN; DIGRE, 2018; MACHADO; HAERTEL, 2013).

o Fascículo cuneiforme

Os fascículos grácil e cuneiforme apresentam as mesmas funções sensitivas. Mas o que os difere
é a localização de suas fibras neuronais e a região a qual se dedicam a suprir (OSBORN; DIGRE,
2018; MACHADO; HAERTEL, 2013).

Atividade de estudo - O fascículo grácil e o cuneiforme são estruturas que apresentam funções
semelhantes, porém atuam em regiões corporais distintas. Cite quais as regiões corporais que
enviam informações sensitivas para o fascículo grácil e cuneiforme e comente qual é a localização
do fascículo cuneiforme na medula.

Resposta: O fascículo grácil atende ao tronco baixo e membros inferiores. Já o fascículo


cuneiforme contribui para a inervação de tronco alto e membros superiores. Quanto à localização
da estrutura anatômica, este fascículo também está localizado na coluna posterior, paralelo ao
fascículo grácil, mais posicionado à lateral.

O percurso da informação sensitiva também é semelhante entre grácil e cuneiforme. A diferença


está no ponto de partida do estimulo, que no fascículo cuneiforme começa pelo tronco alto e
membros superiores e segue rumo segundo neurônio localizado no gânglio espinhal da raiz dorsal
projetar suas fibras para a medula formando o próprio fascículo cuneiforme e estabelecendo
sinapse com o 3º neurônio no núcleo cuneiforme (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN,
2014).

Pesquisa - Os axônios que constituem as fibras do 2º neurônio e que partem do núcleo grácil e
cuneiforme formam o lemnisco medial no bulbo no tronco encefálico.

o Coluna posterior

Os componentes da coluna posterior já foram citados neste mesmo capítulo (Tópico “2.1” sessão
“ANATOMIA INTERNA DA MEDULA” Item “b”), porém, é importante incluí-la em meio as vias
sensitivas aferentes devido a sua relevância para as funções sensitivas e sua posição de
destaque na medula (OSBORN; DIGRE, 2018).

O percurso que essa via traça no SNC começa nas fibras da coluna posterior, que penetram na
divisão medial e carregam consigo informações somatosensitivas. Os neurônios de 1ª ordem
pertencentes aos gânglios dorsais raquidianos levam informação às laminas III, IV e V da
substância cinzenta onde estão localizados neurônios de 2ª ordem para estabelecerem sinapses.
Os neurônios de 2º ordem que recebem a informação somatossensitiva se destinam ao tálamo
para estabelecerem sinapses com neurônios de 3ª ordem para que, finalmente, a informação seja
conduzida ao córtex somatossensitivo primário (HANSEN, 2015; DRAKE; VOGL; MITCHELL,
2015).

Estudando - O córtex somatossensitivo primário corresponde anatomicamente ao giro pós-central


no telencéfalo.

o Tratos espinocerebelares

Os tratos espinocerebelares são grupos de axônios que se comportam de maneira similar devido
a terem origem em áreas próximas umas das outras e proporcionarem ao indivíduo a
manifestação sensitiva similar. Todos se originam na medula e finalizam seu trajeto no cerebelo e
o seu nome sugere esta conexão. Sua atuação se traduz na identificação do posicionamento de
membros e articulação, em outras palavras, é responsável pela condução dos estímulos
proprioceptivos (HANSEN, 2015).

Suas fibras são divididas em trato espinocerebelar anterior e trato espinocerebelar posterior. A
divisão dos tratos ajuda a compreender o percurso das informações sensitivas como dor, pressão
e temperatura. O profissional que conhece as regiões e suas funções, saberá identificar quais são
as possíveis manifestações clínicas que o paciente terá, sendo esta prática norteadora de
prognósticos para lesões nervosas da medula (HANSEN, 2015; DRAKE; VOGL; MITCHELL,
2015).

Conceito técnico - Tanto o trato espinocerebelar anterior quanto o posterior possuem dois
neurônios e transmitem informações para o mesmo lado do corpo (ipsilaterais).

a) Espinocerebelar anterior

O trato espinocerebelar anterior tem origem na medula toracolombar e destinam seus axônios
para a o córtex cerebelar. Por não chegar aos núcleos de processamento e planejamento motor,
não produzem movimentos conscientes e contribuem essencialmente para o ajuste de
movimentos, apesar de entrarem em contato com estímulos do córtex cerebral e receberem
informações contidas nos interneurônios espinais (OSBORN; DIGRE, 2018).

As fibras desse trato realizam cruzamento de hemisfério, o primeiro no sentido caudal–cranial é


efetivado ainda na medula, e o segundo na substância branca do cerebelo. Este duplo
cruzamento permite que a característica do cerebelo continue sendo de estrutura central que
cursa com prejuízo funcional do hemicorpo ipsilateral em casos de lesão em sua estrutura
(KOEPPEN; STANTON, 2018; OSBORN; DIGRE, 2018).
b) Espinocerebelar posterior

Este trato carrega informações proprioceptivas e táteis oriundas dos membros inferiores. A
recepção dos estímulos nervosos, que ocorre na região do cone medular a nível de estruturas
lombares (plexo lombar) e sacrais, leva informações ao Núcleo de Clarke (C8-L3) que conduz os
estímulos eferentes passando pelo tronco encefálico e se direcionando ao cerebelo. Ao chegar no
cerebelo, as fibras do trato espinocerebelar posterior seguem para o verme e paraverme do lobo
posterior cerebelar do mesmo lado de origem do trato em questão (JOTZ, 2017).

o Trato cuneocerebelar

O trato cuneocerebelar apresenta funções semelhantes ao trato espinocerebelar posterior. Mas,


ao invés de carregar informações proprioceptivas e táteis de membro inferior, fazem a mesma
função para os membros superiores. O acesso a medula nessa via se dá a nível cervical no corno
posterior e as fibras responsáveis pela condução da informação seguem no fascículo cuneiforme
para acessar o bulbo. No bulbo, as fibras fazem sinapse com o núcleo cuneiforme acessório para
que, finalmente, o trato cuneocerebelar encontre o lobo anterior cerebelar; o verme e paraverme
do lobo posterior cerebelar no mesmo lado (JOTZ, 2017; HANSEN, 2015).

o Trato espinhotalâmico

A via anterolateral é responsável pelas informações discriminativas nociceptivas (dor consciente),


de temperatura e ocasionalmente de tato e pressão. Está presente na medula na direção da
coluna lateral e é constituída pelos tratos espinotalâmicos que podem ser lateral ou anterior
(HANSEN, 2015).

