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TRANSCRIÇÃO NEUROANATOMIA TEÓRICA

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Aula 2: Mapa de Brodmann e Homúnculos


25/03/2019

MAPA DE BRODMANN

Iniciamos pelo lobo frontal onde vamos dar ênfase ao giro pré-central onde encontramos o
córtex motor primário (representado pela área 4 do mapa de brodmann). O córtex motor primário
ou área motora primaria se localiza no giro pré-central pelo mapeamento e é nessa área que se
iniciam os movimentos, ou seja, a ativação dos músculos voluntariamente, os movimentos
voluntários são oriundos a partir dessa área. Cada parte do giro pré-central representa uma parte
do corpo sobre a qual nos temos controle motor voluntario. A partir dela nos iniciamos uma via
que é o trato corticoespinhal que é conhecido como neurônio motor superior para realizar o
controle sobre os nossos músculos estriados esquelético.

A área 6 ou área pré-motora ela está localizada a frente da área motora primária, a função
dela é de planejar/organizar de que formas nós vamos ativar os grupos musculares para realizar
um movimento de forma organizada. A partir dessa organização nós temos a ativação dessa área
onde os movimentos são originados que é na área motora primaria ou córtex motor primário.
A área motora primária que fica no lobo frontal, ela é representada por um homúnculo que é na
verdade um gráfico representativo do grau de controle motor que possuímos sobre as partes do
nosso corpo. Essa imagem traduz que quanto maior a área que nós temos nesse homúnculo
(homem-pequeno), vai ter o homúnculo motor e sensorial, nesse caso é o motor. No homúnculo
motor observamos que tem áreas bem grandes, como
as mãos, a língua, as quais são áreas que nós temos o
controle motor bastante refinado, ou seja, bastante
habilidade sobre esses órgãos. Então todas as áreas
que nos tivermos um controle motor maior e mais
desenvolvido, elas vão ter uma área maior também
no giro pré-central. Comparando com os pés vamos
possuir uma representação bem pequena no
homúnculo. No geral os membros inferiores estão
voltados representados medialmente no lóbulo
paracentral, já na visão do tronco e dos membros
superiores é uma visão mais externa, é a parte mais
superior do giro pré-central. Após isso vamos
descendo ao longo do giro pré-central, a parte mais
inferior do giro pré-central vai ser a área mais representada pela língua, laringe e faringe.

Os membros inferiores tanto no homúnculo sensorial quanto motor vão se localizar no lóbulo
paracentral medialmente. Quando vimos o lóbulo paracentral, nele existe uma pequena projeção
do sulco central. O lóbulo paracentral representa os membros inferiores em uma vista medial.
Quer dizer que uma falta de irrigação nessa área nos vamos ver que quem responde pela irrigação
nessa parte medial ate a região do lóbulo paracentral é a A. cerebral anterior, então uma falta de
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irrigação nessa área pode comprometer tanto a


motricidade como também a sensibilidade dos
membros inferiores. O sulco central é uma
referência externa que se projeta até o lóbulo
para dizer o seguinte: do sulco central para
frente corresponde a área que externamente é o
giro pré-central e do sulco central para trás
corresponde o giro pós-central. Ou seja, daqui
para frente é a parte motora do lóbulo
paracentral e daqui para trás é parte sensitiva do
lóbulo paracentral, representando nos membros
inferiores.
Resumindo: lesões nessas área teremos comprometimento sensorial e motor dos membros
inferiores.

Se houver lesão na área do lóbulo paracentral, haverá o comprometimento sensorial e motor


