Você está na página 1de 59

UC – MOVIMENTO HUMANO

ESTUDO DA POSTURA PARTE 2


Prof: Msc. Roberto Gaspari Beck
Prof: Msc. Philipe Guedes Mattos
Forças que atuam sobre a coluna vertebral:

• Quatro forças atuam sobre a coluna vertebral:


• Compressão
• Tensão
• Torção
• Cisalhamento
Compressão:
• A força de compressão é a que mais se manifesta
diariamente sobre a coluna vertebral, nesta força há
uma diminuição do espaço intervertebral
provocando um “amassamento” do seus discos. Esta
força inicia-se no momento em que ficamos eretos,
estudos apontam uma diferença de estatura de 2 cm
ou mais, de quando acordamos para o final do dia
em virtude da compressão.
Tensão:
• Ao contrário do que se imagina, a força de tensão quando
submete a coluna em níveis aceitáveis, provoca um estado de
alívio e relaxamento, aumentando o espaço entre as vértebras
e permitindo ao disco intervertebral a recomposição de seus
anéis fibrocartilaginosos bem como a reposição do núcleo
pulposo.
• Freqüentemente esta força atua em exercícios de
alongamento para a coluna.
Torção:

• A força de torção se faz presente quando


rotamos a coluna para um dos lados, neste
movimento de rotação obtemos de um lado a
força de compressão e no lado oposto temos
uma tensão.
Cisalhamento:
• De todas as forças a mais indesejável e danosa para a coluna
vertebral é a força de cisalhamento, causada por doenças
degenerativas da coluna (Schevermann/paralisia
infantil/desgaste de vértebras/listese/osteoporose) ou por
fraturas em acidentes pode levar a consequências irreparáveis
como a paraplegia ou até mesmo a morte do indivíduo.
• Caracteriza-se pelo deslizamento de uma vértebra sobre
outra, em sentidos opostos.
Lesões de coluna:
Força de Compressão:

• Como a força de compressão é a que mais a


nossa coluna vertebral é submetida no dia a
dia, vamos estudá-la em separado, pois a
maioria dos desvios e doenças da coluna
vertebral são conseqüências da ação desta
força.
Relações entre a posição do corpo e a força
de compressão na coluna vertebral:
• Analisando o quadro abaixo

Pressão no disco intervertebral L5 / S1 de acordo com a posição


Fonte: NACHEMSON A; JONSSON E. Neck and back pain: The Scientific Evidence of Causes,
Diagnosis, and Treatment. Philadelphia: Lippincott, Williams & Wilkins, 2000
Análise:
Ao observarmos o quadro anterior notamos que em pé,
com a postura ereta (correta) a força de compressão é
menor do que quando estamos sentado também com a
postura correta; isto se deve ao fato de que quando
estamos em pé nosso peso corporal se divide em boa
porcentagem para os membros inferiores e quando
sentamos todo o peso do corpo + membros superiores +
cabeça, fica apoiado, na sua totalidade, sobre os ísquios e
sobre a coluna lombar. Portanto a postura ideal, para
carregar ou elevar pesos, é com o apoio dos membros
inferiores (em pé) e com a coluna em boa postura!
Conseqüências da força de compressão:

• A força de compressão sobre a coluna


vertebral traz como consequência uma
doença chamada de “hérnia de disco”, que
estudaremos a seguir.
Hérnia de disco:
• Ocasionada pela compressão da coluna vertebral,
diminuindo o espaço entre as vértebras e achatando
parte do disco intervertebral temos como conseqüência
a hérnia de disco, que passa por quatro fases de
evolução, conforme rompe os anéis fibro cartilaginosos
do disco:
• Protrusão (degeneração)
• Prolapso
• Extrusão
• Sequestro
Comprometimentos da Hérnia:
A Hérnia Discal pode migrar lateralmente
comprimindo a raiz nervosa da raiz
correspondente. Nestes casos, pode haver 3
comprometimentos: Sensitivo, Motor ou
Sensitivo-Motor.
Quando levar a uma lesão sensitiva, o
paciente apresenta formigamentos ou
adormecimentos (até a perda total da
sensibilidade) e dor intensa, localizada na
região que o nervo acometido inerva.
No caso da lesão motora o paciente apresenta
perda da força muscular progressiva no
membro relacionado ao nervo comprimido,
podendo chegar até a paralisia.
As etapas da hérnia de disco, em direção ao
forame vertebral:

