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MED ÁREA 51
CASO DE TCE
Nós vamos iniciar com a imagem de Phineas Gage,
que trabalhava na construção de ferrovias e, enquanto
socava pólvora para juntar com outros materiais, um tubo
de aço penetrou em seu crânio desde a órbita, atingindo a
parte anterior do crânio e adentrou a fossa craniana
anterior. Considerado um caso único, raríssimo e,
principalmente, por ele ter sobrevivido, inclusive passou um
tempo com esse tubo na cabeça, ele virou uma celebridade
na época. Há filmes sobre esse relato, afirmam que antes
desse acidente ele era uma pessoa dócil, calma, amiga,
educada, companheira com os colegas de trabalho, e depois desse acidente os relatos
são de que se tornou uma pessoa egoísta, individualista, falava muito palavrão e perdeu
a noção de comportamento social, se comportava de maneira inadequada nos
ambientes.
Ele foi convidado a dar palestras sobre o acontecido e se transformou numa
pessoa sem amigos, se afastou de todo mundo por conta de seu comportamento. Vejam
que ele sobreviveu, a princípio não se pensou que essa mudança de comportamento
fosse sequelas do acidente, mas depois viram que foram sequelas deixadas pela lesão.
A partir disso, descobriu-se uma área no lobo frontal, que é o córtex pré-frontal, o qual
é a parte mais anterior do lobo frontal, considerada a parte não motora do lobo frontal,
porque o lobo frontal tem as áreas motoras, como o giro pré-central, área motora
primária, área de Broka que é a área motora da fala, então esse córtex pré-frontal está
relacionado ao comportamento social e emocional, essa foi justamente a área atingida
no Phineas Gage.
Então, ele teve toda essa mudança comportamental por ter atingido essa área
que também tem relação com a inteligência superior, a forma de se adaptar a
convivência social, emocional, tudo isso dele foi modificado. Nós temos situações de
doenças com processo degenerativo que vão acometer essa área, como por exemplo o
Alzheimer, que a longo prazo vai afetar o córtex pré-frontal e gerar modificações
comportamentais também em decorrência de processo degenerativo. No caso de
Phineas Gage foi um fato traumático, teve um TCE, um traumatismo cranioencefálico
com fratura exposta, houve um contato entre o meio externo e o meio interno, havendo
lesões desde a parte anterior, atingindo inicialmente o viscerocrânio e penetrando o
neurocrânio, perfurou as meninges, o encéfalo, atravessou o tecido cortical. Vale
ressaltar que muitas das fraturas têm aspecto penetrante e podem levar consigo
agentes infecciosos, podendo ter complicações para infecções.
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CRÂNIO
O crânio é divido em duas partes: o viscerocrânio e o neurocrânio, sendo
constituído de 22 ossos e tem funções muito importantes, além de abrigar o encéfalo,
abriga órgãos dos sentidos como os olhos, as orelhas, o aparelho auditivo, o equilíbrio,
a língua envolvendo a gustação e também tem a olfação onde no teto da cavidade nasal
se tem o epitélio olfatório. É importante ressaltar que as crianças, em decorrência de
lesões traumáticas ou algum outro tipo de comprometimento que venha a gerar um
aumento da pressão interna do crânio, ou pressão intracraniana ou PIC, vão ter um
limiar de maior aceitação inicialmente, observa que ela apresenta sinais de aumento de
pressão intracraniana, mas tem uma capacidade de suportar, de acomodar esse
aumento no volume dentro do espaço intracraniano, por exemplo um hematoma, um
acúmulo de líquor gerando uma hidrocefalia, principalmente até por volta de um ano e
meio ela tem a capacidade de suportar essa pressão porque a criança tem as fontanelas,
articulações cartilaginosas.
Anteriormente vai ter a fontanela Bregmática ou Anterior e posteriormente a
fontanela Occipital ou Lambdóidea. Essas fontanelas se distendem na medida que há
aumento no volume intracraniano, as fontanelas ficam abauladas, sendo observadas no
exame físico, há o aumento da pressão, mas elas vão suportar um pouco mais, vai dar
tempo de ser observado porque ela também vai apresentar manifestações clínicas como
por exemplo irritabilidade, muito choro em crianças menores de 2 anos já que não
conseguem se comunicar, cefaleia, náusea podendo vir acompanhado de vômito,
apneia que são pausas respiratórias por comprimir o bulbo, centro de controles
respiratórios, e em último caso pode haver convulsões, na criança ou no adulto.
Nos sinais de aumento da pressão intracraniana, a convulsão é um sinal de
evolução da pressão, ou até mesmo uma parada respiratória culminando em óbito.
Então, às vezes, na criança existe a possibilidade de distensão das fontanelas, o que
torna isso mais observável; no adulto, que já possui as fontanelas fechadas, o aumento
da pressão intracraniana acontece mais rapidamente, mas não poderá ser observado ao
exame físico, mas sim evidenciado frente às manifestações clínicas do paciente, como a
perda de consciência, pausas respiratórias.