dos membros inferiores. A sensibilidade dos órgãos genitais externos está representada no lóbulo
paracentral, medialmente, na parte sensitiva (homúnculo sensorial). Assim, a parte sensorial do
lóbulo paracentral corresponde aos membros inferiores e à genitália externa, e a parte motora
corresponde aos membros inferiores.
Comparando uma imagem com a outra,
observa-se que a mão no homúnculo motor é bem
maior que a mão no homúnculo sensorial. Isso
significa que o controle/refinamento motor que
temos com a mão é muito maior que a sensibilidade,
por isso que, no homúnculo motor, a mão é
representada de forma bem maior. Em todas as áreas
do nosso corpo temos sensibilidade, porém, existem
áreas bem mais sensíveis à determinados estímulos
do que a mão. As áreas têm uma representação no
homúnculo sensorial correspondente ao grau de
sensibilidade que temos em cada parte do nosso
corpo, e elas também são correspondentes na localização,
observa-se que elas vão descendo com uma localização
compatível. Porém, o volume que aquela área ocupa em
relação à sensibilidade não é compatível diretamente com o
grau de controle motor. Vê-se que os pés têm uma
representação bem maior no homúnculo sensorial, o que
representa que temos uma grande sensibilidade com os pés.
Porém, o controle do movimento com os pés não é tão
grande quanto o controle que temos com a mão, é o inverso
em relação à sensibilidade.

O giro pré-central corresponde à área motora primária, onde inicia-se o controle dos
movimentos voluntários. O controle dos membros inferiores fica medial e o controle dos membros
superiores, do tronco e de toda a região da face (pálpebras, face, lados...) terá uma área
correspondente para cada um desses controles motores no giro pré-central.

A área pré-motora encontra-se logo à frente da área motora primária e exerce um controle
modulatório sobre a área 4 (área motora primária), ou seja, essa área pré-motora está ligada ao
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planejamento dos movimentos. Além disso, essa


área pré-motora tanto é vista externamente
(dorsolateralmente), quanto é vista medialmente, e
toda ela corresponde à área 6 do mapa de
Brodmann. Essa área pré-motora foi dividida, em
relação à identificação da nomenclatura, da
seguinte forma: área motora suplementar
(medialmente, no giro frontal medial ou na parte
medial do giro frontal superior) e área pré-motora
(externamente, lateralmente no hemisfério). Essa
nomenclatura se deve porque essa área medial tem
algumas funções um pouco diferenciadas, apesar
de ser uma projeção da mesma área da pré-motora.

A área pré-motora modula a área 4, ou seja, ela recebe imputs ou informações de duas outras
estruturas superimportantes no controle motor: o cerebelo e os núcleos da base. Pode-se dizer que
o cerebelo e os núcleos da base estão no tripé, em uma pirâmide, onde ambos se encontram na
base dessa pirâmide. Inclusive, vê-se que a área motora suplementar recebe informações dos
núcleos da base, ela recebe informações do corpo estriado e do tálamo. O tálamo possui vários
núcleos e cada um com funções bem diferentes, inclusive núcleos com função sensitiva, com
função no sistema límbico e também núcleos motores. Essa área motora suplementar recebe
informações de núcleos talâmicos que tem controle relacionado, principalmente, com os núcleos
da base, principalmente com o globo pálido e com o núcleo lentifome. Também recebe
informações do corpo estriado dorsal, que é o núcleo lentiforme (globo pálido e putâmen) e o
núcleo caudado, que são estruturas importantes no planejamento do movimento (controle motor).
A área motora suplementar recebe informações de estruturas relacionadas ao movimento,
incluindo da área motora primária.

Como que a área pré-motora vai planejar se ela não receber informações a partir do que foi
originado da área motora primária? O controle superior vem do córtex motor, que é a área motora
primária. A área pré-motora exerce uma modulação sobre o córtex motor primário. Para que essa
modulação ocorra, a área motora suplementar manda informações para a área pré-motora, para
que ela possa planejar os movimentos e enviar informações para que a área motora primária possa,
novamente, iniciar a ativação dos movimentos.

Dessa forma, no momento em que o movimento acontece temos 3 estruturas importantes


na execução: o córtex motor e a área pré-motora têm o controle superior (“chefão”) e as estruturas
da base. A partir da área motora primária tem a ativação do músculo, diretamente para o
movimento ser executado. A área pré-motora atua no sentido de planejar quais são os grupos
musculares, quais unidades de grupos musculares serão ativados, e com que intensidade serão
ativados, para planejar esse grau de movimento. E as estruturas da bases (cerebelo e núcleos da
base) tem outras contribuições.