Na medula, o trato espinhotalâmico representa uma via do sistema sensorial que transmite
informações de dor, temperatura, pressão e tato ao tálamo. Suas fibras, a exemplo de varias
outras da medula, atravessam o plano mediano do corpo para ocuparem espaço no hemicorpo
oposto ao de sua origem. Mas, ao contrário de muitos outros tratos abordados até o momento,
este cruza a linha mediana na própria medula (HANSEN, 2015).

CONCEITO TÉCNICO – Tato protopático equivale ao tato grosseiro e impreciso, que não tem a
capacidade de detalhar conscientemente a estrutura percebida. O trato que cuida do tato refinado
com detalhamento consciente da percepção tátil é o trato epicrítico.

a) Trato espinhotalâmico lateral

As vias do trato espinhotalâmico lateral se encarregam das sensações de dor e temperatura,


recebendo estímulos de dor oriundos das terminações nervosas livres, e os estímulos de
temperatura dos corpúsculos de Krause (frio) e corpúsculo de Ruffini (calor). Na medula, o
percurso do estímulo sensitivo inicia nos neurônios de primeira ordem contidos nos gânglios
espinhais das raízes dorsais, que projetam seus axônios em direção à substância cinzenta da
medula para as laminas I, II e III do corno posterior. Ao estabelecerem sinapses com neurônios
contidos nas lâminas, as informações carregadas agora por neurônios de 2ª ordem cruzam a linha
mediana e ocupam o lado contralateral ao de origem, na coluna posterior. Neste lado oposto,
existe ainda a possibilidade de serem estabelecidas sinapses com neurônios de 3ª ordem nas 5
primeiras lâminas da substância cinzenta medular até a ponte (JOTZ, 2017; MACHADO;
HAERTEL, 2013).

Seu trajeto em direção encéfalo se direciona ao tálamo que receberá através de neurônios de 2ª
ou 3ª ordem (a depender de sinapses estabelecidas após o cruzamento da linha media) os
estímulos sensitivos e encaminhara o estimulo para o córtex somato-sensorial do giro pós-central
através de neurônios de 3ª ou 4ª ordem originados no tálamo (JOTZ, 2017; MACHADO;
HAERTEL, 2013).

b) Trato espinhotalâmico anterior

Devido ao trato espinhotalâmico anterior ter função tátil e pressão, o estímulo recebido em suas
fibras se origina em dois componentes específicos do sistema nervoso periférico, o corpúsculo de
Meissner (tato) e o corpúsculo de Paccini (pressão). O trajeto da informação sensitiva deste trato
não apresenta diferença quando comparado ao trajeto feito pelo trato espinhotalâmico lateral
(JOTZ, 2017).

Anatomicamente, não há acidentes anatômicos que possam contribuir para a correta divisão dos
tratos espinhotalâmico lateral e o espinhotalâmico anterior. A principal diferença entre os dois é
quanto a funcionalidade de suas vias já que, diferentemente do espinhotalâmico lateral, o
espinhotalâmico anterior é responsável pelo tato protopático (tato grosseiro) e pressão (JOTZ,
2017).

Pesquisa - Na ponte, o trato espinhotalâmico lateral e o anterior se unem para a formação do


lemnisco espinhal.

Dentre as vias aferentes que cuidam do estimulo de dor, também estão localizados o trato
espinhoreticular e o trato espinhomesencefálico. O primeiro é responsável pela de atenção em
reposta à dor e seu percurso passa pela lamina VII da substância cinzenta medular e ascende
para os núcleos da formação reticular e substância reticular no tronco encefálico. O segundo está
relacionado aos mecanismos de controle da dor e suas fibras passam pelas lâminas I, II, III, IV e V
da substância cinzenta da medula e terminam no mesencéfalo (HANSEN, 2015; MARTIN, 2014).

Pesquisa - As vias aferentes também contam com um trato independente, que age
imediatamente no controle de estímulos de dor de forma autônoma, o trato espinhohipotalâmico,
que se comunica diretamente com o hipotálamo.
o Trato espinho-olivar

O trato espinho-olivar carrega informações proprioceptivas para o córtex cerebelar e seu percurso
na medula, como em todas as vias aferentes, começa pelas fibras oriundas dos gânglios das
raízes espinhais dorsais que correspondem ao neurônio de 1º ordem. Ao acessar a medula, as
fibras se dispõem junto ao trato de Lissauer pertencente a vias de associação da medula, e
estabelece sinapses com neurônios de 2ª ordem da substância cinzenta nas lâminas V, VI e VII
de Redex. Após as sinapses, as fibras neuronais cruzam a linha mediana e assumem espaço
entre as colunas anterior e lateral da substância branca até os Núcleos Olivares e Núcleos
Acessórios, onde vão repassar as informações sensitivas para os neurônios de 3ª ordem, que
direcionam suas fibras para o córtex cerebelar (MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).

 VIAS MOTORAS (EFERENTES OU DESCENDENTES)

As vias motoras, descendentes ou eferentes são aquelas responsáveis pela condução dos
estímulos gerados no sistema nervoso central rumo a órgãos efetores, transmitindo a informação
com o auxílio do sistema nervoso periférico. A divisão das vias motoras na medula é tão variada
quanto a presente nas vias sensitivas. Por tanto, nas vias motoras também é possível serem
identificados diversos tratos com funções especificas. Sendo assim, a seguir serão apresentadas
as principais vias de condução de estímulos eferentes (MACHADO; HAERTEL, 2013; MARTIN,
2014).

o Trato corticoespinhal

Também conhecido como trato piramidal, o trato corticoespinhal possui predominantemente fibras
de neurônios motores, que correspondem às vias eferentes (que levam informação do encéfalo
para periferia). O trato corticoespinhal pode ser dividido em duas porções na medula, o trato
corticoespinhal lateral e o trato corticoespinhal anterior, sendo que as duas vias seguem unidas do
córtex cerebral até o bulbo e posteriormente se separam para formar os funículos lateral e anterior
da medula (MACHADO; HAERTEL, 2013).

