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Sistema
Neuroendócrino
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Ao término desta unidade, você será capaz de entender a cons-


tituição e a função geral dos sistemas nervoso e endócrino, pois
estudaremos todas as estruturas anatômicas que os formam tanto
do ponto de vista morfológico quanto funcional.
UNICESUMAR

Você já ouviu falar que o sistema nervoso controla todas as coisas


que acontecem com nosso corpo? Você já escutou alguém dizer, ou
já leu algo sobre o fato de que o sistema nervoso age, também, por
meio das nossas glândulas a fim de realizar tal controle?
Imagine a seguinte situação: um jovem de 25 anos de idade foi
diagnosticado com um tumor no diencéfalo (mais especificamente,
no hipotálamo). Ele procurou ajuda especializada porque estava
percebendo várias coisas diferentes acontecendo com seu corpo,
como emagrecimento (mesmo comendo normalmente), insônia,
taquicardia, sudorese, irritabilidade etc. O médico lhe disse que o
tumor estava comprimindo sua glândula hipófise, e que tal fato
necessitava de correção cirúrgica imediata. A fim de esclarecer
este diagnóstico, o jovem resolveu procurar uma segunda opinião
médica, pois estava extremamente apreensivo por se tratar de uma
cirurgia neurológica.
Analise os detalhes do caso clínico descrito anteriormente e res-
ponda aos seguintes questionamentos: I. Você acha que é possível
um tumor, no hipotálamo, causar compressão da glândula hipófise?
II. Considerando os sintomas descritos pelo jovem e as funções que
a glândula hipófise exerce, você acha que, de fato, este tumor esteja
acometendo esta glândula?
É impossível estudar o caso clínico descrito e não se encantar
com o fato de que existe uma estreita harmonia entre o sistema
nervoso e o sistema endócrino. Além disso, qualquer disfunção
em um deles pode causar severas alterações no funcionamento
geral do corpo humano, prejudicando a homeostasia corpórea.
Pensando assim, profissionais da saúde e do bem-estar devem,
constantemente, preocupar-se com o pleno conhecimento destes
dois sistemas de controle e regulação do corpo humano. Aprende-
remos sobre eles a seguir.

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SISTEMA NERVOSO

De maneira geral, o sistema nervoso é responsável por receber, analisar e integrar informações prove-
nientes do meio interno e externo. Representa o local onde ocorrem as tomadas de decisão e de onde
são enviadas as ordens para o funcionamento de todo o corpo (MOORE et al., 2014). Ele pode ser,
didaticamente, dividido em central e periférico. O sistema nervoso central (SNC) é representado pelo
tecido nervoso alojado na parte central do corpo, ou seja, no crânio (o encéfalo) e na coluna vertebral
(a medula espinal). O sistema nervoso periférico (SNP) é representado pelo tecido nervoso alojado na
periferia do corpo, ou seja, nervos (cranianos e espinais), gânglios e terminações nervosas.
Inicialmente, estudaremos o SNC. Tanto o encéfalo quanto a medula apresentam, em sua constitui-
ção, corpos celulares e fibras nervosas. A substância cinzenta é formada, predominantemente, por cor-
pos neuronais, e a branca por fibras nervosas que se aglomeram, formando tratos. Enquanto o encéfalo
tem substância cinzenta por fora da branca, constituindo o córtex cerebral, a substância cinzenta da
medula espinal (que tem a forma de uma borboleta ou da letra H) localiza-se, internamente, à branca
(que é formada por fibras que sobem e descem na medula) (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

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Figura 1 - Sistema Nervoso Central e


Periférico

Descrição da Imagem: a figura


mostra a parte superior do cor-
po de uma pessoa, destacando
o SNC (ou seja, o encéfalo e a
medula espinal alojados no crâ-
nio e no canal medular) e parte
do SNP (especificamente, os
nervos espinais e cranianos).

Com certeza, você já ouviu falar de alguém que teve uma lesão na medula e ficou paraplégico ou tetra-
plégico. Nestes casos, muitas perguntas surgem, por exemplo: Será que estas pessoas conseguirão sentir
seu corpo normalmente? Será que a paralisia poderá ser revertida? Como ficam as funções sexuais? E
tantas outras dúvidas que, para serem respondidas, é preciso entender melhor como a medula funciona.
Conforme Machado e Haertel (2014), a medula espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso,
ligeiramente achatada, que fica dentro do canal vertebral. O nome medula significa miolo, justamente
pelo fato de sua localização no interior deste canal. Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas
dilatações (chamadas intumescência cervical e intumescência lombossacral) onde as raízes nervosas
que formam o plexo braquial e o plexo lombossacral fazem conexão. Esses plexos inervam os membros
superiores e inferiores. Assim, nas intumescências, há maior quantidade de neurônios que entram,
ou saem da medula.
Superiormente, a medula espinal limita-se com o bulbo (ao nível do forame magno do osso occipi-
tal) e, inferiormente, termina afilando-se para formar o cone medular que continua com um delgado
filamento meníngeo, o filamento terminal, ao nível da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto, a
medula não ocupa todo o canal vertebral, tendo, aproximadamente, 45 cm no homem, e 42 cm, na
mulher. Tal fato tem importância clínica, pois, abaixo da segunda vértebra lombar, o canal vertebral
não tem medula, mas contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinais que
constituem a cauda equina. Isto decorre de ritmos diferentes de crescimento entre medula e coluna
vertebral. Por exemplo, até o quarto mês de vida intrauterina, ambas crescem no mesmo ritmo, mas,

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a partir de então, a coluna cresce mais do que a medula, causando como consequência o afastamento
dos segmentos medulares das vértebras correspondentes.
Além disso, caro(a) aluno(a), a superfície da medula apresenta sulcos onde se conectam os peque-
nos filamentos radiculares que se unirão para formar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinais.
Considerando que estes nervos trazem à medula informações sensitivas da periferia do corpo que
deverão ser conduzidas ao encéfalo e que levam as ordens do encéfalo à periferia do corpo, é possível
entender porque uma lesão medular causa perda sensitiva e motora, as quais não serão revertidas se a
lesão medular for completa. Por isso, para maior proteção da medula, membranas fibrosas chamadas
meninges fazem seu revestimento externo. A dura-máter é a mais externa, espessa e resistente. Supe-
riormente, a dura-máter espinal continua com a dura-máter craniana. A pia-máter é a mais delicada
e interna e adere, intimamente, ao tecido nervoso. A aracnoide-máter se dispõe entre as outras duas,
formando um emaranhado de trabéculas aracnoideas. Abaixo da aracnoide-mater, existe o espaço
subaracnoideo que contém líquido cerebrospinal.

Medula espinal

Substância cinzenta
Canal central da medula espinal Substância branca

Pia-máter

Meninges
Aracnoide-máter
espinais

Dura-máter

Figura 2 - Sulcos da medula espinal e meninges

Descrição da Imagem: a figura mostra uma medula espinal recoberta pelas meninges e de onde emergem os nervos
espinais.

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Vale ressaltar que, abaixo da segunda vértebra lombar, não há perigo de lesão medular, sendo esta
área ideal para a introdução de agulhas com a finalidade de coletar o líquido cerebrospinal para fins
terapêuticos ou diagnósticos para medir a pressão do líquido para introdução de substâncias que
aumentam o contraste nas radiografias (mielografia) ou para introdução de anestésicos. Assim, para
cirurgia das extremidades inferiores, períneo, cavidade pélvica e em algumas cirurgias abdominais,
podem ser feitas anestesias raquidianas ou epidurais (também chamadas peridurais). Na raquidiana, o
anestésico é introduzido no espaço subaracnoideo entre as vértebras L2-L3, L3-L4 ou L4-L5, certificando-se
de que a agulha atingiu o espaço subaracnoideo pela presença do líquido que goteja na extremidade
da agulha. Na anestesia peridural, o anestésico é introduzido sobre a dura-mater, de onde se difunde
e atinge as raízes dos nervos espinais.
O tronco encefálico (TE) interpõe-se entre a medula espinal e o diencéfalo, ventralmente ao cerebelo.
É constituído por corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras que se agrupam em tratos,
fascículos ou lemniscos, os quais formam relevos ou depressões em sua superfície. O TE divide-se em
bulbo (inferiormente), mesencéfalo (superiormente) e ponte (entre ambos), e apresenta dez dos doze
pares de nervos cranianos, sendo, por isso, uma região extremamente importante.

Mesencéfalo

Ponte

Figura 3 - Tronco encefálico (nervos cra- Bulbo


nianos em amarelo)

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco encefálico em
vista anterior, destacando os
nervos cranianos.

A superfície do bulbo é percorrida por sulcos contínuos aos sulcos da medula. Assim, de cada lado
da fissura mediana anterior existe uma eminência alongada, a pirâmide, que é formada por um feixe
de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da
medula espinal. Fibras deste trato cruzam, obliquamente, o plano mediano e formam a decussação
das pirâmides. Lesões neste trato causam déficit motor contralateral à lesão. Em contrapartida, na área
posterior do bulbo, estão os fascículos grácil e cuneiforme, constituídos por fibras nervosas ascendentes.

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Em relação às funções, o bulbo é importante, pois se relaciona à função respiratória, cardiovascular,


à tosse, ao vômito, ao espirro, à deglutição e ao bocejo. Complementarmente, ele ajuda a formar o
quarto ventrículo.
A ponte localiza-se anteriormente ao cerebelo, entre o mesencéfalo e o bulbo, e ajuda a formar o
quarto ventrículo. Sua base apresenta estrias transversais em virtude de feixes de fibras transversais
que a percorrem, as quais convergem, de cada lado, para formar o pedúnculo cerebelar médio ou braço
da ponte que penetra o cerebelo.
O mesencéfalo fica entre a ponte e o cérebro e é atravessado em toda a sua extensão por um canal
estreito chamado aqueduto do mesencéfalo, que une o terceiro ao quarto ventrículo. Nele, existe uma
área escura (chamada substância negra) que é formada por neurônios que contém melanina e se re-
lacionam ao movimento. Além disso, está relacionado às vias auditivas e visuais.
O cerebelo situa-se posteriormente ao bulbo e à ponte, repousa sobre o osso occipital e está separado
do lobo occipital por uma prega da dura-máter chamada tentório do cerebelo. Sua porção mediana e
ímpar é chamada verme, e suas massas laterais são os hemisférios cerebelares. Tanto o verme quanto
os hemisférios apresentam sulcos transversais que delimitam lâminas finas chamadas folhas. Em
corte, é possível identificar que o cerebelo é constituído por um centro de substância branca, o corpo
medular do cerebelo e é revestido por uma fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar. No
interior do corpo medular, existem quatro pares de núcleos de substância cinzenta, os núcleos centrais
do cerebelo: denteado, emboliforme, globoso e fastigial.

