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FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – FACULDADE DE MEDICINA


DISCENTES: GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO

APOSTILA
DE
NEURO UC 1
2013/1

RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO


FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013

EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO


ORIGEM DO SN

 O sistema nervoso origina-se da placa neural, uma área espessada do ectoderma embrionário,
chamada de neuroectoderma;
 A notocorda e o mesoderma paraxial induzem o ectoderma sobrejacente a se diferenciar na placa
neural;
 A formação do tubo neural – neurulação – começa entre 22 a 23 dias de gestação na região do
quarto ao sexo pares de somitos;
 A neurulação envolve quatro eventos principais: formação da placa neural, desenvolvimento da
placa neural, curvatura da placa neural e fechamento do sulco neural;
 A curvatura da placa neural envolve a formação das pregas neurais nas margens laterais da placa
neural consistindo de ambos, neuroepitélio e do ectoderma de superfície adjacente; durante a
curvatura, as pregas neurais se elevam dorsalmente rodando em torno de um eixo central
localizado sobre a notocorda, chamado de ponto de dobramento mediano;
 O sulco delimitado pela curvatura da placa neural é chamado de sulco neural; na área
correspondente ao futuro encéfalo, há os pontos de dobramento dorsolaterais, nos quais as
pregras neurais convergem-se medialmente em direção uma à outra;
 O fechamento do sulco neural envolve a adesão das pregas neurais umas às outras e o rearranjo
das células no interior da pregas para formar duas camadas epiteliais: placa do teto do tubo neural
e ectoderma de superfície acima;
 Entre essas camadas epiteliais estão as células da crista neural em formação (originadas a partir
dos lábios laterais da placa neural);
 Nesse estágio, os dois terços cefálicos da placa e do tubo neural até o quarto par de somitos
representam o futuro encéfalo, enquanto o terço caudal da placa e do tubo neural representam a
futura medula espinal; a porção da medula espinal passa pela extensão convergente do
neuroepitélio e dos tecidos de sustentação, pela qual passa a ocupar 60% do comprimento da
placa neural no final do processo;
 A fusão das pregas neurais e a formação do tubo neural avançam em direção cefálica e caudal até
que somente pequenas áreas permaneçam abertas em ambas as extremidades; nesses locais, a luz
do tubo neural – canal neural – comunica-se livremente com a cavidade amniótica;
 A abertura cranial, o neuroporo rostral, fecha-se por volta do vigésimo quinto dia; o neuroporo
caudal fecha-se dois dias mais tarde; esses fechamentos coincidem com o estabelecimento de
uma circulação vascular sanguínea do tubo neural;
 A hipótese atual é de que há possivelmente cinco locais de fechamento envolvidos na
formação do tubo neural; a falha no fechamento do local 1 resulta em espinha bífida
cístida; a meroanencefalia (anencefalia) é proveniente de uma falha no fechamento do
local 2; a craniorraquisquise é proveniente de uma falha no fechamento dos locais 1, 2 e
4; a falta de fusão do local 3 é rara.
 As paredes do tubo neural se espessam para formar o encéfalo e a medula espinal; o canal neural
é convertido no sistema ventricular do encéfalo e no canal central da medula espinal;
 Estudos experimentais mostraram que os níveis caudais do tubo neural, as células da crista neural
e os somitos se desenvolvem a partir do broto da cauda; a neurulação secundária envolve a
condensação das células centrais do broto da cauda em uma massa sólida chamada de cordão
medular; este sofre uma cavitação para formar uma luz, a qual rapidamente se funde com o canal
neural do tubo neural mais cranial.

DESENVOLVIMENTO DA MEDULA ESPINAL

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 A porção do tubo neural caudal ao quarto par de somitos dá origem à medula espinal;
 As paredes laterais do tubo neural se espessam, reduzindo gradualmente o tamanho do canal
neural, até somente restar, com 9 a 10 semanas, um diminuto canal central da medula espinal;
 Inicialmente, a parede do tubo neural é composta de um espesso neuroepitélio
pseudoestratificado colunar; essas zonas neuroepiteliais constituem a zona ventricular
(ependimária), que dá origem a todos os neurônios e células macrogliais (macróglia – por
exemplo, olidendrócitos e astrócitos) na medula espinal;
 A zona marginal é composta das partes externas das células neuroepiteliais; gradualmente, o
crescimento dos axônios provenientes dos corpos de células nervosas da medula espinal, dos
gânglios espinais e do encéfalo torna essa zona a substância branca da medula espinal;
 Algumas células neuroepiteliais em divisão na zona ventricular diferenciam-se em neurônios
primordiais – neuroblastos; essas células embrionárias formam uma zona intermediária entre as
zonas marginal e ventricular;
 Os neuroblastos tornam-se neurônios ao formar prolongamentos citoplasmáticos; os glioblastos
(espongioblastos) diferenciam-se a partir de células neuroepiteliais, principalmente depois que
cessa a formação dos neuroblastos, então migram da zona ventricular para as zonas intermediária
e marginal; alguns glioblastos se tornam astroblastos, que mais tardem se tornam astrócitos,
enquanto outros se tornam oligodendroblastos, que se tornam oligodendrócitos;
 Quando as células neuroepiteliais cessam a produção de neuroblastos e glioblastos, se
diferenciam em células ependimárias, que formam o epêndima;
 As células microgliais (micróglia) são células pequenas derivadas das células mesenquimais;
invadem o sistema nervoso no período fetal, depois de os vasos sanguíneos já o terem penetrado;
origina-se na medula óssea e faz parte do sistema mononuclear fagocitário;
 A proliferação e a diferenciação de células neuroepiteliais na medula espinal em
desenvolvimento levam à formação de paredes espessas e delgadas placas do teto e do assoalho;
 O espessamento diferencial das paredes laterais da medula espinal produz um sulco longitudinal
raso de ambos os lados – o sulco limitante –, que separa a parte dorsal (lâmina alar – aferente) da
parte ventral (lâmina basal – eferente);
 Os corpos celulares das placas alares formam as colunas cinzentas dorsais (cornos dorsais
cinzentos), cujos neurônios formam as colunas cinzentas dorsais; com o crescimento das placas
alares forma-se o septo mediano dorsal (“divide” as placas alares);
 Os corpos celulares das placas basais formam as colunas cinzentas ventrais e laterais (cornos
cinzentos ventrais e cornos cinzentos dorsais); com o crescimento das placas basais forma-se o
septo mediano ventral, que se desenvolve e se torna fissura mediana ventral;
 Os neurônios pseudounipolares nos gânglios espinais derivam de células da crista neural;
inicialmente, as células dos gânglios são apolares, então se tornam bipolares, mas os dois
prolongamentos axonais logo se unem, formando um T; os dois prolongamentos possuem
características estruturais de axônios, entretanto o periférico é um dendrito; o prolongamento
periférico origina a região sensitiva dos nervos espinais, enquanto o prolongamento central
penetra a medula espinal e forma a raiz dorsal do nervo espinal;
 Uma vez que a coluna vertebral e a dura-máter crescem mais rapidamente que a medula esp., a
extremidade caudal da medula coloca-se gradualmente em níveis mais altos, terminando no
adulto ao nível da segunda ou terceira vértebras lombares;
FORMAÇÃO DAS MENINGES DA MEDULA ESPINAL

 O mesênquima que circunda o tubo neural se condensa para formar uma membrana denominada
meninge primitiva;
 A camada externa desta se espessa, para formar a dura-máter; a camada interna (pia-aracnoide),
composta pela aracnoide e pela pia-máter, é derivada das células da cristal neural;

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EMBRIOLOGIA, DIVISÕES E ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO

 Dos três folhetos embrionários é o ectoderma que origina o sistema nervoso; primeiramente, este
sofre espessamento da região situada acima da notocorda, formando a chamada placa neural;
 A placa neural cresce progressivamente, torna-se mais espessa e adquire um sulco longitudinal
denominado sulco neural, que se aprofunda para formar a goteira neural;
 Os lábios da goteira neural se fundem para formar o tubo neural; o ectoderma não diferenciado,
então, se fecha sobre o tubo neural, isolando-o assim do meio externo;
 O tubo neural se fecha primeiramente na região medial do embrião, as extremidades ainda abertas
são chamadas neuróporos, que são dois, o neuróporo rostral (anterior) e o caudal (posterior; antes do
fechamento dos neuróporos, a cavidade do tubo neural é preenchida por líquido amniótico, e com seu
fechamento passa a ser preenchida com líquido ependimário (cefalorraquidiano);
 No ponto em que o ectoderma encontra os lábios da goteira neural se forma uma lâmina longitudinal
chamada cristal neural;
 O tubo neural dá origem a elementos do SNC, enquanto a crista dá origem a elementos do SNP, além
de elementos não-pertencentes ao sistema nervoso;

 Crista Neural:
 Após sua formação, as cristas neurais são contínuas no segmento craniocaudal e se dividem,
dando origem a diversos fragmentos que formarão os gânglios espinais, nestes, se diferenciam os
neurônios sensitivos pseudounipolares, cujos prolongamentos centras se ligam ao tubo neural,
enquanto os periféricos se ligam aos dermátomos dos somitos;
 Os elementos derivados da crista neural são: gânglios do sistema nervoso autônomo (viscerais),
medula da glândula suprarrenal, paragânglios, melanócitos, células de Schwann, anfícitos
(células-satélite), células C da tireoide, odontoblastos, dura-máter e aracnoide*.
 Tubo Neural:
 As últimas partes do sistema nervoso a se fecharem são os neurópos rostral e caudal;
 Paredes do tubo neural:
 Duas lâminas alares (médio-superiores), das quais derivam neurônios ligados à
sensibilidade (prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos);
 Duas lâminas basais (médio-inferiores), das quais derivam neurônios ligados à
sensibilidade (neurônios motores);
 Uma lâmina do assoalho (inferior), que em algumas áreas permanece no adulto, formando
um sulco, como o sulco mediano do IV ventrículo;
 Uma lâmina do tecto (superior), que dá origem ao epêndima.
 Dilatações do tubo neural:
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 Encéfalo primitivo (arquencéfalo), que se dilata; e medula primitiva, que permanece com
calibre uniforme;
 Vesículas encefálicas primordiais: prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo;

 Prosencéfalo origina telencéfalo e diencéfalo;


 O telencéfalo compreende uma parte mediana, da qual se evaginam duas porções
laterais, as vesículas telencefálicas laterais; a parte mediana do telencéfalo é
fechada pela lâmina terminal;
 O diencéfalo apresenta duas vesículas ópticas (laterais); um divertículo dorsal que
forma a glândula pineal; e um ventral (infundíbulo), que forma a neuro-hipófise.
 Mesencéfalo não se modifica;
 Rombencéfalo origina metencéfalo, que forma ponte e cerebelo, e mielencéfalo, que
forma o bulbo.
 Cavidade do tubo neural:
 A luz da medula primitiva forma no adulto o canal central da medula;
 A cavidade dilatada do rombencéfalo forma o IV ventrículo;
 A cavidade do diencéfalo e da parte mediana do telencéfalo formam o III ventrículo;
 A luz do mesencéfalo permanece estreita e constitui o aqueduto cerebral, que une o III ao
IV ventrículo;
 A luz das vesículas telencefálicas laterais forma os ventrículos laterais, unidos ao III
ventrículo pelos dois forames interventriculares;
 Todas essas cavidades são revestidas pelo epêndima e com exceção do canal central da
medula, possuem líquor.
 Flexuras:
 Flexura cefálica, na região entre o mesencéfalo e o prosencéfalo;
 Flexura cervical, na região entre a medula primitiva e o arquencéfalo;
 Flexura pontina, na região entre o mielencéfalo e o metencéfalo;
 Com o desenvolvimento, as flexuras caudais desaparecem, só permanecendo a flexura
cefálica, que determina um ângulo entre o cérebro e o resto do neuroeixo.

 Divisões do SN:
 Critérios anatômicos:
 SNC: encéfalo (cérebro, cerebelo, tronco encefálico [mesencéfalo, ponte, bulbo]);
 SNP: nervos espinais e cranianos, gânglios – dilatações constituídas principalmente de
corpos de neurônios, que podem ser sensitivas ou motoras viscerais [do sistema nervoso
autônomo] e terminações nervosas.
 Critérios embriológicos:
 Prosencéfalo (telencéfalo e diencéfalo);
 Mesencéfalo;
 Rombencéfalo (metencéfalo e mielencéfalo).
 Critérios funcionais:
 Sistema nervoso somático (que relaciona o organismo com o meio ambiente): aferente
(conduz aos centros nervosos impulsos gerados por receptores periféricos) e eferente
(leva aos mm. estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos – movimentos
voluntários);
 Sistema nervoso visceral (que se relaciona com a inervação e controle das estruturas
viscerais): aferente (visceroceptores conduzem impulsos para áreas específicas do SN) e
eferente (sistema nervoso autônomo – simpático e parassimpático).
 Segmentação ou metameria:
 Segmentar: SNP e tronco encefálico (não existe córtex e a substância cinzenta pode se
localizar dentro da branca, como ocorre na medula);
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 Supra-segmentar: cérebro e cerebelo (substância cinzenta localiza-se por fora da


substância branca e forma o córtex, que reveste toda a superfícies dos órgãos).
MALFORMAÇÕES DO SNC
Após sua formação, a notocorda induz o ectoderma de células cuboides suprajacentes a se diferenciar
em um neuroectoderma de células colunares, iniciando-se assim a fase de neurulação*. Este neuroectoderma
é o neuroepitélio que formará a placa neural, levando ao desenvolvimento do encéfalo e medula espinal. Ao
passar dos dias, a placa neural irá se ampliar em sua região rostral, para dar origem posteriormente ao encéfalo,
e se estreitar em sua região caudal. As bordas da placa neural então começam a se elevar, dando origem ao
sulco neural. O sulco neural se aprofunda com a elevação das pregas neurais, dando forma a estrutura da
goteira neural, estas pregas enfim irão se fusionar e originarão o tubo neural. Parte do neuroectoderma
suprajacente que restou após a junção das pregas em tubo neural irá se converter na crista neural, que por sua
vez irá originar diversos componentes do SNP.
O processo de fechamento do tubo neural se dá em vários sítios ao longo de sua estrutura, sendo os
principais deles nas regiões dos neuróporos rostral e caudal. Durante esse processo podem ocorrer vários erros
de formação dando origem aos defeitos de fechamento do tubo neural (DFTN). Os DFTNs estão entre as
malformações congênitas mais comuns ao ser humano, sendo que sua prevalência diminui conforme o estágio
do embrião evolui, o que mostra uma alta taxa de abortamento espontâneo em casos de gestação com DFTN.
Os DFTNs apresentam etiologia multifatorial, sendo causados por fatores genéticos e ambientais. Os
defeitos acometem um maior número de mulheres quando comparados a dados masculinos, no entanto,
registra-se um número bem elevado de abortos espontâneos em embriões masculinos, um índice de que os
embriões masculinos estão mais sujeitos a abortamentos. Constatou-se também uma importante influência
materna para os DFTNs, onde se tem um risco aumentado para gestantes com diabetes mellitus insulino-
dependentes e aquelas submetidas a terapias com ác. valproico, carbamazepina e outros anticonvulsivantes.
Abortamentos espontâneos prévios também são tidos como fator de risco. Taxa elevada de
abortamento espontâneo anterior ao nascimento de fetos com DFTN estimulou a teoria de descanso do
trofoblasto, em que células derivadas do trofoblasto da gravidez anteriormente interrompida podem interferir
na embriogênese, aumentando-se o risco para DFTN. Recentemente, formulou-se uma hipótese de que o
aumento de insucessos depois de um curto intervalo entre as gravidezes teria uma explicação biológica
plausível, estando relacionado com a diminuição da concentração de folato materno devido à demora para se
voltar aos níveis normais pós-gravidez.
A hipertermia materna derivada de febre alta, banhos quentes de imersão e sauna duplica o risco
populacional de DFTN.
Não existem variações identificadas na incidência de DFTN em ovulações por substâncias indutoras,
como clomifene, por exemplo, excluindo-se a relação desses produtos com as malformações congênitas de
tubo neural.
A importância da suplementação de ác. fólico para mulheres grávidas e com intenção de engravidar
está ligado a sua via de atuação nos ciclos de metilação e biossíntese do DNA, tRNA e aminoácidos. Vitaminas

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do complexo B, essencialmente folato, cobalamina e piridoxina, se relacionam diretamente ao metabolismo


da metionina-homocisteína, sendo que o déficit de alguma dessas vitaminas pode levar a um quadro de hiper-
homocisteinemia, o alto nível deste carboidrato intermediário está associado aos DFTNs.
A enzima 5,10-metileno tetraidrofolato redutase (MTHFR) atua no metabolismo de remetilação da
homocisteína a metionina, tendo a vitamina B9 (folato) como coenzima. O gene MTHFR (região 1q36.3 do
cromossomo 1) pode apresentar diferentes variantes alélicos, o que resulta em deficiência grave da enzima
MTHFR e um subsequente metabolismo deficitário da metionina-homocisteína que, eventualmente, levará a
defeitos do tubo neural. Essas variantes alélicas são de herança autossômica recessiva (há estudos que coferem
influência também em heterozigose) e se constituem, pelo que se sabe até o momento, em 4 tipos de
polimorfismos identificáveis. Diferentes mutações levam a variáveis associações dos alelos: C677T**,
A1298C***, T1059C e G1793A. Desses, o C677T e o A1298C são os que, até então, mostraram maior
redundância para os casos de DFTN, pois relacionam-se a graus significativos de deficiência da enzima
MTHFR.
Há ainda outros genes que mantêm associação com os DFTNs, como os genes PAX, que codificam
fatores de transcrição que se ligam ao DNA, apresentando papel importante no desenvolvimento embrionário,
sendo expressos durante a formação do tubo neural; o gene Hox (papel semelhante ao PAX) e o gene
Brachyury (gene T).
Outro fator importante utilizado como marcador par DFTN é a AFP (alfa-fetoproteína), que,
diferentemente da síndrome de Down, neste caso, encontra-se em níveis mais elevados que o normal.
Os defeitos mais graves do tubo neural envolvem o disrafismo total (craniorraquisquise) e disrafismo
localizado (mielosquise – espinha bífida aberta). Quando há apenas o disrafismo do encéfalo, com formação
normal da medula espinal, tem-se um caso de craniosquise ou anencefalia. Quando pelo menos parte do
encéfalo é formado constata-se um quadro de meroanencefalia. Quando se observa uma extrusão do encéfalo
para fora do crânio tem-se o que se chama de exencefalia
No caso de espinhas bífidas, quando esta está coberta por pele, tem-se um caso de espinha bífida
oculta, menos grave, e quanto a forma cística pode haver extravasamento somente das meninges
(meningocele) ou tanto das meninges quanto da própria medula espinal (meningomielocele). Da mesma
forma há também o quadro de crânio bífido, com as formas de meningocele, meningoencefalocele e
meningoidroencefalocele. Há ainda os defeitos associadas à hidrocefalia, podendo esta estar ligada à
malformação de Arnold-Chiari; microcefalia, agenesia de corpo caloso, holoprosencefalia,
hidroanencefalia e teratomas.
*A formação da placa neural é induzida através de proteínas noggina, follistatina e cordina, que atuam inibindo os receptores de
BMP (proteína morfogênica óssea), responsável pela diferenciação da ectoderme em epiderme. Os domínios posteriores são
induzidos por proteínas como FGF (fator de crescimento de fibroblastos) e ác. retinoico.
**Substituição de uma base citosina (C) por uma timina (T), na região do éxon 4, especificamente no nucleotídeo 677, resultando
na troca de um aminoácido alanina (GCC) por valina (GTC).
***Substituição de uma adenina (A) por uma citosina (C) no éxon 7, posição correspondente ao nucleotídeo 1298, resultando na
troca de alanina por glutamato.

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HISTOLOGIA DO TECIDO NERVOSO

NEURÔNIO

 Unidade estrutural e funcional do sistema nervoso;


 Neurônios sensoriais transmitem impulsos dos receptores para o SNC; neurônios motores
transmitem impulsos do SNC ou dos gânglios para as células efetoras; interneurônios formam uma
rede de comunicação e de integração entre neurônios sensoriais e motores, estimando-se que mais de
99,9% dos neurônios façam parte desta rede;
 Os neurônios são classificados com base no número de prolongamentos que se estendem a partir do
corpo celular;
 Neurônios multipolares têm um axônio e dois ou mais dendritos; funcionalmente, os dendritos e
o corpo celular são porções receptoras da célula, e sua membrana plasmática é especializada para
a geração de impulsos; o axônio é a porção condutora da célula, e sua membrana é especializada
para a condução de impulsos; os neurônios motores e os interneurônios correspondem à maioria
dos multipolares no sistema nervoso;
 Neurônios bipolares têm um axônio e um dendrito, sendo raros e mais frequentemente
associados aos receptores para os sentidos especiais (paladar, olfato, audição, visão, equilíbrio);
geralmente são encontrados na retina do olho e nos gânglios dos nervos vestibulococlear da
orelha;
 Neurônios pseudounipolares têm um prolongamento, ou axônio, que se divide próximo do corpo
celular em dois ramos axônicos longos, um se estende à periferia e o outro ao SNC (ambos são
unidades de condução); a maioria dos neurônios pseudounipolares é composta de neurônios
sensoriais localizados próximos do SNC;
 Cada neurônio pseudounipolar origina-se a partir de um neurônio bipolar à medida que
seu axônio e dendrito migram ao redor do corpo celular e se fundem em um único
prolongamento.
CORPO CELULAR

 O corpo celular é a região dilatada do neurônio que contém um grande núcleo eucromático com um
nucléolo proeminente e citoplasma perinuclear circundante;
 O citoplasma perinuclear revela retículo endoplasmático rugoso (RER) abundante e ribossomos
livres quando observados com o microscópio eletrônico;
 Ao microscópio óptico, o conteúdo ribossômico aparece como pequenos corpos denominados
corpúsculos de Nissl, que se coram intensamente com corantes básicos; cada corpúsculo de Nissl
corresponde a uma pilha de RER;
 O citoplasma perinuclear contém numerosas mitocôndrias, um grande aparelho de Golgi
(formado por dictiossomos) perinuclear, lisossomos, microtúbulos, nenurofilamentos (filamentos
intermediários), vesículas de transporte e inclusões.
 Os corpúsculos de Nissl, os ribossomos livres e o aparelho de Golgi estendem-se até os dendritos,
porém não até o axônio; nessa área do corpo celular forma-se o cone axônico, que não conta com
organelas citoplasmáticas e serve como ponto de referência para a distinção entre axônios e
dendritos;
 Os neurônios não se dividem; contudo, em algumas áreas do cérebro, células-tronco neurais estão
presentes e são capazes de se diferenciar e de repor células nervosas danificadas; em regiões como o
bulbo olfatório e o giro denteado do hipocampo pode ocorrer tal processo;
 Os componentes subcelulares dos neurônios renovam-se constantemente e têm ciclos de vida
mensurados em horas, dias e semanas;
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 A necessidade constante de repor enzimas, substancias neurotransmissoras, componentes


da membrana e outras moléculas complexas é condizente com os aspectos morfológicos
característicos de alto nível de atividade sintética.
DENDRITOS E AXÔNIOS

 Geralmente, os dendritos estão localizados na vizinhança do corpo celular, possuindo maior diâmetro
que os axônios, não sendo mielinizados e sendo afunilados, formando arborizações denominadas
árvores dendríticas, cuja função é aumentar a área de superfície do receptor de um neurônio;
 Os axônios transmitem informação do corpo celular para outro neurônio ou para uma célula efetora;
cada neurônio tem apenas um axônio, que pode ser extremamente longo, embora um axônio possa
dar origem a um ramo recorrente próximo do corpo celular ou a ramos colaterais;
 O axônio origina-se no cone axônico, rico em microtúbulos, neurofilamentos, mitocôndrias e
vesículas, e pobre em outras organelas; a região entre o ápice do cone e o início da bainha de
mielina é denominada segmento inicial, local onde se origina um PA;
 Estudos recentes indicam que a síntese local as proteínas axônicas ocorre em alguns grandes
terminais nervosos; alguns terminais axônicos vertebrais contêm polirribossomos com
maquinaria completa de tradução para síntese proteica; tais áreas são denominadas placas
periaxoplásmicas.
SINAPSES

 Junções especializadas entre os neurônios que facilitam a transmissão dos impulsos de um neurônio
pré-sináptico para outro pós-sináptico; as sinapses entre os neurônios podem ser axodendríticas
(entre axônios e dendritos), axossomáticas (entre axônios e soma) ou axoaxônicas (entre axônios e
axônios); ainda podem ocorrer sinapses entre axônios e celulares efetoras;
 Tipicamente, um axônio faz diversos contatos semelhantes a botões com a porção receptora do
neurônio; frequentemente, o neurônio que chega viaja ao longo da superfície do neurônio receptor,
fazendo contatos sinápticos denominados botões de passagem; a extremidade dilatada
correspondente ao final do axônio pós-sináptico é denominada botão terminal;
 As sinapses podem ser químicas ou elétricas;
 Os componentes de uma sinapse química incluem:
 Elemento pré-sináptico: extremidade do prolongamento do neurônio a partir da qual os
neurotransmissores são liberados; é caracterizado pela presença de vesículas sinápticas;
 A ligação e a fusão de tais vesículas com a membrana plasmática pré-sináptica é
mediada por uma família de proteínas transmembrana denominada SNARE, que
significa “receptores de ligação a fator solúvel à N-etilmaleimida;
 Acúmulos densos de proteínas estão presentes no lado citoplasmático da
membrana plasmática pré-sináptica, sendo estas áreas chamadas de zonas ativas,
locais em que as vesículas sinápticas são ancoradas e onde os neurotransmissores
são liberados;
 As zonas ativas são ricas nos complexos de ancoragem Rab-GTPase, t-SNARE e
proteínas de ligação à sinaptotagmina.
 Fenda sináptica: espaço que separa o neurônio pré-sináptico do neurônio pós-sináptico
ou da célula-alvo, o qual o neurotransmissor deve cruzar;
 Membrana pós-sináptica: contém sítios receptores com os quais o neurotransmissor
interage; esse componente é formado por uma parte da membrana do neurônio pós-
sináptico;
 A densidade pós-sináptica representa um complexo elaborado de proteínas
interligadas cuja função tem ligação à tradução da interação neurotransmissor-
receptor em um sinal intracelular, ancoragem de várias proteínas que modulam a
atividade do receptor, etc.

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SISTEMAS DE TRANSPORTE AXÔNICO

 As substâncias necessárias nos axônios e dendritos são sintetizadas no corpo celular e necessitam de
transporte para esses locais;
 O transporte axônico é um mecanismo bidirecional, servindo como um modo de comunicação
intracelular, carregando moléculas e informação ao longo dos microtúbulos e dos filamentos
intermediários do terminal axônico até o soma ou vice-versa;
 O transporte anterógrado leva material do soma para a periferia; a cinesina, proteína motora
associada a microtúbulos que utiliza ATP, está envolvida neste tipo de transporte;
 O transporte retrógrado conduz material do terminal axônico e dos dendritos para o soma; a
dineína, proteína motora associada a microtúbulos, é que medeia este tipo de transporte;
 Um sistema de transporte lento conduz substâncias do corpo celular até o botão terminal na
velocidade de 0,2 a 4mm/dia, sendo somente um sistema de transporte anterógrado;
 Um sistema de transporte rápido conduz substâncias em ambas as direções em uma velocidade
de 20 a 400mm/dia, podendo ser um sistema tanto anterógrado quanto retrógrado; o transporte
rápido em qualquer uma das direções requer ATP;
 O transporte retrógrado é a via seguida pelas toxinas e vírus que entram no SNC pelas
terminações nervosas.
 O transporte dendrítico parece ter as mesmas características de servir às mesmas funções para o
dendrito como o axônio serve para o axônio.

CÉLULAS DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO: NEURÓGLIA

 Neuróglia Periférica: inclui as células de Schwann, células-satélite e uma variedade de outras


células associadas a órgãos ou tecidos específicos, como a neuroglia terminal (associada á placa
terminal motora) e as células de Müller na retina;
 Células de Schwann: sua principal função é sustentar as fibras das células nervosas mielinizadas
e não mielinizadas; desenvolvem-se a partir de células da crista neural e se diferenciam pela
expressão do fator de transcrição Sox-10;
 No SNP, as células de Schwann produzem uma camada rica em lipídios denominada
bainha de mielinha, que circunda os axônios; esta bainha isola o axônio do
compartimento extracelular circundante do endoneuro; as fibras não mielinizadas também
são envelopadas e nutridas pelo citoplasma das células de Schwann; além disso, ajudam
na limpeza de resíduos do SNP e orientam o recrescimento dos axônios neste sistema;
 (1) Durante a formação da bainha de mielina (mielinização), um axônio inicialmente
situa-se em um sulco na superfície da CS; (2) em seguida, um segmento do axônio torna-
se encerrado dentro de cada CS que se situa ao longo deste; (3) a superfície da CS torna-
se polarizada em dois domínios de membrana funcionalmente distintos – parte exposta ao
meio externo ou endoneuro é a membrana plasmática abaxonal; a parte em contato direto
com o axônio é a membrana plasmática adaxonal ou periaxonal; (4) quando o axônio
está completamente encerrado pela membrana da CS, um terceiro domínio, o mesaxônio
(dupla membrana que conecta as membranas abaxonal e adaxonal e envolve o estreito
espaço extracelular), é criado;
 (1) A formação da bainha de mielina é iniciada quando o mesaxônio da CS circunda o
axônio; (2) uma extensão laminar do mesaxônio se enrola no axônio em movimento
espiralado – as primeiras camadas ou lamelas da espiral não estão dispostas em um
arranjo compacto, uma vez que algum citoplasma é deixado nas primeiras camadas
concêntricas; (3) à medida que o enrolamento progride, o citoplasma é espremido para
fora pela membrana das camadas concêntricas da CS; (4) externamente à bainha de
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mielina está uma fina lâmina externa de citoplasma perinuclear, denominada bainha de
Schwann – envolvida por membrana abaxonal e contém o núcleo e a maior parte das
células de Schwann; (5) a aposição do mesaxônio da última camada sobre ele próprio ao
se fechar no anel da espiral produz o mesaxônio externo; internamente às camadas
concêntricas de mielina está em desenvolvimento o colarinho interno de citoplasma da
célula de Schwann; o espaço intracelular estreito entre as membranas do mesaxônio se
comunica com a membrana plasmática adaxonal e produz o mesaxônio interno;
 Uma vez que o mesaxônio se espirala sobre si próprio, os intervalos desaparecem e as
membranas formam a bainha de mielina;
 A compactação da bainha corresponde à expansão de proteínas tansmembrana específicas
da mielina, como a proteína 0 (P0), proteína mielínica periférica de 22 quilodáltons
(PMP22) e a proteína mielínica básica (MBP).
 Os nervos do SNP que são descritos como não mielinizados são envelopados pelo citoplasma da
CS; um único axônio ou um grupo destes pode ser incluído em uma única invaginação da
superfície da CS; grandes CS podem ter 20 ou mais sulcos, cada um contendo um ou mais
axônios;
 Células-satélite: pequenas células cúbicas que formam uma camada completa em torno do soma;
ajudam a estabelecer e manter um microambiente controlado em torno do corpo neuronal no
gânglio, fornecendo isolamento elétrico, bem como uma via para trocas metabólicas; análoga à
CS, exceto pela formação da bainha de mielina.

 Neuróglia Central:
 Astrócitos: são as maiores células neurogliais; formam uma rede de células dentro do SNC e se
comunicam com os neurônios para dar suporte e modular muitas de suas atividades; suas
extremidades expandem-se, formando pés terminais que cobrem grandes áreas da superfície
externa do vaso ou do axolema;
 Protoplasmáticos: mais prevalentes na substância cinzenta cerebral; possuem numerosos
prolongamentos citoplasmáticos curtos e ramificados;
 Fibrosos: mais comuns na substância branca cerebral; possuem menos prolongamentos e
são relativamente retos;
 São importantes nos movimentos dos metabólitos e resíduos para os neurônios e a partir
deles; ajudam a manter as zônulas de oclusão dos capilares que formam a barreira
hematencefálica; além disso, fornecem uma cobertura para as áreas desnudas dos axônios
mielinizados, por exemplo, nos nós de Ranvier;
 Os astrócitos protoplasmáticos nas superfícies do cérebro e da m. espinal estendem seus
prolongamentos (pés subpiais) até a lâmina basal da pia-máter para formar a glia
limitante, barreira relativamente impermeável que circunda o SNC.
 Oligodendrócitos: células responsáveis pela formação de bainha de mielina no SNC; cada
oligodendrócito emite diversos prolongamentos semelhantes a uma língua e encontram seu
caminho na direção dos axônios, onde cada prolongamento se enrola em uma porção de um
axônio, formando o segmento intermodal de mielina;
 Cada prolongamento semelhante a uma língua aparece espiralando ao redor do axônio,
sempre permanecendo em proximidade a ele até que a bainha de mielina seja formada;
 Os oligodendrócitos durante a mielinização expressam proteínas específicas da mielina
diferentes daquelas expressas pelas células de Schwann no SNP, como a proteína
proteolipídica (PLP) e a glicoproteína mielínica do oligodendrócito (MOG);
 Os nós de Ranvier no SNC são maiores que aqueles presentes no SNP;
 Os neurônios não mielinizados do SNC são encontrados desnudos, isto é, não estão
incluídos nos prolongamentos das células gliais.

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 Micróglia: constituída de células fagocitárias, que normalmente representam 5% de todas as


células gliais no SNC do adulto; são consideradas parte do sistema fagocítico mononuclear e se
originam de células progenitoras de granulócitos/monócitos;
 Células ependimárias: formam o revestimento semelhante a epitélio das cavidades repletas de
líquido do SNC; forma uma única camada de células cúbicas colunares que estão firmemente
ligadas por complexos juncionais localizados nas superfícies apicais; sua superfície apical possui
cílios e microvilosidades (envolvidas na absorção do líquido CR);
 Dentro do sistema dos ventrículos cerebrais, esse revestimento é modificado para a
produção do líquido CR, sendo denominado plexo coroide.
ORIGEM DAS CÉLULAS DO TECIDO NERVOSO

 Neurônios, oligodendrócitos, astrócitos e células ependimárias são derivados das células do tubo
neural;
 Os precursores de oligodendrócitos são células altamente migratórias que proliferam em razão à
expressão local dos sinais mitogênicos;
 Os astrócitos imaturos migram para o córtex durante os estágios embrionários e pós-natal inicial;
 As células ependimárias são derivadas da proliferação de células neuroepiteliais que circundam
imediatamente o canal do tubo neural em desenvolvimento.
 As células de Schwann se originam das células migratórias da crista neural que se tornam associadas
aos axônios dos nervos embrionários iniciais.
COMPONENTES DE TECIDO CONECTIVO DE UM NERVO PERIFÉRICO

 Endoneuro: inclui tecido conectivo frouxo circundando cada fibra nervosa individual;
 Perineuro: inclui tecido conectivo especializado circundando cada fascículo nervoso (conjunto de
fibras);
 Serve como barreira de difusão metabolicamente ativa que contribui para a formação de uma
barreira hematonervosa, que mantém o meio iônico das fibras nervosas com bainha.
 Epineuro: inclui tecido conectivo denso irregular que circunda o nervo periférico e preenche os
espaços entre os fascículos nervosos.
BARREIRA HEMATENCEFÁLICA

 Desenvolve-se inicialmente no embrião através de uma interação entre os astrócitos gliais e as


células endoteliais capilares;
 É criada em grande parte pelas zônulas de oclusão entre as células endoteliais, que formam capilares
do tipo contínuos; estudos demonstraram uma íntima associação dos astrócitos e de seus pés
vasculares à lâmina basal endotelial;
 Substâncias com alto peso molecular não podem atravessar a barreira; entretanto, moléculas como
O2, CO2, etanol e hormônios esteroides penetram facilmente nas células endoteliais a passam
livremente entre o sangue e o líquido extracelular do SNC;
 As estruturas da linha média que margeiam o terceiro e quarto ventrículos são áreas ímpares do
cérebro que estão fora da barreira hematencefálica; tais locais são denominados órgãos
circunventriculares, que incluem a glândula pineal, neuro-hipófise, entre outros.

RESPOSTAS DOS NEURÔNIOS À LESÃO

 A lesão neuronal induz uma sequência complexa de eventos denominada degeneração axônica e
regeneração neural; neurônios, células de Schwann, oligodendrócitos, macrófagos e micróglia estão
envolvidos nessa resposta;
 Em contraste com o SNP, no qual os axônios rapidamente se regeneram, no SNC geralmente não
podem se regenerar;
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 Degeneração:
 Anterógrada (walleriana): degeneração de um axônio distal a um local de lesão; o primeiro sinal
de lesão é a tumefação axônica, seguida por sua desintegração, o que resulta em ruptura do
citoesqueleto axônico;

 Microtúbulos, neurofilamentos intermediários e outros componentes do citoesqueleto são


desmontados, processo conhecido como desintegração granular do citoesqueleto
axônico;
 A perda de contato axônico causa a degeneração a desdiferenciação das CS e a ruptura da
barreira de mielina; as CS suprarregulam e secretam diversos fatores de crescimento glial
(GGF); sob influência destes, dividem-se e dispõem-se em uma linha ao longo de suas
lâminas externas; uma vez que os prolongamentos axônicos distais tenham sidos
reabsorvidos por fagocitose, o arranjo linear das lâminas externas das CS se assemelha a
um longo tubo com uma luz vazia;
 Antes da chegada de células fagocíticas, as CS iniciam a remoção dos resíduos de
mielina; a depuração eficiente dos resíduos de mielina é atribuída aos macrófagos que
migram dos vasos sanguíneos e se infiltram na vizinhança da lesão nervosa; quando um
axônio é lesionado, a barreira hematonervosa é rompida ao longo de toda a sua extensão,
o que permite o influxo dessas células ao local da lesão;
 Uma diferença essencial na resposta do SNC à lesão axônica relaciona-se com o fato de a
barreira hematencefálica ser rompida apenas no local da lesão e não ao longo de toda a
extensão do axônio; tal fato limita a infiltração dos macrófagos ao SNC e diminui
drasticamente o processo de remoção da mielina, que pode levar meses ou até anos.
 Degeneração traumática (retrógrada): ocorre degeneração na porção proximal do axônio, sendo
o mecanismo histologicamente semelhante à degeneração walleriana ou anterógrada.

 Regeneração:
 (1) A divisão das células de Schwann desdiferenciadas é a primeira etapa na regeneração de um
nervo periférico; inicialmente, estas células se dispõem em uma série de cilindros denominados
tubos endoneurais, que acabam se colapsando pela remoção dos resíduos de mielina;
 (2) As CS em proliferação organizam-se em bandas celulares semelhantes a colunas longitudinais
denominadas bandas de Bungner;
 (3) Tais bandas orientam o crescimento de novos prolongamentos nervoso (neuritos ou brotos)
de axônios em regeneração;
 (4) Um cone de crescimento desenvolve-se na porção distal de cada broto e consiste em
projeções ricas em filamentos de actina, que estabelecem uma direção para o avanço do cone de
crescimento;
 (5) Embora muitos brotos não façam contatos com bandas celulares e se degenerem o seu grande
número aumenta a probabilidade de reestabelecer as conexões sensoriais e motoras;
 (6) A regeneração axônica leva à rediferenciação das CS, o que ocorre em uma direção proximal
para distal.

CODIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO SENSÓRIA


 Apesar da diversidade das sensações que vivenciamos, todos os sistemas sensórios, quando
estimulados, geram quatro tipos básicos de informação – modalidade, localização, intensidade e
duração; juntos, estes atributos produzem as sensações;

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 Modalidade define uma classe geral de estímulo, determinada pelo tipo de energia transmitida pelo
estímulo e pelos receptores especializados em reconhecer o tipo de energia transmitido;
 Os receptores juntamente com suas vias centrais e com suas áreas-alvo no encéfalo, constituem os
sistemas sensórios;
 Localização de um estímulo é representada pela ativação de um grupo de receptores dentro do
sistema sensório; os receptores são distribuídos topograficamente no órgão sensório, de modo que
sinaliza a intensidade do estímulo e sua posição no espaço;
 A ativação seletiva das células de Merkel e das terminações de Ruffini produz a sensação de pressão
contínua; os mesmos padrões sobre os corpúsculos de Meissner e de Pacini induzem a uma sensação
de formigamento;
 As células de Merkel e os corpúsculos de Meissner fornecem a localização mais precisa do
estímulo, porque apresentam campos receptivos menores e são mais sensíveis à pressão;
 Duração da estimulação é sinalizada pelo tempo que duram os disparos;

 Intensidade de um estímulo é sinalizada pela amplitude de resposta de cada receptor, que reflete a
quantidade total de energia do estímulo liberada no receptor;
 Sensações somáticas: tato, dor, temperatura, prurido e propriocepção (postura e movimento de
partes do corpo);
 Cada fibra nervosa é ativada primariamente por determinados tipos de estímulo e cada uma delas faz
conexões com estruturas no SNC, cuja atividade induz a sensações específicas;
 O receptor sensório é a primeira célula de toda via sensória; ele transforma a energia do estímulo em
energia elétrica, estabelecendo um mecanismo de sinalização com os sistemas sensórios;
 O sinal elétrico produzido pelo receptor, que pode despolarizar ou hiperpolarizar a célula, é
denominado potencial receptor; o processo pelo qual cada estímulo é convertido em um sinal
elétrico é chamado transdução do estímulo;
 Os receptores são morfologicamente especializados em transduzir formas específicas de energia
(especificidade do receptor); o estímulo adequado é aquele capaz de ativar um receptor específico;
 A especificidade de resposta dos receptores obedece a um código de identificação linear,
mecanismo de identificação da modalidade do estímulo;
 Os mecanoceptores do sistema somatossensório medeiam o tato, as sensações proprioceptivas e o
sentido de posição das articulações;
 A estimulação mecânica deforma os receptores da membrana, abrindo os canais sensíveis e
aumentando a condutância iônica que consequentemente despolariza o receptor;
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 A despolarização do potencial receptor é um mecanismo semelhante ao potencial excitatório pós-


sináptico;
 Amplitude do potencial receptor é proporcional à intensidade do estímulo.
 Os termoceptores são sensíveis à temperatura do corpo, à do ar e a dos objetos que tocamos;
 Cada classe de receptores contém uma variedade de receptores especializados que respondem a um
espectro limitado de energia de estímulo (ex: tato tem qualidades como temp., textura e rigidez);
 Nas modalidades a consciência espacial envolve três habilidades perceptuais distintas: localização do
sítio de estimulação no corpo ou a origem do estímulo no espaço, discriminação do tamanho e forma
de objetos, e resolução dos detalhes do estímulo ou do ambiente;
 Campo receptor: área dentro da camada receptiva onde o estímulo pode excitar a célula receptora;
um estímulo que atinge uma área maior que o campo receptor de tal receptor irá ativar também
receptores adjacentes;
 A densidade dos receptores dentro de cada região do corpo reflete a capacidade do sistema sensório
em perceber os detalhes da informação sensória que chega em cada região do corpo;
 O limiar sensório está sujeito a fatores psicológicos e ao contexto em que o estímulo ocorre (ex:
limiar para dor é frequentemente aumentado durante o parto); dois aspectos da sensação podem ser
alterados nesse caso, a detectabilidade absoluta do estímulo (ex: corredor está mais propenso à
queimar a largada) e o critério usado pelo indivíduo para avaliar se o estímulo está presente (ex:
utilização de maconha);
 A maioria dos sistemas sensórios tem pelo menos dois tipos de receptores: de baixo e alto limiar;
quando a intensidade do estímulo é aumentada de fraca para forte, inicialmente são recrutados os
receptores de limiar baixo, seguidos pelo de alto;
 Se o estímulo persistir por vários minutos, na mesma posição ou na mesma amplitude, sua
intensidade diminuirá e a sensação será perdida; tal diminuição é chamada de adaptação;
 Os receptores podem se adaptar rápida ou lentamente; aqueles que respondem à estimulação
prolongada e constante são denominados receptores de adaptação lenta (capazes de sinalizar a
magnitude do estímulo por vários minutos – despolarização persistente e geração contínua de
PAs); os receptores de adaptação rápida respondem somente no começo e no final da
estimulação – despolarização prolongada do potencial receptor inativa o mecanismo de PAs no
axônio.
 No sistema sensitivo somático, fibras aferentes primárias (conectadas a receptores) fazem conexões
com neurônios de segunda ordem do SNC e estes, com neurônios de terceira ordem e de ordem
superior; há criação de uma hierarquia funcional;
 Os núcleos relês atuam no pré-processamento da informação sensitiva e na decisão de quais
informações serão transmitidas para o córtex; separam apenas sequencias fortes de atividade
repetitiva; o campo receptor de um neurônio relê é definido pela população de células pré-sinápticas
que nele se conectam; os campos receptivos dos neurônios sensitivos de segunda ordem e de ordem
superior são maiores e mais complexos do que aqueles dos neurônios receptores (recebem aferências
convergentes de muitas centenas de receptores);
 Os interneurônios inibitórios são ativados por três vias distintas, a mais importante é aquela em que
as fibras aferentes dos receptores ou dos neurônios relês de ordem inferior fazem conexões com
interneurônios inibitórios, que por sua vez fazem conexões com neurônios de projeção vizinhos; esta
inibição do tipo ântero-alimentação permite que os neurônios mais ativos diminuam a atividade dos
neurônios aferentes e adjacentes menos ativos (unicidade de ação – o vencedor leva tudo, somente
uma entre duas ou mais respostas competidoras seja enfatizada).
AS SENSAÇÕES CORPORAIS
 A sensibilidade somática tem quatro modalidades principais: tato discriminativo (reconhecimento
do tamanho, da forma e textura e movimentação de objetos na pele), propriocepção (sensação de
posição estática e dos movimentos dos membros e do corpo), nocicepção (sinalização de dano
tecidual ou irritação química, normalmente percebida como dor ou coceira) e sensação térmica
(calor ou frio);
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 Toda informação somatossensorial dos membros e do tronco é conduzida por neurônios do gânglio
da raiz dorsal (transdução do estímulo e transmissão da informação codificada para o SNC); as
informações somatossensoriais de estruturas cranianas são transmitidas por neurônios sensoriais
trigeminais, morfologicamente homólogos aos neurônios do gânglio da raiz dorsal;
 O seu axônio (neurônios do gânglio da raiz dorsal) tem duas ramificações, uma que se projeta para a
periferia e outra para o SNC; a parte terminal do ramo periférico do axônio é uma célula do gânglio
da raiz dorsal sensível a estímulos naturais; o restante do ramo periférico em conjunto com o ramo
central é chamado de fibra aferenteprimária, que transmite a informação codificada para o SNC;
 Os terminais periféricos dos neurônios do gânglio da raiz dorsal podem ser terminações nervosas
livres ou terminações encapsuladas por estruturas não-neurais; os neurônios do gânglio da raiz dorsal
com terminais encapsulados medeiam tato e propriocepção e são sensíveis a estímulos que deformam
fisicamente a superfície receptora; já os neurônios DGDRD que possuem terminações nervosas livres
medeiam sensações dolorosas e térmicas;
 Os mecanorreceptores e proprioceptores são inervados por NDGDRD que apresentam axônios
mielinizados e de grosso calibre que conduzem PAs rapidamente;
 Os receptores térmicos e nociceptores possuem axônios finos não mielinizados ou finamente
mielinizados que conduzem impulsos mais lentamente;
 Duas classes de sensação somática: epicrítica– aspectos finos do tato (detecção do contato sutil da
pele e localização da posição do estímulo, discernimento de vibração, percepção pelo toque de
detalhes espaciais, como textura de superfícies e espaçamento entre dois pontos tocados
simultaneamente, reconhecimento de forma de objetos com a mão); protopática(considerada mais
evoluída que a epicrítica)– sensações dolorosas e térmicas(mediadas por receptores com terminações
nervosas e livres);

 A sensibilidade tátil é mais desenvolvida na pele dos dedos sem pelos (glabra), na superfície palmar
da mão, na sola dos pés e nos lábios; impressões digitais (pregas da epiderme) contêm uma matriz
com grande número de mecanoceptores;
 Os receptores da pele glabra são os corpúsculos de Meissner, localizados no meio da papila
dérmica; e as terminações nervosas livres;

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 Os receptores da pele pilosa são receptores do pelo, receptores de Merkel e as terminações


nervosas livres;
 Os receptores subcutâneos (abaixo da pele glabra e da pilosa), incluem os corpúsculos de Pacini e
as terminações de Ruffini;
 As fibras nervosas das camadas superficiais da pele possuem ramificações nos seus terminais
distais, que inervam vários órgãos receptores da vizinhança, enquanto cada fibra nervosa da
camada subcutânea inerva somente um órgão receptor;

 Os mecanoceptores precisam ser deformados de um modo específico para excitar o nervo sensorial;
 Os receptores superficiais são pequenos e sensíveis apenas à deformação das cristas papilares em que
estão situados; os receptores subcutâneos são grande e sensíveis à deformação de uma área da pele
maior que aquela pertencente às cristas acima deles;
 Os dois principais receptores das camadas superficiais da pele são o corpúsculo de Meissner
(receptor de adaptação rápida, mecanicamente acoplado à borda da crista papilar; é uma estrutura
globular, preenchida de líquido que fica próximo a um amontoado de células epiteliais planas;
terminal nervoso sensorial está emaranhado entre as várias camadas do corpúsculo) e o disco
receptor de Merkel (receptor de adaptação lenta, formado por uma pequena célula epitelial que
circunda o terminal nervoso; o receptor circunda uma estrutura semi-rígida que transmite a força de
compressão da pele para a terminação nervosa);

 Os dois mecanoceptores encontrados no tecido subcutâneo são o corpúsculo de Pacini


(fisiologicamente semelhante ao corpúsculo de Meissner; responde à endentação rápida da pele, e
não à pressão constante, possuindo lâminas de tecido conectivo que o circunda; possui uma grande
cápsula que é presa à pele de modo flexível) e a terminação de Ruffini(receptor de adaptação lenta
no tecido subcutâneo das dobras da pele das articulações e da palma e nas pontas dos dedos; sensível
a estímulos que comprimem seu terminal nervoso como o estiramento da pele ou a flexão dos dedos;
contribui para a percepção da forma de objetos seguros na mão);

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 Mecanoceptores semelhantes são encontrados na pele pilosa; os principais mecanoceptores de


adaptação rápida da pele pilosa são os receptores do folículo piloso (respondem ao deslocamento do
pelo) e os receptores de campo (localizados principalmente sobre as articulações dos dedos, do
punho e cotovelo; sensíveis ao estiramento da pele quando a articulação é fletida ou quando a pele é
friccionada);
 Nas camadas superficiais da pele, uma única célula do GDRD recebe aferências de um grupo de 10 a
20 corpúsculos de Meissner ou de discos receptores de Merkel (resolução de detalhes espaciais
finos); nas camadas profundas, cada fibra nervosa inerva um único corpúsculo de Pacini ou uma
única terminação de Ruffini (cobrimento de grandes áreas da pele);
 Variações no tamanho dos campos receptores refletem a densidade de mecanoceptores em diferentes
regiões da pele;
 A distância mínima detectável entre dois estímulos é chamada de limiar de dois pontos;
 A percepção da vibração como uma série de eventos repetidos resultado do fato de receptores sob a
sonda vibratória serem ativados sincronizadamente e por isso disparam PAs simultaneamente; o
número total de nervos sensoriais ativos está relacionado linearmente à amplitude de vibração;
 Receptores de adaptação rápida têm limiares mais baixos que receptores de adaptação lenta;
corpúsculos de Pacini são os mecanoceptores mais sensíveis (capazes de detectar pequenas
vibrações); os corpúsculos de Meissner são sensíveis à mudanças abruptas na forma dos objetos e a
pequenas irregularidades; elevações mais pronunciadas ou bordas são necessárias para ativar os
discos de Merkel, receptores de adaptação lenta, que fornecem informação precisa a respeito dos
contornos dos objetos;
 Os corpúsculos de Meissner são muito ativos durante o período inicial do contato, quando a força
utilizada para segurar o objeto aumenta, e também durante o final, quando o objeto é solto; os discos
de Merkel também são estimulados durante o primeiro contato com o objeto, mas continuam
disparando enquanto o objeto é apalpado; os corpúsculos de Pacini são mais sensíveis à pressão
mecânica transitória no começo e no final da movimentação; as forças gravitacionais verticais
aplicadas à pele quando o objeto é levantado são sinalizadas pelas terminações de Ruffini;

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 Os humanos reconhecem quatro tipos distintos de sensação térmica: frio, muito frio (gelado ou
congelante), quente e muito quente; resultam das diferenças entre a temperatura externa do ar e dos
objetos em contato com o corpo e a temperatura normal da pele;
 Os receptores térmicos modulam seus disparos em função da temperatura; em temperaturas
constantes apresentam descargas tônicas, disparando PAs a uma taxa estável de acordo com a
temperatura;
 Receptores de frio e calor disparam PAs continuamente em baixas frequências (2 a 5 PA/s) quando a
temperatura da pele está no seu valor normal;
 Cada população de receptores tem um pico de sensibilidade em uma banda específica do espectro de
energia; a temperatura percebida é determinada pela atividade relativa de receptores respondentes;
 Mudanças rápidas na temperatura da pele geram respostas dinâmicas, em que aumentos na
temperatura são sinalizados pelos receptores de calor e reduções pelos receptores de frio; a adaptação
da descarga de PAs (diminuição da frequência destes conforme o contato é mantido por vários
segundos) corresponde ao fenômeno da adaptação sensorial;
 Receptores de calor respondem proporcionalmente a aumentos na temperatura da pele acima do
valor basal de 34ºC até 45º, quando a temperatura é maior que 45ºC, as fibras de calor disparam uma
série de espículas em alta frequência e em seguida cessam sua atividade mesmo com a manutenção
do calor; logo, não são sensíveis a temperaturas muito altas; nestas, os seres humanos percebem dor
em vez de sensação de calor;
 Os receptores que respondem seletivamente a estímulos potencialmente capazes de causar
lesão tecidual são chamados de nociceptores (do latim nocere, causar injúria); respondem
diretamente a alguns estímulos e indiretamente a outros por meio da ação de uma ou mais
substâncias químicas liberadas pelas células de tecidos traumatizados;
 Várias substâncias têm sido propostas para a mediação química da dor: histamina, íons potássio
liberado de células lesadas, bradicinina, acidificação, ATP, serotonina e acetilcolina;
 Sugere-se que a maioria dos nociceptores seja, na verdade, quimioceptores sensíveis a diferentes
concentrações de irritantes químicos liberados nos tecidos circundantes após estímulos nocivos
térmicos ou mecânicos ou substâncias exógenas;
 Três classes de nociceptores podem ser distinguidas de acordo com o tipo de estímulo: nociceptores
mecânicos (precisam de um estímulo tátil forte e frequentemente doloroso para produzirem resposta;
ativados por objetos pontiagudos; taxa de disparo desses receptores aumenta em razão da capacidade
de dano, variando de levemente nocivo a superdestrutivo; fibras aferentes desses receptores têm
terminações nervosas livres mielinizadas, sendo as aferênciasnociceptivas com maior velocidade de
condução), nociceptores térmicos (excitados por temperaturas extremas, assim como por estímulos
mecânicos fortes) e nociceptorespolimodais(respondem a uma variedade de estímulos mecânicos
nocivos, térmicos extremos e irritantes químicos; não são sensíveis a estímulos mecânicos leves;
estimulação deles provoca sensação de dor lenta e queimação);
 Propriocepção é a sensação de posição e movimento dos próprios membros e do corpo sem o uso da
visão; existem duas submodalidades de propriocepção: sensação de posição estacionária dos
membros e a de movimentação dos membros;
 Três tipos de mecanoceptores nos músculos e nas articulações sinalizam a posição estacionária dos
membros e a velocidade e direção dos membros em movimento:
 Receptores do fuso muscular (sensíveis ao estiramento muscular);
 Órgãos tendinosos de Golgi (receptores do tendão que são sensíveis à força de contração e ao
esforço exercido por um grupo de fibras musculares);
 Receptores localizados nas cápsulas articulares (sensíveis à flexão ou extensão da articulação).
 Receptores da pele sensíveis ao estiramento (terminações de Ruffini, células de Merkel na pele com
pelos e receptores de campo) também sinalizam informações posturais (propriocepção cutânea);

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 O SISTEMA DA COLUNA DORSAL-LEMNISCO MEDIAL É A PRINCIPAL VIA PARA A


PERCEPÇÃO DO TATO E DA PROPRIOCEPÇÃO
 O ramo central principal dos axônios dos neurônios que medeiam a sensação tátil e a
propriocepção dos membros e do tronco ascende na m. espinal pela coluna dorsal ipsilateral até o
bulbo;
 Os axônios que entram na medula na região sacral se dispõem próximos à linha média das
colunas dorsais; os axônios que entram pela medula em regiões mais craniais vão
progressivamente tomando posições mais laterais;
 O fascículo grácil está localizado medialmente e contém fibras que ascendem dos segmentos
ipsilaterais sacral, lombar e torácico baixo; o fascículo cuneiforme está localizado lateralmente
e contém fibras dos segmentos torácico alto e cervical;
 Os axônios de ambos os fascículos terminam no bulbo caudal, no núcleo grácil e no núcleo
cuneiforme, respectivamente;
 A informação mecanossensorial da face e couro cabeludo é transmitida para o núcleo trigeminal
principal, localizado na ponte, rostralmente aos núcleos das colunas dorsais;
 As informações sensoriais dos núcleos grácil, cuneiforme e do núcleo principal do trigêmeo são
transmitidas diretamente para o tálamo; os axônios dos neurônios dos núcleos grácil e
cuneiforme atravessam para o lado contralateral do tronco cerebral e ascendem para o núcleo
posterior lateral do tálamo por um feixe chamado de lemnisco medial; como as fibras do
lemnisco medial atravessam para o lado contralateral, o mapa corporal é invertido;
 Devido ao cruzamento das fibras no bulbo e na ponte, o lado direito do cérebro recebe aferências
sensoriais dos membros e do tronco do lado esquerdo do corpo e vice-versa.

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 O SISTEMA ÂNTERO-LATERAL MEDEIA AS SENSAÇÕES DE DOR E TEMPERATURA


 Os neurônios que medeiam a sensação de dor ou temperatura dos membros e do tronco penetram
na m. espinal pela coluna dorsal ipsilateral; ramificam-se extensamente na substância branca,
formando o trato de Lissauer;
 Aferências sensoriais trigeminais que carregam informações de dor ou temperatura da cabeça e
da face formam o trato trigeminal espinal, que termina no núcleo terminal espinal;
 Semelhante à informação tátil e propriocepção transmitidas pelo sistema de coluna dorsal-
lemnisco medial, a informação de dor e temperatura também ascende para o tálamo, por uma via
anatômica localizada no quadrante ântero-lateral da m. espinal contralateral;
 Diferente do lemnisco medial, que transmite informação sensorial diretamente para o tálamo, o
sistema ântero-lateral possui vias diretas e indiretas para o tálamo; o trato ântero-lateral consiste
de três vias ascendentes: espinotalâmica (converge informações para o núcleo ventral posterior
do tálamo), espinorreticular (seus neurônios fazem sinapses com neurônios da formação
reticular do bulbo e da ponte) e espinomesencefálica.

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SISTEMA SOMATOSSENSORIAL (SOMESTÉSICO)


Aula Prof. Fernando Mesquita

 Somestesia: sentido somático do corpo, oriundo da superfície e interior do corpo;


 Tato: percepção sobre as características dos objetos que tocam a pele de leve;
 Termorrecepção: percepção de temperatura dos objetos e do ar;
 Dor: percepção de estímulos intensos que real ou potencialmente causam lesão tecidual;
 Propriocepção: percepção da posição estática e dinâmica do corpo e das suas partes.
 Características de um estímulo sensorial:
 Modalidade (mecânico, térmico, químico, etc);
 Localização;
 Intensidade;
 Duração (curso temporal).
 Receptores sensoriais: células especializadas para percepção de sensações;
 Clasificação: interoceptores, exteroceptores (superfície do corpo – em contato com o meio),
proprioceptores;
 Modalidades sensoriais: sensações tácteis, sensações térmicas, sensações dolorosas, sentidos
especiais;
 Receptores e a homeostase.
 Tipos de receptores sensoriais (transdução de sinais): mecanceptores, termoceptores, nociceptores,
receptores eletromagnéticos (receptores da retina), quimioceptores;
 Epiderme (superficiais): disco de Merkel (ramo de flores; transição do epitélio proliferativo para o
queratinizado; mecanoceptor), corpúsculo de Meissner (algodão doce; transição entre a epiderme e a
derme; mecanoceptor); Derme (profundos): terminação nervosa livre (ramificações axonais do
neurônio sensorial de determinada via sensitiva; nociceptor e termoceptor), corpúsculo de Pacini
(casca de cebola; mecanoceptor), terminação de Ruffini (mecanoceptor; receptor para alterações
vibratórias);
 Receptores superficiais definem informações de áreas restritas da pele (têm ótima resolução
espacial), enquanto receptores profundos transmitem propriedades mais globais dos objetos
(detectam deslocamentos de grandes áreas);
 Adaptação rápida (receptores fásicos: Meissner e Pacini) e adaptação lenta (receptores tônicos:
Markel, Ruffini); adaptadores lentos só fornecem uma primeira percepção e depois uma final
(permanência), enquanto que adaptadores rápidos fornecem informações contínuas;
 Sensibilidade diferencial: cada receptor é sensível a um determinado tipo de estímulo;
 Campo receptivo: área da pele diretamente inervada pelos terminais do receptor;
 Geração do potencial receptor:
 Deformação mecânica do receptor;
 Substância química;
 Alteração da temperatura da membrana;
 Efeitos da radiação eletromagnética.
 Adaptação de receptores: propriedade individual de cada tipo de receptor; no corpúsculo de Pacini a
adaptação ocorre tanto pela redistribuição do líquido da cápsula como pela acomodação;
 Receptores de adaptação lenta: Fuso muscular, baroceptores (pressão arterial), quimioceptores
carotídeos (níveis de O2 e CO2).

VIAS NERVOSAS DA SOMESTESIA

 Fibras nervosas que transmitem diferentes tipos de sinais e sua classificação fisiológica;

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 Fibras alfa (maior velocidade – 80 a 120m/s –; propriocepção dos mm. esqueléticos); fibras beta
(velocidade média – 37 a 75m/s –; mecanoceptores); fibras delta (5 a 30 m/s –; dor, temperatura);
fibras amielinizadas (temperatura, dor);
 O sistema de transmissão das informações sensoriais se dá a partir de duas vias básicas: ântero-
lateral (espino-talámico), pelo qual “trafegam” tato protopático (grosseiro), dor e temperatura; e
coluna dorsal – lemnisco medial (ipsilateralmente, ou seja, não há transição de lado), pela qual
“trafegam” trato epicrítico, propriocepção, vibração;
 Somatotopia: representação no SNC da superfície cutânea ou do interior do corpo;
 Fascículo grácil: membros inferior;
 Fascículo cuneiforme: membros superiores, ombro e pescoço; ambos os fascículos são aferentes.
 Córtex somestésico: região posterior ao sulco central do telencéfalo; o giro pós-central corresponde à
área somestésica primária, área de projeção contralateral da metade do corpo; o córtex somestésico
secundário recebe aferências de S1 e tem projeções para o lobo temporal e córtex insular (memória e
aprendizagem tátil); o córtex parietal posterior é área de associação somestésica tátil e
proprioceptiva.
HANSENÍASE

 Mycobacterium leprae; doença contagiosa e crônica;


 Atinge a pele mas também severamente os nervos, causando maiores problemas e limitações a seus
portadores;
 Manifestações neurológicas: diminuição da sensibilidade no local, sensação de anestesia com perda
da sensibilidade dolorosa ao calor ou frio, diminuição da força muscular, atrofia e contração dos pés
e/ou mãos e dedos, lesões de mucosa.

Sistema Somatossensorial
Revisando com Gustavo Oliveira

-Transmite informações dos órgãos receptores sensoriais na pele, músculos, articulações e vísceras para o
córtex cerebral. As informações que se originam destes receptores alcançam inicialmente a medula espinhal
ou o tronco cerebral por meio de neurônios de primeira ordem (neurônios aferentes primários).
-A análise da informação somatossensorial envolve o tálamo e o córtex cerebral.
-Em algum local indeterminado, a informação sensorial resulta em percepção, que é um estado de
consciência do estímulo.
*Principais Vias Somatossensoriais: vias ascendentes que conduzem informação do corpo
1-Dorsal-lemnisco medial;
2-Trato espinotalâmico;
3-Trato trigeminotalâmico;
As modalidades sensoriais que são mediadas pelo sistema somatossensorial incluem tato-pressão, vibração-
tremulação, propriocepção, sensação térmica, dor e distensão visceral.
-Receptores Sensoriais Somatoviscerais:
1-Receptores Cutâneos: os principais, mecanorreceptores, termorreceptores e nociceptores.
1.1-Mecanorreceptores: respondem a estímulos mecânicos, tais como pancadas ou deformações da pele.
Um receptor de adaptação rápida é aquele que descarrega no início (e no fim) de um estímulo. Um receptor
de adaptação lenta continua a descarregar enquanto o estímulo for mantido.
Ex.: Rápidos: receptores do folículo capilar, corpúsculos de Meissner e corpúsculos de Pacini.
Lentos: terminação celulares de Merkel as de Ruffini, mecanorreceptores C.
*Ruffini: são ativadas pelo estiramento da pele.
*Merkel: campos receptivos puntiformes
**Axônios de todos estes tipos de receptores são mielinizados.

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1.2- Termorreceptores: existem 2 tipos de receptores na pele (frio e calor). Ambos de adaptação lenta. Os
receptores são ativos sob uma ampla gama de temperaturas. A temperatura moderada da pele (35ºC), ambos
os receptores podem estar ativos. Contudo, se a pele está sendo aquecida, os receptores de frio tornam-se
inativos, e vice-versa.
A níveis nocivos (prejudiciais) acima de 45ºC, estes receptores não irão registrar calor doloroso.
*Outra classe de receptores de frio é ativada apenas quando a temperatura da pele é diminuída abaixo de um
certo ponto.
1.3- Nociceptores: respondem a estímulos que ameaçam ou danificam o organismo. Existem 2 tipos
(nociceptores mecânicos Aδ e os nociceptores polimodais C).
Os nociceptores mecânicos Aδ são supridos por fibras aferentes mielinizadas finas, e os nociceptores
polimodais C por fibras amielínicas. Os nociceptores mecânicos Aδ respondem a estímulos mecânicos
fortes, como espetar a pele com uma agulha ou comprimir a pele com uma pinça. Os nociceptores
polimodais C, por outro lado, respondem a vários tipos de estímulos, incluindo mecânicos e térmicos.
Os nociceptores podem sofrer uma sensibilização periférica após serem expostos a um estímulo nocivo
forte. Nociceptores sensibilizados respondem mais vigorosamente a estímulos nocivos, porque seu limiar
para ativação está diminuído.
*Hiperalgesia: caracterizada por um aumento da dor produzida por estimulação em uma certa intensidade e
por diminuição do limiar de dor.
*Os nociceptores são frequentemente responsáveis pelo início da inflamação. O tipo de inflamação em que
os nociceptores estão envolvidos é denominado ‘inflamação neurogênica’.
Receptores Musculares, Articulares e Viscerais: Os músculos esqueléticos também apresentam vários tipos
de receptores sensoriais, principalmente mecanorreceptores e nociceptores.
-Receptores de estiramento: fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi.
*Os nociceptores nos músculos respondem à pressão aplicada ao músculo e à liberação de metabólitos,
especialmente durante a isquemia.
-Ergorreceptores: sinalizam o trabalho dos músculos
Articulações: mecanorreceptores articulares e nociceptores articulares
*Mecanorreceptores:
-Adaptação rápida: corpúsculos de Pacini.
-Adaptação lenta: terminações de Rufini.
Estes mecanismos sinalizam a pressão ou torção aplicada à articulação.
Vísceras: alguns mecanorreceptores viscerais são responsáveis pela sensação de distensão e os nociceptores
viscerais sinalizam a dor visceral. Os nociceptores viscerais podem estar inativos em circunstâncias normais,
mas eles tornam-se ativos após serem sensibilizados por uma lesão ou inflamação.
Raízes Espinhais e Dermátomos: axônios do sistema nervoso periférico (SNP), entram e saem do SNC
através de raízes espinhais.
Raízes dorsais: as raízes de ambos os lados de um determinado segmento espinhal são compostas
inteiramente pelos processos centrais das células ganglionares da raiz dorsal.
Raízes ventrais: consistem, principalmente, de axônios dos motoneurônios.
*Um determinado gânglio da raiz dorsal supre uma região cutânea específica, que é denominada
‘Dermátomo’.
Invervação da face pelo Nervo Trigêmeo: os processos periféricos dos neurônios no gânglio trigemial
passam através das divisões oftálmica, maxilar e mandibular do nervo trigêmeo, para inervar regiões
semelhantes aos dermátomos na face. O nervo trigêmeo também os dentes, as cavidades oral e nasal e a
dura-mater.
Vias somatossensoriais da medula espinhal dorsal
1-Via da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial: ramos ascendentes de muitas fibras aferentes primárias
mielinizadas trafegam rostralmente pelo funículo dorsal da medula espinhal até a medula oblonga. Os
neurônios de segunda ordem, que recebem fibras aferentes primárias do funículo dorsal, estão localizados
nos núcleos da coluna dorsal da medula oblonga caudal. Diferenças entre as respostas dos neurônios dos
núcleos da coluna dorsal e as dos neurônios aferentes primários:
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1- Os neurônios dos núcleos da coluna dorsal possuem campos receptivos maiores.


2- Os neurônios dos núcleos da coluna dorsal às vezes respondem a mais do que um tipo de receptor
sensorial.
3- Os neurônios da coluna dorsal geralmente possuem campos receptivos inibitórios.
Vias somatossensoriais secundárias da medula espinhal dorsal: trato espinocervical, via pós-sináptica da
coluna dorsal e colaterais do trato espinhocerebelar dorsal, que terminam em um núcleo da medula oblonga.
Funções sensoriais das vias da medula espinhal dorsal:
1-Tremulação-vibração: tremulação refere-se ao reconhecimento de um estímulo mecânico transitório de
baixa freqüência. Tratos sensoriais ascendentes conduzem a informação que é utilizada para a sensação de
tremulação (via da coluna dorsal-lemnisco medial, trato espinocervical e a via pós-sináptica da coluna
dorsal).
*O trato espinotalâmico, na porção ventral da medula espinhal, é parcialmente, responsável pela sensação de
tremulação.
O sentido de vibração envolve o reconhecimento de um estímulo transitório de alta freqüência. Os
corpúsculos de Pacini detectam a vibração de alta-frequência. A informação é transmitida através da via da
coluna dorsal-lemnisco medial.
2-Trato-pressão: uma deformação mantida da pele é reconhecida como tato-pressão. Células de Merkel e
terminações de Ruffini são os receptores. As vias ascendentes que conduzem as informações provenientes
destes receptores são as vias da coluna dorsal-lemnisco medial e a pós-sináptica da coluna dorsal.
3-Propriocepção: os sentidos de movimento e posição articulares estão incluídos nesta. A informação
sensorial origina-se dos receptores nos músculos, articulações e pele. Nas articulações proximais, como o
joelho, a informação mais importante é oriunda da atividade dos fusos musculares, nos músculos que
movem a articulação. Nas articulações distais, como as dos dedos, também contribuem as terminações de
Ruffini. Ascendem na via da coluna dorsal-lemnisco medial. A maior parte das informações necessárias
depende de ramos colaterais do trato espinocerebelar dorsal.
4-Sensações viscerais: a informação sobre a distensão visceral origina-se nos receptores de estiramento na
parede da víscera e é transmitida através da via da coluna dorsal – lemnisco medial.
*A via da coluna dorsal – lemnisco medial é responsável, em grande parte, pela mediação da dor visceral.

Vias somatossensoriais da medula espinhal ventral:


1- Trato Espinhotalâmico: é a via sensorial mais importante para a dor somática e sensações
térmicas. Ela também contribuí para a sensação tátil. A maioria das células do trato espinotalâmico recebem
aferências excitatórias de nociceptores na pele, mas muitas delas podem ser excitadas por estímulos nocivos
nos músculos, articulações ou vísceras. Assim, as diferentes células do trato espinotalâmico respondem de
um modo apropriado à sinalização de eventos nocivos, térmicos ou mecânicos.
Algumas células nociceptivas do trato espinotalâmico recebem uma aferência excitatória convergente de
muitos tipos diferentes de receptores sensoriais cutâneos. Por exemplo, um certo neurônio espinotalâmico
pode ser ativado fracamente por um estímulo tátil, mas mais vigorosamente por um estímulo nocivo. Estes
neurônios são denominados ‘células dinâmicas de amplo espectro’, porque elas são ativadas por estímulos
com amplas faixas de intensidade. Alguns neurônios são frequentemente denominados células nociceptivas
específicas ou de alto limiar.
Os neurotransmissores liberados por nociceptores que ativam as células do trato espinotalâmico incluem o
aminoácido excitatório Glutamato e alguns vários peptídeos.
Os peptídeos parecem atuar como neuromoduladores. Por exemplo, através de uma ação combinada com um
aminoácido excitatório como o Glutamato, a substância P produz um aumento de longa duração nas
respostas das células do trato espinotalâmico. Os neurotransmissores que podem inibir a atividade das
células do trato espinotalâmico incluem os aminoácidos inibitórios, GABA e a glicina, além das
monoaminas e dos peptídeos opióides endógenos.
Funções sensoriais das vias da medula espinhal ventral:
As sensações mais importantes mediadas pelas vias espinhais ventrais são a dor e a temperatura. Contudo,
elas contribuem também para a sensação de tremulação.

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Sensação da Face:
1-Vias Tátil Trigemial e Propioceptiva: a via do núcleo sensorial principal se assemelha à via da coluna
dorsal – lemnisco medial. Este núcleo sensorial transmite informações táteis. Estes neurônios, por sua vez,
inervam receptores de estiramento nos músculo da mastigação e em outros músculos da cabeça.
2-Sistema Nociceptivo Trigemial e Termorreceptivo: a dor na região inervada pelo trigêmeo é
particularmente importante, porque inclui as dores de dente e de cabeça. As fibras aferentes primárias dos
nociceptores e termorreceptores da cabeça penetram no tronco cerebral através do nervo trigêmeo.
Dor
A dor é um fenômeno complexo e inclui os componentes discriminativo-sensorial e afetivo-motivacional. O
processamento sensorial neste nível e em níveis superiores do córtex cerebral resulta em percepção:
1- Da qualidade da dor
2- Da localização do estímulo doloroso
3- Da intensidade da dor
4- Da duração da dor

As respostas afetivo-motivacionais ao estímulo doloroso incluem atenção e alerta, reflexos somáticos e


autonômicos, respostas endócrinas e alterações emocionais. Estas contribuem coletivamente para a natureza
não-prazerosa dos estímulo doloroso. Dependem das vias ascendentes: espinotalâmico e trigemeotalâmico.
Tipos de dor:
1-Dor nociceptiva: a dor que é associada à descarga de nociceptores.
2-Hiperalgesia: os nociceptores aferentes primários tornam-se sensibilizados após uma lesão na pele ou em
outro tecido. Então um estímulo doloroso pode tornar-se ainda mais doloroso.
3-Alodínia: ocorre se um estímulo tátil ou térmico normalmente inócuo provocar dor.
4-Dor referida: é definida como aquela que é percebida numa área distante da sua original real. Ex.: dor no
coração isquêmico pode ser referida à parte interna do braço esquerdo.
Uma explicação para a dor referida é que muitos neurônios espinotalâmicos recebem aferências excitatórias
não somente da pele, mas também dos músculos e vísceras. Os segmentos da medula espinhal que inervam
os dermátomos que contêm o campo receptivo cutâneo de uma célula correspondem aos segmentos que
inervam os músculos ou as vísceras.
5-Dor neuropática: a dor algumas vezes ocorre na ausência da estimulação do nociceptor. Este tipo de dor
ocorre principalmente após a lesão em nervos periféricos ou em partes do SNC. Ex.: dor do membro
fantasma.
Inibição da Dor: os neurônios do trato espinotalâmico apresentam campos receptivos inibitórios que podem
ser úteis para aliviar a dor. A teoria do controle do portão da dor explica como um estímulo inócuo pode
inibir as respostas dos neurônios.
Controle eferente da sensação somática:
O sistema provavelmente suprime a dor excessiva sob certas condições. Por exemplo, é bem conhecido que
soldados no campo de batalha, vítimas de acidentes e atletas em competições, freqüentemente não sentem
dor ou sentem muito pouca dor, por ocasião de um ferimento ou de uma fratura no osso. Após certo tempo, a
dor é percebida e torna-se severa. (sistema analgésico endógeno).
Os opióides tipicamente inibem a atividade neural nas vias nociceptivas. Foram propostos dois locais de
ação para a inibição opiácea, pré e pós-sináptica. A ação pré-sináptica dos opiáceos nos terminais
nociceptivos aferentes aparece como a substâncias P. A ação pós-sináptica produz um potencial inibitório
pós-sináptico.
*Substância P: é um decapeptídeo que possui várias atividades biológicas. Ela é sintetizada nos ribossomos
como uma grande proteína sendo então convertida enzimaticamente em um peptídeo ativo. Este peptídeo é
amplamente distribuído no sistema nervoso central e periférico dos vertebrados, onde atua como um
neurotransmissor.
A serotonina pode inibir os neurônios nociceptivos e possivelmente desempenha um papel importante no
sistema de analgesia endógeno. Os neurônios catecolaminérgicos podem contribuir para o sistema de
analgesia endógeno.
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REFLEXOS ESPINAIS (MEDULARES)


 A transmissão em vias reflexas é feita de acordo com a tarefa motora; o estado da mesma via para
qualquer tarefa é chamado de conjunto funcional;
 A resposta reflexa do extensor do cotovelo do braço oposto depende da tarefa que está sendo
realizada naquele braço. Se o braço for usado para estabilizar o corpo (ao segurar a borda de uma
mesa, por exemplo), uma grande resposta excitatória é gerada nos músculos extensores do
cotovelo para resistir à inclinação do corpo para a frente. Se o braço estiver segurando um objeto
instável, como uma xícara, uma inibição reflexa dos extensores do cotovelo evita a
movimentação da mesma.
 A aferência sensória de uma fonte localizada produz respostas reflexas em muitos músculos, alguns
dos quais podem estar distantes do estímulo;
 Centros supra-espinais exercem um papel importante na modulação e adaptação dos reflexos
espinais;
 O reflexo de flexão-retirada é um reflexo de proteção em que um estímulo externo causa a contração
nas múltiplas articulações de maneira coordenada; através de vias de reflexos polissinápticos
divergentes, o sinal sensório tanto excita neurônios motores que inervam mm. flexores do membro
estimulado como inibe neurônios motores que inervam mm. extensores do membro;
 A excitação de um grupo de mm. e a inibicação de seus antagonistas é chamada de inervação
recíproca, segundo Sherrington;
 Simultaneamente à flexão do membro estimulado, o reflexo pode produzir efeito oposto no membro
contralateral, ocorrendo excitação de neurônios motores extensores e inibição de neurônios motores
flexores; este reflexo é chamado de reflexo de extensão cruzada e serve para intensificar o suporte
postural durante a retirada de um pé de um estímulo doloroso;
 Apesar da estereotipagem dos reflexos, tanto a extensão espacial como a força da contração muscular
dependem da intensidade do estímulo; ex: quando se toca um fogão um pouco quente com retirada
rápida apenas de punho e cotovelo e um fogão muito quente com contração forçada de todas as
articulações;
 Os reflexos de flexão e extensão cruzada são mediados por vias polissinápticas na m. espinal;
 Uma via excitatória ativa neurônios motores que suprem mm. flexores ipsilaterais que afastam o
membro dos estímulos nocivos;
 Ao mesmo tempo, neurônios motores que suprem mm. extensores contralaterais são excitados
para proporcionar apoio durante a retirada do membro;
 Interneurônios inibitórios asseguram que os neurônios motores que suprem os mm. antagonistas
estejam inativos durante a resposta reflexiva.
 Os reflexos de estiramento são mediados por vias monossinápticas;
 As fibras aferentes dos fusos musculares IIa fazem conexões excitatórias com dois grupos de
neurônios motores: neurônios motores alfa que inervam o mesmo músculo do qual se originam e
neurônios motores que inervam músculos sinérgicos;
 Também atuam por meio de interneurônios inibitórios para inibir os neurônios motores que
inervam os mm. antagonistas;
 Quando o m. é estirado, as aferências IIa aumentam a frequência de disparo, o que gera a
contração do mesmo músculo e de seus sinergistas e o relaxamento dos antagonistas;
 O reflexo, portanto, tende a contrapor-se ao estiramento, intensificando a natureza elástica dos
mm.
 O principal componente do sistema de controle neural para a marcha é uma série de circuitos
espinais intrínsecos que não requerem estímulos sensórios para produzir os padrões básicos da
marcha; nos mamíferos, os circuitos espinais intrínsecos que controlam a marcha compartilham
muitos dos mesmos interneurônios envolvidos nos reflexos de flexão;

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 Provavelmente o mais importante reflexo espinal é o reflexo de estiramento, uma contração muscular
que ocorre quando o músculo está com seu comprimento aumentado; requerem aferências sensórias
do m. para a m. espinal e uma via de retorno para os músculos;
 O receptor que afere a mudança de comprimento é o fuso muscular; os axônios aferentes desse
receptor fazem conexões excitatórias diretas com os neurônios motores;
 Sherrington percebeu que estirar um músculo causa o relaxamento dos antagonistas, concluindo
que o estímulo do estiramento gera a excitação de certos neurônios e a inibição de outros
(inervação recíproca);
 O reflexo de estiramento envolve uma via monossináptica;
 As fibras Ia de um m. excitam não apenas os neurônios motores que inervam aquele músculos
(conexões homônimas), mas também os que inervam músculos que têm ação mecânica
semelhante (conexões heterônimas).
 Os fusos musculares são pequenos receptores sensórios encapsulados (envoltos por cápsula de tecido
conectivo) que têm forma fusiforme e estão localizados entre as fibras musculares, normalmente
contendo sete fibras musculares intrafusais estriadas;
 Sua principal função é sinalizar mudanças no comprimento do músculo no qual residem;
 Os fusos musculares podem ser usados pelo SNC para perceber as posições relativas dos
segmentos corporais (detectam as mudanças nos ângulos das articulações onde os mm. se
inserem);
 Cada fuso tem três componentes principais: um grupo de fibras musculares intrafusais
especializadas cujas regiões centrais não são contráteis, terminações sensórias mielinizadas de
grande diâmetro que se originam nas regiões centrais das fibras intrafusais e terminações motoras
mielinizadas que inervam as regiões contráteis das fibras intrafusais;
 Quando as fibras intrafusais são estiradas, as terminações sensórias também são estiradas e
aumentam sua frequência de disparo; quando um músculo diminui de tamanho, o fuso é
descarregado, e a atividade diminui;
 A inervação motora das fibras musculares intrafusais é proveniente dos neurônios motores de
pequeno diâmetro (gama), que inervam as fibras intrafusais dos fusos musculares e de grande
diâmetro (alfa), que inervam as fibras musculares extrafusais;
 Os interneurônios são numerosos na zona intermediária e no corno anterior e são funcionalmente
essenciais para a regulação dos neurônios motores alfa e gama; sua açã nos neurônios motores
pode ser excitatória ou inibitória;
 Há dois tipos de fibras musculares intrafusais: fibras em saco nuclear (dinâmicas, sensíveis à taxa
de modificação no comprimento do músculo; ou estáticas, sinaliza apenas uma modificação no
comprimento do músculo) e fibras em cadeia nuclear; as terminações primárias (fibras Ia) se
enrolam em volta da região central de todas as fibras musculares intrafusais; as terminações
secundárias (fibras do grupo II) estão adjacentes às regiões das fibras em saco e em cadeia
nuclear; a atividade das fibras Ia é muito mais sensível a estiramentos transitórios;
 A fibra tipo Ia (fortemente mielinizada) está associada às fibras do saco nuclear; a fibra tipo II
está associada a fibras da cadeia nuclear; a fibra tipo Ib está associada aos órgãos tendinosos de
Golgi; ambas são sensitivas;
 Os neurônios motores gamas podem ser divididos em dinâmicos (inervam fibras dinâmicas em
saco nuclear) e estáticos (inervam fibras estáticas em saco nuclear e fibras em cadeia nuclear);
 As terminações primárias (Ia) fornecem informações rápidas sobre alterações inesperadas no
comprimento, úteis para gerar alterações rápidas de correção; uma única fibra sensória Ia inerva
todos os três tipos de fibras intrafusais.

