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A medula espinhal é uma estrutura que se encontra dentro do canal medular (espinhal) formado
pela sobreposição de vertebras na coluna vertebral. Seu formato é cilíndrico e comprido, como um
bastão de tecido nervoso, que percorre praticamente toda a região axial do corpo humano. Dentro
No homem adulto, a medula
do canal vertebral, a medula não preenche todo o espaço
apresenta comprimento menor
disponível. Divide este espaço com outras estruturas de
quando comparada a medula da
proteção e com substâncias fluídicas que conferem
mulher. Esta diferença de
nutrição e proteção mecânica ao frágil tecido medular
comprimento não representa
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; OVALLE; NAHIRNEY,
nenhum benefício do ponto de vista
2014).
funcional ou anatômico.
No sistema nervoso central, a medula apresenta em seu
limite superior o bulbo do tronco encefálico, também conhecido como “medula oblonga” como já
discutido no capítulo anterior. Seus limites laterais, anterior, posterior e inferior são estabelecidos
pelas vertebras que constituem a coluna. À medida que a medula se prolonga no sentido
craniocaudal, seu calibre diminui a ponto da porção inferior assumir uma forma cônica. Devido a
essa forma, a porção final da medula é nomeada como cone medular, que encerra seu trajeto
formando um pequeno feixe, o filamento terminal (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN,
2014).
A função básica dos componentes da medula é funcionar como uma área de transito de estímulos
motores, assim como para estímulos sensitivos. Estes estímulos são produzidos no encéfalo e no
sistema nervoso periférico, respectivamente. Mas, além de funcionar principalmente como via de
condução de estímulos, também é responsável por produzir reflexos quando o corpo demanda de
respostas rápidas aos fatores ambientais de agressão (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015).
A medula é a porção do sistema nervoso central que apresenta maior conexão com o sistema
nervoso periférico. Isso é possível graças às projeções dos ramos (radículas) e raízes nervosas
da matriz medular em direção ao resto do corpo humano. Ao dividir a medula em duas partes,
torna-se perceptível que ambos os lados apresentam os mesmos componentes. Por tanto, toda
estrutura presente num lado está igual e proporcionalmente disposta na porção contralateral
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).
Estudando - O fato da medula apresentar dos lados idênticos é uma informação valiosa para que
se possam entender os mecanismos fisiológicos ocorridos na manifestação de comportamentos
motores e sensitivos, bem como a disposição de suas projeções, as anteriormente comentadas
raízes nervosas.
As raízes nervosas equivalem ao conjunto de ramos oriundos dos sulcos lateral posterior e
anterior da medula e em cada segmento medular estão dispostas em pares. Por tanto, em uma
medula típica se observa a projeção de 4 raízes nervosas, duas anteriores e duas posteriores. Um
par de raízes se projeta a partir dos sulcos laterais posteriores da medula, as raízes dorsais; e
outro par se projeta dos sulcos laterais anteriores, as raízes ventrais (MACHADO; HAERTEL,
2013).
As raízes dorsais carregam consigo informações sensitivas (aferentes) para a medula. São vias
de entrada de informação sensitiva. As raízes anteriores apresentam a função inversa, pois
carregam informações de ordem motora (eferente) em direção ao sistema nervoso periférico, com
a finalidade de proporcionar ao corpo humano estímulos que culminam na execução dos
movimentos (MACHADO; HAERTEL, 2013; MARTIN, 2014).
Atividade de estudo - As raízes nervosas se ramificam para o restante do corpo humano após
serem formadas pelas radículas que passam pelas vertebras, numa estrutura óssea chamada
forame intervertebral. Sendo assim, responda o que seriam as radículas nervosas, que são
estruturas do sistema nervoso periférico intimamente conectadas à medula.
Resposta: São pequenos filamentos nervosos (=axônios) que fazem conexão com a medula
espinal, emergindo e penetrando respectivamente, através dos forames intervertebrais. Estas
estruturas, ao se afastarem da medula, reúnem-se para formar as raízes nervosas.
A calda equina é formada por raízes nervosas que se direcionam aos forames intervertebrais até a
primeira vertebra coccígea. Elas preenchem o espaço deixado no canal medula, que deixa de ser
preenchido pela matriz medular na direção da vertebra L1. As raízes da calda equina são oriundas
da porção terminal da medula no nível das vertebras T11 a L1. Sendo assim, por mais que a
matriz medular termine na região lombar, todas as raízes buscam seu respectivo forame
intervertebrais para que possam acessar o sistema nervoso periférico (DRAKE; VOGL;
MITCHELL, 2015; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).
Cada raiz gerada entre T11 e L1, além de manter contato com seus respectivos forames
intervertebrais, também apresenta funções especificas quanto a inervação da porção inferior do
corpo humano. Por mais que várias raízes sejam originadas neste pequeno trecho da medula,
cada uma tem a sua participação no funcionamento do corpo. Por tanto, as raízes provenientes da
medula no nível das vértebras T11 e T12 buscam correspondência com os forames intervertebrais
lombares respeitando a organização de pares disposta em todo o resto da medula superior. Já as
raízes oriundas de L1 buscam correspondência com o sacro, finalizando o percurso com o
filamento terminal externo da dura-máter (MACHADO; HAERTEL, 2013; VANPUTTE; REGAN;
RUSSO 2016).
Conceito técnico – A síndrome da cauda equina é uma patologia neurológica grave na qual há
perda aguda da função neurológica das últimas raízes nervosas da medula, projetadas no
percurso do canal espinhal. Em seu curso pode desencadear inclusive, paralisia dos membros
inferiores (paraplegia) e perda do controle dos músculos do assoalho pélvico, ocasionando
problemas de excreção e funções sexuais.
Estudando - Devido aos miótomos serem relacionados aos músculos na contração muscular e
movimento, a melhor forma de compreender a sua ação no corpo humano é observar quais são
os grupos musculares que agem diante do estimulo neuromotor de determinados feixes nervosos
para que se saibam quais deles produzem determinados movimentos.
Para melhor ilustrar os conceitos de dermátomos e miótomos, bem como apresentar qual a função
de cada ramo sensitivo e motor, as figuras e o quadro a seguir mostram quais são as áreas
correspondentes à inervação sensitiva e motora no corpo humano, o que automaticamente
proporciona a visualização da localização de cada dermátomo e miótomo originários da medula
vertebral (MACHADO; HAERTEL, 2013; OSBORN; DIGRE, 2018).
