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APOSTILA
DE
NEURO UC 1
2013/1
O sistema nervoso origina-se da placa neural, uma área espessada do ectoderma embrionário,
chamada de neuroectoderma;
A notocorda e o mesoderma paraxial induzem o ectoderma sobrejacente a se diferenciar na placa
neural;
A formação do tubo neural – neurulação – começa entre 22 a 23 dias de gestação na região do
quarto ao sexo pares de somitos;
A neurulação envolve quatro eventos principais: formação da placa neural, desenvolvimento da
placa neural, curvatura da placa neural e fechamento do sulco neural;
A curvatura da placa neural envolve a formação das pregas neurais nas margens laterais da placa
neural consistindo de ambos, neuroepitélio e do ectoderma de superfície adjacente; durante a
curvatura, as pregas neurais se elevam dorsalmente rodando em torno de um eixo central
localizado sobre a notocorda, chamado de ponto de dobramento mediano;
O sulco delimitado pela curvatura da placa neural é chamado de sulco neural; na área
correspondente ao futuro encéfalo, há os pontos de dobramento dorsolaterais, nos quais as
pregras neurais convergem-se medialmente em direção uma à outra;
O fechamento do sulco neural envolve a adesão das pregas neurais umas às outras e o rearranjo
das células no interior da pregas para formar duas camadas epiteliais: placa do teto do tubo neural
e ectoderma de superfície acima;
Entre essas camadas epiteliais estão as células da crista neural em formação (originadas a partir
dos lábios laterais da placa neural);
Nesse estágio, os dois terços cefálicos da placa e do tubo neural até o quarto par de somitos
representam o futuro encéfalo, enquanto o terço caudal da placa e do tubo neural representam a
futura medula espinal; a porção da medula espinal passa pela extensão convergente do
neuroepitélio e dos tecidos de sustentação, pela qual passa a ocupar 60% do comprimento da
placa neural no final do processo;
A fusão das pregas neurais e a formação do tubo neural avançam em direção cefálica e caudal até
que somente pequenas áreas permaneçam abertas em ambas as extremidades; nesses locais, a luz
do tubo neural – canal neural – comunica-se livremente com a cavidade amniótica;
A abertura cranial, o neuroporo rostral, fecha-se por volta do vigésimo quinto dia; o neuroporo
caudal fecha-se dois dias mais tarde; esses fechamentos coincidem com o estabelecimento de
uma circulação vascular sanguínea do tubo neural;
A hipótese atual é de que há possivelmente cinco locais de fechamento envolvidos na
formação do tubo neural; a falha no fechamento do local 1 resulta em espinha bífida
cístida; a meroanencefalia (anencefalia) é proveniente de uma falha no fechamento do
local 2; a craniorraquisquise é proveniente de uma falha no fechamento dos locais 1, 2 e
4; a falta de fusão do local 3 é rara.
As paredes do tubo neural se espessam para formar o encéfalo e a medula espinal; o canal neural
é convertido no sistema ventricular do encéfalo e no canal central da medula espinal;
Estudos experimentais mostraram que os níveis caudais do tubo neural, as células da crista neural
e os somitos se desenvolvem a partir do broto da cauda; a neurulação secundária envolve a
condensação das células centrais do broto da cauda em uma massa sólida chamada de cordão
medular; este sofre uma cavitação para formar uma luz, a qual rapidamente se funde com o canal
neural do tubo neural mais cranial.
A porção do tubo neural caudal ao quarto par de somitos dá origem à medula espinal;
As paredes laterais do tubo neural se espessam, reduzindo gradualmente o tamanho do canal
neural, até somente restar, com 9 a 10 semanas, um diminuto canal central da medula espinal;
Inicialmente, a parede do tubo neural é composta de um espesso neuroepitélio
pseudoestratificado colunar; essas zonas neuroepiteliais constituem a zona ventricular
(ependimária), que dá origem a todos os neurônios e células macrogliais (macróglia – por
exemplo, olidendrócitos e astrócitos) na medula espinal;
A zona marginal é composta das partes externas das células neuroepiteliais; gradualmente, o
crescimento dos axônios provenientes dos corpos de células nervosas da medula espinal, dos
gânglios espinais e do encéfalo torna essa zona a substância branca da medula espinal;
Algumas células neuroepiteliais em divisão na zona ventricular diferenciam-se em neurônios
primordiais – neuroblastos; essas células embrionárias formam uma zona intermediária entre as
zonas marginal e ventricular;
Os neuroblastos tornam-se neurônios ao formar prolongamentos citoplasmáticos; os glioblastos
(espongioblastos) diferenciam-se a partir de células neuroepiteliais, principalmente depois que
cessa a formação dos neuroblastos, então migram da zona ventricular para as zonas intermediária
e marginal; alguns glioblastos se tornam astroblastos, que mais tardem se tornam astrócitos,
enquanto outros se tornam oligodendroblastos, que se tornam oligodendrócitos;
Quando as células neuroepiteliais cessam a produção de neuroblastos e glioblastos, se
diferenciam em células ependimárias, que formam o epêndima;
As células microgliais (micróglia) são células pequenas derivadas das células mesenquimais;
invadem o sistema nervoso no período fetal, depois de os vasos sanguíneos já o terem penetrado;
origina-se na medula óssea e faz parte do sistema mononuclear fagocitário;
A proliferação e a diferenciação de células neuroepiteliais na medula espinal em
desenvolvimento levam à formação de paredes espessas e delgadas placas do teto e do assoalho;
O espessamento diferencial das paredes laterais da medula espinal produz um sulco longitudinal
raso de ambos os lados – o sulco limitante –, que separa a parte dorsal (lâmina alar – aferente) da
parte ventral (lâmina basal – eferente);
Os corpos celulares das placas alares formam as colunas cinzentas dorsais (cornos dorsais
cinzentos), cujos neurônios formam as colunas cinzentas dorsais; com o crescimento das placas
alares forma-se o septo mediano dorsal (“divide” as placas alares);
Os corpos celulares das placas basais formam as colunas cinzentas ventrais e laterais (cornos
cinzentos ventrais e cornos cinzentos dorsais); com o crescimento das placas basais forma-se o
septo mediano ventral, que se desenvolve e se torna fissura mediana ventral;
Os neurônios pseudounipolares nos gânglios espinais derivam de células da crista neural;
inicialmente, as células dos gânglios são apolares, então se tornam bipolares, mas os dois
prolongamentos axonais logo se unem, formando um T; os dois prolongamentos possuem
características estruturais de axônios, entretanto o periférico é um dendrito; o prolongamento
periférico origina a região sensitiva dos nervos espinais, enquanto o prolongamento central
penetra a medula espinal e forma a raiz dorsal do nervo espinal;
Uma vez que a coluna vertebral e a dura-máter crescem mais rapidamente que a medula esp., a
extremidade caudal da medula coloca-se gradualmente em níveis mais altos, terminando no
adulto ao nível da segunda ou terceira vértebras lombares;
FORMAÇÃO DAS MENINGES DA MEDULA ESPINAL
O mesênquima que circunda o tubo neural se condensa para formar uma membrana denominada
meninge primitiva;
A camada externa desta se espessa, para formar a dura-máter; a camada interna (pia-aracnoide),
composta pela aracnoide e pela pia-máter, é derivada das células da cristal neural;
Dos três folhetos embrionários é o ectoderma que origina o sistema nervoso; primeiramente, este
sofre espessamento da região situada acima da notocorda, formando a chamada placa neural;
A placa neural cresce progressivamente, torna-se mais espessa e adquire um sulco longitudinal
denominado sulco neural, que se aprofunda para formar a goteira neural;
Os lábios da goteira neural se fundem para formar o tubo neural; o ectoderma não diferenciado,
então, se fecha sobre o tubo neural, isolando-o assim do meio externo;
O tubo neural se fecha primeiramente na região medial do embrião, as extremidades ainda abertas
são chamadas neuróporos, que são dois, o neuróporo rostral (anterior) e o caudal (posterior; antes do
fechamento dos neuróporos, a cavidade do tubo neural é preenchida por líquido amniótico, e com seu
fechamento passa a ser preenchida com líquido ependimário (cefalorraquidiano);
No ponto em que o ectoderma encontra os lábios da goteira neural se forma uma lâmina longitudinal
chamada cristal neural;
O tubo neural dá origem a elementos do SNC, enquanto a crista dá origem a elementos do SNP, além
de elementos não-pertencentes ao sistema nervoso;
Crista Neural:
Após sua formação, as cristas neurais são contínuas no segmento craniocaudal e se dividem,
dando origem a diversos fragmentos que formarão os gânglios espinais, nestes, se diferenciam os
neurônios sensitivos pseudounipolares, cujos prolongamentos centras se ligam ao tubo neural,
enquanto os periféricos se ligam aos dermátomos dos somitos;
Os elementos derivados da crista neural são: gânglios do sistema nervoso autônomo (viscerais),
medula da glândula suprarrenal, paragânglios, melanócitos, células de Schwann, anfícitos
(células-satélite), células C da tireoide, odontoblastos, dura-máter e aracnoide*.
Tubo Neural:
As últimas partes do sistema nervoso a se fecharem são os neurópos rostral e caudal;
Paredes do tubo neural:
Duas lâminas alares (médio-superiores), das quais derivam neurônios ligados à
sensibilidade (prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos);
Duas lâminas basais (médio-inferiores), das quais derivam neurônios ligados à
sensibilidade (neurônios motores);
Uma lâmina do assoalho (inferior), que em algumas áreas permanece no adulto, formando
um sulco, como o sulco mediano do IV ventrículo;
Uma lâmina do tecto (superior), que dá origem ao epêndima.
Dilatações do tubo neural:
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Encéfalo primitivo (arquencéfalo), que se dilata; e medula primitiva, que permanece com
calibre uniforme;
Vesículas encefálicas primordiais: prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo;
Divisões do SN:
Critérios anatômicos:
SNC: encéfalo (cérebro, cerebelo, tronco encefálico [mesencéfalo, ponte, bulbo]);
SNP: nervos espinais e cranianos, gânglios – dilatações constituídas principalmente de
corpos de neurônios, que podem ser sensitivas ou motoras viscerais [do sistema nervoso
autônomo] e terminações nervosas.
Critérios embriológicos:
Prosencéfalo (telencéfalo e diencéfalo);
Mesencéfalo;
Rombencéfalo (metencéfalo e mielencéfalo).
Critérios funcionais:
Sistema nervoso somático (que relaciona o organismo com o meio ambiente): aferente
(conduz aos centros nervosos impulsos gerados por receptores periféricos) e eferente
(leva aos mm. estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos – movimentos
voluntários);
Sistema nervoso visceral (que se relaciona com a inervação e controle das estruturas
viscerais): aferente (visceroceptores conduzem impulsos para áreas específicas do SN) e
eferente (sistema nervoso autônomo – simpático e parassimpático).
Segmentação ou metameria:
Segmentar: SNP e tronco encefálico (não existe córtex e a substância cinzenta pode se
localizar dentro da branca, como ocorre na medula);
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
NEURÔNIO
O corpo celular é a região dilatada do neurônio que contém um grande núcleo eucromático com um
nucléolo proeminente e citoplasma perinuclear circundante;
O citoplasma perinuclear revela retículo endoplasmático rugoso (RER) abundante e ribossomos
livres quando observados com o microscópio eletrônico;
Ao microscópio óptico, o conteúdo ribossômico aparece como pequenos corpos denominados
corpúsculos de Nissl, que se coram intensamente com corantes básicos; cada corpúsculo de Nissl
corresponde a uma pilha de RER;
O citoplasma perinuclear contém numerosas mitocôndrias, um grande aparelho de Golgi
(formado por dictiossomos) perinuclear, lisossomos, microtúbulos, nenurofilamentos (filamentos
intermediários), vesículas de transporte e inclusões.
Os corpúsculos de Nissl, os ribossomos livres e o aparelho de Golgi estendem-se até os dendritos,
porém não até o axônio; nessa área do corpo celular forma-se o cone axônico, que não conta com
organelas citoplasmáticas e serve como ponto de referência para a distinção entre axônios e
dendritos;
Os neurônios não se dividem; contudo, em algumas áreas do cérebro, células-tronco neurais estão
presentes e são capazes de se diferenciar e de repor células nervosas danificadas; em regiões como o
bulbo olfatório e o giro denteado do hipocampo pode ocorrer tal processo;
Os componentes subcelulares dos neurônios renovam-se constantemente e têm ciclos de vida
mensurados em horas, dias e semanas;
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FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Geralmente, os dendritos estão localizados na vizinhança do corpo celular, possuindo maior diâmetro
que os axônios, não sendo mielinizados e sendo afunilados, formando arborizações denominadas
árvores dendríticas, cuja função é aumentar a área de superfície do receptor de um neurônio;
Os axônios transmitem informação do corpo celular para outro neurônio ou para uma célula efetora;
cada neurônio tem apenas um axônio, que pode ser extremamente longo, embora um axônio possa
dar origem a um ramo recorrente próximo do corpo celular ou a ramos colaterais;
O axônio origina-se no cone axônico, rico em microtúbulos, neurofilamentos, mitocôndrias e
vesículas, e pobre em outras organelas; a região entre o ápice do cone e o início da bainha de
mielina é denominada segmento inicial, local onde se origina um PA;
Estudos recentes indicam que a síntese local as proteínas axônicas ocorre em alguns grandes
terminais nervosos; alguns terminais axônicos vertebrais contêm polirribossomos com
maquinaria completa de tradução para síntese proteica; tais áreas são denominadas placas
periaxoplásmicas.
SINAPSES
Junções especializadas entre os neurônios que facilitam a transmissão dos impulsos de um neurônio
pré-sináptico para outro pós-sináptico; as sinapses entre os neurônios podem ser axodendríticas
(entre axônios e dendritos), axossomáticas (entre axônios e soma) ou axoaxônicas (entre axônios e
axônios); ainda podem ocorrer sinapses entre axônios e celulares efetoras;
Tipicamente, um axônio faz diversos contatos semelhantes a botões com a porção receptora do
neurônio; frequentemente, o neurônio que chega viaja ao longo da superfície do neurônio receptor,
fazendo contatos sinápticos denominados botões de passagem; a extremidade dilatada
correspondente ao final do axônio pós-sináptico é denominada botão terminal;
As sinapses podem ser químicas ou elétricas;
Os componentes de uma sinapse química incluem:
Elemento pré-sináptico: extremidade do prolongamento do neurônio a partir da qual os
neurotransmissores são liberados; é caracterizado pela presença de vesículas sinápticas;
A ligação e a fusão de tais vesículas com a membrana plasmática pré-sináptica é
mediada por uma família de proteínas transmembrana denominada SNARE, que
significa “receptores de ligação a fator solúvel à N-etilmaleimida;
Acúmulos densos de proteínas estão presentes no lado citoplasmático da
membrana plasmática pré-sináptica, sendo estas áreas chamadas de zonas ativas,
locais em que as vesículas sinápticas são ancoradas e onde os neurotransmissores
são liberados;
As zonas ativas são ricas nos complexos de ancoragem Rab-GTPase, t-SNARE e
proteínas de ligação à sinaptotagmina.
Fenda sináptica: espaço que separa o neurônio pré-sináptico do neurônio pós-sináptico
ou da célula-alvo, o qual o neurotransmissor deve cruzar;
Membrana pós-sináptica: contém sítios receptores com os quais o neurotransmissor
interage; esse componente é formado por uma parte da membrana do neurônio pós-
sináptico;
A densidade pós-sináptica representa um complexo elaborado de proteínas
interligadas cuja função tem ligação à tradução da interação neurotransmissor-
receptor em um sinal intracelular, ancoragem de várias proteínas que modulam a
atividade do receptor, etc.
As substâncias necessárias nos axônios e dendritos são sintetizadas no corpo celular e necessitam de
transporte para esses locais;
O transporte axônico é um mecanismo bidirecional, servindo como um modo de comunicação
intracelular, carregando moléculas e informação ao longo dos microtúbulos e dos filamentos
intermediários do terminal axônico até o soma ou vice-versa;
O transporte anterógrado leva material do soma para a periferia; a cinesina, proteína motora
associada a microtúbulos que utiliza ATP, está envolvida neste tipo de transporte;
O transporte retrógrado conduz material do terminal axônico e dos dendritos para o soma; a
dineína, proteína motora associada a microtúbulos, é que medeia este tipo de transporte;
Um sistema de transporte lento conduz substâncias do corpo celular até o botão terminal na
velocidade de 0,2 a 4mm/dia, sendo somente um sistema de transporte anterógrado;
Um sistema de transporte rápido conduz substâncias em ambas as direções em uma velocidade
de 20 a 400mm/dia, podendo ser um sistema tanto anterógrado quanto retrógrado; o transporte
rápido em qualquer uma das direções requer ATP;
O transporte retrógrado é a via seguida pelas toxinas e vírus que entram no SNC pelas
terminações nervosas.
O transporte dendrítico parece ter as mesmas características de servir às mesmas funções para o
dendrito como o axônio serve para o axônio.
mielina está uma fina lâmina externa de citoplasma perinuclear, denominada bainha de
Schwann – envolvida por membrana abaxonal e contém o núcleo e a maior parte das
células de Schwann; (5) a aposição do mesaxônio da última camada sobre ele próprio ao
se fechar no anel da espiral produz o mesaxônio externo; internamente às camadas
concêntricas de mielina está em desenvolvimento o colarinho interno de citoplasma da
célula de Schwann; o espaço intracelular estreito entre as membranas do mesaxônio se
comunica com a membrana plasmática adaxonal e produz o mesaxônio interno;
Uma vez que o mesaxônio se espirala sobre si próprio, os intervalos desaparecem e as
membranas formam a bainha de mielina;
A compactação da bainha corresponde à expansão de proteínas tansmembrana específicas
da mielina, como a proteína 0 (P0), proteína mielínica periférica de 22 quilodáltons
(PMP22) e a proteína mielínica básica (MBP).
Os nervos do SNP que são descritos como não mielinizados são envelopados pelo citoplasma da
CS; um único axônio ou um grupo destes pode ser incluído em uma única invaginação da
superfície da CS; grandes CS podem ter 20 ou mais sulcos, cada um contendo um ou mais
axônios;
Células-satélite: pequenas células cúbicas que formam uma camada completa em torno do soma;
ajudam a estabelecer e manter um microambiente controlado em torno do corpo neuronal no
gânglio, fornecendo isolamento elétrico, bem como uma via para trocas metabólicas; análoga à
CS, exceto pela formação da bainha de mielina.
Neuróglia Central:
Astrócitos: são as maiores células neurogliais; formam uma rede de células dentro do SNC e se
comunicam com os neurônios para dar suporte e modular muitas de suas atividades; suas
extremidades expandem-se, formando pés terminais que cobrem grandes áreas da superfície
externa do vaso ou do axolema;
Protoplasmáticos: mais prevalentes na substância cinzenta cerebral; possuem numerosos
prolongamentos citoplasmáticos curtos e ramificados;
Fibrosos: mais comuns na substância branca cerebral; possuem menos prolongamentos e
são relativamente retos;
São importantes nos movimentos dos metabólitos e resíduos para os neurônios e a partir
deles; ajudam a manter as zônulas de oclusão dos capilares que formam a barreira
hematencefálica; além disso, fornecem uma cobertura para as áreas desnudas dos axônios
mielinizados, por exemplo, nos nós de Ranvier;
Os astrócitos protoplasmáticos nas superfícies do cérebro e da m. espinal estendem seus
prolongamentos (pés subpiais) até a lâmina basal da pia-máter para formar a glia
limitante, barreira relativamente impermeável que circunda o SNC.
Oligodendrócitos: células responsáveis pela formação de bainha de mielina no SNC; cada
oligodendrócito emite diversos prolongamentos semelhantes a uma língua e encontram seu
caminho na direção dos axônios, onde cada prolongamento se enrola em uma porção de um
axônio, formando o segmento intermodal de mielina;
Cada prolongamento semelhante a uma língua aparece espiralando ao redor do axônio,
sempre permanecendo em proximidade a ele até que a bainha de mielina seja formada;
Os oligodendrócitos durante a mielinização expressam proteínas específicas da mielina
diferentes daquelas expressas pelas células de Schwann no SNP, como a proteína
proteolipídica (PLP) e a glicoproteína mielínica do oligodendrócito (MOG);
Os nós de Ranvier no SNC são maiores que aqueles presentes no SNP;
Os neurônios não mielinizados do SNC são encontrados desnudos, isto é, não estão
incluídos nos prolongamentos das células gliais.
Neurônios, oligodendrócitos, astrócitos e células ependimárias são derivados das células do tubo
neural;
Os precursores de oligodendrócitos são células altamente migratórias que proliferam em razão à
expressão local dos sinais mitogênicos;
Os astrócitos imaturos migram para o córtex durante os estágios embrionários e pós-natal inicial;
As células ependimárias são derivadas da proliferação de células neuroepiteliais que circundam
imediatamente o canal do tubo neural em desenvolvimento.
As células de Schwann se originam das células migratórias da crista neural que se tornam associadas
aos axônios dos nervos embrionários iniciais.
COMPONENTES DE TECIDO CONECTIVO DE UM NERVO PERIFÉRICO
Endoneuro: inclui tecido conectivo frouxo circundando cada fibra nervosa individual;
Perineuro: inclui tecido conectivo especializado circundando cada fascículo nervoso (conjunto de
fibras);
Serve como barreira de difusão metabolicamente ativa que contribui para a formação de uma
barreira hematonervosa, que mantém o meio iônico das fibras nervosas com bainha.
Epineuro: inclui tecido conectivo denso irregular que circunda o nervo periférico e preenche os
espaços entre os fascículos nervosos.
BARREIRA HEMATENCEFÁLICA
A lesão neuronal induz uma sequência complexa de eventos denominada degeneração axônica e
regeneração neural; neurônios, células de Schwann, oligodendrócitos, macrófagos e micróglia estão
envolvidos nessa resposta;
Em contraste com o SNP, no qual os axônios rapidamente se regeneram, no SNC geralmente não
podem se regenerar;
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Degeneração:
Anterógrada (walleriana): degeneração de um axônio distal a um local de lesão; o primeiro sinal
de lesão é a tumefação axônica, seguida por sua desintegração, o que resulta em ruptura do
citoesqueleto axônico;
Regeneração:
(1) A divisão das células de Schwann desdiferenciadas é a primeira etapa na regeneração de um
nervo periférico; inicialmente, estas células se dispõem em uma série de cilindros denominados
tubos endoneurais, que acabam se colapsando pela remoção dos resíduos de mielina;
(2) As CS em proliferação organizam-se em bandas celulares semelhantes a colunas longitudinais
denominadas bandas de Bungner;
(3) Tais bandas orientam o crescimento de novos prolongamentos nervoso (neuritos ou brotos)
de axônios em regeneração;
(4) Um cone de crescimento desenvolve-se na porção distal de cada broto e consiste em
projeções ricas em filamentos de actina, que estabelecem uma direção para o avanço do cone de
crescimento;
(5) Embora muitos brotos não façam contatos com bandas celulares e se degenerem o seu grande
número aumenta a probabilidade de reestabelecer as conexões sensoriais e motoras;
(6) A regeneração axônica leva à rediferenciação das CS, o que ocorre em uma direção proximal
para distal.
Modalidade define uma classe geral de estímulo, determinada pelo tipo de energia transmitida pelo
estímulo e pelos receptores especializados em reconhecer o tipo de energia transmitido;
Os receptores juntamente com suas vias centrais e com suas áreas-alvo no encéfalo, constituem os
sistemas sensórios;
Localização de um estímulo é representada pela ativação de um grupo de receptores dentro do
sistema sensório; os receptores são distribuídos topograficamente no órgão sensório, de modo que
sinaliza a intensidade do estímulo e sua posição no espaço;
A ativação seletiva das células de Merkel e das terminações de Ruffini produz a sensação de pressão
contínua; os mesmos padrões sobre os corpúsculos de Meissner e de Pacini induzem a uma sensação
de formigamento;
As células de Merkel e os corpúsculos de Meissner fornecem a localização mais precisa do
estímulo, porque apresentam campos receptivos menores e são mais sensíveis à pressão;
Duração da estimulação é sinalizada pelo tempo que duram os disparos;
Intensidade de um estímulo é sinalizada pela amplitude de resposta de cada receptor, que reflete a
quantidade total de energia do estímulo liberada no receptor;
Sensações somáticas: tato, dor, temperatura, prurido e propriocepção (postura e movimento de
partes do corpo);
Cada fibra nervosa é ativada primariamente por determinados tipos de estímulo e cada uma delas faz
conexões com estruturas no SNC, cuja atividade induz a sensações específicas;
O receptor sensório é a primeira célula de toda via sensória; ele transforma a energia do estímulo em
energia elétrica, estabelecendo um mecanismo de sinalização com os sistemas sensórios;
O sinal elétrico produzido pelo receptor, que pode despolarizar ou hiperpolarizar a célula, é
denominado potencial receptor; o processo pelo qual cada estímulo é convertido em um sinal
elétrico é chamado transdução do estímulo;
Os receptores são morfologicamente especializados em transduzir formas específicas de energia
(especificidade do receptor); o estímulo adequado é aquele capaz de ativar um receptor específico;
A especificidade de resposta dos receptores obedece a um código de identificação linear,
mecanismo de identificação da modalidade do estímulo;
Os mecanoceptores do sistema somatossensório medeiam o tato, as sensações proprioceptivas e o
sentido de posição das articulações;
A estimulação mecânica deforma os receptores da membrana, abrindo os canais sensíveis e
aumentando a condutância iônica que consequentemente despolariza o receptor;
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Toda informação somatossensorial dos membros e do tronco é conduzida por neurônios do gânglio
da raiz dorsal (transdução do estímulo e transmissão da informação codificada para o SNC); as
informações somatossensoriais de estruturas cranianas são transmitidas por neurônios sensoriais
trigeminais, morfologicamente homólogos aos neurônios do gânglio da raiz dorsal;
O seu axônio (neurônios do gânglio da raiz dorsal) tem duas ramificações, uma que se projeta para a
periferia e outra para o SNC; a parte terminal do ramo periférico do axônio é uma célula do gânglio
da raiz dorsal sensível a estímulos naturais; o restante do ramo periférico em conjunto com o ramo
central é chamado de fibra aferenteprimária, que transmite a informação codificada para o SNC;
Os terminais periféricos dos neurônios do gânglio da raiz dorsal podem ser terminações nervosas
livres ou terminações encapsuladas por estruturas não-neurais; os neurônios do gânglio da raiz dorsal
com terminais encapsulados medeiam tato e propriocepção e são sensíveis a estímulos que deformam
fisicamente a superfície receptora; já os neurônios DGDRD que possuem terminações nervosas livres
medeiam sensações dolorosas e térmicas;
Os mecanorreceptores e proprioceptores são inervados por NDGDRD que apresentam axônios
mielinizados e de grosso calibre que conduzem PAs rapidamente;
Os receptores térmicos e nociceptores possuem axônios finos não mielinizados ou finamente
mielinizados que conduzem impulsos mais lentamente;
Duas classes de sensação somática: epicrítica– aspectos finos do tato (detecção do contato sutil da
pele e localização da posição do estímulo, discernimento de vibração, percepção pelo toque de
detalhes espaciais, como textura de superfícies e espaçamento entre dois pontos tocados
simultaneamente, reconhecimento de forma de objetos com a mão); protopática(considerada mais
evoluída que a epicrítica)– sensações dolorosas e térmicas(mediadas por receptores com terminações
nervosas e livres);
A sensibilidade tátil é mais desenvolvida na pele dos dedos sem pelos (glabra), na superfície palmar
da mão, na sola dos pés e nos lábios; impressões digitais (pregas da epiderme) contêm uma matriz
com grande número de mecanoceptores;
Os receptores da pele glabra são os corpúsculos de Meissner, localizados no meio da papila
dérmica; e as terminações nervosas livres;
Os mecanoceptores precisam ser deformados de um modo específico para excitar o nervo sensorial;
Os receptores superficiais são pequenos e sensíveis apenas à deformação das cristas papilares em que
estão situados; os receptores subcutâneos são grande e sensíveis à deformação de uma área da pele
maior que aquela pertencente às cristas acima deles;
Os dois principais receptores das camadas superficiais da pele são o corpúsculo de Meissner
(receptor de adaptação rápida, mecanicamente acoplado à borda da crista papilar; é uma estrutura
globular, preenchida de líquido que fica próximo a um amontoado de células epiteliais planas;
terminal nervoso sensorial está emaranhado entre as várias camadas do corpúsculo) e o disco
receptor de Merkel (receptor de adaptação lenta, formado por uma pequena célula epitelial que
circunda o terminal nervoso; o receptor circunda uma estrutura semi-rígida que transmite a força de
compressão da pele para a terminação nervosa);
Os humanos reconhecem quatro tipos distintos de sensação térmica: frio, muito frio (gelado ou
congelante), quente e muito quente; resultam das diferenças entre a temperatura externa do ar e dos
objetos em contato com o corpo e a temperatura normal da pele;
Os receptores térmicos modulam seus disparos em função da temperatura; em temperaturas
constantes apresentam descargas tônicas, disparando PAs a uma taxa estável de acordo com a
temperatura;
Receptores de frio e calor disparam PAs continuamente em baixas frequências (2 a 5 PA/s) quando a
temperatura da pele está no seu valor normal;
Cada população de receptores tem um pico de sensibilidade em uma banda específica do espectro de
energia; a temperatura percebida é determinada pela atividade relativa de receptores respondentes;
Mudanças rápidas na temperatura da pele geram respostas dinâmicas, em que aumentos na
temperatura são sinalizados pelos receptores de calor e reduções pelos receptores de frio; a adaptação
da descarga de PAs (diminuição da frequência destes conforme o contato é mantido por vários
segundos) corresponde ao fenômeno da adaptação sensorial;
Receptores de calor respondem proporcionalmente a aumentos na temperatura da pele acima do
valor basal de 34ºC até 45º, quando a temperatura é maior que 45ºC, as fibras de calor disparam uma
série de espículas em alta frequência e em seguida cessam sua atividade mesmo com a manutenção
do calor; logo, não são sensíveis a temperaturas muito altas; nestas, os seres humanos percebem dor
em vez de sensação de calor;
Os receptores que respondem seletivamente a estímulos potencialmente capazes de causar
lesão tecidual são chamados de nociceptores (do latim nocere, causar injúria); respondem
diretamente a alguns estímulos e indiretamente a outros por meio da ação de uma ou mais
substâncias químicas liberadas pelas células de tecidos traumatizados;
Várias substâncias têm sido propostas para a mediação química da dor: histamina, íons potássio
liberado de células lesadas, bradicinina, acidificação, ATP, serotonina e acetilcolina;
Sugere-se que a maioria dos nociceptores seja, na verdade, quimioceptores sensíveis a diferentes
concentrações de irritantes químicos liberados nos tecidos circundantes após estímulos nocivos
térmicos ou mecânicos ou substâncias exógenas;
Três classes de nociceptores podem ser distinguidas de acordo com o tipo de estímulo: nociceptores
mecânicos (precisam de um estímulo tátil forte e frequentemente doloroso para produzirem resposta;
ativados por objetos pontiagudos; taxa de disparo desses receptores aumenta em razão da capacidade
de dano, variando de levemente nocivo a superdestrutivo; fibras aferentes desses receptores têm
terminações nervosas livres mielinizadas, sendo as aferênciasnociceptivas com maior velocidade de
condução), nociceptores térmicos (excitados por temperaturas extremas, assim como por estímulos
mecânicos fortes) e nociceptorespolimodais(respondem a uma variedade de estímulos mecânicos
nocivos, térmicos extremos e irritantes químicos; não são sensíveis a estímulos mecânicos leves;
estimulação deles provoca sensação de dor lenta e queimação);
Propriocepção é a sensação de posição e movimento dos próprios membros e do corpo sem o uso da
visão; existem duas submodalidades de propriocepção: sensação de posição estacionária dos
membros e a de movimentação dos membros;
Três tipos de mecanoceptores nos músculos e nas articulações sinalizam a posição estacionária dos
membros e a velocidade e direção dos membros em movimento:
Receptores do fuso muscular (sensíveis ao estiramento muscular);
Órgãos tendinosos de Golgi (receptores do tendão que são sensíveis à força de contração e ao
esforço exercido por um grupo de fibras musculares);
Receptores localizados nas cápsulas articulares (sensíveis à flexão ou extensão da articulação).
Receptores da pele sensíveis ao estiramento (terminações de Ruffini, células de Merkel na pele com
pelos e receptores de campo) também sinalizam informações posturais (propriocepção cutânea);
Fibras nervosas que transmitem diferentes tipos de sinais e sua classificação fisiológica;
Fibras alfa (maior velocidade – 80 a 120m/s –; propriocepção dos mm. esqueléticos); fibras beta
(velocidade média – 37 a 75m/s –; mecanoceptores); fibras delta (5 a 30 m/s –; dor, temperatura);
fibras amielinizadas (temperatura, dor);
O sistema de transmissão das informações sensoriais se dá a partir de duas vias básicas: ântero-
lateral (espino-talámico), pelo qual “trafegam” tato protopático (grosseiro), dor e temperatura; e
coluna dorsal – lemnisco medial (ipsilateralmente, ou seja, não há transição de lado), pela qual
“trafegam” trato epicrítico, propriocepção, vibração;
Somatotopia: representação no SNC da superfície cutânea ou do interior do corpo;
Fascículo grácil: membros inferior;
Fascículo cuneiforme: membros superiores, ombro e pescoço; ambos os fascículos são aferentes.
Córtex somestésico: região posterior ao sulco central do telencéfalo; o giro pós-central corresponde à
área somestésica primária, área de projeção contralateral da metade do corpo; o córtex somestésico
secundário recebe aferências de S1 e tem projeções para o lobo temporal e córtex insular (memória e
aprendizagem tátil); o córtex parietal posterior é área de associação somestésica tátil e
proprioceptiva.
HANSENÍASE
Sistema Somatossensorial
Revisando com Gustavo Oliveira
-Transmite informações dos órgãos receptores sensoriais na pele, músculos, articulações e vísceras para o
córtex cerebral. As informações que se originam destes receptores alcançam inicialmente a medula espinhal
ou o tronco cerebral por meio de neurônios de primeira ordem (neurônios aferentes primários).
-A análise da informação somatossensorial envolve o tálamo e o córtex cerebral.
-Em algum local indeterminado, a informação sensorial resulta em percepção, que é um estado de
consciência do estímulo.
*Principais Vias Somatossensoriais: vias ascendentes que conduzem informação do corpo
1-Dorsal-lemnisco medial;
2-Trato espinotalâmico;
3-Trato trigeminotalâmico;
As modalidades sensoriais que são mediadas pelo sistema somatossensorial incluem tato-pressão, vibração-
tremulação, propriocepção, sensação térmica, dor e distensão visceral.
-Receptores Sensoriais Somatoviscerais:
1-Receptores Cutâneos: os principais, mecanorreceptores, termorreceptores e nociceptores.
1.1-Mecanorreceptores: respondem a estímulos mecânicos, tais como pancadas ou deformações da pele.
Um receptor de adaptação rápida é aquele que descarrega no início (e no fim) de um estímulo. Um receptor
de adaptação lenta continua a descarregar enquanto o estímulo for mantido.
Ex.: Rápidos: receptores do folículo capilar, corpúsculos de Meissner e corpúsculos de Pacini.
Lentos: terminação celulares de Merkel as de Ruffini, mecanorreceptores C.
*Ruffini: são ativadas pelo estiramento da pele.
*Merkel: campos receptivos puntiformes
**Axônios de todos estes tipos de receptores são mielinizados.
1.2- Termorreceptores: existem 2 tipos de receptores na pele (frio e calor). Ambos de adaptação lenta. Os
receptores são ativos sob uma ampla gama de temperaturas. A temperatura moderada da pele (35ºC), ambos
os receptores podem estar ativos. Contudo, se a pele está sendo aquecida, os receptores de frio tornam-se
inativos, e vice-versa.
A níveis nocivos (prejudiciais) acima de 45ºC, estes receptores não irão registrar calor doloroso.
*Outra classe de receptores de frio é ativada apenas quando a temperatura da pele é diminuída abaixo de um
certo ponto.
1.3- Nociceptores: respondem a estímulos que ameaçam ou danificam o organismo. Existem 2 tipos
(nociceptores mecânicos Aδ e os nociceptores polimodais C).
Os nociceptores mecânicos Aδ são supridos por fibras aferentes mielinizadas finas, e os nociceptores
polimodais C por fibras amielínicas. Os nociceptores mecânicos Aδ respondem a estímulos mecânicos
fortes, como espetar a pele com uma agulha ou comprimir a pele com uma pinça. Os nociceptores
polimodais C, por outro lado, respondem a vários tipos de estímulos, incluindo mecânicos e térmicos.
Os nociceptores podem sofrer uma sensibilização periférica após serem expostos a um estímulo nocivo
forte. Nociceptores sensibilizados respondem mais vigorosamente a estímulos nocivos, porque seu limiar
para ativação está diminuído.
*Hiperalgesia: caracterizada por um aumento da dor produzida por estimulação em uma certa intensidade e
por diminuição do limiar de dor.
*Os nociceptores são frequentemente responsáveis pelo início da inflamação. O tipo de inflamação em que
os nociceptores estão envolvidos é denominado ‘inflamação neurogênica’.
Receptores Musculares, Articulares e Viscerais: Os músculos esqueléticos também apresentam vários tipos
de receptores sensoriais, principalmente mecanorreceptores e nociceptores.
-Receptores de estiramento: fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi.
*Os nociceptores nos músculos respondem à pressão aplicada ao músculo e à liberação de metabólitos,
especialmente durante a isquemia.
-Ergorreceptores: sinalizam o trabalho dos músculos
Articulações: mecanorreceptores articulares e nociceptores articulares
*Mecanorreceptores:
-Adaptação rápida: corpúsculos de Pacini.
-Adaptação lenta: terminações de Rufini.
Estes mecanismos sinalizam a pressão ou torção aplicada à articulação.
Vísceras: alguns mecanorreceptores viscerais são responsáveis pela sensação de distensão e os nociceptores
viscerais sinalizam a dor visceral. Os nociceptores viscerais podem estar inativos em circunstâncias normais,
mas eles tornam-se ativos após serem sensibilizados por uma lesão ou inflamação.
Raízes Espinhais e Dermátomos: axônios do sistema nervoso periférico (SNP), entram e saem do SNC
através de raízes espinhais.
Raízes dorsais: as raízes de ambos os lados de um determinado segmento espinhal são compostas
inteiramente pelos processos centrais das células ganglionares da raiz dorsal.
Raízes ventrais: consistem, principalmente, de axônios dos motoneurônios.
*Um determinado gânglio da raiz dorsal supre uma região cutânea específica, que é denominada
‘Dermátomo’.
Invervação da face pelo Nervo Trigêmeo: os processos periféricos dos neurônios no gânglio trigemial
passam através das divisões oftálmica, maxilar e mandibular do nervo trigêmeo, para inervar regiões
semelhantes aos dermátomos na face. O nervo trigêmeo também os dentes, as cavidades oral e nasal e a
dura-mater.
Vias somatossensoriais da medula espinhal dorsal
1-Via da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial: ramos ascendentes de muitas fibras aferentes primárias
mielinizadas trafegam rostralmente pelo funículo dorsal da medula espinhal até a medula oblonga. Os
neurônios de segunda ordem, que recebem fibras aferentes primárias do funículo dorsal, estão localizados
nos núcleos da coluna dorsal da medula oblonga caudal. Diferenças entre as respostas dos neurônios dos
núcleos da coluna dorsal e as dos neurônios aferentes primários:
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Sensação da Face:
1-Vias Tátil Trigemial e Propioceptiva: a via do núcleo sensorial principal se assemelha à via da coluna
dorsal – lemnisco medial. Este núcleo sensorial transmite informações táteis. Estes neurônios, por sua vez,
inervam receptores de estiramento nos músculo da mastigação e em outros músculos da cabeça.
2-Sistema Nociceptivo Trigemial e Termorreceptivo: a dor na região inervada pelo trigêmeo é
particularmente importante, porque inclui as dores de dente e de cabeça. As fibras aferentes primárias dos
nociceptores e termorreceptores da cabeça penetram no tronco cerebral através do nervo trigêmeo.
Dor
A dor é um fenômeno complexo e inclui os componentes discriminativo-sensorial e afetivo-motivacional. O
processamento sensorial neste nível e em níveis superiores do córtex cerebral resulta em percepção:
1- Da qualidade da dor
2- Da localização do estímulo doloroso
3- Da intensidade da dor
4- Da duração da dor
Provavelmente o mais importante reflexo espinal é o reflexo de estiramento, uma contração muscular
que ocorre quando o músculo está com seu comprimento aumentado; requerem aferências sensórias
do m. para a m. espinal e uma via de retorno para os músculos;
O receptor que afere a mudança de comprimento é o fuso muscular; os axônios aferentes desse
receptor fazem conexões excitatórias diretas com os neurônios motores;
Sherrington percebeu que estirar um músculo causa o relaxamento dos antagonistas, concluindo
que o estímulo do estiramento gera a excitação de certos neurônios e a inibição de outros
(inervação recíproca);
O reflexo de estiramento envolve uma via monossináptica;
As fibras Ia de um m. excitam não apenas os neurônios motores que inervam aquele músculos
(conexões homônimas), mas também os que inervam músculos que têm ação mecânica
semelhante (conexões heterônimas).
Os fusos musculares são pequenos receptores sensórios encapsulados (envoltos por cápsula de tecido
conectivo) que têm forma fusiforme e estão localizados entre as fibras musculares, normalmente
contendo sete fibras musculares intrafusais estriadas;
Sua principal função é sinalizar mudanças no comprimento do músculo no qual residem;
Os fusos musculares podem ser usados pelo SNC para perceber as posições relativas dos
segmentos corporais (detectam as mudanças nos ângulos das articulações onde os mm. se
inserem);
Cada fuso tem três componentes principais: um grupo de fibras musculares intrafusais
especializadas cujas regiões centrais não são contráteis, terminações sensórias mielinizadas de
grande diâmetro que se originam nas regiões centrais das fibras intrafusais e terminações motoras
mielinizadas que inervam as regiões contráteis das fibras intrafusais;
Quando as fibras intrafusais são estiradas, as terminações sensórias também são estiradas e
aumentam sua frequência de disparo; quando um músculo diminui de tamanho, o fuso é
descarregado, e a atividade diminui;
A inervação motora das fibras musculares intrafusais é proveniente dos neurônios motores de
pequeno diâmetro (gama), que inervam as fibras intrafusais dos fusos musculares e de grande
diâmetro (alfa), que inervam as fibras musculares extrafusais;
Os interneurônios são numerosos na zona intermediária e no corno anterior e são funcionalmente
essenciais para a regulação dos neurônios motores alfa e gama; sua açã nos neurônios motores
pode ser excitatória ou inibitória;
Há dois tipos de fibras musculares intrafusais: fibras em saco nuclear (dinâmicas, sensíveis à taxa
de modificação no comprimento do músculo; ou estáticas, sinaliza apenas uma modificação no
comprimento do músculo) e fibras em cadeia nuclear; as terminações primárias (fibras Ia) se
enrolam em volta da região central de todas as fibras musculares intrafusais; as terminações
secundárias (fibras do grupo II) estão adjacentes às regiões das fibras em saco e em cadeia
nuclear; a atividade das fibras Ia é muito mais sensível a estiramentos transitórios;
A fibra tipo Ia (fortemente mielinizada) está associada às fibras do saco nuclear; a fibra tipo II
está associada a fibras da cadeia nuclear; a fibra tipo Ib está associada aos órgãos tendinosos de
Golgi; ambas são sensitivas;
Os neurônios motores gamas podem ser divididos em dinâmicos (inervam fibras dinâmicas em
saco nuclear) e estáticos (inervam fibras estáticas em saco nuclear e fibras em cadeia nuclear);
As terminações primárias (Ia) fornecem informações rápidas sobre alterações inesperadas no
comprimento, úteis para gerar alterações rápidas de correção; uma única fibra sensória Ia inerva
todos os três tipos de fibras intrafusais.
A divergência nas vias reflexas amplifica os sinais sensórios e coordena as contrações musculares: a
estimulação de um pequeno número de aferências sensórias de uma área localizada da pele é
suficiente para causar contrações de músculos dispersamente distribuídos e, desta forma, produzir
um padrão motor coordenado;
Os órgãos tendinosos de Golgi são receptores sensórios localizados na junção entre as fibras
musculares e o tendão, estando conectados em série a um grupo de fibras musculares esqueléticas;
Cada órgão tendinoso é inervado por um axônio do grupo Ib, que perde sua mielinização depois
que entra na cápsula e ramifica-se entrelaçando-se entre fascículos de colágeno;
Ao se estirar os órgãos tendinosos, as fibras de colágeno alongam-se e comprimem as
terminações nervosas, levando-as a disparar;
Os órgãos tendinosos são mais sensíveis a mudanças na tensão muscular;
Supunha-se originalmente que os órgãos tendinosos de Goldi teriam uma funçã protetora,
prevenindo a lesão do músculo, pois se pensava que deflagravam PAs apenas com altas tensões
atingidas; entretanto, sabe-se atualmente que também sinalizam pequenas mudanças na tensão
muscular, fornecendo ao SNC informações precisas sobre a contração;
A ativação do fuso muscular leva à excitação do músculo associado ao fuso ativado, enquanto a
ativação do órgão tendinoso produz a inibição dos neurônios que inervam o músculo do qual a
entrada aferente se originou;
Reversão reflexa estado-dependente: durante a locomoção, as fibras Ib produzem um efeito
excitatório nos neurônios motores extensores – o contrário do que ocorre na ausência de atividade
locomotora – e a transmissão da via inibitória dissináptica Ib é deprimida;
Existem três locais possíveis na m. espinal para a modulação da força de um reflexo espinal: os
neurônios motores alfa, os interneurônios em todos os circuitos reflexos, exceto os monossinápticos,
e os terminais pré-sinápticos das fibras aferentes; os neurônios descendentes de centros superiores do
sistema nervoso fazem conexões sinápticas nesses locais, podendo regular a força dos reflexos ao
alterar o nível da atividade em qualquer um destes locais;
Neurônios motores gama representam um mecanismo para ajustar a sensibilidade dos fusos
musculares:
Durante grandes contrações, o fuso se afrouxa e não é mais capaz de sinalizar as mudanças
adicionais no comprimento do m.;
Um dos papéis dos neurônios motores gama é manter a tensão no fuso muscular durante a
contração ativa, garantindo sua sensibilidade em diferentes comprimentos; na alça gama, a
informação de entrada supra-espinal ativa os motoneurôniso gama de forma a contrair as fibras
intrafusais;
Com a contração das fibras intrafusais, há estiramento entre suas regiões polares, resultando em
aumento da atividade das fibras Ia; na m. espinal, ocorre ativação dos motoneurônios alfa e
contração das fibras extrafusais;
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
REFLEXOS MEDULARES
Enquanto os neurônios do trato retransmitem essa informação nociceptiva aos níveis mais
elevados no neuroeixo, os interneurônios glutaminérgicos excitatórios fazem sinapse com
neurônios motores flexores, resultando em ativação dos mm. flexores ipsilaterais da coxa
(ileopsoas), da perna (mm. do jarrete) e do pé (tibial anterior) e retirada da extremidade;
Essa ação é reforçada pela sinapse inibitória dos interneurônios nos neurônios motores extensores
(antagonistas) e a diminuição resultante da atividade (inibição) dos mm. extensores;
consequentemente, flexores se contraem, os extensores relaxam e a extremidade é afastada do
estímulo doloroso;
O reflexo flexor envolve vários segmentos medulares;
A ativação das fibras aferentes do reflexo de flexão (FRAs) leva a um padrão de excitação flexora
e inibição extensora, em um lado, e o inverso no lado oposto, e se atividade dos interneurônios
das FRA de cada lado da medula se alternar, surgirá padrão de passos; ou seja, o movimento de
andar resulta da ativação alternada de flexores e extensores.
DOENÇA DE HUNTINGTON
A doença de Huntington é uma doença neurodegenerativa, progressiva e de herança autossômica
dominante caracterizada por transtornos de movimento e de personalidade e deterioração mental. Sua
prevalência varia de 3 a 7 casos por 100.000 pessoas, em estudos europeus e nos EUA; e 1 em
10.000 pessoas em todo o mundo. O início geralmente ocorre entre 35 e 50 anos de idade e, em cerca
de 10% dos casos, antes dos 20 anos;
Recebeu o nome do Dr. George Huntington, médico de Long Island (EUA), que publicou uma
descrição do que ele chamou “coreia hereditária” em 1872; a palavra coreia é originada do grego e
significa “dança”, se referindo aos movimentos involuntários que estão entre os sintomas comuns da
DH;
Atualmente, existem 30.000 pacientes com DH nos EUA; em cerca de 6% dos casos o início se dá
antes dos 20 anos de idade;
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A coreia está presente em cerca de 90% dos pacientes e, embora seja a manifestação motora mais
frequente, não é necessariamente o primeiro sintoma;
Embora a forma e a gravidade dos sintomas varie de pessoa para pessoa, o desenvolvimento da DH
pode ser dividido basicamente em três estágios;
No início da doença, as manifestações incluem mudanças sutis na coordenação, talvez alguns
movimentos involuntários, dificuldades de pensar sobre problemas e, frequentemente, humor
depressivo ou irritável; aparição de movimentos desajeitados, deixar cair objetos, desleixo e
negligência dos deveres; neste estágio, a medicação é frequentemente efetiva no tratamento da
depressão e outros sintomas emocionais; planos financeiros devem ser feitos e documentos legais
(ex: testamento) devem ser redigidos;
No estágio intermediário, os movimentos involuntários (coreia) podem tornar-se mais pronunciados;
um jeito cambaleante às vezes pode ser considerado embriaguez; a fala e a deglutição começarão a
ser afetadas; é importante consultar um fonoaudiólogo;
As habilidades de pensamento e raciocínio lógico também irão diminuir gradualmente; neste
estágio, pode se tornar cada vez mais difícil desempenhar tarefas que envolvam manutenção e
organização;
Os músculos somáticos são afetados de maneira ocasional e os movimentos coreicos fluem de
uma parte para outra; são envolvidos músculos proximais, distais e axiais; nos estágios iniciais há
ligeiros movimentos de contorção da face, movimentos intermitentes de sobrancelhas e da fronte,
movimentos de dar de ombros e movimentos espasmódicos dos membros.
As pessoas num estágio avançado de DH podem ter coreia grave, mas, mais frequentemente, se
tornam rígidas (estágio terminal); engasgos com comida se tornam cada vez mais preocupantes, bem
como a perda de peso; neste estágio há total relação de dependência;
É importante lembrar que, em geral, a pessoa ainda está consciente do meio ambiente, continua
capaz de compreender a linguagem, tem consciência daquelas que ama e dos outros; poderá
continuar a gostar de ver fotografias e ouvir histórias da família e dos amigos; ao contrário das
demências corticais, a linguagem não é afetada de maneira proeminente na DH;
Nesse estado, o caminhar se associa a movimentos mais intensos de braços e pernas, que causam
uma marcha dançada, saltitante, anormalidade clássica da DH;
Outras manifestações motoras são incoordenação, sobretudo dos movimentos finos; alteração da
marcha; sintomas oculomotores, como movimentos sacádicos e lentos; e alteração da fixação do
olhar; a disartria é um sintoma que se manifesta precocemente no curso da doença;
Entre os distúrbios afetivos, a depressão é muito comum e poder ser causa de suicídio, devendo-se,
portanto, ter muita atenção nesses pacientes e instituir o tratamento tão logo seja detectado; TOC,
psicose, distúrbios do sono e alcoolismo também podem ocorrer;
O aparecimento de sintomas psicóticos levam habitualmente a internações em instituições
mentais quando os movimentos coreicos ainda não se manifestaram.
As manifestações cognitivas são caracterizadas por um declínio progressivo com alterações das
funções executivas, como planejamento mental e organização de atividades sequenciais, diminuição
da atenção, alteração de memória, síndrome demencial, alteração das habilidades visuoespaciais e
fala confusa;
Quando a doença se inicia antes dos 20 anos de idade é chamada de ‘Huntington juvenil’, cujo
quadro predominante é de um parkisoniano, conhecido como variante de Westphal (estado acinético-
rígido); manifestações psiquiátricas e crises convulsivas também são observadas nessa faixa etária da
doença;
Fenótipo clínico: controle espasmódico, rápido e involuntário do movimento dos membros; rigidez
dos membros; cognição prejudicada, extremos distúrbios psiquiátricos;
Nos últimos estágios da doença, os pacientes com DH ficam mudos, não-funcionais cognitivamente,
e imóveis em posições contorcidas como resultado de articulações rígidas e graves contraturas; a
presença de distonia, sintomas parkinsonianos, como bradicinesia e rigidez, podem se manifestar e
substituir os movimentos hipercinéticos;
A DH pode durar mais de 30 anos do início até a morte, se o paciente for colocado em um sistema de
apoio à vida; entretanto, metade dos pacientes morre de pneumonia, asfixia ou insuficiência cardíaca,
dentro de 15 a 20 anos desde o surgimento do distúrbio; engasgos, infecções ou traumatismos
cranianos também resultam em morte; o suicídio é muito comum nos primeiros estágios;
GENÉTICA
Em 1993, foi isolado o gene da doença de Huntington (HD) e avanços importantes fluíram a partir de
aí então;
A doença de Huntington é decorrente de um aumento de repetição do trinucleotídeo citosina-
adenosina-guanina (CAG) e do GTC no gene IT-15 (HD) no braço curto do cromossomo 4p16.3,
região codificante da poliglutamina, que codifica a proteína huntingtina; para tanto, é resultado de
uma mutação dinâmica;
No RNA mensageiro, CAG é o códon para glutamina, e uma série de códons CAG em um éxon
produz um trecho de poliglutamina durante a tradução;
A base molecular para a suscetibilidade à expansão de uma repetição de trinucleotídeos não é
totalmente compreendida, mas provavelmente depende da formação de uma alça (grampo)
intrafilamentar envolvendo nucleotídeos da repetição de trinucleotídeos durante a síntese de DNA;
durante sua formação, a estrutura em grampo leva a parte 5’ do fragmento de DNA para a frente,
deixando o segmento da região repetida do filamento molde que foi replicado disponível para uma
segunda replicação; após a ligação e uma segunda rodada completa de replicação do DNA, é
formado um cromosso com uma região expandida de trinucleotídeos;
A função dessa proteína ainda é desconhecida, mas essa expansão parece interferir em muitas
funções; os possíveis efeitos moleculares da mutação são perturbação do tráfego de vesículas,
indução de apoptose, alteração da transição, hiperprodução de espécies reativas de oxigênio;
Sob condições normais, uma via de poliglutamina provavelmente facilita a ligação de várias
proteínas umas às outras; por outro lado, os trechos estendidos de poliglutamina dobram-se
erradamente e formam agregados (inclusões), que podem ser neurotóxicos; além disso, as inclusões
inibem a via de degradação proteolítica, induzem a morte celular programada (apoptose) e causam
hiperprodução de oxigênio reativo; estas combinações de anomalias celulares teria um efeito
devastador sobre os neurônios com o tempo;
PATOLOGIA
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito por meio do quadro clínico, da história familiar, da presença de atrofia no
núcleo caudado aos exames de neuroimagem TC e RM e dos testes genéticos;
O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras doenças genéticas, como as neuroacantocitoses,
Huntington-like tipo 2, algumas formas de ataxias cerebelares e a atrofia dentatopalidoluisiana;
A TC e RM mostram ventrículos dilatados, com uma aparência de borboleta dos ventrículos laterais,
que decorre da degeneração e da atrofia do núcleo caudado.
TRATAMENTO
SISTEMA VESTIBULAR
Componente essencial na produção de respostas motoras que são cruciais para a função cotidiana e a
sobrevivência;
Divisão didática:
1. Aparelho receptor periférico: situa-se no ouvido e é responsável pela transdução de movimento e
posição da cabeça em informação neural;
2. Núcleos vestibulares: compreendem um conjunto de neurônios no tronco encefálico que
recebem, integra e distribuem informações que controlam atividades motoras como os
movimentos oculares e da cabeça, reflexos posturais e reflexos autonômicos dependentes da
gravidade e orientação espacial;
3. Rede vestíbulo-ocular: origina-se dos núcleos vestibulares e está envolvida no controle dos
movimentos oculares;
4. Rede vestibuloespinal: coordena movimentos da cabeça, a musculatura axial e reflexos posturais;
5. Rede vestíbulo-talamocortical: responsável pela percepção consciente do movimento e pela
orientação espacial.
Se um componente do sistema vestibular é excessivamente ativo ou anormalmente silencioso, o
encéfalo recebe informações inapropriadas de aceleração e os reflexos dependentes da integridade do
funcionamento vestibular falham.
LABIRINTO VESTIBULAR PERIFÉRICO
As células receptoras em cada órgão vestibular são inervadas por fibras aferentes primárias que
se unem às da cóclea para compor o nervo vestibulococlear (VIII); os pericários desses neurônios
aferentes vestibulares bipolares estão no gânglio vestibular (gânglio de Scarpa), que está no
meato acústico interno; os processos centrais dessas células entram no tronco encefálico e
termina nos núcleos vestibulares ipsilaterais e cerebelo;
Irrigação para o labirinto se faz por meio das artérias labiríntica e estilomastoidea; interrupção da
irrigação comprometerá a função vestibular, acarretando vertigem, oscilopsia (sensação de que os
objetos estão se movimento para frente e para trás – movimento de arremesso –, oscilando nos
campos visuais), nistagmo, marcha instável.
Labirinto Membranoso: sustentado por tecido conectivo; os três ductos dos canais semicirculares se
ligam ao utrículo, e cada ducto termina com um alargamento proeminente, a ampola;
Os receptores sensoriais para os canais semicirculares situam-se em um neuroepitélio na base de
cada ampola;
A endolinfa no labirinto é drenada para o seio endolinfático através de pequenos ductos, por sua
vez, este seio de comunica com o saco endolinfático, adjacente à dura-máter.
RECEPTORES SENSORIAS VESTIBULARES
para trás, para cima e para baixo), resultando em curvatura dos estereocílios das células ciliadas
subjacentes.
As células ciliadas dos canais semicirculares complementares esquerdo e direito são opostamente
polarizadas;
Ex: quando a cabeça se volta para a esquerda, os estereocílios do lado esquerdo são
defletidos em direção aos seus cinocílios, resultando em aumento da taxa de descarga
aferente do oitavo nervo no lado esquerdo; simultaneamente, as células ciliadas na
ampola do canal horizontal direito são hiperpolarizadas, de modo que suas aferências
demonstrem diminuição da taxa de descarga;
Os canais semicirculares direito e esquerdo de cada par funcional sempre respondem
opostamente a qualquer movimento da cabeça que os afete; conceito de “puxa-empurra”
da função vestibular, que afirma que a sensibilidade direcional ao movimento da cabeça é
codificada por sinais de receptores opostos;
Devido às conexões comissurais, os neurônios dos núcleos vestibulares (atuam como
unidades comparadoras) recebem informações de receptores em ambos os lados da
cabeça, interpretando a rotação da cabeça com base nas taxas relativas de descarga das
aferências dos canais esquerdo e direito; tal padrão de conexões aumenta a sensibilidade
do sistema, permitindo a este a detecção de pequenas diferenças nas taxas de descarga;
No caso dos canais verticais, ocorrem respostas opostas de puxa-empurra entre o canal
semicircular anterior em um ouvido e o canal semicircular posterior no ouvido oposto;
Lesão do oitavo nervo, como a produzida por um tumor do glomo ou schwannoma
vestibular, pode reduzir a frequência dos impulsos nas fibras aferentes ipsilaterais ou
bloquear completamente sua transmissão de impulsos; assim, as unidades comparadoras
dos núcleos vestibulares receberão constantemente uma frequência mais alta de impulsos
do lado impacto, o que será interpretado como rotação da cabeça afastando-se do lado da
lesão.
A informação neural carregada pelas fibras aferentes vestibulares é transmitida aos quatro núcleos
vestibulares, que se situam no bulbo rostral e na ponte caudal;
O núcleo vestibular superior situa-se súpero-lateralmente na parte central da ponte e é limitado
pelo corpo restiforme (grande cristal localizada na face dorsolateral do bulbo ao nível do óbex;
contém fibras que se originam principalmente da m. espinal e do bulbo) e pelo quarto ventrículo;
O núcleo vestibular medial situa-se no assoalho lateral do quatro ventrículo na maior parte de sua
extensão rostrocaudal;
O núcleo vestibular lateral situa-se lateralmente ao núcleo vestibular medial e contém alguns
grandes neurônios conhecidos como células de Deiters.
O núcleo vestibular inferior (ou descendente) situa-se lateralmente ao núcleo vestibular medial e
se estende por grande parte do bulbo;
O processamento das informações de posição e movimento para controle dos reflexos visuais e
posturais ocorre, em grande parte, nos núcleos vestibulares; consequentemente, os principais
alvos para eferentes dos núcleos vestibulares incluem os núcleos oculomotores, o vestíbulo-
cerebelo, os núcleos vestibulares contralaterais, a m. espinal, a formação reticular e o tálamo.
Aferências vestibulares:
Fibras aferentes primárias vestibulares entram no tronco encefálico na junção pontobulbar, então
atravessam o corpo restiforme e depois se bifurcam em ramos ascendente e descendente;
As fibras aferentes dos canais semicirculares se projetam primariamente para os núcleos
vestibulares superior e medial, embora aferências menores também cheguem aos núcleos
vestibulares lateral e inferior;
Os órgãos de otólitos se projetam primariamente aos núcleos vestibulares lateral, medial e
inferior; as aferências saculares também se projetam para um grupo de células que excita
neurônios no núcleo oculomotor contralateral e influencia movimentos oculares verticais.
As terminações das fibras aferentes vestibulares nos neurônios dos núcleos vestibulares é
altamente organizada;
Neurônios centrais individuais nos núcleos vestibulares superior e medial parecem
receber informações de receptores de otólitos e de um par de canais semicirculares
(horizontal ou vertical);
Neurônios vestibulares nos núcleos lateral e inferior recebem informações principalmente
de vários pares de canais e receptores de otólitos;
Em decorrência de suas entradas, os neurônios nos núcleos vestibulares podem codificar
ambos os componentes angulares e lineares dos movimentos da cabeça, distribuindo
informações sobre a direção e velocidade do movimento da cabeça, bem como sobre a
posição da cabeça com relação à gravida, para diversas regiões do cérebro.
Conexões cerebelares:
O labirinto vestibular é o único órgão sensorial no corpo que envia projeções aferentes primárias
para o córtex e os núcleos cerebelares; estas fibras vestibulocerebelares primárias fazem um
trajeto através do corpo justarrestiforme (localizado na parede do IV ventrículo; suas fibras
formam conexões recíprocas entre o cerebelo e o sistema vestibular), a menor parte medial do
pedúnculo cerebelar inferior;
Tais fibras enviam colaterais para o núcleo denteado e terminam como fibras musgosas
no nódulo, na úvula e talvez no flóculo;
Neurônios em todos os quatro núcleos vestibulares também enviam axônios para o
cerebelo como projeções vestibulocerebelares secundárias, que terminam em diversas
áreas cerebelares.
O cerebelo forma conexões recíprocas com os núcleos vestibulares; a projeção
cerebelovestibular inclui axônios das células de Purkinje (fibras corticovestibulares cerebelares –
inibitórias; GABA) de nódulo, flóculo, além de projeções do núcleo fastigial (fibras
fastigiovestibulares – excitatórias; glutamato ou aspartato).
Conexões Comissurais:
Fibras vestibulovestibulares comissurais originam-se de todos os núcleos vestibulares, mas
parecem ser mais proeminentes no superior e no medial; proporcionam vias pelas quais podem
ser comparadas informações de pares de canais semicirculares correspondentes e órgãos de
otólitos;
Compensação vestibular: processo pelo qual reflexos e controle postural estão comprometidos
em decorrência de perda unilateral da função receptora vestibular e são restaurados gradualmente
por meio de ajuste central.
REDE VESTÍBULO-OCULAR
Nistagmo fisiológico: ocorre com grandes rotações da cabeça; inicialmente, o reflexo vestíbulo-
ocular posiciona os olhos lentamente na direção oposta à do movimento da cabeça (fase lenta);
quando o olho chega no limite da distância a percorrer na órbita, volta rapidamente a uma posição
central, movendo-se na mesma direção que a da cabeça (fase rápida); combinação de fases lentas e
rápidas é o nistagmo fisiológico;
Reflexo opto-cinético: segundo mecanismo pelo qual há estabilização da cena visual na retina; é
ativado por movimentos da cena visual, sejam eles causados por próprios movimentos da cabeça ou
da cena; responde muito lentamente à movimentação da imagem e desenvolve-se com lentidão de
forma a fornecer um sinal de movimento que assuma o controle e acarrete a diminuição da atividade
vestibular;
Células ganglionares de direção seletiva, sensíveis ao movimento (aferentes), transportam a
informação visual para os núcleos do trato óptico e núcleos ópticos acessórios; conexões
eferentes para os núcleos oculomotor, abudcente e vestibulares, permitem a integração com o
RVO; existem vias para diversos núcleos pré-cerebelares, como a oliva inferior e os núcleos
basais da ponte, que formam alça passando pelo flóculo e retornam para os núcleos vestibulares;
concluindo, há contrarrotação apropriada dos olhos.
REDE VESTIBULOESPINAL
Influencia o tônus muscular e produz ajustes reflexos da postura da cabeça e do corpo por meio das
duas vias descendentes principais para a m. espinal, trato vestibuloespinal lateral e o trato
vestibuloespinal medial;
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FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Caracteriza-se por vertigem intermitente, flutuante, com crises que podem durar de minutos a horas,
variando de moderada a debilitante em severidade;
Os sintomas comumente são acompanhados por ruído e perda auditiva, indicando que o aparato
auditivo também está envolvido;
Frequentemente afeta indivíduos de meia-idade e é geralmente unilateral;
Em casos extremos, faz-se necessária a remoção do labirinto afetado ou destruição das células
ciliadas vestibulares;
Histopatologia sugere que as crises são desencadeadas por drenagem insuficiente da endolinfa, que
normalmente sai do labirinto pelo ducto endolinfático e é reabsorvida para o líquido
cefalorraquidiano no saco endolinfático.
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SISTEMA LÍMBICO
Engloba dois níveis de organização estrutural e funcional:
O primeiro nível consiste em estruturas corticais na borda mais medial (o limbo do hemisfério);
tais estruturas foram o lobo límbico (começando imediatamente anterior à lâmina terminal e
prosseguindo caudalmente, as áreas são a subcalosa, o giro do cíngulo, o istmo do giro do
cíngulo, o giro para-hipocampanal, úncus e a formação hipocampal);
O segundo nível inclui estruturas do núcleo límbico e vários núcleos subcorticais que formam
coletivamente o sistema límbico; os núcleos incluídos são, entre outros, os núcleos septais e o
núcleo accumbens, vários núcleos do hipotálamo (especialmente os associados ao corpo
mamilar), os núcleos do complexo amigdaloide e substância inominada adjacente, e partes do
tálamo dorsal, particularmente os núcleos anterior e dorsomedial;
Estruturas adicionais conectadas com o sistema límbico incluem os núcleos habenulares,
área tegmental ventral e substância cinzenta periaquedutal; além disso, o córtex pré-
frontal é considerado componente do sistema límbico, principalmente devido à sua
potencial influência sobre várias outras partes corticais e subcorticais do sistema (alvos
incluem o giro do cíngulo, hipotálamo, tálamo dorsal, complexo amigdaloide, núcleos
mesencefálicos).
Os feixes de fibras eferentes principais do sistema límbico são o fórnix, a estria terminal e a via
amigdalo-fugal ventral (ambas são principalmente aferentes do complexo amigadaloide) e o trato
mamilotalâmico(eferentes do núcleo mamilar medial).
A maior parte do córtex cerebral (mais de 90%) tem seis camadas celular e é chamada de
neocórtex(isocórtex; ex: córtices sensorial e motor primários e de associação); as regiões corticais
com menos de seis camadas e se associam estrutural e funcionalmente ao sistema límbico ou à
olfação são classificadas como alocórtex;
As estruturas que possuem de 3 a 5 camadas celulares são chamadas de paleocórtex e são
representadas pelo córtex do giro para-hipocampal (córtex entorrinal), o úncus (córtex piriforme)
e o córtex sobreposto à terminação da estria olfatória lateral (tal estria situa-se diretamente
rostromedial ao córtex piriforme);
Estruturas que têm apenas três camadas celulares são classificadas como arquicórtexe são
representadas pelo giro denteado e o hipocampo.
Tal suprimento se origina de várias fontes; os principais vasos que servem a grande parte do sistema
límbico são as artérias cerebrais anterior e posterior, a artéria coroide anterior e os ramos
originados do polígono de Willis;
A área subcalosa e as partes rostrais do giro cingulado são irrigadas por ramos da artéria cerebral
anterior ao fazerem alça em torno do joelho do corpo caloso; a maior parte do giro cingulado e seu
istmo recebe irrigação através da artéria pericalosa, um ramo da artéria cerebral anterior;
Ramos temporais da artéria cerebral posterior irrigam o giro para-hipocampal; o úncus é servido
principalmente por artérias uncais, ramos da artéria cerebral média;
A artéria coroide anterior geralmente se origina da artéria carótida interna e segue a trajetória do trato
óptico; em seu caminho, envia ramos para a fissura coroidal do corpo temporal do ventrículo lateral
(tal vaso serve ao plexo coroide do corno temporal, à formação hipocampal, a partes do complexo
amigdaloide e a estruturas adjacentes, como a cauda do núcleo caudado, a estria terminal, etc);
Vasos que servem aos núcleos hipotalâmicos e que se associam funcionalmente ao sistema límbico
se originam do polígono de Willis;
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Em geral, as áreas rostrais do hipotálamo são servidas pelos ramos da artéria comunicante anterior e
da artéria cerebral anterior; e as áreas posteriores, por ramos da artéria comunicante posterior e da
artéria cerebral posterior;
O núcleo anterior do tálamo, importante estação sináptica do sistema límbico, é irrigado pelas
artérias talamoperfurantes, originadas da artéria cerebral posterior.
FORMAÇÃO HIPOCAMPAL
Composta por subículo, hipocampo (hipocampo próprio ou corno de Ammon) e o giro denteado,
constituintes do alocórtex de Brodman;
O subículo é lateralmente contínuo com o córtex do giro para-hipocampan e a área do
perialcórtex; medialmente, a borda da formação hipocampal é formad pelo giro denteado e a
fímbria do hipocampo.
Estrutura:
O subículo da formação hipocampal é a área de transição entre o hipocampo com três camadas
(arquicórtex), e o córtex entorrinal de cinco camadas (paleocórtex);
Embora pequena, tal zona é área essencial para o fluxo de informações para a formação
hipocampal.
O giro denteado e o hipocampo são compostos, por três camadas (externa – camada molecular,
contém axônios aferentes e dendritos de células intrínsecas a cada estrutura; média – camada de
células granular no giro denteado, e camada piramidal no hipocampo, contêm os neurônios
eferentes de cada estrutura; interna – camada polimórfica, contém os axônios de células
granulares e piramidais e muitos elementos gliais, além de conter célula piramidais duplas
(estendem-se em ambas as camadas, molecular e polimórfica);
A parte mais interna do hipocampo faz limite na parede do ventrículo lateral e é uma
camada de axônios mielinizados originada dos corpos celulares localizados no subículo e
no hipocampo; tal camada é chamada de alveus, contínua com a fímbria do hipocampo,
que por sua vez torna-se o fórnix;
O hipocampo pode ser dividido em quatro regiões; estas áreas são designadas CA1 a
CA4, onde CA é de corno de Ammon; a área CA1 localiza-se na interface subículo-
hipocampo; a área CA2 e a área CA3 estão localizadas no hipocampo; a área CA4 está
localizada na junção do hipocampo com o giro denteado.
Fibras Aferentes:
A principal aferência para a formação hipocampal é das células do córtex entorrinal através de
uma projeção difusa chamada de via perfurante; a maioria das fibras de tal via termina na
camada molecular do giro denteado, embora algumas terminem no subículo e no hipocampo; as
células granulares do giro denteado se projetam para a camada molecular da região CA3 do
hipocampo; tais neurônios se projetam em CA1 do hipocampo, que dá entrada para o subículo;
O subículo também recebe uma projeção modesta do complexo amigdaloide;
Embora o fórnix seja principalmente uma via eferente do hipocampo, também carrega projeções
septo-hipocampais colinérgicas para a formação hipocampal e córtex entorrinal.
Fibras Eferentes:
O fluxo de saída da formação hipocampal origina-se primariamente de células do subículo e em
menor grau de células piramidais do hipocampo; em ambos os casos, tais axônios entram no
alveus, formam a fímbria do hipocampo e depois continuam como fórnix; essas fibras
glutamatérgicas atravessam toda a extensão do fórnix, embora algumas atravessem a linha média
na decussaçãohipocampal em posição imediatamente anterior ao esplênio do corpo caloso;
Ao nível da comissura anterior, o fórnix se divide em partes pós-comissural e pré-comissural;
Outras áreas do córtex cerebral são recrutadas para várias funções associadas ao circuito de
Papez, em grande parte através de conexões do giro cingulado; ex: o córtex cingulado recebe
aferências das áreas pré-motora e pré-frontal e de córtices de associação visual auditivo e
somatossensorial; por sua vez, o córtex cingulado também se projeta à maioria das áreas corticais
das quais recebe aferência; o giro cingulado, deste modo, não faz apenas parte do circuito de
Papez, mas também é um conduto importante pelo qual ampla variedade de informações pode
chegar ao sistema límbico.
COMPLEXO AMIGDALOIDE
Estrutura: grupo em forma de amêndoa de células na parte rostromedial do lobo temporal na parte
interna do úncus; fica imediatamente rostral à formação hipocampal e à extremidade anterior do
corno temporal do ventrículo lateral;
É composto por muitos núcleos, agrupados num grupo basolateral maior e em um grupo
corticomedial menor;
O segundo grupo está mais relacionado à olfação, enquanto o primeiro tem extensas
conexões com estruturas corticais;
A aferência sensória de vários estados emocionais aprendidos, particularmente o medo e a
ansiedade, entra na amígdala através do grupo basolateral;
Fibras Aferentes:
Os grupos celulares basolaterais da amígdala recebem aferências do tálamo dorsal, do córtex pré-
frontal, dos giros cingulados e para-hipocampal, do lobo temporal e do córtex insular e do
subículo; essas fibras fornecem muitas informações somatossensoriais, visuais e viscerais ao
complexo amigdaloide;
O grupo celular corticomedial recebe entradas olfatórias, fibras do hipotálamo (núcleo
ventromedial, área hipotalâmica lateral) e fibras dos núcleos dorsomedial e medial do tálamo
dorsal; este grupo celular recebe entradas ascendentes dos núcleos do tronco encefálicos
envolvidos nas funções viscerais (núcleos parabraquiais, núcleo do trato solitário e partes da
substância cinzenta periaquedutal).
Fibras Eferentes:
As duas principais vias eferentes do complexo amigdaloide são a estria terminal e a via
amigdalofugal ventral;
A estria terminal é um pequeno feixe de fibras que se origina primariamente de células
do grupo corticomedial; através da maior parte de seu trajeto, este feixe se situa no sulco
entre o núcleo caudado e o tálamo dorsal, onde é acompanhado pela veia terminal; este
trato se distribui a vários núcleos do hipotálamo (núcleos pré-ópticos, ventromedial,
anterior e área hipotalâmica lateral) ao núcleo accumbens e aos núcleos septais e a áreas
rostrais do núcleo caudado e do putâmen;
A via amigdalofugal ventral é o principal feixe de fibras eferentes do complexo
amigdaloide; tais fibras se originam do grupo celular basolateral e do núcleo central do
corticomedial;
Os axônios, primariamente do grupo basolateral, atravessam medialmente a
substância inominada (em que algumas fibras terminam), fazendo sinapse
finalmente no hipotálamo e nos núcleos septais; a substância inominada dá origem
a uma projeção colinérgica difusa para o córtex cerebral (é provável que tais fibras
desempenhem papel na ativação do córtex cerebral em resposta a estímulos
significativos para o comportamento); também se projetam para os córtices
frontal, pré-frontal, cingulado, insular e temporal inferior;
Fibras do núcleo central do grupo corticomedial se voltam em direção caudal e
descem difusamente no tronco encefálico, terminando em núcleos viscerais (motor
dorsal do vago), núcleos da rafe (magno, obscuro, pálido) e outras áreas, como o
loco ceruleus, os núcleos parabraquiais e a substância cinzenta periaquedutal.
Outra via pela qual as eferênciashipocampais e amigdaloides influenciam o tronco encefálico
é através da estria medular do tálamo; tal feixe carrega fibras dos núcleos septais (alvos das
aferências amigdaloides e hipocampais) para os núcleos habenulares; os segundos grupos
celulares dão origem ao trato habênulo-interpeduncular, que se projeta ao núcleo
interpeduncular e a outros locais do mesencéfalo, incluindo a área tegmental ventral e a
substância cinzenta periaquedutal.
REGIÃO SEPTAL
A região septal (núcleos septais), é uma pequena área imediatamente rostral à comissura anterior e na
parede medial do hemisfério; estes núcleos se estendem à base do septo pelúcido;
As principais vias aferentes para os núcleos septais incluem fibras do hipocampo (através do fórnix),
do complexo amigdaloide (através da estria terminal e vias amigdalofugais ventrais) e da área
tegmental ventral do mesencéfalo;
As principais projeções eferentes dos núcleos septais são fibras septo-hipocampais (no fórnix),
projeções para os núcleos habenulares, os núcleos talâmicos mediais (através da estria medular do
tálamo) e a área tegmental ventral (através do feixe prosencefálico medial);
Pensa-se que as fibras contendo dopamina, no feixe prosencefálico medial, estejam relacionadas
a percepções de prazer e redução de impulsos.
NÚCLEO ACCUMBENS
As áreas do sistema límbico em geral são compostas por locais que funcionam alterando as emoções;
tais locais, frequentemente são chamados de centros de aversão ou centros de gratificação;
Se for estimulado um centro de aversão, a pessoa apresentará medo ou pesar; por outro lado, a
estimulação de um centro de gratificação resultará em prazer; interconexões funcionais entre
ambos os centros provavelmente contribuem para a estabilidade emocional;
Embora a maioria das estruturas límbicas contenha ambos os centros, em algumas um ou outro
tipo de centro parece predominar; ex: o hipocampo e a amígdala têm abundância de centros de
aversão, enquanto o núcleo accumbens contém abundância de centros de gratificação.
Os sinais mais óbvios de ativação emocional envolvem alterações na atividade do SNA; dessa forma,
um aumento ou diminuição na frequência cardíaca, no fluxo sanguíneo cutâneo, piloereção, sudorese
e motilidade gastrintestinal, são sinais que podem acompanhar várias emoções;
Expressões específicas de certas emoções produzidas voluntariamente podem determinar padrões
distintos de atividade neurovegetativa;
Uma fonte de emoção (certamente, não a única) é a estimulação sensorial oriunda de músculos e
órgãos internos; essa entrada de sinais forma o ramo sensorial do circuito reflexo que permite rápidas
mudanças fisiológicas em resposta a condições alteradas;
Integração do comportamento emocional:
Bard sugeriu que, enquanto a experiência subjetiva da emoção pode depender de um córtex
cerebral intacto, a expressão de comportamentos emocionais coordenados não depende
necessariamente de processos corticais; enfatizou ainda que comportamentos emocionais são
muitas vezes direcionados para a autopreservação e que a importância funcional das emoções em
todos os mamíferos é compatível com o envolvimento de porções filogeneticamente mais antigas
do sistema nervoso;
Os circuitos básicos para comportamentos organizados acompanhados por emoção encontram-se
no diencéfalo e em estruturas do tronco encefálico conectadas a ele;
Os principais alvos do hipotálamo localizam-se na formação reticular, uma rede emaranhada de
células nervosas e fibras no centro do tronco encefálico; circuitos importantes na formação
reticular controlam a função cardiovascular, a respiração, a urina, o vômito e a deglutição;
Os neurônios reticulares recebem sinais do hipotálamo e enviam sinais para ambos os sistemas
efetores, somático e neurovegetativo, no tronco encefálico e m. espinal;
Suas atividades, portanto, podem produzir amplas respostas motoras viscerais e somáticas,
algumas vezes envolvendo quase todos os órgãos do corpo.
Além do hipotálamo, outras fontes de projeções descendentes do prosencéfalo à formação
reticular do tronco encefálico contribuem para a expressão do comportamento emocional; em
conjunto, esses centros adicionais no prosencéfalo são considerados parte do sistema límbico;
As emoções atingem a consciência e funções cognitivas superiores afetam o comportamento
emocional;
As regiões do córtex pré-frontal, amígdala, estruturas relacionadas no tálamo, hipotálamo e
estriado ventral, são especialmente importantes para a experiência e expressão da emoção; outras
partes do sistema límbico, como o hipocampo e os corpos mamilares do hipotálamo, não são
mais considerados centros neurais importantes para o processamento da emoção;
A integração da carga afetiva aos processos cognitivos ocorre no complexo córtex orbitofrontal
(COF)/ córtex pré-frontal ventromedial (CPFVM); as impressões sensoriais convergem através
do COF para o CPFV, de onde a informação sintetizada é lavada às regiões responsáveis pela
tomada das decisões.
Estudos clínicos indicam que o hemisfério esquerdo está mais envolvido com aquilo que se chama de
emoções positivas, enquanto o direito está mais envolvido com emoções negativas;
Um estado emocional tem dois componentes, um evidente na sensação física (emoção) e outro como
uma sensação consciente (sentimento);
O sentimento é mediado pelo córtex cerebral (córtex cingulado e lobos frontais); as emoções são
mediadas por um grupo de respostas periféricas, autonômicas, endócrinas e esqueletomotoras,
que envolvem a amígdala, o hipotálamo e o tronco encefálico.
Os aspectos periféricos, esqueletomotores e autonômicos das emoções possuem funções
preparatórias e comunicativas; a função preparatória envolve o alerta geral (prepara organismo para
a ação) e o alerta específico (prepara o organismo para determinado comportamento); o alerta
aumenta a performance física e intelectual dos indivíduos;
Teoria de James-Lange:
A experiência cognitiva das emoções seria secundária à expressão fisiológica das mesmas; ex: só
se sente medo depois que o urso está longe;
O sentimento, experiência consciente da emoção, ocorre após o córtex receber sinais sobre as
alterações dos nossos estados fisiológicos; os sentimentos são precedidos por alterações
fisiologia; logo, as emoções são respostas cognitivas a informações da periferia;
Pacientes que tiveram suas medulas espinais danificadas a ponto de perder a retroalimentação
do SNA pareceram apresentar uma redução da intensidade de suas emoções.
Imprecisão da teoria com base na duração das sensações emocionais em detrimento do tempo de
alterações fisiológicas;
Em debate, Cannon propôs que as respostas fisiológicas são indiferenciadas demais para
transmitir ao córtex cerebral informações detalhadas sobre a natureza de um evento
emocional.
Teoria de Cannon-Bard:
Sugere que hipotálamo e tálamo teriam função importante na mediação das emoções, incluindo a
regulação dos sinais periféricos das emoções e o envio para o córtex das informações necessárias
para o processamento cognitivo das emoções;
Síntese das teorias de Cannon-James: as emoções são vistas como uma consequência de uma
interação dinâmica e dependente, talvez no nível da amígdala (necessária para coordenação da
experiência consciente da emoção e da expressão periférica da mesma), de fatores periféricos
mediados pelo hipotálamo e de fatores centrais mediados pelo córtex cerebral.
Teoria de Schachter:
Enfoca que o córtex cerebral efetivamente construía as emoções – semelhantemente ao sistema
visual – eliminando os sinais ambíguos que recebe da periferia;
Propõe que o córtex ativamente traduz sinais periféricos, mesmo os inespecíficos, em
sentimentos específicos; o córtex criaria uma resposta cognitiva para a informação periférica de
acordo com a expectativa individual e com o contexto social;
Estudos recentes indicaram que as respostas autonômicas não são estereotipadas como Cannon
originalmente acreditava; estados emocionais diferentes são caracteristicamente acompanhados
por diferentes padrões de respostas autonômicas.
Teoria de Arnold:
Argumenta que a emoção é fruto de uma avaliação inconsciente da situação como
potencialmente perigosa ou benéfica, enquanto que o sentimento é uma reflexão consciente sobre
um julgamento inconsciente; logo, o sentimento é uma tendência a responder de uma
determinada maneira, não a resposta propriamente dita; as emoções diferem porque
desencadeiam diferentes tendências de ações.
Estudo das emoções é próximo aos estudos de armazenamento da memória, que indicam que a
memória se dá de forma consciente, para fatos e eventos pessoais, e inconsciente, para experiências
motoras e sensórias;
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
Diferentes partes do hipotálamo produzem uma gama de reações que parecem fazer parte de uma
resposta organizada característica de estados emocionais específicos; ex: estimulação do hipotálamo
lateral = características de raiva;
Assim, o hipotálamo é um centro de coordenação que integra várias aferências para garantir um
conjunto bem organizado, coerente e apropriado de respostas autonômicas e somáticas.
Estímulos emocionalmente significativos ativam o hipotálamo para a modulação da frequência
cardíaca, pressão arterial e respiração; além disso, informações são enviadas para o córtex cerebral,
informando que o estado homeostático foi alterado.
Motivação refere-se a uma variedade de fatores neuronais e fisiológicos que iniciam, sustentam e
controlam o comportamento;
Estados motivacionais são caracterizados por tensão e desconforto decorrente de uma necessidade
fisiológica, seguida por alívio, quando a necessidade é saciada;
Estados motivacionais podem ser classificados em dois tipos: (1) estados motivados elementares e
forças fisiológicas reguladoras mais complexas, trazidas à tona por alterações como fome, sede e
temperatura; e (2) aspirações pessoais ou sociais adquiridas pela experiência;
Estados motivados estão relacionados à sobrevivência, seja a sobrevivência imediata (comer e
beber) ou a longo prazo (comportamento sexual ou cuidado com a prole); tais estados guiam o
comportamento em direção a propósitos positivos específicos e o afastam de propósitos
negativos; a obtenção de uma meta determina diminui a intensidade desse estado e o
comportamento cessa.
Grande maioria dos somas dos neurônios pré-ganglionares simpáticos humanos está localizada na
chamada coluna intermédia da medula (ou coluna celular intermediolateral – corno lateral),
bilateralmente entre os segmentos T1-L2; podem também ser encontrados no funículo lateral e em
parte da lâmina X de Rexed, dorsal ao canal central;
Alguns desses axônios (os que controlam vísceras torácicas, vasos sanguíneos, glândulas
sudoríparas e os mm. piloeretores) emergem pelas raízes ventrais juntamente com os axônios
motores somáticos, mas logo formam um desvio chamado ramo comunicante branco e entram
em um dos gânglios paravertebrais situados em ambos os lados das coluna, dentro dos quais
formam sinapses com as células pós-ganglionares;
Outros axônios pré-ganglionares (os que controlam as vísceras abdominais) seguem o mesmo
caminho pelo ramo comunicante branco, mas atravessam os gânglios paravertebrais sem
interrupção, sair do tronco simpático, entrar no nervo esplâncnico e estabelecer sinapse nos
gânglios pré-vertebrais (gânglios celíaco e mesentéricos superior e inferior); o nervo esplâncnico
contém fibras aferentes viscerais e fibras autonômicas (simpáticas ou parassimpáticas);
Outro grupo de axônios pré-ganglionares trafega no nervo esplâncnico torácico para o
abdome e inerva a medula adrenal, que secreta epinefrina e norepinefrina na circulação.pr
Os neurônios pré-ganglionares simpáticos são frequentemente pequenas fibras nervosas
conhecidas como fibras B; entretanto, algumas são fibras C não mielinizadas; tais fibras saem da
medula pela raiz ventral e entram no gânglio paravertebral, no mesmo nível, pelo ramo branco
comunicante.
Cada fibra simpática pré-ganglionar ramifica-se para inervar cerca de dez neurônios pós-
ganglionares situados no mesmo gânglio ou em gânglios vizinhos;
Neurônios pós-ganglionares cujos somas estão nos gânglios paravertebrais em geral mandam
seus axônios por meio de ramos cinzentos de conexão para entrar em um nervo vertebral; cada
um dos 31 pares de nervos espinais tem um ramo cinzento;
Existem menos gânglios paravertebrais que nervos espinais, pois alguns dos gânglios se fundem
durante o desenvolvimento; o gânglio estrelado se refere à fusão do gânglio de C8 com o gânglio
de T1.
Axônios pós-ganglionares, em sua maioria, não são mielinizados (fibras C).
Os gânglios paravertebrais são interconectados por troncos nervosos (troncos simpáticos) por onde
passam os ramos ascendentes e descendentes das fibras pré-ganglionares – axônios longitudinais –, e
assim foram duas cadeias, uma em cada lado da coluna;
Funcionalmente, modulam e transmitem a informação do neurônio pré para o pós-ganglionar.
Os gânglios pré-vertebrais são interconectados de maneira desordenada, sem formar cadeias, sendo
chamados de plexos; quase todos são estruturas ímpares, e não bilaterais;
São funcionalmente mais complexos, contendo fibras aferentes viscerais e interneurônios,
constituindo um sofisticado sistema de controle ligado à divisão gastroentérica das vísceras
digestórias.
Os axônios pós-ganglionares simpáticos são amielínicos e muito finos, emergindo dos gânglios pelos
ramos comunicantes cinzentos, que acabam por se reunir a nervos mistos (como o esquiático) ou por
formar nervos exclusivamente autonômicos (como os cardíacos);
Segmentação da cadeia ganglionar acompanha aproximadamente a segmentação vertebral (um
gânglio para cada segmento) no que se refere ao controla das estruturas da pele do tronco e dos
membros: vasos, glândulas e pelos; os gânglios pré-vertebrais não acompanham a segmentação
vertebral;
O SNA Simpático está envolvido com as “respostas de luta ou fuga” que ocorre quando qualquer
ameaça ativa intensamente seus mecanismos.
As células pós-ganglionares parassimpáticas estão situadas nos gânglios cranianos, incluindo gânglio
ciliar (informações pré-ganglionares provenientes do núcleo de Edinger-Westphal), os gânglios
pterigopalatin e submandibular (impulsos do núcleo salivar superior) e o gânglio óptico
(informações provenientes do núcleo salivar superior);
O gânglio ciliar inerva o esfíncter pupilar e os mm. ciliares do olho;
O gânglio pterigopalatino inerva as glândulas lacrimais, assim como as glândulas da naso
e orofaringe;
O gânglio submandibular inerva as glândulas salivares submandibular e sublingual e para
as glândulas da cavidade oral;
O gânglio óptico inerva as glândulas parótidas e orais.
Contém 80 a 100 milhões de neurônios embutidos nas paredes das vísceras do trato gastrointestinal,
tal número é semelhante ao da m. espinal;
Concentram-se em dois plexos interconectados, o mioentérico ou plexo de Auerbach; e o
submucoso ou plexo de Meissner;
Estudos mostraram o envolvimento do plexo mioentérico com a produção dos movimentos
peristálticos das vísceras digestórias, e o submucoso com a secreção glandular e a homeostasia
dos líquidos corporais;
Tais plexos se comunicam para a garantia da coordenação de suas funções;
Neurônios mecanoceptores dos plexos detectam o estiramento da parede causado pela chegada
do bolo alimentar, induzindo a ocorrência da peristalse;
Muitos dos gânglios autônomos, além de conter corpos de neurônios pós-ganglionares, também
contêm interneurônios que processam a informação no gânglio, sendo chamados de pequenas
células intensamente fluorescentes, cuja possível função é a de inibição.
Consiste de neurônios sensórios e motores do trato gastrointestinal que medeiam os reflexos
digestivos;
Contra a função do trato gastrintestinal, pâncreas e vesícula biliar;
É relativamente independente do SNC, embora ambos tenham entradas simpáticas e parassimpáticas,
são relativamente esparsas em relação ao grande número de neurônios entéricos;
ORGANISMO SOB CONTROLE
O SNA dispõe de dois modos de controle do organismo: um modo reflexo e um modo de comando;
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Neuroquímica Autonômica:
Os motoneurônios que comanda as fibras musculares cardíacas e lisas têm de ser de tipos
diferentes porque elas não movimentam articulações, mas tecidos moles com características
mecânicas muito diversas dos ossos articulados;
Os efetores apresentam receptores para diferentes neurotransmissores, sendo um tipo básico para
a divisão simpática e outro para a parassimpática;
A maioria das sinapses entre os neurônios pré e pós-ganglionares de ambas as divisões é
do tipo colinérgico, liberando acetilcolina em receptores colinérgicos nicotínicos (diferem
dos encontrados nas junções neuromusculares; potenciais pós-sinápticos excitatórios
rápidos) e muscarínicos (potenciais pós-sinápticos excitatórios lentos/inibitórios);
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O corno lateral da medula e alguns núcleos do tronco encefálico compõem um primeiro nível
hierárquico (neurônios pré-ganglionares); ao seu lado, estão neurônios que controlam funções
cardiovascular, respiratória e digestória;
Um componente chave desse nível de controle é o núcleo do trato solitário (recebe entradas
viscerais dos nervos cranianos VII, IX e X), que recebe aferentes que participam de reflexos
cardiovasculares (regulam pressão arterial), respiratórios (regulam frequência respiratória em
função da concentração de CO2 no sangue) e digestórios (como os que provocam o
peristaltismo).
Há projeções do núcleo do trato solitário que vão para a formação reticular bulbar, onde
se engajam com populações de neurônios pré-motores que organizam reflexos
autonômicos mais complexos; ex: grupos de neurônios do bulbo ventrolateral rostral
controlam a pressão sanguínea por regular tanto o fluxo sanguíneo, como o tônus do vago
no coração para modular a frequência cardíaca;
A principal projeção do núcleo do trato solitário garante informações viscerais para uma
rede de grupos celulares que vão desde a ponte e mesencéfalo até o hipotálamo, amígdala
e córtex cerebral; tal rede coordena respostas autonômicas e integram-nas em padrões
comportamentais.
O núcleo do trato solitário conecta-se com o nível hierárquico superior, retransmitindo o fluxo
visceral sensório para o prosencéfalo pelo núcleo parabraquial (sensações gustativas e outras
sensações viscerais); tal núcleo envolve o pedúnculo cerebelar superior na ponte superior, e provê
informações para o hipotálamo, a substância cinzenta periaquedutal (projeta-se para a formação
reticular bulbar, onde produz padrões comportamentais de respostas autonômicas; ex: redireciona o
fluxo sanguíneo para membros inferiores no ato de correr), o complexo amigadloide (associa
respostas autonômicas com comportamentos específicos), o tálamo sensório visceral e o córtex; por
sua vez, recebe conexões descendentes dessas regiões;
O córtex cerebral e as regiões prosencefálicas associadas, como a amígdala, compõem o nível
hierárquico máximo de controle dos órgãos; nesse último nível – especificamente nas regiões rostrais
do córtex cingulado e no córtex insular anterior (onde há um mapa topográfico do sistema orgânico
interno – se dá a apreciação consciente das sensações viscerais e do paladar;
Controle da circulação sanguínea no caso do “coração disparado”:
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Pressão pode elevar-se até mesmo antecipatoriamente quando prevemos uma situação de
estresse; tais efeitos são produzidos principalmente pelas vias vinculadas ao sistema simpático,
ativadas particularmente pelo hipotálamo;
Ocorre amplificação sistêmica da ativação simpática regional, obtida pela secreção de
catecolaminas pela medula adrenal; circulando no sangue, tais catecolaminas podem atingir
praticamente todos os órgãos-alvo que expressam receptores adrenérgicos.
Desempenha tal função integrativa pela regulação de cinco funções fisiológicas básicas:
Controla a pressão sanguínea e a composição eletrolítica;
Regula a temperatura corporal;
Controla o metabolismo energético pela regulação alimentar, digestiva e da taxa metabólica;
Regula a reprodução por meio do controle hormonal do acasalamento, gravidez e lactação;
Controla respostas emergenciais para o estresse, incluindo respostas imunológicas e físicas.
O hipotálamo recorre a três mecanismos principais para a regulação desses processos:
Possui acesso à informação sensória do corpo inteiro, recebendo entradas diretas do sistema
sensório visceral e do sistema olfatório, assim como da retina;
Compara informações sensórias com os pontos de ajuste biológicos; existem pontos de ajuste
para muitos processos fisiológicos, como açúcar no sangue, sódio, osmolaridade e nível
hormonal;
Quando detecta um desvio de ponto de ajuste, organiza um conjunto de respostas autonômicas,
endócrinas e comportamentais para reestabelecer a homeostase.
Embora seja muito pequeno (ocupa cerca de 4g de 1,4kg do encéfalo), o hipotálamo contém um
conjunto complexo de grupos celulares e vias neurais, podendo ser divido nas regiões anterior,
média e posterior;
Parte mais anterior é a área pré-óptica (sobre o quiasma óptico); tal área controla a pressão e a
composição sanguínea, temperatura corporal, ciclos de atividade, muitos hormônios, etc;
O terço médio contém os núcleos dorsomedial, ventromedial (juntamente com o corsomedial,
projeta-se para dentro do hipotálamo e para a substância cinzenta periaquedutal, regulando
funções integrativas complexas, como controle do crescimento, alimentação, maturação e
reprodução), paraventricular (controla a hipófise anterior – neurônios pervocelulares – e
posterior – neurônios magnocelulares –, além de desempenhar importante papel na regulação de
respostas autonômicas), supra-óptico e arqueado;
O terço posterior inclui o corpo mamilar e a área hipotalâmica posterior, acima do corpo
mamilar.
APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
MEMÓRIA IMPLÍCITA OU EXPLÍCITA
Lesões no lobo temporal interferem apena com a retenção de longo prazo de novas memórias;
O hipocampo é apenas uma estação temporária para a memória de longo prazo, além de também
servir para unir vários componentes de uma memória pessoal ricamente processada;
O sistema hipocampal transfere lentamente as informações para o sistema de retenção
neocortical; a adição relativamente lenta de informações ao neocórtex permitiria que novos dados
a serem retidos não comprometessem as informações já existentes; a lesão do córtex de
associação contribui destrói ou incapacita a lembrança do conhecimento explícito adquirido antes
da lesão;
Lesões em diferentes áreas associativas dão origem a déficits específicos, seja na
memória semântica ou na episódica.
A construção do conhecimento semântico se dá através de associações feitas ao longo do tempo; a
capacidade de recordar e utilizar tal conhecimento – eficiência cognitiva – parece depender de quão
bem essas associações organizaram as informações que retivemos;
Experiência do conhecimento é como uma base de dados, sem rupturas, ordenada e com
cruzamento de referências é o produto da integração de representações múltiplas do encéfalo em
vários sítios anatômicos distintos, cada um relacionado a apenas uma aspecto do conceito que
veio à mente; logo, não há localização geral da memória semântica (declarativa);
Lesão de uma área cortical específica pode levar a uma perda de informações especificas
e a uma fragmentação do conhecimento; ex: lesão do córtex parietal posterior pode
resultar numa agnosia visual associativa (pacientes não conseguem nomear objetos, mas
podem identifica-los); lesões no córtex ínferotemporal podem resultar em prosopagnosia,
incapacidade de reconhecer faces familiares ou de aprender novas faces;
Certas lesões interferem com a memória de objetos vivos, mas não com a memória de
objetos inanimados; ex: caso do rinoceronte e do carrinho de mão.
Pacientes com perda de memória episódica ainda têm a capacidade de se lembrar de muitos
conhecimentos factuais (semânticos); as áreas do neocórtex que parecem ser especializadas na
retenção de longo prazo do conhecimento episódio são as áreas associativas do lobo frontal, que
trabalham com outras áreas corticais para permitir a recordação de quando e onde um evento passado
ocorreu.
Lesão no lobo frontal acarreta amnésia de fonte, tendência de esquecer como a informação foi
adquiria.
Ambos os conhecimentos semântico e episódico são o resultado de pelo menos quatro tipos de
processamento distintos, mas relacionados entre si: codificação, consolidação, retenção e acesso;
A codificação refere-se aos processos pelos quais novas informações aprendidas são tratadas e
processadas quando encontradas pela primeira vez; para uma memória persistir e ser bem
lembrada, a informação recebida deve ser cuidadosa e profundamente codificada; tal fato é
alcançado pelo tratamento da informação e associação dela a um conhecimento que já está bem
estabelecido na memória, de modo a permitir integração;
A consolidação refere-se a processos que alteram a informação recém-retida, de modo a torna-la
mais estável para a retenção de longo prazo; envolve a expressão de genes e a síntese de novas
proteínas, dando origem a alterações estruturais que mantêm a estabilidade da memória ao longo
do tempo;
A retenção refere-se ao mecanismo e locais onde a memória é retida ao longo do tempo; a
retenção de longo prazo parece ter uma capacidade quase que ilimitada, enquanto que a memória
operante de curto prazo é muito limitada;
O acesso refere-se a processos que permitem a lembrança e o uso das informações retidas,
envolvendo a reunião de diversas formas de informação que estavam retidas separadamente em
diversos locais de retenção; é mais efetivo quando se dá no mesmo contexto no qual a
informação foi adquirida e na presença das mesmas sugestões que estavam disponíveis ao
indivíduo durante a aprendizagem.
A codificação da mais recente lembrança de um conhecimento explícito requeiram o recrutamento da
informação retida em um local de retenção de memória de curto prazo, denominado memória
operante, que é composta por três sistemas:
Sistema de controle atencional (ou central executivo): localizado no córtex pré-frontal; focaliza
ativamente a percepção sobre eventos específicos no ambiente; possui capacidade muito
limitada; regula o fluxo de informações para dois sistemas que, acredita-se, mantêm a memória
para uso temporário;
Alça articulatória: sistema de armazenamento com rápido declínio do traço de memória onde a
memória para palavras e números pode ser mantida por uma fala subvocal; permite a alguém,
através da repetição, manter um número novo de telefone enquanto prepara-se para discá-lo;
Rascunho visuoespacial: representa ambas as propriedades visuais e a localização espacial dos
objetos a serem lembrados; permite que a pessoa retenha a imagem da face de outra que ela
encontra numa festa;
A informação processada em qualquer um desses sistemas funcionais tem a possibilidade de se
tornar uma memória de longo prazo.
recebem entradas monossinápticas do sifão é identificado como L7, e esta célula inerva os
músculos que produzem o reflexo de retirada branquial;
Estimulações repetidas da pele do sifão levam a contrações menos frequentes dos
músculos envolvidos no reflexo; a mudança que envolve o processo de habituação
ocorre devido a uma diminuição sináptica entre o neurônio sensorial e o motor;
A sensibilidade da célula pós-sináptica para os neurotransmissores não mudou, o
que ocorreu foi um decréscimo na liberação de neurotransmissores; logo, a
habituação deste reflexo é associada a uma modificação pré-sináptica associada a
um efeito progressivo e persistente de diminuição da aberta dos canais de íons
cálcio;
Tais alterações plásticas constituem os mecanismos celulares que medeiam a
memória de curto prazo para a habituação;
A habituação de longo prazo leva à adequação das conexões sinápticas;
Sensibilização do reflexo de retirada branquial: para causar sensibilização do reflexo de
retirada branquial, Kandel aplicou um rápido choque elétrico na cabeça da Aplysia, o que
resultou em um reflexo de retirada branquial exagerado devido à estimulação do sifão;
novamente, percebeu que se tratava de uma modificação do neurotransmissor liberado na
terminação nervosa sensorial;
Uma terceira célula, L29, é ativada pelo choque e faz sinapse com o terminal
axônico do neurônio sensorial; o transmissor liberado por L29 é a serotonina (5-
HT), que inicia uma cascata molecular na terminação do axônio sensorial que
permite a liberação de mais íons cálcio por potencial de ação;
O receptor de 5-HT na terminação nervosa sensorial é uma proteína G acoplada a
um receptor metabotrópico; a estimulação desse receptor leva à produção
intracelular de segundos-mensageiros (cAMP) produzido pelo ATP a partir da
enzima adenilatociclase; o cAMP ativa a enzima cinase A, que fosforila várias
proteínas;
Na terminação nervosa sensorial, uma das proteínas é um canal de potássio e a
fosforilação deste canal determina seu fechamento; este fechamento leva a um
prolongamento do PA pré-sináptico; isto resulta na maior entrada de íons cálcio
pelos canais de cálcio voltagem-dependentes durante o potencial de ação,
consequentemente, mais quanta de neurotransmissores são liberadas;
Em adição a modificações pré-sinápticas, sensibilização permanente é associada a
incremento nas respostas pós-sinápticas ao neurotransmissor liberado pelo nervo
sensorial; tal neurotransmissor é o glutamato, e a sensibilização é parcialmente
explicada pelo aumento do número de receptores de glutamato na sinapse;
Enquanto um único choque produz uma sensibilização de curto prazo que dura
minutos, cinco ou mais choques produzem uma que pode durar desde dias a
semanas;
A habituação de curto prazo na Aplysia é um processo homossináptico (resultado
direto da atividade de neurônios sensórios e suas conexões centrais); a
sensibilização é um processo heterossináptico(aumento da força sináptica
induzido por inteurôniosmodulatórios).
Aprendizagem associativa na AplysiaI:
Na década de 80, descobriu que a Aplysia poderia ser classicamente condicionada; novamente, a
resposta utilizada foi o reflexo de retirada branquial; o estímulo incondicionado foi um forte
choque elétrico em sua cauda, enquanto que o estímulo condicionado foi a estimulação do sifão,
que não era unicamente capaz de causar uma resposta;
Uma vez que a estimulação da cauda foi pareada com a estimulação do sifão, a resposta
subsequente para unicamente a estimulação do sifão foi muito maior que poderia ser sem
a presença do US.
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Novamente, ocorre modificação na sinapse entre o neurônio sensório e o motor; a nível celular, o
CS é representado pela chegada de um PA no axônio terminal do neurônio sensorial, enquanto o
US é representado pela liberação de serotonina por L29 (ativado pelo choque na cauda); a nível
molecular, o CS é representado pelo influxo de íons cálcio, enquanto o US é representado pelo
ativação da enzima adenilatociclase pela proteína G acoplada, no terminal;
Na década de 90, descobriu-se que em presença de altas concentrações de íons cálcio, a
adenilatociclase produz rapidamente mais cAMP; mais cAMP significa mais ativação de
proteínas quinase A, mais fosforilação de canais de potássio e mais liberação de
neurotransmissores;
No caso do reflexo de retirada branquial, a adenilatociclase pode servir como um detector
da coincidência dos CS-US; de acordo com esta hipótese, a aprendizagem ocorre quando
um pulso de íons cálcio pré-sináptico coincide com ativação da adenilatociclase (detector
de coincidência: reconhece a representação molecular tanto do CS como do US),
respondendo a ambos) pela proteína G acoplada, que estimula a produção de mais cAMP;
a memória ocorre quando os canais de potássio são fosforilados e há aumento na
liberação de neurotransmissores.
Três sinais no neurônio sensório devem convergir para a produção de aumento na liberação do
neurotransmissor no condicionamento clássico: (1) ativação de adenilatociclase pelo influxo de
íons cálcio (CS); (2) ativação de receptores serotonérgicos ligados à adenilatociclase (US); e (3)
sinal retrógrado indicando que a célula pós-sináptica foi adequadamente ativada pelo US;
A LTD é causada quando três sinais intracelulares ocorrem ao mesmo tempo: um aumento na
concentração de íons cálcio, um aumento na concentração de íons sódio e a ativação da proteína
cinase C;
O aprendizado e a memória podem resultar de modificações na transmissão sináptica; a conversão da
atividade neural em segundos mensageiros intracelulares pode disparar modificações sinápticas; as
memórias podem resultar de alterações em proteínas sinápticas preexistentes.
Plasticidade sináptica no Hipocampo:
O hipocampo tem três vias principais: (1) via perfurante, que projeta-se do córtex entorrinal para
as células granulares do giro denteado; (2) via das fibras musgosas, que contém axônios das
células granulares e se dirige para as células piramidais da região CA3 do hipocampo; e a via dos
colaterais de Schaffer, que consiste de ramos colaterais excitatórios das células piramidais do
CA3 que terminam sobre as células piramidais do CA1;
A localização de um animal em um dado espaço é codificada por um padrão de disparo de
células piramidais individuais, aquelas que sofrem LTP quando suas vias aferentes são
estimuladas eletricamente; tais células são potencialmente células de localização;
Acredita-se que por meio dessas células, o animal forme um “campo localizacional”, uma
representação interna do espaço que ele ocupa; quando ele entra em um ambiente novo,
novos campos localizacionais são formados dentro de minutos e permanecem estáveis
semanas ou meses;
A LTP não é necessária para a transformação básica da informação sensória nos campos
localizacionais, mas sim para o ajuste fino das propriedades das células de localização,
garantindo a estabilidade dos campos ao longo do tempo;
Uma breve estimulação tetânica (alta frequência) em qualquer uma dessas três principais
conexões sinápticas aumenta a amplitude dos potenciais pós-sinápticos excitatórios nos
neurônios hipocampais-alvo; tal facilitação é chamada de potenciação duradoura (LTP);
Uma série de estímulos produz um LTP de fase precoce (LTP precoce), que dura de 1-3
horas e não requer síntese de novas proteínas; quatro ou mais séries induzem uma fase
mais persistente de LTP (LTP tardia), que dura pelo menos 24 horas e requer a síntese de
novas proteínas e de RNA;
A fase precoce da LTP representa uma alteração funcional – aumento na probabilidade de
transmissão do neurotransmissor – sem alteração estrutural.
A via das fibras musgosas é constituída pelos axônios das células granulares do giro denteado; os
terminais dessas fibras liberam glutamato como neurotransmissor, que se liga tanto a receptores
NMDA quanto a receptores não-NMDA nas células piramidais-alvo; verificou-se que a LTP na
região das fibras musgosas é dependente do influxo de íons cálcio na célula pré-sináptica após a
estimulação tetânica;
O influxo de íons cálcio parece ativar a adenilatociclase, que aumenta o nível do AMPc e
ativa a PKA no neurônio pré-sináptico; além disso, a LTP nas fibras musgosas também
pode ser regulada por uma aferênciamodulatória, que é noradrenérgica e se liga a
receptores beta-adrenérgicos, que por sua vez ativam a adenilatociclase.
A adição de grupos fosfato a uma proteína pode mudar a efetividade sináptica e formar uma
memória, apenas enquanto tais grupos permanecerem ligados à proteína;
Normalmente, cinases são finamente reguladas e estão ativadas apenas na presença de um segundo
mensageiro; entretanto, evidencias sugerem que algumas delas podem tornar-se independentes de
seus segundos mensageiros;
CaMKII e LTP:
CaMKII consiste em dez subunidades, cada uma catalisando a fosforilação de proteínas-substrato
em resposta a um aumento nos níveis de íons cálcio-calmodulina;
Cada subunidade é construída com duas partes conectadas por uma dobradiça (a exemplo de um
canivete); uma parte (região catalítica) executa a reação de fosforilação, enquanto outra (região
regulatória), cobre a região catalítica na ausência do segundo mensageiro apropriado, o que
mantém a enzima inativa; a ação da Ca2+-calmodulina é colocar-se entre ambas as partes,
mantendo a estrutura aberta;
Após a LTP, a estrutura não se fecha completamente nas subunidades da CaMKII, uma vez que a
região catalítica exposta continua a fosforilar substratos;
A CaMKII é uma proteína cinaseautofosforilante, isto é, cada subunidade dentro de sua
molécula pode ser fosforilada por uma unidade vizinha; essa atividade persistente pode contribuir
para a manutenção da potenciação sináptica;
A ideia de que uma cinaseautofosforilante possa armazenar informação na sinapse é
chamdahipótese do comutador molecular.
Síntese Proteica:
Cinases persistentes contribuem para a manutenção de uma modificação sináptica por um tempo
limitado (minutos a horas); a memória de longo prazo, portanto, requer a síntese de novas
proteínas, que são usadas para montar novas sinapses, processo no qual memórias de curto prazo
são convertidas em memórias de longo prazo (consolidação da memória);
O primeiro passo para a síntese proteica é a produção de um RNAm transcrito de um gene,
processo regulado por fatores de transcrição no núcleo;
Memória
Acadêmico: Gustavo Aguiar de Oliveira
7.1 Visão Geral:
A memória é uma das funções cognitivas mais complexas que a natureza produziu, e as
evidências científicas sugerem que o aprendizado de novas informações e o seu armazenamento causam
alterações estruturais no sistema nervoso. (DALMAZ; NETTO, 2009)
Os neurônios são células especializadas, cuja principal função é comunicar-se com outros
neurônios e com os órgãos que realizam as ações (como os músculos e o coração); em consequência do
processamento de uma fantástica quantidade de informações, a atividade integrada dos neurônios determina e
modula o comportamento dos indivíduos. A capacidade dos neurônios de se transformar e de adaptar sua
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estrutura em resposta às exigências ambientais (externas) ou internas é chamada de plasticidade neural. Foi no
início do século passado que o anatomista Ramón y Cajal formulou a hipótese de que a eficácia das conexões
sinápticas (áreas de contato funcional entre os neurônios) não é fixa, porém plástica e modificável. Ele postulou
que a força sináptica pode ser modificada pela atividade neural e sugeriu que o aprendizado poderia utilizar
essa plasticidade através do desenvolvimento de novos processos sinápticos.(DALMAZ; NETTO, 2009)
A experiência é o fator que mais estimula a plasticidade, em espécies tão diversas como a
humana. Ela produz mudanças estruturais e funcionais no cérebro, como aumento no tamanho e ativação da
função dos dendritos, formação ou eliminação de sinapses e aumento da atividade metabólica; tais mudanças
estão correlacionadas com alterações funcionais dos neurônios e do comportamento do indivíduo. Esse
repertório de mudanças demonstra que a atividade neural resultante da interação do organismo com o meio
externo pode modificar a estrutura do sistema nervoso em qualquer período da vida, mesmo após a maturidade.
Em decorrência, postula-se que as mudanças plásticas possam ser os loci responsáveis pelo armazenamento
da memória.(DALMAZ; NETTO, 2009)
7.2 Categorias temporais da memória:
A memória pode ser categorizada de acordo com o tempo durante o qual ela é efetiva.
procura de um objeto perdido, essa memória permite que a busca se faça de forma eficiente, evitando lugares
já inspecionados.(DALE PURVES et al., 2010)
7.3.1.2 Associativa:
O indivíduo aprende sobre a relação entre dois estímulos ou ente um estímulo e um
comportamento. Duas formas de aprendizagem associativa também têm sido distinguidas com base em
procedimentos experimentais usados para se estabelecer a aprendizagem. O condicionamento clássico envolve
a aprendizagem de uma relação entre dois estímulos, enquanto o condicionamento operante envolve a
aprendizagem da relação entre o comportamento de um organismo e as consequências de tal comportamento.
A essência do condicionamento clássico é o pareamento de dois estímulos. Um estímulo condicionado (CS),
tal como a luz, um som, ou um estímulo tátil é escolhido, porque ele produz ou uma ausência de resposta ou
uma resposta fraca. Um reforço, ou estímulo incondicionado (US), tal como uma comida ou um choque na
perna, é escolhido, porque produz uma resposta forte e consistente, tal como a salivação ou a retirada da perna.
Respostas incondicionadas são inatas e feitas sem aprendizagem. A intensidade ou a probabilidade de
ocorrência de uma resposta condicionada decai se o CS for repetidamente apresentado sem o US. Esse
processo é conhecido como extinção. A extinção não é sinônimo de esquecimento, mas indica que alguma
coisa nova foi aprendida. Além disso, não se aprende apenas que o CS é precedido pelo US, mas que o CS
agora sinaliza que o US não irá ocorrer. Devido à complexidade de informações sensórias que processam, os
animais de ordens mais altas devem estabelecer algum grau de regularidade em suas interações com o mundo.
Uma maneira efetiva de fazer isso é ser capaz de detectar relações causais ou preditivas entre estímulos, ou
entre comportamentos e estímulos. (KANDEL, 2003)
coisa é lembrado, a lembrança é construída sobre diferentes pedaços de informações, cada um dos quais
guardado em locais específicos de memória. Uma lesão da área cortical pode levar a uma perda de informações
específicas e a uma fragmentação do conhecimento. (KANDEL, 2003)
7.3.2.2 Episódico:
Capacidade de se lembrar de um episódio vivenciado. As áreas do neocórtex que parecem
ser especializadas na retenção de longo prazo de conhecimento episódico são as áreas associativas do lobo
frontal. Essas áreas pré-frontais trabalham com outras áreas do neocórtex para permitir a recordação de quando
e onde um evento passado ocorreu. (KANDEL, 2003)
7.4 Formação da memória de longo prazo:
Alguns comportamentos aprendidos envolvem ambas as formas de memória: implícita e
explícita. O condicionamento clássico é bastante eficiente na associação de uma resposta reflexa inconsciente
com um estímulo particular e caracteristicamente envolve formas implícitas de memória. No entanto, mesmo
essa forma simples de aprendizagem pode também envolver a memória explicita, de tal modo que a resposta
aprendida é mediada, pelo menos em parte, pelos processos cognitivos. (KANDEL, 2003)
As memórias explícita e implícita são ambas retidas em estágios. Uma pessoa que tenha
perdido a consciência perde, seletivamente, a memória para eventos que tenham ocorrido pouco antes de seu
apagar (amnésia retrógrada). O trauma encefálico em humanos pode produzir uma amnésia profunda,
principalmente para eventos que tenham ocorrido poucas horas, ou no máximo, dias antes do trauma. Nesses
casos as memórias mais antigas permanecem relativamente intactas. A extensão da amnésia retrógrada varia
de paciente para paciente, de vários segundos a vários anos, dependendo da natureza e da duração da
aprendizagem e gravidade do evento de ruptura. As aferências encefálicas são processadas em memória de
curto prazo antes que sejam transformadas, através de um ou mais estágios em uma retenção mais permanente,
de longo prazo. Um sistema de busca-e-acesso provê a retenção da memória e torna a informação disponível
para tarefas específicas. Memória recente pode ser facilmente compreendida e depois de convertida em
memória de longo prazo, tornando-se relativamente estáveis. (KANDEL, 2003)
A memória é dependente do tempo e sujeita a modificações quando formada pela primeira
vez. A inibição da síntese proteica bloqueia seletivamente a formação da memória de longo prazo (que requer
o sistema do lobo temporal), mas não da memória de curto prazo. A memória implícita envolve o cerebelo e
a amígdala e quaisquer sistemas sensórios e motores específicos que forem recrutados para que as tarefas
sejam aprendidas. Alterações aprendidas do reflexo vestíbulo-ocular parecem envolver pelo menos dois locais
diferentes no encéfalo e a aprendizagem explícita envolve estruturas neo-corticais, bem como a formação
hipocampal. Além disso, há razões para acreditar-se que a informação é representada em múltiplos locais,
mesmo dentro de uma mesma estrutura encefálica. (KANDEL, 2003)
A repetição da experiência leva à consolidação da memória, ao convertê-la da forma de curto
prazo na forma de longo prazo. A consolidação da memória implícita de longo prazo para formas simples de
aprendizagem envolve três processos: expressão gênica, síntese de novas proteínas e crescimento de conexões
sinápticas. (KANDEL, 2003)
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Os eventos bioquímicos relacionados com a formação da memória podem ser regulados logo
após a sessão de aprendizado em animais, por meio de mecanismos hormonais e neuro-humorais relacionados
ao estresse e à ansiedade, modulando sinapses GABAérgicas, noradrenérgicas e colinérgicas. E, ainda, vias
nervosas relacionadas ao controle do humor também podem interferir na formação da memória, incluindo aí
as vias dopaminérgicas e serotonérgicas.( (DALMAZ; NETTO, 2009)
Com aplicações repetidas de serotonina, a subunidade catalítica da PKA recruta uma
outracinase segundo mensageiro, a proteína cinasemitógeno-ativada (MAP), que é uma cinase comumente
associada ao crescimento celular. Juntas, as duas cinasestranslocam-se para o núcleo dos neurônios sensórios,
onde ativam uma mudança genética. Especificamente, a subunidade catalítica fosforila e ativa um fator de
transcrição chamado CREB-1 (elemento de resposta do AMPcligador de proteína). Esse ativador
transcricional, quando fosforilado, liga-se ao elemento promotor chamado CRE (elemento de resposta do
AMPc). Através da proteína cinasemitógeno-ativada, a subunidade catalítica da PKA também age
indiretamente, suprimindo as ações inibitórias do CREB-2, que é um repressor da transcrição. A presença tanto
de um repressor (CREB-2), como de um ativador (CREB-1) da transcrição, bem na primeira fase da facilitação
de longo prazo, sugere que o limiar para colocar a informação dentro da memória de longo prazo é
extremamente regulado. Sob circunstâncias normais, a liberação fisiológica da ação repressiva do CREB-2 e
a ativação do CREB-1 induzem a expressão de genes-alvo, dois dos quais principalmente importantes: a
enzima hidrolase da ibiquitinacaboxiterminal, que ativa proteossomas para tornar a PKA permanentemente
ativa, e o fator de transcrição C/EBP, um dos componentes da cascata genética necessária para o crescimento
de novas conexões sinápticas. Esse processo dá origem ao estado estável, automantido da memória de longo
prazo. (KANDEL, 2003)
A memória explícita em mamíferos envolve a potenciação duradoura no hipocampo. O
hipocampo tem três vias principais: (1) a via perfurante, a qual projeta-se do córtex entorrinal para as células
granulares do giro denteado; (2) a via das fibras musgosas, a qual contém os axônios das células granulares e
se dirige para as células piramidais da região CA3 do hipocampo; e (3) a via dos colaterais de Schaffer, a qual
consiste em colaterais excitatórios das células piramidais da região do CA1. Cada uma dessas três vias é
sensível à história de atividade prévia. (KANDEL, 2003)
Uma análise quântica mostra que o decréscimo da força sináptica resulta de um decréscimo
no número de vesículas contendo neurotransmissor que são liberadas pelos terminais pré-sinápticos dos
neurônios sensórios. Esses neurônios sensórios usam o glutamato como neurotransmissor. O glutamato
interage com dois tipos de receptores nas células motoras: um similar ao tipo N-metil-d-aspartato (NMDA) de
receptores de glutamato de vertebrados e o outro semelhante ao tipo não-NMDA. Ainda não se sabe como
ocorre esse decréscimo na liberação do transmissor; acredita-se que seja, em parte, devido a uma redução na
mobilização das vesículas contendo neurotransmissor para a zona ativa. Essa redução pode durar muitos
minutos. Tais alterações plásticas duradouras na força das conexões sinápticas constituem os mecanismos
celulares que medeiam a memória de curto prazo para habituação. (KANDEL, 2003)
7.5 Influência do álcool na memória:
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Se não fosse pelo esquecimento, nossos encéfalos estariam oprimidos com uma carga insuportável
representada pelo colosso de informações inúteis, que são codificadas em nossa memória imediata. É
evidente que as pessoas se esquecem de coisas que não tenham mais importância e que memórias pouco ou
nada utilizadas deterioram-se com o tempo. Raros indivíduos apresentam dificuldade com apagamento
normal de informações, tendo dificuldade em dominar sua mente, ficando oprimida por informações triviais.
Embora o esquecimento seja um processo mental normal e aparentemente essencial, ele também pode se
manifestar de forma patológica, uma condição denominada amnésia. A incapacidade de estabelecer novas
memórias após uma lesão neurológica é chamada de amnésia anterógrada, enquanto a dificuldade em evocar
memórias adquiridas previamente á neuropatologia desencadeante do problema é denominada amnésia
retrógrada. (DALE PURVES et al., 2010)
MECANISMOS DO SONO-VIGÍLIA
Atribui-se aos sistemas hipotalâmicos e suas respectivas interações funcionais com o sistema de
controle temporizador circadiano (ritmo biológico de 24 horas) o controle do ciclo sono-vigília;
O sono normal é constituído pela alternância dos estágios REM e NREM;
O sono NREM é caracterizado pela presença de ondas sincronizadas no EEG e pode ser subdivido
em quatro fases: estágios 1, 2, 3 e 4 (3 e 4 equivalem ao sono de ondas lentas ou ‘sono delta’); o
EEG de sono REM é caracterizado por ondas dessincronizadas e de baixa amplitude;
A sincronização-dessincronização das ondas do EEG do sono NREM-REM e vigília é consequência
da atividade neural nos circuitos tálamo-corticais (núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral),
decorrentes da integração entre os núcleos monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico;
O sistema monoaminérgico reticular ativador ascendente é constituído pelos núcleos dorsais da
rafe (NDR serotonérgico), locus ceruleus (LC noradrenérgico) do tronco cerebral e núcleo
tuberomamilar (NTM histaminérgico) do hipotálamo posterior, que se projetam para o córtex e
núcleos reticulares do tálamo;
O circuito tálamo-cortical e projeções aminérgicas-colinérgicas são responsáveis pela
dessincronização do EEG na vigília; a atividade aminérgica elevada durante a vigília ativa os
circuitos tálamo-corticais mas diminui durante o sono NREM, sendo ausente no sono NREM;
Os neurônios aminérgicos são denominados “wake-on-and-sleep-off”;
O córtex cerebral durante o sono REM está aminergicamente desmodulado pela ausência
do tônus aminérgico.
Os sistemas aminérgicos se projetam para o hipotálamo anterior inibindo as células gabaérgicas
do núcleo pré-óptico ventral-lateral do hipotálamo anterior (VLPO);
Os núcleos colinérgicos pontinho látero-dorsais, tegmento pedúnculo-pontino e núcleo
colinérgico do prosencéfalo basal fazem conexões excitatórias nos núcleos reticulares talâmicos,
projeções tálamo-límbicas (córtex e amigdala) e projeções corticais diretas e estão sobre o
controle do sistema NDR (serotonérgico) e LC (noradrenérgico).
Essas projeções tálamo-corticais e tálamo-límbicas são fundamentais para a dessincronização EEG
durante a vigília e para a dessincronização EEG durante o sono REM;
Em contraste com a atividade aminérgica (ausente no sono REM), a atividade colinérgica dos
núcleos pontinos látero-dorsais, tegumento pedúnculo-pontino e do prosencéfalo basal é máxima
durante o sono REM e vigília, sendo mínima ou ausente durante o sono NREM;
Os núcleos colinérgicos ativam-se durante a vigília e durante o sono REM, com dessincronização
do EEG; devido a isso, as células colinérgicas são denominadas “REM-and-wake-on”;
Há uma diferença entre a dessincronização do EEG no REM e na vigília; durante o sono
REM, os sistemas aminérgicos não estão ativos e a ativação colinérgica ativa o córtex
diretamente; na vigília, os sistemas aminérgicos, dopaminérgicos, colinérgicos, estão
ativos (modulação aminérgica cortical).
O modelo da interação recíproca estabelece que a vigília seria um estado predominantemente
aminérgico e o sono REM, um estado predominantemente colinérgico muscarínico, com o sono
NREM situado em uma posição intermediária;
Este modelo propõe dois tipos de grupos celulares localizados na formação reticular, as células
REM-on colinérgicas e as células REM-off serotonérgicas-noradrenérgicas;
Durante a vigília, o sistema aminérgico REM-off, tonicamente ativo, gera dessincronização do
EEG e inibe o sistema colinérgico REM-on, suprimindo o sono REM;
Os sistemas histaminérgico do hipotálamo posterior e dopaminérgico da área ventral
tegmentar adicionam-se ao sistema serotonérgico e noradrenérgico (aminérgico) na
inibição das células colinérgicas REM-on.
Durante o sono REM, as células aminérgicas REM-off silenciam e o sistema colinérgico liberado
das influências inibitórias atinge seu máximo; portanto, o sono REM ocorre somente quando o
sistema aminérgico suspense a atividade inibitória sobre a atividade colinérgica;
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Neurônios da área ventral tegmentar (AVT) mesencefálica (substância negra) projetam-se para o
córtex cerebral via trato meso-cortico-límbico; axônios excitatórios da AVT projetam-se para o LC e
núcleos talâmicos límbicos, conectando o sistema dopaminérgico mesostriatal diretamente com o
sistema ativador ascendente responsável pela vigília;
Neurônios da AVT recebem sinapses excitatórias de células do hipotálamo lateral que, somadas
com a atividade excitatória do sistema aminérgico e colinérgico, promovem a dessincronização
do EEG na vigília;
O efeito de agonistas dopaminérgicos no ciclo sono-vigília depende do tipo de receptores
dopaminérgicos estimulados;
Doses baixas de agonistas dopaminérgicos D-2 produzem sonolência, aumentam o sono
REM e ataques do sono;
Doses mais altas são suficientes para suprimir sono NREM e REM, por estímulo de
receptores D-1.
Hipotálamo anterior:
Os neurônios inibitórios gabaérgicos e galaninérgicos do núcleo pré-óptico ventro-lateral do
hipotálamo anterior (VLPO) ativam-se exclusivamente durante o sono NREM e REM (sleep-on);
O VLPO está relacionado com o sono de ondas lentas; suas células projetam-se diretamente para
os núcleos NTM, NDR, LC, para núcleos colinérgicos pontinos látero-dorsais e tegumento
pedúnculo-pontino, produzindo inibição destes núcleos excitatórios promotores da vigília;
O VLPO permanece ativo inibindo os sistemas aminérgico, colinérgico e hipocretinas,
permitindo o aparecimento do sono REM por inibir as células REM-off; recebem sinapses
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inibitórias dos NTM, NDR e LC, assim como sinapses de núcleos do sistema límbico e dos
núcleos supraquiasmáticos (NSQs);
O VLPO e o sistema aminérgico apresentam uma relação funcional de reciprocidade de inibição
mútua entre os dois sistemas;
Quando o VLPO está ativo durante o sono, inibe as células do sistema aminérgico-colinérgico;
semelhantemente, quando neurônios aminérgicos-colinérgicos estão ativos durante a vigília,
inibem o VLPO.
Marcapasso circadiano:
Os núcleos supraquiasmáticos (NSQs) são estruturas anatômicas localizadas no hipotálamo
anterior acima do quiasma óptico com aproximadamente 10 mil células; representam o relógio
biológico capaz de gerar um ritmo endógeno próprio passível de sincronização a partir de sinais
sincronizadores internos ou do meio ambiente (luz solar);
A etapa inicial da fotossincronização do NSQ está nas células ganglionares retinianas, que
possuem receptores melatonina tipo (ML-I) e dois fotopigmentos específicos denominados de
criptocromo e melanopsina, responsáveis pela fotocepção e transdução do estímulo luminoso
transmitido via glutamato pelo trato retino-hipotalâmico até o NSQ;
As células do NSQ transmitem a informação rítmica fotossincronizada para outros núcleos
hipotalâmicos responsáveis pela periodicidade de secreção de hormônios, variações da
temperatura do SNC, ingesta alimentar, proprensão e duração do ciclo sono-vigília e secreção de
melatonina;
As principais eferências anatômicas do NSQ de importância no ciclo sono-vigília são para
VLPO, hipotálamo lateral e LC; o papel funcional da eferência NSP para o VLPO é desinibi-lo
ao final da vigília quando o sinal do NSQ diminui, o que permite o início do sono NREM;
O NSQ não possui eferências diretas para o sistema excitatório aminérgico, exceto para o LC;
O padrão de sono é um fenótipo de herança genética;
O sinal fotossincronizado das células do NSQ é transmitido multissinapticamente para a glandula
pineal, responsável pela secreção de melatonina plasmática durante o período de sono noturno.
Hipotálamo posterior:
As hipocretinas foram denominadas de hipocretinas I e II por causa da origem hipotalâmica e seu
efeito estimulante do apetite;
Neurônios produtores de hipocretinas I e II estão localizados na região perifornical do
hipotálamo posterior, projetando seus axônios excitatórios para diferentes áreas do SNC, córtex,
tronco cerebral e m. espinal, exceto cerebelo; regulam o ciclo sono-vigília, balanço energético e
apetite, atividade do sistema nervoso autônomo, secreção neuroendócrina e atividade locomotora;
As aferências excitatórias dos NSQ para o hipotálamo posterior confirmam que o sinal circadiano
é transmitido para o sistema hipocretinas, o que justifica um ritmo circadiano destas;
Hipocretinas possuem papel central na manutenção do alerta durante a privação do sono,
persistindo elevada durante à privação do sono;
Hipocretinas desempenham papel-chave na estabilidade dos sistemas aminérgicos e colinérgicos
do ciclo sono-vigília; apresentam atividade máxima durante a vigília, estimulando todo o circuito
excitatório responsável pela vigília (células wake-on-sleep-off) e ausente durante o sono NREM e
REM;
Elevam o tônus monoaminas, mantendo assim o VLPO inibido, o que impede o início do
sono; por sua vez, a suspensão dos estímulos excitatórios do NSQ, dos estímulos
excitatórios do prosencéfalo basal (acúmulo de adenosina) em conjunto com a inibição
oriunda do VLPO no sistema hipocretinas, são responsáveis pelo início do sono NREM;
A liberação dos núcleos colinérgicos látero-dorsais e do tegumento pedúnculo-pontino
pela suspensão dos estímulos inibitórios oriundos das hipocretinas e das aminas
determina liberação da atividade colinérgica e expressão do sono REM de acordo com o
modelo de interação recíproca;
A deficiente de hipocretinas é a causa de sintomas de sono observados durante a
narcolepsia-cataplexia em animais e seres humanos, instabilidade do sistema com
sintomas de sonolência excessiva e aparecimento de fenômenos REM durante a vigília,
como os ataques de cataplexia.
O núcleo tuberomamilar (NTM) é o único núcleo histaminérgico do SNC e está relacionado com
a manutenção da vigília, sendo o principal inibidor do VLPO; a atividade histaminérgica é
promotora da vigília e lesões do NTM resultam em hipersonolência; por sua vez, durante o sono
NREM e REM, a atividade histaminérgica é tonicamente inibida pelo VLPO.
ao gânglio ciliar, de onde saem fibras pós-ganglionares que terminam no músculo esfíncter da
pupila, determinando sua contração;
Pode estar abolido em lesões da retina, nervo óptico ou oculomotor.
Reflexo do Vômito: pode ser desencadeado por várias causas, sendo mais frequentes aquelas
derivadas de irritação da mucosa gastrointestinal, como ocorre na ingestão excessiva de bebidas
alcóolicas;
A irritação da mucosa gastrointestinal estimula visceroceptores aí existentes, originando
impulsos aferentes que, pelas fibras aferentes viscerais do vago, chegam ao núcleo do trato
solitário;
A partir do núcleo do trato solitário, saem fibras que levam impulsos ao centro do vômito, situado
na formação reticular do bulbo; deste centro saem fibras que se ligam às áreas responsáveis pelas
respostas motoras que vão desencadear o vômito:
Fibras para o núcleo dorsal do vago: impulsos, pelas fibras pós-ganglionares do vago,
após sinapses em neurônios pós-ganglionares situados na parede do estômago, chegam a
tal órgão, aumentando sua contração e determinando a aberta do cárdia;
Fibras que passam pelo trato reticuloespinal chegam à coluna lateral da medula: daí
saem fibras simpáticas pré-ganglionares que, pelos nervos esplâncnicos, chegam aos
gânglios celíacos; fibras pós-ganglionares originadas destes gânglios levam os impulsos
ao estômago, determinando o fechamento do piloro;
Fibras que pelo trato reticuloespinal chegam à medula cervical onde se localizam os
neurônios motores, cujos axônios constituem o nervo frênico; os impulsos nervosos que
seguem pelo frênico determinarão a contração do diafragma;
Fibras que pelo trato reticuloespinal chegam aos neurônios motores da medula onde se
originam os nervos toracoabdominais, os quais inervam os músculos da parede
abdominal, cuja contração aumenta a pressão intra-abdominal, talvez o fator mais
importante do mecanismo do vômito;
Fibras para o núcleo do hipoglosso, cuja ação resulta em protrusão da língua.
PLEXO CERVICAL:
Possui quatro ramos cutâneos que emergem da margem posterior do m. esternocleidomastoideo:
N. auricular magno inerva a pele sobre o ângulo da mandíbula, sobre a glândula parótida,
sobre o processo mastoide e sobre a orelha externa;
N. occipital menor inerva a parte lateral da região occipital e a superfície medial da orelha
externa;
Nn. Supraclaviculares;
N. cervical transverso inerva a pele sobre a porção anterior e lateral do pescoço, da
mandíbula até o esterno.
Possui vários ramos musculares, como o n. frênico que inerva o diafragma;
Suas fibras sensitivas levam informação estereoceptiva de partes do couro cabeludo, pescoço e
tórax, assim como informação proprioceptiva dos mm., tendões e articulações.
NERVOS TORÁCICOS:
Os Nn. torácicos não formam plexos, distribuindo seus ramos cutâneos para os dermátomos
torácicos e mandando outras fibras sensitivas para as estruturas musculares mais profundas, os
vasos, o periósteo, a pleura parietal, o peritônio e os tecidos mamários;
Enviam também fibras motoras para os mm. das paredes torácica e abdominal.
PLEXO BRAQUIAL:
Forma-se a partir dos ramos anteriores de C5-8 e T1 (há contribuição de C4):
Os ramos anteriores de C5 e C6 formam o tronco superior;
Os ramo anterior de C7 forma o tronco médio;
Os ramos anteriores de C8 e T1 formam o tronco inferior.
Cada tronco se divide, originando uma divisão anterior e uma posterior:
As três divisões posteriores foram o fascículo posterior;
As divisões anteriores dos troncos superior e médio formam o fascículo lateral;
A divisão anterior do tronco inferior continua como fascículo lateral;
Os fascículos por sua vez formam ramos:
Supraclaviculares: das raízes dos plexos (para os mm. longo do pescoço e
escaleno – C5-8; escapular dorsal – C5; ramo para o frênico – C5; longo torácico
C5-7) e do tronco superior (supracapsular – C5-6; para o m. subclávio – C5-6);
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Nervo radial, inerva os mm. tríceps braquial, braquiorradial, extensor radial longo e curto
do carpo, ancôneo, extensor dos dedos e supinador; e seu ramo motor da a. do cotovelo
inerva os mm. supinador, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar
do carpo, abdutor longo do polegar, extensor longo do polegar, extensor curto do polegar,
extensor do indicador; deriva de C5-T1 e vai para a região medial do úmero;
Ajuda na extensão e flexão do cotovelo;
Lesão leva à paralisia da extensão e flexão do cotovelo, paralisia da supinação do
antebraço (ramo acima do cotovelo); paralisia da extensão do pulso e dedos,
paralisia da abdução do polegar e perda da sensação sobre a face radial posterior
do antebraço e o dorso da mão;
Supre a parte posterior do antebraço, uma zona alongada e posterior do antebraço,
e a parte posterior da mão, polegar e 2 ½ dedos laterais.
Nervo interósseo posterior do antebraço, inerva os mm. supinador, extensor dos dedos,
extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo, abdutor longo do polegar, extensor
longo do polegar, extensor curto do polegar, extensor do indicador;
Nervo musculocutâneo, inerva os mm. bíceps braquial, coracobraquial e braquial; deriva
do fascículo lateral do plexo braquial;
Ajuda na flexão da parte superior e inferior do braço, supinação da parte inferior
do braço e elevação e adução do braço;
Supre a inervação sensitiva para a parte lateral do antebraço;
Lesões resultam em enfraquecimento mucular, debilitação da flexão do braço
supinado e perda de sensação na parte lateral do braço.
Nervo cutâneo lateral do antebraço, inerva a pele sobre a região anterior do antebraço até
o punho; deriva do fascículo lateral, tronco superior, ramo anterior de C5.
A inervação cutânea do membro superior deriva dos nervos musculocutâneo, axilar, radial,
mediano e ulnar (ramos terminais do plexo braquial); não há sobreposição cutânea sensorial,
logo uma lesão ou compressão do nervo resulta em zona de anestesia corresponde à sua
distribuição.
Ramos sensitivos suprem a pele sobre a parte lateral da panturrilha, pé, calcanhar e dedo
pequeno (nervo sural), e a face média do calcanhar e da sola do pé;
Lesão pode resultar no enfraquecimento da flexão plantar e na inversão do pé, no
enfraquecimento do dedo do pé e na perda da sensação na parte lateral da panturrilha e
ainda na região da planta do pé.
Nervo fibular comum (derivado do isquiático): ramifica-se em nervo fibular profundo, suprindo
os mm. tibial anterior (dorsiflexão e inversão do pé), extensor longo do hálux (dorsiflexão do pé
e extensão do dedão), extensor longo dos dedos (extensão dos dedos e dorsiflexão do pé),
extensor curto dos dedos (extensão dos dedos); e em nervo fibular superficial, suprindo os mm.
fibular longo e fibular curto (flexão da planta e inversão do pé).
Ramos sensitivos suprem a superfície lateral abaixo do joelho e a pele na superfície dorsal
do pé;
Lesões resultam no enfraquecimento da dorsiflexão do pé, no enfraquecimento da
extensão do dedo e na perda de sensação na face lateral da parte inferior da perna e do
dorso do pé.
Nervo para o quadríceps femoral: inerva o m. quadríceps femoral (rotador externo do quadril) e
o gêmeo inferior (rotador externo do quadril); deriva das raízes de L4-S1;
Nervo para o obturador interno: inerva o m. obturador interno (rotador externo do quadril) e o
gêmeo superior (rotador externo do quadril); deriva das raízes de L5-S2;
Nervo pudendo: o ramo perineal inerva os mm. bulboesponjoso (controla micção, ejaculação),
isquiocavernoso (controla micção, ejaculação), esfíncter da uretra (controla micção, ejaculação) e
diafragma urogenital (sustenta o assoalho pélvico) – distribuição sensitiva no períneo; nervos
anais inferiores inervam o músculo esfíncter externo do ânus (controla a evacuação) –
distribuição sensitiva na pele perianal; nervo dorsal do pênis/clitóris não inerva nenhuma
músculo – distribuição sensitiva no pênis/clitóris; deriva das raízes de S2-4;
Nervo para o m. isquiococcígeo: inerva o m. isquiococcígeo (sustenta o assoalho pélvico) e o
levantador do ânus (sustenta o assoalho pélvico); deriva das raízes de S3-S4;
Nervo glúteo superior: inerva os mm. glúteo médio (abdutor do quadril), glúteo mínimo (abdutor
do quadril) e tensor da fáscia lata (abdutor do quadril, rotador externo); deriva das raízes de L4-
S1;
Nervo glúteo inferior: inerva o m. glúteo máximo (extensor do quadril e rotação externa da
coxa); deriva das raízes de L5-S2;
Lesão resulta em dificuldade para subir escadas ou de levantar-se da posição sentada.
Nervo para o m. piriforme: inerva o m. piriforme (rotador externo do quadril); deriva da raiz de
S2;
Nervo cutâneo femoral posterior: não inerva nenhum m.; distribuição sensitiva da região
posterior da coxa; deriva das raízes de S1-S3.
Supre inervação sensitiva para a parte posterior da coxa, para a parte lateral do períneo e
para a porção inferior da nádega.
Associação entre o putâmen, o globo pálido e o núcleo caudado é chamada de corpo estriado;
O corpo estriado pode ser dividido em neoestriado ou striatum (putâmen e núcleo
caudado) e em paleoestriado ou pallidum (globo pálido).
Auxilia na execução do movimento voluntário e planejamento do ato motor através de
influências nas áreas motora primária e suplementar (planejamento motor); por ele
passam circuitos que terminam nas vias piramidais (relacionadas ao movimento
voluntário);
Pode ainda ser dividido em dorsal (relacionado às áreas motoras) e em ventral (conexões
com áreas límbicas – principalmente com o núcleo acumbens –, participando da
regulação do comportamento emocional);
Conexões do corpo estriado:
Circuito básico: liga o corpo estriado ao córtex cerebral;
Informações de todas as áreas corticais vão para o striatum (neoestriado)
por meio de fibras córtico-estriatais, chegando ao globo pálido, de onde
saem fibras eferentes (pálido-talâmicas) que chegam aos núcleos ventral
anterior e ventral lateral do tálamo, de onde partem fibras tálamo-corticais,
que chegam à área 4 de Brodman (motora primária); as fibras tálamo-
corticais influenciam a atividade motora somática através do tracto
córtico-espinal.
Circuitos subsidiários: responsável pela modulação do circuito básico.
Striatum (neoestriado – núcleo caudado e putâmen), que faz comunicação
com a substância negra por intermédio das fibras micro-estriato-nigrais
(alteração nessa comunicação acarreta Síndrome de Parkison) e com o
pallidum, que por sua vez se comunica com o subtálamo (alteração nessa
comunicação acarreta hemibalismo).
Associação entre putâmen e globo pálido é chamada de núcleo lentiforme;
Massa cuneiforme de substância cinzenta cuja base convexa larga é dirigida lateralmente
cuja lâmina é dirigida medialmente; relaciona-se medialmente com a cápsula interna, que
o separa do núcleo caudado e do tálamo; e relaciona-se lateralmente com uma estreita
lâmina de substância branca, a cápsula externa, que o separa do claustrum.
Associação entre núcleo caudado e putâmen é geralmente chamada de neoestriado ou estriado;
Cápsula interna: separa o tálamo do núcleo lentiforme (associação entre putâmen e globo
pálido);
Dividida em perna anterior (localizada entre o núcleo caudado e o globo pálido),
perna posterior (localizada entre o tálamo e o núcleo lentiforme; por onde passa o
trato córtico-espinal) e joeho (“região média”; por onde passa o trato córtico-
nuclear).
CEREBELO
Localizado no sistema nervoso supra-segmentar; posterior à ponte e bulbo – teto do IV ventrículo, na
fossa posterior do crânio; abaixo da tenda do cerebelo (separa cerebelo do lobo occipital do cérebro);
Funções: manutenção do equilíbrio, coordenação dos movimentos;
Subdividido em três lobos dispostos na direção rostrocaudal: anterior, posterior e floculonodular;
Ligado ao tronco encefálico por meio dos pedúnculos cerebelares superior (liga cerebelo ao
mesencéfalo), médio (“braço da ponte” – liga cerebelo à ponte) e inferior (liga cerebelo ao bulbo e à
m. espinal);
Nota: podem ocorrer confusões entre os pedúnculos cerebelares e o pedúnculo cerebral;
Através destas estruturas o cerebelo recebe suas aferências e emite suas eferências.
Formado por um córtex e por um centro branco medular (fibras mielínicas conferem ao cerebelo o
aspecto de “árvore da vida”);
Composição anatômica do cerebelo:
Estrutura mediana do cerebelo: vérmis cerebelares;
Massas laterais ao vérmis: hemisférios cerebelares;
Camadas cerebelares: folhas do cerebelo;
Sulcos que se aprofundam: fissuras do cerebelo; dividem o cerebelo em lóbulos (não possuem
importância clínica; variabilidade na literatura dependendo do autor).
Córtex cerebelar é mais simples que o córtex cerebral, sendo homogêneo em todas as suas regiões,
possuindo três camadas;
Molecular: contém dois tipos de neurônios, a célula estrelada (externa) e a célula em cesto
(interna); há presença de células neurogliais;
De células de Purkinje (cada axônio destas células chega em um núcleo específico, exercendo
função inibitória neste; os axônios das células de Purkinje compreendem as fibras eferentes do
cerebelo – unidade funcional do córtex cerebelar);
Granular: formada por células granulares – menores células do corpo humano; emitem axônios
para a camada molecular, formando lá as fibras paralelas, que fazem contatos sinápticos com as
células de Purkinje; excita as células de Purkinje; há presença de células de Golgi e neurogliais.
Corpo medular do cerebelo: fibras aferentes ao cerebelo e fibras formadas pelos axônios das células
de Purkinje;
Dentro da substância branca estão os núcleos do cerebelo (simétricos): fastigial (região mediana),
globoso (lateral ao fastigial), emboliforme (lateral do fastigial), denteado (periférico, lateral ao
emboliforme); os núcleos globoso e emboliforme são estudados juntos, formando o núcleo
interpósito; os núcleos cerebelares são compostos por neurônios multipolares grandes com dendritos
de ramificações simples;
Grande parte dos sinais que deixam o cerebelo sai através de axônios que se originam nos
núcleos cerebelares (projeções cerebelares eferentes, que utilizam glutamato ou aspartato para a
ativação de seus alvos);
Os núcleos fastigiais geralmente se projetam através dos corpos justarrestiformes;
As fibras que se originam nos núcleos denteado, emboliforme e globoso saem do cerebelo
através do pedúnculo cerebelar superior e cruzam em sua decussação;
Neurônios derivados dos núcleos cerebelares enviam axônios colaterais para o córtex
sobrejacente, onde terminam na camada granular como fibras musgosas; tais axônios são
denominados fibras nucleocorticais e exercem influência excitatória sobre o córtex cerebelar;
Vista superior do cerebelo:
Vérmis cerebelar;
Hemisférios cerebelares (esquerdo e direito);
RESUMOS DE NEURO – UNIDADE CURRICULAR 1 – FM/UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO
FACULDADE DE MEDICINA UFMT – GUSTAVO OLIVEIRA E VINÍCIUS PORTILHO – UC 1 - 2013
O cerebelo difere do cérebro devido ao fato de funcionar em nível involuntário e inconsciente, além
de possuir apenas funções motoras, enquanto o cérebro possui também funções psíquicas;
Lesões cerebelares afetam o lado ipsilateral do corpo;
Fibras são homolaterais ou sofrem duplo cruzamento (voltando-se para o mesmo lado).
Exerce papel fundamental nos movimentos, regulando as funções das vias motoras descendentes;
planejamento do ato motor e mudança do ato de movimento;
Recebe aferências do encéfalo (informações sobre o planejamento motor) e da m. espinal
(informações sobre a execução dos movimentos) e emite eferências para as vias motoras
descendentes, atuando na regulação dos movimentos;
do grupo lateral da coluna anterior, responsáveis pelo controla da musculatura distal dos
movimentos finos;
Zona lateral (hemisférica) – ocupa a maior parte do córtex cerebelar, incluindo grandes
porções dos lobos anterior e posterior e o flóculo: axônios das células de Purkinje inibem
o núcleo denteado, que emite ramos para o tálamo, formando a via dento-tálamo-cortical,
influenciando áreas motoras do córtex cerebral, onde se origina o tracto cortico-espinal;
influencia os neurônios motores da coluna anterior da medula relacionados à musculatura
distal e aos movimentos delicados.
Aspectos funcionais:
Manutenção do equilíbrio e da postura: dá-se na região do vérmis (arquicerebelo e zona medial)
por meio dos tractos vestíbulo-espinal e retículo-espinal;
Controle do tônus muscular: dá-se através dos tractos cortico-espinal e rubro-espinal;
Controle dos movimentos voluntários (planejamento e correção): planejamento e correção do
movimento por meio das vias córtico-ponto-cerebelar (chegam informações na zona lateral do
cerebelo, onde ocorre planejamento), dento-tálamo-cortical (chegam informações nas áreas
motoras, a partir da qual ocorre o movimento; a partir daí, a zona intermédia passa a assumir o
movimento) e interpósito-tálamo-cortical (leva informações para o córtex a respeito da regulação
e modificação do movimento);
Aprendizagem motora: dá-se através das fibras olivo-cerebelares.
Lesões cerebelares:
Região do nódulo/flóculo: ocorre perda de equilíbrio e na marcha, nistagmo e normalidade do
tônus;
Síndrome do Paleocerebelo: ocorre degeneração do córtex cerebelar com alteração do tônus –
frequentemente associado ao reflexo patelar pendular – e da postura; alcoolismo crônico;
sintomas: perda de equilíbrio, marcha com base alargada e ataxia (incoordenação) de
movimentos dos membros inferiores;
Se o vérmis for afetado, os distúrbios motores afetam o tronco; se a região intermediária
for afetada, tais distúrbios afetam os membros.
Síndromes do Neocerebelo: ocorre incoordenação motora; sinais: dismetria, decomposição dos
movimentos, disdiadococinesia (incapacidade em realizar movimentos alternados), manobra do
rechaço, tremor, nistagmo, fala lenta e enrolada (fala escandida).
Vias Eferentes
1. VIAS PIRAMIDAIS
Coroa radiada
Base da ponte
Pirâmide bulbar
Dispõe-se de forma similar e contém características equivalentes ao trato córtico-espinal, sendo que sua
influência dá-se ao nível dos núcleos dos neurônios motores no tronco encefálico. No entanto, diferentemente do
trato córtico-espinal, as fibras do trato córtico-nuclear são, em sua grande maioria, homolaterais (i.e. não sofrem
decussação) e passam pela região de joelho da capsula interna, não na perna posterior como é o casa do trato córtico-
espinal.
2. VIAS EXTRAPIRAMIDAIS
Por meio dessas vias, algumas estruturas supra-espinais exercem influência sobre os neurônios motores
da medula, através dos seguintes tratos: rubro-espinal, teto-espinal, vestíbulo-espinal e retículo-espinal. Esses tratos
se originam, respectivamente, no núcleo rubro, teto mesencefálico, núcleos vestibulares e formação reticular. Com
exceção dos núcleos vestibulares, todas essas áreas recebem fibras do córtex cerebral.
Segundo Kuypers, os tratos vestíbulo-espinal, teto-espinal e retículo-espinal formam o grupo A, que
terminam fazendo sinapse com interneurônios ligados a motoneurônios situados medialmente na coluna anterior e,
desse modo, influenciam a musculatura do esqueleto axial e a musculatura proximal dos membros. Já o trato rubro-
espinal compõe o grupo B, que também fazem sinapse com interneurônios ligados a motoneurônios, porém situados
lateralmente na coluna anterior, influenciando, assim, a musculatura distal dos membros.
Origina-se no núcleo rubro e, juntamente com o trato córtico-espinal lateral, controla a motricidade
voluntária das regiões distais dos membros. No entanto, possui número de fibras reduzido em humanos.
Origina-se no colículo superior, que, por sua vez, recebe fibras da retina e do córtex visual. Termina nos
segmentos mais altos da medula cervical e está envolvido em reflexos nos quais a movimentação da cabeça decorre
de estímulos visuais.
Origina-se nos núcleos vestibulares, que, por sua vez, recebem fibras da parte vestibular do ouvido
interno e do arquicerebelo. Dessa forma, o trato vestíbulo-espinal se relaciona à manutenção do equilíbrio temporal.
Origina-se na formação reticular e é o trato mais importante do corpo humano, pois promove a ligação
de sua área de origem com neurônios motores. A formação reticular, por sua vez, recebe informação de diversas
partes do cerebelo e córtex motor, dessa forma, o trato retículo-espinal é responsável pelo controle de diversos
movimentos voluntários e automáticos, a cargo dos músculos axiais e proximais dos membros. Esse trato
extrapiramidal promove o suporte postural básico para a execução de movimentos finos da musculatura distal,
controlados pelo trato córtico-espinal lateral.
Neurônios I
Lemnisco medial
Cápsula interna
Coroa radiada
Receptores cutâneos
Neurônios I
Cápsula interna
Coroa radiada
Receptores cutâneos
Neurônios I
Coluna posterior
Funículo lateral
Cápsula interna
Coroa radiada
Essa via é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do
corpo, correspondendo a chamada dor em pontada.
Receptores cutâneos
Neurônios I
Trato espino-reticular
Formação reticular
Córtex cerebral
Essa via é responsável pela sensação de dor crônica e difusa (dor em queimação), pois não
possui somatotopia no córtex cerebral.
*Diferentemente da via de propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória, as vias de pressão e
tato protopático e paleoespino-talâmico realizam a conscientização da sensação já a nível talâmico.
Receptores miotendinosos
Neurônios I
Coluna posterior
(neurônios II) Núcleo cuneiforme
acessório do bulbo
*Admite-se que as fibras que sofrem decussação na medula, cruzam-se de novo antes de penetrar no cerebelo, pois
a via é homolateral.
1. VIAS TRIGEMINAIS
Receptores cutâneos
Lemnisco trigeminal*
Cápsula interna
Coroa radiada
*Os axônios dos neurônios II cruzam a linha mediana para formar o lemnisco medial.
A via trigeminal proprioceptiva se diferencia da via exteroceptiva à medida que seus receptores são do tipo
propriorreceptores e também porque o corpo celular dos neurônios I não está em um gânglio, mas sim no núcleo do
trato mesencefálico. A maioria dos prolongamentos centrais desses neurônios fazem sinapse à nível do núcleo motor
do V, formando-se arco reflexos simples como o reflexo mandibular. Em outros casos os impulsos proprioceptivos
inconscientes são levados ao cerebelo ou ainda (proprioceptivos conscientes) inflectem-se ao córtex através de
sinapses com o núcleo sensitivo principal, seguindo, a partir de então, por meio da via trigeminal exteroceptiva.
2. VIA GUSTATIVA
Corpúsculos gustativos
Fibras solitário-talâmicas
Cápsula interna
Coroa radiada
3. VIA OLFATÓRIA
Cílios olfatórios
Células olfatórias
(neurônios I – nervo olfatório)
Lâmina cribiforme
Bulbo olfatório
Células mitrais*
(neurônios II – trato olfatório)
*A região de sinapses entre o axônio das células olfatórias e os dendritos das células mitrais é denominada glomérulo
olfatório.
**Acredita-se que uma segunda via (inconsciente) se origine através da estria olfatória medial, incorporando-se à
comissura anterior e terminando no bulbo olfatório contralateral, de onde ascende até a área septal.
4. VIA AUDITIVA
Órgão espiral
Gânglio espiral
(neurônios I – nervo coclear)
Lemnisco lateral
Radiação auditiva
*Existe um certo número de fibras provenientes dos núcleos cocleares que penetram no lemnisco lateral do mesmo
lado, sendo, por conseguinte, homolaterais.
Estereocílios e cinocílios
Nervo/gânglio vestibular
(neurônios I)
Via vestíbulo-cerebelar
(inconsciente)
*Algumas fibras vão diretamente ao cerebelo, sem fazer conexão com os núcleos vestibulares.