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Anatomia

Macroscópica
do Encéfalo
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3

2. Diencéfalo...........................................................................................................6
Tálamo........................................................................................................................... 6
Hipotálamo.................................................................................................................... 8
Epitálamo....................................................................................................................... 9
Subtálamo.................................................................................................................... 10

3. Telencéfalo.......................................................................................................11
Face dorsolateral......................................................................................................... 13
Face medial.................................................................................................................. 14
Face inferior................................................................................................................. 16
Ventrículos laterais...................................................................................................... 17
Estruturas subcorticais............................................................................................... 18

4. Tronco encefálico..............................................................................................23
Bulbo............................................................................................................................ 23
Ponte............................................................................................................................ 27
Quarto ventrículo......................................................................................................... 28
Mesencéfalo................................................................................................................ 29

5. Cerebelo............................................................................................................34

Referências.........................................................................................................................39
1. INTRODUÇÃO
O sistema nervoso central é aquele que se localiza dentro do esqueleto axial (ca-
vidade craniana e canal vertebral). Assim, encéfalo e medula constituem o sistema
nervoso central. No encéfalo temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico. O tronco
encefálico é formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pelo bulbo. A ponte separa o
bulbo, situado caudalmente, do mesencéfalo, situado cranialmente. Dorsalmente à
ponte e ao bulbo, localiza-se o cerebelo.

Conceito: Encéfalo é o conjunto de estruturas que estão anatomi-


camente e fisiologicamente ligadas do qual fazem parte o cérebro, o cerebelo e
o tronco encefálico, constituindo, juntamente com a medula, o sistema nervoso
central.

Figura 1: Partes componentes do sistema nervoso central.


Fonte: Vasilisa Tsoy/Shutterstock.com

Entenda também a divisão do sistema nervoso em sistema nervoso central e sis-


tema nervoso periférico.

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DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO EM SISTEMA NERVOSO
CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Diencéfalo
Cérebro
Telencéfalo

Encéfalo Cerebelo
Mesencéfalo
SNC
Medula espinhal
Tronco encefálico Ponte

Bulbo

Espinhais
Nervos
Sistema Cranianos
Nervoso Gânglios
Periférico
Terminações
nervosas

No sistema nervoso central há regiões com alta concentração de corpos celulares


de neurônios e regiões com alta concentração de prolongamentos de neurônios, prin-
cipalmente axônios.
As regiões com grande concentração de corpos celulares de neurônios têm co-
loração acinzentada, sendo por isso denominadas substância cinzenta do sistema
nervoso central.
Por sua vez, as regiões com uma grande quantidade de prolongamentos de neurô-
nios (axônios) possuem grande quantidade de fibras nervosas mielinizadas e por es-
sa razão apresentam coloração esbranquiçada. Constituem a substância branca do
sistema nervoso central.
Enquanto que a substância cinzenta é o local de recepção e de integração de in-
formações e respostas, a substância branca constitui as vias de comunicação entre
o sistema nervoso central e os locais externos ao sistema nervoso central. É tam-
bém via de comunicação entre diferentes regiões do sistema nervoso central.
A substância cinzenta está presente principalmente na periferia do órgão, logo
abaixo de sua superfície, formando o córtex cerebral; e no interior do cérebro, em

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aglomerados de diferentes tamanhos denominados núcleos. A substância bran-
ca ocupa o interior do órgão, abaixo do córtex e em torno dos núcleos.

Figura 2: Representação da sustância branca e cinzenta em corte coronal


Fonte: Vasilisa Tsoy/Shutterstock.com

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Formada por prolongamentos de neurônios

Coloração esbranquiçada devido à bainha de mielina


Substância
branca
Via de comunicação entre SNC e locais externos

Está abaixo do córtex e em torno dos núcleos

Formada por corpos celulares

Substância
Recepção e integração de informações e respostas
cinzenta

Forma o córtex cerebral e os núcleos

2. DIENCÉFALO
O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que corresponde à porção mais
desenvolvida do encéfalo. O telencéfalo encobre quase completamente o diencéfalo,
que permanece em situação mediana, podendo ser visto apenas na face inferior do
cérebro. O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo, hipotálamo, epitála-
mo e subtálamo, todas em relação ao III ventrículo.

Tálamo

Hipotálamo
Diencéfalo
Epitálamo

Subtálamo

Tálamo
Os tálamos são duas massas volumosas de substância cinzenta, de formato
ovoide, dispostas uma de cada lado na porção laterodorsal do diencéfalo, unidas
pela aderência intertalâmica e que delimitam a parte posterior do terceiro ventrículo.
A extremidade posterior, maior que a anterior, apresenta uma grande eminência, o
pulvinar, que se projeta sobre os corpos geniculados. O corpo geniculado medial faz

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parte da via auditiva e o lateral da via óptica, sendo denominados por alguns autores
como metatálamo, que o consideram uma divisão do diencéfalo.
A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna, um com-
pacto feixe de fibras que liga o córtex cerebral a centros nervosos subcorticais.
A face inferior do tálamo continua com o hipotálamo e o subtálamo.

Figura 3: Núcleos da base do cérebro.


Fonte: NatthapongSachan/Shutterstock.com

O tálamo é um dos mais importantes centros de integração de impulsos nervosos.


Atualmente acredita-se que algumas sensações dolorosas, térmicas e táteis são
identificadas conscientemente ao nível do tálamo. Por meio de suas inúmeras inter-
ligações, é possível que esse centro se relacione também com o controle da vigília e
do sono.