Figura 4 - Cerebelo

Descrição da Imagem: a figura mostra uma pessoa em vista anterior e lateral, destacando a posição do cerebelo.

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O cerebelo está bastante relacionado ao equilíbrio, à coordenação dos movimentos e à aprendizagem


motora. No entanto estudos têm sugerido que o cerebelo também apresenta funções não motoras,
por exemplo, função autônoma, de comportamento e de cognição, além de ajudar a formar o quarto
ventrículo. Além disso, é descrito que autistas apresentam hipoplasia cerebelar, e que lesões cerebelares
podem causar síndromes com diferentes sintomas (GARCIA; MOSQUERA, 2011).
O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que é a porção mais desenvolvida e importante
do encéfalo, ocupando cerca de 80% da cavidade craniana. Todavia o telencéfalo se desenvolveu em
sentido lateral e posterior (formando os hemisférios cerebrais) e encobrindo, quase completamente,
o diencéfalo que permaneceu em situação ímpar e mediana, podendo ser visto apenas na face inferior
do cérebro.

Figura 5 - Telencéfalo e diencéfalo

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o encéfalo em corte
sagital.

O diencéfalo, embora seja uma região pequena em termos de tamanho, é extremamente importante
em termos funcionais. Ele compreende quatro regiões principais: tálamo, hipotálamo, epitálamo e
subtálamo, os quais se relacionam ao terceiro ventrículo.
O tálamo é uma massa volumosa de substância cinzenta, que recebe e encaminha ao córtex motor
e sensitivo os impulsos motores e sensitivos vindos da periferia do corpo (exceto o olfato). Devido à
sua íntima relação com a dor, uma lesão talâmica pode causar a síndrome talâmica dolorosa, além de
déficit de memória, de linguagem e vários outros sintomas. O hipotálamo é uma área, relativamente,
pequena situada abaixo do tálamo, com importantes funções relacionadas, principalmente, ao controle
da atividade visceral. É considerado um grande centro autônomo e endócrino, atuando em processos

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como alimentação, ingestão de líquidos, comportamento sexual, comportamento emocional, regulação


da temperatura, memória e crescimento. Suas disfunções podem causar diabetes insípido, distúrbios da
termorregulação (hipo, hiper ou pecilotermia – alterações da temperatura corporal em decorrência de
variação na temperatura ambiental), distúrbios do equilíbrio calórico, do comportamento emocional
(raiva, medo e apatia) e da memória.
O epitálamo localiza-se acima do sulco hipotalâmico limitando, posteriormente, o terceiro ven-
trículo. Seu elemento mais evidente é a glândula pineal, que atua no controle do ritmo circadiano e
na função gonadal. Por isso, a lesão pode retardar a puberdade, ou fazê-la surgir, precocemente, ou
alterar o ritmo circadiano. O subtálamo localiza-se abaixo do tálamo, e seu elemento mais evidente é
o núcleo subtalâmico, que atua no controle e na modulação do movimento voluntário. Sua lesão pode
provocar hemibalismo (doença na qual ocorrem movimentos violentos e involuntários da metade do
corpo contralateral ao subtálamo lesado).
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e uma pequena parte mediana situada na
porção anterior do terceiro ventrículo. Tais hemisférios são, parcialmente, separados pela fissura lon-
gitudinal do cérebro cujo assoalho é formado pelo corpo caloso (o principal meio de união entre eles).

Figura 6 - Telencéfalo (vista superior)

Descrição da Imagem: a figura


mostra o telencéfalo em vis-
ta superior. Observa a fissura
longitudinal do cérebro e os
hemisférios cerebrais direito e
esquerdo.

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O telencéfalo possui cinco lobos (grandes regiões). Destes, quatro recebem sua denominação de acordo
com os ossos do crânio com os quais se relacionam (lobo frontal, temporal, parietal e occipital). Todavia
o quinto lobo situa-se, profundamente, e não se relaciona, diretamente, com os ossos do crânio, sendo
chamado lobo da ínsula. Esse lobo, que se relaciona às funções autônomas, é o que menos cresce e,
por isso, é recoberto pelos lobos vizinhos.

LOBO FRONTAL LOBO


LOBO LÍMBICO PARIETAL

LOBO
OCCIPITAL
Figura 7 - Anatomia do encéfalo

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o encéfalo em corte
sagital mediano. O lobo frontal PONTE
é visto em azul, o parietal em
verde, o occipital em rosa e o BULBO
límbico em roxo. Adicionalmen-
te a figura mostra o cerebelo,
o tronco encefálico e a medula MEDULA ESPINAL CEREBELO
espinal.

A superfície do cérebro humano apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros.
Esses giros permitem aumentar a superfície do cérebro sem aumentar o volume cerebral (dois terços
da área ocupada pelo córtex cerebral estão escondidos nos sulcos), fazendo com que seja chamado
girencéfalo (ao contrário de encéfalos sem giros que são chamados lisencéfalos). Muitos sulcos são
inconstantes e não recebem qualquer denominação, mas outros são constantes e recebem denomi-
nações especiais ajudando a delimitar os lobos e as áreas cerebrais. Além disso, é importante salientar
que o padrão dos sulcos e dos giros pode ser diferente nos dois hemisférios de um mesmo indivíduo,
e não existe nenhum sulco ou giro que seja característico de determinada raça humana, sendo, assim,
impossível a identificação da raça pelo estudo de um único cérebro.
Os dois sulcos mais importantes do encéfalo são o lateral e o central. O lateral é uma fenda pro-
funda, que separa os lobos frontal e parietal do lobo temporal. O central é profundo e separa os lobos
frontal e parietal. Ele é ladeado por dois giros paralelos, o pré-central (anterior ao sulco) e o pós-central
(posterior a ele). Estes giros relacionam-se, respectivamente, à motricidade e à sensibilidade do corpo.
Aconselho você a visualizar melhor em um atlas anatômico (NARCISO, 2012; ROHEN; YOCOCHI;
LUTJEN-DRECOLL, 2002) para melhor visualização destas estruturas.

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O peso do encéfalo depende do peso corporal do indivíduo e


da complexidade do encéfalo, que é expressa pelo coeficiente de
encefalização (K). O K aumenta à medida que se sobe na escala
zoológica, sendo quatro vezes maior no homem do que no chim-
panzé. No homem adulto brasileiro normal, ele pesa cerca de 1300
gramas (1200 gramas na mulher). O peso do encéfalo não tem re-
lação com o estado cultural ou com a inteligência do indivíduo (o
encéfalo do Einstein, por exemplo, pesava 1230 gramas). O maior
encéfalo humano registrado até hoje pesava 2850 gramas; e o seu
dono tinha um nível normal de inteligência. Admite-se que o menor
encéfalo compatível com a inteligência normal deve pesar cerca de
900 gramas.
O lobo frontal apresenta o sulco pré-central, o sulco frontal
superior e o sulco frontal inferior. Entre o sulco central e o sulco
pré-central está o giro pré-central onde se localiza a área motora
primária. Acima do sulco frontal superior e continuando na face
medial do cérebro, localiza-se o giro frontal superior. Entre o sul-
co frontal superior e o inferior, está o giro frontal médio e, abaixo
do sulco frontal inferior, está o giro frontal inferior (este, do lado
esquerdo, é chamado giro de Broca e é onde se localiza o centro
cortical da palavra falada na maioria dos indivíduos). Os giros
frontal superior e médio relacionam-se à cognição, ao raciocínio
lógico e matemático e à memória recente.
O lobo temporal apresenta dois sulcos principais: o temporal
superior e o temporal inferior. Entre o sulco lateral e o temporal
superior está o giro temporal superior onde está a área de Wernic-
ke, envolvida na compreensão da linguagem falada. Entre o sulco
temporal superior e o inferior está o giro temporal médio. Abai-
xo do sulco temporal inferior, localiza-se o giro temporal inferior
(envolvido na percepção visual de cor e forma). Afastando-se os
lábios do sulco lateral, aparecem pequenos giros transversais dos
quais o mais evidente e importante é o giro temporal transverso
anterior, pois, nele, se localiza o centro cortical da audição ou área
acústica primária.
O lobo parietal apresenta dois sulcos principais, o pós-central e
o intraparietal (este separa o lóbulo parietal superior do inferior).
O lóbulo parietal superior está envolvido na interação do indivíduo
ao meio ambiente e, por isso, lesões, principalmente no hemisfério
não dominante, causam negligência de partes do corpo. Nele, exis-

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tem dois giros, o supramarginal e o angular (ambos envolvidos na integração de diversas informações
sensoriais quanto à fala e percepção e, por isso, lesões, principalmente no hemisfério dominante, causa
distúrbio de compreensão da linguagem e reconhecimento de objetos). O lobo occipital apresenta
pequenos sulcos e giros inconstantes e irregulares.
A face medial do encéfalo é visível a partir de secção pelo plano sagital mediano e expõe o corpo
caloso, o fórnice, o septo pelúcido e o diencéfalo. O corpo caloso é a maior comissura inter-hemisférica
e aparece como uma lâmina branca arqueada. Ele é formado por um grande número de fibras mie-
línicas que cruzam o plano mediano e penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro,
unindo áreas simétricas do córtex cerebral de cada hemisfério. O fórnice emerge abaixo do corpo
caloso, e, entre ele e o corpo caloso, estende-se o septo pelúcido, que separa os dois ventrículos laterais.
Dois sulcos passam do lobo frontal para o parietal, o sulco do corpo caloso (que contorna o corpo
caloso) e o sulco do cíngulo (que é paralelo ao sulco do corpo caloso). Entre estes sulcos está o giro do
cíngulo, que faz parte do sistema límbico e, por isso, afeta o funcionamento visceral, as emoções e o
comportamento. O lobo occipital apresenta, na face medial, dois sulcos importantes: o parietoccipital
e o calcarino, entre os quais está um giro triangular chamado cúneo. A área visual primária localiza-se
nas bordas do sulco calcarino. O diencéfalo é uma pequena área subdividida em tálamo (acima do
sulco hipotalâmico), hipotálamo (abaixo deste sulco), epitálamo (posteriormente) e subtálamo (na
transição entre diencéfalo e mesencéfalo).
Na face inferior do encéfalo, o lobo frontal apresenta o sulco olfatório, medialmente ao qual se
situa o giro reto (relacionado ao olfato) e lateralmente ao qual se situam os giros orbitários. Já o lobo
temporal apresenta os sulcos occipito-temporal, colateral e sulco do hipocampo.