Muitas vezes o vazamento do


núcleo pulposo extravasa para
dentro do canal vertebral
ocasionando dores por
compressão da medula espinhal.
Outra conseqüência da hérnia de disco:

• Uma hérnia não tratada provoca uma reação do


organismo, esta reação, que não pode ser
considerada como uma doença é chamada de
osteófito ou vulgarmente chamado de “bico de
papagaio” que nada mais é do que uma
calcificação óssea provocada pelo atrito entre
as parte de uma vértebra com outra, podemos
ter osteófitos também em outras articulações,
como no joelho, no quadril e no tornozelo.
Osteófito:
• Considerado como uma defesa do organismo a uma
patologia que não foi tratada adequadamente
(hérnia) e que causava dor, o osteófito procura
calcificar os ossos que estavam sendo desgastados
por atrito, provocando uma desmineralização dos
mesmos entre suas superfícies de contato e assim
formando pequenas saliências (bicos) para impedir
que ocorra movimento nas regiões afetadas e
conseqüentemente uma diminuição da dor.
Importância das curvaturas fisiológicas da
coluna vertebral:

• As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral


auxiliam na absorção do
impacto,principalmente em corridas, saltos ou
movimentos desportivos que causam
compressão sobre os discos intervertebrais.
• Assim, a coluna vertebral possui graus de
resistência, que são obtidos através de um
simples cálculo:
Resistência da coluna vertebral:

Curvaturas Fisiológicas:
Curvatura cervical

Curvatura torácica

Curvatura Lombar

2
Resistência (R) = N + 1
N é o número de curvaturas elevado ao quadrado.
Então se N=0 então R=1 Se N = 3 então R = 10.
Desvios posturais da coluna vertebral:

• A coluna vertebral pode ser acometida de


desvios posturais ocasionados por vários
fatores, conforme estudaremos a seguir.
• Estes desvios posturais da coluna são
conhecidos como:
• Cifose
• Escoliose
• Lordose (cervical e/ou Lombar).
Cifose:

• DEFINIÇÃO: Exagero da curvatura dorsal


(torácica) fisiológica.
Causas da Cifose:

- Posturais (Atitude na escola, na profissão, etc.)


- Deficiências Fisiológicas (astenia, osteoporose)
- Traumatismos
- Vértebras em cunha (Doença de
Schevermann)
- Lordose Lombar.
Tipos de Cifose:

• CIFOSE ALTA: Lordose grande, rígida, lordose cervical


e projeção da cabeça.
• CIFOSE LONGA: Lordose baixa, antepulsão, hipotonia,
flexível na criança.

Cifose alta Cifose longa


Conseqüências da Cifose:
- Diminuição da expansão torácica
- Ombros protraídos
- Escápulas abduzidas
- Lordose lombar compensatória
- Ligamento longitudinal posterior estirado
Tratamento através da Cinesioterapia:

- Para tratamento da Cifose, é preciso


compreender que o equilíbrio muscular deve
ser observado, conforme descrito abaixo:
- Músculos encurtados (Intercostais – peitorais
– paravertebrais lombares isquitiobiais –
psoas – deltóide anterior).
- Músculos alongados (Adutores da escápula –
paravertebrais dorsais deltoide posterior).
Exercícios para a Cifose:

• Sugestão de exercícios para alongamento:


Exercícios para Cifose:

• Sugestão de exercícios para fortalecimento:


Escoliose:
• Definição: Desvio lateral da coluna vertebral,
sua denominação é convencionada pela
convexidade da curvatura.
• Pode vir sem rotação vertebral ou associada
com rotação.
Tipos de escoliose:
• Funcional – Sem rotação vertebral (Flexível, corrigida
através de exercícios)
• Estrutural – Com rotação vertebral. (Estruturada, não
corrigível através de exercícios).
Classificação da escoliose:
Pelos tipos de curvaturas a escoliose é classificada em:
A)“C” Parciais ou totais
B)“S” ou dupla curvatura
C)Tripla curvatura
D)Múltipla ou complexa.