O percurso comum das fibras do trato corticoespinhal começa no córtex cerebral, onde dispara o
impulso motor voluntario no giro pré-central e córtex motor primário através do 1º neurônio motor.
Ao se projetar inferiormente através de seu axônio, confunde-se com os demais componentes de
substância branca se tornando mais compacta e constituindo o ramo posterior da cápsula interna
e se encaminha em direção ao tronco encefálico. Dentro do tronco encefálico, no bulbo, uma
proporção de fibras tanto do trato corticoespinhal medial quanto do lateral cruzam a linha média
numa região conhecida como “zona de decussação das pirâmides”. A partir de então, parte de
cada um dos tratos segue na medula em posições opostas (JOTZ, 2017; MACHADO; HAERTEL,
2013).
Atividade de estudo – Quais a consequências da decussação das pirâmides para o
comportamento motor transmitido pela medula?

Resposta - Devido à decussação das pirâmides que o hemisfério cerebral direito controla o lado
esquerdo do corpo e o hemisfério cerebral esquerdo controla o lado direito. Por tanto, caso
alguém sofra lesão no hemisfério cerebral esquerdo, o comportamento motor do lado esquerdo
será prejudicado.

Estudando - Área 4 de Browdmann corresponde ao córtex motor primário que atua no controle de
diversos movimentos e respostas cenestésicas

a) Corticoespinhal lateral

A partir do bulbo algo em torno de 2/3 das fibras do trato corticoespinhal cruzam a linha média do
tronco encefálico para assumirem o controle motor do lado oposto e passam a ser enquadradas
como trato corticoespinhal lateral. Ao seguir na medula, as fibras decussadas passam a formar a
coluna lateral podendo ser encontrado ao nível do ligamento denticulado na medula (MARTIN,
2014).

Conceito técnico – O ligamento denticulado corresponde a uma prega longitudinal que disposta
num plano frontal ao longo de todo o percurso da medula

O trajeto das fibras do trato corticoespinhal lateral na medula é concluído após o contato com o
corno anterior localizado na substância cinzenta da medula. Ele deixa a coluna lateral para
estabelecer sinapses com os neurônios da lâmina IX de Redex e ocasionalmente com as laminas
V e VIII de Redex e efetuando, assim, contato com o 2º neurônio motor para posteriormente
serem projetadas para fora do sistema nervoso central como radículas e raízes nervosas (JOTZ,
2017; MARTIN, 2014).

Sua constituição é repleta de axônios de neurônios localizados nas áreas de planejamento motor
do córtex cerebral, bem como no córtex motor primário. Estabelecem conexões com neurônios
motores inferiores para que o estimule chegue ao músculo de destino e viabilize a contração
muscular voluntaria. Os neurônios que atravessam este trato são especializados em movimentos
de amplitude controlada e fracionada, como os movimentos precisos da mão (Lundy-Ekman).

Estudando –1/3 das fibras do trato corticoespinhal, as que permanecem no mesmo lado do
hemisfério cerebral que deu origem aos neurônios motores, passam a ser denominadas a partir do
bulbo como Trato corticoespinhal anterior, que darão origem ao funículo anterior.

b) Corticoespinhal anterior
O trato corticoespinhal anterior fica localizado próximo à linha média, na coluna anterior da
substância branca da medula. Seu trajeto de saída do bulbo após a separação de suas fibras com
as que formam o trato corticoespinhal lateral mantem o curso na coluna até que suas fibras
cruzam a linha média em direção a coluna anterior da medula contralateral para realização de
sinapses com os neurônios. Após atingir a coluna anterior contralateral essas fibras estabelecem
sinapses com axônios do 2º neurônio motor para que sejam formadas radículas que darão origem
aos nervos espinhais (MACHADO; HAERTEL, 2013).

FIGURA 37 – TRATO CORTICOESPINHAL E A DECUSSAÇÃO DAS PIRÂMIDES BULBARES.

Fonte: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/Mariaheht/tronco-encfalico-12657245>

Acesso em: 28.03.2019

o Trato rubroespinhal

O trato rubroespinhal se posicionam ventrais ao trato corticoespinhal. Estes dois tratos são
semelhantes devido à similaridade de suas funções por participar do controle motor e receber
fibras do cerebelo para a regulação do movimento ativo, mas o trato rubroespinhal tem como
principal diferença funcional o controle motor na ativação de neurônios alfa e gama estão
relacionados a inervação de músculos flexores (OSBORN; DIGRE, 2018).

Seu percurso inicia no núcleo rubro, onde estão localizados os corpos celulares dos neurônios
que vão dar origem aos axônios do núcleo. Os axônios, ao serem projetados em direção a
medula, sofrem decussação imediatamente após saírem do núcleo para seguirem no lado
contralateral da medula até as células internunciais das zonas intermediárias dos cornos da
medula espinhal, nas proximidades das terminações dos axônios do trato corticoespinhal
(MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).

FIGURA 38 – VIAS DO TRATO CORTICOESPINHAL E TRATO RUBROESPINHAL.

Fonte: Martin (2014)

Acesso em: 28.03.2019

o Trato reticuloespinhal

O trato reticuloespinhal tem sua origem na ponte e bulbo ao nível da formação reticular. Esta
estrutura funcional não é constituída por um grupo compacto de células, mas de áreas
circunscritas de células com características funcionais idênticas. As fibras oriundas do bulbo
seguem seu percurso na em parte da coluna lateral da substância branca da medula e as
oriundas da ponte se localizam em partes da coluna anterior e lateral. O percurso das fibras
termina estabelecendo sinapses com o corno anterior da medula (HANSEN, 2015).

Funcionalmente parece que quando a formação reticular pontino é estimulada, existe facilitação
dos neurônios motores alfa e principalmente dos gamas. Durante o estímulo bulbar ocorrer
inibição de ambos os tipos de neurônios motores (HANSEN, 2015).