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 A divergência nas vias reflexas amplifica os sinais sensórios e coordena as contrações musculares: a
estimulação de um pequeno número de aferências sensórias de uma área localizada da pele é
suficiente para causar contrações de músculos dispersamente distribuídos e, desta forma, produzir
um padrão motor coordenado;
 Os órgãos tendinosos de Golgi são receptores sensórios localizados na junção entre as fibras
musculares e o tendão, estando conectados em série a um grupo de fibras musculares esqueléticas;
 Cada órgão tendinoso é inervado por um axônio do grupo Ib, que perde sua mielinização depois
que entra na cápsula e ramifica-se entrelaçando-se entre fascículos de colágeno;
 Ao se estirar os órgãos tendinosos, as fibras de colágeno alongam-se e comprimem as
terminações nervosas, levando-as a disparar;
 Os órgãos tendinosos são mais sensíveis a mudanças na tensão muscular;
 Supunha-se originalmente que os órgãos tendinosos de Goldi teriam uma funçã protetora,
prevenindo a lesão do músculo, pois se pensava que deflagravam PAs apenas com altas tensões
atingidas; entretanto, sabe-se atualmente que também sinalizam pequenas mudanças na tensão
muscular, fornecendo ao SNC informações precisas sobre a contração;
 A ativação do fuso muscular leva à excitação do músculo associado ao fuso ativado, enquanto a
ativação do órgão tendinoso produz a inibição dos neurônios que inervam o músculo do qual a
entrada aferente se originou;
 Reversão reflexa estado-dependente: durante a locomoção, as fibras Ib produzem um efeito
excitatório nos neurônios motores extensores – o contrário do que ocorre na ausência de atividade
locomotora – e a transmissão da via inibitória dissináptica Ib é deprimida;
 Existem três locais possíveis na m. espinal para a modulação da força de um reflexo espinal: os
neurônios motores alfa, os interneurônios em todos os circuitos reflexos, exceto os monossinápticos,
e os terminais pré-sinápticos das fibras aferentes; os neurônios descendentes de centros superiores do
sistema nervoso fazem conexões sinápticas nesses locais, podendo regular a força dos reflexos ao
alterar o nível da atividade em qualquer um destes locais;
 Neurônios motores gama representam um mecanismo para ajustar a sensibilidade dos fusos
musculares:
 Durante grandes contrações, o fuso se afrouxa e não é mais capaz de sinalizar as mudanças
adicionais no comprimento do m.;
 Um dos papéis dos neurônios motores gama é manter a tensão no fuso muscular durante a
contração ativa, garantindo sua sensibilidade em diferentes comprimentos; na alça gama, a
informação de entrada supra-espinal ativa os motoneurôniso gama de forma a contrair as fibras
intrafusais;
 Com a contração das fibras intrafusais, há estiramento entre suas regiões polares, resultando em
aumento da atividade das fibras Ia; na m. espinal, ocorre ativação dos motoneurônios alfa e
contração das fibras extrafusais;
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 Em muitos movimentos voluntários, os neurônios motores alfa são ativados relativamente em


paralelo aos neurônios motores gama, o que corresponde ao padrão de coativação alfa-gama,
resultando na manutenção automática da sensibilidade.
 Axônios colaterais dos neurônios motores alfa também inervam as fibras intrafusais, sendo
chamados de eferentes beta ou esqueleto-fusimotores; essas eferências proporcionam o equivalente
da co-ativação alfa gama motora;
 Em geral, os neurônios motores gama são ativados quando a velocidade e a dificuldade do
movimento aumentam;
 Os reflexos de alça longa são respostas reflexas mediadas pelo córtex motor e outras estruturas
supra-espinais; têm importância primordial na regulação das contrações dos mm. distais, enquanto as
vias subcorticais devem ser responsáveis principalmente pela regulação aferente dos mm. proximais;
 Funções motoras mais automáticas, como a manutenção do equilíbrio e a produção de
movimentos em geral do corpo, podem ser eficientemente executadas através das vias
subcorticais e espinais.
 A frequência de disparo dos motoneurônios alfa é estabelecida para produzir o encurtamento
desejado do músculo, ao passo que a frequência de descarga dos motoneurônios gama é determinada
para produzir um encurtamento equivalente das fibras intrafusais do fuso muscular;
 Reflexos tendinosos: as fibras sensórias primárias do fuso são seletivamente ativadas pelo rápido
estiramento do músculo produzido pela batida sobre o tendão; o reflexo de Hoffman é um análogo
elétrico do reflexo tendinoso;
 Os circuitos neurais responsáveis pelos reflexos de estiramento fornecem aos centros superiores do
sistema nervoso um mecanismo para ajustar o tônus muscular sobre diferentes circunstâncias;
 Choque espinal: condição derivada de transecção completa da m. espinal na qual há um período
longo após o acidente em que todos os reflexos espinais abaixo do nível da transecção estão
reduzidos ou completamente suprimidos;
 Com o tempo, os reflexos espinais gradualmente retornam, geralmente mais exagerados.
 Lesões na m. espinal geram sintomas motores ou sensórios que geralmente estão relacionados a um
nível específico da m. espinal;
 Os principais sinais para a localização de lesões motoras e sensórias são:
 Motoras: bíceps (afeta mm. deltoide e bíceps; segmento C5), tríceps (afeta mm. tríceps,
extensores do punho e dedos; segmento C7), reflexo patelar (afeta quadríceps; segmentos
L2-4) e reflexo aquiliano (afeta mm. flexores plantares e gastrocnêmio; segmento S1);
[estão listados as maiores músculos afetados*];
 Sensórias: clavícula (segmento C4); mamilos (segmento T4); umbigo (segmento T10);
superfície anterior da coxa (segmento L3); hálux (segmento L5).
 Quando as raízes ou neurônios motores são lesados, os sintomas nos mm. afetados incluem
fraqueza, emaciação e perda ds reflexos tendinosos; quando os tratos motores descendentes são
lesados, os sintomas nos mm. afetados abaixo dos níveis das lesões incluem fraqueza, reflexos
tendinosos elevados e espasticidade;
 O padrão característico da perda sensória é a perda de sensação cutânea abaixo do nível da lesão;
 A transecção completa da m. espinal leva à perda de todas as sensações e de todos os movimentos
voluntários abaixo do nível da lesão; também são perdidos o controle vesical e intestinal;
 A hemissecção da m. espinal (Síndrome de Brown-Séquard) causa fraqueza ipsilateral e
espasticidade em certos grupos musculares, perda ipsilateral do trato discriminativo, da vibração e da
sensação de posição e perda contralateral da dor e temperatura (sistema ântero-lateral).

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REFLEXOS MEDULARES

 O reflexo é uma resposta involuntária, relativamente previsível e estereotipada;


 O circuito básico do reflexo é o arco reflexo, que pode ser dividido em três partes: ramo aferente
(receptores e axônios sensoriais), componente central (sinapses e interneurônios no SNC) e ramo
eferente (neurônios motores);
 Deve-se evitar pensar que a participação em um reflexo é a única função de um neurônio, pois o
mesmo é alvo das vias motoras descendentes, estando envolvidos na geração de movimentos
voluntários
 Os reflexos podem ser relativamente simples e confinados a um único nível medular (intra-
segmentar) ou complexos, envolvendo múltiplos segmentos medulares (intersegmentar);
 Reflexo de estiramento muscular (miotático):
 O estímulo é o estiramento de um fuso muscular localizado no interior do músculo;
 Ex: reflexo patelar: uma percussão rápida no tendão patelar estira terminações sensitivas
primárias nos fusos musculares localizados no musculo quadríceps femoral, enviando um
impulso através do gânglio da raiz dorsal por intermédio de fibras do grupo Ia, densamente
mielinizadas e de condução rápida; os prolongamentos centrais desses axônios aferentes fazem
sinapses e excitam neurônios motores no corno anterior que inervam o músculo quadríceps
femoral; o resultado é uma contração súbita desse músculo e uma extensão da perna e do joelho;
 Pode ser chamado de reflexo miotátil ou reflexo de estiramento monossináptico, por precisar
apenas de uma sinapse;
 Pode ser fásico – ocorre em resposta a estiramentos muito rápidos e transitórios – ou tônico –
ocorre em resposta ao estiramento mais lento ou constante aplicado ao músculo; contribui para o
tônus muscular e para a posição ereta;
 Uma extensão do reflexo de estiramento simples é vista na inibição recíproca e na inibição
autogênica (reflexo miotátil inverso):
 Na inibição recíproca, um grupo de mm. é excitado e grupo antagonista é inibido; nessa
situação, o fuso muscular é estirado por uma percussão no tendão patelar e o impulso
entra na m. espinal por intermédio de uma fibra sensorial do grupo Ia, que se ramifica e
apresenta terminações excitatórias nos neurônios motores do quadríceps femoral e em um
grupo de interneurônios (glicinérgicos) inibidores, que recebem informações das fibras
aferentes Ia e das células de Renshaw; como resultado, o quadríceps se contrai, enquanto
os interneurônios inibem os motoneurônios medulares que inervam os mm. flexores do
jarrete;
 Na inibição autogênica (reflexo miotátil inverso), o receptor envolvido é o órgão
tendinoso de Golgi, cuja ativação provoca um aumento na taxa de disparo das fibras
sensoriais do grupo Ib que se originam desse receptor; na m. espinal, essas fibras
terminam em interneurônios (glicinérgicos) inibidores, que inibem os neurônios motores
que inervam os mm. conectados ao tendão do qual o grupo de estímulos aferentes se
originou; este é um arco reflexo bissináptico;

 Reflexo flexor (reflexo de retirada ou reflexo nociceptivo):


 O estímulo é um impulso cutâneo;
 Frequentemente é uma resposta a estímulos nociceptivos e representa uma tentativa de proteger
uma parte do corpo afastando-a da fonte da lesão;
 Fibras sensoriais primárias levemente mielinizadas ou não-mielinizadas (fibras A-gama ou C)
transportando os estímulos nociceptivos entram no trato póstero-lateral (trato de Lissauer) onde
podem ramificar-se e ascender ou descender por curtas distâncias; muitas dessas fibras entram na
substância cinzenta da m. espinal onde formam contatos sinápticos excitatórios com as células
dos tratos ascendentes e tanto com interneurônios excitatórios quanto inibidores;
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 Enquanto os neurônios do trato retransmitem essa informação nociceptiva aos níveis mais
elevados no neuroeixo, os interneurônios glutaminérgicos excitatórios fazem sinapse com
neurônios motores flexores, resultando em ativação dos mm. flexores ipsilaterais da coxa
(ileopsoas), da perna (mm. do jarrete) e do pé (tibial anterior) e retirada da extremidade;
 Essa ação é reforçada pela sinapse inibitória dos interneurônios nos neurônios motores extensores
(antagonistas) e a diminuição resultante da atividade (inibição) dos mm. extensores;
consequentemente, flexores se contraem, os extensores relaxam e a extremidade é afastada do
estímulo doloroso;
 O reflexo flexor envolve vários segmentos medulares;
 A ativação das fibras aferentes do reflexo de flexão (FRAs) leva a um padrão de excitação flexora
e inibição extensora, em um lado, e o inverso no lado oposto, e se atividade dos interneurônios
das FRA de cada lado da medula se alternar, surgirá padrão de passos; ou seja, o movimento de
andar resulta da ativação alternada de flexores e extensores.

 Reflexo de extensão cruzada:


 Se forma nos circuitos básicos do reflexo flexor, porém envolve também a musculatura do lado
contralateral do corpo; ajuda a manter o equilíbrio ao permitir que o membro contralateral
suporte o peso adicional para ele transferido;
 Por intermédio dos interneurônios, os impulsos nociceptivos nas fibras A-gama ou C excitam os
neurônios motores flexores da perna ipsilateral e inibem os neurônios motores da perna
ipsilateral;
 Se o reflexo flexor ocorre com a pessoa de pé ou andando, a perna oposta tem que participar da
resposta para evitar que ela caia;
 O mesmo impulso nociceptivo que resultou na retirada da perna ipsilateral é transportado aos
interneurônios que se projetam para o corno anterior contralateral; essas fibras excitam os
neurônios motores polissinapticamente, inervando os mm. extensores contralaterais e inibindo os
neurônios motores que inervam os mm. flexores contralaterais;
 Assim, há flexão ipsilateral e retirada do estímulo acompanhada por uma extensão da perna
contralateral para apoiar o corpo.
ORGANIZAÇÃO TOPOGRÁFICA DO CORNO VENTRAL

 Os neurônios motores da medula são organizados topograficamente, em colunas de direção


rostrocaudal no corno ventral;
 Os neurônios motores que inervam a musculatura axial formam colunas de células que se estendem
por toda a extensão da medula;
 Os neurônios motores que inervam os mm. dos membros formam colunas que se estendem por vários
segmentos; os neurônios motores dos mm. da porção distal dos membros estão localizados mais
lateralmente, enquanto os que inervam os mm. mais proximais têm localização mais medial;
 Os neurônios motores para os músculos flexores apresentam localização dorsal em relação aos que
inervam os extensores.

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DOENÇA DE HUNTINGTON
 A doença de Huntington é uma doença neurodegenerativa, progressiva e de herança autossômica
dominante caracterizada por transtornos de movimento e de personalidade e deterioração mental. Sua
prevalência varia de 3 a 7 casos por 100.000 pessoas, em estudos europeus e nos EUA; e 1 em
10.000 pessoas em todo o mundo. O início geralmente ocorre entre 35 e 50 anos de idade e, em cerca
de 10% dos casos, antes dos 20 anos;
 Recebeu o nome do Dr. George Huntington, médico de Long Island (EUA), que publicou uma
descrição do que ele chamou “coreia hereditária” em 1872; a palavra coreia é originada do grego e
significa “dança”, se referindo aos movimentos involuntários que estão entre os sintomas comuns da
DH;
 Atualmente, existem 30.000 pacientes com DH nos EUA; em cerca de 6% dos casos o início se dá
antes dos 20 anos de idade;

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

 A coreia está presente em cerca de 90% dos pacientes e, embora seja a manifestação motora mais
frequente, não é necessariamente o primeiro sintoma;
 Embora a forma e a gravidade dos sintomas varie de pessoa para pessoa, o desenvolvimento da DH
pode ser dividido basicamente em três estágios;
 No início da doença, as manifestações incluem mudanças sutis na coordenação, talvez alguns
movimentos involuntários, dificuldades de pensar sobre problemas e, frequentemente, humor
depressivo ou irritável; aparição de movimentos desajeitados, deixar cair objetos, desleixo e
negligência dos deveres; neste estágio, a medicação é frequentemente efetiva no tratamento da
depressão e outros sintomas emocionais; planos financeiros devem ser feitos e documentos legais
(ex: testamento) devem ser redigidos;
 No estágio intermediário, os movimentos involuntários (coreia) podem tornar-se mais pronunciados;
um jeito cambaleante às vezes pode ser considerado embriaguez; a fala e a deglutição começarão a
ser afetadas; é importante consultar um fonoaudiólogo;
 As habilidades de pensamento e raciocínio lógico também irão diminuir gradualmente; neste
estágio, pode se tornar cada vez mais difícil desempenhar tarefas que envolvam manutenção e
organização;
 Os músculos somáticos são afetados de maneira ocasional e os movimentos coreicos fluem de
uma parte para outra; são envolvidos músculos proximais, distais e axiais; nos estágios iniciais há
ligeiros movimentos de contorção da face, movimentos intermitentes de sobrancelhas e da fronte,
movimentos de dar de ombros e movimentos espasmódicos dos membros.
 As pessoas num estágio avançado de DH podem ter coreia grave, mas, mais frequentemente, se
tornam rígidas (estágio terminal); engasgos com comida se tornam cada vez mais preocupantes, bem
como a perda de peso; neste estágio há total relação de dependência;
 É importante lembrar que, em geral, a pessoa ainda está consciente do meio ambiente, continua
capaz de compreender a linguagem, tem consciência daquelas que ama e dos outros; poderá
continuar a gostar de ver fotografias e ouvir histórias da família e dos amigos; ao contrário das
demências corticais, a linguagem não é afetada de maneira proeminente na DH;
 Nesse estado, o caminhar se associa a movimentos mais intensos de braços e pernas, que causam
uma marcha dançada, saltitante, anormalidade clássica da DH;
 Outras manifestações motoras são incoordenação, sobretudo dos movimentos finos; alteração da
marcha; sintomas oculomotores, como movimentos sacádicos e lentos; e alteração da fixação do
olhar; a disartria é um sintoma que se manifesta precocemente no curso da doença;

 Os sintomas psiquiátricos e cognitivos podem preceder o aparecimento das manifestações motoras;


alterações da personalidade e comportamento antissocial podem ser os sintomas iniciais;
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 Entre os distúrbios afetivos, a depressão é muito comum e poder ser causa de suicídio, devendo-se,
portanto, ter muita atenção nesses pacientes e instituir o tratamento tão logo seja detectado; TOC,
psicose, distúrbios do sono e alcoolismo também podem ocorrer;
 O aparecimento de sintomas psicóticos levam habitualmente a internações em instituições
mentais quando os movimentos coreicos ainda não se manifestaram.
 As manifestações cognitivas são caracterizadas por um declínio progressivo com alterações das
funções executivas, como planejamento mental e organização de atividades sequenciais, diminuição
da atenção, alteração de memória, síndrome demencial, alteração das habilidades visuoespaciais e
fala confusa;
 Quando a doença se inicia antes dos 20 anos de idade é chamada de ‘Huntington juvenil’, cujo
quadro predominante é de um parkisoniano, conhecido como variante de Westphal (estado acinético-
rígido); manifestações psiquiátricas e crises convulsivas também são observadas nessa faixa etária da
doença;
 Fenótipo clínico: controle espasmódico, rápido e involuntário do movimento dos membros; rigidez
dos membros; cognição prejudicada, extremos distúrbios psiquiátricos;
 Nos últimos estágios da doença, os pacientes com DH ficam mudos, não-funcionais cognitivamente,
e imóveis em posições contorcidas como resultado de articulações rígidas e graves contraturas; a
presença de distonia, sintomas parkinsonianos, como bradicinesia e rigidez, podem se manifestar e
substituir os movimentos hipercinéticos;
 A DH pode durar mais de 30 anos do início até a morte, se o paciente for colocado em um sistema de
apoio à vida; entretanto, metade dos pacientes morre de pneumonia, asfixia ou insuficiência cardíaca,
dentro de 15 a 20 anos desde o surgimento do distúrbio; engasgos, infecções ou traumatismos
cranianos também resultam em morte; o suicídio é muito comum nos primeiros estágios;

GENÉTICA

 Em 1993, foi isolado o gene da doença de Huntington (HD) e avanços importantes fluíram a partir de
aí então;
 A doença de Huntington é decorrente de um aumento de repetição do trinucleotídeo citosina-
adenosina-guanina (CAG) e do GTC no gene IT-15 (HD) no braço curto do cromossomo 4p16.3,
região codificante da poliglutamina, que codifica a proteína huntingtina; para tanto, é resultado de
uma mutação dinâmica;
 No RNA mensageiro, CAG é o códon para glutamina, e uma série de códons CAG em um éxon
produz um trecho de poliglutamina durante a tradução;
 A base molecular para a suscetibilidade à expansão de uma repetição de trinucleotídeos não é
totalmente compreendida, mas provavelmente depende da formação de uma alça (grampo)
intrafilamentar envolvendo nucleotídeos da repetição de trinucleotídeos durante a síntese de DNA;
durante sua formação, a estrutura em grampo leva a parte 5’ do fragmento de DNA para a frente,
deixando o segmento da região repetida do filamento molde que foi replicado disponível para uma
segunda replicação; após a ligação e uma segunda rodada completa de replicação do DNA, é
formado um cromosso com uma região expandida de trinucleotídeos;
 A função dessa proteína ainda é desconhecida, mas essa expansão parece interferir em muitas
funções; os possíveis efeitos moleculares da mutação são perturbação do tráfego de vesículas,
indução de apoptose, alteração da transição, hiperprodução de espécies reativas de oxigênio;
 Sob condições normais, uma via de poliglutamina provavelmente facilita a ligação de várias
proteínas umas às outras; por outro lado, os trechos estendidos de poliglutamina dobram-se
erradamente e formam agregados (inclusões), que podem ser neurotóxicos; além disso, as inclusões
inibem a via de degradação proteolítica, induzem a morte celular programada (apoptose) e causam
hiperprodução de oxigênio reativo; estas combinações de anomalias celulares teria um efeito
devastador sobre os neurônios com o tempo;

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 A huntingtina é encontrada no citoplasma e em associação a membranas, vesículas e o citoesqueleto;


também está concentrada nos bulbos sinápticos;
 O número de repetições até 26 é considerado normal; acima de 39, a penetrância é completa e o
indivíduo desenvolve a doença na fase adulta; entre 36 e 39 repetições, a penetrância é incompleta,
podendo ou não desenvolver a doença; entre 27 e 35, o indivíduo é normal, mas existe o risco de o
filho desenvolver a expansão em caso de herança paternal, pois a instabilidade das repetições do
trinucleotídeo é mais comum nos portadores do sexo masculino; acima de 60 repetições, o início é
juvenil;
 A forma que mais se assemelha à DH é a Huntington-like tipo 2, que trata-se de uma doença rara e
mais frequente em descendentes africanos, além de representar uma mutação no gene da junctofilina-
3; nos casos em que o teste genético é negativo para DH, a suspeita desse diagnóstico deve ser
levantada e, havendo possibilidade, deve-se realizar a pesquisa da mutação;
 Nas famílias com história de DH, há uma tendência marcante para a ocorrência do distúrbio cada vez
mais cedo em gerações sucessivas; este fenômeno foi chamado de antecipação genética, ou paradoxo
de Sherman;
As taxas de prevalência mais elevadas foram relatadas em regiões geograficamente isoladas em que
as famílias afetadas residiam há muitas gerações, como por exemplo a região do Lago Maracaibo na
Venezuela.
 Teste genético: os primeiros testes genéticos eram baseados num processo de “análise de ligação”
que requeria amostras de sangue de diversos membros da família; o novo teste direto de gene é muito
mais preciso e requer sangue somente do indivíduo que está fazendo o teste; o teste não pode
predizer a idade da manifestação clínica da doença, nem seu desenvolvimento ou gravidade;

PATOLOGIA

 A patologia da DH inclui perda neuronal e gliose, predominante no putâmen e no caudado, mas,


também, no córtex cerebral; no corpo estriado (putâmen + globo pálido + núcleo caudado), os
neurônios de projeção gabaérgicos de tamanho médio (spiny) estão fetados;
 Ocorre uma perda celular no corpo estriado, bem como no volume da substância branca; a presença
de inclusões citoplasmáticas contendo huntingtina é vista em tecidos pós-morte;
 Na fase inicial da doença, ocorre uma degeneração da via indireta do circuito dos núcleos da base; na
fase tardia, a degeneração é da via direta;
 Sítios de neuropatologia: núcleo caudado, putâmen, neurônios corticais cerebrais, núcleos
ventrolaterais talâmicos e subtalâmicos; globus pallidus, substância negra;
 A combinação de material granular e filamentoso acumula-se nos núcleos dos neurônios nas regiões
do cérebro afetadas pel DH;
 Nos estágios finais da doença, o cérebro perde cerca de 25% do seu peso inicial;
 As mudanças pronunciadas dos movimentos que acompanha a DH provavelmente são consequência
de distúrbios dos neurônios que interconectam o córtex cerebral, os núcleos da base e o tálamo; a
demência resulta da perda de neurônios dentro do córtex cerebral;
 O núcleo caudado é a estrutura mais afetada;
 Histologicamente, o córtex demonstra perda de neurônios, especialmente na camada 3 (piramidal
externa);
 Na DH, há degeneração dos neurônios secretores de GABA, substância P e acetilcolina da via
inibitória estriatonegral; isso torna os neurônios secretores de dopamina da substância negra
hiperativos; assim, a via estriatonegral inibe o núcleo caudado e o putâmen; essa inibição produz os
movimentos anormais observados na doença;
 Há perda de GABA e de sua enzima sintetizadora, ácido glutâmico descarboxilase, no estriado e na
substância negra, enquanto os interneurônios colinérgicos e somatostatínicos do estriado são
relativamente poupados; o número de receptores para dopamina e acetilcolina no estriado diminui.

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DIAGNÓSTICO

 O diagnóstico é feito por meio do quadro clínico, da história familiar, da presença de atrofia no
núcleo caudado aos exames de neuroimagem TC e RM e dos testes genéticos;
 O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras doenças genéticas, como as neuroacantocitoses,
Huntington-like tipo 2, algumas formas de ataxias cerebelares e a atrofia dentatopalidoluisiana;
 A TC e RM mostram ventrículos dilatados, com uma aparência de borboleta dos ventrículos laterais,
que decorre da degeneração e da atrofia do núcleo caudado.

TRATAMENTO

 O tratamento da DH é sintomático, pois não existe um tratamento efetivo; para os movimentos


coreicos, geralmente utilizam-se antipsicóticos típicos, como haloperidol, ou atípicos, como
risperidona e olanzapina; a tetrabenaniza, que tem ação depletora dopaminérgica pré-sinática,
também pode ser útil;
 Os distúrbios psicóticos também podem responder com os neurolépitcos; alguns efeitos colatais,
como a piora da rigidez ou de outros sinais parkinsonianos e distonia, podem ocorrer durante o
tratamento;
 Até agora, não existe qualquer tratamento eficaz para a demência associada à DH; a disfunção
neuropsicológica piora com a progressão da doença;

CONTROLE MOTOR PELOS NÚCLEOS DA BASE

 Os núcleos da base recebem informações diretamente do córtex cerebral;


 A principal ação dos gânglios da base se dá nas áreas motoras do córtex por meio do tálamo; além
disso, os núcleos da base contribuem para as funções afetivas e cognitivas;
 Os neurônios do estriado (núcleo caudado mais putâmen) começam a disparar antes que ocorra o
movimento, isto é, ajudam a selecionar o movimento que deve ser feito; a atividade no putâmen está
associada à ocorrência de movimentos do corpo, enquanto a atividade do núcleo caudado está
relacionada aos movimentos oculares;
 Com exceção das regiões do córtices visual e auditivo primários, a maioria das regiões do córtex
cerebral se projetam para o estriado;
 O estriado, então, influencia os neurônios dos núcleos talâmicos VA (ventral anterior) e VL (ventral
lateral) por duas vias, direta e indireta; os neurônios talâmicos, por sua vez, excitam as áreas motoras
do córtex cerebral;
 Via Direta: acentuação da atividade motora é ação da vida direta dos núcleos da base para as
áreas motoras do córtex;
 Nessa via, o estriado se projeta para o segmento interno do globo pálido (e a parte
reticulada da substância negra); essa projeção é inibitória e o GABA é o principal
transmissor; o segmento interno do globo pálido se projeta para os núcleos talâmicos VA
e VL; essas conexões também usam o GABA e são inibidoras;
 Os núcleos VA e VL emitem conexões excitatórias para os córtices pré-frontal, pré-motor
e suplementar; essas informações para o córtex influenciam o planejamento motor e
também afetam a descarga de neurônios corticoespinais e corticobulbares;
 A via direta para funcionar da seguinte maneira: neurônios do estriado apresentam pouca
atividade basal, mas durante os movimentos são ativados pelos impulsos do córtex; em
contraste, os neurônios do segmento interno do pálido apresentam alto nível de atividade
basal; quando o estriado é ativado, suas projeções inibitórias para o globo pálido
diminuem a atividade dos neurônios do pálido; entretanto, esses neurônios do pálido são

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inibitórios e normalmente produzem inibição tônica dos neurônios dos núcleos VA e VL


do tálamo; consequentemente, a ativação do estriado leva à desinibição dos neurônios
desses núcleos; assim, a desinibição excita esses neurônios e consequentemente os
neurônios-alvo nas áreas motoras do córtex cerebral.
 Via Indireta: redução da atividade dos neurônios nas áreas motoras;
 Envolve conexões inibitórias do estriado com os segmentos externos do globo pálido que, por
sua vez, manda projeção inibidora para o núcleo subtalâmico e o segmento interno do globo
pálido; o núcleo subtalâmico envia projeção excitatória de volta para o segmento interno do
globo pálido;
 Nessa via, os neurônios do segmento externo do globo pálido são inibidos pelo GABA
liberado pelos terminais estriados no globo pálido; o segmento externo do globo pálido libera
GABA no núcleo subtalâmico, que normalmente estão ativos e excitam os neurônios do
segmento interno do globo pálido ao liberar glutamato; tal neurotransmissor excita os
neurônios do segmento interno do globo pálido e, consequentemente, ativa projeções
inibidoras que afetam os núcleos talâmicos VA e VL; assim;
 As vias direta e indireta têm ações opostas; aumento da atividade de qualquer uma delas pode
levar à perda do balanceamento do controle motor por meio da alteração de saída de
informações do córtex.
 A DH leva à perda dos neurônios GABAérgicos e colinérgicos do estriado (e, também, degeneração
do córtex cerebral, resultando em demência);
 A perda da inibição do segmento externo do globo pálido leva à redução da atividade dos
neurônios do núcleo subtalâmico; consequentemente, a excitação dos neurônios do segmento
interno do globo pálido seria reduzida;
 Isso causa a desinibição dos neurônios nos núcleos VA e VL; o aumento resultante da
atividade dos neurônios das áreas motoras do córtex cerebral pode ajudar a explicar os
movimentos coreiformes da DH.

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SISTEMA VESTIBULAR
 Componente essencial na produção de respostas motoras que são cruciais para a função cotidiana e a
sobrevivência;
 Divisão didática:
1. Aparelho receptor periférico: situa-se no ouvido e é responsável pela transdução de movimento e
posição da cabeça em informação neural;
2. Núcleos vestibulares: compreendem um conjunto de neurônios no tronco encefálico que
recebem, integra e distribuem informações que controlam atividades motoras como os
movimentos oculares e da cabeça, reflexos posturais e reflexos autonômicos dependentes da
gravidade e orientação espacial;
3. Rede vestíbulo-ocular: origina-se dos núcleos vestibulares e está envolvida no controle dos
movimentos oculares;
4. Rede vestibuloespinal: coordena movimentos da cabeça, a musculatura axial e reflexos posturais;
5. Rede vestíbulo-talamocortical: responsável pela percepção consciente do movimento e pela
orientação espacial.
 Se um componente do sistema vestibular é excessivamente ativo ou anormalmente silencioso, o
encéfalo recebe informações inapropriadas de aceleração e os reflexos dependentes da integridade do
funcionamento vestibular falham.
LABIRINTO VESTIBULAR PERIFÉRICO

 Possui receptores sensoriais especializados e está localizado lateral e posteriormente à cóclea no


ouvido interno;
 Consiste em cinco estruturas de receptores separados, três canais semicirculares e dois órgãos de
otólitos, contidos na parte petrosa do o. temporal;
 O labirinto ósseo é uma concha que contém e protege as sensíveis estruturas vestibulares sensoriais
subjacentes;
 Dentro do labirinto ósseo, há o labirinto membranoso, um sistema fechado e cheio de líquido
(tubos de conexão e proeminências); nele estão localizados os receptores vestibulares;
 Entre os labirintos membranoso e ósseo há um espaço contendo perilinfa, líquido semelhante ao
cefalorraquidiano, que possui alta concentração de sódio e baixa de potássio;
 O labirinto membranoso, por sua vez, é preenchido por endolinfa, líquido que cobre os receptores
sensoriais especializados dos sistemas vestibular e auditivo; tal líquido possui alta concentração
de potássio e baixa de sódio (importante para a homeostase do sistema vestibular; desequilíbrios
costumam levar a patologias), resultado da ação de bombas trocadoras de íons.
 Espaços endolinfáticos estão também conectados à escala coclear média (aparelho
auditivo) através do ductus reuniens.
 Órgãos receptores vestibulares:
 Canais semicirculares (horizontal, anterior e posterior): transduzem movimentos rotacionais da
cabeça – acelerações angulares, desencadeando alteração do controle postural e de orientação da
cabeça, reflexos dos movimentos oculares, alterações autônomas (náuseas, vômitos), alterações
de consciência (tonturas) e conscientização da orientação da cabeça; tubos aproximadamente
semicirculares de labirinto membranoso que se estendem a partir do utrículo; - termo canal é
errôneo, uma vez que se trata de um túbulo fechado;
 Órgãos dos otólitos (utrículo e sáculo): respondem aos movimentos translacionais da cabeça
(acelerações lineares) ou à orientação da cabeça em relação à gravidade; são os mais simples do
labirinto, consistindo cada um de uma bolsa ovoide de labirinto membranoso;
 O canal semicircular e o utrículo situam-se num plano levemente inclinado ântero-dorsalmente
em relação ao plano naso-occipital; quando uma pessoa anda ou corre, a cabeça normalmente
declina aproximadamente 30 graus, de modo que os planos do canal horizontal e do utrículo
estejam paralelos com a terra e perpendiculares à gravidade;
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 As células receptoras em cada órgão vestibular são inervadas por fibras aferentes primárias que
se unem às da cóclea para compor o nervo vestibulococlear (VIII); os pericários desses neurônios
aferentes vestibulares bipolares estão no gânglio vestibular (gânglio de Scarpa), que está no
meato acústico interno; os processos centrais dessas células entram no tronco encefálico e
termina nos núcleos vestibulares ipsilaterais e cerebelo;
 Irrigação para o labirinto se faz por meio das artérias labiríntica e estilomastoidea; interrupção da
irrigação comprometerá a função vestibular, acarretando vertigem, oscilopsia (sensação de que os
objetos estão se movimento para frente e para trás – movimento de arremesso –, oscilando nos
campos visuais), nistagmo, marcha instável.
 Labirinto Membranoso: sustentado por tecido conectivo; os três ductos dos canais semicirculares se
ligam ao utrículo, e cada ducto termina com um alargamento proeminente, a ampola;
 Os receptores sensoriais para os canais semicirculares situam-se em um neuroepitélio na base de
cada ampola;
 A endolinfa no labirinto é drenada para o seio endolinfático através de pequenos ductos, por sua
vez, este seio de comunica com o saco endolinfático, adjacente à dura-máter.
RECEPTORES SENSORIAS VESTIBULARES

 Morfologia das células ciliadas:


 Cada célula ciliada contém 60 a 100 estereocílios dispostos hexagonalmente e um único cinocílio
mais longo;
 Os estereocílios são orientados em fileiras com altura ascendente, ficando mais alto mais
próximos do cinocílio único; originam-se de uma região de actina densa, a placa cuticular
– mola elástica que retorna os estereocílios após curvatura –, localizada na extremidade
apical da célula ciliada; cada estereocílio está ligado ao seu vizinho por pequenos
filamentos.
 Há dois tipos de células ciliadas:
 Tipo I: possuem forma de cálice e tipicamente são cercadas por uma terminação aferente
que forma um cálice nervoso;
 Tipo II: cilíndricas e inervadas por botões sinápticos simples;
 Ambos os tipos de células ciliadas recebem sinapses de fibras eferentes vestibulares que
controlam a sensibilidade do receptor; tais fibras contêm acetilcolina e peptídeo associado
ao gente na calcitonina como neurotransmissores; seus corpos celulares [das fibras] estão
localizados no tronco encefálico imediatamente rostrais aos núcleos vestibulares –
ativados por estímulos de alerta comportamental ou estimulação trigeminal.
 Dentro de cada ampola, as células ciliadas e suas células de sustentação ficam imersas numa
aresta neuroepitelial em forma de sela (crista), que se estende pela base da ampola; células
ciliadas tipo I se concentram nas regiões centrais da crista, e as células tipo II nas áreas
periféricas;
 Originando-se na crista e envolvendo completamente os estereocílios das células ciliadas há uma
estrutura gelatinosa, a cúpula; esta se fixa ao teto e às paredes da ampola, formando uma partição
completamente preenchida de líquido;
 Movimentos rotacionais da cabeça produzem acelerações angulares que fazem com que a
endolinfa, nos ductos membranosos, seja deslocada, empurrando a cúpula de um lado ou
outro, como a pele de um tambor; com isso, ocorre deslocamento dos estereocílios (e
cinocílio) das células ciliadas na mesma direção.
 Para os órgãos otolíticos, a mácula é análoga à crista; os estereocílios das células ciliadas dos
órgãos otolíticos se estendem dentro de um revestimento gelatinoso chamado membrana
otolítica, coberto por cristais de carbonato de cálcio chamados otocônias (em grego, pedras da
orelha); tais cristais não são deslocados por movimentos normais da endolinfa, mas sim por
alterações de posição da cabeça com relação à gravidade ou acelerações lineares (para frente e

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para trás, para cima e para baixo), resultando em curvatura dos estereocílios das células ciliadas
subjacentes.

 Transdução das células ciliadas:


 Movimentos dos estereocílios em direção ao cinocílio fazem com que as membranas celulares se
despolarizem, o que resulta em aumento da taxa de descarga nas fibras aferentes vestibulares;
 Acarreta abertura dos canais de potássio nas partes apicais dos estereocílios;
 O K+ entra na célula a partir da endolinfa, despolarizando a membrana celular, o que por
sua vez induz à abertura de canais de Ca2+ voltagem-dependentes na base das células,
permitindo influxo destes íons;
 O influxo de Ca2+ determina a liberação de neurotransmissores (aspartato ou glutamato)
pelas vesículas sinápticas nas fendas sinápticas e as fibras aferentes responsam passando
por despolarização e aumentando sua taxa de descarga;
 Com o desaparecimento do estímulo, os estereocílios e os cinocílios retornam à sua
posição de repouso, permitindo fechamento dos canais de cálcio e abertura dos canais de
potássio dependentes de voltagem na base da célula; ocorre efluxo de K+ e retorno da
membrana ao seu potencial de repouso.
 Movimentos dos estereocílios em direção oposta ao cinocílio acarretam hiperpolarização das
membranas celulares, o que resulta em diminuição da taxa de descargas aferentes;
 Ocorre abertura dos canais de potássio nas partes basolaterais da célula ciliada,
permitindo efluxo de K+ para o espaço intersticial;
 Hiperpolarização da membrana diminui a taxa de liberação do neurotransmissor e para
tanto a taxa de descarga nas fibras aferentes.
 Os mecanismos subjacentes à despolarização e hiperpolarização das células ciliadas vestibulares
dependem, respectivamente, do caráter rico em K+ da endolinfa e do caráter pobre em K+ da
perilinfa que banha as partes basais e laterais das células ciliadas.

 Polarização morfológica das células ciliadas:


 Nas cristas do canal semicircular horizontal, as células ciliadas estão dispostas com seu cinocílio
no lado mais próximo do utrículo; deste modo, o movimento da enfolinfa em direção à ampola,
no canal horizontal, faz com que os estereocílios sejam defletidos em direção ao cinocílio –
despolarização;
 Nos canais semicirculares verticais, as células ciliadas ficam dispostas com seus cinocílios no
lado mais afastado do utrículo (mais próximo do ducto endolinfático); deste modo, as células
ciliadas dos canais verticais são hiperpolarizadas pelo movimento da endolinfa em direção à
ampola; e despolarizadas no movimento contrário;
 Tanto no utrículo como no sáculo, a membrana dos otólitos que fica sobre as células ciliadas
contém uma pequena depressão curva (estríola), que parcialmente secciona a mácula subjacente;
 As células ciliadas na mácula utricular são polarizadas de tal modo que o cinocílio sempre
esteja no lado em direção à estríola, o que separa os receptores em dois grupos opostos;
 Os cinocílios das células ciliadas saculares são orientados para o lado que se afasta da
estríola; como a estríola faz uma curva através da mácula, as células ciliadas dos otólitos
são polarizadas em muitas direções diferentes; para tanto, as células ciliadas utriculares e
saculares são direcionalmente sensíveis a uma ampla gama de posições da cabela e de
movimentos linares.

CANAIS SEMICIRCULARES E ÓRGÃOS DE OTÓLITOS

 Função dos canais semicirculares:

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 As células ciliadas dos canais semicirculares complementares esquerdo e direito são opostamente
polarizadas;
 Ex: quando a cabeça se volta para a esquerda, os estereocílios do lado esquerdo são
defletidos em direção aos seus cinocílios, resultando em aumento da taxa de descarga
aferente do oitavo nervo no lado esquerdo; simultaneamente, as células ciliadas na
ampola do canal horizontal direito são hiperpolarizadas, de modo que suas aferências
demonstrem diminuição da taxa de descarga;
 Os canais semicirculares direito e esquerdo de cada par funcional sempre respondem
opostamente a qualquer movimento da cabeça que os afete; conceito de “puxa-empurra”
da função vestibular, que afirma que a sensibilidade direcional ao movimento da cabeça é
codificada por sinais de receptores opostos;
 Devido às conexões comissurais, os neurônios dos núcleos vestibulares (atuam como
unidades comparadoras) recebem informações de receptores em ambos os lados da
cabeça, interpretando a rotação da cabeça com base nas taxas relativas de descarga das
aferências dos canais esquerdo e direito; tal padrão de conexões aumenta a sensibilidade
do sistema, permitindo a este a detecção de pequenas diferenças nas taxas de descarga;
 No caso dos canais verticais, ocorrem respostas opostas de puxa-empurra entre o canal
semicircular anterior em um ouvido e o canal semicircular posterior no ouvido oposto;
 Lesão do oitavo nervo, como a produzida por um tumor do glomo ou schwannoma
vestibular, pode reduzir a frequência dos impulsos nas fibras aferentes ipsilaterais ou
bloquear completamente sua transmissão de impulsos; assim, as unidades comparadoras
dos núcleos vestibulares receberão constantemente uma frequência mais alta de impulsos
do lado impacto, o que será interpretado como rotação da cabeça afastando-se do lado da
lesão.

 Função dos órgãos de otólitos:


 Células ciliadas dos receptores nas máculas são sensíveis à aceleração linear e à inclinação da
cabeça; quando a cabeça é movida com respeito à gravidade (rolada – movimentos de lado a
lado; ou arremessada), os cristais das otocônias são deslocados, o que muda o revestimento
gelatinoso subjacente nas másculas e produz deflexão dos estereocílios nas células ciliadas;
 Como a estríola é curva, somente certos grupos de células serão afetados por uma direção
específica de inclinação da cabeça ou aceleração linear.
NÚCLEOS VESTIBULARES

 A informação neural carregada pelas fibras aferentes vestibulares é transmitida aos quatro núcleos
vestibulares, que se situam no bulbo rostral e na ponte caudal;
 O núcleo vestibular superior situa-se súpero-lateralmente na parte central da ponte e é limitado
pelo corpo restiforme (grande cristal localizada na face dorsolateral do bulbo ao nível do óbex;
contém fibras que se originam principalmente da m. espinal e do bulbo) e pelo quarto ventrículo;
 O núcleo vestibular medial situa-se no assoalho lateral do quatro ventrículo na maior parte de sua
extensão rostrocaudal;
 O núcleo vestibular lateral situa-se lateralmente ao núcleo vestibular medial e contém alguns
grandes neurônios conhecidos como células de Deiters.
 O núcleo vestibular inferior (ou descendente) situa-se lateralmente ao núcleo vestibular medial e
se estende por grande parte do bulbo;
 O processamento das informações de posição e movimento para controle dos reflexos visuais e
posturais ocorre, em grande parte, nos núcleos vestibulares; consequentemente, os principais
alvos para eferentes dos núcleos vestibulares incluem os núcleos oculomotores, o vestíbulo-
cerebelo, os núcleos vestibulares contralaterais, a m. espinal, a formação reticular e o tálamo.
 Aferências vestibulares:

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 Fibras aferentes primárias vestibulares entram no tronco encefálico na junção pontobulbar, então
atravessam o corpo restiforme e depois se bifurcam em ramos ascendente e descendente;
 As fibras aferentes dos canais semicirculares se projetam primariamente para os núcleos
vestibulares superior e medial, embora aferências menores também cheguem aos núcleos
vestibulares lateral e inferior;
 Os órgãos de otólitos se projetam primariamente aos núcleos vestibulares lateral, medial e
inferior; as aferências saculares também se projetam para um grupo de células que excita
neurônios no núcleo oculomotor contralateral e influencia movimentos oculares verticais.
 As terminações das fibras aferentes vestibulares nos neurônios dos núcleos vestibulares é
altamente organizada;
 Neurônios centrais individuais nos núcleos vestibulares superior e medial parecem
receber informações de receptores de otólitos e de um par de canais semicirculares
(horizontal ou vertical);
 Neurônios vestibulares nos núcleos lateral e inferior recebem informações principalmente
de vários pares de canais e receptores de otólitos;
 Em decorrência de suas entradas, os neurônios nos núcleos vestibulares podem codificar
ambos os componentes angulares e lineares dos movimentos da cabeça, distribuindo
informações sobre a direção e velocidade do movimento da cabeça, bem como sobre a
posição da cabeça com relação à gravida, para diversas regiões do cérebro.

 Conexões cerebelares:
 O labirinto vestibular é o único órgão sensorial no corpo que envia projeções aferentes primárias
para o córtex e os núcleos cerebelares; estas fibras vestibulocerebelares primárias fazem um
trajeto através do corpo justarrestiforme (localizado na parede do IV ventrículo; suas fibras
formam conexões recíprocas entre o cerebelo e o sistema vestibular), a menor parte medial do
pedúnculo cerebelar inferior;
 Tais fibras enviam colaterais para o núcleo denteado e terminam como fibras musgosas
no nódulo, na úvula e talvez no flóculo;
 Neurônios em todos os quatro núcleos vestibulares também enviam axônios para o
cerebelo como projeções vestibulocerebelares secundárias, que terminam em diversas
áreas cerebelares.
 O cerebelo forma conexões recíprocas com os núcleos vestibulares; a projeção
cerebelovestibular inclui axônios das células de Purkinje (fibras corticovestibulares cerebelares –
inibitórias; GABA) de nódulo, flóculo, além de projeções do núcleo fastigial (fibras
fastigiovestibulares – excitatórias; glutamato ou aspartato).

 Conexões Comissurais:
 Fibras vestibulovestibulares comissurais originam-se de todos os núcleos vestibulares, mas
parecem ser mais proeminentes no superior e no medial; proporcionam vias pelas quais podem
ser comparadas informações de pares de canais semicirculares correspondentes e órgãos de
otólitos;
 Compensação vestibular: processo pelo qual reflexos e controle postural estão comprometidos
em decorrência de perda unilateral da função receptora vestibular e são restaurados gradualmente
por meio de ajuste central.

 Outras conexões aferentes:


 Fibras espinovestibulares originam-se da m. espinal e fornecem entrada proprioceptiva
primariamente para os núcleos vestibulares medial e lateral;
 As informações referentes ao movimento da cabeça no mundo visual também chegam aos
neurônios dos núcleos vestibulares através do sistema óptico acessório;

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 Neurônios dos núcleos vestibulares também recebem informações da formação reticular


referentes à propriocepção, que são retransmitidas.
 Outras conexões eferentes:
 Axônios originados das células dos núcleos vestibulares medial e inferior projetam-se para o
trato solitário, onde se acredita que sejam controladas alterações da respiração e da circulação
mediadas pela função vestibular, as quais ocorrem com alterações da postura.

REDE VESTÍBULO-OCULAR

 Uma das funções primárias da resposta vestibular é a estabilização da cabeça no espaço;


 O sistema vestibular proporciona a capacidade de manter fixo o olhar quando se está em movimento
por desencadear movimentos oculares compensatórios através de uma rede de conexões neurais; tais
movimentos são compensatórios porque são iguais em magnitude e opostos em direção ao
movimento de cabeça percebido pelo sistema vestibular;
 Após o uso contínuo de lentes oculares durante uma semana, o reflexo vestíbulo-ocular torna-se
impressionantemente efetivo na estabilização da imagem porque a resposta reflexa moldou-se de
forma adequada (reflexo adaptatito);
 O reflexo vestíbulo-ocular ocorre em qualquer direção ou velocidade de movimento de cabeça, quer
seja o movimento rotacional, linear ou uma combinação de ambos; permite a manutenção da fixação
dos olhos mesmo com a ocorrência de mudança de posição da cabeça;
 Reflexo Vestíbulo-ocular Rotacional:
 Há três tipos de movimentos oculares induzidos por rotação: horizontal, vertical e torcional;
cada um dos seis pares de músculos oculares precisa ser controlado em uníssono para
produzir a resposta apropriada;
 Os canais semicirculares verticais e o sáculo são responsáveis pelo controle dos movimentos
oculares verticais, enquanto os canais horizontais e o utrículo controlam os movimentos
horizontais; já os movimentos torcionais são controlados pelos c. semicirculares verticais e
pelo utrículo.
 Ex: RVOHorizontal – durante uma rotação de cabeça para a esquerda, sinais
excitatórios de aferentes do c. sem. horiz. esquerdo aumentam a taxa de descargas
neuronais nos neurônios dos núcleos vestibulares esquerdos; ao mesmo tempo,
diminuem os sinais inibitórios dos núcleos vestibulares direito via neurônios
comissurais; os neurônios nos núcleos vestibulares esquerdos então excitam ambos os
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neurônios e interneurônios motores do abducente contralateral, que por sua vez,


produzem contração no m. reto lateral direito e no reto medial esquerdo; o movimento
ocular para a direita resultante mantém o objeto de interesse no foco da visão.

 Reflexo Vestíbulo-ocular Linear:


 Envolve conexões com conjuntos de neurônios motores extra-oculares semelhantes aos descritos
previamente para o RFORotacional; por exemplo, movimentos da cabeça de um lado para o
outro resultam num movimento ocular horizontal numa direção oposta ao movimento da cabeça
– durante caminhadas ou corridas, deslocamentos verticais do corpo desencadeiam movimentos
oculares verticais em direções opostas para estabilizar o olhar;
 Quando a cabeça move-se lateralmente, a imagem de um objeto próximo move-se mais
rapidamente na retina do que a imagem de um objeto mais distante (ex: paisagem lateral de um
carro em movimento); quanto mais distante o objeto, menor o movimento ocular – o que não
ocorre no RVO rotacional, pois este independe da distância visual;

 Nistagmo fisiológico: ocorre com grandes rotações da cabeça; inicialmente, o reflexo vestíbulo-
ocular posiciona os olhos lentamente na direção oposta à do movimento da cabeça (fase lenta);
quando o olho chega no limite da distância a percorrer na órbita, volta rapidamente a uma posição
central, movendo-se na mesma direção que a da cabeça (fase rápida); combinação de fases lentas e
rápidas é o nistagmo fisiológico;
 Reflexo opto-cinético: segundo mecanismo pelo qual há estabilização da cena visual na retina; é
ativado por movimentos da cena visual, sejam eles causados por próprios movimentos da cabeça ou
da cena; responde muito lentamente à movimentação da imagem e desenvolve-se com lentidão de
forma a fornecer um sinal de movimento que assuma o controle e acarrete a diminuição da atividade
vestibular;
 Células ganglionares de direção seletiva, sensíveis ao movimento (aferentes), transportam a
informação visual para os núcleos do trato óptico e núcleos ópticos acessórios; conexões
eferentes para os núcleos oculomotor, abudcente e vestibulares, permitem a integração com o
RVO; existem vias para diversos núcleos pré-cerebelares, como a oliva inferior e os núcleos
basais da ponte, que formam alça passando pelo flóculo e retornam para os núcleos vestibulares;
concluindo, há contrarrotação apropriada dos olhos.

REDE VESTIBULOESPINAL

 Influencia o tônus muscular e produz ajustes reflexos da postura da cabeça e do corpo por meio das
duas vias descendentes principais para a m. espinal, trato vestibuloespinal lateral e o trato
vestibuloespinal medial;
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 Trato Vestibuloespinal Lateral (TVEL):


 Origina-se primariamente de neurônios dos núcleos vestibulares lateral e inferior e projeta-se
para todos os níveis da m. espinal ipsilateral (projeção topograficamente organizada); termina
diretamente nos neurônios motores alfa e gama e nos interneurônios das lâminas VII à IX de
Rexed;
 Trato Vestibuloespinal Medial (TVEM):
 Origina-se primariamente no núcleo vestibular medial, recebendo aferências dos receptores
vestibulares e do cerebelo, bem como informações somatossensoriais da m. espinal; termina nos
neurônios motores flexores e extensores do pescoço;
 Ex: se uma pessoa cair para frente, os neurônios do TVEM receberão sinais do sáculo sobre a
aceleração linear, sinais do utrículo e do sáculo sobre a mudança de posição da cabeça
relativamente à gravidade e sinais dos canais semicirculares verticais sobre a aceleração
rotacional para frente; os neurônios do TVEM processam estas informações e transmitem sinais
excitatórios aos mm. flexores cervicais dorsais e inibitórios aos mm. extensores anteriores do
pescoço; o resultado é um movimento do pescoço para cima, para proteger a cabeça do impacto.
REDE VESTÍBULO-TALAMOCORTICAL

 Percepções cognitivas de movimento e orientação espacial se originam através da convergência de


informações dos sistemas vestibular, visual e somatossensorial no nível talamocortical;
 Tálamo Vestibular: neurônios dos núcleos vestibulares se projetam para duas áreas talâmicas,
localizadas no VPL e no VPI (ventral póstero-inferior) – primeira; e perto do corpo geniculado
medial – segunda.
 Córtex Vestibular: duas áreas corticais respondem à estimulação vestibular, 2v (base do sulco
intrapaerietal; também recebe aferências visuais e proprioceptivas) e 3ª (base do sulco central,
adjacente ao córtex motor; também recebe aferências do sistema somatossensorial).

FUNÇÃO DO VESTIBULOCEREBELO EM ASSOCIAÇÃO DO TRONCO CEREBRAL E M. ESPINAL PARA CONTROLAR O


EQUILÍBRIO E OS MOVIMENTOS POSTURAIS

 O vestibulocerebelo (arquicerebelo) se origina mais ou menos ao mesmo tempo em que se


desenvolve o aparelho vestibular interno;
 O vestibulocerebelo é importante para controlar o balanço, entre contrações musculares de agonistas
e antagonistas da coluna, quadris e ombros, durante alterações rápidas das posições corporais;
calcula antecipadamente, a partir de velocidades e direções, onde as diferentes partes do corpo
estarão durante os próximos milissegundos; tais resultados são a chave para a progressão do cérebro
para o próximo movimento sequencial;
 Miles e Lisberger concluíram que os neurônios do tronco encefálico recipientes das células de
Purkinje são o sítio de aprendizagem adaptativa e que o cerebelo constrói o sinal que proporciona
parâmetros para a adaptação.
DOENÇA DE MENIÈRE

 Caracteriza-se por vertigem intermitente, flutuante, com crises que podem durar de minutos a horas,
variando de moderada a debilitante em severidade;
 Os sintomas comumente são acompanhados por ruído e perda auditiva, indicando que o aparato
auditivo também está envolvido;
 Frequentemente afeta indivíduos de meia-idade e é geralmente unilateral;
 Em casos extremos, faz-se necessária a remoção do labirinto afetado ou destruição das células
ciliadas vestibulares;
 Histopatologia sugere que as crises são desencadeadas por drenagem insuficiente da endolinfa, que
normalmente sai do labirinto pelo ducto endolinfático e é reabsorvida para o líquido
cefalorraquidiano no saco endolinfático.
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SISTEMA LÍMBICO
 Engloba dois níveis de organização estrutural e funcional:
 O primeiro nível consiste em estruturas corticais na borda mais medial (o limbo do hemisfério);
tais estruturas foram o lobo límbico (começando imediatamente anterior à lâmina terminal e
prosseguindo caudalmente, as áreas são a subcalosa, o giro do cíngulo, o istmo do giro do
cíngulo, o giro para-hipocampanal, úncus e a formação hipocampal);
 O segundo nível inclui estruturas do núcleo límbico e vários núcleos subcorticais que formam
coletivamente o sistema límbico; os núcleos incluídos são, entre outros, os núcleos septais e o
núcleo accumbens, vários núcleos do hipotálamo (especialmente os associados ao corpo
mamilar), os núcleos do complexo amigdaloide e substância inominada adjacente, e partes do
tálamo dorsal, particularmente os núcleos anterior e dorsomedial;
 Estruturas adicionais conectadas com o sistema límbico incluem os núcleos habenulares,
área tegmental ventral e substância cinzenta periaquedutal; além disso, o córtex pré-
frontal é considerado componente do sistema límbico, principalmente devido à sua
potencial influência sobre várias outras partes corticais e subcorticais do sistema (alvos
incluem o giro do cíngulo, hipotálamo, tálamo dorsal, complexo amigdaloide, núcleos
mesencefálicos).
 Os feixes de fibras eferentes principais do sistema límbico são o fórnix, a estria terminal e a via
amigdalo-fugal ventral (ambas são principalmente aferentes do complexo amigadaloide) e o trato
mamilotalâmico(eferentes do núcleo mamilar medial).

DEFINIÇÕES CITOARQUITETÔNICAS DO CÓRTEX LÍMBICO

 A maior parte do córtex cerebral (mais de 90%) tem seis camadas celular e é chamada de
neocórtex(isocórtex; ex: córtices sensorial e motor primários e de associação); as regiões corticais
com menos de seis camadas e se associam estrutural e funcionalmente ao sistema límbico ou à
olfação são classificadas como alocórtex;
 As estruturas que possuem de 3 a 5 camadas celulares são chamadas de paleocórtex e são
representadas pelo córtex do giro para-hipocampal (córtex entorrinal), o úncus (córtex piriforme)
e o córtex sobreposto à terminação da estria olfatória lateral (tal estria situa-se diretamente
rostromedial ao córtex piriforme);
 Estruturas que têm apenas três camadas celulares são classificadas como arquicórtexe são
representadas pelo giro denteado e o hipocampo.

SUPRIMENTO SANGUÍNEO DO SISTEMA LÍMBICO

 Tal suprimento se origina de várias fontes; os principais vasos que servem a grande parte do sistema
límbico são as artérias cerebrais anterior e posterior, a artéria coroide anterior e os ramos
originados do polígono de Willis;
 A área subcalosa e as partes rostrais do giro cingulado são irrigadas por ramos da artéria cerebral
anterior ao fazerem alça em torno do joelho do corpo caloso; a maior parte do giro cingulado e seu
istmo recebe irrigação através da artéria pericalosa, um ramo da artéria cerebral anterior;
 Ramos temporais da artéria cerebral posterior irrigam o giro para-hipocampal; o úncus é servido
principalmente por artérias uncais, ramos da artéria cerebral média;
 A artéria coroide anterior geralmente se origina da artéria carótida interna e segue a trajetória do trato
óptico; em seu caminho, envia ramos para a fissura coroidal do corpo temporal do ventrículo lateral
(tal vaso serve ao plexo coroide do corno temporal, à formação hipocampal, a partes do complexo
amigdaloide e a estruturas adjacentes, como a cauda do núcleo caudado, a estria terminal, etc);
 Vasos que servem aos núcleos hipotalâmicos e que se associam funcionalmente ao sistema límbico
se originam do polígono de Willis;
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 Em geral, as áreas rostrais do hipotálamo são servidas pelos ramos da artéria comunicante anterior e
da artéria cerebral anterior; e as áreas posteriores, por ramos da artéria comunicante posterior e da
artéria cerebral posterior;
 O núcleo anterior do tálamo, importante estação sináptica do sistema límbico, é irrigado pelas
artérias talamoperfurantes, originadas da artéria cerebral posterior.

FORMAÇÃO HIPOCAMPAL

 Composta por subículo, hipocampo (hipocampo próprio ou corno de Ammon) e o giro denteado,
constituintes do alocórtex de Brodman;
 O subículo é lateralmente contínuo com o córtex do giro para-hipocampan e a área do
perialcórtex; medialmente, a borda da formação hipocampal é formad pelo giro denteado e a
fímbria do hipocampo.
 Estrutura:
 O subículo da formação hipocampal é a área de transição entre o hipocampo com três camadas
(arquicórtex), e o córtex entorrinal de cinco camadas (paleocórtex);
 Embora pequena, tal zona é área essencial para o fluxo de informações para a formação
hipocampal.
 O giro denteado e o hipocampo são compostos, por três camadas (externa – camada molecular,
contém axônios aferentes e dendritos de células intrínsecas a cada estrutura; média – camada de
células granular no giro denteado, e camada piramidal no hipocampo, contêm os neurônios
eferentes de cada estrutura; interna – camada polimórfica, contém os axônios de células
granulares e piramidais e muitos elementos gliais, além de conter célula piramidais duplas
(estendem-se em ambas as camadas, molecular e polimórfica);
 A parte mais interna do hipocampo faz limite na parede do ventrículo lateral e é uma
camada de axônios mielinizados originada dos corpos celulares localizados no subículo e
no hipocampo; tal camada é chamada de alveus, contínua com a fímbria do hipocampo,
que por sua vez torna-se o fórnix;
 O hipocampo pode ser dividido em quatro regiões; estas áreas são designadas CA1 a
CA4, onde CA é de corno de Ammon; a área CA1 localiza-se na interface subículo-
hipocampo; a área CA2 e a área CA3 estão localizadas no hipocampo; a área CA4 está
localizada na junção do hipocampo com o giro denteado.
 Fibras Aferentes:
 A principal aferência para a formação hipocampal é das células do córtex entorrinal através de
uma projeção difusa chamada de via perfurante; a maioria das fibras de tal via termina na
camada molecular do giro denteado, embora algumas terminem no subículo e no hipocampo; as
células granulares do giro denteado se projetam para a camada molecular da região CA3 do
hipocampo; tais neurônios se projetam em CA1 do hipocampo, que dá entrada para o subículo;
 O subículo também recebe uma projeção modesta do complexo amigdaloide;
 Embora o fórnix seja principalmente uma via eferente do hipocampo, também carrega projeções
septo-hipocampais colinérgicas para a formação hipocampal e córtex entorrinal.
 Fibras Eferentes:
 O fluxo de saída da formação hipocampal origina-se primariamente de células do subículo e em
menor grau de células piramidais do hipocampo; em ambos os casos, tais axônios entram no
alveus, formam a fímbria do hipocampo e depois continuam como fórnix; essas fibras
glutamatérgicas atravessam toda a extensão do fórnix, embora algumas atravessem a linha média
na decussaçãohipocampal em posição imediatamente anterior ao esplênio do corpo caloso;
 Ao nível da comissura anterior, o fórnix se divide em partes pós-comissural e pré-comissural;

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 As fibras que se originam no subículo formam principalmente o fórnix pós-comissural; a


maioria destas termina no núcleo mamilar medial, embora algumas entrem no núcleo
ventromedial do hipotálamo e no núcleo anterior do tálamo dorsal;
 O fórnixpré-comissural é formado por fibras que se organizam um tanto difusamente e se
distribuem aos núcleos septais, às áreas mediais do córtex frontal, aos núcleos pré-óptico
e anterior do hipotálamo e ao núcleo accumbens.
 O Circuito de Papez é uma projeção primariamente do subículo para o núcleo mamilar medial
através do fórnix pós-comissural;
 O circuito completa-se pelas seguintes conexões:
I. Trato mamilotalâmico, que conecta o núcleo mamilar medial ao núcleo anterior do
tálamo;
II. Fibras talamocorticais do núcleo anterior para expansões amplas do córtex do giro
cingulado;
III. Projeções do córtex cingulado, através do cíngulo, para o córtex entorrinal e também
diretamente para o subículo e o hipocampo; o subículo faz retornar informações para o
corpo mamilar.

 Outras áreas do córtex cerebral são recrutadas para várias funções associadas ao circuito de
Papez, em grande parte através de conexões do giro cingulado; ex: o córtex cingulado recebe
aferências das áreas pré-motora e pré-frontal e de córtices de associação visual auditivo e
somatossensorial; por sua vez, o córtex cingulado também se projeta à maioria das áreas corticais
das quais recebe aferência; o giro cingulado, deste modo, não faz apenas parte do circuito de
Papez, mas também é um conduto importante pelo qual ampla variedade de informações pode
chegar ao sistema límbico.
COMPLEXO AMIGDALOIDE

 Estrutura: grupo em forma de amêndoa de células na parte rostromedial do lobo temporal na parte
interna do úncus; fica imediatamente rostral à formação hipocampal e à extremidade anterior do
corno temporal do ventrículo lateral;

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 É composto por muitos núcleos, agrupados num grupo basolateral maior e em um grupo
corticomedial menor;
 O segundo grupo está mais relacionado à olfação, enquanto o primeiro tem extensas
conexões com estruturas corticais;
 A aferência sensória de vários estados emocionais aprendidos, particularmente o medo e a
ansiedade, entra na amígdala através do grupo basolateral;
 Fibras Aferentes:
 Os grupos celulares basolaterais da amígdala recebem aferências do tálamo dorsal, do córtex pré-
frontal, dos giros cingulados e para-hipocampal, do lobo temporal e do córtex insular e do
subículo; essas fibras fornecem muitas informações somatossensoriais, visuais e viscerais ao
complexo amigdaloide;
 O grupo celular corticomedial recebe entradas olfatórias, fibras do hipotálamo (núcleo
ventromedial, área hipotalâmica lateral) e fibras dos núcleos dorsomedial e medial do tálamo
dorsal; este grupo celular recebe entradas ascendentes dos núcleos do tronco encefálicos
envolvidos nas funções viscerais (núcleos parabraquiais, núcleo do trato solitário e partes da
substância cinzenta periaquedutal).
 Fibras Eferentes:
 As duas principais vias eferentes do complexo amigdaloide são a estria terminal e a via
amigdalofugal ventral;
 A estria terminal é um pequeno feixe de fibras que se origina primariamente de células
do grupo corticomedial; através da maior parte de seu trajeto, este feixe se situa no sulco
entre o núcleo caudado e o tálamo dorsal, onde é acompanhado pela veia terminal; este
trato se distribui a vários núcleos do hipotálamo (núcleos pré-ópticos, ventromedial,
anterior e área hipotalâmica lateral) ao núcleo accumbens e aos núcleos septais e a áreas
rostrais do núcleo caudado e do putâmen;
 A via amigdalofugal ventral é o principal feixe de fibras eferentes do complexo
amigdaloide; tais fibras se originam do grupo celular basolateral e do núcleo central do
corticomedial;
 Os axônios, primariamente do grupo basolateral, atravessam medialmente a
substância inominada (em que algumas fibras terminam), fazendo sinapse
finalmente no hipotálamo e nos núcleos septais; a substância inominada dá origem
a uma projeção colinérgica difusa para o córtex cerebral (é provável que tais fibras
desempenhem papel na ativação do córtex cerebral em resposta a estímulos
significativos para o comportamento); também se projetam para os córtices
frontal, pré-frontal, cingulado, insular e temporal inferior;
 Fibras do núcleo central do grupo corticomedial se voltam em direção caudal e
descem difusamente no tronco encefálico, terminando em núcleos viscerais (motor
dorsal do vago), núcleos da rafe (magno, obscuro, pálido) e outras áreas, como o
loco ceruleus, os núcleos parabraquiais e a substância cinzenta periaquedutal.
 Outra via pela qual as eferênciashipocampais e amigdaloides influenciam o tronco encefálico
é através da estria medular do tálamo; tal feixe carrega fibras dos núcleos septais (alvos das
aferências amigdaloides e hipocampais) para os núcleos habenulares; os segundos grupos
celulares dão origem ao trato habênulo-interpeduncular, que se projeta ao núcleo
interpeduncular e a outros locais do mesencéfalo, incluindo a área tegmental ventral e a
substância cinzenta periaquedutal.

REGIÃO SEPTAL

 A região septal (núcleos septais), é uma pequena área imediatamente rostral à comissura anterior e na
parede medial do hemisfério; estes núcleos se estendem à base do septo pelúcido;

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 As principais vias aferentes para os núcleos septais incluem fibras do hipocampo (através do fórnix),
do complexo amigdaloide (através da estria terminal e vias amigdalofugais ventrais) e da área
tegmental ventral do mesencéfalo;
 As principais projeções eferentes dos núcleos septais são fibras septo-hipocampais (no fórnix),
projeções para os núcleos habenulares, os núcleos talâmicos mediais (através da estria medular do
tálamo) e a área tegmental ventral (através do feixe prosencefálico medial);
 Pensa-se que as fibras contendo dopamina, no feixe prosencefálico medial, estejam relacionadas
a percepções de prazer e redução de impulsos.

NÚCLEO ACCUMBENS

 Localizado no prosencéfalorostral e ventral, onde a cabeça do núcleo caudado e o putâmen são


contínuos;
 Recebe entradas do complexo amigaloide (primariamente através da via amigdalofugal ventral), da
formação hipocampal (através do fórnixpré-comissural) e de células da estria terminal;
 Recentes observações em humanos reforçam o conceito de que o núcleo accumbens é um local de
gratificação; estes pacientes mostram acentuada ligação de substâncias a células do núcleo;
 Fibras do núcleo accumbens para o globo pálido representam importante via através da qual o
sistema límbico pode ter acesso ao sistema motor.

SISTEMA LÍMBICO: EMOÇÕES E SENTIMENTOS

 As áreas do sistema límbico em geral são compostas por locais que funcionam alterando as emoções;
tais locais, frequentemente são chamados de centros de aversão ou centros de gratificação;
 Se for estimulado um centro de aversão, a pessoa apresentará medo ou pesar; por outro lado, a
estimulação de um centro de gratificação resultará em prazer; interconexões funcionais entre
ambos os centros provavelmente contribuem para a estabilidade emocional;
 Embora a maioria das estruturas límbicas contenha ambos os centros, em algumas um ou outro
tipo de centro parece predominar; ex: o hipocampo e a amígdala têm abundância de centros de
aversão, enquanto o núcleo accumbens contém abundância de centros de gratificação.
 Os sinais mais óbvios de ativação emocional envolvem alterações na atividade do SNA; dessa forma,
um aumento ou diminuição na frequência cardíaca, no fluxo sanguíneo cutâneo, piloereção, sudorese
e motilidade gastrintestinal, são sinais que podem acompanhar várias emoções;
 Expressões específicas de certas emoções produzidas voluntariamente podem determinar padrões
distintos de atividade neurovegetativa;
 Uma fonte de emoção (certamente, não a única) é a estimulação sensorial oriunda de músculos e
órgãos internos; essa entrada de sinais forma o ramo sensorial do circuito reflexo que permite rápidas
mudanças fisiológicas em resposta a condições alteradas;
 Integração do comportamento emocional:
 Bard sugeriu que, enquanto a experiência subjetiva da emoção pode depender de um córtex
cerebral intacto, a expressão de comportamentos emocionais coordenados não depende
necessariamente de processos corticais; enfatizou ainda que comportamentos emocionais são
muitas vezes direcionados para a autopreservação e que a importância funcional das emoções em
todos os mamíferos é compatível com o envolvimento de porções filogeneticamente mais antigas
do sistema nervoso;
 Os circuitos básicos para comportamentos organizados acompanhados por emoção encontram-se
no diencéfalo e em estruturas do tronco encefálico conectadas a ele;
 Os principais alvos do hipotálamo localizam-se na formação reticular, uma rede emaranhada de
células nervosas e fibras no centro do tronco encefálico; circuitos importantes na formação
reticular controlam a função cardiovascular, a respiração, a urina, o vômito e a deglutição;

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 Os neurônios reticulares recebem sinais do hipotálamo e enviam sinais para ambos os sistemas
efetores, somático e neurovegetativo, no tronco encefálico e m. espinal;
 Suas atividades, portanto, podem produzir amplas respostas motoras viscerais e somáticas,
algumas vezes envolvendo quase todos os órgãos do corpo.
 Além do hipotálamo, outras fontes de projeções descendentes do prosencéfalo à formação
reticular do tronco encefálico contribuem para a expressão do comportamento emocional; em
conjunto, esses centros adicionais no prosencéfalo são considerados parte do sistema límbico;
 As emoções atingem a consciência e funções cognitivas superiores afetam o comportamento
emocional;
 As regiões do córtex pré-frontal, amígdala, estruturas relacionadas no tálamo, hipotálamo e
estriado ventral, são especialmente importantes para a experiência e expressão da emoção; outras
partes do sistema límbico, como o hipocampo e os corpos mamilares do hipotálamo, não são
mais considerados centros neurais importantes para o processamento da emoção;
 A integração da carga afetiva aos processos cognitivos ocorre no complexo córtex orbitofrontal
(COF)/ córtex pré-frontal ventromedial (CPFVM); as impressões sensoriais convergem através
do COF para o CPFV, de onde a informação sintetizada é lavada às regiões responsáveis pela
tomada das decisões.

 A amígdala medeia processos neurais que atribuem significado emocional;


 Um dos mais úteis experimentos sobre a verificação de comportamentos emocionais é com base
nas respostas de medo condicionado em ratos; tal medo desenvolve-se quando um estímulo
inicialmente neutro é pareado repetidas vezes com um estímulo inerentemente aversivo; com o

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tempo, o animal começa a responder ao estímulo neutro com comportamentos semelhantes


àqueles produzidos pelo estímulo ameaçador;

 Trabalho do laboratório do pesquisador LeDoux determinou que projeções de um grupo central


de núcleos na amígdala para a formação reticular do mesencéfalo são decisivas para a expressão
do comportamento de congelamento e que outras projeções desse grupo para o hipotálamo
controlam o aumento na pressão sanguínea;
 Os resultados de tais experimentos levaram à hipótese mais ampla de que a amígdala particupa
no estabelecimento de associações entre estímulos sensoriais neutros (estímulos do ambiente
externo, estímulos internos originários da ativação de receptores sensoriais viscerais) e estímulos
com valor primário de reforço (estímulos inerentemente recompensadores – visão, aroma, sabor;
ou estímulos com valências negativas – sabor aversivo, sons altos, estimulação mecânica
dolorosa).

 Relação entre neocórtex e amígdala:


 A amígdala e suas interconexões com uma infinidade de áreas neocorticais no córtex pré-frontal
e no lobo temporal anterior, assim como diversas estruturas corticais, parecem ser especialmente
importantes no processamento superior da emoção;
 Além de suas conexões com o hipotálamo e com centros do tronco encefálico que regulam a
função motora e visceral, a amígdala apresenta conexões com diversas áreas corticais nos
aspectos orbital e medial do lobo frontal; tais campos associam informações de todas as

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modalidades sensoriais (incluindo informação sobre atividades viscerais) e podem, assim,


integrar uma variedade de sinais aferentes pertinentes à experiência momento a momento;
 Além disso, a amígdala projeta-se para o tálamo, que por sua vez projeta-se a essas mesmas áreas
corticais;
 Por fim, a amígdala também inerva neurônios nas porções ventrais dos núcleos da base, que
recebem as principais projeções corticoestriatais a partir de regiões do córtex pré-frontal, as quais
se acreditam estar envolvidas no processamento de emoções;
 É provável que as interações entre amígdala, neocórtex e circuitos subcorticais relacionados
sejam responsáveis por aquilo que corresponde aos sentimentos ou emoções propriamente ditas,
sensações subjetivas que integram a maioria dos estados emocionais;
 Quando pacientes veem fotografias de faces de medo ou alegria, a amígdala do lado esquerdo
apresenta resposta maior às expressões de medo que às de alegria;
 Uma vez que a amígdala recebe aferências do córtex temporal inferior e tem fortes conexões
com o sistema nervoso vegetativo, ela pode mediar respostas emocionais a estímulos visuais
mais complexos.
 A amígdala é necessária para um tipo de aprendizagem denominada condicionamento de
contexto, em que o animal aprende a aumentar seu contato com ambientes onde encontrou
estímulos essenciais para a sobrevivência e minimizar o contato com ambientes aversivos ou
perigosos;
 Evidências consideráveis sugerem que a amígdala, particularmente o complexo
basolateral (integra aferências sensórias), está envolvida na associação de pistas de lugar
com o valor das recompensas.
 A amígdala se comunica com o córtex cingulado anterior e o córtex orbital, envolvidos nos
circuitos da memória, tornando possível a justificativa de que a amígdala participa na modulação
da memória e na integração de informações emocionais e cognitivas, possivelmente atribuindo-
lhes carga emocional, o que possibilita a transformação de experiências subjetivas em
emocionais.

 Estudos clínicos indicam que o hemisfério esquerdo está mais envolvido com aquilo que se chama de
emoções positivas, enquanto o direito está mais envolvido com emoções negativas;
 Um estado emocional tem dois componentes, um evidente na sensação física (emoção) e outro como
uma sensação consciente (sentimento);

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 O sentimento é mediado pelo córtex cerebral (córtex cingulado e lobos frontais); as emoções são
mediadas por um grupo de respostas periféricas, autonômicas, endócrinas e esqueletomotoras,
que envolvem a amígdala, o hipotálamo e o tronco encefálico.
 Os aspectos periféricos, esqueletomotores e autonômicos das emoções possuem funções
preparatórias e comunicativas; a função preparatória envolve o alerta geral (prepara organismo para
a ação) e o alerta específico (prepara o organismo para determinado comportamento); o alerta
aumenta a performance física e intelectual dos indivíduos;
 Teoria de James-Lange:
 A experiência cognitiva das emoções seria secundária à expressão fisiológica das mesmas; ex: só
se sente medo depois que o urso está longe;
 O sentimento, experiência consciente da emoção, ocorre após o córtex receber sinais sobre as
alterações dos nossos estados fisiológicos; os sentimentos são precedidos por alterações
fisiologia; logo, as emoções são respostas cognitivas a informações da periferia;
 Pacientes que tiveram suas medulas espinais danificadas a ponto de perder a retroalimentação
do SNA pareceram apresentar uma redução da intensidade de suas emoções.
 Imprecisão da teoria com base na duração das sensações emocionais em detrimento do tempo de
alterações fisiológicas;
 Em debate, Cannon propôs que as respostas fisiológicas são indiferenciadas demais para
transmitir ao córtex cerebral informações detalhadas sobre a natureza de um evento
emocional.

 Teoria de Cannon-Bard:
 Sugere que hipotálamo e tálamo teriam função importante na mediação das emoções, incluindo a
regulação dos sinais periféricos das emoções e o envio para o córtex das informações necessárias
para o processamento cognitivo das emoções;
 Síntese das teorias de Cannon-James: as emoções são vistas como uma consequência de uma
interação dinâmica e dependente, talvez no nível da amígdala (necessária para coordenação da
experiência consciente da emoção e da expressão periférica da mesma), de fatores periféricos
mediados pelo hipotálamo e de fatores centrais mediados pelo córtex cerebral.
 Teoria de Schachter:
 Enfoca que o córtex cerebral efetivamente construía as emoções – semelhantemente ao sistema
visual – eliminando os sinais ambíguos que recebe da periferia;
 Propõe que o córtex ativamente traduz sinais periféricos, mesmo os inespecíficos, em
sentimentos específicos; o córtex criaria uma resposta cognitiva para a informação periférica de
acordo com a expectativa individual e com o contexto social;
 Estudos recentes indicaram que as respostas autonômicas não são estereotipadas como Cannon
originalmente acreditava; estados emocionais diferentes são caracteristicamente acompanhados
por diferentes padrões de respostas autonômicas.
 Teoria de Arnold:
 Argumenta que a emoção é fruto de uma avaliação inconsciente da situação como
potencialmente perigosa ou benéfica, enquanto que o sentimento é uma reflexão consciente sobre
um julgamento inconsciente; logo, o sentimento é uma tendência a responder de uma
determinada maneira, não a resposta propriamente dita; as emoções diferem porque
desencadeiam diferentes tendências de ações.
 Estudo das emoções é próximo aos estudos de armazenamento da memória, que indicam que a
memória se dá de forma consciente, para fatos e eventos pessoais, e inconsciente, para experiências
motoras e sensórias;
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 Diferentes partes do hipotálamo produzem uma gama de reações que parecem fazer parte de uma
resposta organizada característica de estados emocionais específicos; ex: estimulação do hipotálamo
lateral = características de raiva;
 Assim, o hipotálamo é um centro de coordenação que integra várias aferências para garantir um
conjunto bem organizado, coerente e apropriado de respostas autonômicas e somáticas.
 Estímulos emocionalmente significativos ativam o hipotálamo para a modulação da frequência
cardíaca, pressão arterial e respiração; além disso, informações são enviadas para o córtex cerebral,
informando que o estado homeostático foi alterado.

ESTADOS MOTIVACIONAIS E ADITIVOS

 Motivação refere-se a uma variedade de fatores neuronais e fisiológicos que iniciam, sustentam e
controlam o comportamento;
 Estados motivacionais são caracterizados por tensão e desconforto decorrente de uma necessidade
fisiológica, seguida por alívio, quando a necessidade é saciada;
 Estados motivacionais podem ser classificados em dois tipos: (1) estados motivados elementares e
forças fisiológicas reguladoras mais complexas, trazidas à tona por alterações como fome, sede e
temperatura; e (2) aspirações pessoais ou sociais adquiridas pela experiência;
 Estados motivados estão relacionados à sobrevivência, seja a sobrevivência imediata (comer e
beber) ou a longo prazo (comportamento sexual ou cuidado com a prole); tais estados guiam o
comportamento em direção a propósitos positivos específicos e o afastam de propósitos
negativos; a obtenção de uma meta determina diminui a intensidade desse estado e o
comportamento cessa.

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 Funções dos estados motivados: direcionam o comportamento de acordo com um


propósito específico; organizam comportamentos individuais em direção a uma meta; e
aumentam o alerta geral, energizando o indivíduo a agir.
 Os servomecanismos (mecanismos de controle) mantêm uma variável controlada dentro de
determinados limites; há regulação desta por meio de um detector de retroalimentação e comparação
do valor medido com um ponto de ajuste; o detector de erro gera um sinal de erro quando o valor da
variável controlada não se assemelha ao ponto de ajuste; o sinal de erro então aciona elementos de
controle que ajustem o sistema controlado em direção ao ponto de ajuste.
 Regulação da temperatura:
 Integrador e diversos elementos de controle para a regulação da temperatura parecem estar
localizados no hipotálamo; as conexões anatômicas do hipotálamo fazem com que essa estrutura
seja apropriada a essa tarefa;
 Os detectores de retroalimentação coletam informações de temperatura corporal a partir dos
receptores periféricos e dos receptores centrais (neurônios cuja frequência de disparo é altamente
dependente da temperatura local – neurônios sensíveis ao frio e neurônios sensíveis ao calor –,
localizados no hipotálamo anterior);
 O hipotálamo anterior medeia as reduções de temperatura e o posterior os aumentos; assim,
estimulação elétrica do hipotálamo anterior causa dilatação dos vasos sanguíneos da pele,
ofegação e supressão de tremor, respostas que reduzem a temperatura corporal; a estimulação do
hipotálamo posterior medeia efeitos opostos;
 O hipotálamo também controla respostas endócrinas a alterações de temperatura; assim,
exposição prolongada ao frio pode intensificar a liberação de tiroxina, que aumenta o calor
corporal pelo aumento do metabolismo.
 Comportamento alimentar:
 Os animais defendem seu peso corporal contra perturbações;
 O ponto de ajuste aparente de um indivíduo pode variar com estresse palatabilidade do alimento,
exercício e vários outros fatores ambientais e genéticos;
 Acredita-se que a ingestão alimentar esteja sob controle de duas regiões no hipotálamo: uma
ventromedial(suposto centro de saciedade) e uma lateral (suposto centro de alimentação);
 Divisão em centros de alimentação e saciedade é falha, uma vez que o encéfalo não é
organizado em centros localizados que controlam, sozinhos, funções específicas;
 Três fatores são particularmente importantes no caso de lesões hipotalâmicas laterais e
mediais: (1) alteração da informação sensória, (2) alteração do ponto de ajuste e (3)
interferência com ativação comportamental;
 A aplicação de noradrenalina no núcleo paraventricular estimula marcadamente a
alimentação; mas, se dada uma escolha, os animais comerão mais carboidrato que
proteína ou gordura; em contraste, aplicação do peptídeo galanina aumenta seletivamente
a ingestão de gordura, enquanto os opioides aumenta o consumo de proteína.
 O organismo usa de fatores de curto prazo (regulam tamanho de refeições) e de longo prazo
(regulam peso corporal) para regular a alimentação;
 Fatores de curto prazo consistem primariamente das propriedades químicas dos alimentos
que agem na boca para estimular o comportamento alimentar e no sistema gastrintestinal
e fígado para inibir a alimentação; os sinais de saciedade chegam no hipotálamo por vias
aferentes viscerais, comunicando primariamente com regiões hipotalâmicas laterais;
eficiência dos fatores de curto prazo é modulada por sinais de longo prazo que refletem o
peso corporal, ex: leptina.
 O hipotálamo possui glicoceptores que respondem aos níveis de glicose sanguíneos; tal sistema
provavelmente estimula o comportamento alimentar; além disso, hormônios gastrintestinais
liberados durante uma refeição podem contribuir para a saciedade; ex: colecistocinina liberada
como um neuropeptídeo no encéfalo pode inibir a alimentação.

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 A leptina produz sua ação, em parte, regulando a liberação do neuropeptídeo Y,


sintetizado por neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo, os quais projetam-se para
regiões do hipotálamo que controlam a alimentação; a liberação de NPY estimula a
alimentação.
 Controle de ingestão de líquidos:
 O hipotálamo regula o balanço hídrico pelo controle de hormônios, como o ADH; também regula
aspectos do comportamento de beber;
 Dentre amplos limites, a ingestão excessiva é prontamente eliminada pelo rim;
 A ingestão de líquidos é controlada por duas variáveis principais: osmolalidade tecidual e volume
vascular; o hipotálamo integra sinais hormonais e osmóticos que avaliam o volume celular e o
estado do espaço extracelular.
 Prazer e recompensa:
 Acredita-se que as emissões aferentes do núcleo accumbens em direção ao hipotálamo lateral e
ventral estejam envolvidas nos circuitos cerebrais hedônicos.
 Alegria:
 A indução de alegria, resposta à identificação de expressões faciais de felicidade, à visualização
de imagens agradáveis e/ou indução de recordações de felicidade, prazer sexual e estimulação
competitiva bem-sucedida provocou a ativação dos núcleos basais, incluindo estriado ventral e o
putâmen;
 A dopamina age de modo independente, na amígdala e no córtex orbitofrontal, algo
relacionado a estados afetivos, enquanto os outros neuropeptídios estão envolvidos na
geração de sensação de satisfação por meio de mecanismos homeostáticos.
 Medo:
 Relações entre amígdala e hipotálamo estão intimamente ligadas às sensações de medo e raiva; a
amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo,
bem como pelo reconhecimento de expressões faciais de medo e coordenação de respostas
apropriadas à ameaça e ao perigo;
 Condicionamento pavloviano do medo: técnica que consiste em oferecer um estímulo
emocionalmente neutro, como a emissão de um tom sono (estímulo condicionado), e
associá-lo a um estímulo aversivo, como um choque elétrico (estímulo incondicionado);
notou-se que o estímulo condicionado foi capaz de provocar respostas observadas como
se este gerasse comportamento de defesa, ativação do SNA e respostas neuroendócrinas,
aos moldes de um estímulo incondicionado (inato).
 Raiva:
 Assim como o medo, é uma emoção relacionada às funções da amígdala, em decorrência de
conexões com o hipotálamo e outras estruturas.
 Tristeza:
 Tristeza e depressão podem ser vistas como polos de um mesmo processo, sendo a primeira
fisiológica e a segunda, patológica;
 Indução da tristeza relaciona-se à ativação de regiões límbicas – giro do cíngulo e ínsula anterior
–; desativação cortical – córtex pré-frontal direito e parietal inferior; e diminuição do
metabolismo da glicose no córtex pré-frontal;
 Desenvolve-se uma inativação da neurotransmissão no ciro cingulado rostral anterior, no pálido
ventral, na amígdala e no córtex temporal inferior.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (VISCERAL)


 Homeostasia (Walter Cannon): permanente tendência do organismo de manter uma certa constância
do meio interno; “sabedoria do corpo”;

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 O hipotálamo coordena a resposta comportamental para assegurar a homeostase corporal, agindo


sobre o SNA, o sistema endócrino e um sistema neural não muito bem definido relacionado com
a motivação.
 Regula muito dos circuitos neurais que medeiam os componentes periféricos dos estados
emocionais: mudanças na frequência cardíaca, pressão sanguínea, temperatura, ingestão
líquida e alimentar, além da glândula hipófise.
 Da integração das ações homeostáticas participam regiões do SNC (em particular o hipotálamo) e do
tronco encefálico; também participam a m. espinal e o SNA, rede do SNP;
 SNA – classificação errônea; o conceito inicia definia que seus componentes trabalhavam em grau de
independência com relação ao próprio sistema nervoso; entretanto, o nome foi “consagrado”, em
detrimento de outras nomenclaturas;
 Não é realmente autônomo, dependendo do controle de regiões neurais supramedulares; modula
sua informação a partir de vias aferentes viscerais;
 É involuntário, em contraste com a voluntariedade do somático.
 Conjunto de neurônios situados na m. espinal e no tronco encefálico que por meio de gânglios
periféricos controlam a musculatura lisa dos vasos sanguíneos, das vísceras digestórias e outros
órgãos; a musculatura estriada do coração; e inúmeras glândulas exócrinas e endócrinas;
 A atuação eferente do SNA depende de informações provenientes das vísceras sobre volume, pressão
interna, tensão das paredes e parâmetros físico-químicos como temperatura e osmolaridade;
 Classicamente, o SNA é divido em porções simpática e parassimpática; tais nomes derivam da
palavra grega que significa “harmonia, solidariedade” e relacionam-se com a ideia de homeostasia;
 Ambas interagem continuamente na regulação do funcionamento orgânico;
 Suposta terceira divisão do SNA: divisão gastroentérica – neurônios dispersos ou reunidos em
pequenos gânglios ou plexos densamente interconectados; em tais plexos, é grande a variedade
de tipos neuronais, neurotransmissores e respectivos receptores, o que constitui uma verdade rede
de controle da motilidade digestória e vascular; rede multissináptica sob comando tanto da
divisão simpática quanto da parassimpática.
 A organização básica dessas divisões envolvem uma população de neurônios centrais situados no
tronco encefálico e na m. espinal, cujos axônios emergem do SNC e constituem nervos que terminam
em uma segunda população de neurônios, estes periféricos, situados em gânglios ou distribuídos em
plexos nas paredes das vísceras; os axônios desses últimos inervam as estruturas efetoras
mencionadas anteriormente;
 Neurônios centrais (e seus axônios) são denominados pré-ganglionares, e suas fibras, pré-
ganglionares; enquanto os pós ganglionais (e seus axônios) são denominados pós-ganglionares, e
suas fibras, pós-ganglionares;
 O simpático possui axônios pré-ganglionares curtos que terminam em gânglios próximos à
coluna vertebral e axônios pós-ganglionares longos que se incorporam aos nervos e estendem-se
até os órgãos-alvo;
 O parassimpático possui fibras pré-ganglionares longas, terminando em gânglios ou plexos
situados muito próximos ou dentro das paredes das vísceras, enquanto as fibras pós-ganglionares
são curtas;
 As sinapses ganglionares permitem ocorrência de divergência periférica no SNA, o que não
ocorre no sistema motor somático; assim, o axônio de um único neurônio pré-ganglionar
estabelece sinapse com inúmeros pós-ganglionares, resultando em uma ação funcional difusa,
diferente do comando muscular preciso;
 Uma média de 8% das fibras nos nervos espinais é de axônios simpáticos pós-ganglionares.
 Os neurotransmissores nas sinapses autônomas geralmente se difundem por grandes
distâncias até chegar aos receptores de várias células da região, e não só da mais próxima;
resultado é a ação difusa, “sinapse não direcionada”, que diferencia o SNA do somático.

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 O balanço entre as atividades simpáticas e parassimpáticas é responsável por manter uma


estabilidade do meio interno em face das mudanças das condições externas.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO SIMPÁTICO

 Grande maioria dos somas dos neurônios pré-ganglionares simpáticos humanos está localizada na
chamada coluna intermédia da medula (ou coluna celular intermediolateral – corno lateral),
bilateralmente entre os segmentos T1-L2; podem também ser encontrados no funículo lateral e em
parte da lâmina X de Rexed, dorsal ao canal central;
 Alguns desses axônios (os que controlam vísceras torácicas, vasos sanguíneos, glândulas
sudoríparas e os mm. piloeretores) emergem pelas raízes ventrais juntamente com os axônios
motores somáticos, mas logo formam um desvio chamado ramo comunicante branco e entram
em um dos gânglios paravertebrais situados em ambos os lados das coluna, dentro dos quais
formam sinapses com as células pós-ganglionares;
 Outros axônios pré-ganglionares (os que controlam as vísceras abdominais) seguem o mesmo
caminho pelo ramo comunicante branco, mas atravessam os gânglios paravertebrais sem
interrupção, sair do tronco simpático, entrar no nervo esplâncnico e estabelecer sinapse nos
gânglios pré-vertebrais (gânglios celíaco e mesentéricos superior e inferior); o nervo esplâncnico
contém fibras aferentes viscerais e fibras autonômicas (simpáticas ou parassimpáticas);
 Outro grupo de axônios pré-ganglionares trafega no nervo esplâncnico torácico para o
abdome e inerva a medula adrenal, que secreta epinefrina e norepinefrina na circulação.pr
 Os neurônios pré-ganglionares simpáticos são frequentemente pequenas fibras nervosas
conhecidas como fibras B; entretanto, algumas são fibras C não mielinizadas; tais fibras saem da
medula pela raiz ventral e entram no gânglio paravertebral, no mesmo nível, pelo ramo branco
comunicante.
 Cada fibra simpática pré-ganglionar ramifica-se para inervar cerca de dez neurônios pós-
ganglionares situados no mesmo gânglio ou em gânglios vizinhos;
 Neurônios pós-ganglionares cujos somas estão nos gânglios paravertebrais em geral mandam
seus axônios por meio de ramos cinzentos de conexão para entrar em um nervo vertebral; cada
um dos 31 pares de nervos espinais tem um ramo cinzento;
 Existem menos gânglios paravertebrais que nervos espinais, pois alguns dos gânglios se fundem
durante o desenvolvimento; o gânglio estrelado se refere à fusão do gânglio de C8 com o gânglio
de T1.
 Axônios pós-ganglionares, em sua maioria, não são mielinizados (fibras C).
 Os gânglios paravertebrais são interconectados por troncos nervosos (troncos simpáticos) por onde
passam os ramos ascendentes e descendentes das fibras pré-ganglionares – axônios longitudinais –, e
assim foram duas cadeias, uma em cada lado da coluna;
 Funcionalmente, modulam e transmitem a informação do neurônio pré para o pós-ganglionar.
 Os gânglios pré-vertebrais são interconectados de maneira desordenada, sem formar cadeias, sendo
chamados de plexos; quase todos são estruturas ímpares, e não bilaterais;
 São funcionalmente mais complexos, contendo fibras aferentes viscerais e interneurônios,
constituindo um sofisticado sistema de controle ligado à divisão gastroentérica das vísceras
digestórias.
 Os axônios pós-ganglionares simpáticos são amielínicos e muito finos, emergindo dos gânglios pelos
ramos comunicantes cinzentos, que acabam por se reunir a nervos mistos (como o esquiático) ou por
formar nervos exclusivamente autonômicos (como os cardíacos);
 Segmentação da cadeia ganglionar acompanha aproximadamente a segmentação vertebral (um
gânglio para cada segmento) no que se refere ao controla das estruturas da pele do tronco e dos
membros: vasos, glândulas e pelos; os gânglios pré-vertebrais não acompanham a segmentação
vertebral;

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 O SNA Simpático está envolvido com as “respostas de luta ou fuga” que ocorre quando qualquer
ameaça ativa intensamente seus mecanismos.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO

 Os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos estão localizados em dois setores bem separados: um


conjunto de núcleos do tronco encefálico e a coluna intermédia da medula sacral (segmentos S2-4);
para tanto, os anatomistas se referem ao parassimpático como a divisão craniossacra do SNA,
enquanto que o simpático é dado como toracolombar;
 O sistema nervoso simpático inerva tecidos por todo o corpo, mas a distribuição parassimpática é
mais restrita;
 Os núcleos onde se situam os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos são relacionados com os
nervos cranianos oculomotor (núcleo de Edinger-Westphal), facial (núcleos salivares superiores),
glossofaríngeo (núcleo salivar inferior) e vago (núcleo motor dorsal e núcleo ambíguo);
 Os gânglios parassimpáticos cranianos são estruturas arredondadas bem delimitadas e
posicionam-se perto dos alvos correspondentes;
 O primariamente trato parassimpático é o nervo vago, o qual contém cerca de 75% de
todas as fibras parassimpáticas; tal nervo leva tanto informações sensoriais dos órgãos
internos como sinais parassimpáticos do encéfalo para os órgãos.
 O núcleo motor dorsal do vago é, principalmente, secretomotor, ativando as glândulas; enquanto
o núcleo ambíguo é visceromotor, modificando a atividade do músculo cardíaco.
 Os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos do corpo, ficam situados próximos ou dentro da
parede de vísceras torácicas e abdominais; nesse caso, os gânglios são menores, mais numerosos e
muito interconectados, sendo chamados de plexos;
 Os neurônios dos plexos entéricos recebem impulsos dos nervos vago ou pélvicos; o vago inerva
o coração, os pulmões, os brônquios, o fígado, o pâncreas e o trato gastrointestinal; o restante do
cólon e do reto, bem como a bexiga e os órgãos reprodutores são inervados por neurônios
parassimpáticos pré-ganglionares que percorrem os nervos pélvicos para os neurônios pós-
ganglionares nos gânglios pélvicos.

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 As células pós-ganglionares parassimpáticas estão situadas nos gânglios cranianos, incluindo gânglio
ciliar (informações pré-ganglionares provenientes do núcleo de Edinger-Westphal), os gânglios
pterigopalatin e submandibular (impulsos do núcleo salivar superior) e o gânglio óptico
(informações provenientes do núcleo salivar superior);
 O gânglio ciliar inerva o esfíncter pupilar e os mm. ciliares do olho;
 O gânglio pterigopalatino inerva as glândulas lacrimais, assim como as glândulas da naso
e orofaringe;
 O gânglio submandibular inerva as glândulas salivares submandibular e sublingual e para
as glândulas da cavidade oral;
 O gânglio óptico inerva as glândulas parótidas e orais.

SISTEMA NERVOSO GASTROENTÉRICO

 Contém 80 a 100 milhões de neurônios embutidos nas paredes das vísceras do trato gastrointestinal,
tal número é semelhante ao da m. espinal;
 Concentram-se em dois plexos interconectados, o mioentérico ou plexo de Auerbach; e o
submucoso ou plexo de Meissner;
 Estudos mostraram o envolvimento do plexo mioentérico com a produção dos movimentos
peristálticos das vísceras digestórias, e o submucoso com a secreção glandular e a homeostasia
dos líquidos corporais;
 Tais plexos se comunicam para a garantia da coordenação de suas funções;
 Neurônios mecanoceptores dos plexos detectam o estiramento da parede causado pela chegada
do bolo alimentar, induzindo a ocorrência da peristalse;
 Muitos dos gânglios autônomos, além de conter corpos de neurônios pós-ganglionares, também
contêm interneurônios que processam a informação no gânglio, sendo chamados de pequenas
células intensamente fluorescentes, cuja possível função é a de inibição.
 Consiste de neurônios sensórios e motores do trato gastrointestinal que medeiam os reflexos
digestivos;
 Contra a função do trato gastrintestinal, pâncreas e vesícula biliar;
 É relativamente independente do SNC, embora ambos tenham entradas simpáticas e parassimpáticas,
são relativamente esparsas em relação ao grande número de neurônios entéricos;
ORGANISMO SOB CONTROLE

 O SNA dispõe de dois modos de controle do organismo: um modo reflexo e um modo de comando;
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 O modo reflexo envolve o recebimento de informações provenientes de cada órgão ou sistema


orgânico e a programação e execução de uma resposta apropriada; tais reflexos deste tipo de
controle podem ser locais (situados na própria víscera) ou centrais (envolvendo neurônios e
circuitos do SNC);
 O modo de comando envolve a ativação do SNA por regiões corticais ou subcorticais, muitas
vezes voluntariamente; ex: a lembrança de uma emoção pode provocar taquicardia, sudorese,
salivação e muitas reações orgânicas, sem que haja necessariamente qualquer ativação sensorial
ou aferente.
 Os efetores:
 Células ou órgãos que realizam certa tarefa em resposta a uma mensagem química transmitida
por via sináptica, difusional ou através da circulação sanguínea (hormonal); para tanto, precisam
expressar na superfície celular os receptores moleculares apropriados capazes de reconhecer os
mensageiros químicos correspondentes;
 Os efetores e os terminais axônicos devem estar localizados próximos uns aos outros para que os
receptores dos primeiros possam reconhecer e reagir com os mensageiros dos segundos;
 Existem dois tipos de efetores autonômicos: células secretoras (glandulares) e células contráteis
(musculares ou mioepiteliais);
 Ação autonômica sobre efetores glandulares é de dois tipos: (1) diretamente sobre as
células secretoras, provocando produção e liberação dos produtos de secreção; e (2)
indiretamente sobre a rede vascular da glândula, provocando alteração do volume e da
concentração do fluido secretado;
 Nas glândulas salivares, a atividade parassimpática provoca uma secreção fluida e
copiosa (atua diretamente sobre as células), produzindo secreção fluida e copiosa;
enquanto a ativação simpática produz saliva viscosa e rica em amilase (atua
indiretamente, sobre os vasos).
 A contração das células musculares lisas pode ser obtida pela ativação autonômica, mas
também pode ocorrer de forma espontânea em algumas delas; para tanto, o SNA é
necessário para ordenação e efetivação dos movimentos, impedindo graves distúrbios
funcionais.
A sinapse entre o neurônio autonômicos pós-ganglionar e sua célula-alvo é chamada de junção
neuroefetora; as terminações dos axônios pós-ganglionares possuem uma série de protuberâncias em
suas extremidades distais, conhecidas como varicosidades, que contém vesículas cheias de
neurotransmissores;
 Estratégias de controle:
 A grande maioria dos órgãos e tecidos é inervada tanto pela divisão simpática quanto pela
divisão parassimpática; neste caso, os axônios pós-ganglionares podem interagir para modular o
efeito final;
 Tal interação pode ser antagonista, a mais comum, na qual a ativação parassimpática
prova efeito contrário à simpática; ou sinergista, quando ambas as divisões provocam o
mesmo efeito; pode ainda ser exclusiva, quando a inervação autonômica é de um único
tipo, como é o caso dos vasos sanguíneos, inervados apenas pela divisão simpática, que
mantem nestes o chamado tônus simpático.

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 Neuroquímica Autonômica:
 Os motoneurônios que comanda as fibras musculares cardíacas e lisas têm de ser de tipos
diferentes porque elas não movimentam articulações, mas tecidos moles com características
mecânicas muito diversas dos ossos articulados;
 Os efetores apresentam receptores para diferentes neurotransmissores, sendo um tipo básico para
a divisão simpática e outro para a parassimpática;
 A maioria das sinapses entre os neurônios pré e pós-ganglionares de ambas as divisões é
do tipo colinérgico, liberando acetilcolina em receptores colinérgicos nicotínicos (diferem
dos encontrados nas junções neuromusculares; potenciais pós-sinápticos excitatórios
rápidos) e muscarínicos (potenciais pós-sinápticos excitatórios lentos/inibitórios);
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 A divisão simpática emprega noradrenalina (norepinefrina) como principal


neurotransmissor, excitando alguns órgãos efetores e inibindo outros;
 Os receptores nas células-alvo podem ser adrenérgicos alfa (alfa 1 ou 2) ou beta
(beta 1 ou 2), todos metabotrópicos;
 Além de liberar norepinefrina, os neurônios simpáticos pós-ganglionares liberam
neuropeptídios, como a somatostatina e o neuropeptídeo Y (presente em até 90%
das células, modulando a transmissão simpática por meio de sua potencialização
em tecidos com baixa densidade de inervação simpática e por meio de sua
inibição em tecidos com densidade alta de tal inervação), além de ATP
(importante cotransmissor da norepinefrina);
 Os neurônios que inervam as glândulas sudoríparas são colinérgicos muscarínicos,
assim como em alguns vasos sanguíneos.
 A divisão parassimpática emprega acetilcolina como principal neurotransmissor, com
mediação de receptores muscarínicos (que são de cinco tipos, M1-5).
 Além dos neurotransmissores principais, as fibras pós-ganglionares empregam também
diversos neuromoduladores peptídicos (como neuropeptídeo Y, galanina, dinorfina,
peptídeo intestinal vasoativo, etc), o que explica a variedade de efeitos que a ativação de
uma mesma divisão autonômica provoca em diferentes alvos a partir da produção de
potenciais sinápticos lentos que modificam tais efeitos.
A SINFONIA DOS ÓRGÃOS

 O corno lateral da medula e alguns núcleos do tronco encefálico compõem um primeiro nível
hierárquico (neurônios pré-ganglionares); ao seu lado, estão neurônios que controlam funções
cardiovascular, respiratória e digestória;
 Um componente chave desse nível de controle é o núcleo do trato solitário (recebe entradas
viscerais dos nervos cranianos VII, IX e X), que recebe aferentes que participam de reflexos
cardiovasculares (regulam pressão arterial), respiratórios (regulam frequência respiratória em
função da concentração de CO2 no sangue) e digestórios (como os que provocam o
peristaltismo).
 Há projeções do núcleo do trato solitário que vão para a formação reticular bulbar, onde
se engajam com populações de neurônios pré-motores que organizam reflexos
autonômicos mais complexos; ex: grupos de neurônios do bulbo ventrolateral rostral
controlam a pressão sanguínea por regular tanto o fluxo sanguíneo, como o tônus do vago
no coração para modular a frequência cardíaca;
 A principal projeção do núcleo do trato solitário garante informações viscerais para uma
rede de grupos celulares que vão desde a ponte e mesencéfalo até o hipotálamo, amígdala
e córtex cerebral; tal rede coordena respostas autonômicas e integram-nas em padrões
comportamentais.
 O núcleo do trato solitário conecta-se com o nível hierárquico superior, retransmitindo o fluxo
visceral sensório para o prosencéfalo pelo núcleo parabraquial (sensações gustativas e outras
sensações viscerais); tal núcleo envolve o pedúnculo cerebelar superior na ponte superior, e provê
informações para o hipotálamo, a substância cinzenta periaquedutal (projeta-se para a formação
reticular bulbar, onde produz padrões comportamentais de respostas autonômicas; ex: redireciona o
fluxo sanguíneo para membros inferiores no ato de correr), o complexo amigadloide (associa
respostas autonômicas com comportamentos específicos), o tálamo sensório visceral e o córtex; por
sua vez, recebe conexões descendentes dessas regiões;
 O córtex cerebral e as regiões prosencefálicas associadas, como a amígdala, compõem o nível
hierárquico máximo de controle dos órgãos; nesse último nível – especificamente nas regiões rostrais
do córtex cingulado e no córtex insular anterior (onde há um mapa topográfico do sistema orgânico
interno – se dá a apreciação consciente das sensações viscerais e do paladar;
 Controle da circulação sanguínea no caso do “coração disparado”:
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 Pressão pode elevar-se até mesmo antecipatoriamente quando prevemos uma situação de
estresse; tais efeitos são produzidos principalmente pelas vias vinculadas ao sistema simpático,
ativadas particularmente pelo hipotálamo;
 Ocorre amplificação sistêmica da ativação simpática regional, obtida pela secreção de
catecolaminas pela medula adrenal; circulando no sangue, tais catecolaminas podem atingir
praticamente todos os órgãos-alvo que expressam receptores adrenérgicos.

HIPOTÁLAMO INTEGRA FUNÇÕES AUTONOMICAS E ENDÓCRINAS COM O COMPORTAMENTO

 Desempenha tal função integrativa pela regulação de cinco funções fisiológicas básicas:
 Controla a pressão sanguínea e a composição eletrolítica;
 Regula a temperatura corporal;
 Controla o metabolismo energético pela regulação alimentar, digestiva e da taxa metabólica;
 Regula a reprodução por meio do controle hormonal do acasalamento, gravidez e lactação;
 Controla respostas emergenciais para o estresse, incluindo respostas imunológicas e físicas.
 O hipotálamo recorre a três mecanismos principais para a regulação desses processos:
 Possui acesso à informação sensória do corpo inteiro, recebendo entradas diretas do sistema
sensório visceral e do sistema olfatório, assim como da retina;
 Compara informações sensórias com os pontos de ajuste biológicos; existem pontos de ajuste
para muitos processos fisiológicos, como açúcar no sangue, sódio, osmolaridade e nível
hormonal;
 Quando detecta um desvio de ponto de ajuste, organiza um conjunto de respostas autonômicas,
endócrinas e comportamentais para reestabelecer a homeostase.
 Embora seja muito pequeno (ocupa cerca de 4g de 1,4kg do encéfalo), o hipotálamo contém um
conjunto complexo de grupos celulares e vias neurais, podendo ser divido nas regiões anterior,
média e posterior;
 Parte mais anterior é a área pré-óptica (sobre o quiasma óptico); tal área controla a pressão e a
composição sanguínea, temperatura corporal, ciclos de atividade, muitos hormônios, etc;
 O terço médio contém os núcleos dorsomedial, ventromedial (juntamente com o corsomedial,
projeta-se para dentro do hipotálamo e para a substância cinzenta periaquedutal, regulando
funções integrativas complexas, como controle do crescimento, alimentação, maturação e
reprodução), paraventricular (controla a hipófise anterior – neurônios pervocelulares – e
posterior – neurônios magnocelulares –, além de desempenhar importante papel na regulação de
respostas autonômicas), supra-óptico e arqueado;
 O terço posterior inclui o corpo mamilar e a área hipotalâmica posterior, acima do corpo
mamilar.

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APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
MEMÓRIA IMPLÍCITA OU EXPLÍCITA

 Há vários tipos fundamentalmente diferentes de retenção de memória e certas regiões do encéfalo


são mais importantes para alguns tipos de retenção que outras;
 Pré-impressão (priming): lembrança de palavras ou de objetos é melhorada pela exposição prévia a
essas palavras ou objetos; ex: quando são mostradas as primeiras letras de palavras previamente
estudadas, um indivíduo com amnésia seleciona corretamente tantas palavras quanto um indivíduo
normal, mesmo que não se lembre de ter visto a palavra antes;
 A informação de como realizar alguma coisa se denominou memória implícita (memória não-
declarativa), a qual é recordada inconscientemente;
 Envolve o treinamento de habilidades reflexas motoras ou perceptuais;
 É mais rígida e fortemente conectada às condições do estímulo originais sob as quais a
aprendizagem ocorreu.
 O conhecimento factual de pessoas, lugares e coisas o que esses fatos significam é chamado de
memória explícita (memória declarativa), a qual é recordada por um esforço consciente, deliberado;
 É extremamente flexível e envolve a associação de vários pedaços e peças de informação.
 A memória pode ainda ser classificada como episódica (memória para eventos e experiências
pessoais) ou semântica (memória para fatos);
 Utiliza-se a memória episódica para lembranças subjetivas, como “as primeiras flores da
primavera”; enquanto utiliza-se a memória semântica para guardar e lembrar de conhecimentos
objetivos, o tipo que se aprende na escola e nos livros.
 Embora a amígdala guarde componentes de memória relaciona às emoções, não retém informação
factual (memória semântica);
 Estudos sugerem que o conhecimento retido como memória explicita é inicialmente adquirido
através do processamento em um ou mais dos três córtices associativos polimodais (pré-frontal,
límbico e parieto-occipito-temporal) que sintetizam informações visuais, auditivas e somáticas;
 Dessas áreas, a informação é conduzida em sequência para os córtices para-hipocampal e
perirrinal, para o córtex entorrinal, o giro denteado, o hipocampo, o subículo e, finalmente, de
volta ao córtex entorrinal; deste, a informação é enviada de volta para os córtices para-
hipocampal e perirrinal e finalmente para as áreas associativas polimodais do neocórtex.
[CIRCUITO DE PAPEZ]
 O córtex entorrinal tem função dupla;
 Primeiro, é a principal fonte de aferências par ao hipocampo, projetando-se para o giro denteado
através da via perfurante, pela qual informações polimodais essenciais provindas dos córtices
associativos atingem o hipocampo;
 Segundo, é também a principal saída do hipocampo; a informação vinda do hipocampo a partir
de córtices associativos polimodais e aquelas vindas do hipocampo para os córtices associativos
convergem no córtex entorrinal;
 Lesões nesta área afetam todas as modalidades sensórias; ex: alterações mais precoces da doença
de Alzheimer ocorrem no córtex entorrinal (caudal ao úncus).
 Lesões nos córtices perirrinal, para-hipocampal e entorrinal, mas que não incluam o hipocampo,
produzem um déficit maior na retenção da memória, como no reconhecimento de um objeto;
 Por outro lado, o hipocampo pode ser relativamente mais importante para a representação
espacial; lesões hipocampais interferem na memória para espaço e contexto;
 Memórias espaciais relacionam-se a uma maior atividade hipocampal no hemisfério
direito; memórias para palavras, objetos ou pessoas, relacionam-se a uma maior atividade
hipocampal no hemisfério dominante esquerdo.

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 Lesões no lobo temporal interferem apena com a retenção de longo prazo de novas memórias;
 O hipocampo é apenas uma estação temporária para a memória de longo prazo, além de também
servir para unir vários componentes de uma memória pessoal ricamente processada;
 O sistema hipocampal transfere lentamente as informações para o sistema de retenção
neocortical; a adição relativamente lenta de informações ao neocórtex permitiria que novos dados
a serem retidos não comprometessem as informações já existentes; a lesão do córtex de
associação contribui destrói ou incapacita a lembrança do conhecimento explícito adquirido antes
da lesão;
 Lesões em diferentes áreas associativas dão origem a déficits específicos, seja na
memória semântica ou na episódica.
 A construção do conhecimento semântico se dá através de associações feitas ao longo do tempo; a
capacidade de recordar e utilizar tal conhecimento – eficiência cognitiva – parece depender de quão
bem essas associações organizaram as informações que retivemos;
 Experiência do conhecimento é como uma base de dados, sem rupturas, ordenada e com
cruzamento de referências é o produto da integração de representações múltiplas do encéfalo em
vários sítios anatômicos distintos, cada um relacionado a apenas uma aspecto do conceito que
veio à mente; logo, não há localização geral da memória semântica (declarativa);
 Lesão de uma área cortical específica pode levar a uma perda de informações especificas
e a uma fragmentação do conhecimento; ex: lesão do córtex parietal posterior pode
resultar numa agnosia visual associativa (pacientes não conseguem nomear objetos, mas
podem identifica-los); lesões no córtex ínferotemporal podem resultar em prosopagnosia,
incapacidade de reconhecer faces familiares ou de aprender novas faces;
 Certas lesões interferem com a memória de objetos vivos, mas não com a memória de
objetos inanimados; ex: caso do rinoceronte e do carrinho de mão.
 Pacientes com perda de memória episódica ainda têm a capacidade de se lembrar de muitos
conhecimentos factuais (semânticos); as áreas do neocórtex que parecem ser especializadas na
retenção de longo prazo do conhecimento episódio são as áreas associativas do lobo frontal, que
trabalham com outras áreas corticais para permitir a recordação de quando e onde um evento passado
ocorreu.
 Lesão no lobo frontal acarreta amnésia de fonte, tendência de esquecer como a informação foi
adquiria.
 Ambos os conhecimentos semântico e episódico são o resultado de pelo menos quatro tipos de
processamento distintos, mas relacionados entre si: codificação, consolidação, retenção e acesso;
 A codificação refere-se aos processos pelos quais novas informações aprendidas são tratadas e
processadas quando encontradas pela primeira vez; para uma memória persistir e ser bem
lembrada, a informação recebida deve ser cuidadosa e profundamente codificada; tal fato é
alcançado pelo tratamento da informação e associação dela a um conhecimento que já está bem
estabelecido na memória, de modo a permitir integração;
 A consolidação refere-se a processos que alteram a informação recém-retida, de modo a torna-la
mais estável para a retenção de longo prazo; envolve a expressão de genes e a síntese de novas
proteínas, dando origem a alterações estruturais que mantêm a estabilidade da memória ao longo
do tempo;
 A retenção refere-se ao mecanismo e locais onde a memória é retida ao longo do tempo; a
retenção de longo prazo parece ter uma capacidade quase que ilimitada, enquanto que a memória
operante de curto prazo é muito limitada;
 O acesso refere-se a processos que permitem a lembrança e o uso das informações retidas,
envolvendo a reunião de diversas formas de informação que estavam retidas separadamente em
diversos locais de retenção; é mais efetivo quando se dá no mesmo contexto no qual a

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informação foi adquirida e na presença das mesmas sugestões que estavam disponíveis ao
indivíduo durante a aprendizagem.
 A codificação da mais recente lembrança de um conhecimento explícito requeiram o recrutamento da
informação retida em um local de retenção de memória de curto prazo, denominado memória
operante, que é composta por três sistemas:
 Sistema de controle atencional (ou central executivo): localizado no córtex pré-frontal; focaliza
ativamente a percepção sobre eventos específicos no ambiente; possui capacidade muito
limitada; regula o fluxo de informações para dois sistemas que, acredita-se, mantêm a memória
para uso temporário;
 Alça articulatória: sistema de armazenamento com rápido declínio do traço de memória onde a
memória para palavras e números pode ser mantida por uma fala subvocal; permite a alguém,
através da repetição, manter um número novo de telefone enquanto prepara-se para discá-lo;
 Rascunho visuoespacial: representa ambas as propriedades visuais e a localização espacial dos
objetos a serem lembrados; permite que a pessoa retenha a imagem da face de outra que ela
encontra numa festa;
 A informação processada em qualquer um desses sistemas funcionais tem a possibilidade de se
tornar uma memória de longo prazo.

 Diferentemente da memória explícita, a memória implícita não depende diretamente de processos


conscientes, nem sua lembrança requer uma busca consciente pela memória; tal tipo de memória é
construído lentamente e é expresso principalmente em desempenho não em palavras; ex: habilidades
perceptuais e motoras e a aprendizagem de procedimentos e regras;
 A memória implícita pode ser associativa ou não-associativa:
 Na aprendizagem não-associativa, o indivíduo aprende sobre as propriedades de um
único estímulo;
 Ocorre quando um animal ou pessoa é exposto uma vez ou repetidamente a um
único tipo de estímulo; duas formas de aprendizagem não associativa comuns na
vida diária são a:
o Habituação (decréscimo na resposta a um estímulo positivo, quando o
estímulo é apresentado repetidamente; ex: pessoas se assustam ao ouvir o
primeiro foguete e depois não mais);
o E a sensibilização (aumento da resposta a uma ampla variedade de
estímulos, após exposição a um estímulo intenso ou doloroso).
 Na aprendizagem associativa, o indivíduo aprende sobre a relação entre dois estímulos ou
entre um estímulo e um comportamento;
 O condicionamento clássico envolve a aprendizagem de uma relação entre dois
estímulos; tem como essência o pareamento de dois estímulos, um condicionado
(neutro) e um incondicionado (convidativo ou aversivo); formação de relação
preditiva entre dos estímulos;
o Quando um estímulo incondicionado é seguido por um condicionado, o CS
irá começar, o CS irá desencadear uma resposta nova ou diferente,
chamada de resposta condicionada; a resposta incondicionada é inata; se
o US é recompensado, o condicionamento é chamado de aquisitivo,
entretanto, se é o US agressivo (ex: choque elétrico), o condicionamento é
defensivo;
o A intensidade ou probabilidade de ocorrência de uma resposta
condicionada decai se o CS for repetidamente apresentado sem o US; tal
processo é conhecido como extinção.
 O condicionamento operante (instrumental; aprendizagem por tentativa-e-erro)
envolve a aprendizagem da relação entre o comportamento de um organismo e as

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consequências de tal comportamento; formação de relações preditivas entre um


estímulo e um comportamento;
o Diferentemente do condicionamento clássico, que avalia a responsividade
de uma resposta específica frente a um estímulo selecionado, o
condicionamento operante envolve comportamentos que ocorrem
espontaneamente ou sem estímulo identificável; logo, são muito mais
emitidos que desencadeados.
 As leis de ambos os condicionamentos são basicamente similares, sugerindo que
ambas as formas de aprendizagem utilizam os mesmos mecanismos neurais.
 Tanto o verme como os núcleos cerebelares profundas exercem funções importantes no
condicionamento do comportamento incondicionado (ex: piscar do olhar no experimento
com o coelho) e talvez de outras formas simples de condicionamento clássico envolvendo
o movimento de músculos esqueléticos.

 A aprendizagem geralmente tem elementos de ambas as aprendizagens, implícita e explícita; ex: a


aprendizagem para se dirigir um carro envolve a execução consciente de sequências específicas de
ações motoras necessárias para controlar o carro; com a experiência, entretanto, dirigir torna-se uma
atividade motora automática e não-consciente;
 Estudos sobre retenção e ruptura de memória têm embasado um modelo comumente usado de
retenção em estágios; as aferências encefálicas são processadas em memória operante de curo prazo
antes que sejam transformadas, através de um ou mais estágios em uma retenção mais permanente,
de longo prazo; um sistema de busca-e-acesso provê a retenção da memória e torna a informação
disponível para tarefas específicas;
 Até que as memórias tenham sido convertidas à forma de longo prazo, a lembrança da memória
recente pode ser facilmente comprometida; uma vez que tenham sido convertidas na forma de
memória de longo prazo, entretanto, elas se tornam relativamente estáveis; com o tempo, porém,
tanto a memória de longo prazo como a capacidade de acesso diminuem gradualmente, mesmo
na ausência de um trauma externo.
MECANISMOS CELULARES DA APRENDIZAGEM
 As formas mais simples de aprendizagem implícita alteram a efetividade das conexões sinápticas que
compõem as vias que medeiam o comportamento;
 Na habituação, forma mais simples de aprendizagem implícita, um animal aprende sobre as
propriedades de um estímulo inofensivo (se o estímulo não é nem benéfico nem prejudicial, o
animal aprende, após exposições repetidas, a ignora-lo);
 As modificações sinápticas que se relacionam à memória podem ser tão pequenas e dispersas a ponto
de serem estudadas experimentalmente;
 Enquanto memórias declarativas são particularmente desafiadoras para o estudo sináptico, memórias
de procedimento (um tipo de memória implícita) têm características que as tornam mais suscetíveis à
investigação; além do fato dessas memórias serem particularmente robustas, podem ser formadas por
caminhos reflexos simples que ligam sensações a movimentos;

MODELOS DE APRENDIZAGEM EM INVERTEBRADOS

 Aprendizagem não associativa em Aplysia:


 Se um jato de água é borrifado em uma região da Aplysia chamada de sifão, a brânquia se
retrairá; este é chamado reflexo de retirada branquial;
 Habituação do reflexo de retirada branquial: informação sensória do sifão é transmitida
através de um nervo até entrar em uma região denominada gânglio abdominal; neste, a
informação é distribuída para motoneurônios e interneurônios; um dos motoneurônios que

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recebem entradas monossinápticas do sifão é identificado como L7, e esta célula inerva os
músculos que produzem o reflexo de retirada branquial;
 Estimulações repetidas da pele do sifão levam a contrações menos frequentes dos
músculos envolvidos no reflexo; a mudança que envolve o processo de habituação
ocorre devido a uma diminuição sináptica entre o neurônio sensorial e o motor;
 A sensibilidade da célula pós-sináptica para os neurotransmissores não mudou, o
que ocorreu foi um decréscimo na liberação de neurotransmissores; logo, a
habituação deste reflexo é associada a uma modificação pré-sináptica associada a
um efeito progressivo e persistente de diminuição da aberta dos canais de íons
cálcio;
 Tais alterações plásticas constituem os mecanismos celulares que medeiam a
memória de curto prazo para a habituação;
 A habituação de longo prazo leva à adequação das conexões sinápticas;
 Sensibilização do reflexo de retirada branquial: para causar sensibilização do reflexo de
retirada branquial, Kandel aplicou um rápido choque elétrico na cabeça da Aplysia, o que
resultou em um reflexo de retirada branquial exagerado devido à estimulação do sifão;
novamente, percebeu que se tratava de uma modificação do neurotransmissor liberado na
terminação nervosa sensorial;
 Uma terceira célula, L29, é ativada pelo choque e faz sinapse com o terminal
axônico do neurônio sensorial; o transmissor liberado por L29 é a serotonina (5-
HT), que inicia uma cascata molecular na terminação do axônio sensorial que
permite a liberação de mais íons cálcio por potencial de ação;
 O receptor de 5-HT na terminação nervosa sensorial é uma proteína G acoplada a
um receptor metabotrópico; a estimulação desse receptor leva à produção
intracelular de segundos-mensageiros (cAMP) produzido pelo ATP a partir da
enzima adenilatociclase; o cAMP ativa a enzima cinase A, que fosforila várias
proteínas;
 Na terminação nervosa sensorial, uma das proteínas é um canal de potássio e a
fosforilação deste canal determina seu fechamento; este fechamento leva a um
prolongamento do PA pré-sináptico; isto resulta na maior entrada de íons cálcio
pelos canais de cálcio voltagem-dependentes durante o potencial de ação,
consequentemente, mais quanta de neurotransmissores são liberadas;
 Em adição a modificações pré-sinápticas, sensibilização permanente é associada a
incremento nas respostas pós-sinápticas ao neurotransmissor liberado pelo nervo
sensorial; tal neurotransmissor é o glutamato, e a sensibilização é parcialmente
explicada pelo aumento do número de receptores de glutamato na sinapse;
 Enquanto um único choque produz uma sensibilização de curto prazo que dura
minutos, cinco ou mais choques produzem uma que pode durar desde dias a
semanas;
 A habituação de curto prazo na Aplysia é um processo homossináptico (resultado
direto da atividade de neurônios sensórios e suas conexões centrais); a
sensibilização é um processo heterossináptico(aumento da força sináptica
induzido por inteurôniosmodulatórios).
 Aprendizagem associativa na AplysiaI:
 Na década de 80, descobriu que a Aplysia poderia ser classicamente condicionada; novamente, a
resposta utilizada foi o reflexo de retirada branquial; o estímulo incondicionado foi um forte
choque elétrico em sua cauda, enquanto que o estímulo condicionado foi a estimulação do sifão,
que não era unicamente capaz de causar uma resposta;
 Uma vez que a estimulação da cauda foi pareada com a estimulação do sifão, a resposta
subsequente para unicamente a estimulação do sifão foi muito maior que poderia ser sem
a presença do US.
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 Novamente, ocorre modificação na sinapse entre o neurônio sensório e o motor; a nível celular, o
CS é representado pela chegada de um PA no axônio terminal do neurônio sensorial, enquanto o
US é representado pela liberação de serotonina por L29 (ativado pelo choque na cauda); a nível
molecular, o CS é representado pelo influxo de íons cálcio, enquanto o US é representado pelo
ativação da enzima adenilatociclase pela proteína G acoplada, no terminal;
 Na década de 90, descobriu-se que em presença de altas concentrações de íons cálcio, a
adenilatociclase produz rapidamente mais cAMP; mais cAMP significa mais ativação de
proteínas quinase A, mais fosforilação de canais de potássio e mais liberação de
neurotransmissores;
 No caso do reflexo de retirada branquial, a adenilatociclase pode servir como um detector
da coincidência dos CS-US; de acordo com esta hipótese, a aprendizagem ocorre quando
um pulso de íons cálcio pré-sináptico coincide com ativação da adenilatociclase (detector
de coincidência: reconhece a representação molecular tanto do CS como do US),
respondendo a ambos) pela proteína G acoplada, que estimula a produção de mais cAMP;
a memória ocorre quando os canais de potássio são fosforilados e há aumento na
liberação de neurotransmissores.
 Três sinais no neurônio sensório devem convergir para a produção de aumento na liberação do
neurotransmissor no condicionamento clássico: (1) ativação de adenilatociclase pelo influxo de
íons cálcio (CS); (2) ativação de receptores serotonérgicos ligados à adenilatociclase (US); e (3)
sinal retrógrado indicando que a célula pós-sináptica foi adequadamente ativada pelo US;

MODELOS DE APRENDIZAGEM EM VERTEBRADOS

 Plasticidade sináptica no córtex cerebelar:


 Dendritos das células de Purkinje são diretamente conectados por uma das duas maiores
aferências para o cerebelo; esta se origina na oliva inferior, local de integração das informações
dos propriocetpores musculares;
I. Axônios da oliva inferior são chamadas fibras trepadeiras (cada célula de Purkinje recebe
entrada de uma única célula da oliva inferior, enquanto cada fibra trepadeira faz centenas
de sinapses excitatórias da árvore dendrítica do neurônio de Purkinje);
II. A segunda maior aferência do cerebelo se origina de uma variedade de células cerebrais,
sendo notáveis os núcleos pontinos que carreiam informação do neocórtex cerebral; tais
aferências, chamadas fibras musgosas, fazem sinapses nas células cerebelares granulosas,
formando uma camada inferiormente às células de Purkinje; tais células granulares
originam axônios que ascendem à camada molecular, onde formam as fibras paralelas;
 A ideia de que a aprendizagem motora é dada pela plasticidade das sinapses entre as fibras
paralelas somente se estas estiverem ativas ao mesmo tempo em que impulsos nervosos chegam

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pelas fibras trepadeiras à CP pós-sináptica é chamada de teoria de Marr-Albuns da


aprendizagem motora;
 Masao testou a teoria de Marr-Albus por meio do monitoramento da eficácia das fibras paralelas
nas células de Purkinje, através da aplicação de rápidos impulsos elétricos nas fibras paralelas;
então, para induzir a plasticidade sináptica, estimulou concomitantemente as fibras trepadeiras e
as fibras paralelas; após tal procedimento, notou-se que a ativação apenas das fibras paralelas
levou a uma resposta pós-sináptica menor na célula de Purkinje; esse tipo de modificação foi
denominada depressão de longa duração (LTD);
 A LTD ocorre apenas nas sinapses das fibras paralelas que estão ativas ao mesmo tempo
que as fibras trepadeiras; esta propriedade é chamada de especificidade à entrada;
 Diferentemente da Aplysia, no cerebelo descobriu-se que a LTD resulta de uma
diminuição pós-sináptica ao glutamato liberado pelas fibras paralelas; o receptor que
medeia essa transmissão é o AMPA; estudos sugerem que a célula pós-sináptica
internaliza receptores AMPA após a indução de LTD, o que torna a sinapse menos
sensível ao glutamato;
 Os sinais entre as fibras paralelas/ trepadeiras e as CP convergem nos dendritos destas;
 A ativação de fibras trepadeiras está associada a um aumento na entrada de íons cálcio no
dendrito da CP, devido à intensa despolarização decorrente da influente atividade das
fibras trepadeiras;
 O sinal crítico fornecido pela ativação da fibra trepadeira é o aumento na concentração de
íons cálcio no dendrito da CP;
 Há um segundo tipo de receptor glutamatérgico pós-sináptico para a fibra paralela, que é
metabotrópico e se acopla, por meio de uma proteína G, à enzima fosfolipase C; a
ativação desta enzima leva à produção de um segundo mensageiro (diacilglicerol) que
ativa a proteína cinase C;

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 A LTD é causada quando três sinais intracelulares ocorrem ao mesmo tempo: um aumento na
concentração de íons cálcio, um aumento na concentração de íons sódio e a ativação da proteína
cinase C;
 O aprendizado e a memória podem resultar de modificações na transmissão sináptica; a conversão da
atividade neural em segundos mensageiros intracelulares pode disparar modificações sinápticas; as
memórias podem resultar de alterações em proteínas sinápticas preexistentes.
 Plasticidade sináptica no Hipocampo:
 O hipocampo tem três vias principais: (1) via perfurante, que projeta-se do córtex entorrinal para
as células granulares do giro denteado; (2) via das fibras musgosas, que contém axônios das
células granulares e se dirige para as células piramidais da região CA3 do hipocampo; e a via dos
colaterais de Schaffer, que consiste de ramos colaterais excitatórios das células piramidais do
CA3 que terminam sobre as células piramidais do CA1;
 A localização de um animal em um dado espaço é codificada por um padrão de disparo de
células piramidais individuais, aquelas que sofrem LTP quando suas vias aferentes são
estimuladas eletricamente; tais células são potencialmente células de localização;
 Acredita-se que por meio dessas células, o animal forme um “campo localizacional”, uma
representação interna do espaço que ele ocupa; quando ele entra em um ambiente novo,
novos campos localizacionais são formados dentro de minutos e permanecem estáveis
semanas ou meses;
 A LTP não é necessária para a transformação básica da informação sensória nos campos
localizacionais, mas sim para o ajuste fino das propriedades das células de localização,
garantindo a estabilidade dos campos ao longo do tempo;
 Uma breve estimulação tetânica (alta frequência) em qualquer uma dessas três principais
conexões sinápticas aumenta a amplitude dos potenciais pós-sinápticos excitatórios nos
neurônios hipocampais-alvo; tal facilitação é chamada de potenciação duradoura (LTP);
 Uma série de estímulos produz um LTP de fase precoce (LTP precoce), que dura de 1-3
horas e não requer síntese de novas proteínas; quatro ou mais séries induzem uma fase
mais persistente de LTP (LTP tardia), que dura pelo menos 24 horas e requer a síntese de
novas proteínas e de RNA;
 A fase precoce da LTP representa uma alteração funcional – aumento na probabilidade de
transmissão do neurotransmissor – sem alteração estrutural.

 A via das fibras musgosas é constituída pelos axônios das células granulares do giro denteado; os
terminais dessas fibras liberam glutamato como neurotransmissor, que se liga tanto a receptores
NMDA quanto a receptores não-NMDA nas células piramidais-alvo; verificou-se que a LTP na
região das fibras musgosas é dependente do influxo de íons cálcio na célula pré-sináptica após a
estimulação tetânica;
 O influxo de íons cálcio parece ativar a adenilatociclase, que aumenta o nível do AMPc e
ativa a PKA no neurônio pré-sináptico; além disso, a LTP nas fibras musgosas também
pode ser regulada por uma aferênciamodulatória, que é noradrenérgica e se liga a
receptores beta-adrenérgicos, que por sua vez ativam a adenilatociclase.

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 Em um experimento típico, a efetividade das sinapses colaterais de Schaffer é monitorada


mediante a aplicação de breves estímulos elétricos em um feixe de axônios pré-sinápticos
seguida da medida do tamanho do PEPS resultante em um neurônio pós-sináptico em CA1;
 Para induzir a LTP, os mesmos axônios recebem um estímulo tetânico, uma breve
sequência de estímulos de alta frequência; estimulações subsequentes evocam um PEPS
que é muito maior do que era aquele observado durante a determinação inicial; resultado:
o tétano modificou as sinapses estimuladas, de forma que elas são mais efetivas; da
mesma forma que a LTD cerebelar, a LTP hipocampal é específica à entrada;
 A LTP induzida em CA1 de animais despertos pode durar muitas semanas, possivelmente
por toda a vida; daí o interesse como um candidato a mecanismo da memória declarativa;
 Para se alcançar a despolarização necessária com um tétano, (1) as sinapses devem ser
estimuladas com frequências altas o suficiente para que os PEPSs sejam somados
temporalmente, e (2) um número suficiente de axônios aferentes, logo de sinapses, deve
ser ativado simultaneamente para causar somação espacial dos PEPSs(co-operatividade);
a LTP surge quando estimulação sináptica coincide com forte despolarização pós-
sináptica; em contraste com o cerebelo, no hipocampo a despolarização adequada requer
que muitas sinapses excitatórias estejam ativas ao mesmo tempo;
 A LTP na via dos colaterais de Schaffer requer a ativação de receptores de glutamato do
tipo NMDA, que tornam-se funcionais e conduzem íons cálcio apenas quando o
glutamato se liga ao receptor pós-sináptico e o potencial de membrana da célula pós-
sináptica é despolarizado de forma suficiente para que haja o disparo cooperativo de
vários axônios aferentes, o que expele o íon magnésio da boca do canal;
 O influxo de cálcio iniciam um aumento persistente na transmissão sináptica através da
ativação de cinase dependente de Ca2+/calmodulina e proteína cinase C;
 Os canais NMDA, assim como a plasticidade sináptica mediada pelo NMDA, na via dos
colaterais de Schaffer, são importantes para a memória espacial;
 Mecanismos da LTP em CA1:
 A indução da LTP na região CA1 do hipocampo depende de quatro fatores pós-
sinápticos: despolarização pós-sináptica, ativação de receptores NMDA, influxo de íons
cálcio e ativação, pelo Ca2+, de vários sistemas de segundos mensageiros na célula pós-
sináptica;

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 Receptores glutamatérgicos medeiam a transmissão excitatória sináptica no hipocampo;


assim como das CP no cerebelo, íons sódio passando através de receptores AMPA são
responsáveis pelo PEPS na sinapse entre a colateral de Schaffer e a célula piramidal de
CA1; diferentemente do cerebelo, neurônios em CA1 possuem receptores NMDA pós-
sinápticos (apresentam capacidade de conduzir íons cálcio, apenas quando o glutamato
estiver ligado e a membrana estiver suficientemente despolarizada para deslocar íons
magnésio que bloqueiam o canal);
 A entrada de íons cálcio através dos receptores NMDA sinaliza que elementos pré e pós-
sinápticos estão ativos ao mesmo tempo;
 O aumento na concentração de Ca2+ ativa duas proteínas cinases: proteína cinase C e
proteína cinase dependente de cálcio-calmodulina II (CaMKII);
 Após o aumento na concentração de íons cálcio pós-sináptica e ativação das cinases, a
trilha molecular que leva à potenciação da sinapse fica mais difícil de ser seguida;
 Uma rota parece levar a um aumento na efetividade de receptores AMPA pós-
sinápticos pré-existentes; a outra leva à inserção de receptores AMPA
inteiramente novos na membrana pós-sináptica.
 Há evidencias indicando que a estrutura sináptica seja alterada após a LTP; os espinhos
dendríticos pós-sinápticos parecem brotar e formar novos contatos sinápticos com
axônios; tal brotamento aumenta tanto a superfície pós-sináptica responsiva como a
probabilidade de que um PA no axônio dispare a liberação pré-sináptica de glutamato;
 Tanto a LTD como a LTP são disparadas pela entrada de íons cálcio na região pós-
sináptica através do receptor NMDA; a diferença está no nível de ativação do receptor
NMDA;
 Quando o neurônio pós-sináptico está fracamente despolarizado, o bloqueio
parcial do canal no receptor NMDA por íons magnésio previne a entrada de cálcio
no neurônio pós-sináptico, com exceção de um leve fluxo (ativação de fosfatases,
retirada de grupos fosfato; LTD);
 Quando o neurônio pós-sináptico está fortemente despolarizado, o bloqueio íons
magnésio é inteiramente removido e íons cálcio inundam o neurônio pós-sináptico
(ativação de cinases, adição de grupos fosfato; LTP).
 LTP, LTD e tráfego de receptores glutamatérgicos:
 Estudos recentes sugerem que os receptores AMPA na membrana pós-sináptica estejam
sendo continuamente adicionados e removidos, mesmo na ausência de atividade
sináptica; a LTP e a LPD rompem o equilíbrio de receptores AMDA, levando a um
aumento ou a uma diminuição da capacidade da membrana de conter receptores AMPA;
 A capacidade da membrana pós-sináptica é determinada pelo tamanho de um arcabouço
composto pelas chamadas proteínas-de-encaixe (proteínas slot); o arcabouço funciona
como uma caixa de ovos, e as proteínas slot formam as cavidades em que são colocados
os ovos; os receptores AMPA são os ovos que preenchem a caixa; enquanto o tamanho da
caixa não variar, a transmissão sináptica permanece estável, mesmo que sejam trocados
os “ovos”;
 Uma LTP estável requer aumento do tamanho da caixa e fornecimento de novos ovos;
estudos sugerem que uma proteína denominada PSD-95 pode ser o constituinte básico da
estrutura dessa caixa; logo, um aumento na expressão desta proteína nos neurônios
aumenta a capacidade sináptica para receptores AMPA;
 Estudos identificam os ovos da caixa – receptores AMPA que contêm uma subunidade
distinta denominada GluR1; a LTP parece promover um aumento seletivo no número
desses receptores, que com o tempo são substituídos por outros desprovidos de GluR1;
 Por outro lado, uma LTD estável requer a redução do tamanho da caixa de ovos, o que
reduz a capacidade para eles.

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 LTP, LTD e Memória:


 Trabalhos mostram que esses mecanismos de plasticidade sináptica podem contribuir para
a formação de memórias declarativas; estudos indicam que os tipos de plasticidade
sináptica dependente dos receptores NMDA (hipocampo), também ocorre no neocórtex; a
plasticidade sináptica em muitas sinapses do córtex pode ser governada de acordo com as
mesmas regras e pode usar os mesmos mecanismos;
 Tonegawa considerou que moléculas e comportamentos poderiam ser conectados por
meio da manipulação de genes; ex: nocaute (eliminação) do gene para a subunidade alfa
da CaMKII acarretaram déficits na LTP hipocampal e na memória;
 Animais manipulados geneticamente para produzir muitos receptores NMDA
demonstraram maior facilidade para aprender determinadas tarefas.
 Experimentos usando transgenes (novo gene é introduzido no encéfalo sob o controle de um
promotor que expressa o gene uma região específica) e retirada de genes (deleção de um gene
específico é induzida em células-tronco embrionárias) têm tornado possível examinar as funções dos
receptores NMDA e diferentes cinases segundos mensageiros em uma variedade de mecanismos de
aprendizagem no hipocampo, incluindo a LTP, a aprendizagem espacial e o desenvolvimento e
manutenção de um mapa espacial cognitivo;
 A perda da subunidade R1 do receptor NMDA na região CA1 do hipocampo leva à perda da
LTP.
BASES MOLECULARES DA MEMÓRIA DE LONGO PRAZO

 A adição de grupos fosfato a uma proteína pode mudar a efetividade sináptica e formar uma
memória, apenas enquanto tais grupos permanecerem ligados à proteína;
 Normalmente, cinases são finamente reguladas e estão ativadas apenas na presença de um segundo
mensageiro; entretanto, evidencias sugerem que algumas delas podem tornar-se independentes de
seus segundos mensageiros;
 CaMKII e LTP:
 CaMKII consiste em dez subunidades, cada uma catalisando a fosforilação de proteínas-substrato
em resposta a um aumento nos níveis de íons cálcio-calmodulina;
 Cada subunidade é construída com duas partes conectadas por uma dobradiça (a exemplo de um
canivete); uma parte (região catalítica) executa a reação de fosforilação, enquanto outra (região
regulatória), cobre a região catalítica na ausência do segundo mensageiro apropriado, o que
mantém a enzima inativa; a ação da Ca2+-calmodulina é colocar-se entre ambas as partes,
mantendo a estrutura aberta;
 Após a LTP, a estrutura não se fecha completamente nas subunidades da CaMKII, uma vez que a
região catalítica exposta continua a fosforilar substratos;
 A CaMKII é uma proteína cinaseautofosforilante, isto é, cada subunidade dentro de sua
molécula pode ser fosforilada por uma unidade vizinha; essa atividade persistente pode contribuir
para a manutenção da potenciação sináptica;
 A ideia de que uma cinaseautofosforilante possa armazenar informação na sinapse é
chamdahipótese do comutador molecular.
 Síntese Proteica:
 Cinases persistentes contribuem para a manutenção de uma modificação sináptica por um tempo
limitado (minutos a horas); a memória de longo prazo, portanto, requer a síntese de novas
proteínas, que são usadas para montar novas sinapses, processo no qual memórias de curto prazo
são convertidas em memórias de longo prazo (consolidação da memória);
 O primeiro passo para a síntese proteica é a produção de um RNAm transcrito de um gene,
processo regulado por fatores de transcrição no núcleo;

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 Um desses fatores é a proteína ligante de elemento responsivo a AMPc (CREB), que se


liga a segmentos específicos do DNA, chamados elementos responsivos ao AMPc (CREs)
e regula a expressão de certos genes;
 A CREB-2 é repressora da expressão gênica quando ligada ao CRE; a CREB-1 ativa a
transcrição, mas apenas quando está fosforilada pela proteína cinase A.
 A consolidação da memória implícita de longo prazo para formas simples de aprendizagem envolve
três processos: (1) expressão gênica, (2) síntese de novas proteínas e (3) crescimento ou adequação
de conexões sinápticas;
 Estudos sobre a sensibilização de longo prazo do RRB indicam que com aplicações repetidas de 5-
HT, a subunidade catalítica da PKA recruta outra cinase segundo mensageiro, a MAP (comumente
associada ao crescimento celular); juntas, translocam-se para o núcleo do neurônio sensório, onde
ativam uma mudança genética; especificamente, a subunidade catalítica fosforila e ativa um fator de
transcrição CREB-1, que liga-se ao elemento promotor CRE; através da proteína MAP, a subunidade
catalítica da PKA também age indiretamente, suprimindo as ações inibitórias do CREB-2;
 A presença tanto de um repressor (CREB-2), como de um ativador (CREB-1), sugere que o
limiar para colocar informação da memória de longo prazo é extremamente regulado,
dependendo de fatores como atenção, humor, contexto social;
 Sob circunstancias fisiológicas, a ação repressiva do CREB-2 e a ativação do CREB-1 induzem a
expressão de genes-alvo, dois dos quais são principalmente importantes: (1) enzima hidrolase da
ubiquitinacarboxiterminal, que ativa proteossomas para tornar a PKA permanentemente ativa; e
(2) o fator de transcrição C/EBP, um dos componentes da cascata genética necessária para o
crescimento de novas conexões sinápticas;
 A PKA é constituída por quatro subunidades: duas regulatórias que inibem as duas catáliticas.
 O mecanismo mais simples para a memória de longo prazo envolve uma cinase segundo mensageiro
crítica para o processo de curto prazo que torna-se persistentemente ativa por mais de 24 horas
depois do treinamento repetido (torna-se autônoma e não requer serotonina, AMPc ou PKA);

 Plasticidade Estrutural e Memória:


 No caso de sinapses que são reforçadas após o aprendizado, parece que a proteína é utilizada para
construir novas sinapses; no sistema simples de um invertebrado, a memória de longo prazo está
associada à formação de novas sinapses, enquanto o esquecimento está associado à perda destas.

Memória
Acadêmico: Gustavo Aguiar de Oliveira
7.1 Visão Geral:
A memória é uma das funções cognitivas mais complexas que a natureza produziu, e as
evidências científicas sugerem que o aprendizado de novas informações e o seu armazenamento causam
alterações estruturais no sistema nervoso. (DALMAZ; NETTO, 2009)
Os neurônios são células especializadas, cuja principal função é comunicar-se com outros
neurônios e com os órgãos que realizam as ações (como os músculos e o coração); em consequência do
processamento de uma fantástica quantidade de informações, a atividade integrada dos neurônios determina e
modula o comportamento dos indivíduos. A capacidade dos neurônios de se transformar e de adaptar sua
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estrutura em resposta às exigências ambientais (externas) ou internas é chamada de plasticidade neural. Foi no
início do século passado que o anatomista Ramón y Cajal formulou a hipótese de que a eficácia das conexões
sinápticas (áreas de contato funcional entre os neurônios) não é fixa, porém plástica e modificável. Ele postulou
que a força sináptica pode ser modificada pela atividade neural e sugeriu que o aprendizado poderia utilizar
essa plasticidade através do desenvolvimento de novos processos sinápticos.(DALMAZ; NETTO, 2009)
A experiência é o fator que mais estimula a plasticidade, em espécies tão diversas como a
humana. Ela produz mudanças estruturais e funcionais no cérebro, como aumento no tamanho e ativação da
função dos dendritos, formação ou eliminação de sinapses e aumento da atividade metabólica; tais mudanças
estão correlacionadas com alterações funcionais dos neurônios e do comportamento do indivíduo. Esse
repertório de mudanças demonstra que a atividade neural resultante da interação do organismo com o meio
externo pode modificar a estrutura do sistema nervoso em qualquer período da vida, mesmo após a maturidade.
Em decorrência, postula-se que as mudanças plásticas possam ser os loci responsáveis pelo armazenamento
da memória.(DALMAZ; NETTO, 2009)
7.2 Categorias temporais da memória:
A memória pode ser categorizada de acordo com o tempo durante o qual ela é efetiva.

7.2.1 Memória de curto prazo ou imediata:


É a capacidade rotineira de manter na consciência, durante frações de segundo, experiências
em andamento. A capacidade desse registro é muito ampla, e todas as modalidades sensoriais (visual, verbal,
tátil) parecem ter seu próprio registro de memória. (DALE PURVESet al., 2010)
Sua retenção ocorre em um local chamado de memória operante. Ela parece ser composta
por três sistemas. Um sistema de controle atencional, localizado no córtex pré-frontal e que focaliza ativamente
a percepção sobre eventos específicos no ambiente e tem uma capacidade muito limitada. O sistema de
controle atencional regula o fluxo de informações para dois sistemas de preparação que mantêm a memória
para uso temporário: uma alça articulatória para a linguagem e um rascunho visuoespacial para a visão e a
ação. A alça articulatória é um sistema de armazenamento com um rápido declínio do traço de memória onde
a memória para palavras e números pode ser mantida por uma fala sobvocal. O rascunho visuoespacial
representa ambas as propriedades visuais e a localização espacial dos objetos a serem lembrados. A informação
processada em qualquer um desses sistemas funcionais, memória operante, tem a possibilidade de se tornar
uma memória de longo prazo. Os dois sistemas de preparação parecem estar localizados em partes diferentes
dos córtices associativos posteriores. (KANDEL, 2003)

7.2.2 Memória de trabalho:


É a capacidade de manter e manipular informações na consciência durante segundos a
minutos, enquanto ela é utilizada para atingir um determinado objetivo comportamental. Um exemplo seria a
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procura de um objeto perdido, essa memória permite que a busca se faça de forma eficiente, evitando lugares
já inspecionados.(DALE PURVES et al., 2010)

7.2.3 Memória de longo prazo:


Ela compreende a retenção de informação de forma mais permanente, durante dias, semanas
ou mesmo durante toda a vida. Acredita-se que parte da informação armazenada na memória imediata ou na
memória de trabalho seja armazenada como memória de longa duração, embora a maior parte desses registros
seja esquecida. A maioria dos pesquisadores concorda em considerar o engrama (substrato físico da memória
de longa duração na maquinaria neural) como dependentes de alterações de longa duração na eficácia da
transmissão em conexões sinápticas relevantes, ou do crescimento real e da reordenação dessas conexões.
(DALE PURVES et al., 2010)
Evidências para uma transferência continuada de informações da memória de curta duração
para a de longa duração, ou consolidação, são observadas no fenômeno do priming ou pré-impressão (a
lembrança de palavras ou de objetos é melhorada pela exposição prévia a essas palavras ou objetos). O priming
mostra que uma informação previamente conhecida tem influência, embora possamos estar completamente
inconscientes de seu efeito no comportamento subsequente. O significado de priming é bem conhecido por
aqueles que queiram influenciar o modo como pensamos e agimos. (DALE PURVES et al., 2010)

7.3 Categorias qualitativas da memória humana:

7.3.1 Memória implícita ou não declarativa:


Esse tipo de memória não está disponível à percepção consciente, pelo menos não de forma
detalhada. Ela envolve a as habilidades e associações que são adquiridas e evocadas em um nível inconsciente.
Podem ser exemplos de memória dessa categoria: lembrar como discar o telefone ou como cantar a música.
Pensar acerca dessas atividades pode até mesmo inibir a capacidade de desempenhá-las de modo tranquilo e
eficiente. (DALE PURVES et al., 2010)
A informação de como se realizar alguma coisa é recordada inconscientemente, por isso
envolve caracteristicamente o treinamento de habilidades reflexas motoras ou perceptuais. É mais rígida e
fortemente conectada às condições de estímulo originais sob as quais a aprendizagem ocorreu.(KANDEL,
2003)
Esse tipo de memória é construído lentamente, através da repetição por várias abordagens, e
é expresso principalmente em desempenho e não em palavras. Exemplos de memória implícita também
incluem habilidades perceptuais e motoras e a aprendizagem de certos procedimentos e regras. (KANDEL,
2003)
Diferentes formas de memória implícita são adquiridas através de diferentes formas de
aprendizagem e envolvem diferentes regiões encefálicas. Por exemplo, a memória adquirida através do
condicionamento pelo medo, que tem um componente emocional, envolve a amígdala. A memória adquirida
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através do condicionamento clássico, a sensibilização e a habituação é incumbência dos sistemas motores e


sensórios envolvidos na aprendizagem.(KANDEL, 2003)
Certas formas de memória implícita envolvem o cerebelo e a amígdala. Os neurônios do
vermes cerebelar apresentam um aumento de atividade aprendizagem-dependente que paralelamente aproxima
o desenvolvimento do comportamento condicionado. O cerebelo está envolvido em uma forma de memória
implícita, o reflexo vestíbulo-ocular, que mantém a imagem visual fixa através da movimentação dos olhos
quando a cabeça está em movimento. A velocidade de movimento dos olhos em relação à da cabeça não é fixa
e pode ser modificada pela prática. (KANDEL, 2003)

A memória implícita pode ser:


7.3.1.1 Não-associativa:
O indivíduo aprende sobre as propriedades de um único estímulo. Ocorre quando um animal
ou uma pessoa é exposto uma vez ou repetidamente a um único tipo de estímulo. Duas formas de aprendizagem
não associativa são comuns na nossa vida diária: a habituação e a sensibilização. A habituação é o decréscimo
na resposta a um estímulo positivo, quando o estímulo é apresentado repetidamente. A sensibilização é um
aumento da resposta a uma ampla variedade de estímulos, após exposição a uma estímulo intenso ou doloroso.
(KANDEL, 2003)

7.3.1.2 Associativa:
O indivíduo aprende sobre a relação entre dois estímulos ou ente um estímulo e um
comportamento. Duas formas de aprendizagem associativa também têm sido distinguidas com base em
procedimentos experimentais usados para se estabelecer a aprendizagem. O condicionamento clássico envolve
a aprendizagem de uma relação entre dois estímulos, enquanto o condicionamento operante envolve a
aprendizagem da relação entre o comportamento de um organismo e as consequências de tal comportamento.
A essência do condicionamento clássico é o pareamento de dois estímulos. Um estímulo condicionado (CS),
tal como a luz, um som, ou um estímulo tátil é escolhido, porque ele produz ou uma ausência de resposta ou
uma resposta fraca. Um reforço, ou estímulo incondicionado (US), tal como uma comida ou um choque na
perna, é escolhido, porque produz uma resposta forte e consistente, tal como a salivação ou a retirada da perna.
Respostas incondicionadas são inatas e feitas sem aprendizagem. A intensidade ou a probabilidade de
ocorrência de uma resposta condicionada decai se o CS for repetidamente apresentado sem o US. Esse
processo é conhecido como extinção. A extinção não é sinônimo de esquecimento, mas indica que alguma
coisa nova foi aprendida. Além disso, não se aprende apenas que o CS é precedido pelo US, mas que o CS
agora sinaliza que o US não irá ocorrer. Devido à complexidade de informações sensórias que processam, os
animais de ordens mais altas devem estabelecer algum grau de regularidade em suas interações com o mundo.
Uma maneira efetiva de fazer isso é ser capaz de detectar relações causais ou preditivas entre estímulos, ou
entre comportamentos e estímulos. (KANDEL, 2003)

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O segundo maior paradigma da aprendizagem associativa é o condicionamento operante. Se


encararmos o condicionamento clássico como a formação de uma relação preditiva entre dois estímulos (o CS
e o US), o condicionamento operante pode ser considerado como a formação de relações preditivas entre um
estímulo e um comportamento. Envolve comportamentos que ocorrem ou espontaneamente ou sem um
estímulo identificável. São mais emitidos que desencadeados. Em geral, comportamentos que são
recompensados tendem a ser repetidos, enquanto que comportamentos que são seguidos por consequências
aversivas, mesmo que não dolorosas, geralmente não são repetidos. (KANDEL, 2003)
Uma vez que o condicionamento clássico e o operante envolvem diferentes tipos de
associações, poderia se supor que as duas formas de aprendizagem fossem mediadas por mecanismos neurais
diferentes. No entanto, as leis do condicionamento clássico e operante são bastante similares, sugerindo que
ambas as formas de aprendizagem utilizam os mesmos mecanismos neurais.A aprendizagem associativa não
ocorre de maneira aleatória, mas sim limitada pela biologia do organismo. (KANDEL, 2003)
7.3.2 Memória explícita ou declarativa:
É o armazenamento (e a evocação) do material que está disponível para a consciência e pode,
em princípio, ser expresso mediante a linguagem. Exemplos de memória declarativa são a capacidade de se
recordar de um número de telefone, de uma música ou das imagens de um evento passado. (DALE PURVES
et al., 2010)
Também é o conhecimento factual de pessoas, lugares e coisas e o que esses fatos significam.
É recordada por um esforço consciente, deliberado e é extremamente flexível, envolvendo a associação de
vários pedaços e peças de informação. (KANDEL, 2003)
Estudos sugerem que o conhecimento retido como memória explícita é inicialmente
adquirido através do processamento em um ou mais dos três córtices associativos polimodais (o pré-frontal, o
límbico e o parieto-occipito-temporal) que sintetizam as informações visuais, auditivas e somáticas. Dessas
áreas, a informação é conduzida em sequência para os córtices parahipocampal e perirrinal, para o córtex
entorrinal, o giro denteado, o hipocampo, o subículo e, finalmente, de volta ao córtex entorrinal. Deste, a
informação é enviada de volta para as áreas associativas polimodais do neocórtex. (KANDEL, 2003)
Assim, no processamento da informação para a retenção explícita, o córtex entorrinal tem
função dupla. Primeiro, ele é a principal fonte de aferências para o hipocampo. O córtex entorrinal projeta-se
para o giro denteado através da via perfurante e através dessa via informações polimodais essenciais provindas
dos córtices associativos atingem o hipocampo. Segundo, o córtex entorrinal é também a principal saída do
hipocampo. A informação vinda do hipocampo a partir de córtices associativos polimodais e aquelas vindas
do hipocampo para os córtices associativos convergem no córtex entorrinal. É compreensível que os déficits
de memória associados à lesão do córtex entorrinal sejam particularmente graves e que essa lesão afeta não
simplesmente uma, mas todas as modalidades sensórias. (KANDEL, 2003)
O hipocampo é importante para o reconhecimento de objetos, mas outras áreas no lobo
temporal medial podem ser mais importantes, como os córtices perirrinal, parahipocampal e entorrinal. O
hipocampo pode ser relativamente mais importante para a representação espacial. (KANDEL, 2003)
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A memória explicita é retida em diferentes córtices associativos. Sugere-se que o hipocampo


é apenas uma estação temporária para a memória a longo prazo. Nesse caso, a retenção de longo prazo de um
conhecimento episódico e semântico iria ocorrer em áreas associativas unimodais ou multimodais do córtex
cerebral que inicalmente processam a informação sensória. O sistema hipocampal media as fases iniciais da
retenção de longo prazo. Ele iria então, lentamente, transferindo as informações para o sistema de retenção
neocortical. A adição relativamente lenta de informações ao neocórtex permitiria que novos dados a serem
retidos não comprometessem as informações já existentes. As áreas de associação são os últimos depósitos
para a memória explícita. (KANDEL, 2003)
O conhecimento explícito relaciona-se a pelo menos quatro processos distintos:
A codificação refere-se aos processos pelos quais novas informações aprendidas são tratadas
e processadas quando encontradas pela primeira vez. A extensão e a natureza dessa codificação são
criticamente importantes para determinar quão bem o material aprendido será lembrado futuramente. Para uma
memória persistir e ser lembrada, a informação deve ser cuidadosa e profundamente codificada. Isso é
alcançado pelo tratamento da informação e associação disso significativa e sistematicamente a um
conhecimento que já está bem estabelecido na memória, de modo a permitir que a pessoa integre uma
informação nova a uma informação já conhecida. A retenção da memória é mais forte quando a pessoa está
motivada. (KANDEL, 2003)
A consolidação refere-se àqueles processos que alteram a informação recém-tirada e ainda
lábil, de modo a torna-la mais estável para a retenção de longo prazo. A consolidação envolve a expressão de
genes e a síntese de novas proteínas, dando origem a alterações estruturais que mantêm a estabilidade da
memória ao longo do tempo. (KANDEL, 2003)
A retenção refere-se ao mecanismo e locais onde a memória é retida ao longo do tempo.
Uma das características mais notáveis da retenção de longo prazo é que ela parece ter uma capacidade quase
que ilimitada. A memória a curto prazo é muito limitada. (KANDEL, 2003)
O acesso refere-se àqueles processos que permitem a lembrança e o uso das informações
retidas. O acesso envolve a reunião de diversas formas de informação que estavam retidas separadamente em
diferentes locais de retenção. O acesso a memória é muito parecido com a percepção; é um processo
construtivo e portanto sujeito a distorção, assim como a percepção é sujeita a ilusões. O acesso a uma
informação é mais efetivo quando se dá no mesmo contexto no qual a informação foi adquirida e na presença
das mesmas sugestões que estavam disponíveis ao indivíduo durante a aprendizagem. (KANDEL, 2003)
A memória explícita pode ser de conhecimento:
7.3.2.1 Semântico:
Memória de longo prazo que envolve o conhecimento de objetos, fatos e conceitos, bem
como das palavras e de seus significados. Isso inclui a denominação de objetos, a definição de palavras faladas
e fluência verbal. A capacidade de recordarmos e utilizarmos associações feitas ao longo do tempo – nossa
eficiência cognitiva – parece depender de quão bem essas associações organizaram as informações que
retivemos. Não há uma localização geral da memória semântica. Cada vez que o conhecimento sobre alguma
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coisa é lembrado, a lembrança é construída sobre diferentes pedaços de informações, cada um dos quais
guardado em locais específicos de memória. Uma lesão da área cortical pode levar a uma perda de informações
específicas e a uma fragmentação do conhecimento. (KANDEL, 2003)
7.3.2.2 Episódico:
Capacidade de se lembrar de um episódio vivenciado. As áreas do neocórtex que parecem
ser especializadas na retenção de longo prazo de conhecimento episódico são as áreas associativas do lobo
frontal. Essas áreas pré-frontais trabalham com outras áreas do neocórtex para permitir a recordação de quando
e onde um evento passado ocorreu. (KANDEL, 2003)
7.4 Formação da memória de longo prazo:
Alguns comportamentos aprendidos envolvem ambas as formas de memória: implícita e
explícita. O condicionamento clássico é bastante eficiente na associação de uma resposta reflexa inconsciente
com um estímulo particular e caracteristicamente envolve formas implícitas de memória. No entanto, mesmo
essa forma simples de aprendizagem pode também envolver a memória explicita, de tal modo que a resposta
aprendida é mediada, pelo menos em parte, pelos processos cognitivos. (KANDEL, 2003)
As memórias explícita e implícita são ambas retidas em estágios. Uma pessoa que tenha
perdido a consciência perde, seletivamente, a memória para eventos que tenham ocorrido pouco antes de seu
apagar (amnésia retrógrada). O trauma encefálico em humanos pode produzir uma amnésia profunda,
principalmente para eventos que tenham ocorrido poucas horas, ou no máximo, dias antes do trauma. Nesses
casos as memórias mais antigas permanecem relativamente intactas. A extensão da amnésia retrógrada varia
de paciente para paciente, de vários segundos a vários anos, dependendo da natureza e da duração da
aprendizagem e gravidade do evento de ruptura. As aferências encefálicas são processadas em memória de
curto prazo antes que sejam transformadas, através de um ou mais estágios em uma retenção mais permanente,
de longo prazo. Um sistema de busca-e-acesso provê a retenção da memória e torna a informação disponível
para tarefas específicas. Memória recente pode ser facilmente compreendida e depois de convertida em
memória de longo prazo, tornando-se relativamente estáveis. (KANDEL, 2003)
A memória é dependente do tempo e sujeita a modificações quando formada pela primeira
vez. A inibição da síntese proteica bloqueia seletivamente a formação da memória de longo prazo (que requer
o sistema do lobo temporal), mas não da memória de curto prazo. A memória implícita envolve o cerebelo e
a amígdala e quaisquer sistemas sensórios e motores específicos que forem recrutados para que as tarefas
sejam aprendidas. Alterações aprendidas do reflexo vestíbulo-ocular parecem envolver pelo menos dois locais
diferentes no encéfalo e a aprendizagem explícita envolve estruturas neo-corticais, bem como a formação
hipocampal. Além disso, há razões para acreditar-se que a informação é representada em múltiplos locais,
mesmo dentro de uma mesma estrutura encefálica. (KANDEL, 2003)
A repetição da experiência leva à consolidação da memória, ao convertê-la da forma de curto
prazo na forma de longo prazo. A consolidação da memória implícita de longo prazo para formas simples de
aprendizagem envolve três processos: expressão gênica, síntese de novas proteínas e crescimento de conexões
sinápticas. (KANDEL, 2003)
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Os eventos bioquímicos relacionados com a formação da memória podem ser regulados logo
após a sessão de aprendizado em animais, por meio de mecanismos hormonais e neuro-humorais relacionados
ao estresse e à ansiedade, modulando sinapses GABAérgicas, noradrenérgicas e colinérgicas. E, ainda, vias
nervosas relacionadas ao controle do humor também podem interferir na formação da memória, incluindo aí
as vias dopaminérgicas e serotonérgicas.( (DALMAZ; NETTO, 2009)
Com aplicações repetidas de serotonina, a subunidade catalítica da PKA recruta uma
outracinase segundo mensageiro, a proteína cinasemitógeno-ativada (MAP), que é uma cinase comumente
associada ao crescimento celular. Juntas, as duas cinasestranslocam-se para o núcleo dos neurônios sensórios,
onde ativam uma mudança genética. Especificamente, a subunidade catalítica fosforila e ativa um fator de
transcrição chamado CREB-1 (elemento de resposta do AMPcligador de proteína). Esse ativador
transcricional, quando fosforilado, liga-se ao elemento promotor chamado CRE (elemento de resposta do
AMPc). Através da proteína cinasemitógeno-ativada, a subunidade catalítica da PKA também age
indiretamente, suprimindo as ações inibitórias do CREB-2, que é um repressor da transcrição. A presença tanto
de um repressor (CREB-2), como de um ativador (CREB-1) da transcrição, bem na primeira fase da facilitação
de longo prazo, sugere que o limiar para colocar a informação dentro da memória de longo prazo é
extremamente regulado. Sob circunstâncias normais, a liberação fisiológica da ação repressiva do CREB-2 e
a ativação do CREB-1 induzem a expressão de genes-alvo, dois dos quais principalmente importantes: a
enzima hidrolase da ibiquitinacaboxiterminal, que ativa proteossomas para tornar a PKA permanentemente
ativa, e o fator de transcrição C/EBP, um dos componentes da cascata genética necessária para o crescimento
de novas conexões sinápticas. Esse processo dá origem ao estado estável, automantido da memória de longo
prazo. (KANDEL, 2003)
A memória explícita em mamíferos envolve a potenciação duradoura no hipocampo. O
hipocampo tem três vias principais: (1) a via perfurante, a qual projeta-se do córtex entorrinal para as células
granulares do giro denteado; (2) a via das fibras musgosas, a qual contém os axônios das células granulares e
se dirige para as células piramidais da região CA3 do hipocampo; e (3) a via dos colaterais de Schaffer, a qual
consiste em colaterais excitatórios das células piramidais da região do CA1. Cada uma dessas três vias é
sensível à história de atividade prévia. (KANDEL, 2003)
Uma análise quântica mostra que o decréscimo da força sináptica resulta de um decréscimo
no número de vesículas contendo neurotransmissor que são liberadas pelos terminais pré-sinápticos dos
neurônios sensórios. Esses neurônios sensórios usam o glutamato como neurotransmissor. O glutamato
interage com dois tipos de receptores nas células motoras: um similar ao tipo N-metil-d-aspartato (NMDA) de
receptores de glutamato de vertebrados e o outro semelhante ao tipo não-NMDA. Ainda não se sabe como
ocorre esse decréscimo na liberação do transmissor; acredita-se que seja, em parte, devido a uma redução na
mobilização das vesículas contendo neurotransmissor para a zona ativa. Essa redução pode durar muitos
minutos. Tais alterações plásticas duradouras na força das conexões sinápticas constituem os mecanismos
celulares que medeiam a memória de curto prazo para habituação. (KANDEL, 2003)
7.5 Influência do álcool na memória:
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Com a ingestão de álcool pode ocorrer pequenas amnésias ou ‘’blackouts’’. É o déficit no


sistema glutamato que causa problemas, principalmente, na memória de curta duração. O sistema
glutamatérgico trata-se de um sistema do neurotransmissor glutamato (o neurotransmissor excitatório mais
importante do cérebro humano, tendo um papel crítico na memória e cognição) e seus receptores, sendo o
receptor NMDA o que mais interage com o álcool. O fluxo de cálcio através da membrana celular do neurônio
é controlado por este receptor, que está envolvido com processos de formação da memória e da degeneração
neuronal devido as alterações no fluxo de cálcio. O receptor NMDA possui sítios de ligação que são
controlados pela presença de algumas substâncias como o magnésio e a glicina, que é co-agonista do receptor.
É aí que entra o álcool e sua toxicidade, ele bloqueia a ligação da glicina ao receptor, inibindo a função do
NMDA. Isso altera o fluxo normal de cálcio, onde pequenas quantidades entravam na célula juntamente com
sódio e a saída de potássio. (BITTENCOURT, 2000)
A perda de memória está relacionada com a mudança no fluxo de cálcio, pois este íon ativa
certas enzimas que estimulam a síntese de mRNA’s que contém os genes para produção de proteínas que
modificam a estrutura das sinapses. São por estas mudanças de forma e função das sinapses que a memória é
formada. Além da perda de memória recente após a ingestão de grandes quantidades de álcool em um curto
espaço de tempo, a ingestão crônica de álcool pode levar a uma perda irreversível da eficiência da memória
de curto e longo prazo, dificultando a fixação de novas informações e experiências. (BITTENCOURT, 2000)
7.6 Evocação da memória e esquecimento:
A evocação da memória, por sua vez, não é simplesmente a reativação de fragmentos
distribuídos que constituem o engrama, representação da informação no sistema nervoso. Pode acontecer que
apenas alguns fragmentos do engrama sejam ativados, ou podemos confundir pensamentos e associações
provocados diretamente pela mesma dica, e estudos têm demonstrado a falibilidade da memória humana.
Lembrar implica num processo ativo de reconstrução e não se assemelha a assistir a uma fita de vídeo do
passado. Além disso, o humor e a motivação também podem influenciar o quê, e o quanto, nós lembramos;
este fenômeno é denominado de dependência de estado. (DALMAZ; NETTO, 2009)

Se não fosse pelo esquecimento, nossos encéfalos estariam oprimidos com uma carga insuportável
representada pelo colosso de informações inúteis, que são codificadas em nossa memória imediata. É
evidente que as pessoas se esquecem de coisas que não tenham mais importância e que memórias pouco ou
nada utilizadas deterioram-se com o tempo. Raros indivíduos apresentam dificuldade com apagamento
normal de informações, tendo dificuldade em dominar sua mente, ficando oprimida por informações triviais.
Embora o esquecimento seja um processo mental normal e aparentemente essencial, ele também pode se
manifestar de forma patológica, uma condição denominada amnésia. A incapacidade de estabelecer novas
memórias após uma lesão neurológica é chamada de amnésia anterógrada, enquanto a dificuldade em evocar
memórias adquiridas previamente á neuropatologia desencadeante do problema é denominada amnésia
retrógrada. (DALE PURVES et al., 2010)

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MECANISMOS DO SONO-VIGÍLIA
 Atribui-se aos sistemas hipotalâmicos e suas respectivas interações funcionais com o sistema de
controle temporizador circadiano (ritmo biológico de 24 horas) o controle do ciclo sono-vigília;
 O sono normal é constituído pela alternância dos estágios REM e NREM;
 O sono NREM é caracterizado pela presença de ondas sincronizadas no EEG e pode ser subdivido
em quatro fases: estágios 1, 2, 3 e 4 (3 e 4 equivalem ao sono de ondas lentas ou ‘sono delta’); o
EEG de sono REM é caracterizado por ondas dessincronizadas e de baixa amplitude;
 A sincronização-dessincronização das ondas do EEG do sono NREM-REM e vigília é consequência
da atividade neural nos circuitos tálamo-corticais (núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral),
decorrentes da integração entre os núcleos monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico;
 O sistema monoaminérgico reticular ativador ascendente é constituído pelos núcleos dorsais da
rafe (NDR serotonérgico), locus ceruleus (LC noradrenérgico) do tronco cerebral e núcleo
tuberomamilar (NTM histaminérgico) do hipotálamo posterior, que se projetam para o córtex e
núcleos reticulares do tálamo;
 O circuito tálamo-cortical e projeções aminérgicas-colinérgicas são responsáveis pela
dessincronização do EEG na vigília; a atividade aminérgica elevada durante a vigília ativa os
circuitos tálamo-corticais mas diminui durante o sono NREM, sendo ausente no sono NREM;
 Os neurônios aminérgicos são denominados “wake-on-and-sleep-off”;
 O córtex cerebral durante o sono REM está aminergicamente desmodulado pela ausência
do tônus aminérgico.
 Os sistemas aminérgicos se projetam para o hipotálamo anterior inibindo as células gabaérgicas
do núcleo pré-óptico ventral-lateral do hipotálamo anterior (VLPO);
 Os núcleos colinérgicos pontinho látero-dorsais, tegmento pedúnculo-pontino e núcleo
colinérgico do prosencéfalo basal fazem conexões excitatórias nos núcleos reticulares talâmicos,
projeções tálamo-límbicas (córtex e amigdala) e projeções corticais diretas e estão sobre o
controle do sistema NDR (serotonérgico) e LC (noradrenérgico).
 Essas projeções tálamo-corticais e tálamo-límbicas são fundamentais para a dessincronização EEG
durante a vigília e para a dessincronização EEG durante o sono REM;
 Em contraste com a atividade aminérgica (ausente no sono REM), a atividade colinérgica dos
núcleos pontinos látero-dorsais, tegumento pedúnculo-pontino e do prosencéfalo basal é máxima
durante o sono REM e vigília, sendo mínima ou ausente durante o sono NREM;
 Os núcleos colinérgicos ativam-se durante a vigília e durante o sono REM, com dessincronização
do EEG; devido a isso, as células colinérgicas são denominadas “REM-and-wake-on”;
 Há uma diferença entre a dessincronização do EEG no REM e na vigília; durante o sono
REM, os sistemas aminérgicos não estão ativos e a ativação colinérgica ativa o córtex
diretamente; na vigília, os sistemas aminérgicos, dopaminérgicos, colinérgicos, estão
ativos (modulação aminérgica cortical).
 O modelo da interação recíproca estabelece que a vigília seria um estado predominantemente
aminérgico e o sono REM, um estado predominantemente colinérgico muscarínico, com o sono
NREM situado em uma posição intermediária;
 Este modelo propõe dois tipos de grupos celulares localizados na formação reticular, as células
REM-on colinérgicas e as células REM-off serotonérgicas-noradrenérgicas;
 Durante a vigília, o sistema aminérgico REM-off, tonicamente ativo, gera dessincronização do
EEG e inibe o sistema colinérgico REM-on, suprimindo o sono REM;
 Os sistemas histaminérgico do hipotálamo posterior e dopaminérgico da área ventral
tegmentar adicionam-se ao sistema serotonérgico e noradrenérgico (aminérgico) na
inibição das células colinérgicas REM-on.
 Durante o sono REM, as células aminérgicas REM-off silenciam e o sistema colinérgico liberado
das influências inibitórias atinge seu máximo; portanto, o sono REM ocorre somente quando o
sistema aminérgico suspense a atividade inibitória sobre a atividade colinérgica;
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 Interneurônios glutamatérgicos excitatórios da substância reticular pontina interpostos às


células REM-on entram em ação à medida que a inibição aminérgica se reduz durante o
sono NREM; tais neurônios funcionam em alças auto excitatórias que ativam as células
REM-on, aumentando a frequência de disparos, o que desencadeia início e manutenção
do sono REM.