Pesquisar - Os grupos musculares envolvidos na efetivação dos movimentos não são inervados
por somente uma raiz motora. Em certos casos, três ou mais raízes diferentes inervam músculos
de um mesmo grupo. Por tanto, caso um indivíduo lesione uma raiz nervosa que atua num
determinado músculo, o movimento realizado por este músculo será completamente perdido?
Resposta: Nem sempre haverá perda completa de movimento. A conclusão que se chega após o
estudo das raízes nervosas enquanto projeções medulares é que se uma raiz motora especifica
for lesionada, os movimentos musculares da região que ela atua podem sofrer tanto a perda do
movimento quanto apresentar somente um déficit de execução por possuírem ocasionalmente
mais de um músculo atuante no movimento.
No percurso da medula, podem-se observar duas dilatações. Uma localizada na direção dos
últimos segmentos cervicais e início da região torácica, a outra está localizada na porção final da
torácica junto ao início da região lombar. Estas dilatações são conhecidas como intumescência
cervical e intumescência lombar. A partir delas, o trajeto do plexo braquial (inervação de membros
superiores) e plexo lombar (inervação de membros inferiores) se inicia devido às conexões com
grossas raízes conectadas a esses prolongamentos que constituem o sistema nervoso periférico
(DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015).
A medula espinhal é dividida anatomicamente em porções e segmentos que também são validos
para o ponto de vista funcional, e a localização das intumescências ajuda no reconhecimento dos
limites anatômicos aplicados à divisão por porções. No sentido craniocaudal, as porções podem
ser divididas em porção cervical, porção dorsal (ou torácica), porção lombar, cone medular
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).
Polêmica - Alguns anatomistas consideram na divisão mais duas porções, a dilatação cervical e a
dilatação lombar. Por tanto, o ponto de dilatação cervical e dilatação lombar corresponde às
intumescências cervical e lombar, respectivamente.
Cada segmento possui a projeção de um par de nervos espinhais e sua divisão acompanha a
organização anatômica determina a disposição dos nervos periféricos. Ao total, são 31 (trinta e
um) segmentos medulares apontados como 8 (oito) cervicais, 12 (doze) torácicos, 5 (cinco)
lombares, 5 (cinco) sacrais e 1 (um) coccígeo. Apesar dessa divisão apresentar vários segmentos,
nenhum deles é delimitado por acidentes neuroanatômico que possam indicar precisamente o
início e o fim de cada um, ficando a cargo da observação da disposição das vertebras para que se
possa identificar o limite anatômico de cada segmento (OSBORN; DIGRE, 2018; VANPUTTE;
REGAN; RUSSO 2016).
Estudando – Devido a cada segmento medular apresentar a projeção de uma raiz nervosa
espinhal, o corpo humano possui a quantidade de raízes nervosas igual à quantidade de
segmentos medulares, 31 pares de raízes.
A área externa da medula apresenta acidentes anatômicos em forma de sulcos e fissuras. São
denominados sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco intermédio posterior, sulco
lateral anterior e o sulco lateral posterior (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN, 2014).
O sulco mediano posterior da medula é pouco nítido quando visualizado através da superfície
da medula por ser raso e superficial. Contudo, apartir da observação de um corte transversal é
possivel observar um septo invaginado para o interior da medula em direção ao canal central. O
sulco mediano posterior termina no bulbo para dar ligar a formação dos limites laterais do IV
ventrículo, o que ocorre após o afastamento dos seus lábios a medida que este segue no sentido
cranial.
O sulco lateral anterior, como o próprio nome sugere, está localizado na face ventral da medula
e dele saem às raízes nervosas anteriores da medula que carregam consigo fibras relacionadas
ao comportamento motor. O sulco lateral posterior se posiciona na mesma direção do anterior e
projeta fibras que formam as raízes posteriores da medula que carregam componentes sensitivos.
A fissura mediana anterior sofre invaginação em direção ao canal central semelhante ao que
pode ser visto com o sulco mediano posterior. Mas, por ser fissura sugere que há abertura sem
interrupção em direção ao centro da estrutura. A artéria espinal anterior pode ser encontrada em
sua direção no espaço aracnóideo.
O sulco intermédio posterior se localiza ao lado do sulco mediano posterior e o sulco lateral
posterior separando a porção posterior da medula em dois feixes. O feixe gracilis (grácil) e o feixe
cuneiforme que se projetam ao troco encefálico formando o fascículo grácil e fascículo
cuneiforme. O sulco intermédio posterior continua seu percurso num septo intermédio posterior no
interior do funículo posterior. O septo intermédio posterior separa dois núcleos parcialmente a
partir de T6, o núcleo gracilis e o núcleo cuneado.
FIGURA 33 – SULCOS, FISSURAS E CONEXÕES COM RAÍZES NERVOSAS.
<http://medinsitu.blogspot.com/2013/01/neuroanatomia-medula-espinhal.html>
Acesso em: 21.03.2019
o Substância branca
A substância branca da medula é constituída por fibras nervosas mielínicas que contem tanto
impulsos sensitivos quanto motores, ascendentes e descendentes. Está dividida pelos sulcos e
fissuras visíveis na porção externa da medula. Nas colunas, também conhecidas como funículos
medulares, são oriundas dessa divisão feita pelos sulcos e fissuras presentes na substância
branca (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).
As colunas da substância branca são três: Coluna anterior, Coluna lateral e Coluna posterior.
A seguir são apresentadas algumas especificidades de cada um de acordo com as observações
de Hall (2017) e Jotz (2017)
Coluna anterior - Também conhecida como fascículo anterior, está localizada entre a fissura
mediana anterior e o sulco anterolateral. Sua porção mais medial possui neurônios motores de
primeira ordem e leões nessa região podem provocar graves problemas motores como paralisia
flácida, o que leva o indivíduo a redução dos reflexos (hiporreflexia) e diminuição ou perda do
tônus muscular (hipotonia/distonia).
Coluna lateral - Está posicionada entre os sulcos anterolateral e o posterolateral. Sua importância
está em receber grande parte das fibras neuronais que decussam na parte inferior do bulbo. Algo
em torno de 80% das fibras acessa o trato corticoespinhal lateral que corresponde a uma das
regiões que apresentam fibras com origem e função similares.
Conceito técnico – A classificação dos neurônios em 1ª, 2ª, 3ª ou 4ª ordem faz referência à
ordem de transmissão dos impulsos sensitivos entre neurônios aferentes, onde os neurônios de 1ª
ordem são aqueles localizados em gânglios da raiz dorsal fora do sistema nervoso central e são
os primeiros a entrarem em contato com o estimulo sensitivo direcionado ao sistema nervoso
central. Os neurônios de 2ª pode estar presente tanto nos gânglios da raiz dorsal quanto nos
núcleos grácil e cuneiforme da medula. Os de 3ª ordem estão dispostos no tálamo ou no
diencéfalo. Os de 4ª ordem são os últimos a receberem os estímulos sensitivos e estão dispostos
no córtex cerebral.