Conceito técnico – O conjunto de fibras do trato reticuloespinhal oriundo da ponte também pode
ser denominado como trato reticuloespinhal pontino e o conjunto formado pelas fibras oriundas do
bulbo como trato reticuloespinhal bulbar. Este último auxilia no fracionamento dos movimentos,
em especial da mão, facilita músculos posturais e extensores dos membros.

o Trato vestibuloespinhal

O caminho percorrido pelas fibras do trato vestibuloespinhal começa no tronco encefálico a nível
de ponte e bulbo, nos núcleos vestibulares que contem aglomerados de corpos celulares de
neurônios motores. Os axônios destes neurônios se condensam formando dois feixes que seguem
o trajeto ipsilateral (mesmo lado) do núcleo vestibuloespinhal, o feixe que segue na porção lateral
da medula é conhecido como trato vestibuloespinhal lateral, e o feixe remanescente que segue na
porção mais medial é conhecido como trato vestibuloespinhal medial. Seu trajeto é concluído
corno anterior da medula ao estabelecer sinapses com neurônios que darão suporte para as
funções de equilíbrio, em especial, de cabeça e tronco (MARTIN, 2014).

Atividade de estudo - Indo de encontro à função do trato rubroespinhal, o trato vestibuloespinhal


apresenta estímulos motores específicos em seu percurso. Quais são os comandos motores
funcionais conduzidos por esse trato?

Resposta: O trato vestibuloespinhal conduz informações de regulação dos estímulos motores de


extensão, determinando o aumento do tônus extensor ao ser excitado. Os neurônios alfa e gama
extensores participam desse processo e as vias neuronais deste trato tem potencial de inibir
estímulos flexores.

Pesquisa - O fascículo septomarginal, também conhecido como feixe oval, é uma estrutura
medular visível na metade inferior da medula nos níveis de entrada das fibras que formam o
fascículo grácil. Na metade superior da medula nos níveis de entrada das fibras que formam o
fascículo cuneiforme esta localizado o fascículo semilunar ou fascículo interfascicular. Ambos são
relacionados a funções motoras e estabelecem sinapses com as vias descendentes.

o Trato tectoespinhal

Os corpos celulares dos axônios que constituem essa via estão localizados no mesencéfalo,
especificamente no colículo superior. Emergem para o sistema nervoso periférico no terço
superior da medula e se direcionam aos músculos da cabeça, olhos, tronco e porção proximal dos
membros superiores. Este trato executa funções de orientação sensorial e motora da cabeça de
forma combinada, coordenando movimentos reflexos decorrentes de estímulos visuais (MARTIN,
2014).
FIGURA 39 – PRINCIPAIS VIAS SENSITIVAS (ASCENDENTES) E MOTORAS DA MEDULA
ESPINHAL (DESCENDENTES).

Fonte: Disponível em: <https://www.monografias.com/pt/trabalhos3/concepcoes-bale-recurso-


terapeutico-fiosioterapia/concepcoes-bale-recurso-terapeutico-fiosioterapia2.shtml>

Acesso em: 29.03.2019

Estudando - A medula possui também vias de associação, uma delas corresponde ao fascículo
longitudinal medial. Sua principal função associativa é de dar suporte aos núcleos motores de
nervos cranianos, estabelecendo conexões necessárias para a manifestação comportamental
combinada. Por tanto, está envolvido com reflexos integrados no tronco encefálico, em especial os
de coordenação motora para duas ou mais regiões corporais.

2.3 SISTEMA VENTRICULAR, LIQUOR E ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

 SISTEMA VENTRICULAR E O LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR)


o Sistema ventricular

A composição do sistema ventricular está diretamente relacionada a formação de determinados


tecidos na embiogenese humana. O lúmen do tubo neural embrionário acompanha o
desenvolvimento do sistema nervoso central para originar os ventrículos que são uma rede de
cavidades localizadas no encéfalo humano que apresentam como principal característica o
armazenamento e produção de LCR. Os ventrículos são divididos em ventrículos laterais (I e II
ventrículos), III ventrículo e IV ventrículo (OVALLE; NAHIRNEY, 2014; DE FREITAS, 2018).

FIGURA 40 – VENTRÍCULOS ENCEFÁLICOS

Fonte: Disponível em: <https://www.psicoactiva.com/blog/se-protege-sistema-nervioso-central/>

Acesso em: 29.03.2019

a) Ventrículos laterais (I e II ventrículos)

Os ventrículos laterais são cavidades com convexidades posteriores localizadas no telencéfalo,


correspondem ao primeiro e segundo ventrículo e apresentam as mesmas estruturas por cada um
fazer parte da região contralateral dos hemisférios cerebrais. Seu canal comunicante, que
corresponde ao plexo coroide do ventrículo lateral, equivale à invaginações da pia-máter que
reveste vasos, que se projetam rumo ao ventrículo. Os ventrículos podem ser divididos em três
segmentos principais: Corno frontal, corno occipital, corno temporal.

 Corno frontal: Seu nome faz referência ao lobo frontal, onde está localizado, e se posiciona
anterior ao forame ventricular. Os limites superiores e seu rebordo compreendem ao corpo
caloso e a porção medial está limitada pelo septo pelúcido. O limite inferior corresponde ao
núcleo caudado.
 Corno occipital: está alojado no lobo occipital e seu limite superior corresponde a coroa
radiada, já o inferior é possível visualizar o bulbo do corno posterior e uma estrutura
conhecida como esporão de Morand ou calcar O calcar avis é uma involução da
avis. parede do ventrículo
 Corno temporal: Cruza o lobo temporal e seu lateral do corno posterior produzido
limite superior corresponde a substância branca, pela fissura calcarina. Em algumas
na borda medial o núcleo caudado, e a parte literaturas pode ser encontrado
inferior é limitada pela fímbria, hipocampo e com o nome de
eminência lateral. “hipocampo menor”.
Entre o corno frontal e o corno occipital existe uma porção central relatada comumente em livros
de neuroanatomia. Sua apresentação não é relevante do ponto de vista funcional por ser uma
região intermediaria e que atua de forma similar as suas regiões circunvizinhas. Seu limite
superior corresponde ao corpo caloso, o limite medial ao septo pelúcido, e o inferior ao núcleo
caudado, tálamo, plexo coroide e fórnix (OSBORN; DIGRE, 2018).