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Se liga! Síndrome talâmica: trata-se de uma condição que surge
após o derrame talâmico, um acidente vascular cerebral (AVC) que causa danos
ao tálamo. Caracteriza-se por hemiplegia (paralisia da metade sagital do corpo,
seja direita ou esquerda), hemianestesia (anestesia ou perda da sensibilidade
em metade sagital do corpo), hemiataxia (perda ou descontrole da coordena-
ção em metade sagital do corpo) e astereognosia (perda da capacidade de re-
conhecer objetos pelo tato) e dores no lado hemiplégico.

Hipotálamo
O hipotálamo é uma área relativamente pequena – cerca de 4 cm3 do tecido nervoso –
situada abaixo do tálamo. As estruturas que formam o hipotálamo e que estão localizadas
nas paredes laterais e no assoalho do III ventrículo são: quiasma óptico, infundíbulo, túber
cinéreo e corpos mamilares (de sentido anterior para posterior).
• Quiasma óptico: localiza-se no assoalho do III ventrículo, em sua porção ante-
rior e recebe fibras dos nervos ópticos (II par), que em parte cruzam e continu-
am nos tratos ópticos e se dirigem para os corpos geniculados laterais.
• Infundíbulo: formação de formato cônico, que se prende ao túber cinéreo. A sua
extremidade superior dilata-se para constituir a eminência mediana do túber ciné-
reo, enquanto sua extremidade inferior continua com o processo infundibular, ou
lobo nervoso da neuro-hipófise.
• Túber cinéreo: massa convexa de substância cinzenta que se localiza entre os
corpos mamilares e o quiasma óptico. É a região onde se prende o infundíbulo.
• Corpos mamilares: são duas eminências de formato arredondado, dispostas
lado a lado, formadas por substância cinzenta.

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Possui importantes funções, relacionadas sobretudo com o controle da atividade
visceral, regula o sistema nervoso autônomo, as glândulas endócrinas, controla o
equilíbrio de líquidos e eletrólitos, sendo o principal responsável pela homeostase.

Figura 4: Estruturas do hipotálamo.


Fonte: medicalstocks/Shutterstock.com

Se liga! O hipotálamo é uma estrutura responsável por interagir


com o sistema nervoso autônomo e o sistema neuroendócrino, e integra res-
postas aferentes internas/externas com a análise do córtex cerebral. Lesões
hipotalâmicas são geralmente associadas a síndromes endócrinas dissemina-
das e distúrbios motores, emocionais, metabólicos e viscerais

Epitálamo
Localiza-se mais posteriormente ao III ventrículo, abaixo do tálamo. A glândula pine-
al é a sua estrutura mais evidente, sendo uma glândula endócrina mediana de forma
piriforme, que repousa sobre o teto do mesencéfalo. Sua base prende-se anteriormente
a dois feixes transversais de fibras que cruzam o plano mediano, a comissura posterior
e a comissura das habênulas.

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Recesso pineal é um pequeno prolongamento da cavidade ventricular que penetra
na glândula entre as comissuras. A comissura posterior localiza-se no ponto em que
o aqueduto cerebral se liga ao III ventrículo e é considerada como limite entre o dien-
céfalo e o mesencéfalo.

Se liga! A glândula pineal produz o hormônio melatonina, que di-


minui com a idade e influi sobre o ritmo sazonal e circadiano, sobre o ciclo
sono-vigília e sobre a reprodução. Apresenta um padrão de secreção dia-noite,
sensível à luminosidade, com início de elevação no início da noite e queda no
final. Uma via neural complexa envolve as células ganglionares da retina que se
conectam aos pinealócitos.

Figura 5. Estruturas do epitálamo.


Fonte: medicalstocks/Shutterstock.com

Subtálamo
O subtálamo é a zona de transição entre o diencéfalo e o tegmento do mesencé-
falo. É considerado a menor formação diencéfalica, e sua principal formação é o nú-
cleo subtalâmico, relacionado com o controle do movimento somático.
Em relação à sua localização, é limitado lateralmente pela cápsula interna, medial-
mente pelo hipotálamo e superiormente pelo tálamo.

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3. TELENCÉFALO
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e a lâmina terminal situ-
ada na porção anterior do III ventrículo. Os dois hemisférios, afastados pela fissura
longitudinal, são unidos por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso.
A superfície do cérebro, córtex cerebral, apresenta depressões denominadas sul-
cos, que delimitam os giros cerebrais.
Os sulcos mais importantes dos hemisférios cerebrais são o sulco lateral (de
Sylvius) e o sulco central (de Rolando).

Saiba mais! A existência dos sulcos permite considerável aumen-


to de superfície sem grande aumento do volume cerebral. Cerca de dois terços
da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondidos” nos sulcos.

Os sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais, que recebem o nome de acordo


com a sua localização em relação aos ossos do crânio: frontal, temporal, parietal e
occipital. Além desses, existe a ínsula, situada profundamente no sulco lateral e que
não tem relação imediata com os ossos do crânio.

Se liga! A divisão em lobos, embora de grande importância clínica,


não corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital, que está
todo, direta ou indiretamente, relacionado com a visão.

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Figura 6: Lobos do cérebro.
Fonte: Olga Bolbot/Shutterstock.com

Se liga! A divisão em lobos, embora de grande importância clínica,


não corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital, que está
todo, direta ou indiretamente, relacionado com a visão.