Ventrículos laterais

Terceiro Ventrículo

Quarto Ventrículo

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Dentro do nosso encéfalo, existem quatro cavidades chamadas ventrículos. Os ventrículos laterais
(direito e esquerdo) são cavidades dos hemisférios cerebrais. O terceiro ventrículo é a cavidade do
diencéfalo e o quarto ventrículo é a cavidade do rombencéfalo (entre o bulbo, a ponte e o cerebelo). Os
ventrículos produzem líquido cerebrospinal e se comunicam entre si. Assim, o líquido cerebrospinal
deixa os ventrículos laterais e chega ao terceiro ventrículo pelo forame interventricular. Depois, sai
do terceiro ventrículo e passa ao quarto ventrículo, por meio do aqueduto do mesencéfalo. Do quarto
ventrículo ele é drenado para o espaço subaracnóideo, por meio das aberturas laterais e da abertura
mediana do quarto ventrículo. Por fim, o líquido sobe até a parte superior do encéfalo, é absorvido
pelas granulações aracnoideas e é drenado para as veias que drenam o encéfalo. Desta forma, o líquido
se mistura ao sangue e sofre os mesmos processos de filtragem que ele.
É bem provável que você já ouviu falar deste líquido. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar de
alguém que tenha tido que tirar um pouco dele para saber se está com meningite, ou já ouviu falar de
alguém que perdeu este líquido ao tomar uma anestesia raquidiana e, por isso, teve dor de cabeça. Mas
você já parou para pensar para que ele serve e do que ele é composto? Pois bem. O líquido cerebrospi-
nal (ou líquor) é um fluido aquoso e incolor, que dá proteção mecânica, formando um coxim líquido
entre o SNC e os ossos, reduzindo o risco de traumatismo. Além disso, como o espaço subaracnoideo
envolve todo o SNC, este fica totalmente submerso no líquor de forma que se torna mais leve. Permite,
por exemplo, que o encéfalo flutue impedindo que seu peso comprima as raízes dos nervos cranianos
e os vasos sanguíneos contra a superfície interna do crânio.
Ele é, ativamente, formado pelos plexos coroides dos ventrículos, mas sua circulação é extrema-
mente lenta, sendo auxiliada pelo fato de sua produção ser em uma extremidade e sua absorção em
outra. Além disso, a pulsação das artérias intracranianas a cada sístole aumenta a pressão liquórica
empurrando-o, por meio das granulações aracnoideas. Seu volume total é de 400 a 500 ml/dia, re-
novando-se, completamente, a cada oito horas. Algumas doenças podem interferir em sua produção,
circulação e/ou absorção, causando hidrocefalia (aumento da quantidade e da pressão do líquor
levando à dilatação dos ventrículos e à compressão do tecido nervoso com graves consequências).
Essa doença pode ser corrigida com um procedimento cirúrgico, que drena o líquor, por meio de
um cateter desde os ventrículos até a veia jugular interna, átrio direito ou cavidade peritoneal. Vale
lembrar que o aumento do volume de qualquer componente da cavidade craniana (por tumor, he-
matoma ou hidrocefalia, por exemplo) aumenta a pressão intracraniana, podendo causar a protrusão
de tecido nervoso e graves sintomas, como perda de consciência, coma profundo ou morte por lesão
dos centros respiratório e vasomotor.
O encéfalo apresenta uma camada superficial de substância cinzenta (o córtex cerebral) que reveste
um centro de substância branca (o centro branco medular do cérebro). No interior deste centro, existem
massas de substância cinzenta chamadas núcleos da base do cérebro, os quais atuam, principalmente,
no controle do movimento (também têm funções não motoras, como função cognitiva, emocional
e de motivação e seleção de informação sensitiva para o controle motor). Suas lesões podem causar
vários distúrbios motores, como: coreia, atetose, balismo, distonia, tiques, síndrome de Tourette (tiques
motores e vocais) e distúrbios hipocinéticos (como o parkinsonismo). Entre estes núcleos, podemos

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citar o caudado, o lentiforme (dividido em putame e glóbulo pálido), claustrum, corpo amigdaloide
(faz parte do sistema límbico e é um importante centro regulador do comportamento sexual e da
agressividade), núcleo basal de Meynert e núcleo accumbens.
O centro branco medular do cérebro é formado por fibras mielínicas, as quais podem ser de pro-
jeção ou de associação. As de projeção ligam o córtex cerebral a centros subcorticais (são o fórnice e
a cápsula interna). As de associação unem áreas corticais situadas em pontos diferentes (são o corpo
caloso, a comissura do fórnice e a comissura anterior).

Figura 8 - Núcleos da base e centro


branco medular do cérebro

Descrição da Imagem: a figura


mostra um encéfalo em corte
transversal, mostrando os nú-
cleos da base e o centro branco
medular do cérebro.

O SNC é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges (dura-máter, aracnoide-máter e


pia-máter), as quais têm papel de proteção aos centros nervosos (já havíamos mencionado isto quando
estudamos a medula espinal, lembra?). O acesso cirúrgico ao SNC envolve, necessariamente, o contato
com estas meninges. Além disso, elas podem ser acometidas por processos patológicos como infecções
(meningites) ou tumores (meningiomas).
A dura-máter é ricamente inervada e vascularizada. Como o encéfalo não tem terminações nervosas
sensitivas, quase toda a sensibilidade intracraniana se localiza nela (que é responsável pela maioria das
cefaleias). A aracnoide-máter, em alguns pontos, forma as granulações aracnoideas que absorvem o
líquido cerebrospinal. A pia-máter adere, intimamente, à superfície do encéfalo, acompanhando os
sulcos, os giros e, inclusive, os vasos que penetram o tecido nervoso. Ela dá resistência ao encéfalo.
Aracnoide-máter e pia-máter são membranáceas e delicadas.

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Crânio

lâmina periostal Dura-máter


lâmina meníngea encefálica Figura 9 - Meninges Encefálicas

Seio sagital superior Espaço subdural Descrição da Imagem: a fi-


Granulações
gura mostra o encéfalo in situ
aracnóideas
Aracnoide-máter e ampliado (em detalhe) para
mostrar as meninges que o re-
cobrem, sendo: Meninges do
cérebro, Seio sagital superior,
Espaço Dura-máter encefálica (lâmina
subaracnóideo periostal, lâmina meníngea),
Espaço subdural, Aracnoide-
Pia-máter
-máter, Espaço subaracnóideo,
Substância Pia-máter, Substância cinzenta
cinzenta e branca do cérebro, Foice do
Cérebro
Substância cérebro, Vasos sanguíneos, Gra-
Vasos sanguíneos branca nulações aracnoideas.
Foice do cérebro

Embora represente apenas uma pequena parte do peso do corpo, o encéfalo recebe, aproximadamente,
um sexto do débito cardíaco e um quinto do oxigênio consumido pelo corpo em repouso. Isto porque
é formado por estruturas nobres e altamente especializadas que exigem um suprimento permanente
e elevado de glicose e oxigênio para seu metabolismo. Por isso, a parada da circulação cerebral por
mais de sete segundos leva à perda da consciência e, após cerca de cinco minutos, começam a aparecer
lesões irreversíveis. O fluxo sanguíneo é maior em áreas com mais sinapses (é maior na substância
cinzenta e há diferença entre as diversas áreas do córtex cerebral, mas tendem a diminuir durante o
sono). Assim, a falta de oxigenação faz com que áreas diferentes sejam lesadas em tempos diferentes.
A vascularização do encéfalo depende da artéria carótida interna e da artéria subclávia. A artéria
carótida interna passa o canal carótico, faz uma inflexão conhecida como sifão carotídeo (onde existem
baro e quimioceptores que detectam variações de pressão sanguínea e dos níveis de gases, como O2
e CO2 no sangue) e emite a artéria oftálmica (que irriga retina), a artéria cerebral anterior, a cerebral
média, a corioidea anterior e a comunicante posterior. As artérias vertebrais sobem pelos forames trans-
versos das seis primeiras vértebras cervicais, entram no crânio pelo forame magno, unem-se e formam
a artéria basilar. Essa artéria emite as artérias cerebelares, artéria do labirinto e a cerebral posterior.

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UNICESUMAR

As veias do encéfalo não acompanham as artérias, são maiores e mais calibrosas, têm paredes muito
finas, não têm válvulas e são, praticamente, desprovidas de musculatura. Elas se dispõem em sistema
venoso superficial e profundo os quais se comunicam por anastomoses e desembocam na veia jugular
interna a qual, por sua vez, desemboca na veia subclávia e, posteriormente, no átrio direito do coração
(PEIXOTO et al., 2015).

Círculo arterial
do encéfalo

Figura 10 - Artérias do Encéfalo (Favor retirar todos os textos)

Descrição da Imagem: a figura mostra a base do encéfalo destacando suas artérias.