OBS: A curva torácica para a direita é o tipo mais freqüentemente


encontrado. Curvas que fogem deste padrão devem ser melhor
estudadas para o diagnóstico diferencial com outras etiologias.
Causas da Escoliose:
- Funcional:
- Idiopática
- Hábitos posturais
- Desigualdade de membros inferiores
- Desequilíbrio pélvico (assimetria ilio-sacro)
- Alteração unilateral de joelhos e/ou pés
- Hemiplegia (paralisia de um dos lados do corpo)
- Paralisia infantil
- Estruturada:
- Idiopática
- Genética/congênita
- Evolução da Funcional
Prevalência:
• Atinge 2-3% da população mundial.
• Felizmente as curvas maiores de 40º Cobb
representam apenas 0.1% da população.
• Meninas são 10 vezes mais acometidas do que
os meninos.
Graus de Escoliose:

• Para medirmos o grau da escoliose utilizamos


o método de Cobb (RX).
CLASSIFICAÇÃO:
Leve: até 20 graus
Moderada: de 21 a 50 graus.
Grave: Maiores que 50 graus>
Notas Importantes:
1. Ainda não há evidências científicas de que programas de exercícios, manipulação
vertebral ou RPG melhorem ou impeçam a história natural da escoliose.

2. Nenhuma restrição deve ser feita para realização de qualquer tipo de atividade física
ou esportiva.

3. Na presença de história familiar positiva para escoliose vertebral é recomendado o


exame das crianças da mesma família, pois a EIA (Escoliose Idiopática em
Adolescentes) pode apresentar herança genética com maior risco de ocorrência na
mesma família.

4. Curvas de menor valor (<20º) são comuns, mas apenas três adolescentes do sexo
feminino em cada 1.000 possuem deformidade vertebral que necessite de tratamento
com colete ou cirurgia.
Recomendações:
A orientação abaixo pode ser utilizada como regra para o
tratamento da maioria dos pacientes portadores da EIA.
Para curvaturas < 20º: Observação periódica durante o
período do crescimento e estímulo à pratica de atividades
recreativas.
Para curvaturas 20 º-40º: A órtese (colete) é indicada nas
crianças com potencial de crescimento ósseo.
Sinais e sintomas:
• Nos estágios iniciais, os sinais e sintomas da escoliose
são pouco exuberantes e requerem um examinador
atencioso.
• A dor normalmente não é relatada em uma criança
com escoliose e quando isso ocorrer, devemos
realizar uma investigação mais profunda para a
procura de alguma outra etiologia para deformidade.
Testes:

Teste de Inclinação Anterior (Teste de Adams) Este teste


tem por objetivo a busca por um sinal físico de rotação
vertebral fixa (estruturada) da coluna vertebral
(gibosidade). A criança curva-se anteriormente com os
braços para frente, palmas viradas uma para a outra e
com os pés juntos. Uma visão tangencial do dorso facilita
a visualização da gibosidade costal ou da saliência da
silhueta dos músculos lombares. Uma diferença na altura
entre o gradil costal direito e esquerdo é sugestivo de
escoliose e merece melhor investigação.
Teste de Adams:

Um teste de curvatura para frente


positivo em uma menina com uma
curvatura torácica vertebral. 
Curvaturas torácicas são mais bem
detectadas com o examinador
posicionado diretamente atrás da
criança.  Já na curva lombar, a forma
mais fácil de visualização é pela
frente.
Detalhes da escoliose:
Sugestão de Exercícios:

• Para alongar:
Sugestão de Exercícios:

• Para fortalecer:
Dicas de exercícios para escoliose:

• Para escoliose torácica, movimentar a cintura escapular.


• Para escoliose lombar, movimentar a cintura pélvica
• Fortalecimento X Alongamento 3X1 / 1X3; ou seja, em uma
escoliose a parte convexa deve ser fortalecida 3 vezes e
alongada 1 vez, a parte côncava deve ser fortalecida 1 vez e
alongada 3 vezes.

Fortalecer 3X
Alongar 3X
Alongar 1X
Fortalecer 1X
Lordose:

• Definição: Acentuação patológica da curvatura


cervical e/ou lombar fisiológica.
Causas da Lordose:

- Anteversão da pelve
- Antepulsão da pelve
- Gravidez
- Uso do salto alto prolongado
- Obesidade
- Astenia
- Má postura
Diagnóstico:
• Avaliada pelo ângulo lombo-sacro (L-S) que é medido
através de uma linha que passa na borda superior do
sacro e forma um ângulo com uma linha paralela ao
solo. Quanto maior o ângulo lombo-sacro maior a
lordose. (Normal – 23 a 68 graus).

Ângulo L S
Diagnóstico (2)
• Podemos avaliar a lordose através também do ângulo
da lordose, que é medido pelo encontro da linha que
parte do platô superior de L1 e cruza com a linha que
passa no platô superior de S1.