Pesquisa - Geralmente o ventrículo lateral esquerdo é maior que o direito.

b) III ventrículo

O posicionamento do terceiro ventrículo está compreendido no centro do diencéfalo. Ao ser


observado junto aos ventrículos laterais influência o observador a suspeitar que esteja
posicionado no centro do dos ventrículos laterais. A porção anterior tem como limite a lâmina
terminal, a posterior apresenta a haste da glândula pineal e comissura habenular, o inferior
corresponde ao quiasma óptico, tuber cinéreo e infundíbulo, corpos mamilares e parte superior do
tegmento mesencefálico; e a superior possui uma fina camada conhecida como epêndima.

Conceito técnico - Epêndima é uma fina camada semelhante a um epitélio de revestimento que
percorre os quatro ventrículos e o canal central da medula. A constituição celular desta estrutura
corresponde a células cuboides ou cilíndricas que se conectam continuamente funcionando como
uma barreira fina e permeável que seletiva entre o encéfalo e o LCR (OVALLE; NAHIRNEY,
2014).

Por estar posicionado no diencéfalo, o III ventrículo entra em contato com diversas estruturas da
região, onde as paredes laterais se formam a partir das superfícies mediais dos dois tálamos, e
porção latero-inferior e toda extensão inferior se comunicam com o hipotálamo. No tálamo, a
aderência intertalâmica atravessa o terceiro ventrículos para o estabelecimento de comunicação
entre os hemisférios direito e esquerdo.

O líquido cefalorraquidiano transita entre o III ventrículo e os demais através de canais


específicos. O forame interventricular (de Monro) leva o LCR para o III ventrículo. O aqueduto de
Sylvius está posicionado na porção póstero-inferior do III ventrículo para levar o LCR circulante
para o IV ventrículo. A grosso modo se pode considerar que o III ventrículo é uma cavidade
intermediária entre a primeira e última zona de produção e armazenamento de LCR (DE
FREITAS, 2018).
FIGURA 41 – VENTRÍCULOS LATERAIS (I E II VENTRÍCULOS) E III VENTRICULO.

Fonte: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org>

Acesso em: 20.03.2019

c) IV ventrículo

A cavidade correspondente ao IV ventrículo está posicionada atrás da ponte e do bulbo, no tronco


encefálico, e afrente do cerebelo. Em sua porção superior, estabelece conexão com o III
ventrículo através do aqueduto de Sylvius. Já na porção inferior apresenta duas aberturas que dão
passagem para o LCR acessar o espaço subaracnóideo e a medula. O que permite a passagem
do LCR para o espaço subaracnóideo é o forame de Magendie. Na porção lateral, está presente o
forame de Luschka, que se projeta par ao entorno do tronco encefálico.
Os limites laterais do IV ventrículo correspondem ao pedúnculo cerebelar; o limite superior é
formado por uma lâmina de substância branca; e o limite inferior corresponde a é formado pela
superfície dorsal da ponte e bulbo.

Quanto a produção do LCR, plexo coróide do quarto ventrículo é oriundo da tela coróidea que é
uma camada de pia-máter de alta vascularização projetada para o interior da cavidade principal
próxima ao plano mediano. O LCR produzido em cada ventrículo não permanece estagnado nos
ventrículos, atingindo todo o sistema nervoso central percorrendo, inclusive, a medula através do
espaço subaracnóideo e do canal central da medula.

Pesquisa – A hidrocefalia é uma patologia que cursa com o acumulo de LCR nos ventrículos
cerebrais. Uma das causas desse acumulo é a obstrução dos canais os quais o LCR circula.
FIGURA 42 – SISTEMA VENTRICULAR E O PERCURSO DO LCR.

Fonte: Disponível em: <https://www.psicoactiva.com/blog/se-protege-sistema-nervioso-central/>

Acesso em: 20.03.2019

o Líquido cefalorraquidiano ou liquor

O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluído transparente e de baixa viscosidade que transita


pelo espaço intracraniano. Ele está presenta em todo o sistema nervoso central preenchendo o
sistema ventricular, o canal central da medula e os espaços subaracnóides (craniano e raquiano),
representando a maior parte do fluído extracelular do sistema nervoso central (SNC) (FREITAS et
al., 2018)

Suas funções envolvem a nutrição, manutenção da homeostase, limpeza e proteção mecânica do


sistema nervoso central. Sua formação, que pode atingir um volume médio de 500 ml/dia,
depende da integridade do sistema ventricular e ocorre em duas etapas. A primeira envolve a
filtragem do sangue pelo endotélio capilar coroidal localizado nas leptomeninges, e a segunda
ocorre a partir de uma secreção ativa pelo epitélio monoestratificado. As alterações no conteúdo
desse fluido ou de seu fluxo podem levar a quadros de disfunção sensoriomotora (ERRANTE et
al., 2016).
Indicação de site – Artigo “Formação, absorção e circulação do líqüido cefalorraquidiano.
Resultados dos estudos com isótopos radioativos“ Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0004-282X1959000300007.

Estudando - A homeostasia do líquido cefalorraquidiano pode ser alterada pela inerferencia de


tumores, isquemias, hidrocefalias e infecções, que geram mudanças na sua produção e/ou na
composição.

O LCR é produzido nos plexos coróides localizados o cerebelo e a coluna espinal dorsal, e sua
circulação pelo sistema nervoso central inicia pelos ventrículos laterais, que encaminham ao 3
ventrículo pelo forame interventricular de Monro. Após sua passagem por todo o 3º ventrículo, o
LCR se direciona ao 4º ventrículo pelo aqueduto de Sylvius para que, por fim, possa acessão o
forame de Magendie e circular pelo canal central da medula e acessar a cisterna lombar; ou o
restante do cérebro nos hemisférios direito e esquerdo através do forame de Luschka (DE
FREITAS, 2018; ERRANTE et al., 2016).

FIGURA 43 – FLUXOGRAMA DA CIRCULAÇÃO DE LCR NO SNC

Ventriculos laterias
Forame interventricular de Monro
3º ventriculo
Aqueduto de Sylvius
4º ventriculo
Forame de Magendie ou Forame Luschka
Medula ou hemisférios cerebrais

Fonte: Arquivo do autor


Acesso em: 20.03.2019

Conceito técnico - Os plexos coroides são formações estruturais invaginadas do epêndima para
dentro das cavidades ventriculares. Cada invaginação é provocada pelos vasos da pia-máter e a
atividade para a produção de LCR é constante.

 ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Os envoltórios do sistema nervoso central, conhecidos também como meninges, apresentam


aspecto similar ao de membranas sobrepostas de diferentes espessuras, quanto mais
exteriorizada, mais espessas são as meninges. Sua função é variada, já que ao mesmo tempo
que protege o sistema nervoso central como um todo, sustentam estruturas adjacentes e
carregam vasos sanguíneos responsáveis por suprir o sistema nervoso central. Por tanto, estão
presentes na medula espinhal e no encéfalo, revestindo-os em suas áreas externas. Elas não
permitem que o sistema nervoso central entre em contato direto com o crânio e a parecer interna
das vertebras, que são estruturas rígidas e, por vezes, ásperas e rugosas (OSBORN; DIGRE,
2018; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).

A medula e o encéfalo apresentam três meninges distintas constituídas por componentes fibrosos
de tecido conjuntivo. As meninges são conhecidas como Dura-máter, Aracnoide e Pia-máter
(OVALLE; NAHIRNEY, 2014; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).

Pesquisar – Tanto na medula quanto no encéfalo é possível encontrar todas as meninges. Porém
algumas diferenças entre as duas regiões são encontradas, como a composição do espaço
subaracnóideo recobrindo o crânio, onde estão presentes as trabéculas e vilosidades
aracnóideas.

FIGURA 44 – CONFIGURAÇÃO DAS MENINGES NA MEDULA

Fonte: Disponível em:

<https://www.radiotoritama.com.br/prevencao-ajuda-a-evitar-novos-casos-de-morte-por-
meningite/>
Acesso em: 20.03.2019.
o Dura-máter

A camada mais externa, a dura-máter, envolve a medula, as outras meninges, as raízes nervosas
e a participa da formação do componente mais externo dos nervos periféricos, constituindo o
epineuro que se estender pelo sistema nervoso periférico como a camada superficial dos nervos.
A dura-máter envolve o cérebro e a medula espinhal para conter parte do líquido
cefalorraquidiano, evitando que o mesmo se direcione para fora do sistema nervoso central. A
resistência da dura-máter e sua característica de ser a mais espeça dentre as meninges devido à
grande deposição de fibras colágenas, permite que na medicina sejam feitos procedimentos
cirúrgicos de enxertia usando o tecido dural para tecidos com características similares (OVALLE;
NAHIRNEY, 2014; NAIDICH et al., 2015).

A dura-máter apresenta duas camadas ou lâminas. A primeira e mais externa é a camada


superficial ou lâmina superficial, que está aderida aos ossos do crânio e das vértebras por dentro
do canal medular; e a camada profunda ou lâmina profunda está voltada para a meninge
intermediária, a membrana aracnoide (NAIDICH et al., 2015; OSBORN; DIGRE, 2018).

Grande parte dos nervos e vasos sanguíneos que percorrem o sistema nervoso central estão
contidos na dura-máter, o que faz com que esta meninge seja considerada como a principal
estrutura sensitiva, especialmente a intracraniana. As camadas superficiais e profunda se fundem
em grande parte de sua extensão, mas estão suscetíveis à separação para a formação de canais
venosos, os seios durais (OSBORN; DIGRE, 2018).

A função de portadora de diversos vasos sanguíneos se deve a dura-máter possuir vários seios
durais que contribuem para o transporte de sangue do cérebro para o coração, beneficiando a
renovação constante de componentes nutritivos que proporcionam a manutenção da integridade
dos tecidos cerebrais, inclusive viabilizado a renovação do sangue rico em oxigênio (OVALLE;
NAHIRNEY, 2014; NAIDICH et al., 2015).

Pesquisar - As veias da dura-máter não apresentam válvulas, e mesmo assim o fluxo sanguíneo
é drenado normalmente para as vias cardiorrespiratórias.

Atividade de estudo - A dura-máter também é comumente associada a lesões vasculares de alta


gravidade no sistema nervoso central. Estas lesões podem ser de dois tipos, o hematoma epidural
e o hematoma subdural. Ambos são clinicamente e cirurgicamente traváveis e geralmente são
oriundos de traumas ou ruptura de vasos sanguíneos após quadro de hipertensão arterial
sistêmica. Por tanto, estabeleça a diferença entre a classificação dos hematomas em epidurais e
subdurais.

Resposta: Os hematomas são caracterizados como epidurais quando estão localizados acima da
dura-máter. Já os subdurais estão abais da dura mater. O acometimento medular é raro, porém os
casos de hematoma podem levar a disfunção da região neurológica acometida, levando ao óbito
se o sistema nervoso central for vitima em uma região de grande importância para o
desenvolvimento de funções vitais. Na medula, a gravidade pode levar ao quadro de plegia ou
paresia de membros (paresia equivale a redução da capacidade motora de uma determinada
região, podendo ou não acometer a sensibilidade. A plegia é conceituada como a perda da
capacidade motora de um determinado segmento corporal. Ambos podem acometer um ou mais
segmentos concomitantemente).

Pesquisas demonstram que o tratamento de pessoa com hematoma subdural espinal baseado em
anticoagulantes pode aumentar o risco de agravo do paciente, com potencial a paraplegia
progressiva (perda de movimentos bilateral e progressiva). Nos casos de hematoma subdural
encefálico concomitante ao hematoma subdural espinal supõe-se que o hematoma espinal surge
após a migração da hemorragia formada no encéfalo para outras áreas inferiores por meio do
líquido cefalorraquidiano (BAKAR; OZER; TEKKOK, 2015).