168
UNIDADE 4

Você já se perguntou como o encéfalo é irrigado? Responder este questionamento é impor-


tante, pois o aporte de sangue para o encéfalo deve ser constante e infalível uma vez que sua
interrupção ou ausência pode causar morte neuronal e danos irreversíveis. Vamos entender
isso melhor: na base do encéfalo, existem várias artérias que formam o círculo arterial do
encéfalo (também conhecido como polígono de Willis, em homenagem ao médico inglês que o
estudou). Este círculo permite a troca de sangue entre as artérias que irrigam a região anterior
e posterior do encéfalo, em situações de emergência (PEIXOTO et al., 2015).

Moore et al. (2014) afirmam que, de maneira geral, o sistema nervoso periférico (SNP) é respon-
sável por conduzir os estímulos da periferia do corpo ao SNC e por levar os comandos provenientes
do SNC aos órgãos efetores (os quais são representados pelos músculos e pelas glândulas). O SNP é
formado por corpos celulares e fibras nervosas localizadas fora do SNC. De acordo com Miranda Neto
e Chopard (2014), ele é organizado em quatro estruturas principais: a) nervos espinais e b) nervos
cranianos (que unem a parte central do sistema nervoso às estruturas periféricas do corpo), c) ter-
minações nervosas (que são estruturas especializadas em captar os estímulos da periferia do corpo)
e d) gânglios espinais ou autônomos (que são constituídos por um conjunto de corpos celulares).
As terminações nervosas são originadas das ramificações das extremidades das fibras nervosas dos
nervos. Elas podem ser sensitivas ou aferentes (receptores) e motoras ou eferentes (junção neuroe-
fetora). Os receptores, quando estimulados por uma forma adequada de energia (calor, luz, pressão
etc.), originam um impulso nervoso que segue até atingir o SNC e ser interpretado por áreas cerebrais
próprias (como o giro pós-central). As terminações nervosas motoras trazem as ordens do SNC até
os órgãos efetores desencadeando contração muscular ou secreção glandular.
Os receptores podem ser classificados como especiais ou gerais. Os especiais estão ligados a um
neuroepitélio (como retina e o órgão de Corti) e assim, fazem parte dos órgãos especiais dos sentidos
(visão, audição, equilíbrio, olfato e gustação). Os receptores gerais são mais simples, estão espalhados
por todo o corpo (principalmente na pele) e podem ser livres ou encapsulados, conforme tenham, ou
não, uma cápsula de tecido conjuntivo.
Os receptores gerais livres não têm uma cápsula de tecido conjuntivo que os envolva. São mais
abundantes, ramificam-se na pele, sendo que alguns estão relacionados ao tato (enrolam-se nos fo-
lículos pilosos) e outros estão relacionados à sensibilidade térmica e dolorosa. Os receptores gerais
encapsulados são mais complexos, pois ocorre uma intensa ramificação da extremidade do axônio
no interior de uma cápsula de tecido conjuntivo.

169
UNICESUMAR

Órgãos sensitivos da pele


Corpúsculos de Meissner
(tato) Terminações nervosas livre
Terminações de Ruffini
(pressão) (dor e temperatura)

Discos de Merkel
Corpúsculos de Paccini (tato)
(pressão)

Epiderme

Derme

Hipoderme

Camada muscular

Inervação do bulbo
do pelo

Figura 11 - Tipos de Receptores

Descrição da Imagem: a figura mostra um pedaço de pele humana onde seus principais tipos de receptores são
apresentados: Órgãos sensitivos da pele, Discos de Merkel (tato), Epiderme, Derme, Hipoderme, Camada muscular,
Inervação do bulbo do pelo, Corpúsculos de Paccini (pressão), Terminações de Ruffini (pressão), Corpúsculos de Meis-
sner (tato), Terminações nervosas livre (dor e temperatura).

São exemplos de receptores gerais encapsulados o órgão tendinoso de Golgi (OTG), o fuso neuromus-
cular (FNM) e os corpúsculos sensitivos da pele. Estes corpúsculos incluem o corpúsculo de Meissner
(presente, principalmente, na pele espessa das mãos e pés; atuam como receptores de tato e pressão), o
de Ruffini (também atuam como receptores de tato e pressão e está presente, principalmente, na pele
espessa das mãos e pés e parte pilosa do resto do corpo) e de Vater-Paccini (presente, principalmente,
no tecido subcutâneo das mãos e pés, septos intermusculares e periósteo, atuando como receptores
de sensibilidade vibratória).
O FNM é um receptor proprioceptivo composto por feixes de fibras musculares modificadas
contidas em uma cápsula fibrosa. Ele é importante para a manutenção do tônus muscular e para o
reflexo miotático, o qual pode ser desencadeado, artificialmente, por exemplo, na região patelar. O
OTG também é um receptor sensorial proprioceptivo, mas fica localizado na inserção da fibra mus-
cular com o tendão do músculo esquelético (na junção músculo-tendão). Ele permite ao SNC avaliar
a força que o músculo está exercendo.

170
UNIDADE 4

Os receptores podem ser classificados de acordo com o tipo de estímulo que os ativa. Assim,
quimiorreceptores são ativados por estímulos químicos como os do olfato, da gustação e da artéria
carótida; os osmorreceptores detectam variações na pressão osmótica; os fotorreceptores são ativados
por estímulos luminosos (como os cones e bastonetes da retina); os termorreceptores são ativados por
estímulos térmicos (como as terminações nervosas livres); os nociceptores são ativados por estímulos
nocivos (como as terminações nervosas livres); os mecanorreceptores são ativados por estímulos me-
cânicos (como ocorre na audição, no equilíbrio, no tato, na pressão, na vibração, nos barorreceptores
da carótida, OTG e FNM).
Além disso, os receptores também podem ser classificados de acordo com o local onde estão. As-
sim, ínteroceptores ou vísceroceptores estão localizados nas vísceras e nos vasos, permitem sensações
viscerais pouco localizadas, como fome, prazer sexual, sede e dor visceral. Os exteroceptores estão na
superfície externa do corpo e são ativados por calor, frio, tato, pressão, luz e som. Já os proprioceptores
estão nos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares, e seus impulsos podem ser conscientes
ou inconscientes.
A terminação nervosa motora pode ser somática ou visceral. A somática termina no músculo estria-
do esquelético, formando a placa motora onde muitas vesículas sinápticas liberam o neurotransmissor
acetilcolina. As viscerais terminam no músculo liso, estriado cardíaco ou nas glândulas e pertencem
ao sistema nervoso autônomo. Seu neurotransmissor pode ser a acetilcolina ou a noradrenalina.
Os gânglios são estruturas formadas por um conjunto de corpos de neurônios localizados fora do
SNCl (se estivesse no SNC seria chamado núcleo). Tais corpos neuronais são recobertos por pequenas
células chamadas células satélites as quais os protegem.
Gânglio espinal

Figura 12 - Gânglios

Descrição da Imagem: a figura mostra uma medula espinal em corte transversal e a formação de um par de nervos
espinais com suas áreas de inervação.

171
UNICESUMAR

Os gânglios podem ser espinais ou autônomos. Os espinais são


constituídos por um conjunto de neurônios sensitivos, do tipo
pseudounipolares e estão ligados à raiz dorsal do nervo espinal. Os
autônomos pertencem ao sistema nervoso autônomo e podem ser
constituídos por corpos de neurônios simpáticos (gânglios simpá-
ticos) e parassimpáticos (gânglios parassimpáticos). Enquanto os
gânglios simpáticos estão localizados, predominantemente, nas
cavidades torácica e abdominal, os gânglios parassimpáticos estão
localizados, principalmente, no interior de órgãos e, por isso, são,
também, denominados gânglios intramurais.
Nervos são cordões esbranquiçados formados por feixes de fi-
bras nervosas e tecido conjuntivo fora do SNC. Eles unem o SNC
aos órgãos periféricos, de forma que sua função é conduzir impul-
sos nervosos do SNC à periferia do corpo (impulsos eferentes) e
da periferia do corpo ao SNC (impulsos aferentes). Alguns ner-
vos são formados apenas por fibras nervosas sensitivas (nervos
sensitivos), outros por fibras nervosas motoras (nervos motores)
e outros podem ter fibras nervosas sensitivas e motoras (nervos
mistos). Geralmente, nervos motores são profundos, e os sensitivos
são superficiais. Além disso, em um mesmo nervo, podem existir
fibras inativas, pois elas têm funcionamento independente. Assim,
eles podem se bifurcar ou se anastomosar por rearranjos de suas
fibras e, próximo à sua terminação, ramificam-se muito. São muito
vascularizados, mas quase desprovidos de sensibilidade (estímulos
dolorosos causam dor no trajeto do nervo, e não no ponto onde
foi feito o estímulo).
Os nervos são muito fortes, pois suas fibras são sustentadas e
protegidas por três membranas de tecido conjuntivo, as quais
são mais espessas em nervos superficiais: o endoneuro envolve cada
fibra nervosa; o perineuro envolve um fascículo de fibras nervo-
sas; o epineuro circunda um feixe de fascículos, emite septos para
seu interior e tem tecido adiposo, vasos linfáticos e sanguíneos. A
velocidade de condução do impulso nervoso varia de 1 a 120 m/s,
dependendo do calibre da fibra nervosa. Os nervos podem ser
espinais ou cranianos, conforme estejam ligados à medula espinal
ou ao encéfalo.

172
UNIDADE 4

TECIDOS CONJUNTIVOS
DO SISTEMA NERVOSO

Endoneuro

Axônio
Perineuro

Bainha de
Vasos Mielina
sanguíneos

Fascículo

Figura 13 - Tecidos conjuntivo do siste-


ma nervoso

Descrição da Imagem: a figura


13 mostra a estrutura do tecido
conjuntivo do sistema nervoso:
Endoneuro; Perineuro; Vasos
Epineuro sanguíneos; Axônio; Bainha de
NERVO Mielina; Fascículo.