Coluna posterior – Conhecida por alguns autores como fascículo posterior, está localizada entre
os sulcos posterolateral e mediano posterior e é responsável pelo envio dos estímulos
proprioceptivos e sensibilidade geral para o córtex cerebral, incluindo estímulos cutâneos,
articulares e musculares.
Apresentam fibras formadas por axônios de neurônios instalados nos gânglios dorsais (neurônios
de primeira ordem) e um sulco na região torácica superior e cervical, formando uma invaginação
que divide a coluna posterior em dois feixes já citados anteriormente, o feixe gracilis e o feixe
cuneiforme que formam posteriormente o fascículo grácil e fascículo cuneiforme.
Conceito técnico - Os gânglios dorsais são dilatações contidas nas raízes posteriores da medula
e que apresentam em sua constituição um emaranhado de corpos celulares de neurônios
sensitivos de primeira ordem.
A coluna posterior pode ser dividida em medial e lateral. Esta divisão tem como finalidade a
identificação de fibras mielinizadas e não mielinizadas, o que consequentemente interfere em seu
calibre. As fibras da divisão medial são mielinizadas, consequentemente, apresentam maior
diâmetro. Já as fibras da divisão lateral não apresentam a bainha de mielina, o que faz com que
sejam menos calibrosas (MARTIN, 2014).
FIGURA 34 – COLUNAS DA SUBSTÂNCIA BRANCA MEDULAR OU FUNÍCULOS MEDULARES.
o Substância cinzenta
Polêmica – Alguns autores denominam os cornos ventral, lateral e dorsal como colunas ventral,
lateral e dorsal da substância cinzenta; o que pode facilmente gerar confusão aos estudantes
menos atentos. Sendo assim, na presente descrição a nomenclatura utilizada será “cornos” para
evitar possíveis mal-entendidos.
FIGURA 35 – CORNOS MEDULARES OU COLUNAS DA SUBSTÂNCIA CINZENTA MEDULAR.
Dentro dos cornos da substância cinzenta da medula há uma subdivisão que evidencia que a
disposição dos neurônios e fibras não é uniforme por todo o seu percurso. Essa subdivisão gerou
a organização da substância cinzenta em 10 lâminas conhecidas como Lâminas de Rexel,
comumente numeradas em algarismos romanos. A seguir será apresentada a divisão de acordo
com as observações de Osborn e Digre (2018) e Martin (2014).
Lâmina I – Corresponde a placa marginal. É a lamina que forma a cobertura do corno dorsal e
inclui o núcleo posterior marginal.
Lâmina III – Também está localizada na substância gelatinosa e em parte do núcleo central.
Recebe da raiz dorsal fibras neuronais com diversos axônios revestidos por bainha de mielina.
Lâmina IV – Localizada no núcleo central, configura-se como a maior região do corno posterior e
possui fibras de neurônios motores (mecanoreceptores do tipo Aα).
Lâmina V – Constituem o Colo do corno posterior (Substância reticular) sendo dividida em parte
lateral e parte medial. Apresentam vias sensitivas que recebem estímulos nociceptivos de fibras
Aβ e C. estabececem sinapses com tratos corticoespinhais e raiz posterior.
Lâmina VI – Constitui o corpo do corno posterior. Apresenta-se mais evidente nas intumescências
cervicais e lombares se dividindo em zona lateral, que agrega fibras descendentes, e zona medial,
que agrega fibras terminais da raiz posterior.
b) Lâminas do corno lateral
Lâmina VII – A única lamina do corno lateral, corresponde ao corno intermédio. Apesar de ser a
única, não agrega toda a substância cinzenta considerada como pertencente porção
intermediária/lateral. Contem em seu percurso o núcleo de Clarke que origina o trato espino-
cerebelar dorsal que ascende na porção mais posterior do funículo lateral da medula.
Lâmina VIII – Possui terminações de axônios oriundos do tronco encefálico e é responsável pelo
transporte e informações motoras. Apresentam pontos de sinapses de neurônios de primeira
ordem e segunda ordem. Apresenta fibras vestíbulo-espinhais, retículo-espinhais e do núcleo
comissural que é o local primário de aferências viscerais, como barorreceptores e
quimiorreceptores arteriais.
Lâmina IX – Apresenta parte medial, intermédia e lateral e atua na função motora. A subdivisão
está relacionada a função das fibras que possui devido a parte medial carregar informação das
musculaturas axiais, a parte medial carregar informação das cinturas e a parte medial carregar
informação dos membros.
Lâmina X – Localizado na periferia do canal central da medula, o que faz com que sirva como a
porção da substância cinzenta que contém as células do canal. Esta lamina se divide em
comissura cinzenta anterior e posterior e possui fibras secundárias da via espinotalâmica.
Também conhecido como canal ependimário por ser constituído por células ependimárias, está
localizado no centro da medula e carrega consigo o líquido cefalorraquidiano. O fato de possuir
este líquido já indica que o canal faz conexão com o sistema ventricular. Nesse caso, o canal
central faz conexão com o quarto ventrículo posicionado imediatamente a frente do cerebelo, no
percurso de grande parte do tronco encefálico (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015; DE FREITAS,
2018).
Estudando - Na parte cervical da medula o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio
posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme.
A medula apresenta várias subdivisões devido a cada região de sua anatomia interna possuir uma
função especifica que envolve o transporte de informações sensitivas ou motoras. Para que seja
possível identificar como a medula atua na funcionalidade do corpo humano, é importante
conhecer quais são as vias correspondentes cada segmento corporal e qual o percurso da
informação. Basicamente as vias da medula podem ser designadas como vias sensitivas
(aferentes); vias motoras (eferentes) ou vias de integração, sendo estas últimas pouco dispostas
no percurso da medula já que o encéfalo se encarrega por grande parte da integração neuronal do
corpo humano (MARTIN, 2014; MACHADO; HAERTEL, 2013).
As vias sensitivas, ascendentes ou sensitivas são aquelas responsáveis pela condução dos
estímulos percebidos pelo sistema sensorial periférico para o processamento da informação no
sistema nervoso central. A divisão destas vias na medula é variada, podendo ser identificados
tratos, colunas, fascículos, dentre outros tipos de feixes de fibras neuronais (MARTIN, 2014).