O cerebelo participa diretamente na coordenação motora, a postura, e se for um


movimento na posição ereta (durante uma marcha ou dança, por exemplo) também é necessária
a ativação do cerebelo para manutenção do equilíbrio.
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NÚCLEOS DA BASE

Os núcleos da base também participam do planejamento, principalmente da manutenção


da postura, no controle do tônus e dos movimentos automáticos. Determinados movimentos,
depois que aprendemos, são ativados automaticamente, sendo uma ativação direta dos núcleos da
base. Se houver lesão nos núcleos da base, mesmo que o córtex motor, a área pré-motora e o
cerebelo não tenham sido lesados, ocorre uma desorganização do movimento, mostrando, assim,
a importância de que todas essas estruturas se inter-relacionem e estejam em bom estado de
controle e ativação.

 LESÃO NO GLOBO PÁLIDO: Pode ocasionar um movimento estereotipado chamado


de atetose – movimento sinuoso, lento, e que não permite executar o movimento de forma
adequada durante a ativação de determinados grupos musculares, como por exemplo,
mãos, língua (ao falar se movimenta sem controle), mesmo que a área motora tenha a
informação para movimentá-las não é possível fazer o movimento da forma correta.
 LESÃO NO CEREBELO: Causa incoordenação motora, como por exemplo, dismetria
(para pegar um objeto não consegue atingir o alvo), disdiadococinesia (não consegue
realizar movimentos rápidos e alternados, como tocar o polegar em relação aos outros
dedos). Pode haver muitos outros exemplos de incoordenação motora.
 LESÃO NO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR: É uma lesão no córtex motor ou área
pré-motora em conjunto. Acarreta em alteração no controle motor, podendo afetar córtex
ou trato corticoespinhal. A partir do córtex motor, a via que se origina é a do trato
corticoespinhal (via piramidal) que acaba sendo afetado nesse tipo de lesão. Isso acontece
em situações como AVE, em que atinge o córtex motor medialmente ou externamente.
Essa lesão tem sinais bem característicos, como o sinal de Babinski, pois ao estimular a
planta do pé do paciente ele faz uma dorsiflexão do tornozelo com extensão do hálux,
mostrando que houve uma lesão do neurônio motor superior, chamado Sinal de
Babinski.

Quando se faz esse planejamento motor, é preciso receber informações de outras áreas para
saber como esse movimento foi executado. Quando aprendemos movimentos cometemos erros,
como por exemplo, quando aprendemos a escrever, no qual cometemos falhas na execução de
movimentos.

O cerebelo e os núcleos da base devolvem informações para o córtex, mais precisamente


para a área motora suplementar que recebe da área motora primária o modo como foi executado
anteriormente para tentar mudar esse planejamento e executar o movimento de forma mais
adequada em uma próxima vez para que seja desenvolvida a aprendizagem motora. Então, a área
motora suplementar recebe informações de várias áreas: Tálamo, corpo estriado, área motora
primária, área pré-frontal... E a área pré-motora vai planejar esse movimento e modular a área
motora primária a partir de todas as informações que ela recebe da área motora suplementar.

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A área motora suplementar participa do planejamento motor, principalmente da


execução de sequências complexas de movimentos, ou seja, na escrita, coreografia, tocar um
instrumento musical. É importante saber que à medida que isso acontece, desenvolve-se o
aprendizado e a memória motora, que nos permite executar tarefas intelectuais elevadas que
exigem um grau de controle motor aperfeiçoado.

Naturalmente, elas tentarão nos imitar, e isso decorre inicialmente desses neurônios-espelho.
E a medida que ela vai executando movimentos de maneira “desajeitada”, a área motora
suplementar que recebe informações das diversas áreas, vai tentar planejar juntamente com a área
pré-motora para que esse movimento seja melhor executado. Nós adultos também utilizamos
esses neurônios-espelho, mas de uma forma bem menos intensa. Às vezes de forma automática,
como no bocejo.

Os neurônios espelhos estão integrados na área motora, a área pré-frontal (9,10,11) é o


mesmo que o córtex pré-frontal considerada a área da inteligência emocional, é a área ligada ao
controle da inteligência superior, ao controle emocional e ao controle comportamental
principalmente. A área motora suplementar ela recebe informações e tem conexões com a área
pré-frontal porquê determinadas ações que nós fazemos são mediante estímulos que recebemos
do ambiente, e nós reagimos também a determinadas situações, e principalmente à determinadas
emoções, eu integro a informação no córtex pré-frontal, e reajo da forma mais conveniente através
do controle emocional, ou seja
há uma ação mediante uma
informação conectada ou
integrada no córtex pré-frontal,
porque o córtex pré-frontal é a
área não motora do lobo frontal,
é a área que várias ações
perpassam por ela, várias ações
motoras são realizadas
mediante um controle
emocional e social, a área pré-
motora modula as ações diante
de determinadas situações diferentes.