Existem doze pares de nervos cranianos nominados, individualmente, e enumerados por algarismo romano
de I a XII. Eles têm conexão com o encéfalo e saem da cavidade craniana por meio de forames no crânio. A
maioria se conecta ao tronco encefálico (apenas os nervos olfatório e óptico ligam-se, respectivamente, ao
telencéfalo e ao diencéfalo, e o nervo acessório, também, se origina na parte superior da medula).
Os nervos olfatório (I par) e óptico (II par) são classificados como sensitivos, pois são respon-
sáveis, respectivamente, pelo olfato e pela visão. Já os nervos oculomotor (III par), troclear (IV par)
e abducente (VI par) são classificados como motores, pois são responsáveis pelos movimentos dos
músculos extrínsecos do bulbo do olho.
De maneira geral, nervo trigêmeo (V par) é responsável pela sensibilidade exteroceptiva (temperatura,
dor, pressão e tato) de grande parte da cabeça (face, dentes, boca, cavidade nasal e dura-máter craniana),
sensibilidade exteroceptiva e proprioceptiva dos músculos mastigatórios e da articulação temporomandi-
bular. Além disso, inerva músculos mastigatórios, milo-hioideo, ventre anterior do digástrico, tensor do véu
palatino e tensor do tímpano. A nevralgia ou neuralgia do trigêmeo é um distúrbio neuropático que causa
episódios de dor intensa no couro cabeludo, mandíbula, fronte, olhos, nariz e lábios.

173
UNICESUMAR

O nervo facial (VII par) dá origem a cinco ramos motores


terminais: temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e
cervical os quais inervam músculos da expressão facial, da orelha,
ventre posterior do digástrico, estilo-hioideo e músculo estapédio.
Além disso, ele envia fibras para o gânglio pterigopalatino (para
inervar glândulas lacrimais) e para o gânglio submandibular (para
inervar as glândulas salivares sublingual e submandibular). Adi-
cionalmente, dá sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores
da língua e do palato mole e supre uma pequena área de pele da
concha da orelha, perto do meato acústico externo.
O nervo vestibulococlear (VIII par) é responsável pelo equi-
líbrio, orientação espacial e audição. Sua lesão pode causar enjoo,
alteração de equilíbrio, nistagmo, vertigem e hipoacusia (dimi-
nuição da audição). O nervo glossofaríngeo (IX par) permite
movimento para o músculo estilofaríngeo e emite alguns ramos
sensitivos, como o nervo timpânico, nervo do seio carótico, nervo
faríngeo, tonsilar e lingual.
O nervo vago (X par) é longo e envia ramos para o palato, fa-
ringe, laringe, brônquios, pulmões e coração. Formam os troncos
vagais anteriores e posteriores que se unem ao plexo esofágico,
inervando esôfago, estômago e intestinos (até à flexura esquerda
do colo). O nervo acessório (XI par) une-se, temporariamente,
ao nervo vago (com o qual inerva músculos da laringe e vísceras
torácicas), penetra os músculos esternocleidomastoideo e trapé-
zio, dando-lhes motricidade. O nervo hipoglosso (XII par) dá
movimento aos músculos extrínsecos e intrínsecos da língua. Sua
lesão pode causar desvio lateral da língua quando se faz protrusão.
Existem 31 pares de nervos espinais que inervam o tronco, os
membros, o pescoço e parte da cabeça (oito cervicais, doze toráci-
cos, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo). São identificados
por uma letra (que identifica a região da medula a qual pertence)
e um número (que identifica sua ordem). Por exemplo: o nervo T4
é o 4° nervo da região torácica.

174
UNIDADE 4

Figura 14 - Nervos espinais

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra uma pessoa em vista
posterior, destacando o trajeto
dos nervos espinais.

Da medula espinal, emergem as radículas que convergem para formar as raízes ventral e dorsal. A
raiz ventral apresenta axônios de neurônios motores que se direcionam aos órgãos efetores, situados
na periferia do corpo (músculos e glândulas). A raiz dorsal apresenta axônios de neurônios sensitivos
vindos das terminações sensitivas, localizadas na periferia do corpo e cujos corpos estão nos gânglios
espinais das raízes dorsais.

175
UNICESUMAR

Secção transversa da medula Raiz dorsal

Gânglio espinal

Nervo espinal
Raiz ventral

Figura 15 - Formação dos Nervos Es-


Ramo dorsal
pinais

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma medula espinal em
corte transversal e a formação
Vértebra
de um par de nervos espinais, Ramo ventral
destacando a Secção transversa
da medula espinal, Raiz dorsal, Ramo comunicante
Gânglio espinal, Nervo espinal,
Gânglio simpático
Raiz ventral, Ramo dorsal, Ramo
ventral, Ramo comunicante,
Gânglio simpático, Vértebra.

Próximo do forame intervertebral, as raízes ventral (motora) e dorsal (sensitiva) se unem para formar
o tronco do nervo espinal que, funcionalmente, é misto e tem componentes somáticos e viscerais. O
tronco sai do canal vertebral pelos forames intervertebrais e se divide em um ramo dorsal e outro ventral
(ambos mistos). O ramo dorsal dirige-se, posteriormente, à pele, aos músculos da região occipital, à
nuca, à região dorsal do tronco e às articulações sinoviais da coluna vertebral. São separados uns dos
outros e não formam plexos nervosos (são unissegmentares). Em contrapartida, o ramo ventral distri-
bui-se à pele, aos músculos, aos ossos, às articulações e aos vasos da região ântero-lateral do pescoço,
ao tronco e aos membros. Na região torácica, tem trajeto paralelo às costelas (são unissegmentares),
mas, em outras regiões, se anastomosam e formam plexos plurissegmentares (com fibras de mais de
um segmento medular). Os principais plexos formados são o cervical, braquial, lombar e sacral (todos
pares). No entanto, também, é descrito o plexo coccígeo que é uma pequena rede de fibras nervosas
formada pelos ramos anteriores de S4 e S5 e os nervos coccígeos. Ele supre a articulação sacrococcígea,
o músculo coccígeo e parte do levantador do ânus. Os nervos anococcígeos originados dele suprem
uma pequena área de pele entre o cóccix e o ânus.
Resumidamente, o plexo cervical inerva pele e músculos da cabeça, pescoço, ombro e tórax e tem
um ramo de cada lado, o nervo frênico, que inerva o músculo diafragma. O plexo braquial estende-se,
inferior e lateralmente, passa abaixo da clavícula, entra na região axilar e desce pelo membro superior.
O plexo lombar emite vários nervos que se destinam aos músculos abdominais, regiões inguinal e
púbica e membros inferiores. Por fim, o plexo sacral inerva as vísceras pélvicas e o membro inferior
e emite seu ramo terminal, o nervo isquiático. Esse nervo (popularmente conhecido como nervo ciá-
tico) é o mais calibroso e longo do corpo humano (suas fibras descem até os dedos dos pés). Ele não

176
UNIDADE 4

supre estruturas da região glútea, mas os músculos posteriores da coxa, todos os músculos da perna e
do pé, e a pele da maior parte da perna e do pé. Envia ramos articulares para todas as articulações do
membro inferior. Além dele, o plexo sacral emite vários outros nervos.

A B
Figura 16 - Plexos Nervosos: Braquial (a) e lombo-sacral (b)

Descrição da Imagem: a figura mostra o ombro e o dorso de uma pessoa para identificar a formação dos plexos
braquial e lombo-sacral.

As lesões nervosas são frequentes, podem ser causadas por diversos fatores (como arma branca, arma
de fogo e traumas) e podem causar graves danos motores e sensitivos, pois neurônios não se proliferam
no sistema nervoso do adulto (exceto os neurônios do epitélio olfatório). Em caso de lesão, é comum
ocorrer degeneração onde o axônio que foi separado de seu corpo degenera. Essa degeneração é, in-
versamente, proporcional à distância da lesão ao corpo e é máxima entre sete e quinze dias.
Um fator que pode contribuir para a regeneração é a presença da glicoproteína laminina, produzida
pelas células de Schwann, no SNP. A laminina atua como um fator neurotrófico, estimulando o cres-
cimento axonal. Uma lesão por secção no nervo requer intervenção cirúrgica porque a regeneração
do axônio exige a aposição das extremidades seccionadas por suturas do epineuro. Vale ressaltar que
a laminina não é produzida no SNC onde a célula responsável pela mielinização é o oligodendrócito,
e não a célula de Schwann. O comprometimento do suprimento de um nervo, por longo período, pela
compressão dos vasos dos nervos pode causar degeneração do nervo (lesão por isquemia) (SIQUEIRA,
2007).

177
UNICESUMAR

O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA)

A classificação funcional do sistema nervoso divide-o em sistema nervoso somático (ou de vida de
relação) e sistema nervoso visceral (ou de vida vegetativa). O sistema nervoso somático faz com que
o organismo se relacione com o meio em que vive, predispondo movimentos voluntários. O sistema
nervoso visceral é responsável pelo funcionamento visceral e apresenta vias sensitivas e motoras. Sua
via motora leva ordens dos centros nervosos para os músculos liso e estriado cardíaco, para as glându-
las e para os adipócitos. Assim, possibilita ações involuntárias, como batimento cardíaco, movimentos
peristálticos e secreção glandular.
A via motora (ou eferente) do sistema nervoso visceral é conhecida como sistema nervoso autôno-
mo (SNA). Pode ser entendido como o conjunto de neurônios centrais e periféricos responsáveis pela
inervação motora das vísceras. Ele é dividido em parte simpática, parassimpática e sistema nervoso
entérico.
A parte parassimpática, quando estimulada, faz as glândulas lacrimais e salivares secretarem e cau-
sam constrição da pupila e dos brônquios, acomodação visual, bradicardia, ativação dos movimentos
peristálticos, relaxamento dos esfíncteres do tubo digestório, estimulação da secreção das glândulas
anexas dos genitais e ereção. Em contrapartida, a parte simpática é responsável pela constrição dos
vasos sanguíneos, pela dilatação da pupila, pela secreção das glândulas sudoríparas, pela ereção dos
pelos, pelo aumento do ritmo cardíaco, pela dilatação dos brônquios, pela diminuição do peristal-
tismo, pelo fechamento dos esfíncteres do tubo digestório, pela estimulação da secreção da glândula
suprarrenal, pelo aumento da contração da musculatura lisa do sistema genital masculino e feminino
e pela ejaculação.
Vale ressaltar que o tabagismo e as diversas situações de estresse emocional (raiva, medo e ansie-
dade) provocam grande estimulação do SNA simpático predispondo à elevação da pressão arterial, a
impotência sexual e aos distúrbios do sistema digestório. Por isso, quando sofremos um grande estresse
emocional (por exemplo, se uma pessoa bate em nosso carro ou recebemos uma notícia muito per-
turbadora), sentimos taquicardia, frio na barriga, dor no estômago, alterações na respiração e tantos
outros sinais de ativação do SNA simpático. Se estes estímulos forem persistentes ou frequentes, pode
haver sobrecarga em vários órgãos, inclusive, no coração. Portanto, tal fato é extremamente maléfico.
O sistema nervoso entérico é constituído por redes neuronais entre as células da parede do tubo
digestório. Ele é formado por neurônios motores, sensitivos e interneurônios, e seus principais com-
ponentes são o plexo submucoso e o mioentérico. A maioria de seus neurônios motores é formada
por neurônios pós-ganglionares do SNA parassimpático. Os neurônios sensitivos são estimulados por
alterações na tensão da parede dos intestinos e por alterações químicas na luz intestinal. Assim, pode-se
dizer que o sistema nervoso entérico é fundamental para o controle da motilidade do intestino, da
tonicidade dos vasos sanguíneos intestinais, da velocidade de proliferação das células do revestimento
epitelial do tubo digestório, da secreção de hormônios e para a absorção de nutrientes (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).