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MAPA MENTAL TELENCÉFALO

Telencéfalo

Dois hemisférios cerebrais Lâmina terminal

Superfície cerebral
possui sulcos

Delimitam giros Delimitam lobos

Frontal Temporal Parietal Occipital Ínsula

Face dorsolateral
É a maior face cerebral e contém os 5 lobos cerebrais: frontal, temporal, parietal,
occipital e ínsula.
No lobo frontal, existem 3 sulcos principais: pré-central, frontal superior e o frontal
inferior. Entre o sulco central e sulco pré-central, está o giro pré-central, onde se lo-
caliza a principal área motora do cérebro. Além desse importante giro, o lobo frontal
possui os giros frontal superior, frontal médio e frontal inferior. O giro frontal inferior
do hemisfério cerebral esquerdo é denominado giro de Broca, e aí se localiza, na
maior parte das pessoas, uma das áreas de linguagem do cérebro. Além disso, o giro
frontal inferior pode ser dividido em três partes: orbital, triangular e opercular.
No lobo temporal, existem dois sulcos principais: temporal superior e tempo-
ral inferior. Nesse lobo, evidencia-se a área da audição localizada no giro temporal
transverso anterior, que é a porção posterior do giro temporal superior, visível afas-
tando-se os lábios do sulco lateral.

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Os giros existentes no lobo temporal são:

• Giro temporal superior: entre os sulcos lateral e temporal superior.


• Giro temporal médio: entre os sulcos temporal superior e temporal inferior.
• Giro temporal inferior: abaixo do sulco temporal inferior.
• Giros temporais transversos: localizados no assoalho do sulco lateral.
O lobo parietal possui 2 sulcos principais: pós-central e intraparietal. Além disso,
possui 3 giros:
• Giro pós-central: entre os sulcos central e pós-central, onde se localiza uma das
mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área somestésica.
• Giro supramarginal: curvado, em torno da extremidade posterior do sulco
lateral.
• Giro angular: curvado em torno da porção terminal e ascendente do sulco tem-
poral superior.

O lobo occipital se localiza na face dorsolateral do cérebro, ocupando uma área


pequena. Apresenta giros e sulcos irregulares.
A ínsula pode ser observada ao se afastar os lábios do sulco lateral. Esse lobo ce-
rebral é o de menor crescimento durante o desenvolvimento, por isso fica recoberto
pelos lobos vizinhos (frontal, temporal e parietal).
Apresenta alguns sulcos e giros, dentre eles: sulco circular da ínsula, sulco central
da ínsula, giros curtos e giro longo da ínsula.

Face medial
Seccionando o cérebro no plano sagital mediano é possível visualizar estruturas
como o corpo caloso (conjunto de fibras mielínicas que formam a maior comissura
inter-hemisférica), o fórnix e o septo pelúcido.
• Corpo caloso: conjunto de fibras mielínicas que cruzam o plano sagital e media-
no e penetram de cada lado no centro branco medular, unindo áreas simétricas
do córtex de cada hemisfério cerebral. Divide-se em: tronco, que se dilata pos-
teriormente no esplênio e se flete anteriormente em direção à base do cérebro
para constituir o joelho que se afila, e para formar o rostro do corpo caloso, que
termina na comissura anterior. Entre a comissura anterior e o quiasma óptico
há a lâmina terminal, substância branca fina que une os hemisférios cerebrais e
forma o limite anterior do III ventrículo.
• Fórnix: feixe complexo de fibras, não pode ser visto em toda a sua extensão no
corte sagital. Emerge abaixo do esplênio do corpo caloso. Constituído por du-
as metades laterais e simétricas, unidas no trajeto do corpo caloso. Divide-se
em: corpo do fórnix, no qual suas duas metades se unem; colunas do fórnix,

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extremidades que se afastam anteriormente; pernas do fórnix: extremidades
que se afastam posteriormente. As colunas do fórnix terminam no corpo ma-
milar correspondente, cruzando a parte lateral do III ventrículo. As pernas diver-
gem e penetram em cada lado do corno inferior do ventrículo lateral, onde se
ligam ao hipocampo.
• Septo pelúcio: estende-se entre o corpo caloso e o fórnix, separa os dois ventrí-
culos laterais.

O lobo occipital, visto na face medial, possui dois sulcos:

• Sulco parietoccipital separa o lobo parietal do occipital.


• Sulco calcarino: localizado na face medial do lobo occipital. Nos lábios desse
sulco localiza-se a área visual.
• Além disso, possui alguns giros:
• Cúneos: giro de forma triangular, entre o sulco parietoccipital e o sulco
calcarino.
• Giro occipitotemporal: abaixo do sulco calcarino, continua anteriormente com o
giro para-hipocampal no lobo temporal.

Os lobos frontal e parietal, vistos na face medial, possuem alguns sulcos:

• Sulco do corpo caloso: começa abaixo do rostro do corpo caloso, contorna


o tronco e o esplênio, onde continua, já no lobo temporal, com o sulco do
hipocampo.
• Sulco do cíngulo: curso paralelo ao sulco do corpo caloso, do qual é separado pelo
giro do cíngulo. Posteriormente divide-se em dois ramos:
• Ramo marginal: que se curva na direção da margem superior do hemisfério.
• Sulco subparietal: que continua posteriormente na direção do sulco do
cíngulo.
• Sulco paracentral: destacando-se do sulco do cíngulo em direção à margem
superior do hemisfério. Na face medial superior do lobo frontal e parietal en-
contra-se o lóbulo paracentral. Nas partes anterior e posterior dessa estrutura
localizam-se, respectivamente, as áreas motora e sensitiva, relacionadas com a
perna e o pé.