A área pré motora tem conexões com diversas áreas, ela recebe informações de várias
estruturas do SN, inclusive do Hipocampo que está relacionado à memória para que nós
possamos registrar a forma como nós aprendemos a nos comportar. O córtex pré-frontal a medida
que vamos modulando nosso comportamento essas informações vão sendo registradas no
Hipocampo, há uma memória sobre cada situação específica. Quando nos deparamos com
situações novas podemos responder de forma que não esperávamos, pois não há memória
comportamental passa essas situações.

A amígdala é a principal estrutura do sistema


límbico participa de situações específicas como medo,
insegurança, agressividade e reações mais instintivas
ligadas à atração sexual, ela é ativada mediante o cheiro
que às vezes nem sabemos que estamos sentindo que o
outro emite que nos agrada ou não, ela é ativada pelo
cheiro (pelos feromônios), mediante a ação da amígdala
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pode se ter uma reação que pode ser modulada pelo córtex pré-frontal da forma que se julgar mais
inteligente, tendo uma resposta emocional e social de como se comportar. A amígdala ela nos
permite agir de forma mais agressiva diante de uma situação. A amígdala também é ativada pelo
sistema nervoso simpático, e muitas vezes pelo calor do momento, pelo estresse a gente ativa a
amígdala e desperta uma reação de agressividade muito forte, muito intensa.

Ela está ligada a agressividade, e também ao medo. As vezes o fato de já ter passado por
experiências que estão no HIPOCAMPO, experiências ruins, negativas sobre muitas vivências do
dia-a-dia, sobre a traição, sobre alguma violência que já tenha sofrido durante a vida, alguma
agressão física, qualquer tipo de agressão, eu tenho registros ruins sobre isso, então ativo a
amígdala ao longo dessa experiência ruim, tenho a memória sobre essa experiência, ativo o córtex
pré-frontal e tento não vivenciar mais essa experiência. O córtex pré-frontal me faz perceber e
entender que eu estou passando pela mesma coisa, pelo mesmo sofrimento que eu já passei antes,
e eu não quero mais embarcar nessa. Então conseguimos entender a situação, e modulamos o
comportamento, e as vezes é ao contrário, quando a gente está diante de uma situação muito
semelhante a algo muito traumático, a gente fica com muito medo e insegurança.

Então, temos reações diversas, cada um vai registrando e trabalhando a forma como agir, de
forma diferenciada em cada situação, porque cada um encara as experiências de forma diferente,
e tem atitudes também de forma diferente, isso vai fazer com que cada um tenha características
psíquicas diferentes, vamos aprendendo ao longo da vida, de acordo com nossas experiências
desde criança.

Tem determinados conceitos que foram incutidas ao longo das famílias, e esse medo pode
ser perpassado, também alguns ensinamentos podem ser perpassados ao longo das gerações.

Nós somos seres tão impregnados com determinados conceitos, principalmente conceitos
religiosos, e determinadas condutas pessoais estão tão enraizadas que dificilmente mudamos
nosso caráter, mas podemos mudar a forma de você agir diante de determinadas situações. Pra
conseguir exige um trabalho muito forte de tratamento, psicanálise, terapias alternativas,
meditação Há pessoas que são extremamente estressadas, nervosas, irritadas, e elas reagem de
uma forma muito explosiva a todas as situações. Então para você conseguir mudar isso, necessita
de um trabalho muito íntimo, muito interno, pra conseguir mudar. Geralmente aquilo é muito
marcante em você, exige realmente um tratamento a longo prazo, não é de um hora pra outra que
você muda o comportamento.