178
UNIDADE 4

PLEXO ENTÉRICO
Nervo

Plexo mientérico

Plexo submucoso

Lúmen intestinal

Mesentério

Figura 17 - Sistema nervoso entérico

Descrição da Imagem: a figura mostra um pedaço do intestino para enfatizar a constituição do sistema nervoso
entérico: Plexo entérico, Nervo, Plexo mientérico, Plexo submucoso, Lúmen intestinal, Mesentério

Título do filme: O óleo de Lorenzo


Ano:1992
Sinopse: este é um filme lindo e emocionante que você não pode deixar
de assistir, pois se trata de uma valiosa lição de vida. Além disso, neste
filme, você poderá perceber (principalmente após estudar sobre o sistema
nervoso) como as funções de controle são desempenhadas pelo sistema
nervoso central e como possíveis lesões no sistema nervoso periférico
podem modificar, completamente, a vida de todos nós. Confira!

179
UNICESUMAR

SISTEMA ENDÓCRINO

Todos nós já ouvimos falar que os hormônios são essenciais para o


funcionamento do nosso corpo e que se eles estiverem em alta ou
baixa concentração, muitas disfunções podem aparecer. Por isso,
um tumor hipofisário, por exemplo, pode ser tão danoso quanto
um tumor encefálico.
Vamos compreender melhor este sistema tão importante que
atua em sinergia ao sistema nervoso. Em primeiro lugar, você pre-
cisa ter claro que o sistema endócrino é composto por glândulas
endócrinas macroscópicas que não possuem canais excretores,
mas lançam seus produtos (os hormônios) na corrente sanguínea,
fazendo com que sejam distribuídos, rapidamente, a todo o cor-
po. Assim, tais glândulas são consideradas glândulas de secreção
interna (são diferentes das glândulas exócrinas que secretam para
fora da corrente sanguínea, como as glândulas lacrimais, salivares,
sudoríparas e sebáceas).
No corpo humano, participam do sistema endócrino as glându-
las hipófise, tireoide, paratireoides, suprarrenais, pineal e as porções
endócrinas do pâncreas e das gônadas. Todavia a placenta e o timo

180
UNIDADE 4

também podem ser incluídos entre os órgãos deste sistema, pois a placenta produz estrógeno, pro-
gesterona e gonadotrofina, e o timo age sobre o metabolismo, estimulando o crescimento corpóreo e
secretando hormônios relacionados à imunidade. O timo fica atrás do osso esterno, na porção supe-
rior do mediastino e é bem desenvolvido na primeira idade, sofrendo atrofia após a puberdade. Além
desses órgãos, existem, também, inúmeras glândulas endócrinas microscópicas, representadas por
células secretoras de hormônios isoladas ou organizadas em pequenos agregados. Elas se distribuem
por todo o corpo, por exemplo, na mucosa do trato gastrointestinal. Alguns autores denominam estas
glândulas endócrinas microscópicas sistema neuroendócrino difuso.

Hipotálamo
Glândula hipófise

Glândula tireoide
e paratireoide
Glândula pineal

Timo

Pâncreas

Ovário Glândula
suprarrenal Figura 18 - Estruturas gerais do sistema
endócrino

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa em pé, com
destaque às estruturas que for-
mam o sistema endócrino, des-
tacando: Hipotálamo, Glândula
Hipófise, Glândula Tireoide e
Paratireoide, Pâncreas, Glându-
la suprarrenal, Placenta (duran-
Placenta te a gravidez), Testículo, Ovário,
Testículo (durante a gravidez) Timo, Glândula pineal.

181
UNICESUMAR

Os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas são, frequentemente, considerados como men-
sageiros químicos e participam da regulação de muitas atividades do organismo, atuando tanto no
meio intra quanto extracelular. Assim, participam da regulação e integração corpórea num papel
regulador muito semelhante ao do sistema nervoso. Quando os hormônios agem sobre as células de
um grande número de órgãos, diz-se que há uma regulação geral. Isto ocorre com a adrenalina, por
exemplo, a qual, quando liberada pelas glândulas suprarrenais sob situação de estresse, causa efeitos
em, praticamente, todos os órgãos do corpo. Todavia a ação de um hormônio também pode ser bem
específica afetando as células de um órgão em particular, como é o caso do hormônio antidiurético
liberado pela neuro-hipófise, que atua nos néfrons para aumentar a absorção de água.
Alguns hormônios são esteroides derivados do colesterol (como o cortisol), outros são proteicos
(como a prolactina) e outros são derivados de aminoácidos (como a epinefrina). Eles podem agir
na célula de várias maneiras (modificando a permeabilidade da membrana, agindo sobre segundos
mensageiros, influenciando o material genético, agindo sobre enzimas etc.). A seguir, iremos abordar
as principais glândulas do sistema endócrino e seus hormônios. Também mencionaremos algumas
disfunções que podem surgir pelo aumento ou pela diminuição de seus hormônios.
A glândula hipófise é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro e 1 grama de peso,
encontrada na fossa hipofisial do osso esfenoide. A íntima relação entre o sistema endócrino e o nervoso
pode ser vista ao constatar que quase todas as secreções da glândula hipófise são controladas por sinais
hormonais ou nervosos provenientes do hipotálamo, o qual recebe sinais de quase todas as regiões do
sistema nervoso. A glândula hipófise pode ser dividida em lobo anterior (ou adeno-hipófise) e lobo
posterior (ou neuro-hipófise). A adeno-hipófise tem natureza glandular e é controlada por hormônios
hipotalâmicos de liberação ou de inibição (secretados pelo próprio hipotálamo e transportados para
a adeno-hipófise por pequenos vasos sanguíneos). A neuro-hipófise tem natureza nervosa, pois é
controlada por sinais nervosos que partem do hipotálamo.
Os hormônios da adeno-hipófise atuam nas funções metabólicas do corpo. São eles o hormônio de
crescimento (ou, popularmente, conhecido pela sigla GH), a corticotrofina, a tireotrofina, a prolactina,
o hormônio folículo estimulante e o hormônio luteinizante. O hormônio de crescimento afeta a síntese
de proteína e causa multiplicação e diferenciação celular. A corticotrofina controla a secreção de alguns
hormônios do córtex da glândula suprarrenal, os quais afetam o metabolismo da glicose, de proteínas e
de gorduras. Enquanto o hormônio tireotrofina controla a secreção de tiroxina pela glândula tireoide,
a prolactina desenvolve as glândulas mamárias e estimula a produção do leite. Já o hormônio folículo
estimulante e o luteinizante controlam o crescimento das gônadas e suas atividades reprodutivas.
A neuro-hipófise pode ser considerada uma extensão anatômica e fisiológica do sistema nervoso
(apresentando, inclusive, a mesma origem embriológica) e secreta o hormônio antidiurético e a oci-
tocina. Enquanto a ocitocina ajuda a liberar o leite das glândulas mamárias durante a sucção e ajuda
no trabalho de parto, o hormônio antidiurético (também chamado vasopressina) tem como função
regular a excreção de água na urina, controlando a quantidade de água dos líquidos corporais.

182
UNIDADE 4

OS HORMÔNIOS DA
OVÁRIOS
GLÂNDULA HIPÓFISE RIM

GONADOTROFINAS
HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE (FSH) HORMÔNIO
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) ANTIDIURÉTICO (ADH)

TESTÍCULOS MÚSCULO LINO


DO ÚTERO
OCITOCINA

GONADOTROFINAS
HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE (FSH)
OCITOCINA

OC
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH)

ITO
CI
NA
OSSOS, TECIDOS GLÂNDULAS MAMÁRIAS
INA
PROLOET

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH) OCITOCINA

GLÂNDULAS MAMÁRIAS CORTEX DA GLÂNDULA GLÂNDULA TIREOIDE


PELE SUPRARRENAL

HORMÔNIO MELONÓCITO HORMÔNIO HORMÔNIO


ESTIMULANTE PROLACTINA (PRL) ADENOCORTICOTRÓPICO TIREOESTIMULANTE (TSH)

Figura 19 - Glândula Hipófise

Descrição da Imagem: a figura mostra a glândula hipófise, no centro, e, ao redor, as estruturas que são influenciadas
por ela e os hormônios que produz.