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Figura 7: Face medial de um hemisfério cerebral.
Fonte: Tefi/Shutterstock.com

Face inferior
A face inferior do lobo temporal apresenta três sulcos principais, de direção
longitudinal:

• Sulco occipitotemporal: juntamente com o sulco temporal inferior limita o giro


temporal inferior. Medialmente, se limita com o sulco colateral, o giro occipito-
temporal lateral.
• Sulco colateral: pode ser contínuo com o sulco rinal. Inicia-se próximo ao polo
occipital e se dirige para frente, delimitando com o sulco calcarino e o sulco do
hipocampo, respectivamente, o giro occipitotemporal medial e o giro para-hi-
pocampal, cuja porção anterior se curva em torno do sulco do hipocampo para
formar o úncus.

Se liga! A parte anterior do giro para-hipocampal é a área entorrinal,


relacionada com a memória, e uma das primeiras regiões do cérebro a serem
lesadas na doença de Alzheimer.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    16


• Sulco do hipocampo: A face inferior do lobo frontal apresenta um único sulco
importante, o sulco olfatório, que aloja o bulbo olfatório, estrutura que recebe
os filamentos que constituem o nervo olfatório, I par craniano.

Figura 8: Face inferior do cérebro.


Fonte: Tefi/Shutterstock.com

Se liga! O bulbo olfatório, de formato ovoide e achatado, composto


por substância cinzenta, continua posteriormente com o trato olfatório e am-
bos se alojam no sulco olfatório. O trato se bifurca, posteriormente, e forma as
estrias olfatórias medial e lateral, que delimitam o trígono olfatório. Atrás do
trígono e adiante do trato óptico, localiza-se a substância perfurada anterior, por
onde passam pequenos vasos.

Ventrículos laterais
Os hemisférios cerebrais possuem cavidades revestidas de epêndima e contendo
líquido cerebroespinhal, os ventrículos laterais esquerdo e direito, que se comuni-
cam com o III ventrículo pelo respectivo forame interventricular. Divisões do ventrí-
culo lateral são:

• Corno anterior: possui como limites:


• Anterior e superior: corpo caloso.
• Posterior: Forame interventricular. 
• Medial: septo pelúcido.

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• Lateral e assoalho: cabeça do caudado
• Corpo: estende-se de dentro do lobo parietal. Possui como limites:
• Superior: corpo Caloso.
• Posterior: esplênio do corpo caloso.
• Medial: septo pelúcido.
• Lateral e inferior: fórnix, tálamo, veia tálamo estriada, estria terminal e
caudado.
• Corno posterior: estende-se para dentro do lobo occipital. Tem como limite o
corpo caloso em toda sua formação.
• Corno inferior: curva-se inferiormente e depois anteriormente em direção ao
polo temporal a partir do trígono colateral. Possui como limites:
• Inferior: sulco colateral e hipocampo.
• Superomedial: cauda do caudado, estria terminal e corpo amigdaloide.
• Anterior, posterior e lateral: substância branca.
• Hipocampo: acima do giro para-hipocampal. Constituído de arqueocorte, tem
funções relacionadas à memória. Liga-se às pernas do fórnix por um feixe de
fibras situadas ao longo de sua borda medial, a fímbria do hipocampo.

Estruturas subcorticais
Além do córtex, já descrito, o telencéfalo compreende também estruturas subcor-
ticais como os núcleos da base e a substância branca.
Os núcleos da base são corpos neuronais, ou seja, substância cinzenta, e tem
atuação na modulação da atividade motora. Compõem os núcleos da base: o núcleo
caudado, núcleo lentiforme o claustrum, o corpo amigdaloide (ou amígdala) e o nú-
cleo accumbens.
Na extremidade da cauda do núcleo caudado, observa-se discreta eminência arre-
dondada formada pela amígdala cerebral.

• Núcleo caudado: possui cabeça, corpo e cauda. A cabeça do núcleo caudado


se funde com a parte anterior do putâmen e forma então o corpo estriado, que
tem relação com a motricidade.
• Núcleo lentiforme: localizado lateral e anteriormente ao tálamo. Formado pelo
putâmen e globo pálido. O globo pálido é dividido pela lâmina medular medial
em segmento interno e segmento externo.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    18


Putâmen
Núcleo lentiforme
Corpo
Globo pálido
estriado
Núcleo caudado

• Claustrum: se localiza próximo ao córtex da ínsula. Tem como relação medial a


cápsula externa e como relação lateral extrema.
• Corpo amigdaloide: localizado na parte anterior do lobo temporal e tem relação
com as emoções e principalmente com o medo.
• Núcleo accumbens: situado na zona de união entre o caudado e o putâmen.
Importante área de prazer do cérebro.

Figura 9: Núcleos da base.


Fonte:Alila Medical Media/Shutterstock.com

A substância branca é formada por fibras mielínicas que ligam o córtex cerebral a
centros subcorticais (fibras de projeção) e unem áreas corticais situadas em pontos
diferentes do cérebro (fibras de associação). As fibras de associação abrangem as
comissuras telencefálicas: corpo caloso, comissura anterior e comissura do fórnix.
As fibras de projeção se dispõem em dois feixes: o fórnix e a cápsula interna. O

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    19


fórnix une o córtex do hipocampo ao corpo mamilar e contribui pouco para a forma-
ção do centro medular branco.