O córtex pré-frontal ele recebe informações de todas as áreas, inclusive dos núcleos da base,
do cerebelo, do tronco encefálico. Nós vimos também que nossos movimentos são mediados pelos
comportamentos que a gente tem diante de certas situações, então, você já deve ter ouvido falar
o corpo fala, às vezes nossos gestos eles estão
retratando aquilo que a gente tá sentindo, às vezes
quando a gente tá triste com alguém a gente não
encara a pessoa no olho, a gente baixa o olho, a gente
cruza os braços ou vira o rosto, né? Então os nossos
gestos, a nossa parte motora também está
relacionada ao nosso comportamento emocional,
por isso a íntima relação com o córtex pré-frontal. O
córtex pré-frontal, além de tá relacionado com tudo
isso que eu mencionei: as emoções, supressão de
comportamentos indesejáveis e modulação de
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comportamentos indesejáveis, especialmente essa função está localizada nos giros orbitais, na
parte inferior do lobo frontal que é a parte inferior aqui dos giros orbitais, toda essa parte em
VERDE, aqui anteriormente, representa o córtex pré-frontal. É A AREA NÃO MOTORA DO
LOBO FRONTAL, do córtex pré-frontal.

E nós vamos observar que principalmente a região externa do córtex pré-frontal, a região
dorsolateral ela está relacionada à memória operacional e à conclusão de tarefa. E o que é que é
essa memória operacional? Nós vimos que o córtex pré-frontal é a única área não motora do lobo
frontal, mas ela está envolvida também em situações motoras. Em que sentido? Memória
operacional ou conclusão de tarefa está relacionada a isso. Em que sentido? Por exemplo: quando
a gente está fazendo uma atividade motora de extrema responsabilidade, quem é que me mostra
que eu tenho que ter extrema responsabilidade e saber lidar com aquela responsabilidade motora
ou aquele gesto motor naquele momento? Por exemplo: a execução de uma cirurgia. Eu estou
executando uma cirurgia que é um ato motor extremamente delicado, preciso e minucioso. Eu
não vou interromper aquela cirurgia, eu sou o responsável direto por aquela cirurgia, eu não posso
parar pra atender ao telefone e ficar falando ao telefone e perder o foco daquela cirurgia, não é
verdade? Isso por quê? Porque eu tenho memória operacional para aquilo. Eu sei que durante
aquele procedimento eu não posso interromper, porque o mínimo de desvio de atenção pode haver
hemorragia, eu posso não enxergar um vaso, um nervo, eu posso romper uma estrutura
extremamente importante. Por que eu tenho o que? Uma responsabilidade diante daquela
situação! Eu sei o quanto é importante o meu comportamento diante daquela situação, ou seja, eu
tenho uma memória operacional pra executar aquela tarefa.

Determinadas tarefas motoras, que aí vão ter áreas motoras, elas precisam desse grau de
responsabilidade. E quem nos dá esse grau de responsabilidade de como agir de forma emocional
ou de controlar a emoção naquele momento né? Porque, por mais que a pessoa esteja ali entre a
vida e a morte, com uma hemorragia muito grande, eu tenho que manter o autocontrole, para
poder executar o máximo possível, para salvar aquela vida.
Então eu tenho que ter uma memória operacional, eu tenho que ser firme, manter o controle
emocional, não tremer, não titubear e não oscilar em nenhum momento daquela atitude que eu
tenho que fazer, seguir todo o planejamento motor para que aquilo saia da melhor maneira
possível. Então, isso é a memória operacional: o grau de responsabilidade que é imputada a uma
execução motora e quem nos dá essa inteligência, essa conduta inteligente é o córtex pré-frontal,
especialmente a região dorsolateral do córtex pré-frontal.