Na porção posterior do bulbo estão presentes o fascículo grácil e fascículo cuneiforme, que são
divididos pelo sulco intermédio posterior. Ambos apresentam fibras aferentes que, na medula,
fazem parte do sistema extrapiramidal e transportam informações sensitivas. Estes fascículos
apresentam fibras que se direcionam a dois núcleos bulbares de substância cinzenta,
direcionados à porção cranial e que recebem o mesmo nome de seus fascículos correspondentes,
o núcleo bulbar grácil e o núcleo bulbar cuneiforme. A partir destes núcleos surgem o tubérculo
grácil e o tubérculo cuneiforme (OSBORN; DIGRE, 2018; MARTIN, 2014; MOORE, 2014).
o Fascículo grácil
O fascículo grácil corresponde a uma via de sensibilidade profunda e está localizado na coluna
posterior na porção lateral do sulco mediano posterior da medula. Possui a função de
propriocepção, tato epicrítico, esterognosia e sensibilidade vibratória consciente (OSBORN;
DIGRE, 2018).
Conceito técnico - Pode-se dizer que a propriocepção, também conhecida como cinestesia, é a
capacidade de reconhecer a localização do corpo e seus apêndices no espaço, à força utilizada
pelos músculos e identificar se o corpo está em movimento sem o auxílio da visão. O tato
epicrítico equivale ao reconhecimento de dois diferentes pontos de estimulação tátil. A
esterognosia é a capacidade de reconhecer objetos pelo tato. A sensibilidade vibratória consciente
permite o reconhecimento da localização do estimulo vibratório quando entra em contato com o
corpo.
o Fascículo cuneiforme
Os fascículos grácil e cuneiforme apresentam as mesmas funções sensitivas. Mas o que os difere
é a localização de suas fibras neuronais e a região a qual se dedicam a suprir (OSBORN; DIGRE,
2018; MACHADO; HAERTEL, 2013).
Atividade de estudo - O fascículo grácil e o cuneiforme são estruturas que apresentam funções
semelhantes, porém atuam em regiões corporais distintas. Cite quais as regiões corporais que
enviam informações sensitivas para o fascículo grácil e cuneiforme e comente qual é a localização
do fascículo cuneiforme na medula.
Pesquisa - Os axônios que constituem as fibras do 2º neurônio e que partem do núcleo grácil e
cuneiforme formam o lemnisco medial no bulbo no tronco encefálico.
o Coluna posterior
Os componentes da coluna posterior já foram citados neste mesmo capítulo (Tópico “2.1” sessão
“ANATOMIA INTERNA DA MEDULA” Item “b”), porém, é importante incluí-la em meio as vias
sensitivas aferentes devido a sua relevância para as funções sensitivas e sua posição de
destaque na medula (OSBORN; DIGRE, 2018).
O percurso que essa via traça no SNC começa nas fibras da coluna posterior, que penetram na
divisão medial e carregam consigo informações somatosensitivas. Os neurônios de 1ª ordem
pertencentes aos gânglios dorsais raquidianos levam informação às laminas III, IV e V da
substância cinzenta onde estão localizados neurônios de 2ª ordem para estabelecerem sinapses.
Os neurônios de 2º ordem que recebem a informação somatossensitiva se destinam ao tálamo
para estabelecerem sinapses com neurônios de 3ª ordem para que, finalmente, a informação seja
conduzida ao córtex somatossensitivo primário (HANSEN, 2015; DRAKE; VOGL; MITCHELL,
2015).
o Tratos espinocerebelares
Os tratos espinocerebelares são grupos de axônios que se comportam de maneira similar devido
a terem origem em áreas próximas umas das outras e proporcionarem ao indivíduo a
manifestação sensitiva similar. Todos se originam na medula e finalizam seu trajeto no cerebelo e
o seu nome sugere esta conexão. Sua atuação se traduz na identificação do posicionamento de
membros e articulação, em outras palavras, é responsável pela condução dos estímulos
proprioceptivos (HANSEN, 2015).
Suas fibras são divididas em trato espinocerebelar anterior e trato espinocerebelar posterior. A
divisão dos tratos ajuda a compreender o percurso das informações sensitivas como dor, pressão
e temperatura. O profissional que conhece as regiões e suas funções, saberá identificar quais são
as possíveis manifestações clínicas que o paciente terá, sendo esta prática norteadora de
prognósticos para lesões nervosas da medula (HANSEN, 2015; DRAKE; VOGL; MITCHELL,
2015).
Conceito técnico - Tanto o trato espinocerebelar anterior quanto o posterior possuem dois
neurônios e transmitem informações para o mesmo lado do corpo (ipsilaterais).
a) Espinocerebelar anterior
O trato espinocerebelar anterior tem origem na medula toracolombar e destinam seus axônios
para a o córtex cerebelar. Por não chegar aos núcleos de processamento e planejamento motor,
não produzem movimentos conscientes e contribuem essencialmente para o ajuste de
movimentos, apesar de entrarem em contato com estímulos do córtex cerebral e receberem
informações contidas nos interneurônios espinais (OSBORN; DIGRE, 2018).
Este trato carrega informações proprioceptivas e táteis oriundas dos membros inferiores. A
recepção dos estímulos nervosos, que ocorre na região do cone medular a nível de estruturas
lombares (plexo lombar) e sacrais, leva informações ao Núcleo de Clarke (C8-L3) que conduz os
estímulos eferentes passando pelo tronco encefálico e se direcionando ao cerebelo. Ao chegar no
cerebelo, as fibras do trato espinocerebelar posterior seguem para o verme e paraverme do lobo
posterior cerebelar do mesmo lado de origem do trato em questão (JOTZ, 2017).
o Trato cuneocerebelar
o Trato espinhotalâmico
Na medula, o trato espinhotalâmico representa uma via do sistema sensorial que transmite
informações de dor, temperatura, pressão e tato ao tálamo. Suas fibras, a exemplo de varias
outras da medula, atravessam o plano mediano do corpo para ocuparem espaço no hemicorpo
oposto ao de sua origem. Mas, ao contrário de muitos outros tratos abordados até o momento,
este cruza a linha mediana na própria medula (HANSEN, 2015).
CONCEITO TÉCNICO – Tato protopático equivale ao tato grosseiro e impreciso, que não tem a
capacidade de detalhar conscientemente a estrutura percebida. O trato que cuida do tato refinado
com detalhamento consciente da percepção tátil é o trato epicrítico.