Ângulo da Lordose.
Ângulo da curvatura lombar fisiológica:

• Admite-se uma variação de 23 graus até 68


graus para o ângulo da curvatura lombar,
considerando ambos os sexos, acima deste
valor considera-se a presença da LORDOSE.
Exercícios para a Lordose:

• Para alongar:
Exercícios para Lordose:

• Para fortalecer:
Coluna lombar/pelve/quadril
• Os movimentos da coluna lombar, da pelve e do
quadril são sinérgicos, ou seja, atuam quase que
sempre conjuntamente em exercícios que envolvam
um destes segmentos,chamamos esta sinergia de
RITMO LOMBO PÉLVICO.
Equilíbrio Pélvico:
• O equilíbrio pélvico é definido pela relação da ação
dos músculos anti-gravitários posteriores em sintonia
com os músculos da região anterior do tronco.
• O equilíbrio pélvico depende da ação muscular
equilibrada: anterior e posterior.
Músculos Atuantes:

• Região Anterior: Reto femoral, Ilíaco, Psoas e


Reto abdominal.
• Região Posterior: Tríceps Sural, Isquio-tibiais,
Glúteo Máximo e Dorso Lombares.
O Ritmo Lombo Pélvico:
• No somatório dos movimentos lombares da
coluna vertebral, existe movimentos
simultâneos da cintura pélvica e do quadril.
• Na flexão anterior da coluna vertebral, até 45
graus temos apenas a ação da própria coluna
lombar que se “enrola”, possibilitando esta
amplitude de movimento.
Após 45 graus de flexão:

• Após 45 graus de flexão da coluna ocorre a


rotação da pélvis (retroversão) que provoca,
conseqüentemente, uma extensão do quadril
Movimentos da Pelve:
• Anteversão: Projeção da crista ilíaca anterior para frente
(acentua a lordose)
• Retroversão: Também vulgarmente chamado de “encaixe do
quadril”, a crista ilícaca anterior se projeta para trás
diminuindo a curvatura da lordose lombar.
• Lateroversão: Elevação de um dos lados da pelve
isoladamente (báscula lateral), elevando a coxa e provocando
uma flexão lateral da coluna lombar.
Movimentos da Pelve, Coluna e Quadril em
conjunto:

• Antepulsão: Coluna, pelve e quadril se deslocam em bloco


para frente, formando um arco posterior.
• Retropulsão: Oposto a antepulsão, o arco agora se projeta
anteriormente.
• Lateropulsão: Coluna, quadril e pelve se deslocam em bloco
para um dos lados, provocando uma curvatura lateral na
coluna.
Graus de flexão da coluna lombar:
A COLUNA LOMBAR APRESENTA 30 GRAUS DE CURVATURA
ESTÁTICA, A 45 GRAUS DE FLEXÃO OCORRE A INVERSÃO
LOMBAR E ACIMA DESTE VALOR INICIA-SE A ROTAÇÃO
PÉLVICA, POIS SEM ESTES MOVIMENTOS NÃO SERIA POSSÍVEL
O INDIVÍDUO ALCANÇAR OS PÉS COM OS JOELHOS EM
EXTENSÃO!

Rotação Pélvica
Posição estática

Inversão Lombar
Inversão Lombar e Rotação Pélvica:
• INVERSÃO LOMBAR: A coluna passa de uma posição de
lordose para uma de cifose em virtude da sua flexão a 45
graus
• ROTAÇÃO PÉLVICA: Acima de 45 graus a pelve rota para trás
em retroversão para auxiliar na amplitude de movimento de
flexão da coluna sobre os membros inferiores.
Reação da Pelve aos movimentos da Coluna:

COLUNA PELVE

Flexão Retroversão

Híperextensão Anteversão

Flexão Lateral Inclinação lateral para o


mesmo lado
Rotação Acompanha o
movimento
RELAÇÕES DOS MOVIMENTOS DA PELVE COM A COLUNA E O
QUADRIL:

PELVE COLUNA QUADRIL

Anteversão Híperextensão Pequena flexão


(acentua a
lordose)
Retroversão Leve Flexão Extensão

Inclinação lateral Inclina para o lado Adução mesmo


oposto lado e abdução
lado oposto
Rotação Rotação para o P/ frente lado
lado oposto oposto e p/ trás o
mesmo lado

Você também pode gostar