Fónix
Fibras de projeção
Cápsula interna
SUBSTÂNCIA
BRANCA Corpo caloso

Fibras de associação Comissura anterior

Comissura do fórnix

A cápsula interna possui a grande maioria das fibras que saem e entram no córtex
cerebral. Essas fibras formam um feixe compacto que separa o núcleo lentiforme
(lateralmente) do núcleo caudado e do tálamo (medialmente). Acima dos núcleos,
as fibras da cápsula interna passam a construir a coroa radiada. A cápsula interna
possui uma perna anterior, situada entre a cabeça do núcleo caudado e o núcleo
lentiforme, e uma perna posterior, maior, localizada entre o núcleo lentiforme e o tála-
mo. Estas duas porções encontram-se e formam um ângulo que constitui o joelho da
cápsula interna.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    20


Figura 10: Secção horizontal do cérebro.
Fonte: NatthapongSachan/Shutterstock.com

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    21


MAPA MENTAL ANATOMIA DO TELENCÉFALO

Comunicam o Unem regiões


Unem regiões de um
córtex a outras homólogas entre
mesmo hemisfério
estruturas do SNC hemisférios

Associação Projeção Comissural

Aglomerados de corpos
Emaranhado de tratos
celulares de neurônios

SUBSTÂNCIA Composto por


Produção de liquor BRANCA
pelos plexos coroides
Corpo
Revestidos de células VENTRÍCULOS NÚCLEOS amigdaloide Núcleo
ependimárias LATERAIS DA BASE
estriado
Núcleo
dorsal
accmubens
Dividido em (motrici-
Córtex cerebral dade)
Claustro
Corpo
Hemisférios Lobos
Corno anterior
Núcleo Globo
Esquerdo Occipital Área visual Putâmen
caudado pálido
Corno posterior
Direito Parietal Área sensitiva
Corno anterior
Temporal Área auditiva Núcleo
lentiforme
Frontal Área motora (motricidade)

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    22


4. TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventral-
mente ao cerebelo. Na sua constituição entram corpos de neurônios que se agrupam
em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados
tratos, fascículos ou lemniscos.

Conceito: Se liga nessas definições:

• Tratos: feixe de fibras nervosas que possuem aproximadamente a mesma ori-


gem e têm a mesma função e destino.
• Fascículos: refere-se a um trato mais compacto.
• Lemnisco: significa fita e é empregado para feixes de fibras sensitivas que le-
vam impulsos ao tálamo.

Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que
entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10
fazem conexão no tronco encefálico. A identificação desses nervos e de sua emer-
gência do tronco encefálico é um aspecto importante do estudo desse segmento do
sistema nervoso central.
O tronco encefálico se divide em: bulbo, situado caudalmente: mesencéfalo, situa-
do cranialmente; e ponte, situada entre ambos.

Bulbo
O bulbo ou medula oblonga tem a forma de um tronco de cone, cuja menor extre-
midade continua caudalmente com a medula espinhal. Não há uma linha de demar-
cação nítida entre medula e bulbo, por isso, considera-se que o limite entre eles está
num plano horizontal que passa imediatamente acima do filamento radicular mais
cranial do primeiro nervo cervical, o que corresponde ao nível do forame magno do
osso occipital. O limite superior do bulbo se faz em um sulco horizontal visível no
contorno ventral do órgão, o sulco bulbo-pontino, que é a margem inferior da ponte.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    23


Figura 11: Vista anterior do tronco encefálico.
Fonte: stihii/Shutterstock.com

A superfície do bulbo é percorrida longitudinalmente por sulcos que continuam


com os sulcos da medula. Esses sulcos delimitam as áreas anterior (ventral), lateral
e posterior (dorsal) do bulbo, que aparecem como uma continuação direta dos funí-
culos da medula.
De cada lado da fissura mediana anterior existe uma eminência alongada, a pirâ-
mide, formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam as
áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula, que será estudado com
o nome de trato corticoespinhal ou trato piramidal. Na parte caudal do bulbo, as fi-
bras desse trato cruzam obliquamente o plano mediano em feixes interdigitados que
obliteram a fissura mediana anterior e constituem a decussação das pirâmides.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    24


Se liga! Decussação é a formação anatômica constituída por fibras
nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que têm aproximada-
mente a mesma direção (ex: pirâmides). Já as fibras da comissura cruzam per-
pendicularmente e têm direções opostas (ex.: corpo caloso).

Entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior temos a área lateral do bul-
bo, onde se observa uma eminência oval, a oliva, formada por uma grande massa
de substância cinzenta, o núcleo olivar inferior, situado logo abaixo da superfície.
Ventralmente à oliva emergem do sulco lateral anterior os filamentos radiculares do
nervo hipoglosso, XII par craniano.

Se liga! O núcleo olivar inferior liga-se ao cerebelo poe meio das


fibras olivocerebelares e estão envolvidas na aprendizagem motora.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    25


Do sulco lateral posterior emergem os filamentos radiculares, que se unem para
formar os nervos glossofaríngeo (IX par) e vago (X par), além dos filamentos que
constituem a raiz craniana ou bulbar do nervo acessório (XI par), que se une com a
raiz espinhal advinda da medula. A metade caudal do bulbo ou porção fechada do
bulbo é percorrida por um estreito canal, continuação direta do canal central da me-
dula. Este canal se abre para formar o IV ventrículo, cujo assoalho é em parte consti-
tuído pela metade rostral, ou porção aberta do bulbo.

Figura 12: Vista lateral do tronco encefálico.


Fonte: stihii/Shutterstock.com

O sulco mediano posterior termina na metade do bulbo, devido ao afastamento


de seus lábios, que contribuem para a formação dos limites laterais do IV ventrículo.
Entre esse sulco e o sulco lateral posterior está situada a área posterior do bulbo,
continuação do funículo posterior da medula e, como este, dividida em fascículo grá-
cil e fascículo cuneiforme pelo sulco intermédio posterior.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    26


Esses fascículos são constituídos por fibras nervosas ascendentes, provenien-
tes da medula, que terminam em duas massas de substância cinzenta, os núcleos
grácil e cuneiforme, situados na parte mais cranial dos respectivos fascículos, onde
determinam o aparecimento de duas eminências, o tubérculo do núcleo grácil, me-
dialmente, e o tubérculo do núcleo cuneiforme, lateralmente. Essas eminências são
separadas por conta do surgimento do IV ventrículo, continuando-se cranialmente no
pedúnculo cerebelar inferior.