 Neurônios da área ventral tegmentar (AVT) mesencefálica (substância negra) projetam-se para o
córtex cerebral via trato meso-cortico-límbico; axônios excitatórios da AVT projetam-se para o LC e
núcleos talâmicos límbicos, conectando o sistema dopaminérgico mesostriatal diretamente com o
sistema ativador ascendente responsável pela vigília;
 Neurônios da AVT recebem sinapses excitatórias de células do hipotálamo lateral que, somadas
com a atividade excitatória do sistema aminérgico e colinérgico, promovem a dessincronização
do EEG na vigília;
 O efeito de agonistas dopaminérgicos no ciclo sono-vigília depende do tipo de receptores
dopaminérgicos estimulados;
 Doses baixas de agonistas dopaminérgicos D-2 produzem sonolência, aumentam o sono
REM e ataques do sono;
 Doses mais altas são suficientes para suprimir sono NREM e REM, por estímulo de
receptores D-1.

 Hipotálamo anterior:
 Os neurônios inibitórios gabaérgicos e galaninérgicos do núcleo pré-óptico ventro-lateral do
hipotálamo anterior (VLPO) ativam-se exclusivamente durante o sono NREM e REM (sleep-on);
 O VLPO está relacionado com o sono de ondas lentas; suas células projetam-se diretamente para
os núcleos NTM, NDR, LC, para núcleos colinérgicos pontinos látero-dorsais e tegumento
pedúnculo-pontino, produzindo inibição destes núcleos excitatórios promotores da vigília;
 O VLPO permanece ativo inibindo os sistemas aminérgico, colinérgico e hipocretinas,
permitindo o aparecimento do sono REM por inibir as células REM-off; recebem sinapses
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inibitórias dos NTM, NDR e LC, assim como sinapses de núcleos do sistema límbico e dos
núcleos supraquiasmáticos (NSQs);
 O VLPO e o sistema aminérgico apresentam uma relação funcional de reciprocidade de inibição
mútua entre os dois sistemas;
 Quando o VLPO está ativo durante o sono, inibe as células do sistema aminérgico-colinérgico;
semelhantemente, quando neurônios aminérgicos-colinérgicos estão ativos durante a vigília,
inibem o VLPO.

 Marcapasso circadiano:
 Os núcleos supraquiasmáticos (NSQs) são estruturas anatômicas localizadas no hipotálamo
anterior acima do quiasma óptico com aproximadamente 10 mil células; representam o relógio
biológico capaz de gerar um ritmo endógeno próprio passível de sincronização a partir de sinais
sincronizadores internos ou do meio ambiente (luz solar);
 A etapa inicial da fotossincronização do NSQ está nas células ganglionares retinianas, que
possuem receptores melatonina tipo (ML-I) e dois fotopigmentos específicos denominados de
criptocromo e melanopsina, responsáveis pela fotocepção e transdução do estímulo luminoso
transmitido via glutamato pelo trato retino-hipotalâmico até o NSQ;
 As células do NSQ transmitem a informação rítmica fotossincronizada para outros núcleos
hipotalâmicos responsáveis pela periodicidade de secreção de hormônios, variações da
temperatura do SNC, ingesta alimentar, proprensão e duração do ciclo sono-vigília e secreção de
melatonina;
 As principais eferências anatômicas do NSQ de importância no ciclo sono-vigília são para
VLPO, hipotálamo lateral e LC; o papel funcional da eferência NSP para o VLPO é desinibi-lo
ao final da vigília quando o sinal do NSQ diminui, o que permite o início do sono NREM;
 O NSQ não possui eferências diretas para o sistema excitatório aminérgico, exceto para o LC;
 O padrão de sono é um fenótipo de herança genética;
 O sinal fotossincronizado das células do NSQ é transmitido multissinapticamente para a glandula
pineal, responsável pela secreção de melatonina plasmática durante o período de sono noturno.

 Controle homeostático do sono – adenosina:


 Adenosina é um produto do metabolismo energético celular neuronal que acumula-se na fenda
sináptica durante a vigília e atua localmente de forma inibitória;
 O prosencéfalo basal é considerado como o homeostato do sono por ser a região onde ocorre
maior acúmulo local de adenosina;
 A ação inibitória local de adenosina ocorre em autorreceptores específicos adenosina-1 das
células colinérgicas do presencéfalo basal; a redução da atividade destas células colinérgicas
desinibe as células gabaérgicas do VLPO, dando início ao sono NREM ao final do período de
atividade ou vigília;
 Os efeitos antagonistas nos receptores adenosina-1 proporcionados pela cafeína, aminofilina e
teofilina são os responsáveis pelos efeitos estimulantes ou inibitórios sobre o sono.

 Hipotálamo posterior:
 As hipocretinas foram denominadas de hipocretinas I e II por causa da origem hipotalâmica e seu
efeito estimulante do apetite;
 Neurônios produtores de hipocretinas I e II estão localizados na região perifornical do
hipotálamo posterior, projetando seus axônios excitatórios para diferentes áreas do SNC, córtex,
tronco cerebral e m. espinal, exceto cerebelo; regulam o ciclo sono-vigília, balanço energético e
apetite, atividade do sistema nervoso autônomo, secreção neuroendócrina e atividade locomotora;

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 As aferências excitatórias dos NSQ para o hipotálamo posterior confirmam que o sinal circadiano
é transmitido para o sistema hipocretinas, o que justifica um ritmo circadiano destas;
 Hipocretinas possuem papel central na manutenção do alerta durante a privação do sono,
persistindo elevada durante à privação do sono;
 Hipocretinas desempenham papel-chave na estabilidade dos sistemas aminérgicos e colinérgicos
do ciclo sono-vigília; apresentam atividade máxima durante a vigília, estimulando todo o circuito
excitatório responsável pela vigília (células wake-on-sleep-off) e ausente durante o sono NREM e
REM;
 Elevam o tônus monoaminas, mantendo assim o VLPO inibido, o que impede o início do
sono; por sua vez, a suspensão dos estímulos excitatórios do NSQ, dos estímulos
excitatórios do prosencéfalo basal (acúmulo de adenosina) em conjunto com a inibição
oriunda do VLPO no sistema hipocretinas, são responsáveis pelo início do sono NREM;
 A liberação dos núcleos colinérgicos látero-dorsais e do tegumento pedúnculo-pontino
pela suspensão dos estímulos inibitórios oriundos das hipocretinas e das aminas
determina liberação da atividade colinérgica e expressão do sono REM de acordo com o
modelo de interação recíproca;
 A deficiente de hipocretinas é a causa de sintomas de sono observados durante a
narcolepsia-cataplexia em animais e seres humanos, instabilidade do sistema com
sintomas de sonolência excessiva e aparecimento de fenômenos REM durante a vigília,
como os ataques de cataplexia.
 O núcleo tuberomamilar (NTM) é o único núcleo histaminérgico do SNC e está relacionado com
a manutenção da vigília, sendo o principal inibidor do VLPO; a atividade histaminérgica é
promotora da vigília e lesões do NTM resultam em hipersonolência; por sua vez, durante o sono
NREM e REM, a atividade histaminérgica é tonicamente inibida pelo VLPO.

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CONEXÕES REFLEXAS DOS NÚCLEOS DOS NERVOS CRANIANOS


 Reflexo Mandibular ou Mentual: a resposta reflexa consiste no fechamento brusco da boca por ação
de músculos mastigadores, em especial o masseter;
 As vias aferentes e eferentes se fazem pelo trigêmeo;
 Percussão do mento estira os músculos mastigadores, ativando os seus fusos musculares, o que
inicia impulsos aferentes que seguem pelo nervo mandibular e atingem o núcleo do trato
mesencefálico do trigêmeo, cujos axônios fazem sinapse no núcleo motor do mesmo nervo
craniano, onde se originam impulsos eferentes que determinam a contração dos músculos
mastigadores;
 Reflexo semelhante ao patelar, uma vez que envolve apenas dois neurônios, um do núcleo
mesencefálico (contém neurônios sensitivos e possui valor funcional de um gânglio) e outro do
núcleo motor trigeminal;
 Tal reflexo mantém a boca fechada sem que seja necessária uma atividade voluntária para isto;
assim, por ação da força gravitacional, o queixo tende a cair, o que causa estiramento dos
músculos mastigadores, desencadeando o reflexo mentual que resulta na contração destes
músculos e manutenção da boca fechada.
 Reflexo Corneano ou Corneopalpebral: ocorre fechamento dos dois olhos por contração bilateral da
parte palpebral do músculo orbicular do olho;
 O impulso aferente passa sucessivamente pelo ramo oftálmico do trigêmeo, gânglio trigeminal e
raiz sensitiva do trigêmeo, chegando ao núcleo sensitivo principal e núcleo do trato espinal deste
nervo;
 Fibras cruzadas e não cruzadas nestes núcleos conduzem os impulsos aos núcleos do facial dos
dois lados, de modo que a resposta motora se faz pelos dois nervos faciais, resultando no
fechamento de ambos os olhos.
 Reflexo Lacrimal: toque da córnea ou presença de um corpo estranho no olho causa aumento da
secreção lacrimal; trata-se de mecanismo de proteção do olho, acompanhado de fechamento da
pálpelbra;
 Via aferente deste reflexo é idêntica à do reflexo corneano; contudo, as conexões centrais se
fazem pelo núcleo lacrimal, onde saem fibras pré-ganglionares pelo nervo intermédio, através
dos quais o impulso chega ao gânglio pterigopalatino e daí à glândula lacrimal;
 Exemplo de reflexo somatovisceral.
 Reflexo de Piscar: a pálpebra se fecha quando um objeto é rapidamente jogado diante do olho, ou
quando há um movimento no qual a tendência seria o toque à pálpebra;
 Fibras aferentes da retina vão para o colículo superior (através do nervo óptico, trato óptico e
braço do colículo superior), de onde saem fibras para o núcleo do nervo facial;
 Pelo nervo facial, o impulso chega ao músculo orbital do olho, determinando o piscar da
pálpebra;
 Se o estímulo for muito intenso, impulsos do teto vão aos neurônios motores da medula (via trato
tetoespinal), o que resulta em resposta motora que faz o indivíduo, reflexamente, proteger o olho
com a mão.
 Reflexo Fotomotor Direto: a pupila do olho contrai-se quando este é estimulado com um feixe de
luz;
 O impulso nervoso originado na retina é conduzido pelo nervo óptico, quiasma óptico, trato
óptico, chegando ao corpo geniculado lateral;
 Ao contrário das fibras relacionadas com a visão, as fibras ligadas a este reflexo não fazem a
sinapse no corpo geniculado lateral, mas atravessam o braço do colículo superior, terminando em
neurônios da área pré-tetal;
 Da área pré-tetal saem fibras que terminam fazendo sinapse com os neurônios do núcleo de
Edinger-Westphal; deste núcleo saem fibras pré-ganglionares que pelo III par (oculomotor) vão

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ao gânglio ciliar, de onde saem fibras pós-ganglionares que terminam no músculo esfíncter da
pupila, determinando sua contração;
 Pode estar abolido em lesões da retina, nervo óptico ou oculomotor.
 Reflexo do Vômito: pode ser desencadeado por várias causas, sendo mais frequentes aquelas
derivadas de irritação da mucosa gastrointestinal, como ocorre na ingestão excessiva de bebidas
alcóolicas;
 A irritação da mucosa gastrointestinal estimula visceroceptores aí existentes, originando
impulsos aferentes que, pelas fibras aferentes viscerais do vago, chegam ao núcleo do trato
solitário;
 A partir do núcleo do trato solitário, saem fibras que levam impulsos ao centro do vômito, situado
na formação reticular do bulbo; deste centro saem fibras que se ligam às áreas responsáveis pelas
respostas motoras que vão desencadear o vômito:
 Fibras para o núcleo dorsal do vago: impulsos, pelas fibras pós-ganglionares do vago,
após sinapses em neurônios pós-ganglionares situados na parede do estômago, chegam a
tal órgão, aumentando sua contração e determinando a aberta do cárdia;
 Fibras que passam pelo trato reticuloespinal chegam à coluna lateral da medula: daí
saem fibras simpáticas pré-ganglionares que, pelos nervos esplâncnicos, chegam aos
gânglios celíacos; fibras pós-ganglionares originadas destes gânglios levam os impulsos
ao estômago, determinando o fechamento do piloro;
 Fibras que pelo trato reticuloespinal chegam à medula cervical onde se localizam os
neurônios motores, cujos axônios constituem o nervo frênico; os impulsos nervosos que
seguem pelo frênico determinarão a contração do diafragma;
 Fibras que pelo trato reticuloespinal chegam aos neurônios motores da medula onde se
originam os nervos toracoabdominais, os quais inervam os músculos da parede
abdominal, cuja contração aumenta a pressão intra-abdominal, talvez o fator mais
importante do mecanismo do vômito;
 Fibras para o núcleo do hipoglosso, cuja ação resulta em protrusão da língua.

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ANATOMIA DA PARTE PERIFÉRICA DO SISTEMA NERVOSO: MEMBRO SUPERIOR

 Anatomia das raízes cervicais:


 Filamentos emergem da medula espinal e combinam-se para formar as raízes anteriores e
posteriores dos nervos espinais;
 As raízes nervosas fundem-se no forame intervertebral, distal ao gânglio sensitivo de nervo
espinal, formando os curtos nervos espinais;
 Os nervos espinais de C1 a C7 passam acima das vértebras cervicais de mesmo número até sair
doo canal vertebral;
 Os nervos espinais dividem-se em ramo posterior e anterior ao sair pelo forame intervertebral;
 O ramo posterior inerva a pele os músculos paravertebrais (exceto C1);
 O ramo posterior de C2 torna-se nervo occipital maior;
 Os ramos anteriores de C1-C4 formam o plexo cervical;
 Os ramos anteriores de C5-C8 e T1 formam o plexo braquial;

 PLEXO CERVICAL:
 Possui quatro ramos cutâneos que emergem da margem posterior do m. esternocleidomastoideo:
 N. auricular magno inerva a pele sobre o ângulo da mandíbula, sobre a glândula parótida,
sobre o processo mastoide e sobre a orelha externa;
 N. occipital menor inerva a parte lateral da região occipital e a superfície medial da orelha
externa;
 Nn. Supraclaviculares;
 N. cervical transverso inerva a pele sobre a porção anterior e lateral do pescoço, da
mandíbula até o esterno.
 Possui vários ramos musculares, como o n. frênico que inerva o diafragma;
 Suas fibras sensitivas levam informação estereoceptiva de partes do couro cabeludo, pescoço e
tórax, assim como informação proprioceptiva dos mm., tendões e articulações.

 NERVOS TORÁCICOS:
 Os Nn. torácicos não formam plexos, distribuindo seus ramos cutâneos para os dermátomos
torácicos e mandando outras fibras sensitivas para as estruturas musculares mais profundas, os
vasos, o periósteo, a pleura parietal, o peritônio e os tecidos mamários;
 Enviam também fibras motoras para os mm. das paredes torácica e abdominal.

 PLEXO BRAQUIAL:
 Forma-se a partir dos ramos anteriores de C5-8 e T1 (há contribuição de C4):
 Os ramos anteriores de C5 e C6 formam o tronco superior;
 Os ramo anterior de C7 forma o tronco médio;
 Os ramos anteriores de C8 e T1 formam o tronco inferior.
 Cada tronco se divide, originando uma divisão anterior e uma posterior:
 As três divisões posteriores foram o fascículo posterior;
 As divisões anteriores dos troncos superior e médio formam o fascículo lateral;
 A divisão anterior do tronco inferior continua como fascículo lateral;
 Os fascículos por sua vez formam ramos:
 Supraclaviculares: das raízes dos plexos (para os mm. longo do pescoço e
escaleno – C5-8; escapular dorsal – C5; ramo para o frênico – C5; longo torácico
C5-7) e do tronco superior (supracapsular – C5-6; para o m. subclávio – C5-6);
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 Infraclaviculares: do fascículo lateral (peitoral lateral – C5-7; musculocutâneo –


C4-7; raiz lateral do mediano – C5-7), do fascículo medial (peitoral medial – C8-
T1; nervo cutâneo medial do braço – T1; nervo cutâneo medial do antebraço – C8-
T1; ulnar – C7-T1; raiz medial do mediano – C8-T1) e do fascículo posterior
(subcapsular superior – C5-7; subcapsular inferior – C5-6; axilar – C5-6;
toracodorsal – C6-8; radial – C5-8).
 No pescoço, o plexo braquial situa-se entre os mm. escalenos anterior e médio e acima da 1ª
costela: passa por baixo da clavícula, acima da 1ª costela, até alcançar a axila;
 Nervos do plexo braquial:
 Torácico longo, inerva o m. serrátil anterior; deriva dos ramos anteriores direitos de C5-7
e se dirige para baixo ao longo da parede torácica ântero-lateral;
 Toracodorsal, inerva o m. latíssimo do dorso; deriva dos ramos anteriores de C6-8 e
passa para baixo sobre o músculo subescapular até alcançar o latíssimo;
 Supra-escapular, inerva os m.supra-espinal e infra-espinal; deriva dos ramos anteriores
de C5-6 e passa por baixo do trapézio, através da incisura da escápula, em direção à fossa
supra-espinal e depois em tono da incisura espinoglenóide;
 Ajuda no levantamento e rotação externa do braço;
 Lesão resulta no enfraquecimento nos primeiros 15º de abdução e na rotação
externa do membro.
 Nervo axilar, inerva o m. deltoide e a pele sobre ele e o m. redondo menor; deriva dos
ramos anteriores de C5-6 e passa abaixo da articulação do ombro, em torno da superfície
posterior e lateral do úmero, abaixo do deltoide;
 Ajuda na abdução do braço para a rotação horizontal e a rotação externa do
mesmo;
 Lesão resulta na atrofia do deltoide e na debilitação na abdução dos 15º aos 90º.
 Nervo mediano (para o punho), inerva os m. pronador redondo, flexor radial do carpo,
flexor superficial dos dedos, flexor longo do polegar, flexor profundo dos dedos,
pronador quadrado; deriva da união do fascículo lateral e medial do plexo braquial e vai
em direção à mão por baixo dos ligamentos do carpo;
 O nervo mediano em sua totalidade supre inervação sensitiva para a palma e
polegar adjacente, para os dedos indicador e médio e para a metade lateral do
quarto dedo;
 Lesão (proveniente da síndrome do túnel do carpo) resulta em debilidade na
flexão dos dedos e abdução e oposição do polegar e perda de sensação ou
sensação dolorosa na distribuição radial na mão.
 Nervo mediano (para a mão), inerva os m. abdutor curto do polegar, oponente do polegar,
flexor curto do polegar, lumbricais (LOAF); entra na mão pelo túnel do carpo e se divide
em raízes lateral e medial (a lateral inerva o polegar e a superfície lateral do indicador; a
medial inerva a superfície medial do indicador, 3º dedo e porção lateral do 4º);
 Nervo ulnar (para o punho), inerva os mm. flexor ulnar do carpo e flexor profundo dos
dedos;
 Nervo ulnar (para a mão), inerva os mm. oponente do dedo mínimo, abdutor do dedo
mínimo, flexor do dedo mínimo, interósseos, lumbricais (para o quarto dedo e dedo
mínimo), adutor do polegar, flexor curto do polegar (cabeça profunda); entra na mão pelo
túnel ulnar;
 Supre inervação sensitiva para as superfícies mediais dorsal e palmar da mão para
o dedo mínimo e para a metade medial do quarto dedo.
 Lesão resulta em desgaste dos mm. da mão, debilidade na flexão do puls e em
desvio ulnar da mãe, enfraquecimento da abdução e adução dos dedos, “mão em
garra” e perda da sensação na distribuição ulnar da mão.

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 Nervo radial, inerva os mm. tríceps braquial, braquiorradial, extensor radial longo e curto
do carpo, ancôneo, extensor dos dedos e supinador; e seu ramo motor da a. do cotovelo
inerva os mm. supinador, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar
do carpo, abdutor longo do polegar, extensor longo do polegar, extensor curto do polegar,
extensor do indicador; deriva de C5-T1 e vai para a região medial do úmero;
 Ajuda na extensão e flexão do cotovelo;
 Lesão leva à paralisia da extensão e flexão do cotovelo, paralisia da supinação do
antebraço (ramo acima do cotovelo); paralisia da extensão do pulso e dedos,
paralisia da abdução do polegar e perda da sensação sobre a face radial posterior
do antebraço e o dorso da mão;
 Supre a parte posterior do antebraço, uma zona alongada e posterior do antebraço,
e a parte posterior da mão, polegar e 2 ½ dedos laterais.
 Nervo interósseo posterior do antebraço, inerva os mm. supinador, extensor dos dedos,
extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo, abdutor longo do polegar, extensor
longo do polegar, extensor curto do polegar, extensor do indicador;
 Nervo musculocutâneo, inerva os mm. bíceps braquial, coracobraquial e braquial; deriva
do fascículo lateral do plexo braquial;
 Ajuda na flexão da parte superior e inferior do braço, supinação da parte inferior
do braço e elevação e adução do braço;
 Supre a inervação sensitiva para a parte lateral do antebraço;
 Lesões resultam em enfraquecimento mucular, debilitação da flexão do braço
supinado e perda de sensação na parte lateral do braço.
 Nervo cutâneo lateral do antebraço, inerva a pele sobre a região anterior do antebraço até
o punho; deriva do fascículo lateral, tronco superior, ramo anterior de C5.
 A inervação cutânea do membro superior deriva dos nervos musculocutâneo, axilar, radial,
mediano e ulnar (ramos terminais do plexo braquial); não há sobreposição cutânea sensorial,
logo uma lesão ou compressão do nervo resulta em zona de anestesia corresponde à sua
distribuição.

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ANATOMIA DA PARTE PERIFÉRICA DO SISTEMA NERVOSO: MEMBRO INFERIOR

 Anatomia das raízes lombares e sacrais:


 Surgem do cone medular, depois seguem para baixo e lateralmente ao forame intervertebral,
através do qual deixam o canal central da medula espinal;
 Raízes nervosas lombares passam por baixo do pedículo do arco vertebral das vértebras de
mesmo número, mas acima do nível do disco;
 Os nervos espinais lombares de dividem em ramos posteriores (inervam a pele e os mm.
paravertebrais) e anteriores (passam pelo plexo lombar) ao saírem pelo forame;
 As raízes anteriores e posteriores fundem-se dentro do canal central da m. espinal para formar os
nervos sacrais, que se dividem dentro do canal em ramos anteriores (juntam-se ao plexo sacral) e
posteriores (inervam os músculos paravertebrais inferiores e a pele);
 Nervos do plexo lombar (ramos primários anteriores das raízes L1-4):
 Nervo ilio-hipogástrico: inerva os mm. transverso do abdome e oblíquo interno do abdome;
deriva da raíz de L1 (e parte de L2);
 Nervo ilio-inguinal: inervação e origem semelhantes às do ilio-hipogástrico;
 Nervo genitofemoral: inerva o m. cremaster; deriva das raízes de L1-L2;
 Nervo femoral: inerva os mm. psoas, pectíneo, ilíaco, quadríceps (vastos lateral, vasto medial,
vasto intermédio, reto femoral), sartório, articular do joelho (retrai a bolsa tendínea; deriva das
raízes de L2-L4;
 Contribui para a flexão e rotação para fora do quadril, flexão e rotação para dentro da
parte inferior da perna e extensão da parte inferior da perna ao redor do joelho;
 Supre fibras sensitivas para a parte anterior da coxa e para as superfícies anterior e medial
da perna e do pé;
 Lesão resulta no enfraquecimento da extensão da perna e da flexão do quadril e da perna,
com atrofia do quadríceps e na perda de sensação nas áreas de distribuição sensorial.
 Nervo cutâneo femoral lateral:
 Supre sensação para a pele e fáscia das superfícies anterior e lateral da coxa até o nível do
joelho; lesões resultam na perda de sensação nessa distribuição.
 Nervo obturatório: inerva os mm. adutores longo, curto e mago, grácil, obturador externo,
oblíquo externo do abdome; deriva das raízes de L2-L4;
 Forma-se no m. psoas, desce através do psoas entra pela coxa pelo forame obturado;
 Inervação sensitiva na pequena extensão da pele na região infra-medial da coxa;
 Lesão no plexo lombar ou em L3/L4 também afeta o grupo do m. quadríceps femoral
(extensão do joelho) e reflexo patelar;
 Nervo obturatório acessório: inerva o m. psoas; deriva das raízes de L2-L4;
 Nervo tronco lombossacral: contribui para o plexo sacral; deriva das raízes de L4-L5.
 Nervo do plexo sacral (raízes dos segmentos L4-S4, localizadas anteriormente ao m. piriforme):
 Nervo isquiático: o tronco principal inerva o grupo dos mm. isquiotibiais (flexores do joelho);
inerva a divisão tibial e a divisão fibular; não há nenhuma distribuição sensitiva do tronco
principal, enquanto a divisão tibial e fibular inervam o membro inferior inteiro, exceto a porção
medial; deriva das raízes de L4-S3;
 Lesões resultam no enfraquecimento da flexão da perna, enfraquecimento de todos os
mm. inferiores do joelho e na perda de sensação na parte posterior da coxa, nas faces
posterior e lateral da perna e na sola do pé.
 Nervo tibial (derivado do isquiático): inerva os mm. gastrocnêmio e sóleo (flexores plantares
principais do pé), tibial posterior (flexor da planta e inversor), flexor longo dos dedos (flexor
plantar e flexor do dedo do pé) e flexor longo do hálux (flexor plantar e flexor do hálux), além de
mm. do pé;
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 Ramos sensitivos suprem a pele sobre a parte lateral da panturrilha, pé, calcanhar e dedo
pequeno (nervo sural), e a face média do calcanhar e da sola do pé;
 Lesão pode resultar no enfraquecimento da flexão plantar e na inversão do pé, no
enfraquecimento do dedo do pé e na perda da sensação na parte lateral da panturrilha e
ainda na região da planta do pé.
 Nervo fibular comum (derivado do isquiático): ramifica-se em nervo fibular profundo, suprindo
os mm. tibial anterior (dorsiflexão e inversão do pé), extensor longo do hálux (dorsiflexão do pé
e extensão do dedão), extensor longo dos dedos (extensão dos dedos e dorsiflexão do pé),
extensor curto dos dedos (extensão dos dedos); e em nervo fibular superficial, suprindo os mm.
fibular longo e fibular curto (flexão da planta e inversão do pé).
 Ramos sensitivos suprem a superfície lateral abaixo do joelho e a pele na superfície dorsal
do pé;
 Lesões resultam no enfraquecimento da dorsiflexão do pé, no enfraquecimento da
extensão do dedo e na perda de sensação na face lateral da parte inferior da perna e do
dorso do pé.
 Nervo para o quadríceps femoral: inerva o m. quadríceps femoral (rotador externo do quadril) e
o gêmeo inferior (rotador externo do quadril); deriva das raízes de L4-S1;
 Nervo para o obturador interno: inerva o m. obturador interno (rotador externo do quadril) e o
gêmeo superior (rotador externo do quadril); deriva das raízes de L5-S2;
 Nervo pudendo: o ramo perineal inerva os mm. bulboesponjoso (controla micção, ejaculação),
isquiocavernoso (controla micção, ejaculação), esfíncter da uretra (controla micção, ejaculação) e
diafragma urogenital (sustenta o assoalho pélvico) – distribuição sensitiva no períneo; nervos
anais inferiores inervam o músculo esfíncter externo do ânus (controla a evacuação) –
distribuição sensitiva na pele perianal; nervo dorsal do pênis/clitóris não inerva nenhuma
músculo – distribuição sensitiva no pênis/clitóris; deriva das raízes de S2-4;
 Nervo para o m. isquiococcígeo: inerva o m. isquiococcígeo (sustenta o assoalho pélvico) e o
levantador do ânus (sustenta o assoalho pélvico); deriva das raízes de S3-S4;
 Nervo glúteo superior: inerva os mm. glúteo médio (abdutor do quadril), glúteo mínimo (abdutor
do quadril) e tensor da fáscia lata (abdutor do quadril, rotador externo); deriva das raízes de L4-
S1;
 Nervo glúteo inferior: inerva o m. glúteo máximo (extensor do quadril e rotação externa da
coxa); deriva das raízes de L5-S2;
 Lesão resulta em dificuldade para subir escadas ou de levantar-se da posição sentada.
 Nervo para o m. piriforme: inerva o m. piriforme (rotador externo do quadril); deriva da raiz de
S2;
 Nervo cutâneo femoral posterior: não inerva nenhum m.; distribuição sensitiva da região
posterior da coxa; deriva das raízes de S1-S3.
 Supre inervação sensitiva para a parte posterior da coxa, para a parte lateral do períneo e
para a porção inferior da nádega.

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CÓRTEX CEREBRAL - ORGANIZAÇÃO GERAL - AREAS DA LINGUAGEM - ASSIMETRIA


FUNCIONAL

 Classificação Anatômica do córtex:


 Faces: medial, inferior e súpero-lateral;
 Polos: frontal, temporal e occipital;
 Lobos: frontal, parietal, occipital, temporal, ínsula;
 Principais sulcos (observados a partir da face súpero-lateral): central (delimita área motora da
área sensitiva; giro pré-central – motricidade; giro pós-central – sensibilidade) e lateral;
 Face súpero-lateral (lobo frontal): sulcos pré-central, frontal superior e frontal inferior); giros
pré-central, frontal superior, frontal médio, frontal inferior (giro de Broca; dividido nas porções
orbital, triangular e opercular, respectivamente inferior, média e superior).
 Face súpero-lateral (lobo temporal): sulcos temporal superior e inferior; giros temporais
superior, médio e inferior;
 Face súpero-lateral (lobo parietal e occipital): sulcos pós-central e intraparietal (divide o lobo
parietal em lóbulos); giros pós-central, lóbulo parietal superior, lóbulo parietal inferior (giros
supramarginal e giro angular);
 Face súpero-lateral (ínsula): sulcos central da ínsula e circular da ínsula; giros curtos da ínsula e
giros longos da ínsula;
 Face medial: corpo caloso, fórnix (parte do sistema límbico), septo pelúcido;
 Sulco do corpo caloso (acima do corpo caloso), sulco do cíngulo (acima do giro do
cíngulo), sulco subparietal (porção contínua do giro do cíngulo que não vira ramo
terminal – ascendente); lóbulo paracentral (entre o giro central e o ramo terminal do giro
do cíngulo);
 Lobo occipital: sulco parieto-occipital (separa lobos parietal e occipital) e sulco calcarino
(área de projeção da visão é próxima); Cúneos (entre os sulcos parieto-occipital e
calcarino) e giro occipito-temporal-medial (entre os sulcos calcarino e a tenda do
cerebelo);
 Face inferior (lobo temporal): sulco occipito-temporal, sulco calcarino (se continua com o sulco
do hipocampo), sulco do hipocampo, sulco colateral; giros temporal inferior, giro occipit-
temporal-lateral, giro occipito-temporal medial (se continua com o giro para-hipocampal), giro
para-hipocampal, giro do úncus, istmo do cíngulo;
 Face inferior (lobo frontal): giro reto (medial ao trato olfatório), sulco olfatório (abaixo do trato
olfatório).

 Classificação filogenética: arquicórtex (hipocampo), paleocórtex (giro parahipocampal e região do


úncus), neocórtex (maioria das regiões corticais);
 Esclerose hipocampal: atrofia do hipocampo pode gerar epilepsia;
 Crises uncinadas (crises epilépticas derivadas do úncus);

 Classificação estrutural: a aceita atualmente é a classificação segundo as Áreas de Brodman (52


áreas);
 Alocórtex (não tem seis camadas) e Isocórtex (homotípico: seis camadas indivualizadas;
heterotípico: predomínio de células piramidais (agranular – áreas motoras) ou predomínio de
células grandulares (granular –áreas sensitivas);
 Área 4 (giro pré-central): área motora;
 Áreas 1, 2 e 3 (giro pós-central): área somestésia;
 Área 17 (córtex occipital): responsável pela visão;
 Áreas 18 e 19: associativas da visão;
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 Áreas 44 e 45: área da expressão da linguagem (área de Broca);


 Área 22 (giro temporal superior): compreensão da linguagem.
 Classificação funcional:
 Somatotopia: correspondência entre determinadas áreas corticais e certas partes do corpo;
 Áreas de projeção (áreas primárias): sensitivas e motoras; áreas de associação: secundárias
(unimodais), divididas em sensitiva e motora, e terciárias (supramodais), que não possuem
relação com sensibilidade e motricidade;
 Áreas de projeção (primárias) sensitivas:
 Somestésica (1, 2 e 3 de Brodman); lesões nesta área acarretam perda da sensibilidade
discriminativa do lado oposto ao da lesão e perda da estereognesia;
 Visual (17 de Brodman): localizada nos lábios do sulco calcarino; lesão bilateral nesta
área acarreta cegueira;
 Auditiva (41 e 42 de Brodman): localizada no giro temporal transverso anterior (giro
temporal superior); lesão unilateral acarreta pequena perda de audição, enquanto uma
bilateral acarreta surdez;
 Vestibular: localizada no lobo parietal;
 Olfatória: localizada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal;
 Gustativa (43 de Brodman): localizada na porção inferior do giro pós-central; lesão
acarreta diminuição da gustação na metade oposta da língua.
 Áreas de projeção (primárias) motoras:
 Área 4 de Brodman; localizada na parte posterior do giro pré-central;
 Presença de células piramidais gigantes (células de Betx), que formam o tracto
corticoespinal.
 Áreas de associação (secundária):
 Sensitivas:
 Somestésia secundária: áreas 5 e 7 de Brodman; localizadas no lóbulo parietal
superior;
 Visual secundária: áreas 18, 19, 20, 21 e 37; localizadas no lobo occipital e em
parte do temporal;
 Área auditiva secundária.
 Motora suplementar: localizada na face medial do giro frontal superior; área 6 de
Brodman; função importante no planejamento da sequência de movimentos complexos;
 Área pré-motora: localizada no lobo fronta; área 6 de Brodman; auxilia no controle motor
da musculatura axial e proximal dos membros;
 Área de Broca (áreas 44 e 45 de Brodman): localizada na parte opercular e triangular do
giro frontal interior; programação da atividade motora relacionada com a expressão da
linguagem.
 Áreas supramodais (terciárias): pré-frontal, temporoparietal, áreas límbicas;
 Pré-frontal: parte anterior não motora do lobo temporal; sede da personalidade e
influencia na tomada de decisões;
 Temporoparietal: localizada entre as áreas secundárias visual, auditiva e somestésica; área
do esquema temporal (noção de ambos os lados do corpo); a síndrome da negligência
afeta esta área;
 Límbicas: compostas pelo gíro do cíngulo, giro para-hipocampal, e pelo hipocampo;
ligadas à memória e ao comportamento emocional.
 Áreas de linguagem:
 Verbal: área anterior da linguagem (44 e parte da 45 de Brodman – expressão da
linguagem; área de Broca), localizada nas partes triangular e opercular do hemisfério
dominante, e área posterior da linguagem (22 de Brodman – compreensão da linguagem;

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área de Wernick); o fascículo arqueado ou longitudinal superior liga as áreas da


produção e da compreensão da linguagem;

 Afasias: distúrbios de linguagem ocasionados por lesões nas áreas da linguagem


ou no fascículo local superior; motora (afasia de Broca) e sensitiva (afasia de
Wernick); afasia global: distúrbios em todos os aspectos da linguagem, derivados
de AVE da artéria cerebral média;
 Na maioria das pessoas, as áreas corticais da linguagem se localizam no hemisfério
esquerdo (assimetria funcional); o hemisfério direito possui predominância para música,
pintura, relação espacial, enquanto o esquerdo possui predominância para o raciocínio
matemático e a racionalidade;
Em 96% dos destros do hemisfério dominante é o esquerdo, enquanto que em ambidestros ou canhotos, apenas em
70% dos casos o hemisfério dominante é o esquerdo; teste do amital: ocorre rápida disfunção no h

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NÚCLEOS DA BASE E CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO


 Núcleos da base:
 Claustrum: localizado após a lâmina da ínsula (medialmente); lâmina fina de substância
cinzenta;
 Cápsula extrema: lâmina de substância branca localizada entre o claustrum e o córtex da
ínsula;
 Cápsula externa: lâmina de substância branca localizada entre o claustrum e o putâmen;
 Cápsula interna: lâmina de substância branca localizada entre o globo pálido e o tálamo;
 O claustrum possui função pouco compreendida.
 Corpo amigdaloide: melhor visualizado em corte coronal, próximo ao corno inferior do
ventrículo lateral; localizado acima deste e do hipocampo; para tanto, localiza-se no lobo
temporal;
 Se relaciona com a cauda do núcleo caudado e com o corno inferior do ventrículo lateral;
 Relacionado com o comportamento sexual; influencia a resposta corporal às alterações
ambientais; na sensação de medo, por exemplo, modifica a frequência cardíaca, a pressão
arterial, a cor da pele e a frequência respiratória;
 Faz parte do sistema límbico.
 Núcleo caudado: localizado justa posteriormente ao corno anterior do ventrículo lateral;
 A cabeça do núcleo caudado é lateral ao corno anterior do ventrículo lateral;
 A cauda do núcleo caudado é lateral ao corno inferior do ventrículo lateral; comunica-se
com o corpo amigdaloide;
 O corpo do núcleo caudado está entre a cabeça a cauda do mesmo;
 Relacionado com os ventrículos laterais e é lateral ao tálamo; a sua face lateral relaciona-
se com a cápsula interna, que o separa do núcleo lentiforme (globo pálido mais putâmen).
 Putâmen: posterior ao núcleo caudado (em corte coronal é lateral); apesar de estar próximo ao
globo pálido, possui mais característica funcionais semelhantes como núcleo caudado;
 Globo pálido: localizado medialmente ao putâmen; é mais pálido que os outros núcleos por
receber fibras mielínicas;
 Pode ser lateral ou medial (divide-se em segmento pálido lateral e medial);
 Exerce influência sobre a motricidade (circuito básico do corpo estriado; pallidum);
 Sua palidez decorre da presença de alta concentração de fibras nervosas mielinizadas.
 Núcleo basal de Meynert: alteração deste núcleo acarreta doença de Alzheimer; dificilmente
visualizado em anatomia macroscópica;
 Localizado entre o globo pálido e a superfície ventral do hemisfério cerebral, possuindo
difícil visualização em macroscopia;
 Essa região recebe fibras do sistema límbico e origina fibras colinérgicas do córtex, sendo
constituída de neurônios colinérgicos;
 Sua função está relacionada à memória e a funções psíquicas superiores;
 Doença de Alzheimer: degeneração dos neurônios colinérgicos, havendo depleção da
acetilcolina no córtex cerebral, o que resulta na perda progressiva da memória e do
raciocínio abstrato.
 Núcleo acumbens;
 Situado na zona de união do putâmen com a cabeça do núcleo caudado e está relacionado
ao sistema límbico.
 Substância negra e subtálamo (alguns autores os colocam como núcleos da base);
 O núcleo subtalâmico está situado ventromedialmente ao globo pálido e está relacionado
à motricidade.
 Os neurônios da substância negra são dopaminérgicos e inibitórios e possuem muitas
conexões com o corpo estriado; os neurônio dos núcleos subtalâmicos são

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glutaminérficos e excitatórios e exibem muitas conexões com o globo pálido e a


substância negra.