Indicação de site - http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-


21222016000300007

Indicação de site - https://www.thieme-connect.com/products/ejournals/pdf/10.1055/s-0036-


1593976.pdf

No cérebro, a dura-máter consegue preencher espaços que sustentam o cérebro. Ao preencher


estes espaços, o tecido constituinte passa a ser denominado septo e constitui um conjunto de
membranas conhecidas como “pregas da dura-máter”. A formação das pregas da dura-máter se
deve à invaginação da camada profunda, que se afasta da camada superficial para dividir a
cavidade craniana em compartimentos comunicantes. A seguir, alguns septos que constituem as
pregas da dura-máter são apresentados com base nas observações de Ovalle e Nahirney (2014),
Martin (2014) e Naidich et al.(2015).

a) Foice do cérebro

A foice do cérebro corresponde ao septo que se localiza entre os dois hemisférios cerebrais, está
disposto em um plano sagital e o seu aspecto anatômico apresenta o formato de uma foice, o que
deu origem ao nome da estrutura. Enquanto a foice está disposta na abertura proporcionada pela
fissura longitudinal, correspondendo a camada profunda da dura-máter, sua porção superior está
impregnada junto a parte interna do crânio.

b) Tentório do cerebelo

O tentório do cerebelo, também conhecido como tenda do cerebelo, está localizado entre o
cerebelo e a face inferior do córtex occipital. No limite anterior da tenda encontra-se o
mesencéfalo onde passa a ser denominada como incisura da tenda (BEZERRA, 2016). Acima do
tentório está localizado o seio reto, que o acompanha paralelamente té sofrer ramificação para
formar a veia cerebral e o seio sagital inferior.

c) Foice do cerebelo

Está situado abaixo da tenda do cerebelo entre os hemisférios cerebelares. Atua de forma
semelhante a foice do cérebro, compreendido afrente do vermis cerebelar e alojado no espaço
superficial formado entre os hemisférios.

d) Diafragma da cela

A camada superficial da dura-máter ao revestir o cérebro estabelece intima comunicação com o


crânio, atuando como periósteo encobrindo as camadas internas do osso. Assim um pequeno
septo horizontal se forma no segmento superior da sela túrcica, deixando apenas um orifício de
passagem para a haste hipofisária, que corresponde ao diagrama da cela (da cela túrcica).

o Aracnóide

A aracnoide é a camada intermediaria dentre as meninges medulares. É menos rígida que a dura-
máter e, consequentemente, mais frágil e suscetível a lesões. Vários filamentos são projetados da
aracnoide em direção a pia-máter, formando no espaço subaracnóideo uma rede conhecida como
trabéculas aracnoides. Esta meninge é denominada como aracnoide devido justamente ao seu
aspecto de um emaranhado de trabéculas visíveis especialmente na aracnoide encefálica
(MARTIN, 2014).

No cérebro, a meninge aracnoide não apresenta um aspecto organizado e com distribuição


uniforme, assemelhando-se a um tecido rugoso. Em alguns pontos do percurso das meninges, a
aracnoide está conectada a camada profunda da dura-máter. Isso ocorre quando o espaço
formado entre a dura-máter e a aracnoide (espaço subdural) não está presente, fazendo com que
haja contato direto entre as duas meninges (MARTIN, 2014; OVALLE; NAHIRNEY, 2014).

Na fusão entre alguns pontos da dura-máter e aracnoide são formadas estruturas que serve como
passagem do líquido cefalorraquidiano, as vilosidades aracnóideas. Nessas vilosidades, o sangue
e o líquido cefalorraquidiano ficam separados por camadas finas de endotélio para reabsorção do
líquido oriundo do espaço subaracnóideo pelos seios localizado na dura-máter OSBORN; DIGRE,
2018).

Estudando - As vilosidades aracnóideas são denominadas por alguns autores como granulações
aracnóideas. Em certas áreas, as vilosidades aracnóideas são facilmente identificáveis por
formarem tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter e são mais presentes no seio
sagital superior.
FIGURA 45 – CONFIGURAÇÃO DAS MENINGES NO ENCÉFALO

Fonte: Disponível em:


<https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/meninges-e-liquor/>
Acesso em: 20.03.2019

Entre as meninges aracnoide a pia-máter existem aberturas no espaço subaracnóideos


denominadas cisternas. Estas estruturas possuem líquido cefalorraquidiano circulante e se
formam a partir da dilatação dos espaços subaracnóideos, especialmente em cavidades e sulcos
encefálicos (DE FREITAS, 2018). O tamanho de cada cisterna é variável por acompanhar a
magnitude de cada acidente anatômico, o que é intuitivo ao se observar que a o espaço
subaracnóideo é formado entre as duas leptomeninges e a pia-máter, enquanto componente mais
interno, acompanha a conformação do encéfalo, sofrendo invaginações constantes em sua
superfície (GARCIA; FERREIRA, 2015). As cisternas mais importantes e suas respectivas
localizações estão dispostas no quadro a seguir:

Quadro 04 – Principais cisternas do sistema nervoso central


Cisterna Magna Posiciona-se imediatamente abaixo do cerebelo e atrás do
bulbo e tecto do III ventrículo. Seu trajeto termina no espaço
subaracnóideo da medula (cisterna lombar).
Cisterna lombar Está localizada na região da cauda equina, abaixo do cone
medular. Em seu limite inferior, está presente a dura-máter
sacral a nível da vertebra S2.
Cisterna Pontina Corresponde ao espaço observável à frente do tronco
encefálico, especificamente na ponte. Estas cisternas contem
artéria basilar, componente importante para a vascularização
do cerebelo e tronco encefálico.
Cisterna da Fossa Lateral do Corresponde à área formada pela fissura lateral de cada
Cérebro hemisfério.
Cisterna Superior Situada dorsalmente ao tecto mesencefálico, entre o cerebelo
e o esplênio do corpo caloso. A cisterna superior
corresponde, pelo menos em parte, à cisterna ambiens, termo
usado pelos clínicos.
Cisterna Quiasmática Faz parte do espaço compreendido entre os lobos temporais
de cada hemisfério cerebral. Sua área é observada acima do
quiasma óptico.
Cisterna supracelar Assim como a cisterna quiasmática, se localiza no diencéfalo
entre os lobos temporais. Sua área corresponde a porção
superior do diagragma da sela túrcica.
Cisterna supracerebelar Compreende a região formada pela área do vermis cerebelar,
na divisa entre os hemisférios cerebelares.
Cisterna ambiens ou Está localizado entre os colículos, o esplênio do corpo caloso
quadrigeminal e a superfície superior do cerebelo e se estende no interior do
terceiro ventrículo.
Cisterna Interpeduncular Localizada na fossa interpeduncular à frente do mesencéfalo
Fonte: Arquivo do autor baseado nas anotações de Piemonte (1996), Garcia e Ferreira (2015)

FIGURA 46 – CISTERNAS ENCEFÁLICAS

Fonte: Disponível em:


<https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/meninges-e-liquor/>
Acesso em: 20.03.2019

Intuitivamente, associa-se o estudo das meninges a uma patologia muito conhecida pela grande
transmissibilidade e repercussão negativa ao Sistema Nervoso Central, a meningite. A inflamação
das meninges caracteriza esta patologia que envolve inúmeras implicações no processo saúde-
doença do homem. Causa grande impacto populacional por ser capaz de atingir rapidamente
pessoas previamente saudáveis (MORAIS et al., 2017).