Conceito: O pedúnculo cerebelar inferior é uma estrutura cons-


tituída por grosso feixe de fibras de conexão entre o bulbo e a medula com o
cerebelo.

Ponte
A ponte está localizada entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada ventralmente
ao cerebelo e repousa sobre parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica
do esfenoide. Sua base, situada ventralmente, apresenta estriação transversal em
virtude da presença de numerosos feixes de fibras transversais que a percorrem.
Estas fibras convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, o pedúnculo
cerebelar médio, que penetra no hemisfério cerebelar correspondente.

Se liga! O pedúnculo cerebelar médio só apresenta fibras aferentes


que chegam dos núcleos pontinos.

Considera-se como limite entre a ponte e o braço da ponte o ponto de emergência


do nervo trigêmeo, V par craniano. Essa emergência se faz por duas raízes, a raiz
sensitiva do nervo trigêmeo e a raiz motora do nervo trigêmeo. Percorrendo longitu-
dinalmente a superfície ventral da ponte existe um sulco, o sulco basilar, que geral-
mente aloja a artéria basilar.
A parte ventral da ponte é separada do bulbo pelo sulco bulbo-pontino, de onde
saem de cada lado a partir da linha mediana o VI, VII e VIII pares cranianos. O VI par,
nervo abducente, emerge entre a ponte e a pirâmide do bulbo. O VIII par, nervo vesti-
bulococlear, emerge lateralmente, próximo a um pequeno lóbulo do cerebelo, deno-
minado flóculo. O VII par, nervo facial, emerge medialmente ao VIII par, com o qual

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    27


mantém relações muito íntimas. Entre os dois, emerge o nervo intermédio, que é a
raiz sensitiva do VII par.

Se liga! A síndrome ângulo ponto-cerebelar ocorre em casos de tu-


mores que acometem essa área. É bem rica em sintomatologia devido à grande
quantidade de raízes nervosas presentes nessa área.

A parte dorsal da ponte não apresenta linha de demarcação com a parte dorsal da
porção aberta do bulbo, constituindo ambas o assoalho do IV ventrículo.

Quarto ventrículo
O quarto ventrículo é uma cavidade que tem uma forma losângica e está situada entre
o bulbo e a ponte ventralmente, e o cerebelo, dorsalmente. Continua caudalmente com
o canal central do bulbo e cranialmente com o aqueduto cerebral, por meio do qual o IV
ventrículo, se comunica com o III ventrículo. A cavidade do IV ventrículo se prolonga de
cada lado para formar os recessos laterais, situados na superfície dorsal do pedúnculo
cerebelar inferior. Esses recessos se comunicam de cada lado com o espaço subaracnói-
deo por meio das aberturas laterais do IV ventrículo (forames de Luschka). Há também
uma abertura mediana do IV ventrículo (forame de Magendie), situado no meio da meta-
de caudal do tecto do ventriculo. Por meio dessas cavidades o líquido cerebroespinhal,
que enche a cavidade ventricular, passa para o espaço subaracnóideo.
Assoalho do IV ventrículo: tem forma losângica e é formado pela parte dorsal da
ponte e da porção aberta do bulbo. Limita-se inferolateralmente pelos pedúnculos
cerebelares inferiores e pelos tubérculos do núcleo grácil e do núcleo cuneiforme.
Limita-se superolateralmente pelos pedúnculos cerebelares superiores, ou braços
conjuntivos, compactos feixes de fibras nervosas que, saindo de cada hemisfério ce-
rebelar, fletem-se cranialmente e convergem para penetrar no mesencéfalo.
O assoalho é percorrido em toda a sua extensão pelo sulco mediano, que se perde
cranialmente no aqueduto cerebral e caudalmente no canal central do bulbo. De cada
lado do sulco mediano existe a eminência medial, limitada lateralmente pelo sulco
limitante. Esse sulco separa os núcleos motores, derivados da lâmina basal e situ-
ados medialmente, dos núcleos sensitivos, VI, derivados da lâmina alar e situados
lateralmente.
De cada lado, o sulco limitante se alarga para consumir duas depressões, a fó-
vea superior e a fóvea inferior. Medialmente à fóvea superior, a eminência medial
dilata-se para constituir de cada lado uma elevação arredondada, o colículo facial,
formado por fibras do nervo facial, que nesse nível contornam o núcleo do nervo

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    28


abducente. Na parte caudal da eminência medial observa-se uma pequena área trian-
gular de vértice inferior, o trígono do nervo hipoglosso, correspondente ao núcleo do
nervo hipoglosso. Lateralmente ao trígono e caudalmente à fóvea inferior, existe uma
outra área triangular de coloração ligeiramente acinzentada, o trígono do nervo vago,
que corresponde ao núcleo dorsal do vago.
Lateralmente ao sulco limitante há uma grande área triangular que se estende de
cada lado, a área vestibular, correspondendo aos núcleos vestibulares do nervo vesti-
bulococlear. Cruzando transversalmente a área vestibular para se perderem no sulco
mediano, frequentemente existem finas cordas de fibras nervosas que constituem as
estrias medulares do IV ventrículo. Estendendo-se do fóvea superior em direção ao
aqueduto cerebral, lateralmente à eminência medial, encontra-se o locus coeruleus,
área de coloração ligeiramente escura cuja função se relaciona com o mecanismo
do sono.
Assoalho do IV ventrículo: a metade cranial do teto do IV ventrículo é constituída
por uma fina lâmina de substância branca, o véu medular superior, que se estende
entre os dois pedúnculos cerebelares superiores. Em sua metade caudal, o teto do
IV ventrículo é constituído pela tela corioide, estrutura formada pela união do epité-
lio ependimário, que reveste internamente o ventrículo, com a pia-máter, que reforça
externamente esse epitélio. A tela corioide emite projeções vascularizadas e irregu-
lares, que se invaginam na cavidade ventricular para formar o plexo corioide do IV
ventrículo.