Seu trajeto em direção encéfalo se direciona ao tálamo que receberá através de neurônios de 2ª
ou 3ª ordem (a depender de sinapses estabelecidas após o cruzamento da linha media) os
estímulos sensitivos e encaminhara o estimulo para o córtex somato-sensorial do giro pós-central
através de neurônios de 3ª ou 4ª ordem originados no tálamo (JOTZ, 2017; MACHADO;
HAERTEL, 2013).
Devido ao trato espinhotalâmico anterior ter função tátil e pressão, o estímulo recebido em suas
fibras se origina em dois componentes específicos do sistema nervoso periférico, o corpúsculo de
Meissner (tato) e o corpúsculo de Paccini (pressão). O trajeto da informação sensitiva deste trato
não apresenta diferença quando comparado ao trajeto feito pelo trato espinhotalâmico lateral
(JOTZ, 2017).
Anatomicamente, não há acidentes anatômicos que possam contribuir para a correta divisão dos
tratos espinhotalâmico lateral e o espinhotalâmico anterior. A principal diferença entre os dois é
quanto a funcionalidade de suas vias já que, diferentemente do espinhotalâmico lateral, o
espinhotalâmico anterior é responsável pelo tato protopático (tato grosseiro) e pressão (JOTZ,
2017).
Dentre as vias aferentes que cuidam do estimulo de dor, também estão localizados o trato
espinhoreticular e o trato espinhomesencefálico. O primeiro é responsável pela de atenção em
reposta à dor e seu percurso passa pela lamina VII da substância cinzenta medular e ascende
para os núcleos da formação reticular e substância reticular no tronco encefálico. O segundo está
relacionado aos mecanismos de controle da dor e suas fibras passam pelas lâminas I, II, III, IV e V
da substância cinzenta da medula e terminam no mesencéfalo (HANSEN, 2015; MARTIN, 2014).
Pesquisa - As vias aferentes também contam com um trato independente, que age
imediatamente no controle de estímulos de dor de forma autônoma, o trato espinhohipotalâmico,
que se comunica diretamente com o hipotálamo.
o Trato espinho-olivar
O trato espinho-olivar carrega informações proprioceptivas para o córtex cerebelar e seu percurso
na medula, como em todas as vias aferentes, começa pelas fibras oriundas dos gânglios das
raízes espinhais dorsais que correspondem ao neurônio de 1º ordem. Ao acessar a medula, as
fibras se dispõem junto ao trato de Lissauer pertencente a vias de associação da medula, e
estabelece sinapses com neurônios de 2ª ordem da substância cinzenta nas lâminas V, VI e VII
de Redex. Após as sinapses, as fibras neuronais cruzam a linha mediana e assumem espaço
entre as colunas anterior e lateral da substância branca até os Núcleos Olivares e Núcleos
Acessórios, onde vão repassar as informações sensitivas para os neurônios de 3ª ordem, que
direcionam suas fibras para o córtex cerebelar (MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).
As vias motoras, descendentes ou eferentes são aquelas responsáveis pela condução dos
estímulos gerados no sistema nervoso central rumo a órgãos efetores, transmitindo a informação
com o auxílio do sistema nervoso periférico. A divisão das vias motoras na medula é tão variada
quanto a presente nas vias sensitivas. Por tanto, nas vias motoras também é possível serem
identificados diversos tratos com funções especificas. Sendo assim, a seguir serão apresentadas
as principais vias de condução de estímulos eferentes (MACHADO; HAERTEL, 2013; MARTIN,
2014).
o Trato corticoespinhal
Também conhecido como trato piramidal, o trato corticoespinhal possui predominantemente fibras
de neurônios motores, que correspondem às vias eferentes (que levam informação do encéfalo
para periferia). O trato corticoespinhal pode ser dividido em duas porções na medula, o trato
corticoespinhal lateral e o trato corticoespinhal anterior, sendo que as duas vias seguem unidas do
córtex cerebral até o bulbo e posteriormente se separam para formar os funículos lateral e anterior
da medula (MACHADO; HAERTEL, 2013).
O percurso comum das fibras do trato corticoespinhal começa no córtex cerebral, onde dispara o
impulso motor voluntario no giro pré-central e córtex motor primário através do 1º neurônio motor.
Ao se projetar inferiormente através de seu axônio, confunde-se com os demais componentes de
substância branca se tornando mais compacta e constituindo o ramo posterior da cápsula interna
e se encaminha em direção ao tronco encefálico. Dentro do tronco encefálico, no bulbo, uma
proporção de fibras tanto do trato corticoespinhal medial quanto do lateral cruzam a linha média
numa região conhecida como “zona de decussação das pirâmides”. A partir de então, parte de
cada um dos tratos segue na medula em posições opostas (JOTZ, 2017; MACHADO; HAERTEL,
2013).
Atividade de estudo – Quais a consequências da decussação das pirâmides para o
comportamento motor transmitido pela medula?
Resposta - Devido à decussação das pirâmides que o hemisfério cerebral direito controla o lado
esquerdo do corpo e o hemisfério cerebral esquerdo controla o lado direito. Por tanto, caso
alguém sofra lesão no hemisfério cerebral esquerdo, o comportamento motor do lado esquerdo
será prejudicado.
Estudando - Área 4 de Browdmann corresponde ao córtex motor primário que atua no controle de
diversos movimentos e respostas cenestésicas
a) Corticoespinhal lateral
A partir do bulbo algo em torno de 2/3 das fibras do trato corticoespinhal cruzam a linha média do
tronco encefálico para assumirem o controle motor do lado oposto e passam a ser enquadradas
como trato corticoespinhal lateral. Ao seguir na medula, as fibras decussadas passam a formar a
coluna lateral podendo ser encontrado ao nível do ligamento denticulado na medula (MARTIN,
2014).
Conceito técnico – O ligamento denticulado corresponde a uma prega longitudinal que disposta
num plano frontal ao longo de todo o percurso da medula
O trajeto das fibras do trato corticoespinhal lateral na medula é concluído após o contato com o
corno anterior localizado na substância cinzenta da medula. Ele deixa a coluna lateral para
estabelecer sinapses com os neurônios da lâmina IX de Redex e ocasionalmente com as laminas
V e VIII de Redex e efetuando, assim, contato com o 2º neurônio motor para posteriormente
serem projetadas para fora do sistema nervoso central como radículas e raízes nervosas (JOTZ,
2017; MARTIN, 2014).
Sua constituição é repleta de axônios de neurônios localizados nas áreas de planejamento motor
do córtex cerebral, bem como no córtex motor primário. Estabelecem conexões com neurônios
motores inferiores para que o estimule chegue ao músculo de destino e viabilize a contração
muscular voluntaria. Os neurônios que atravessam este trato são especializados em movimentos
de amplitude controlada e fracionada, como os movimentos precisos da mão (Lundy-Ekman).
Estudando –1/3 das fibras do trato corticoespinhal, as que permanecem no mesmo lado do
hemisfério cerebral que deu origem aos neurônios motores, passam a ser denominadas a partir do
bulbo como Trato corticoespinhal anterior, que darão origem ao funículo anterior.
b) Corticoespinhal anterior
O trato corticoespinhal anterior fica localizado próximo à linha média, na coluna anterior da
substância branca da medula. Seu trajeto de saída do bulbo após a separação de suas fibras com
as que formam o trato corticoespinhal lateral mantem o curso na coluna até que suas fibras
cruzam a linha média em direção a coluna anterior da medula contralateral para realização de
sinapses com os neurônios. Após atingir a coluna anterior contralateral essas fibras estabelecem
sinapses com axônios do 2º neurônio motor para que sejam formadas radículas que darão origem
aos nervos espinhais (MACHADO; HAERTEL, 2013).
o Trato rubroespinhal
O trato rubroespinhal se posicionam ventrais ao trato corticoespinhal. Estes dois tratos são
semelhantes devido à similaridade de suas funções por participar do controle motor e receber
fibras do cerebelo para a regulação do movimento ativo, mas o trato rubroespinhal tem como
principal diferença funcional o controle motor na ativação de neurônios alfa e gama estão
relacionados a inervação de músculos flexores (OSBORN; DIGRE, 2018).
Seu percurso inicia no núcleo rubro, onde estão localizados os corpos celulares dos neurônios
que vão dar origem aos axônios do núcleo. Os axônios, ao serem projetados em direção a
medula, sofrem decussação imediatamente após saírem do núcleo para seguirem no lado
contralateral da medula até as células internunciais das zonas intermediárias dos cornos da
medula espinhal, nas proximidades das terminações dos axônios do trato corticoespinhal
(MARTIN, 2014; OSBORN; DIGRE, 2018).
o Trato reticuloespinhal
O trato reticuloespinhal tem sua origem na ponte e bulbo ao nível da formação reticular. Esta
estrutura funcional não é constituída por um grupo compacto de células, mas de áreas
circunscritas de células com características funcionais idênticas. As fibras oriundas do bulbo
seguem seu percurso na em parte da coluna lateral da substância branca da medula e as
oriundas da ponte se localizam em partes da coluna anterior e lateral. O percurso das fibras
termina estabelecendo sinapses com o corno anterior da medula (HANSEN, 2015).
Funcionalmente parece que quando a formação reticular pontino é estimulada, existe facilitação
dos neurônios motores alfa e principalmente dos gamas. Durante o estímulo bulbar ocorrer
inibição de ambos os tipos de neurônios motores (HANSEN, 2015).
Conceito técnico – O conjunto de fibras do trato reticuloespinhal oriundo da ponte também pode
ser denominado como trato reticuloespinhal pontino e o conjunto formado pelas fibras oriundas do
bulbo como trato reticuloespinhal bulbar. Este último auxilia no fracionamento dos movimentos,
em especial da mão, facilita músculos posturais e extensores dos membros.
o Trato vestibuloespinhal
O caminho percorrido pelas fibras do trato vestibuloespinhal começa no tronco encefálico a nível
de ponte e bulbo, nos núcleos vestibulares que contem aglomerados de corpos celulares de
neurônios motores. Os axônios destes neurônios se condensam formando dois feixes que seguem
o trajeto ipsilateral (mesmo lado) do núcleo vestibuloespinhal, o feixe que segue na porção lateral
da medula é conhecido como trato vestibuloespinhal lateral, e o feixe remanescente que segue na
porção mais medial é conhecido como trato vestibuloespinhal medial. Seu trajeto é concluído
corno anterior da medula ao estabelecer sinapses com neurônios que darão suporte para as
funções de equilíbrio, em especial, de cabeça e tronco (MARTIN, 2014).
Pesquisa - O fascículo septomarginal, também conhecido como feixe oval, é uma estrutura
medular visível na metade inferior da medula nos níveis de entrada das fibras que formam o
fascículo grácil. Na metade superior da medula nos níveis de entrada das fibras que formam o
fascículo cuneiforme esta localizado o fascículo semilunar ou fascículo interfascicular. Ambos são
relacionados a funções motoras e estabelecem sinapses com as vias descendentes.
o Trato tectoespinhal
Os corpos celulares dos axônios que constituem essa via estão localizados no mesencéfalo,
especificamente no colículo superior. Emergem para o sistema nervoso periférico no terço
superior da medula e se direcionam aos músculos da cabeça, olhos, tronco e porção proximal dos
membros superiores. Este trato executa funções de orientação sensorial e motora da cabeça de
forma combinada, coordenando movimentos reflexos decorrentes de estímulos visuais (MARTIN,
2014).
FIGURA 39 – PRINCIPAIS VIAS SENSITIVAS (ASCENDENTES) E MOTORAS DA MEDULA
ESPINHAL (DESCENDENTES).
Estudando - A medula possui também vias de associação, uma delas corresponde ao fascículo
longitudinal medial. Sua principal função associativa é de dar suporte aos núcleos motores de
nervos cranianos, estabelecendo conexões necessárias para a manifestação comportamental
combinada. Por tanto, está envolvido com reflexos integrados no tronco encefálico, em especial os
de coordenação motora para duas ou mais regiões corporais.
Corno frontal: Seu nome faz referência ao lobo frontal, onde está localizado, e se posiciona
anterior ao forame ventricular. Os limites superiores e seu rebordo compreendem ao corpo
caloso e a porção medial está limitada pelo septo pelúcido. O limite inferior corresponde ao
núcleo caudado.
Corno occipital: está alojado no lobo occipital e seu limite superior corresponde a coroa
radiada, já o inferior é possível visualizar o bulbo do corno posterior e uma estrutura
conhecida como esporão de Morand ou calcar O calcar avis é uma involução da
avis. parede do ventrículo
Corno temporal: Cruza o lobo temporal e seu lateral do corno posterior produzido
limite superior corresponde a substância branca, pela fissura calcarina. Em algumas
na borda medial o núcleo caudado, e a parte literaturas pode ser encontrado
inferior é limitada pela fímbria, hipocampo e com o nome de
eminência lateral. “hipocampo menor”.
Entre o corno frontal e o corno occipital existe uma porção central relatada comumente em livros
de neuroanatomia. Sua apresentação não é relevante do ponto de vista funcional por ser uma
região intermediaria e que atua de forma similar as suas regiões circunvizinhas. Seu limite
superior corresponde ao corpo caloso, o limite medial ao septo pelúcido, e o inferior ao núcleo
caudado, tálamo, plexo coroide e fórnix (OSBORN; DIGRE, 2018).
b) III ventrículo
Conceito técnico - Epêndima é uma fina camada semelhante a um epitélio de revestimento que
percorre os quatro ventrículos e o canal central da medula. A constituição celular desta estrutura
corresponde a células cuboides ou cilíndricas que se conectam continuamente funcionando como
uma barreira fina e permeável que seletiva entre o encéfalo e o LCR (OVALLE; NAHIRNEY,
2014).
Por estar posicionado no diencéfalo, o III ventrículo entra em contato com diversas estruturas da
região, onde as paredes laterais se formam a partir das superfícies mediais dos dois tálamos, e
porção latero-inferior e toda extensão inferior se comunicam com o hipotálamo. No tálamo, a
aderência intertalâmica atravessa o terceiro ventrículos para o estabelecimento de comunicação
entre os hemisférios direito e esquerdo.
c) IV ventrículo
Quanto a produção do LCR, plexo coróide do quarto ventrículo é oriundo da tela coróidea que é
uma camada de pia-máter de alta vascularização projetada para o interior da cavidade principal
próxima ao plano mediano. O LCR produzido em cada ventrículo não permanece estagnado nos
ventrículos, atingindo todo o sistema nervoso central percorrendo, inclusive, a medula através do
espaço subaracnóideo e do canal central da medula.
Pesquisa – A hidrocefalia é uma patologia que cursa com o acumulo de LCR nos ventrículos
cerebrais. Uma das causas desse acumulo é a obstrução dos canais os quais o LCR circula.
FIGURA 42 – SISTEMA VENTRICULAR E O PERCURSO DO LCR.
O LCR é produzido nos plexos coróides localizados o cerebelo e a coluna espinal dorsal, e sua
circulação pelo sistema nervoso central inicia pelos ventrículos laterais, que encaminham ao 3
ventrículo pelo forame interventricular de Monro. Após sua passagem por todo o 3º ventrículo, o
LCR se direciona ao 4º ventrículo pelo aqueduto de Sylvius para que, por fim, possa acessão o
forame de Magendie e circular pelo canal central da medula e acessar a cisterna lombar; ou o
restante do cérebro nos hemisférios direito e esquerdo através do forame de Luschka (DE
FREITAS, 2018; ERRANTE et al., 2016).
Ventriculos laterias
Forame interventricular de Monro
3º ventriculo
Aqueduto de Sylvius
4º ventriculo
Forame de Magendie ou Forame Luschka
Medula ou hemisférios cerebrais
Conceito técnico - Os plexos coroides são formações estruturais invaginadas do epêndima para
dentro das cavidades ventriculares. Cada invaginação é provocada pelos vasos da pia-máter e a
atividade para a produção de LCR é constante.
A medula e o encéfalo apresentam três meninges distintas constituídas por componentes fibrosos
de tecido conjuntivo. As meninges são conhecidas como Dura-máter, Aracnoide e Pia-máter
(OVALLE; NAHIRNEY, 2014; VANPUTTE; REGAN; RUSSO 2016).
Pesquisar – Tanto na medula quanto no encéfalo é possível encontrar todas as meninges. Porém
algumas diferenças entre as duas regiões são encontradas, como a composição do espaço
subaracnóideo recobrindo o crânio, onde estão presentes as trabéculas e vilosidades
aracnóideas.
<https://www.radiotoritama.com.br/prevencao-ajuda-a-evitar-novos-casos-de-morte-por-
meningite/>
Acesso em: 20.03.2019.
o Dura-máter
A camada mais externa, a dura-máter, envolve a medula, as outras meninges, as raízes nervosas
e a participa da formação do componente mais externo dos nervos periféricos, constituindo o
epineuro que se estender pelo sistema nervoso periférico como a camada superficial dos nervos.
A dura-máter envolve o cérebro e a medula espinhal para conter parte do líquido
cefalorraquidiano, evitando que o mesmo se direcione para fora do sistema nervoso central. A
resistência da dura-máter e sua característica de ser a mais espeça dentre as meninges devido à
grande deposição de fibras colágenas, permite que na medicina sejam feitos procedimentos
cirúrgicos de enxertia usando o tecido dural para tecidos com características similares (OVALLE;
NAHIRNEY, 2014; NAIDICH et al., 2015).
Grande parte dos nervos e vasos sanguíneos que percorrem o sistema nervoso central estão
contidos na dura-máter, o que faz com que esta meninge seja considerada como a principal
estrutura sensitiva, especialmente a intracraniana. As camadas superficiais e profunda se fundem
em grande parte de sua extensão, mas estão suscetíveis à separação para a formação de canais
venosos, os seios durais (OSBORN; DIGRE, 2018).
A função de portadora de diversos vasos sanguíneos se deve a dura-máter possuir vários seios
durais que contribuem para o transporte de sangue do cérebro para o coração, beneficiando a
renovação constante de componentes nutritivos que proporcionam a manutenção da integridade
dos tecidos cerebrais, inclusive viabilizado a renovação do sangue rico em oxigênio (OVALLE;
NAHIRNEY, 2014; NAIDICH et al., 2015).
Pesquisar - As veias da dura-máter não apresentam válvulas, e mesmo assim o fluxo sanguíneo
é drenado normalmente para as vias cardiorrespiratórias.
Resposta: Os hematomas são caracterizados como epidurais quando estão localizados acima da
dura-máter. Já os subdurais estão abais da dura mater. O acometimento medular é raro, porém os
casos de hematoma podem levar a disfunção da região neurológica acometida, levando ao óbito
se o sistema nervoso central for vitima em uma região de grande importância para o
desenvolvimento de funções vitais. Na medula, a gravidade pode levar ao quadro de plegia ou
paresia de membros (paresia equivale a redução da capacidade motora de uma determinada
região, podendo ou não acometer a sensibilidade. A plegia é conceituada como a perda da
capacidade motora de um determinado segmento corporal. Ambos podem acometer um ou mais
segmentos concomitantemente).
Pesquisas demonstram que o tratamento de pessoa com hematoma subdural espinal baseado em
anticoagulantes pode aumentar o risco de agravo do paciente, com potencial a paraplegia
progressiva (perda de movimentos bilateral e progressiva). Nos casos de hematoma subdural
encefálico concomitante ao hematoma subdural espinal supõe-se que o hematoma espinal surge
após a migração da hemorragia formada no encéfalo para outras áreas inferiores por meio do
líquido cefalorraquidiano (BAKAR; OZER; TEKKOK, 2015).
a) Foice do cérebro
A foice do cérebro corresponde ao septo que se localiza entre os dois hemisférios cerebrais, está
disposto em um plano sagital e o seu aspecto anatômico apresenta o formato de uma foice, o que
deu origem ao nome da estrutura. Enquanto a foice está disposta na abertura proporcionada pela
fissura longitudinal, correspondendo a camada profunda da dura-máter, sua porção superior está
impregnada junto a parte interna do crânio.
b) Tentório do cerebelo
O tentório do cerebelo, também conhecido como tenda do cerebelo, está localizado entre o
cerebelo e a face inferior do córtex occipital. No limite anterior da tenda encontra-se o
mesencéfalo onde passa a ser denominada como incisura da tenda (BEZERRA, 2016). Acima do
tentório está localizado o seio reto, que o acompanha paralelamente té sofrer ramificação para
formar a veia cerebral e o seio sagital inferior.
c) Foice do cerebelo
Está situado abaixo da tenda do cerebelo entre os hemisférios cerebelares. Atua de forma
semelhante a foice do cérebro, compreendido afrente do vermis cerebelar e alojado no espaço
superficial formado entre os hemisférios.
d) Diafragma da cela
o Aracnóide
A aracnoide é a camada intermediaria dentre as meninges medulares. É menos rígida que a dura-
máter e, consequentemente, mais frágil e suscetível a lesões. Vários filamentos são projetados da
aracnoide em direção a pia-máter, formando no espaço subaracnóideo uma rede conhecida como
trabéculas aracnoides. Esta meninge é denominada como aracnoide devido justamente ao seu
aspecto de um emaranhado de trabéculas visíveis especialmente na aracnoide encefálica
(MARTIN, 2014).
Na fusão entre alguns pontos da dura-máter e aracnoide são formadas estruturas que serve como
passagem do líquido cefalorraquidiano, as vilosidades aracnóideas. Nessas vilosidades, o sangue
e o líquido cefalorraquidiano ficam separados por camadas finas de endotélio para reabsorção do
líquido oriundo do espaço subaracnóideo pelos seios localizado na dura-máter OSBORN; DIGRE,
2018).
Estudando - As vilosidades aracnóideas são denominadas por alguns autores como granulações
aracnóideas. Em certas áreas, as vilosidades aracnóideas são facilmente identificáveis por
formarem tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter e são mais presentes no seio
sagital superior.
FIGURA 45 – CONFIGURAÇÃO DAS MENINGES NO ENCÉFALO
Intuitivamente, associa-se o estudo das meninges a uma patologia muito conhecida pela grande
transmissibilidade e repercussão negativa ao Sistema Nervoso Central, a meningite. A inflamação
das meninges caracteriza esta patologia que envolve inúmeras implicações no processo saúde-
doença do homem. Causa grande impacto populacional por ser capaz de atingir rapidamente
pessoas previamente saudáveis (MORAIS et al., 2017).
A membrana aracnoide é a meninge mais cometida devido aos agentes causadores da doença se
alojarem preferencialmente entre pia-máter e aracnoide, onde o líquido cefalorraquidiano é mais
abundante. Conforme o agente patológico, a meningite pode ser tipificada de diferentes modos,
como demonstrado a seguir conforme as observações de Morais et al. (2017) e Garcia e Ferreira
(2015).
Meningite Parasítica: Tipo de meningite é causado pela presença de parasitas transitando junto
ao líquido cefalorraquidiano, o que faz com que a quantidade de eosinófilos aumente na região
como mecanismo de defesa.
Meningite Não-infeciosa: Vários fatores podem ocasionar a inflamação das meninges por
causas não-infeciosas. Neoplasias, doenças dos tecidos conjuntivos como lúpus, condições
inflamatórias vasculares, cistos ou até mesmo traumas e raramente enxaquecas.
Estudando - Dor de cabeça, vômitos, rigidez da nuca, prostração, febre alta são sintomas
característicos do quadro de meningite.
Pesquisa – Alguns casos de meningite são causados pela entrada do agente patológico do meio
externo (ambiente) através de portas abertas em traumas mecânicos, em especial quando há
lesão da cavidade nasal, e em casos de infecção nas regiões de cabeça e pescoço, como nos
casos de otite.
Meningite Viral: É o tipo de meningite que apresenta repercussões menos graves, com
possibilidade de resolução espontânea na maioria dos casos. Está muito associada ao vírus
herpes simples do tipo 2.
o Pia-máter
A pia-máter é a meninge que entra em contato direto com o sistema nervoso central. É a mais
frágil e adere nos tecidos sob sua proteção como sulcos e fissuras. Seu limite caudal corresponde
ao filamento terminal da medula, posicionado após o termino das projeções da calda equina,
perfurando a dura-máter e se projetando em direção ao hiato sacral. Abaixo da pia-máter, pode
ser formado um espaço conhecido como subpial onde o transito do líquido cefalorraquidiano pode
ocorrer (MARTIN, 2014).
A medula enquanto componente do sistema nervoso central pode ser entendida como uma área
de distribuição e seleção de impulsos voluntários ou involuntários, sensitivos ou motores, que
apresentam origem e destino previstos através do estudo da neuroanatomia. Por isso, diversas
patologias que acometem a medula apresentam repercussão sistêmica, dada a importância deste
componente para a manifestação do comportamento motor e sensitivo.
Identificar a função de cada área da medula e sues envoltórios permite a identificação precisa de
lesões através do quadro clinico do paciente. Perdas motoras são identificáveis em áreas do
sistema nervoso central que correspondem as vias eferentes e déficits sensitivos tem correlação
com vias aferentes. Como visto no capítulo que se encerra, as diversas manifestações sensitivas
possuem um caminho próprio e inconfundível no sistema nervoso, assim como os caminhos para
a estimulação muscular obedecem uma sequência de impulsos transmitidos de forma organizada.
Finalmente, vale ressaltar que o estudo da neuroanatomia da medula e dos envoltórios do SNC é
muito amplo e a melhor alternativa para que se possa saber cuidar das disfunções apresentadas
por estas estruturas é conhecer a sua origem, seu destino e localização comum. Aprofundar os
estudos sobre o SNC é necessário para todo e qualquer profissional da saúde, já que sem este
sistema todos os outros não funcionam.
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