A membrana aracnoide é a meninge mais cometida devido aos agentes causadores da doença se
alojarem preferencialmente entre pia-máter e aracnoide, onde o líquido cefalorraquidiano é mais
abundante. Conforme o agente patológico, a meningite pode ser tipificada de diferentes modos,
como demonstrado a seguir conforme as observações de Morais et al. (2017) e Garcia e Ferreira
(2015).

Meningite Parasítica: Tipo de meningite é causado pela presença de parasitas transitando junto
ao líquido cefalorraquidiano, o que faz com que a quantidade de eosinófilos aumente na região
como mecanismo de defesa.

Meningite Não-infeciosa: Vários fatores podem ocasionar a inflamação das meninges por
causas não-infeciosas. Neoplasias, doenças dos tecidos conjuntivos como lúpus, condições
inflamatórias vasculares, cistos ou até mesmo traumas e raramente enxaquecas.

Meningite Fúngica: Esta modalidade de meningite é muito relacionada a quadros de


imunodepressão por patologias como HIV e Lúpus, bem como para pacientes em tratamento a
base de medicamentos imunodepressivos e radioterapia. Devido a fatores de risco específicos
propiciarem o desenvolvimento da meningite fúngica, sua ocorrência é menor quando comparada
a outras modalidades de meningite infecciosa.

Estudando - Dor de cabeça, vômitos, rigidez da nuca, prostração, febre alta são sintomas
característicos do quadro de meningite.

Meningite Bacteriana: Devido a sua rápida evolução e grande transmissibilidade, é considerada


uma modalidade de meningite perigosa e que pode ser fatal se diagnosticada com rapidez e
tratada com rigor. Pode ser ocasionada por vários agentes infecciosos, sendo uma das mais
associadas a infecção de crianças a bactéria Neisseria meningitidis (meningococo).

Pesquisa – Alguns casos de meningite são causados pela entrada do agente patológico do meio
externo (ambiente) através de portas abertas em traumas mecânicos, em especial quando há
lesão da cavidade nasal, e em casos de infecção nas regiões de cabeça e pescoço, como nos
casos de otite.

Meningite Viral: É o tipo de meningite que apresenta repercussões menos graves, com
possibilidade de resolução espontânea na maioria dos casos. Está muito associada ao vírus
herpes simples do tipo 2.

Indicação de site - http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/227/224


Pesquisa - O líquido cefalorraquidiano que circula no interior dos ventrículos do cérebro também
está contido no espaço entre a pia-máter e a aracnoide (DE FREITAS, 2018).

o Pia-máter

A pia-máter é a meninge que entra em contato direto com o sistema nervoso central. É a mais
frágil e adere nos tecidos sob sua proteção como sulcos e fissuras. Seu limite caudal corresponde
ao filamento terminal da medula, posicionado após o termino das projeções da calda equina,
perfurando a dura-máter e se projetando em direção ao hiato sacral. Abaixo da pia-máter, pode
ser formado um espaço conhecido como subpial onde o transito do líquido cefalorraquidiano pode
ocorrer (MARTIN, 2014).

Pesquisa - A pia-máter e a aracnoide juntas são conhecidas como leptomeninges.


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A medula enquanto componente do sistema nervoso central pode ser entendida como uma área
de distribuição e seleção de impulsos voluntários ou involuntários, sensitivos ou motores, que
apresentam origem e destino previstos através do estudo da neuroanatomia. Por isso, diversas
patologias que acometem a medula apresentam repercussão sistêmica, dada a importância deste
componente para a manifestação do comportamento motor e sensitivo.

As lesões medulares e disfunções neuro-degenerativas da medula são amplamente estudadas


por pela sua complexidade e, em alguns casos, ainda carecerem de solução; fato que incentiva
estudos voltados a fisiopatologia e diagnóstico das disfunções neurológicas e suas repercussões
funcionais.

Identificar a função de cada área da medula e sues envoltórios permite a identificação precisa de
lesões através do quadro clinico do paciente. Perdas motoras são identificáveis em áreas do
sistema nervoso central que correspondem as vias eferentes e déficits sensitivos tem correlação
com vias aferentes. Como visto no capítulo que se encerra, as diversas manifestações sensitivas
possuem um caminho próprio e inconfundível no sistema nervoso, assim como os caminhos para
a estimulação muscular obedecem uma sequência de impulsos transmitidos de forma organizada.

Os envoltórios medulares e o sistema de irrigação ventricular demonstram serem parte essencial


para a manutenção e proteção do sistema nervoso central. A irrigação, nutrição, o transporte de
oxigênio e nutrientes, a barreira contra choques mecânicos são as características do liquor (LCR)
que motivam os profissionais da saúde a preservar o sistema ventricular. Ao mesmo tempo, a
função de sustentação de nervos, veias e artérias, bem como a barreira contra choques
mecânicos e contra entrada de microrganismos agressivos aos sistema nervoso central; conferem
a importância das meninges junto ao SNC.

Finalmente, vale ressaltar que o estudo da neuroanatomia da medula e dos envoltórios do SNC é
muito amplo e a melhor alternativa para que se possa saber cuidar das disfunções apresentadas
por estas estruturas é conhecer a sua origem, seu destino e localização comum. Aprofundar os
estudos sobre o SNC é necessário para todo e qualquer profissional da saúde, já que sem este
sistema todos os outros não funcionam.
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