Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTÁCIO

ENFERMAGEM

Resenha Crítica:
“O Ser humano como sujeito psicossomático”
KELVYSON TEIXEIRA DE OLIVEIRA

Trabalho da disciplina: Relacionamento e


Comunicação em enfermagem
Tutor: Prof.: Rhuana Maria de Oliveira
Pereira

Manaus-AM
2023.1

2
O SER HUMANO COMO SUJEITO PSICOSSOMÁTICO

Referências: PITANGA, C. (2006). Psicanálise e psicossomática: por uma análise


possível Dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Psicanálise
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em www.pgpsa.uerj.br
Ramos, D. (1994). A psique do corpo: uma compreensão simbólica do corpo São
Paulo: Summus
Fava, G & Sonino, N. (2000, July). Psychosomatic medicine: emerging trends and
perspectives. Psychotherapy and Psychosomatics, 69(4), 184-197.
Winnicott, D. W. (1994). Transtorno (disorder) psicossomático – A enfermidade
psicossomática em seus aspectos positivos e negativos. In D. W. Winnicott
(1994/1989a), Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho
original publicado em 1966[1964]; respeitando-se a classificação Huljmand, temos
1966d[1964])

As doenças psicossomáticas também conhecida como somatização ou


transtorno somatoforme, são desordens emocionais ou psiquiátricas que afetam
também o funcionamento dos órgãos do corpo. Esses desajustes provocam
múltiplas queixas físicas, e que podem surgir em diferentes partes do corpo.
O surgimento dessas doenças admite certa complexidade, pois elas
podem desencadear dores generalizadas, diarreia ou constipação, tremores das
extremidades, manchas na pele e falta de ar. Entretanto, esses sintomas não podem
ser explicados por nenhuma alteração orgânica, já que nos exames de confirmação
diagnóstica, não aparece nenhuma doença que cause esses sinais. Geralmente, os
indivíduos com doenças psicossomáticas estão frequentemente em consultas
médicas ou prontos-socorros, sem, contudo, obter confirmação das causas de seus
problemas. Devido a essas características típicas, geralmente os médicos têm muita
dificuldade em diagnosticar a causa dessas desordens. Por isso, na maioria dos
casos, a orientação é buscar apoio profissional por meio de terapias para
reabilitação mental a fim de evitar a evolução para quadros mais graves. A
psicossomática trata dos casos em que a relação anatomopatológica não é
suficiente para explicar a doença, a sua evolução e até mesmo a sua extinção. São
casos que desconcertam os médicos e outros profissionais que eventualmente os
acompanham (PITANGA, 2006).
O ser humano que sofre com doenças psicossomáticas enfrenta um
grande desafio até mesmo na hora de identificar as manifestações e sintomas, já

2
que são sintomas complexos que podem moderar em sintomas leves e até mesmo
mais graves. Entretanto um dos aspectos em destaque é o indivíduo não conseguir
conciliar pensamentos e ações, e acaba deixando dominar-se pelos pensamentos
negativos auxiliando a falta de motivação da vida, assim afetando os órgãos. Por
isso Durante a Idade Média, Fava (2000) coloca que a doença era atribuída ao
pecado, sendo o corpo o locus dos defeitos e pecados, e a alma, o dos valores
supremos, como espiritualidade e racionalidade. Exemplo desta concepção é
apontado por Ramos (1994) quando cita a visão bíblica do caso de Míriam, irmã de
Moisés, que é castigada com uma doença de pele e curada após um período de
sacrifício e arrependimento. Ainda no período medieval, Santo Agostinho referia que
o homem era constituído por substâncias racionais, resultantes de alma e corpo,
ambos criados por Deus. Santo Tomás de Aquino, um dos representantes desse
período, escreveu sobre a unidade do composto humano. Doenças são entendidas
como manifestações do inconsciente, e que necessitam sinalizar questões mal
resolvidas que sobrecarregam o interior. Quase sempre, o problema está associado
à deficiência ou ao excesso de emoções mal canalizadas para a solução dos
conflitos. O transtorno somatoforme prejudica a saúde e o bem-estar do indivíduo
em diferentes aspectos. Contudo, ainda que o afetado tenha consciência de que
seu problema é de caráter emocional, ele se sente incapaz ou não crê na
possibilidade de reverter o problema. Por conseguinte, o quadro só tende a piorar e,
em alguns casos, esse desequilíbrio mental pode até levar ao suicídio. Se torna
difícil a d missão é ter uma visão unificada do paciente e da doença, sem parecer
fazê-lo de uma maneira que vá à frente da capacidade que o paciente tenha de
alcançar integração em uma unidade. Com frequência, com muita frequência, temos
de nos contentar em deixar o paciente ter e manipular a sintomatologia, em uma
relação de alternância com nossos colegas correspondentes, sem tentar curar a
doença real, que é a cisão de personalidade do paciente organizada a partir da
debilidade do ego e mantida como defesa contra a ameaça de aniquilamento no
momento da integração. (Winnicott, 1966d[1964]/1994, p. 90, itálicos do autor)

Como os sintomas físicos que alimentam as dores são originados por


questões emocionais, a busca de ajuda especializada em Saúde Mental pode fazer
toda a diferença para reverter esse quadro. Nesse sentido, convém procurar uma
clínica que tenha infraestrutura voltada para a reabilitação da saúde integral por

2
meio de um trabalho completo e multidisciplinar. Quando o indivíduo fica dominado
pelos efeitos da somatização, ele se torna frágil emocionalmente e, com isso, essa
instabilidade psicológica pode gerar quadros cada vez mais agravantes. Por isso, o
ideal é buscar ajuda especializada o quanto antes.

A boa notícia é que acreditamos que esses distúrbios podem ser


solucionados mediante intervenção terapêutica adequada. A meta do tratamento é a
reabilitação gradativa do estado mental do paciente, de modo que ele consiga
melhorar os principais sintomas e retome a autonomia sobre a vida. No tratamento
oferecido ao paciente, esse modo de compreender a constituição dos distúrbios
psicossomáticos traz implicações para a postura do analista. Uma delas é a de
atentar para o fato de que o paciente pode explorar ao máximo as dissociações do
ambiente, o que o leva a fazer uma busca incessante por profissionais de diferentes
modalidades. Não podemos nos esquecer de que, se a defesa tem a função de
proteger o si-mesmo, não se trata de unificar o cuidado oferecido por diferentes
profissionais, pois isso significaria buscar uma possível integração do exterior para o
interior. Também não se trata de buscar uma cura com base em sintomas somáticos
emergentes. O analista acompanha o ritmo do paciente. Segundo Winnicott

Portanto, a tarefa do analista é oferecer um ambiente com as condições


necessárias para que o indivíduo encontre os elementos essenciais para, finalmente,
integrar a psique e o soma. O que o analista precisa fazer é acompanhar o processo
do paciente de modo a promover a retomada do processo maturacional.

Você também pode gostar