A disfunção da glândula hipófise pode ser extremamente maléfica, levando, inclusive, o indivíduo ao óbito.
De igual modo, alterações na produção e na liberação de seus hormônios podem ser bastante prejudiciais. É
o caso, por exemplo, do hipertireoidismo e do hipotireoidismo que resultam de anormalidades no hormônio
do crescimento. Além disso, pode-se afirmar que seus hormônios relacionam-se à homeostasia corpórea.
À semelhança da neuro-hipófise, a glândula pineal está, intimamente, relacionada ao SNC. Loca-
lizada no epitálamo, pesa cerca de 150 mg, tem a forma de uma pequena pinha (por isso, seu nome) e
produz o hormônio melatonina. Este hormônio é produzido a partir do aminoácido triptofano e está
relacionado a quase todos os processos fisiológicos do corpo, pois causa sono e regula o ciclo sono-
-vigília. Assim, atua nos relógios circadianos (aqueles que ocorrem durante o dia) e ajuda a modular
os circuitos do tronco encefálico.

183
UNICESUMAR

Glândula Pineal

Figura 20 - Glândula Pineal

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma cabeça em corte
sagital, evidenciando o encéfa-
lo e a glândula pineal em seu
interior.

Segundo Miranda Neto e Chopard (2014), para sincronizar o ciclo orgânico com o ciclo claro-escuro
do ambiente, os organismos são dotados de sincronizadores chamados de fotoagentes arrastadores,
que detectam as variações nos níveis de luz à medida que a noite se aproxima. Esses receptores estão
localizados na camada externa da retina e deles partem neurônios que chegam ao núcleo supraquias-
mático do hipotálamo cuja ativação excita os neurônios que descem até os neurônios pré-ganglionares
simpáticos. Esses neurônios modulam aqueles localizados nos gânglios cervicais simpáticos superiores,
dos quais partem neurônios pós-ganglionares que se projetam à glândula pineal. Assim, esta ativação
permite que os fotorreceptores da retina reduzam a produção de melatonina. Por outro lado, ao en-
tardecer, com a menor luminosidade e a redução de ativação desses fotorreceptores, a pineal aumenta
a síntese e a liberação de melatonina na corrente sanguínea, provocando sono (sua síntese atinge o
nível máximo entre duas e quatro horas da manhã). Por isso, sua disfunção pode causar, por exemplo,
alteração do ciclo sono-vigília. Adicionalmente, vale destacar que a melatonina tem relação direta com
o exercício físico e com o repouso após sua prática.
A glândula tireoide é um dos maiores órgãos endócrinos do corpo. Ela está localizada anterior-
mente à traqueia e sua função é sintetizar os hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina
a partir do aminoácido tirosina e do iodo. Enquanto a calcitonina diminui os níveis sanguíneos de
cálcio e fosfato (provavelmente, acelerando a absorção de cálcio pelos ossos), os hormônios T3 e T4
aumentam o metabolismo de carboidratos, estimulam a síntese de proteínas, estimulam a degradação

184
UNIDADE 4

de gorduras, aumentam o metabolismo da água, de sais minerais


e de vitaminas.
A secreção excessiva desses hormônios causa uma doença co-
nhecida como hipertireoidismo. Nesta condição, ocorre perda de
nitrogênio pela urina, redução do colesterol circulante, agitação
psicomotora, perda de peso corporal, insônia, instabilidade afetiva,
tremor nas mãos, taquilalia (fala rápida), taquicardia, palpitação,
hipertensão arterial, dispneia, hiperfasia, fraqueza muscular e os-
teoporose. Além disso, o excesso extremo dos hormônios T3 e T4
podem elevar o metabolismo basal para cerca de 60 a 100% acima
do valor normal, causando graves consequências. Ao contrário, a
falta desses hormônios causa hipotireoidismo. Neste caso, ocorre
aumento do colesterol circulante, desaceleração do metabolismo
corpóreo, cansaço, alterações menstruais e deficiência cardíaca. A
falta completa destes hormônios causa queda do metabolismo basal
para cerca de 40% abaixo do normal.

Lobo direito da
glândula tireoide Laringe

Traqueia Lobo esquerdo da


glândula tireoide

GLÂNDULA TIREOIDE

Figura 21 - Glândula Tireoide

Descrição da Imagem: a figura mostra a localização da glândula tireoide,


destacando: Laringe, Lobo direito da glândula tireoide, Traqueia, Lobo es-
querdo da glândula tireoide, Glândula tireoide.

185
UNICESUMAR

Pelo fato de os hormônios tireoidianos serem fundamentais para


o crescimento e o desenvolvimento físico e mental, crianças com
hipotireoidismo têm atraso na maturação do esqueleto, podem
desenvolver nanismo, hipotonia muscular e deficiência mental.
Estes sinais clínicos caracterizam o quadro de cretinismo o qual
pode ocorrer por ausência congênita da glândula, defeito genético
em sua função ou falta de iodo na dieta. Por isso, segundo Miranda
Neto e Chopard (2014), gestantes devem ingerir iodo, diariamente,
em quantidade mínima necessária (em torno de 100 microgramas
de iodo/dia). Além disso, na ausência de iodo, a glândula tireoide
fica edemaciada, formando o bócio (uma espécie de papo que se
forma na região anterior do pescoço).
Um detalhe interessante que merece ser pontuado é que em re-
giões onde o solo é pobre em iodo (por exemplo, em locais longe do
mar) a incidência do bócio é mais alta, pois os alimentos são pobres
em iodo. No Brasil, desde 1955, iniciaram-se programas de adição
de iodo no sal de cozinha, conforme recomendação da Organização
Mundial de Saúde. Todavia, se a quantidade de iodo adicionada ao
sal for excessiva, pode acontecer hipertireoidismo induzido por
iodo (principalmente em idosos) e elevação do número de pessoas
com doenças autoimunes da glândula tireoide.
As glândulas paratireoides são quatro pequenas glândulas
embutidas na face posterior da glândula tireoide. Elas produzem
o hormônio paratireoidiano ou paratormônio (PTH), que regula
os níveis dos íons cálcio e fósforo nos fluidos corporais. A secreção
deste hormônio é controlada pela concentração de cálcio nos flui-
dos corporais, de forma que a diminuição de cálcio faz aumentar a
secreção de PTH e vice-versa. Esse hormônio ativa os osteoclastos,
que retiram cálcio dos ossos, aumentando a concentração deste
mineral no plasma e diminuindo sua excreção na urina. Além disso,
promove a síntese da forma mais ativa da vitamina D nos rins, a
qual promove a absorção de cálcio no trato gastrointestinal.
É importante notar que o PTH e a calcitonina têm efeitos con-
trários sobre a concentração de cálcio no sangue. Assim, enquanto
o PTH tira o cálcio dos ossos, aumentando sua concentração do
plasma, a calcitonina leva o cálcio do plasma para os ossos. Por isso,
o excesso de PTH no sangue causa descalcificação óssea, fraturas,
deformidades, osteoporose e calcificação de tecidos moles. Isto pode

186
UNIDADE 4

ser causado por hiperparatireoidismo. Contrariamente, sua deficiência diminui a taxa de cálcio no
sangue, aumenta a excitabilidade do sistema nervoso, resultando em câimbras e espasmos. No entanto
esta ação antagônica é essencial para que os níveis de cálcio sejam mantidos dentro de estreitos limites.

Figura 22 - Glândulas Paratireoides

Descrição da Imagem: a figura


mostra a localização das glân-
dulas paratireoides.

As glândulas suprarrenais estão localizadas no polo superior de cada rim, têm forma piramidal, são
retroperitoneais e são cobertas por uma cápsula de tecido conjuntivo e gordura.

187
UNICESUMAR

Glândula suprarrenal
(Vista externa)

Glândula suprarrenal
(Vista interna)

Córtex da
glândula
suprarrenal

Medula da
glândula
suprarrenal

Figura 23 - Glândula Suprarrenal

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, o tronco de uma pessoa, destacando o posicionamento dos rins.
No centro, destaca-se o rim cortado, e, à direita, uma glândula suprarrenal em corte.

A parte central da glândula é chamada medula, e a periférica é o córtex. Cada uma destas regiões age
como se fosse glândulas independentes. A medula corresponde a 20% da glândula e representa uma
continuidade funcional do SNA simpático, secretando epinefrina e norepinefrina na corrente sanguínea.
Esses hormônios produzem efeitos semelhantes à estimulação direta do SNA simpático. Assim, o SNA
simpático e a medula da glândula suprarrenal agem em conjunto para regular funções que permitem
ao organismo se adaptar a situações de emergência. Por isso, o sistema simpático-adrenal é ativado em
casos de hemorragia, hipoglicemia, hipóxia, dor, exercícios intensos, medo e raiva. Em contrapartida,
o córtex da glândula suprarrenal secreta mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios, todos
sintetizados a partir do colesterol.

188
UNIDADE 4

Os mineralocorticoides controlam os eletrólitos dos líquidos extracelulares, principalmente o


sódio e o potássio. O principal deles é a aldosterona. São exemplos de glicocorticoides o cortisol e a
cortisona. O cortisol tem ação anti-inflamatória e anti-estressante. Todavia a constante exposição ao
estresse causa elevação prolongada no nível de cortisol, causando acúmulo de gordura na face e no
pescoço, depressão imunológica e mental. Além disso, o cortisol associado à adrenalina causa sobre-
carga cardíaca e inativa funções essenciais ao crescimento e renovação dos tecidos. Os androgênios
(hormônios sexuais) são secretados em pequena quantidade e causam os mesmos efeitos da testos-
terona. Em condições normais têm pouca importância, mas, em casos de anormalidade do córtex da
glândula suprarrenal, podem ser secretados em grande quantidade, causando efeito masculinizante.
O pâncreas está localizado posteriormente ao estômago, entre o baço e o duodeno. Ele é considerado
uma glândula mista, pois secreta hormônios, como a insulina e o glucagon, na corrente sanguínea, e
o suco pancreático, no duodeno (sua secreção exócrina).
A insulina é um hormônio proteico e é liberada em estado alimentado (ou seja, quando há dis-
ponibilidade de nutrientes, como a glicose). Ela estimula o transporte de glicose do sangue para as
células, assim como sua utilização e seu armazenamento na forma de glicogênio. A glicose excedente
é convertida em gordura e é armazenada no tecido adiposo. Além disso, reduz o uso de gorduras e
proteínas como fonte energética (inibe a lipólise e a proteólise) e estimula a síntese proteica. O gluca-
gon também é proteico, mas tem atividade oposta à da insulina, pois diminui a oxidação de glicose e
promove a hiperglicemia. Além disso, estimula a degradação do glicogênio hepático e a liberação de
glicose para a corrente sanguínea.