Outra área extremamente importante que nós temos no corte frontal é a área dos campos
oculares frontais, que é a área 8, do mapa de Brodmann. Essa é uma área que a gente identifica
como a área da leitura dinâmica. Ela não funciona se ela não for integrada com o lobo occipital,
ou seja, eu tenho que enxergar. O lobo occipital é o lobo relacionado à visão, eu preciso enxergar
pra eu ter a ativação da área dos campos oculares frontais. Essa leitura dinâmica é movimento
rápido dos olhos, no sentido de identificar alguma situação do ambiente. Por exemplo: eu abro a
porta e rapidamente eu olho! Não tem ninguém na sala! Vou procurar alguém no corredor, vou
procurar alguma coisa, porque eu olhei rapidamente, eu fiz uma leitura rápida que não tinha
ninguém na sala e era hora da aula; Eu pego um livro, olho as imagens rapidamente, ou algum
texto, alguma sinopse, esse livro me agradou ou não agradou. Eu fiz uma leitura rápida, uma
leitura dinâmica. Então pra fazer essa leitura visual rápida nós ativamos a área dos campos
oculares frontais, localizada no lobo frontal, representada pela área 8 do mapa de Brodmann, que
é a área dos campos oculares frontais.
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E outra área superimportante do lobo frontal é a área de Broca. A área de broca, no giro
frontal inferior localizada em quase que na totalidade da população o hemisfério dominante é o
hemisfério cerebral esquerdo, é a área motora da fala. Essa área ela não age sozinha e não é só
com a área de Wernicke não. Até a área de broca, pra que ela possa executar a fala a gente pode
dizer em linhas grosseiras assim: com a área de Wernicke eu penso. Com a área de Broca eu
falo propriamente dito, mas quando eu falo, eu também tenho que pensar sobre o que eu estou
falando, porque se eu não pensar eu vou falar coisas sem sentido.

Da mesma forma se eu não


tiver a área motora eu posso
pensar o que eu quiser, mas eu não
consigo falar, eu não consigo
emitir o som, ativar os músculos
envolvidos no ato da fala. A área
de Broca é representada pelos
números 44 e 45 do mapa de
Brodmann ela também é uma área
que vai precisar ativar a área
motora primária. A partir da área
motora de broca ela vai ativar a
área motora primária, que é a área
4 pra ativar justamente aqueles
grupos de músculos envolvidos
no ato da fala (os músculos fonoarticulatórios, os músculos da língua, inclusive os músculos
respiratórios) para que eu consiga sincronizar a respiração pra poder falar. Vocês sabem que a
fala, que o som da voz ele sai na expiração né? Então quando eu estou falando, eu tenho que
sincronizar a respiração pra poder falar durante a expiração. Então a área de broca ela ativa a área
motora primária para que eu possa ativar os músculos específicos - e no momento específico - pra
poder falar. É a área motora da fala! Só que a área de broca ela tem uma íntima relação com a
área de Wernicke, através do fascículo arqueado nós temos um conjunto de fibras nervosa que
estão intimamente conectadas e conectando essas duas áreas.

Para que eu possa ativar a área de broca para falar primeiro eu tenho que organizar as ideias
sobre o que eu quero falar, quando eu estou dando aula aqui eu remonto a várias coisas eu vou
ativar o hipocampo, porque eu tenho registros e informações importantes que eu quero reativar
para poder falar sobre essas coisas que eu sei, eu ativo outras coisas, a área de wernicke recebe
informações do hipocampo, da amigdala, do córtex pré frontal, para eu saber como me comportar
no momento de organizar as ideias, como eu vou falar, porque eu posso colocar uma palavra aqui
que agrida alguém." Como é que eu vou organizar essas ideias de forma que eu seja clara e não
machuque ninguém?" Eu tenho que ter essa noção de senso emocional e inteligência superior.
Dessa forma eu preciso ativar meu córtex pré frontal, um exemplo seria um discurso racista e
homofóbico alguém pode se sentir magoado, porque não usa-se outros exemplos, por isso temos
que ser inteligentes até mesmo na hora que vamos dar exemplos, falar e explicar as coisas.

Então a área de wernicke recebe informações de várias áreas até sobre o que eu estou vendo,
por exemplo quando eu estou dando aula e vejo alguém de cabeça baixa, chorando e ai na hora
de falar eu interrompo: " Está acontecendo alguma coisa?" " Está passando bem?" ou seja a área
de wernicke recebe informações de várias áreas: do que eu estou vendo, do que eu estou
escutando, do que eu estou sentindo, as vezes eu estou sentindo calor, estou sentindo dor e tudo
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isso é também recebido na área de wernicke porque podemos dizer que ele está no lobo parietal
inferior, ela também faz parte de uma área chamada de área integrativa comum.