Se liga! Os plexos coroides produzem o líquido cerebroespinhal


que se acumula na cavidade ventricular, passando ao espaço subaracnóideo
por meio das aberturas laterais e da abertura mediana do IV ventrículo. Pelas
aberturas laterais próximas do flóculo do cerebelo exterioriza-se uma pequena
porção do plexo corioide do IV ventrículo.

Mesencéfalo
O mesencéfalo localiza-se entre a ponte e o cérebro, do qual é separado por um
plano que liga os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo, à comissura poste-
rior. É atravessado por um estreito canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ven-
trículo. O teto do mesencéfalo localiza-se dorsalmente ao aqueduto; ventralmente
temos os dois pedúnculos cerebrais, que, por sua vez, se dividem em uma parte dor-
sal, o tegmento (predominantemente celular), e outra ventral, a base do pedúnculo
(formada de fibras longitudinais).

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    29


Em uma secção transversal do mesencéfalo pode ser observado que o tegmento
é separado da base por uma área escura, a substância negra, formada por neurônios
compostos por melanina.

Se liga! Uma característica importante da maioria dos neurônios da


substância negra é que eles utilizam como neurotransmissor a dopamina. A de-
generação dos neurônios dopaminérgicos da substância negra está associada
às perturbações motoras que caracterizam a Doença de Parkinson.

Correspondendo à substância negra na superfície do mesencéfalo existem dois


sulcos longitudinais: um lateral, sulco lateral do mesencéfalo, e outro medial, sulco
medial do pedúnculo cerebral. Esses sulcos marcam na superfície o limite entre base
e tegmento do pedúnculo cerebral. Do sulco medial emerge o nervo oculomotor, III
par craniano.

Figura 19: Secção transversal do mesencéfalo..


Fonte: logika600/Shutterstock.com

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    30


O teto do mesencéfalo apresenta quatro eminências arredondadas na vista dorsal,
os colículos superiores e inferiores, separados por dois sulcos perpendiculares em
forma de cruz. Na parte anterior do ramo longitudinal da cruz aloja-se o corpo pineal
que, entretanto, pertence ao diencéfalo. Caudalmente a cada colículo inferior emer-
ge o IV par craniano, nervo troclear. O nervo troclear, único dos pares cranianos que
emerge dorsalmente, contorna o mesencéfalo para surgir ventralmente entre a ponte
e o mesencéfalo.
Cada colículo se liga a uma pequena eminência oval do diencéfalo, o corpo geni-
culado, por meio de estruturas alongadas que são feixes de fibras nervosas denomi-
nados braços dos colículos. O colículo inferior se liga ao corpo geniculado medial
pelo braço do colículo inferior, e faz parte da via auditiva. O colículo superior se liga
ao corpo geniculado lateral pelo braço do colículo superior, e faz parte da via óptica.
Vistos ventralmente, os pedúnculos cerebrais aparecem como dois grandes fei-
xes de fibras que surgem na borda superior da ponte e divergem cranialmente para
penetrar profundamente no cérebro. Delimitam, assim, uma profunda depressão
triangular, a fossa interpeduncular, limitada anteriormente por duas eminências per-
tencentes ao diencéfalo, os corpos mamilares. Do sulco medial do pedúnculo emer-
ge de cada lado o nervo oculomotor.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    31


EMERGÊNCIA DOS NERVOS CRANIANOS NO TRONCO ENCEFÁLICO

NC III (oculomotor) Emerge do sulco medial do pedúnculo cerebral

Único nervo craniano que emerge da parte dorsal do


NC IV (troclear)
tronco encefálico, inferiormente a cada colículo inferior

Emerge entre a ponte e o pedúnculo


NC V (trigêmeo)
cerebelar médio (braço da ponte)

NC VI (abducente)

NC VII (facial) Emergem do sulco bulbo-pontino

NC VIII (vestibulococlear)

NC IX (glossofaríngeo)

NC X (vago) Emergem do sulco lateral posterior

NC XI (acessório)

NC XII (hipoglosso) Emerge do sulco lateral anterior

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    32


ESTRUTURAS MACROSCÓPICAS DO TRONCO ENCEFÁLICO

Fissura mediana Tubérculo no núcleo Tubérculo no


Olivas Pirâmides
superior cuneiforme núcleo grácil

BULBO

TRONCO
Eminência medial ENCEFÁLICO

Colículo facial
Colículos
PONTE MESENCÉFALO
superiores
Trígono do nervo
hipoglosso
IV Ventrículo Teto Colículos inferiores
Trígono do
nervo vago
Protuberância
Aqueduto cerebral Tegmento
pontina
Área vestibular
Sulco basilar Pedúnculo cerebral Substância negra
Lócus coeruleus
Pedúnculos
Base
cerebelares

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    33


5. CEREBELO
O cerebelo situa-se dorsalmente ao bulbo e à ponte, contribuindo para a formação
do teto do IV ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está se-
parado do lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter denominada tenda
do cerebelo. Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior e à ponte
e mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelares médio e superior, respectivamente.
O cerebelo é importante para a manutenção da postura, equilíbrio, coordenação
dos movimentos e aprendizagem de habilidades motoras.