 Associação entre o putâmen, o globo pálido e o núcleo caudado é chamada de corpo estriado;
 O corpo estriado pode ser dividido em neoestriado ou striatum (putâmen e núcleo
caudado) e em paleoestriado ou pallidum (globo pálido).
 Auxilia na execução do movimento voluntário e planejamento do ato motor através de
influências nas áreas motora primária e suplementar (planejamento motor); por ele
passam circuitos que terminam nas vias piramidais (relacionadas ao movimento
voluntário);
 Pode ainda ser dividido em dorsal (relacionado às áreas motoras) e em ventral (conexões
com áreas límbicas – principalmente com o núcleo acumbens –, participando da
regulação do comportamento emocional);
 Conexões do corpo estriado:
 Circuito básico: liga o corpo estriado ao córtex cerebral;
 Informações de todas as áreas corticais vão para o striatum (neoestriado)
por meio de fibras córtico-estriatais, chegando ao globo pálido, de onde
saem fibras eferentes (pálido-talâmicas) que chegam aos núcleos ventral
anterior e ventral lateral do tálamo, de onde partem fibras tálamo-corticais,
que chegam à área 4 de Brodman (motora primária); as fibras tálamo-
corticais influenciam a atividade motora somática através do tracto
córtico-espinal.
 Circuitos subsidiários: responsável pela modulação do circuito básico.
 Striatum (neoestriado – núcleo caudado e putâmen), que faz comunicação
com a substância negra por intermédio das fibras micro-estriato-nigrais
(alteração nessa comunicação acarreta Síndrome de Parkison) e com o
pallidum, que por sua vez se comunica com o subtálamo (alteração nessa
comunicação acarreta hemibalismo).
 Associação entre putâmen e globo pálido é chamada de núcleo lentiforme;
 Massa cuneiforme de substância cinzenta cuja base convexa larga é dirigida lateralmente
cuja lâmina é dirigida medialmente; relaciona-se medialmente com a cápsula interna, que
o separa do núcleo caudado e do tálamo; e relaciona-se lateralmente com uma estreita
lâmina de substância branca, a cápsula externa, que o separa do claustrum.
 Associação entre núcleo caudado e putâmen é geralmente chamada de neoestriado ou estriado;

 Síndromes extra-piramidais ou distúrbios do movimento – aplicação clínica dos núcleos da base:


 Hipocinéticas (Doença de Parkison), hipercinéticas (balismo, coreia, tremor, mioclonia),
discinéticas (distonia, tiques);
 Coreia: movimentos rápidos desordenados, arrítmicos, alguns músculos relaxam
enquanto os antagonistas contraem; acometem qualquer segmento corporal [Ex: Coreia de
Sydenham – autoimune, possui tratamento –, coreia de Huntington];
 Atetose: movimentos lentos, pequena amplitude, de aparência vermiforme, localizados
nas porções distais dos membros; encefalopatia bilirrubínica;
 Hemibalismo: movimentos involuntários violentos de uma das extremidades; decorrente
de lesão vascular do núcleo subtalâmico;
 Conexões do CORPO ESTRIADO:
 Fibras aferentes:
 Fibras corticoespinais: todas as partes do córtex cerebral enviam axônios para o núcleo
caudado e o putâmen. Cada parte do córtex cerebral projeta-se para uma área específica

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do complexo caudado-putâmen; o maior input é do córtex sensitivomotor; o glutamato é o


neurotransmissor das fibras corticoestriadas;
 Fibras talamoestriadas: os núcleos intralaminares do tálamo enviam grandes números de
axônios para o núcleo caudado e o putâmen;
 Fibras negroestriadas: os neurônios na substância negra enviam axônios para o núcleo
caudado e o putâmen e liberam o neurotransmissor dopamina nas suas terminações;
acredita-se que essas fibras exerçam função inibitória;
 Fibras do tronco encefálico para o corpo estriado: fibras ascendentes do tronco encefálico
terminam no núcleo caudado e no putâmen e liberam o neurotransmissor serotonina nas
suas terminações; acredita-se que essas fibras tenham função inibitória.
 Fibras eferentes:
 Fibras estriatopalidais: seguem do núcleo caudado e do putâmen para o globo pálido; seu
neurotransmissor é o ácido gama-aminobutírico (GABA);
 Fibras estriatonegrais: seguem do núcleo caudado e do putâmen para a substância negra;
algumas fibras utilizam GABA ou acetilcolina como neurotransmissor, enquanto outras
usam substância P.
 Conexões do GLOBO PÁLIDO:
 Fibras aferentes: estriatopalidais (GABA);
 Fibras eferentes: palidófugas (subdividem-se e terminam no subtálamo, no tegmento caudal do
mesencéfalo e nos núcleos subtalâmicos).

CONTROLE MOTOR PELOS NÚCLEOS DA BASE


 Os núcleos da base recebem informações diretamente do córtex cerebral;
 A principal ação dos gânglios da base se dá nas áreas motoras do córtex por meio do tálamo; além
disso, os núcleos da base contribuem para as funções afetivas e cognitivas;
 Os neurônios do estriado (núcleo caudado mais putâmen) começam a disparar antes que ocorra o
movimento, isto é, ajudam a selecionar o movimento que deve ser feito; a atividade no putâmen está
associada à ocorrência de movimentos do corpo, enquanto a atividade do núcleo caudado está
relacionada aos movimentos oculares;
 Com exceção das regiões do córtices visual e auditivo primários, a maioria das regiões do córtex
cerebral se projetam para o estriado;
 O estriado, então, influencia os neurônios dos núcleos talâmicos VA (ventral anterior) e VL (ventral
lateral) por duas vias, direta e indireta; os neurônios talâmicos, por sua vez, excitam as áreas motoras
do córtex cerebral;
 Via Direta: acentuação da atividade motora é ação da vida direta dos núcleos da base para as
áreas motoras do córtex;
 Nessa via, o estriado se projeta para o segmento interno do globo pálido (e a parte
reticulada da substância negra); essa projeção é inibitória e o GABA é o principal
transmissor; o segmento interno do globo pálido se projeta para os núcleos talâmicos VA
e VL; essas conexões também usam o GABA e são inibidoras;
 Os núcleos VA e VL emitem conexões excitatórias para os córtices pré-frontal, pré-motor
e suplementar; essas informações para o córtex influenciam o planejamento motor e
também afetam a descarga de neurônios corticoespinais e corticobulbares;
 A via direta para funcionar da seguinte maneira: neurônios do estriado apresentam pouca
atividade basal, mas durante os movimentos são ativados pelos impulsos do córtex; em
contraste, os neurônios do segmento interno do pálido apresentam alto nível de atividade
basal; quando o estriado é ativado, suas projeções inibitórias para o globo pálido
diminuem a atividade dos neurônios do pálido; entretanto, esses neurônios do pálido são
inibitórios e normalmente produzem inibição tônica dos neurônios dos núcleos VA e VL
do tálamo; consequentemente, a ativação do estriado leva à desinibição dos neurônios

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desses núcleos; assim, a desinibição excita esses neurônios e consequentemente os


neurônios-alvo nas áreas motoras do córtex cerebral.
 Via Indireta: redução da atividade dos neurônios nas áreas motoras;
 Envolve conexões inibitórias do estriado com os segmentos externos do globo pálido que, por
sua vez, manda projeção inibidora para o núcleo subtalâmico e o segmento interno do globo
pálido; o núcleo subtalâmico envia projeção excitatória de volta para o segmento interno do
globo pálido;
 Nessa via, os neurônios do segmento externo do globo pálido são inibidos pelo GABA
liberado pelos terminais estriados no globo pálido; o segmento externo do globo pálido libera
GABA no núcleo subtalâmico, que normalmente estão ativos e excitam os neurônios do
segmento interno do globo pálido ao liberar glutamato; tal neurotransmissor excita os
neurônios do segmento interno do globo pálido e, consequentemente, ativa projeções
inibidoras que afetam os núcleos talâmicos VA e VL; assim;
 As vias direta e indireta têm ações opostas; aumento da atividade de qualquer uma delas pode
levar à perda do balanceamento do controle motor por meio da alteração de saída de
informações do córtex.
 A DH leva à perda dos neurônios GABAérgicos e colinérgicos do estriado (e, também, degeneração
do córtex cerebral, resultando em demência);
 A perda da inibição do segmento externo do globo pálido leva à redução da atividade dos
neurônios do núcleo subtalâmico; consequentemente, a excitação dos neurônios do segmento
interno do globo pálido seria reduzida;
 Isso causa a desinibição dos neurônios nos núcleos VA e VL; o aumento resultante da
atividade dos neurônios das áreas motoras do córtex cerebral pode ajudar a explicar os
movimentos coreiformes da DH.

 Centro branco medular do cérebro:


 Áreas de substância branca de forma oval;
 Fibras mielínicas: de projeção (ligam o córtex a centros subcorticais) e de associação (ligam
áreas corticais situadas em pontos diferentes do cérebro), que podem ser intra-hemisféricas
(associação de mesmo hemisfério) ou inter-hemisféricas (associação de ambos os hemisférios);
 Fibras de associação intra-hemisféricas:
 Fascículo do cíngulo: percorre o giro do cíngulo, unindo o lobo frontal ao temporal;
 Fascículo longitudinal superior (fascículo arqueado): estabelece conexão entre os
centros anterior (área de Broca) e posterior da linguagem (Werneck), unindo os lobos
frontal, parietal e occipital;
 Fascículo longitudinal inferior: une o lobo occipital ao temporal;
 Fascículo unciforme: liga o lobo frontal do temporal, passando pelo fundo do sulco
lateral.
 Fibras de associação inter-hemisféricas:
 Fibras comissurais que fazem conexão entre áreas simétricas dos hemisférios:
 Comissura do fórnix: pouco desenvolvida no homem, sendo formada por fibras
que se dispõem entre as pernas do fórnix; faz conexão entre os hipocampos; em
uma vista inferior, é o ponto central fibroso da imagem;
 Comissura anterior: possui uma porção olfatória, que liga os bulbos e os tractos
olfatórios, e uma não-olfatória, que une os lobos temporais; localizada abaixo das
colunas do fórnix;
 Corpo caloso: maior das comissuras telencefálicas, estabelecendo conexões entre
áreas simétricas dos hemisférios.
 Fibras de projeção:
 Fórnix: liga o hipocampo aos núcleos mamilares (corpos mamilares) do hipotálamo; tal
circuito é denominado circuito de Papez (circuito do comportamento e da memória);
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 Cápsula interna: separa o tálamo do núcleo lentiforme (associação entre putâmen e globo
pálido);
 Dividida em perna anterior (localizada entre o núcleo caudado e o globo pálido),
perna posterior (localizada entre o tálamo e o núcleo lentiforme; por onde passa o
trato córtico-espinal) e joeho (“região média”; por onde passa o trato córtico-
nuclear).

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CEREBELO
 Localizado no sistema nervoso supra-segmentar; posterior à ponte e bulbo – teto do IV ventrículo, na
fossa posterior do crânio; abaixo da tenda do cerebelo (separa cerebelo do lobo occipital do cérebro);
 Funções: manutenção do equilíbrio, coordenação dos movimentos;
 Subdividido em três lobos dispostos na direção rostrocaudal: anterior, posterior e floculonodular;
 Ligado ao tronco encefálico por meio dos pedúnculos cerebelares superior (liga cerebelo ao
mesencéfalo), médio (“braço da ponte” – liga cerebelo à ponte) e inferior (liga cerebelo ao bulbo e à
m. espinal);
 Nota: podem ocorrer confusões entre os pedúnculos cerebelares e o pedúnculo cerebral;
 Através destas estruturas o cerebelo recebe suas aferências e emite suas eferências.
 Formado por um córtex e por um centro branco medular (fibras mielínicas conferem ao cerebelo o
aspecto de “árvore da vida”);
 Composição anatômica do cerebelo:
 Estrutura mediana do cerebelo: vérmis cerebelares;
 Massas laterais ao vérmis: hemisférios cerebelares;
 Camadas cerebelares: folhas do cerebelo;
 Sulcos que se aprofundam: fissuras do cerebelo; dividem o cerebelo em lóbulos (não possuem
importância clínica; variabilidade na literatura dependendo do autor).
 Córtex cerebelar é mais simples que o córtex cerebral, sendo homogêneo em todas as suas regiões,
possuindo três camadas;
 Molecular: contém dois tipos de neurônios, a célula estrelada (externa) e a célula em cesto
(interna); há presença de células neurogliais;
 De células de Purkinje (cada axônio destas células chega em um núcleo específico, exercendo
função inibitória neste; os axônios das células de Purkinje compreendem as fibras eferentes do
cerebelo – unidade funcional do córtex cerebelar);
 Granular: formada por células granulares – menores células do corpo humano; emitem axônios
para a camada molecular, formando lá as fibras paralelas, que fazem contatos sinápticos com as
células de Purkinje; excita as células de Purkinje; há presença de células de Golgi e neurogliais.
 Corpo medular do cerebelo: fibras aferentes ao cerebelo e fibras formadas pelos axônios das células
de Purkinje;
 Dentro da substância branca estão os núcleos do cerebelo (simétricos): fastigial (região mediana),
globoso (lateral ao fastigial), emboliforme (lateral do fastigial), denteado (periférico, lateral ao
emboliforme); os núcleos globoso e emboliforme são estudados juntos, formando o núcleo
interpósito; os núcleos cerebelares são compostos por neurônios multipolares grandes com dendritos
de ramificações simples;
 Grande parte dos sinais que deixam o cerebelo sai através de axônios que se originam nos
núcleos cerebelares (projeções cerebelares eferentes, que utilizam glutamato ou aspartato para a
ativação de seus alvos);
 Os núcleos fastigiais geralmente se projetam através dos corpos justarrestiformes;
 As fibras que se originam nos núcleos denteado, emboliforme e globoso saem do cerebelo
através do pedúnculo cerebelar superior e cruzam em sua decussação;
 Neurônios derivados dos núcleos cerebelares enviam axônios colaterais para o córtex
sobrejacente, onde terminam na camada granular como fibras musgosas; tais axônios são
denominados fibras nucleocorticais e exercem influência excitatória sobre o córtex cerebelar;
 Vista superior do cerebelo:
 Vérmis cerebelar;
 Hemisférios cerebelares (esquerdo e direito);
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 Fissuras prima, pós-crival e horizontal.

 Vista inferior do cerebelo:


 Pedúnculos cerebelares superior (contém predominantemente fibras cerebelares eferentes que se
originam dos núcleos cerebelares e se distribuem para o diencéfalo e tronco encefálico), médio
(transporta fibras oriundas dos núcleos da ponte basilar para o cerebelo) e inferior (corpos
restiforme e justarrestiforme);
 Lóbulo central;
 Nódulo;
 Úvula do vérmis;
 Valécula;
 Véus medulares superior (aderido ao pedúnculo cerebelar superior) e inferior (aderido ao
pedúnculo do flóculo);
 Flóculo.
 Vista “posterior” do cerebelo:
 Tonsila (amígdala cerebelar); herniação da tonsila: ocorre compressão do bulbo que acarreta
parada respiratória;
 Vérmis (túber, pirâmide e úvula).

 Classificação ontogenética: baseada no aparecimento das fissuras;


 I: fissura póstero-lateral, divide o cerebelo em lobo flóculo-nodular e em corpo do cerebelo;
 II: fissura prima, divide o corpo do cerebelo em lobos anterior e posterior.
 Divisão filogenética:
 I: arquicerebelo (cerebelo vestibular), correspondente ao lobo flóculo-nodular; apresenta
conexões com a porção vestibular – equilíbrio;
 II: lobo anterior, pirâmide e úvula (paleocerebelo – cerebelo espinal); apresenta conexões com a
m.espinal – tônus e postura;
 III: lobo posterior – declive, follum, túber (neocerebelo – cerebelo cortical); apresenta conexões
corticais, logo está ligado à função de coordenação de movimentos finos.

 O cerebelo difere do cérebro devido ao fato de funcionar em nível involuntário e inconsciente, além
de possuir apenas funções motoras, enquanto o cérebro possui também funções psíquicas;
 Lesões cerebelares afetam o lado ipsilateral do corpo;
 Fibras são homolaterais ou sofrem duplo cruzamento (voltando-se para o mesmo lado).
 Exerce papel fundamental nos movimentos, regulando as funções das vias motoras descendentes;
planejamento do ato motor e mudança do ato de movimento;
 Recebe aferências do encéfalo (informações sobre o planejamento motor) e da m. espinal
(informações sobre a execução dos movimentos) e emite eferências para as vias motoras
descendentes, atuando na regulação dos movimentos;

 Conexões do cerebelo – Intrínsecas (feedback negativo):


 Fibras musgosas: provêm de várias regiões, penetrando no cerebelo pelos pedúnculos; emitem
ramos colaterais, que exercem ação excitatória nos núcleos centrais do cerebelo; uma única fibra
musgosa pode estimular milhares de células de Purkinje;
 Fibras trepadeiras: possuem origem nos núcleos olivares inferiores; enrolam-se ao redor das
células de Purkinje, exercendo ação excitatória sobre estas; um único neurônio de Purkinje faz
contato sináptico com apenas uma fibra musgosa, mas uma fibra musgosa pode fazer contato
com 1 a 10 neurônios de Purkinje;

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 Tanto as musgosas como as trepadeiras utilizam o glutamato como neurotransmissor excitatório


nos dendritos das células de Purkinje.

 Conexões do cerebelo – Extrínsecas:


 Aferentes:
 Terminam no córtex como fibras trepadeiras – excitatórias – ou musgosas – excitatórias
– (apresentam brotamentos com ramos curtos e tortuosos ao cruzarem a camada
granulosa; tais estruturas são denominadas rosetas e representam as sinapses entre as
fibras musgosas e os nn. da camada granulosa);
 Complexo olivar inferior (possui atividade sincronizada devido ao grande número de
junções comunicantes de seus axônios) -> fibras trepadeiras (via pedúnculo cerebelar
inferior) -> cerebelo; via cérebro-olivocerebelar;
 Os axônios olivocerebelares mandam ramos colaterais para os núclelos
cerebelares conforme ascendem para o córtex, fazendo um arranjo sináptico com
as células de Purkinje; cada arranjo envolve um axônio olivocerebelar e uma
célula de Purkinje;
 Núcleos vestibulares, m. espinal e núcleos pontinos -> fibras musgosas -> áreas
específicas do cerebelo;
 Fibras de origem vestibular chegam ao cerebelo pelo fascículo vestíbulo-
cerebelar, distribuindo-se para o arquicerebelo (equilíbrio) e para o vérmis e
trazendo informações sobre a posição da cabeça;
 Fibras de origem medular chegam ao cerebelo pelos tratos espino-cerebelar
anterior e posterior, distribuindo-se para o paleocerebelo (tônus e postura); o
tracto cuneocerebelar se origina no núcleo cuneiforme do bulbo e entra no
hemisfério cerebelar, levando ao cerebelo informações musculoarticulares dos
fusos musculares, órgãos tendíneos e receptores articulares do membro superior e
da parte superior do tórax;
 Fibras de origem pontina derivam das fibras pontinas ou ponto-cerebelares,
distribuindo-se para o neocerebelo; a especialização motora (aprendizagem
motora) se dá pela via corticopontocerebelar.
 Eferentes: influência do cerebelo sobre os motoneurônios da m. espinal, através de vias que
passam pelo tálamo, tronco encefálico e áreas motoras do córtex cerebral; o único eferente do
córtex é o axônio da célula de Purkinje, que tem ramos colaterais, que é GABAérgico e
inibitório;
 Zona medial (vermal) – adjacente à linha média que se estende através dos lobos anterior
e posterior e inclui o nódulo: axônios das células de Purkinje inibem os núcleos fastigiais,
ocorrendo sinapses com a via fastígio-bulbar, que possui duas ramificações, a via fastígio-
vestibular (dirige-se para os núcleos vestibulares, influenciando o tracto vestíbulo-
espinal, que por sua vez influencia os neurônios motores da medula) e a fastígio-reticular
(dirige-se para a formação reticular, influenciando o tracto retículo-espinal, que por sua
vez influencia os neurônios motores da medula – do grupo medial); influencia os
neurônios do grupo medial da coluna anterior, que são responsáveis pela manutenção da
postura e equilíbrio da musculatura axial e proximal dos membros;
 Zona intermédia (paravermal) – localizada ne região adjacente à zona medial e se estende
através dos lobos anterior e posterior, mas possui pouca representação no lobo
floculonodular: axônios das células de Purkinje inibem o núcleo interpósio, que apresenta
ramos para o núcleo rubro (influenciando o tracto rubro-espinal, na via interpósito-rubro-
espinal) e para o tálamo (via interpósito-tálamo-cortical, que influencia áreas motoras do
córtex cerebral onde se origina o tracto córtico-espinal); influencia os neurônios motores

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do grupo lateral da coluna anterior, responsáveis pelo controla da musculatura distal dos
movimentos finos;
 Zona lateral (hemisférica) – ocupa a maior parte do córtex cerebelar, incluindo grandes
porções dos lobos anterior e posterior e o flóculo: axônios das células de Purkinje inibem
o núcleo denteado, que emite ramos para o tálamo, formando a via dento-tálamo-cortical,
influenciando áreas motoras do córtex cerebral, onde se origina o tracto cortico-espinal;
influencia os neurônios motores da coluna anterior da medula relacionados à musculatura
distal e aos movimentos delicados.

 Organização longitudinal do Cerebelo:


 Região mediana: zona medial; nesta estão presentes os axônios das células de Purkinje que se
dirigem para o núcleo fastigial;
 Zona intermédia (lateral à medial); nesta estão presentes os axônios das células de Purkinje que
sedirigem para o núcleo interpósito (união do globoso com o emboliforme);
 Zona lateral (lateral à intermédia); nesta estão presentes os axônios das células de Purkinje que
se dirigem para o núcleo denteado.

 Aspectos funcionais:
 Manutenção do equilíbrio e da postura: dá-se na região do vérmis (arquicerebelo e zona medial)
por meio dos tractos vestíbulo-espinal e retículo-espinal;
 Controle do tônus muscular: dá-se através dos tractos cortico-espinal e rubro-espinal;
 Controle dos movimentos voluntários (planejamento e correção): planejamento e correção do
movimento por meio das vias córtico-ponto-cerebelar (chegam informações na zona lateral do
cerebelo, onde ocorre planejamento), dento-tálamo-cortical (chegam informações nas áreas
motoras, a partir da qual ocorre o movimento; a partir daí, a zona intermédia passa a assumir o
movimento) e interpósito-tálamo-cortical (leva informações para o córtex a respeito da regulação
e modificação do movimento);
 Aprendizagem motora: dá-se através das fibras olivo-cerebelares.

 Lesões cerebelares:
 Região do nódulo/flóculo: ocorre perda de equilíbrio e na marcha, nistagmo e normalidade do
tônus;
 Síndrome do Paleocerebelo: ocorre degeneração do córtex cerebelar com alteração do tônus –
frequentemente associado ao reflexo patelar pendular – e da postura; alcoolismo crônico;
sintomas: perda de equilíbrio, marcha com base alargada e ataxia (incoordenação) de
movimentos dos membros inferiores;
 Se o vérmis for afetado, os distúrbios motores afetam o tronco; se a região intermediária
for afetada, tais distúrbios afetam os membros.
 Síndromes do Neocerebelo: ocorre incoordenação motora; sinais: dismetria, decomposição dos
movimentos, disdiadococinesia (incapacidade em realizar movimentos alternados), manobra do
rechaço, tremor, nistagmo, fala lenta e enrolada (fala escandida).

MÓDULOS FUNCIONAIS DO CEREBELO

 Módulo Vestibulocerebelar: lobo floculonodular e as porções adjacentes do lóbulo vermal recebem


aferentes de gânglios vestibulares ipsilaterais (fibras vestibulocerebelares primárias) e núcleos
vestibulares (fibras vestíbulocerebelares secundárias); tais áreas corticais são comumente
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denominadas vestibulocerebelo; juntamente com o núcleo fastigial, formam o módulo


vestibulocerebelar;
 Vestibulocerebelo corresponde ao arquicerebelo (termo que deve ser desencorajado);
 As fibras vestibulocerebelares acessam o córtex floculonodular e núcleo fastigial através do
corpo justarrestiforme e transmitem informações sobre a posição da cabeça e corpo no espaço,
bem como informações úteis na orientação dos olhos durante os movimentos;
 A célula unipolar em escova é exclusiva da camada granular do vestibulocerebelo e está
envolvida na regulação cerebelar e vestibular dos movimentos oculares; tal regulação é
suplementada por estímulos oriundos da ponte basilar contralateral, que transmitem informações
indiretas relacionadas ao processamento visual e movimentos oculares;
 Os alvos das fibras corticovestibulares cerebelares são as fontes dos tratos vestibuloespinal e
reticuloespinal; a ação das fibras é inibidora, enquanto a ação dos eferentes fastigiais sobre os
núcleos vestibular e reticular é excitatória;
 O vestíbulo cerebelo influencia a postura e o equilíbrio através de projeções vestibuloespinais e
reticuloespinais para neurônios motores que influenciam os mm. axiais e dos membros
proximais.
 Conexões vestibulares do verme: o córtex vermal e o núcleo fastigial compartilham a tarefa de
influenciar a musculatura axial juntamente com os módulos vestibulocerebelar e espinocerebelar;
 Módulo espinocerebelar: as zonas vermal e intermediária (paleocerebelo) recebem informações
principalmente através dos tratos espinocerebelares posterior e anterior e das fibras
cuneocerebelares;
 A estimulação do espinocerebelo é focada primariamente no controle da musculatura axial
através do córtex vermal e eferentes fastigiais, e o controle da musculatura dos membros através
dos eferentes dos núcleos globo e emboliforme;
 As fibras espinocerebelares e cuneocerebelares informam o cerebelo sobre a posição e
movimento do mesmo.

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Controle Espinal do Movimento


 Dentro de cada músculo, há centenas de fibras musculares- as células do músculo esquelético -, e cada
fibra é inervada por uma única ramificação de axônio proveniente do SNC;
 A musculatura somática é inervada pelos neurônios motores somáticos do corno ventral da medula
espinal, essas células são as vezes chamadas de neurônios motores inferiores;
 Os axônios dos neurônios motores se agrupam para formar as raízes ventrais, cada raiz ventral se junta
a uma raiz dorsal para então formar um nervo espinal;
 Os cornos ventrais aparecem dilatados quando acomodam um número maior de neurônios motores que
controlam a musculatura (L1-S3> perna ,C3-T1>braço);
 As células que inervam os músculos axiais são mediais em relação àquelas que inervam os músculos
distais, e as células que inervam os flexores são dorsais em relação àquelas que inervam os extensores;
 Neurônios Motores Alfa: são diretamente responsáveis pela geração de força pelo estímulo, possui
três fontes principais de entrada: - fuso muscular (células ganglionares da raiz dorsal, cujos axônios
inervam essa parte do músculo e dão retroalimentação, informando o comprimento do músculo), -
entrada a partir de neurônios motores do encéfalo; - Entrada a partir de interneurônios espinais;
 Propriocepção dos fusos musculares: no interior da maioria dos músculos esqueléticos, existem
estruturas especializadas chamadas fusos musculares. Um fuso muscular é também chamado de
receptor de estiramento, formado por fibras m. esqueléticas no interior da cápsula fibrosa. Na região
central dos fusos, os axônios sensoriais do grupo IA se enrolam, e são especializados em detectar
alterações do comprimento (estiramento) muscular, são exemplos de proprioceptores. Lembrando que
os axônios do grupo I A são os mais grossos e mielinizados do corpo, conduzindo,assim, os potenciais
muito rapidamente;
 Os axônios I A penetram na medula espinal através das raízes dorsais, ramificam-se várias vezes e
formam sinapses excitatórias sobre os interneurônios e os neurônios motores alfa dos cornos ventrais;
 Neurônios motores gama: são aqueles que inervam as fibras musculares esqueléticas modificadas
dentro da sua cápsula fibrosa, as fibras intrafusais;
 Os neurônios motores gama inervam as fibras musculares intrafusais nas duas extremidades do fuso
muscular. A ativação dessas fibras causa a contração dos dois pólos do fuso muscular, tracionando,
portanto, a região equatorial não-contrátil e mantendo ativos os axônios Ia;
 A função dos neurônios motores gama: a) A ativação dos neurônios motores alfa encurta as fibras
musculares extrafusais, b) Se o fuso muscular torna-se frouxo, ele fica inativo e não mais informa o
comprimento do músculo, c) A ativação dos neurônios motores gama contrai os pólos do fuso,
mantendo-o ativo.

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 Arco- Reflexo: o arco reflexo miotático monossináptico pode


ser pensado como uma alça de retroalimentação. Os princípios
dos sistemas de controle de retroalimentação são tais que um
ponto estabelecido é determinado (nesse caso, o comprimento
desejado do músculo), desvios desse ponto são detectados por
um sensor (as terminações do axônio Ia), e os desvios são
compensados por um sistema efetor (neurônios motores alta e
fibras musculares extrafusais), fazendo com que o sistema
retome ao ponto estabelecido. Alterando-se a atividade dos
neurônios motores gama, altera-se o ponto estabelecido da
alça de retroalimentação miotática.
 Sequência: 1) Receptor sensorial capta o estímulo, 2)
Neurônio Aferente recebe a informação, 3) Neurônio de
Associação recebe a informação e elabora uma resposta, 4)
Neurônio Eferente conduz a resposta, 5) Órgão efetor executa
a função.

 Órgão Tendinosos de Golgi: que atua como um sensor de


tensão, ou seja, ele monitora a tensão muscular ou a força de
contração. Os órgãos tendinosos de Golgi estão localizados na junção do músculo com o tendão e são
inervados por axônios sensoriais do grupo IB, os quais são um pouco menores do que os axônios Ia,
que inervam os fusos musculares.
 É importante observar que, enquanto os fusos estão dispostos em paralelo com as fibras musculares, os
órgãos tendinosos de Golgi estão dispostos em série. Esse diferente arranjo anatômico é que distingue
os tipos de informação que esses dois receptores fornecem à medula espinhal: a atividade IA do fuso
informa o comprimento do músculo, enquanto a atividade IB do órgão tendinoso de Golgi informa
a tensãomuscular.
 As aferências Ib penetram na medula espinhal, ramificam-se repetidamente e estabelecem sinapses
com interneurônios no corno ventral. Alguns desses interneurônios mantêm conexões inibitórias com
neurônios motores alfa que inervam o mesmo músculo. Essa é a base de um outro reflexo medular, o
reflexo miotático inverso (Figura 13.22). Em circunstâncias extremas, esse arco reflexo protege o
músculo de uma carga excessiva. A função normal, no entanto, é regular a tensão do músculo dentro
de uma faixa ótima. Amedida que a tensão
muscular aumenta, a inibição do neurônio motor alfa diminui a contração muscular; à medida que a
tensão do músculo diminui, a inibição do neurônio motor alfa diminui, e a contração muscular
aumenta.

 Os interneurônios espinhais recebem entradas sinápticas de axônios sensoriais

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primários, axônios descendentes do encéfalo e axônios colaterais de neurônios motores inferiores. Os


interneurônios estão conectados entre si de tal forma que programas motores coordenados podem ser
gerados em resposta às várias aferências que a eles se projetam.
 Entrada Inibitória: A contração de um conjunto de músculos seguida do relaxamento dos músculos
antagonistas é feita por neurônios inibitórios, na chamada Inibição Recíproca;
 Entrada Excitatória: É realizada por interneurônios excitatórios, um exemplo é a flexão para
afastarmos um memebro de um estímulo aversivo;
 Reflexo Flexor de Retirada:
1) Quando um membro toca um estímulo doloroso, as fibras aferentes do reflexo flexor (grupos II, III
e IV) são ativadas. Essas fibras aferentes fazem sinapses com múltiplos interneurônios na medula
espinal (reflexo polissináptico);
2) Do lado do estímulo doloroso, são ativados reflexos que provocam a contração dos músculos
flexores e o relaxamento dos músculos extensores. Essa parte do reflexo produz a flexão do lado
estimulado;
3) Do lado oposto ao estímulo doloroso, reflexos são ativados para causar a contração dos músculos
extensores e o relaxamento dos músculos flexores. Essa outra parte do reflexo produz extensão do lado
contralateral e é chamada de reflexo de extensão cruzada. Assim, se o estímulo doloroso ocorrer no
lado esquerdo, o braço e a perna esquerdos serão flexionados, ou retirados, e o braço e a perna direitos
se estenderão, para manter o equilíbrio.

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Vias Eferentes

1. VIAS PIRAMIDAIS

1.1. Trato Córtico-espinal

Área 4 (maioria) do córtex cerebral

Coroa radiada

Perna posterior da cápsula interna

Base do pedúnculo cerebral

Base da ponte

Pirâmide bulbar

Fibras que cruzam Fibras que seguem


A decussação das sem decussar
pirâmides

Trato córtico-espinal Trato córtico-espinal


anterior lateral

Funículo anterior Funículo lateral


(medula espinal) (medula espinal)

Comissura branca Coluna anterior


(motoneurônios (motoneurônios
contralaterais) ipsilaterais)

 Função motora somática voluntária, principalmente movimentos independentes dos dedos.

1.2. Trato Córtico-nuclear

Dispõe-se de forma similar e contém características equivalentes ao trato córtico-espinal, sendo que sua
influência dá-se ao nível dos núcleos dos neurônios motores no tronco encefálico. No entanto, diferentemente do
trato córtico-espinal, as fibras do trato córtico-nuclear são, em sua grande maioria, homolaterais (i.e. não sofrem

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decussação) e passam pela região de joelho da capsula interna, não na perna posterior como é o casa do trato córtico-
espinal.

2. VIAS EXTRAPIRAMIDAIS

Por meio dessas vias, algumas estruturas supra-espinais exercem influência sobre os neurônios motores
da medula, através dos seguintes tratos: rubro-espinal, teto-espinal, vestíbulo-espinal e retículo-espinal. Esses tratos
se originam, respectivamente, no núcleo rubro, teto mesencefálico, núcleos vestibulares e formação reticular. Com
exceção dos núcleos vestibulares, todas essas áreas recebem fibras do córtex cerebral.
Segundo Kuypers, os tratos vestíbulo-espinal, teto-espinal e retículo-espinal formam o grupo A, que
terminam fazendo sinapse com interneurônios ligados a motoneurônios situados medialmente na coluna anterior e,
desse modo, influenciam a musculatura do esqueleto axial e a musculatura proximal dos membros. Já o trato rubro-

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espinal compõe o grupo B, que também fazem sinapse com interneurônios ligados a motoneurônios, porém situados
lateralmente na coluna anterior, influenciando, assim, a musculatura distal dos membros.

2.1. Trato Rubro-espinal

Origina-se no núcleo rubro e, juntamente com o trato córtico-espinal lateral, controla a motricidade
voluntária das regiões distais dos membros. No entanto, possui número de fibras reduzido em humanos.

2.2. Trato Teto-espinal

Origina-se no colículo superior, que, por sua vez, recebe fibras da retina e do córtex visual. Termina nos
segmentos mais altos da medula cervical e está envolvido em reflexos nos quais a movimentação da cabeça decorre
de estímulos visuais.

2.3. Trato Vestíbulo-espinal

Origina-se nos núcleos vestibulares, que, por sua vez, recebem fibras da parte vestibular do ouvido
interno e do arquicerebelo. Dessa forma, o trato vestíbulo-espinal se relaciona à manutenção do equilíbrio temporal.

2.4. Trato Retículo-espinal

Origina-se na formação reticular e é o trato mais importante do corpo humano, pois promove a ligação
de sua área de origem com neurônios motores. A formação reticular, por sua vez, recebe informação de diversas
partes do cerebelo e córtex motor, dessa forma, o trato retículo-espinal é responsável pelo controle de diversos
movimentos voluntários e automáticos, a cargo dos músculos axiais e proximais dos membros. Esse trato
extrapiramidal promove o suporte postural básico para a execução de movimentos finos da musculatura distal,
controlados pelo trato córtico-espinal lateral.

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Vias Aferentes Espinais

1. VIA DE PROPIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TATO EPICRÍTICO E SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA

Receptores cutâneos e miotendinosos

Neurônios I

Fascículo grácil/Fascículo cuneiforme

Fibra arqueada interna - neurônios II


(decussação dos lemniscos)

Lemnisco medial

Núcleo ventral póstero-lateral do tálamo

Radiações talâmicas – neurônios III

Cápsula interna

Coroa radiada

Áreas somestésicas do córtex cerebral

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2. VIA DE PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO*

Receptores cutâneos

Neurônios I

Coluna posterior (medula)

Comissura branca – neurônios II

Funículo anterior contralateral

Trato espino-talâmico anterior

Lemnisco espinal (+ espino-talâmico lateral)

Núcleo ventral póstero-lateral do tálamo

Radiações talâmicas – neurônios III

Cápsula interna

Coroa radiada

Área somestésica do córtex cerebral

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3. VIAS DE DOR E TEMPERATURA

3.1. Via Neoespino-talâmica

Receptores cutâneos

Neurônios I

Trato dorso-lateral (de Lissauer)

Coluna posterior

Comissura branca – neurônios II

Funículo lateral

Trato espino-talâmico lateral

Lemnisco espinal (+ trato espino-talâmico anterior)

Núcleo ventral póstero-lateral do tálamo


(neurônios III)

Cápsula interna

Coroa radiada

Área somestésica do córtex cerebral

 Essa via é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do
corpo, correspondendo a chamada dor em pontada.

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3.2. Via Paleoespino-talâmica*

Receptores cutâneos

Neurônios I

Coluna posterior – neurônios II

Funículo lateral (ipsi e contralateral)

Trato espino-reticular

Formação reticular

Fibras retículo-talâmicas – neurônios III

Núcleos intralaminares do tálamo – neurônios IV

Córtex cerebral

 Essa via é responsável pela sensação de dor crônica e difusa (dor em queimação), pois não
possui somatotopia no córtex cerebral.

*Diferentemente da via de propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória, as vias de pressão e
tato protopático e paleoespino-talâmico realizam a conscientização da sensação já a nível talâmico.

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4. VIA DE PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE

Receptores miotendinosos

Neurônios I

Coluna posterior
(neurônios II) Núcleo cuneiforme
acessório do bulbo

Núcleo dorsal Trato cuneo-cerebelar


Coluna posterior ou
substância cinzenta intermédia
Funículo lateral Pedúnculo cerebelar
ipsilateral inferior
Funículo lateral contralateral
Cerebelo
Trato espino-cerebelar neurônios III
posterior Trato espino-cerebelar anterior

Pedúnculo cerebelar Pedúnculo cerebelar superior


inferior

Cerebelo – neurônios III*


Cerebelo – neurônios III

*Admite-se que as fibras que sofrem decussação na medula, cruzam-se de novo antes de penetrar no cerebelo, pois
a via é homolateral.

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Vias Aferentes Cranianas

1. VIAS TRIGEMINAIS

1.1. Via Trigeminal Exteroceptiva

Receptores cutâneos

Gânglios sensitivos V, VII, IX e X


(neurônios I)

Núcleo do trato espinal ou


núcleo sensitivo principal do trigêmeo
(neurônios II)

Lemnisco trigeminal*

Núcleo VPM do tálamo


(neurônios III)

Cápsula interna

Coroa radiada

Área somestésica do córtex cerebral

*Os axônios dos neurônios II cruzam a linha mediana para formar o lemnisco medial.

1.2. Via Trigeminal Proprioceptiva

A via trigeminal proprioceptiva se diferencia da via exteroceptiva à medida que seus receptores são do tipo
propriorreceptores e também porque o corpo celular dos neurônios I não está em um gânglio, mas sim no núcleo do
trato mesencefálico. A maioria dos prolongamentos centrais desses neurônios fazem sinapse à nível do núcleo motor
do V, formando-se arco reflexos simples como o reflexo mandibular. Em outros casos os impulsos proprioceptivos
inconscientes são levados ao cerebelo ou ainda (proprioceptivos conscientes) inflectem-se ao córtex através de
sinapses com o núcleo sensitivo principal, seguindo, a partir de então, por meio da via trigeminal exteroceptiva.

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2. VIA GUSTATIVA

Corpúsculos gustativos

Gânglios sensitivos VII, IX X


(neurônios I)

Núcleo do trato solitário


(neurônios II)

Fibras solitário-talâmicas

Núcleo VPM do tálamo


(neurônios III)

Cápsula interna

Coroa radiada

Córtex cerebral (área 43)

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3. VIA OLFATÓRIA

Cílios olfatórios

Células olfatórias
(neurônios I – nervo olfatório)

Lâmina cribiforme

Bulbo olfatório

Células mitrais*
(neurônios II – trato olfatório)

Estria olfatória lateral**

Córtex do úncus e giro para-hipocampal

*A região de sinapses entre o axônio das células olfatórias e os dendritos das células mitrais é denominada glomérulo
olfatório.
**Acredita-se que uma segunda via (inconsciente) se origine através da estria olfatória medial, incorporando-se à
comissura anterior e terminando no bulbo olfatório contralateral, de onde ascende até a área septal.

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4. VIA AUDITIVA

Órgão espiral

Gânglio espiral
(neurônios I – nervo coclear)

Núcleos cocleares dorsal e ventral*


(neurônios II)

Corpo trapezoide - decussação

Lemnisco lateral

Colículo inferior – neurônios II

Braço do colículo inferior

Corpo geniculado medial


(neurônios III)

Radiação auditiva

Áreas auditivas do córtex (41 e 42)

*Existe um certo número de fibras provenientes dos núcleos cocleares que penetram no lemnisco lateral do mesmo
lado, sendo, por conseguinte, homolaterais.

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5. VIAS VESTIBULARES CONSCIENTES E INCONSCIENTES

Estereocílios e cinocílios

Nervo/gânglio vestibular
(neurônios I)

Núcleos vestibulares – neurônios II*

Fascículo vestíbulo-cerebelar Conexão com o córtex


cerebral (trajeto ainda
Pedúnculo cerebelar inferior desconhecido)
(corpo justa-restiforme)

Córtex arquicerebelar Via vestíbulo-cerebral


(consciente)

Via vestíbulo-cerebelar
(inconsciente)

*Algumas fibras vão diretamente ao cerebelo, sem fazer conexão com os núcleos vestibulares.

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NERVOS CRANIANOS - BY MEDRESUMOS

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RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO


GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – APOSTILA DE NEURO UC 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – FACULDADE DE MEDICINA

GUSTAVO OLIVEIRA & VINÍCIUS PORTILHO – UC 1NEURO 145


GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – APOSTILA DE NEURO UC 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – FACULDADE DE MEDICINA

GUSTAVO OLIVEIRA & VINÍCIUS PORTILHO – UC 1NEURO 146


GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – APOSTILA DE NEURO UC 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – FACULDADE DE MEDICINA

RESUMOS FEITOS POR GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO EM 2013


DURANTE A UNIDADE CURRICULAR 1 DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO – CUIABÁ. AGRADECEMOS AOS NOSSOS MESTRES PELO ENSINO
E EXEMPLO NOS PASSADO.
AGRADECEMOS EM ESPECIAL A NOSSA TUTORA ALOÍSIA RONDON PELO INCENTIVO E
EXEMPLO DE DEDICAÇÃO A FACULDADE DE MEDICINA. AGRADECIMENTOS AOS MESTRES,
FERNANDO MESQUITA E FLÁVIO TAMPELINI.

GUSTAVO OLIVEIRA & VINÍCIUS PORTILHO – UC 1NEURO 147

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