Figura 24 - Pâncreas

Descrição da Imagem: a figura


Pâncreas mostra o pâncreas encaixado
no duodeno, o fígado e a vesí-
cula biliar.

189
UNICESUMAR

As gônadas masculinas (testículos) e femininas (ovários) pro-


duzem gametas e hormônios. Ambos já foram estudados quanto às
funções reprodutivas, na Unidade 3, de forma que, nesta unidade,
serão abordados apenas seus aspectos hormonais. Os hormônios
sexuais masculinos são chamados andrógenos, sendo a testosterona
o mais importante. Os femininos são os estrógenos e as progestinas.
O mais importante dos estrógenos é o estradiol, e das progestinas
é a progesterona.
A testosterona é formada pelas células intersticiais de Leydig e
é responsável pelas características sexuais secundárias do corpo
masculino (pelos, aumento da laringe, espessura da pele e desen-
volvimento ósseo e muscular). No feto, ela é essencial à formação
do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das glândulas seminais e dos
ductos genitais masculinos bem como pela descida dos testículos
para a bolsa escrotal. Após a puberdade, faz aumentar o tamanho
do pênis, da bolsa escrotal e dos testículos. Os estrógenos causam
proliferação celular e crescimento dos tecidos dos órgãos sexuais e
de outros tecidos relacionados à reprodução. Além disso, estimulam
a síntese de colágeno e a renovação dos tecidos epiteliais da pele,
das mucosas e dos tecidos conjuntivos de suporte.
Após a puberdade, os estrógenos aumentam e causam crescimen-
to corporal e dos órgãos genitais. Todavia reduzem sua produção,
após a menopausa, fazendo com que a renovação dos tecidos seja
reduzida, assim como a síntese de colágeno. Tal fato causa o apare-
cimento dos sinais de envelhecimento (perda do vigor da pele, da
massa muscular e óssea etc.). Vale ressaltar que o tabagismo tem
ação antiestrogênica e, por isso, antecipa e prolonga a menopausa,
agravando seus sinais e sintomas.
Por fim, a progesterona promove alterações secretoras do en-
dométrio, durante a segunda metade do ciclo sexual, preparando
o útero para a implantação do blastocisto. Também estimula o de-
senvolvimento das mamas e aumenta a secreção no revestimento
mucoso das tubas uterinas (o que é necessário à nutrição do ovo em
desenvolvimento) (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

190
UNIDADE 4

FEMININO MASCULINO
Figura 25 - Órgãos genitais femininos internos e órgãos genitais masculinos

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, órgãos genitais femininos internos (útero, ovários, vagina, tubas
uterinas), e, à direita, mostra alguns órgãos do sistema genital masculino (pênis, testículos, ductos deferentes, glân-
dulas seminais e próstata).

Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o Podcast so-


bre recentes pesquisas em relação ao sistema nervoso central com
a professora pós-doutora Silvana Regina de Melo, da Universidade
Estadual de Maringá. Bom aprendizado!

Nesta unidade, vimos que o SNC, o SNP e o SNE agem em conjunto para possibilitar o controle e a
integração das atividades sensitivas, motoras, viscerais, cognitivas e comportamentais do indivíduo.
Todavia, por mais excelência que estes três sistemas possam ter, não haveria homeostasia corporal se
o sistema endócrino não participasse desta regulação. Seu conhecimento específico e da inter-relação
que apresentam entre si é de extrema relevância para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento eficaz
de qualquer desordem que possa vir a acometer qualquer um desses sistemas. Por isso, este tema é rele-
vante a você enquanto profissional da saúde e do bem- estar uma vez que não pode haver homeostasia
corpórea sem a atuação conjunta destes sistemas. Assim, seu estudo histológico, anatômico e fisiológico
é imprescindível a você. Aproveite muito!

191
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos ad-
quiridos por você, ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e, com
base nos conhecimentos adquiridos, faça uma listagem resumida dos principais componentes dos
sistemas nervoso central, nervoso periférico e do sistema endócrino. À frente de cada estrutura,
você pode acrescentar a principal função que ela desempenha. Você pode fazer em formato de
texto e utilizar para seu estudo pessoal. Vamos lá!

1 Sistema Nervoso 2 Sistema Nervoso 3


Periférico Sistema Endócrino
Central

• Estruturas e funções • Estruturas e funções • Estruturas e funções


MAPA MENTAL

192
193
MAPA MENTAL
1. Uma senhora de 68 anos de idade, sedentária, na menopausa desde os 42 anos de
idade, sem nunca ter feito terapia de reposição hormonal, começa a apresentar várias
alterações endócrinas. Analise as afirmações sobre tais disfunções:
I) Uma das alterações endócrinas que a paciente do caso descrito pode apresentar é
um quadro de hipertireoidismo. Isto pode ser dito considerando que a calcitonina
(hormônio tireoidiano) está predispondo descalcificação óssea uma vez que tal
hormônio ativa osteoclastos e aumenta a calcemia a fim de manter a concentração
fisiológica de cálcio para os neurônios, para o miocárdio e para o diafragma. Assim,
pode-se supor que esta senhora tem severa osteoporose.
II) Outra disfunção possível desta senhora seria o aumento na dosagem dos hormônios
das glândulas suprarrenais, principalmente do cortisol e da adrenalina. Isto pode ser
dito, devido ao fato de que o excesso dos mesmos pode causar reabsorção óssea
contínua. Tal fato pode ser comprovado pelo aumento na dosagem do hormônio
corticotrófico (ACTH) produzido pela glândula hipófise.
III) Ainda considerando um caso de hiperativação das glândulas suprarrenais, esta se-
nhora poderia manifestar sinais e sintomas relacionados ao sistema cardiovascular
uma vez que o excesso dos hormônios dessa glândula, principalmente cortisol e
adrenalina, pode ocasionar sobrecarga cardíaca e hipertensão arterial. Tal fato inspira
cuidados adicionais, principalmente se ela um dia precisar de procedimento cirúrgico.
IV) O paratormônio ou hormônio paratireoidiano (PTH) pode estar aumentado uma vez
que é responsável pelo aumento da calcemia com consequente reabsorção óssea
AGORA É COM VOCÊ

e dentária. Assim, a possibilidade de hiperparatireoidismo deve ser considerada.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmações verdadeiras.


a) I e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I e II.

194
2. Os nervos cranianos podem ser classificados como motores, sensitivos ou mistos e
exercem funções específicas (MACHADO; HAERTEL, 2014). A seguir, temos os nomes de
alguns pares de nervos cranianos. A partir de seu estudo sobre este assunto, associe
os nomes destes nervos às definições referentes aos mesmos:
a) n. Glossofaríngeo
b) n. Trigêmeo
c) n. Vago
d) n. Acessório
( ) Nervo misto cuja função é complementada pelo quarto par uma vez que, também,
auxilia na inervação sensitiva da face, ao mesmo tempo em que é responsável pela
inervação dos músculos mastigatórios.
( ) É motor e responsável pelos movimentos do pescoço.
( ) Inerva estruturas vitais, como o coração e os intestinos.
( ) Responsável pela sensibilidade da língua e da faringe.

Assinale a alternativa cuja sequência corresponde à resposta correta.


a) B, D, C, A.
b) A, D, C, B.
c) D, B, A, C.
d) A, D, B, C.

AGORA É COM VOCÊ


e) D, A, C, B.

3. O estudo do sistema nervoso mostra que o tecido nervoso pode apresentar coloração
esbranquiçada (substância branca) ou acinzentada (substância cinzenta) quando visto
a olho nu. Considerando a composição destes dois tipos de substâncias que formam
o sistema nervoso, diferencie, em termos constitucionais, a substância branca e a
substância cinzenta.

4. Ainda considerando a constituição do tecido nervoso, defina córtex e o diferencie em


relação aos núcleos da base.

195
1. D. Nesta questão, espera-se que você revise todo o conteúdo referente ao sistema endócrino
quanto às suas glândulas, aos hormônios produzidos e às possíveis disfunções em relação ao
excesso ou à falta desses.

2. A. Nesta questão, o objetivo é que você relembre os nomes dos nervos cranianos e suas prin-
cipais funções e disfunções.

3. A substância branca é formada por axônios de neurônios (principalmente mielinizados) e células


da glia. A substância cinzenta é formada por corpos de neurônios e células da glia. Aqui, você
deve revisar a constituição do tecido nervoso. Lembre-se de que neurônios e células da glia
existem nos dois tipos de substâncias.

4. Córtex é a substância cinzenta localizada por fora (como o córtex cerebral e o cerebelar). Os
núcleos da base são formados por substância cinzenta, localizada, internamente, à substância
branca (como os núcleos da base do cérebro e os núcleos centrais do cerebelo). Aqui, você deve
recordar que a substância cinzenta do tecido nervoso pode formar diferentes arranjos com
nomes diferentes no sistema nervoso central.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

196
Unidade 1

CFTA. Terminologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São Paulo: Manole, 2001.

DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2011.

DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esque-


lético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.

FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P.; ZORN, T. M. T.; SANTOS, M. F.;
GAMA, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá:


Gráfica Editora Clichetec, 2014.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia orientada para a
clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema muscular. v. 1. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia e fisiologia. 12.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Unidade 2

REFERÊNCIAS
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lético, articular e muscular. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002.

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7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

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Gráfica Editora Clichetec, 2014.

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WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Unidade 3

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DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esque-


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MADEIRA, M. C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 3. ed.


São Paulo: Sarvier, 2001.

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Em: http://www.prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes.html#:~:text=Conta%2Dse%20que%2C%20
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198
Unidade 4

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Pesquisa em Artes da Faculdade de Artes do Paraná. n. 5, jan./jun. 2011.

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REFERÊNCIAS

199
MEU ESPAÇO

200

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