Se liga! Embora tenha fundamentalmente função motora, estu-


dos recentes demonstraram que está também envolvido em algumas funções
cognitivas.

Distingue-se no cerebelo o vérmis, porção ímpar e mediana, ligado a duas gran-


des massas laterais que são os hemisférios cerebelares. O vérmis é pouco separado
dos hemisférios na face dorsal do cerebelo, o que não ocorre na face ventral, onde
dois sulcos bem evidentes o separam das partes laterais.

Se liga! Cerebelo vem do latim e significa pequeno cérebro.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    34


Figura 22: Vista dorsal e ventral do cerebelo.
Fonte: Autoria própria

A superfície do cerebelo apresenta sulcos de direção predominantemente trans-


versal, que delimitam lâminas finas denominadas folhas do cerebelo. Existem tam-
bém sulcos mais pronunciados, as fissuras do cerebelo, que delimitam lóbulos, cada
um deles podendo conter várias folhas.
O cerebelo é constituído de um centro de substância branca, o corpo medular do
cerebelo, de onde irradiam as lâminas brancas do cerebelo, revestidas externamente
por uma fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar. No interior do cor-
po medular há quatro pares de núcleos de substância cinzenta, que são os núcleos
centrais do cerebelo: denteado, interpósito (dividido em emboliforme e globoso) e o
fastigial.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    35


Figura 23: Secção sagital mediana do cerebelo.
Fonte: SubstanceTproductions/Shutterstock.com

Se liga! Os núcleos centrais do cerebelo têm grande importância


funcional e clínica. Deles saem todas as fibras nervosas eferentes do cerebelo.

A divisão do cerebelo em lóbulos não tem nenhum significado funcional e sua im-
portância é apenas topográfica. A nomenclatura dos lóbulos e fissuras do cerebelo
é bastante confusa, havendo considerável divergência entre os autores. Os lóbulos
recebem denominações diferentes no vérmis e nos hemisférios.
As tonsilas são evidentes na face inferior do cerebelo e preojetam-se medial-
mente sobre a face dorsal do bulbo. Essa relação é importante, pois em certos
casos de hipertensão craniana as tonsilas podem comprimir o bulbo com graves
consequências.

Se liga! Isso decorre, por exemplo, de acidente nas punções lomba-


res, quando a retirada do liquor diminui subitamente a pressão no espaço suba-
racnóideo da medula. Nesse caso, estando aumentada a pressão intracraniana,
as tonsilas podem ser deslocadas caudalmente, penetrando no forame magno
e comprimindo o bulbo, o que pode ser fatal.

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    36


Os lóbulos do cerebelo podem ser agrupados em estruturas maiores, os lobos se-
parados pelas fissuras posterolateral e prima. Chega-se, assim, a uma divisão trans-
versal em que a fissura posterolateral divide o cerebelo em um lobo flóculo-nodular
e o corpo do cerebelo. Este, por sua vez, é dividido em lobo anterior e lobo posterior
pela fissura prima.

DIVISÃO DO CEREBELO

Lobo anterior

Corpo do cerebelo Fissura prima

Lobo posterior
Fissura
Divisão em lobos posterolateral

Lobo flóculo-nodular

São três pedúnculos cerebelares: superior, médio e inferior. O pedúnculo cerebelar


superior liga o cerebelo ao mesencéfalo. O pedúnculo cerebelar médio é um enorme
feixe de fibras que liga o cerebelo à ponte e constitui a parede dorsolateral da meta-
de cranial do IV ventrículo. Considera-se como limite entre a ponte e o pedúnculo ce-
rebelar o ponto de emergência do nervo trigêmeo. O pedúnculo cerebelar inferior liga
o cerebelo à medula.
Composto por seis regiões para fins de descrição
(1) Telencéfalo

• Maior parte do cérebro.


• Ocupar a fossa craniana anterior e média.
• Dois hemisférios, separados por fissura cerebral longitudinal.
• Conectado por feixe de fibras transversais na base da fissura longitudinal: cor-
po caloso.
• Cavidade em cada hemisfério = ventrículo.
• Composto por quatro lóbulos
• Lóbulo frontal.
• Envolvido em função mental superior.
• Contém centros de fala e idioma.
• Lobo parietal
• Inicia o movimento.
• Envolvido na percepção.
• Lobo temporal

Anatomia Macroscópica do Encéfalo    37


• Envolvido em memória, audição e fala.
• Lobo occipital
• Contém córtex visual.
• Cada lobo marcado por dobras (giros) e ranhuras (sulcos).
(2) Diencéfalo

• Composto de:
• Epitálamo.
• Tálamo.
• Hipotálamo.
• Circunda o terceiro ventrículo cerebral entre as metades direita e esquerda.
(3) Mesencéfalo

• Na junção das fossas cranianas médias e posteriores.


• Contém canal estreito: aqueduto cerebral.
(4) Ponte

• Encontrado na região anterior da cavidade craniana posterior.


• Contém cavidade que contribui para o quarto ventrículo.
(5) Bulbo

• Encontra-se na fossa craniana posterior.


• Contínuo com medula espinhal.
• Contém porção inferior do quarto ventrículo.
(6) Cerebelo

• Dorsal à ponte e medula.


• Abaixo do cérebro posterior.
• Composto por dois hemisférios laterais conectados por vérmis na linha média.
• Importante em:
• Manutenção do equilíbrio, postura e coordenação.
• Momento e força da contração dos músculos.

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REFERÊNCIAS
MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional: 3. Ed. São Paulo: Atheneu,
2014.
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
TORTORA, Gerard J. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4 ed. Porto Alegre.
Artmed, 2004. 574 p.
MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.

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