A área integrativa comum ela inclui tanto o lobo parietal inferior, onde eu tenho a área de
wernicke, como também o lobo parietal superior, onde eu tenho a área somato sensorial
associativa ou área associativa somato sensorial, essa área recebe as informações sensoriais gerais
e depois que elas chegam no giro pós central localizado no lobo pariental que eu mostrei o
homúnculo sensorial, essa área somato sensorial primária ela recebe as informações das sensações
gerais, como dor, tato, pressão, temperatura e propecepção que é a sensação articular, nas
articulações nós recebemos no giro pós central, que é a área somato sensorial primária, essa área
também é chamada de sensitiva primária ou somestésica, ou seja no momento que eu pisei meu
pé no prego e que eu tirei o pé do prego reflexamente, logo depois eu tomei consciência que eu
pisei no prego, então no momento que eu tomei consciência que pisei meu pé no prego eu ativei
várias áreas, quando eu enxerguei eu ativei o lobo occiptal que é o lobo da visão, eu ativei o giro
pós central para perceber que estou sentindo dor, ai essa informação de dor ou um tato um toque
agradável ou qualquer informação calor, frio rapidamente chega na área associativa somática
sensorial que é a área 5 e 7 do mapa de brodmann.

Então eu percebo com precisão se aquela dor é uma dor muito forte, se é uma dor suportável,
que eu percebi que está doendo mas é suportável logo em seguida eu tiro prego, limpo e controlo
aquele momento de dor ou é uma dor horrorosa, porque eu sei exatamente o grau da minha dor,
eu tive noção exata, precisa dessa informação quando chega na área associativa somática
sensorial, as informações são mais especificamente detalhadas e minuciosas quando elas chegam
nessa área associativa que é uma área secundária. Primeiro eu recebo as informações de dor, de
tato. " Eu estou com calor, mas esse calor é suportável, eu consigo falar, continuar minha aula, se
não eu já teria tomado outra atitude" eu só consigo precisar o grau desse calor quando chega na
área associativa somato sensorial que é quando eu tenho precisão exata que chegou no nível
consciente e mais ainda a partir dessa informação eu integro com a área de wernicke.

Nós temos a área integrativa comum para que eu possa pensar e organizar ideias sobre isso,
por exemplo: " mediante uma dor muito forte que eu me machuquei agora e não estou me
aguentando de dor e vou ter que parar a aula." O que aconteceu ai? Eu bati o pé, a dor foi
insuportável, essa informação foi para a área de wernicke e eu organizei as minhas ideias sobre
isso , mas para eu poder falar eu ativo a área de broca e expresso aquilo que eu organizei sobre
uma ideia que eu tive, só que essa ideia recebeu informações de várias outras áreas, sobre o que
eu estou vendo, sentindo, o que alguém me
pergunta, "Se alguém me perguntar alguma
coisa eu tenho que receber a informação na
área auditiva primária, logo em seguida vai
para a área associativa auditiva é lá que eu
percebo o que ela realmente perguntou, com
precisão, percebo também a intensidade e
posso perceber até quem me perguntou,
porque quando chega na área associativa
auditiva eu percebo exatamente a distância da
voz, a forma como essa pessoa me perguntou ,
se foi com raiva ou agressividade, eu consigo
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perceber exatamente como foi essa fala ai a área auditiva associativa ela mantem íntima relação
com a área de wenicke.

Então a área associativa auditiva mantém íntima relação com a área de Wernicke, pois muitas
das nossas falas são organizadas mediante um diálogo, então eu escuto algo, organizo as ideias,
para depois poder falar, ativando assim a área de Broca, que ativa a área motora primária para
ativar músculos responsável pelo ato da fala. Lembrando que há um hemisfério dominante,
enquanto no outro há a área correspondente e essa área é responsável por dá características
“secundárias”, como a entonação da fala, por exemplo.

A área de Wernick é considerada a


área do pensamento não só para falar,
mas também para ter entendimento.
Logo está relacionada à leitura, à
integração de informações com a área
somatossensorial, associativa, pois as
duas áreas faz parte do que chamamos de
ÁREA INTEGRATIVA COMUM,
que é a área parietal posterior, que
envolve tanto o lóbulo parietal inferior,
onde há a área de Wernick, como também parte do lobo parietal superior, que é a área ligada à
área associativa somatossensorial. A área parietal posterior também está ligada também ao
planejamento dos movimentos diante de situações integradas. Também ligada à atenção seletiva,
por exemplo, LK ultimamente sente muita sede é muito calor, mas durante a aula ela só dá atenção
à aula. Outra coisa importante também é a orientação espacial, que é o que nos permite andar e
não bater nas coisas, por exemplo, numa ponte bem fina nós sabemos onde colocar o pé para não
cair.

Detalhe: a área de Wernick para especificar nós temos o giro supramarginal, representado
pelo número 40, e o giro angular, pelo número 39 no mapa de brodmann.

O número 22 é por conta da área associativa auditiva, pois em alguns livros, inclusive no
Snell coloca lá que a área de Wernicke está no lobo temporal, mas não é nele e sim no lóbulo
parietal inferior, giro supramarginal e angular, só que tem uma participação muito próxima e
direta da área associativa auditiva que está no lobo temporal que é a área 22, que participa
diretamente, pois a maioria dos nossos processos de fala incluem a escuta de algo para depois
organizar as ideias e falar. Então, a área associativa, principalmente, nos diálogos está
intimamente ligada à área de Wernicke.

Uma coisa muito importante, é se tivermos uma lesão na área de Broca, dependendo do grau
dessa lesão, se for no início, muitas vezes o paciente não consegue falar, ainda que se pergunte: "
Oi, tudo bem Sr João?" Ele entende, pois a área de Wernicke dele está intacta, mas ele teve uma
lesão em Broca “Afasia de Broca” e aí não consegue verbalizar. Pode ser que depois de um tempo,
porque a lesão não foi total nessa área, com a ativação e treinamento de fonoaudiologia ele vai
ativando essa área e consiga falar, pois existe aquilo que chamamos de plasticidade neuronal. Isso
que acontece depois das lesões. O paciente não irá voltar a falar com a mesma fluência, mesma
coordenação motora, mas ele volta a falar e a se expressar.
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“Se tivermos a “Afasia de Wernicke”, ou seja, a “lesão de Wernicke” eu posso chegar para
a mesma pessoa e dizer: “Oi, tudo bem Sr. João?”O paciente não vai organizar as ideias sobre o
que eu estou falando com ele, não vai conseguir receber essa informação na área associativa
auditiva de modo à integrar bem na área de Wernicke, ele não vai entender bem o que estou
perguntando.

Outro exemplo: “O senhor comeu bem hoje?” O paciente responde:” Ah! Olha aquela
janela...é verde." Isso ocorre, pois não há organização de ideias sobre o que quer falar. Ele
consegue falar, pois a área de Broca está íntegra, mas ele não consegue. Essa lesão se chama
“Afasia de Wernicke ou Afasia sensitiva”.

Outra coisa importante é área do giro pós-central, onde começa o mapa de brodmann, é (área
1, 2, 3,) que é o giro pós-central, área sensitiva ou somatossensorial primaria também localizada
no lobo parietal. A área gustatória primaria que está na base do giro pós-central (área 43 do mapa
de brodmann), Como funciona a relação dela com a ínsula? As áreas primárias são sensitivas, as
áreas segundarias são as associativas somatossensorial e as áreas terceirarias são como a
integrativa comum. A informação do sabor primeiro chega à área gustatória primária (área 43),
rapidamente nos percebemos se o sabor é doce, azedo, salgado e até mesmo se o sabor está
agradando.

Quando chega à área secundária nos temos a precisão exata sobre aquele gosto que estamos
sentindo. E ai podemos também integrar no córtex pré-frontal, por exemplo, posso chegar para a
pessoa que fez o alimento e falar ou não que gostou, porque sei como falar diante da situação,
visto que o córtex insular posterior também ativa o córtex pré-frontal (área da inteligência
superior). A gustação depende da olfação. No lobo temporal internamente nos temos a área do
“úncus cerebral” (área 38) que corresponde à área do olfato, quando sentimos um gosto de um
alimento, também sentimos o cheiro. Porém quando estamos com o nariz entupido ou operado,
ele vai afetar o gosto do alimento. Se tivermos uma lesão na área do olfato, uma lesão cortical, o
sabor do alimento vai ser diferente, pois não vamos possui mais o olfato ativado ao mesmo tempo
com a gustatória. São funções intimamente ligadas.

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