Lesão no Ptério
dentro do crânio vai originar seus ramos anterior e posterior). Essa artéria, assim como
outras artérias (artéria meníngea assessória, artéria meníngea posterior, o ramo
meníngeo da artéria faríngea ascendente, o ramo meníngeo da artéria occipital) estão
no espaço epidural/extradural, ou seja, externamente a dura-máter (fica próximo a caixa
craniana) e vão irrigar as meninges.
No momento que ocorre uma lesão ao nível do ptério ou em
qualquer outra área do crânio devido a um TCE, vai haver uma
ruptura do vaso e, consequentemente, uma hemorragia com
posterior formação de um hematoma (coágulo sanguíneo) extradural
ou epidural. Tal hematoma vai exercer pressão sobre a dura-máter e
meninges como um todo, principalmente, no tecido cortical daquele
local. Essa compressão cortical, dependendo do volume do
hematoma, além de comprimir e desviar estruturas nervosa da linha
média (hematoma extradural tem grande potencial para fazer isso)
vai se observar um aumento da pressão intracraniana, que se não for
controlado pode levar ao óbito. Existem algumas formas para aliviar
hematomas como a trepanação, fazendo um orifício no crânio, possibilitando uma
diminuição da pressão dentro dele e, em alguns casos, é necessário fazer a sucção e
remoção do coágulo para evitar o óbito.
Contudo, se não haver atendimento a tempo, mas mesmo assim o indivíduo
sobreviver, essa compressão do córtex pode gerar sequelas daquele local que foi
comprimido. No caso da fratura ao nível do ptério, que se localiza próximo ao lobo
temporal na fossa craniana média, irá ocorrer déficits auditivos, olfativo e alterações de
memória. A maioria dos casos de hematoma extradural/epidural ocorrem por lesões das
artérias meníngeas, especialmente a nível do ptério e da artéria meníngea média, mas
também pode estar relacionada a outras artérias meníngeas. Além disso, no espaço
extradural também vai ter a presença de veias meníngeas médias, uma vez que ao lado
da artéria sempre tem uma veia, a exemplo da região do forame espinhoso onde passam
artérias e veias meníngeas médias. Então, em caso de lesão, pode ter uma liberação de
sangue venoso, mas predomina o sangue arterial. Já no espaço subdural (entre a dura-
máter e a aracnóide), a predominância é total de sangue venoso.
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mastoideo. Tem passagem de veias emissárias que vão chegar em direção a diversos dos
seios venosos intradurais.
Voltando, tem-se o seio
sagital superior, aderido ao tecido
cortical tem a pia-máter, e tem as
veias cerebrais superiores que
vem da parte cortical, que têm
conexão com o seio sagital
superior (penetram a aracnoide e
passam através do espaço
subdural para entrar nesse seio).
Se elas passam no espaço
subdural, elas são potenciais de
ocorrer lesões e gerar hematomas
nesse local. Tem também outras
veias que estão acima da pia-
máter, no espaço subaracnóideo,
onde essas veias podem também
gerar hematomas
subaracnóideos/hemorragias subaracnóideas. Uma delas é a veia cerebral média
superficial (está a nível da fissura lateral/sulco lateral), que tem conexão com veias
anastomóticas, como a veia anastomótica superior que drena também para o seio
sagital superior. A veia cerebral média superficial, além de drenar em direção a veia
anastomótica superior, que vai ter conexões com a veia cerebral superior, ela também
vai drenar em direção a veia cerebral média superficial (essa está no espaço
subaracnóideo) e ao seio esfenoparietal.
Temos o seio esfenoparietal recebendo da veia cerebral média superficial. Este seio
(esfenoparietal) drena para outro seio muito importante que está ao nível do sulco
carótico, que é o seio cavernoso. O seio cavernoso tem conexão com várias estruturas
venosas, inclusive com veias oftálmicas. A veia oftálmica superior, que passa pela fissura
orbital superior, e a veia oftálmica inferior, que passa pela fissura orbital inferior, elas
têm conexão com o seio cavernoso. Ou seja, um processo infeccioso da órbita pode ir
em direção ao seio cavernoso que está dentro do espaço intracraniano.
O seio cavernoso se comunica com outros seios, como o seio petroso superior
(no nível da crista petrosa, no sulco do seio petroso superior);
O seio petroso superior vem em direção ao seio transverso, ele drena para o seio
transverso;
O seio cavernoso tem conexão com o plexo que está ao nível do clivo do occipital
que é o plexo venoso basilar;
O plexo venoso basilar tem conexão com o seio petroso inferior (que passa ao
lado do clivo, no sulco para o seio petroso inferior);
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Temos 3 tipos de TCE: Fechado, com afundamento no crânio e com fratura exposta.
HEMATOMAS/HEMORRAGIAS
A morfologia anatômica são os comprometimentos anatômicos que o indivíduo que
sofreu o trauma vai apresentar, que vai desde lesões extracranianas, que são lesões no
couro cabeludo que geram sangramento/ hematomas, que podem ser de vários tipos: